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Evoluçao doutrinaria Direito Penal

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Aspectos da evolução doutrinária do Direito Penal
Por ser a pena a sanção mais violenta que o Estado pode aplicar, esta deve ser a menos aplicada. Só haverá a aplicação da pena quando houver a violação de bens jurídicos considerados mais importantes e quando houver comprovada culpabilidade.
Pena é espécie de sanção penal consistente na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do condenado (liberdade, vida, patrimônio), aplicada pelo Estado em decorrência do cometimento de uma infração penal, com as finalidades de castigar seu responsável, readaptá-lo ao convívio em comunidade e, mediante a intimação endereçada à sociedade, evitar a prática de novos crimes ou contravenções penais.
 Direito Penal é a última ratio da proteção do indivíduo/cidadão
Ao Direito Penal incumbe a tarefa de proteger os bens vitais fundamentais do indivíduo e da comunidade. Esses bens são elevados pela proteção das normas do Direito Penal, à categoria de bens jurídicos.
O objeto de Direito Penal é, pois, a tutela de bens jurídicos. Mas não ser realizada de qualquer modo e a qualquer preço. Somente poderá ser legítima se forem cumpridos os requisitos impostos pelo Estado de Direito (ou seja, legalidade, culpabilidade, intervenção mínima) E dele a pena guarda proporcionalidade se o bem jurídico tutelado tiver guarida constitucional, quer sejam de natureza individual ou supraindividual.
Podemos dividir o Direito Penal em dois grandes períodos o do terror e o período liberal. O primeiro período onde não existiu a preocupação com a humanização da repressão penal, onde há o emprego de violência desmedida e ilimitada, não oferecendo nenhuma garantia ao ser humano em face do direito de punir do Estado.O segundo período, o período liberal, inaugura a fase científica do Direito Penal, e começou com a formulação do princípio da legalidade.Esse período é pós-iluminista e põe como centro a pessoa humana e se preocupa com o fundamento e a legitimidade do direito com a pena
A pena privativa de liberdade era ligada à violação de tabu. Os tabus, enquanto proibições de caráter religioso, correspondiam às leis dos deuses que não deveriam ser infringidas para não retirar o poder protetor da divindade. A sociedade primitiva acreditava que a violação do tabu seria punida neste mundo. A punição tinha a função de afastar a ira da divindade e garantir a continuidade do bem-estar dos habitantes da tribo que se abstinham de violar o tabu. O Direito Penal da sociedade primitiva não está vinculado à razão, mas está vinculado à superstição e à teologia da época.
O Direito Penal em Roma não conhecia o princípio da legalidade; O pretor, em cada caso, deveria construir a decisão boa que realizasse a justiça naquela situação concreta. O Direito romano era essencialmente consuetudinário. A lei existia somente como guia, como esquema de interpretação que o prudente arbítrio de julgador poderia afastar, tendo sempre a decisão boa e justa.
Foi no declínio do Direito Romano que surgiu a famosa compilação do imperador Justiniano, posteriormente Corpus Juris Civilis que tinha como parte importante o Digesto (que era a reunião da opinião dos doutrinadores).
No Direito Penal romano a lei não poderia ser obstáculo para a construção da boa e justa no caso concreto. Mesmo existindo as leis penais em Roma não ficou abolido de maneira alguma o arbítrio do magistrado. Ainda porque poderia este castigar fatos não definidos como delitos pela lei, sem atender a prévio procedimento determinado de antemão pela mesma, fixando a medida da pena ao seu arbítrio.
O Direito Penal na Idade Média também muito se distanciou do princípio da legalidade. Na Idade Média, o julgador gozava de ampla competência penal, tanto podendo incriminar condutas, sendo a existência de lei escrita expressa quanto podendo aplicar penas não cominadas na legislação.Ao julgador era permitido utilizar-se da tortura durante o curso processual. Inquisição, instituição que marcou a repressão penal da Idade Média.
Com a queda do Império Romano e o surgimento do feudalismo houve o esfacelamento e fragmentação do Direito Penal, podendo-se falar em um Direito Penal para cada feudo; o senhor feudal se valia de critérios arbitrários e aplicação de penas cruéis.
Na baixa Idade Média, voltou o Direito a evoluir, as escolas jurídicas dos glosadores e dos comentaristas que surgiram na Itália, a primeira a reestudar o direito romano fundamentalmente pelo método chamado trivium que era composto de gramática, retórica e dialética; a segunda, criando o Direito Comum, produto da união do Direito Romano e o Direito Canônico.É durante baixa Idade Média que foi promulgada a Magna Carta, assinada pelo rei João sem Terra, em 1215. Essa carta estabelecia em seu art. 3º, que nenhum homem livre poderia ser condenado senão em virtude de um processo legal efetuado por seus pares, segundo a lei da terra.
Eis então a origem do princípio da legalidade e a Magna Carta é um instrumento limitador do poder penal do rei. 
É na Idade Moderna que tivemos o nascimento propriamente do princípio da legalidade, em 1764, através do Marquês de Beccaria, Cesare Bonesana, na obra intitulada “Dos Delitos e das Penas”. magistrado, a quem cabe decidir se a lei foi ou não violada. Procuravam um exemplo para o futuro, mas não vingança para o passado. O princípio da legalidade pode possibilitar que as pessoas da mais alta posição social sejam punidas da mesma maneira que as pessoas da mais baixa classe; para que houvesse proporcionalidade entre o crime e a pena; para que houvesse a irretroatividade da norma penal e a proibição da analogia.
O princípio da legalidade surgiu como reação à tirania do Estado absolutistaAfinal, o princípio da legalidade visa proteger os direitos pessoais ante o jus puniendi do Estado pois garante que a posteridade punitiva não seja usada de modo arbitrário, evitando a volta ou retrocesso do terror penal.
O sistema clássico tem aproximadamente 200 (duzentos) anos e representou um grande avanço para a teoria do crime e conseqüentemente para o Direito Penal. 
No injusto eram explicitadas as questões objetivas, ou seja, tudo aquilo que se podia apreender da realidade: ação típica e ilícita (ação, relação de causalidade e resultado). Na culpabilidade eram estudadas as intenções (dolo e culpa).
A imputabilidade (capacidade de entendimento do sujeito) era um pressuposto da culpabilidade e não seu elemento.
No sistema penal clássico a culpabilidade sendo, portanto elemento atrelado à imputabilidade deveria ser formada pelo dolo ou pela culpa.
Quanto ao sistema penal neoclássico a culpabilidade passou a ter concepção psicológica-normativa com a introdução de um elemento normativo (inexigibilidade de conduta diversa).
A imputabilidade, que também é elemento normativo, não era mais tida como pressuposto e passa a ser elemento da culpabilidade (primeiro elemento da culpabilidade).
O dolo seria o segundo elemento da culpabilidade.
No sistema neoclássico se acrescentou a consciência de ilicitude passando o terceiro elemento a ser a culpa e o quarto a exigibilidade de conduta diversa.
No sistema penal neokantista  o dolo e a culpa permanecem na culpabilidade mas a princípio são admitidos elementos subjetivos especiais no tipo pois abandonado o esquema objetivo-subjetivo.
Para Nezger a antijuridicidade tem como essência um juízo de valor e a culpabilidade mantém um traço psicológico do dolo e da culpa integrando a culpabilidade, pois todas as categorias estão impregnadas por juízos de valor. É adicionada ainda a exigibilidade de conduta diversa proposta por Frank na primeira década do século XX.
Nezger não abre mão do conceito de conduta e adota a principio a proposta causalista, mas aos poucos o conceito de conduta é absorvido pelo injusto perdendo sua importância.
A extrema liberdade para atribuir sentido ás mais importantes categorias do crime permite a construção de um Direito Penal nazista.
Em 1920 surge a teoria finalista da ação por Hans Welzel.
Conforme cientificamente apurado na teoria
acima descrita, que é a adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, para haver crime há necessariamente de haver a junção de três elementos em conjunto: tipicidade, antijuridicidade/ilicitude ou culpabilidade. 
A culpabilidade ganha concepção normativa pura, pois não há mais nenhum elemento de intenção dentro da culpabilidade:
(i) Imputabilidade;
(ii) Consciência da ilicitude, que passou a se chamar potencial.
(iii)Exigibilidade de conduta diversa. 
De forma sucinta podemos dizer acerca da teoria funcionalista que esta teoria desenvolve um sistema entendido como racional-final ou funcional do direito, tendo em vista que seus fundadores partem do principio de que a formação do sistema jurídico penal não pode vincular-se a realidades previas, só podendo se guiar pelas finalidades do Direito Penal.
A teoria funcionalista é criada a partir da teoria finalista da ação e de sua observação.
Esse funcionalismo parte de pressupostos tem como núcleo a chamada teoria dos fins da pena.
Esse sistema trabalha com duas bases sendo a teoria da imputação objetiva e a mudança terminológica de culpabilidade para a categoria de responsabilidade, expandido-a
Pela teoria da imputação objetiva, nos crimes de resultado, passa a exigir-se além da relação material de causalidade um liame normativo de causalidade, com a finalidade de verificar se o resultado produzido pelo agente pode, juridicamente, ser a ele imputado.
A responsabilidade exige-se sempre a análise da necessidade preventiva da pena, sem a qual seria impossível sua imposição.
Pode-se afirmar claramente que a linha de evolução entre os principais estudiosos entre as teorias citadas, e de que forma se contextualizam na conjuntura de cada época, ficando claro que a evolução da aplicação do direito penal em determinada sociedade sempre estará atrelada ao grau de evolução da teoria da culpabilidade
Evidencia-se também as problemáticas os estudiosos enfrentaram na evolução desse avanço, que deve ser analisado de forma prudente, pois como vimos na teoria normativa alguns agindo de má fé podem utilizar de argumentos aparentemente inofensivos para promover grandes barbarismo.

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