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COMÉRCIO EXTERIOR Conselho Editorial EAD Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Mara Lúcia Machado José Édil de Lima Alves Astomiro Romais Andrea Eick Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. APRESENTAÇÃO Este livro apresenta aspectos voltados ao processo de comércio exteri‐ or. Esse tema mostra‐se de grande relevância, tendo em vista que as organizações anseiam por tornarem cada vez mais eficientes e eficazes as suas ações voltadas para o mercado internacional. Para tanto, preci‐ sam trabalhar com ferramentas modernas de gestão no âmbito de mercado internacional. Com uma abordagem bem direcionada e uma linguagem simples e direta, esta obra tem como objetivo possibilitar a compreensão das mais diversas variáveis de mercado no âmbito internacional (as quais interferem no dia a dia das organizações) e objetivar ações favoráveis para o ingresso de produtos e serviços no mercado externo e para a administração da importação de outros produtos e serviços, explici‐ tando as principais estratégias a serem implementadas para a consecu‐ ção dessas ações. No primeiro capítulo, há uma análise sobre a origem do comércio internacional, com o objetivo de darmos o balizamento para os assun‐ tos atinentes à área. Já no segundo capítulo, fazemos uma abordagem bastante objetiva sobre a influência e a importância de trabalharmos com os Termos do Comércio Internacional (Incoterms), principalmente no que tange às responsabilidades de exportadores e importadores. No terceiro capítulo, fazemos uma abordagem sobre a interação entre o marketing internacional e as principais formas de colocação e apre‐ sentação dos produtos no âmbito do mercado externo. O quarto capítulo versa diretamente sobre as principais modalidades de pagamentos por vezes vistas no Comex, tais como cobrança, carta de crédito entre outras. 6 No quinto e no sexto capítulos, procuramos mostrar a real importância dos negócios internacionais, assim como aquelas principais caracterís‐ ticas vistas no processo de exportação. No sétimo capítulo, fazemos uma análise sucinta a respeito dos trans‐ portes internacionais nas exportações, principais modais utilizados, entre outros assuntos. O oitavo capítulo trata diretamente da análise das importações, a fim de que possamos ter equilíbrio na balança comercial dos países, nas importações, em relação aos produtos e aos serviços. Para concluir, no nono e no décimo capítulos, buscamos apresentar os principais aspectos voltados para a formação do preço de venda nas exportações, tomando como base o preço verificado no mercado inter‐ no. Também apresentamos, como entendimento das principais ações voltadas para o mercado de exportação, algumas dicas para que pos‐ samos definir um melhor plano de exportação. Todos os itens aqui abordados são fundamentais para o entendimento dos gestores e demais profissionais voltados para o comércio exterior. Ainda que tenhamos diversos cenários voltados para o tema em ques‐ tão, acreditamos que os conceitos aqui apresentados serão bastante úteis aos profissionais da área, gerando ainda uma forte contribuição para a comunidade acadêmica. SOBRE O AUTOR José Olmiro Oliveira Peres José Olmiro Oliveira Peres, natural de Porto Alegre (RS), é graduado em Administração, com habilitação em Comércio Exterior (1990) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos ( Unisinos ). Possui pós‐ graduação em Administração de Marketing (1991) e em Metodologia do Ensino Superior (1992), ambos pela Unisinos. Mestrado na área de Gestão de Negócios (1995), título este recebido pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales de Buenos Aires, OK! Ministra aulas de graduação e pós‐graduação na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e na Universidade de Caxias do Sul. Também é professor convidado da Universidade de Buenos Aires. Avaliou e orientou mais de 400 trabalhos de graduação e pós‐graduação nas áreas de Marketing, Planejamento Estratégico, Gestão de Pessoas, Gestão Pública, entre outros. Atua como consultor de empresas públicas e privadas e atual‐ mente é membro efetivo da executiva do PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO (PRB) no Rio Grande do Sul. SUMÁRIO 1 A ORIGEM DO COMÉRCIO EXTERIOR ........................................ 12 1.1 Características da globalização ..................................... 14 1.2 Desafios e oportunidades da globalização para o Brasil ...... 15 1.3 Organismos internacionais ............................................ 17 1.4 Barreiras ao livre comércio ............................................... 18 1.4 Inserção do Brasil no comércio internacional .................. 18 Ponto final ............................................................................ 19 Atividades ............................................................................. 20 2 A IMPORTÂNCIA DOS INCOTERMS ........................................... 21 2.1 A importância dos incoterms para os gestores em comércio exterior ................................................................................. 21 Ponto final ............................................................................ 30 Atividades ............................................................................. 31 3 A IMPORTÂNCIA DO MARKETING INTERNACIONAL .................... 32 3.1 Interações do marketing internacional .............................. 32 3.2 Quais os motivos que nos levam a estudar marketing internacional? ....................................................................... 33 3.4 Diferenças entre marketing local e marketing internacional 35 3.5 Desafios contínuos e futuros ............................................. 36 9 3.6 Oportunidade no comércio internacional ........................... 37 Ponto final ............................................................................ 37 Atividades ............................................................................. 38 4 MODALIDADES DE PAGAMENTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL ............................................................................................... 39 4.1 Característica das discrepâncias ...................................... 42 4.2 Quanto à natureza dos créditos documentários .................. 42 4.3 Red clause (cláusula vermelha) ........................................ 42 4.4 Observações sobre documentos de exportação .................. 42 4.5 Procedimentos voltados para o seguro ............................... 43 Ponto final ............................................................................ 44 Atividades ............................................................................. 44 5 A IMPORTÂNCIA DOS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS ................... 46 5.1 Estudos do comércio internacional .................................... 46 5.2 A prática do processo de negociação comercial ................. 47 5.3 Prática do processo de preparação de uma negociação ...... 48 5.4 Característica da empresa que tem um negociador para representá-la ......................................................................... 49 Ponto final ............................................................................ 50 Atividades ............................................................................. 51 6 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO ................. 536.1 Documentos referentes ao exportador ............................... 54 6.2 Documentos referentes ao contrato de exportação ............. 54 6.3 Documentos referentes à mercadoria ................................ 55 Ponto final ............................................................................ 56 10 Atividades ............................................................................. 56 7 O TRANSPORTE NAS EXPORTAÇÕES ......................................... 58 7.1 Transporte marítimo ......................................................... 59 7.2 Transporte rodoviário ....................................................... 60 7.3 Transporte ferroviário ....................................................... 60 7.4 Transporte aéreo .............................................................. 60 7.5 Seguro internacional ........................................................ 60 Ponto final ............................................................................ 61 Atividades ............................................................................. 61 8 ANÁLISE DAS IMPORTAÇÕES .................................................. 63 8.1 A importância das importações para o comércio exterior .... 64 8.2 Principais órgãos que intervêm na importação ................... 66 Ponto final ............................................................................ 67 Atividades ............................................................................. 67 9 ASPECTOS VOLTADOS PARA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA NA EXPORTAÇÃO ........................................................................... 69 9.1 Composição do preço ....................................................... 70 9.2 Resultados ...................................................................... 71 9.3 Programas técnicos-operacionais ..................................... 72 9.4 Cálculo de preço ex-works ................................................ 73 9.5 Cálculo do preço faz ......................................................... 74 9.6 Cálculo do preço fob ......................................................... 74 9.7 Cálculo do preço cif .......................................................... 74 Ponto final ............................................................................ 75 11 Atividades ............................................................................. 76 10 DICAS PARA DEFINIÇÕES DE UM MELHOR PLANO DE EXPORTAÇÃO ........................................................................... 77 10.1 Planejamento internacional ............................................ 78 10.2 A expansão de mercado .................................................. 79 10.3 Em relação aos preços .................................................... 79 10.4 Principais requisitos dos produtos ................................... 79 10.5 Características da assistência técnica ............................ 80 Ponto final ............................................................................ 80 Atividades ............................................................................. 81 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 82 REFERÊNCIAS POR CAPÍTULO .................................................... 83 REFERÊNCIAS .......................................................................... 85 GABARITO ................................................................................ 87 1 A ORIGEM DO COMÉRCIO EXTERIOR José Olmiro Oliveira Peres Para darmos validade às principais premissas voltadas para o comér‐ cio exterior, entendemos que conceitos relacionados à área encontram‐ se em fase de evolução, haja vista termos nas operações de exportação e importação uma série de variáveis, as quais sem dúvida alguma contribuem para o sucesso e/ou insucesso de qualquer organização, podendo até mesmo serem conflitantes. Devemos entender que o co‐ mércio exterior está cada vez mais presente na vida das empresas, sejam elas industriais ou comerciais, públicas ou privadas. Isso nos instiga a cada vez mais perseverar na apresentação de dados substan‐ ciados, a fim de fornecer ferramentas compatíveis com os agentes que atuam nessa área. Cabe‐nos manifestar, ainda, o novo momento vivido pelo comércio internacional, em que esse relacionamento passa a ser fundamental na vida das organizações, até porque estamos falando de um mercado globalizado, com problemas que, surgindo em algumas nações, pode‐ rão afetar as economias de diversas outras, inclusive a brasileira. Se‐ gundo Maia1, o comércio internacional é composto por operações ati‐ vas: exportação, entrada de capitais, serviços, donativos recebidos e remessas de emigrantes; e operações passivas compostas por importa‐ ções, saídas de capitais, serviços, donativos concedidos e remessas de imigrantes. Resta‐nos verificar que todo o processo de comercialização no comér‐ cio exterior foi melhorado com o passar dos anos, até porque houve o avanço tecnológico, provocando certa revolução na economia mundial. Em concordância com toda a discussão que faremos em todos os capí‐ tulos do livro, cabe‐nos a transcrever, de forma muito clara e objetiva, as mais diversas variáveis, as quais são indispensáveis para o enten‐ dimento do Comércio Exterior ( Comex ), como um todo. 13 Fazendo um paralelo entre o comércio exterior da atualidade com o do passado, chegamos à conclusão de que diversos fatores foram funda‐ mentais para o seu crescimento, entre eles: a. A importância da Câmara de Comércio Internacional (CCI) de Paris, a qual, após ter sido criada no ano de 1936, foi fundamental para a criação dos regramentos do comércio internacional. Foi através dela que foram criados os Incoterms, “Termos do comércio internacional, os quais apresentam as responsabilidades de exportadores e importado‐ res no momento da negociação”. b. Avançando em relação a esse processo, chegamos ao ano de 1944, na Conferência de Breeton Woods, cidade esta localizada no Estado de New Hampshire, Estados Unidos (EUA), tendo ali surgido o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT) passando no ano de 1985 a chamar‐se de Organização Mundial do Comércio (OMC). Devemos levar em conta que esses órgãos não só tiveram uma representatividade naquele momento em que foram criados, como também até hoje servem de grandes balizadores para que possamos entender um pouco mais a realidade do comércio inter‐ nacional. c. Ao final dos anos de 1940, com a alavancagem do movimento do carvão e do aço na Europa, surgem novas ideias, as quais, após serem discutidas durante alguns anos, mais precisamente até o ano de 1957, fazem surgir o Mercado Comum Europeu (MCE), conhecido na atuali‐ dade como União Europeia. Esse movimento surge com a concepção de fazer com que oito países europeus pudessem, ao serem formados, trazer uma maior hegemonia para o comércio internacional. Esses fatores, atrelados a uma série de outras variáveis, fizeram com que surgisse o processo de globalização da economia, na qual a criação de novos horizontes seria fundamental para as nações. d. Ainda voltados para estas demandas, passamos a analisar de forma mais ampla o comércio internacional, sendo que, para medirmos a eficiência e a eficácia desses mercados, deveríamos conhecer aquilo que foi denominado de estágios que preconizam a integração. Nesses estágios, iremos encontrar: zona de livre do comércio, culminandocom a livre circulação de bens, serviços e pessoas; 14 união aduaneira, em que a Tarifa Externa Comum (TEC) é melhor equalizada entre os países, ou seja, todos os produtos e serviços comprados de fora do bloco econômico deverão apresentar a mesma alíquota; mercado comum, aquilo que teremos quando satisfeitas as duas primeiras fases de zona de livre comércio e união aduaneira; união monetária, que representa a criação de uma moeda única citando como exemplo o EURO na Europa; união política, que é a unificação das políticas em relação ao co‐ mércio internacional a fim de melhorar a negociação entre países, no processo de compra e distribuição dos produtos. Segundo Vasconcellos, Lima e Silber2, o Brasil, em si, é um grande desafio à inteligência e ao bom senso. Desafio maior é o de abjurarem‐ se os dogmas que impedem o país de transformar os extraordinários recursos que detém em efetivo crescimento econômico e social, deixar de ser país do futuro, dos discursos bombásticos, para alcançar com eficiência a maturidade, a posição de altamente desenvolvido. Ele tem todos os ingredientes naturais para alcançar esse patamar, exceto o verdadeiro fator de impulsão definido na sólida educação, na forma‐ ção profissional e no aprendizado contínuo de profissionais do setor privado e, especialmente, do governo. A solidez de conhecimentos é o grande trampolim para entender os fenômenos e as realidades atuais, meio lógico para a tomada de decisões corretas, que requerem uma abordagem multidisciplinar envolvendo a análise da teoria, da estraté‐ gia e da prática. Os mesmos autores3 apresentam as principais características e conse‐ quências da globalização, apresentadas a seguir. 1.1 Características da globalização Em função do crescente impacto da integração econômica global, é fundamental discutir as suas principais características e consequências. Em primeiro lugar, a globalização não pode ser retardada nem ignora‐ da. As poderosas forças que a comandam, ligadas aos avanços tecno‐ lógicos em transporte e comunicações, têm vida própria e são inde‐ pendentes dos governos. Portanto, participar ou não da globalização não é uma escolha, dadas às mudanças irreversíveis no mercado inter‐ nacional. Em segundo lugar, a globalização implica que algumas das antigas distinções entre políticas domésticas tornem‐se cada vez mais irrelevantes. Em terceiro lugar, a integração crescente na economia 15 mundial tem custos econômicos e sociais bem definidos nesta etapa de transição, devido à exposição de setores protegidos, à concorrência internacional e às necessidades de as empresas se adaptarem a escalas compatíveis com o mercado aberto. Finalmente, o ambiente econômico mundial oferece grandes oportuni‐ dades de integração, mas cada país tem de aproveitá‐las. Uma partici‐ pação crescente na economia internacional possibilita inúmeros benefí‐ cios: essa participação permite uma melhor alocação de recursos em direção aos setores no qual o país tenha vantagens competitivas, au‐ menta a eficiência por meio da concorrência entre as empresas e favo‐ rece a difusão tecnológica e do conhecimento. Com isso, deverá au‐ mentar a convergência de renda entre as nações, na medida em que os países em desenvolvimento terão taxas de crescimento superiores às observadas nos países ricos. 1.2 Desafios e oportunidades da globalização para o Brasil As três últimas décadas presenciaram uma radical transformação na divisão do trabalho em escala mundial. Além disso, uma dezena de países em desenvolvimento aproveitou esse fenômeno para acelerar o seu ritmo de crescimento econômico e se aproximar dos padrões de opulência dos países afluentes. Isso foi possível devido à grande inte‐ gração desses países na economia mundial, à ausência de distorções relevantes que afetavam as decisões de investimentos e à estabilidade macroeconômica. Crescimento econômico e participação crescente na economia mundial são forças que se complementam, relacionadas à grande chance que o Brasil tem é reverter o seu isolamento da economia mundial e aprovei‐ tar as oportunidades oferecidas pela globalização para acelerar o seu crescimento econômico. A globalização oferece grandes possibilidades de aumentar a capacidade produtiva doméstica por meio do investi‐ mento direto estrangeiro e da sua capacidade de ampliar o acesso ao mercado externo para produtos em relação aos quais o Brasil apresenta vantagens comparativas devido à alta propensão exportadora das empresas multinacionais. Considerado um dos grandes mercados emergentes do mundo junta‐ mente com China, Índia, Rússia e Indonésia, o Brasil enfrenta hoje o grande desafio de manter um conjunto de políticas coerentes para poder aproveitar as oportunidades que a globalização e os mercados lhe oferecem e retornar ao seu padrão histórico de crescimento acele‐ 16 rado interrompido no final dos anos 1970. Para isso, é necessário que o país mantenha políticas macroeconômicas estáveis, crie condições favoráveis aos investimentos em capital físico e humano e mantenha a abertura ao exterior. Segundo Bortoto, Vasques e Rebono4, o período compreendido entre o século XVI e a metade do século XVIII (aproximadamente entre os anos de 1500 e 1750) é conhecido nos livros de história como Revolução Comercial. Foram anos fundamentais para o estabelecimento de uma economia mundial e para a consolidação de uma nova forma de orga‐ nização política: o Estado nacional. Do ponto de vista do comércio internacional, foi durante esse período que se estabeleceram as bases conceituais de todas as futuras teorias de comércio exterior, que foram e são praticadas até os dias atuais. Além disso, as teorias e as práticas econômicas, que no seu conjunto deno‐ minamos hoje de mercantilistas, contribuíram para a organização e consolidação do Estado nacional como o principal agente econômico no plano mundial. Já em relação à guerra mercantil durante o período colonial, o Brasil sofreu assédio constante das potências mercantilistas da época, princi‐ palmente franceses, ingleses e holandeses que não possuíam território nas Américas e praticavam a pirataria em larga escala contra navios, feitorias, vilas e cidades portuguesas e espanholas. Os ataques realizados por essas nações em solo brasileiro ilustram bem a legitimidade da ação pirata no contexto do mercantilismo justificada como forma de obter recursos para aumentar a sua balança comercial, pois com a ação corsária se obtêm ganhos em ouro e prata sem que o país tenha que despender recursos significativos para obtê‐los. E quando não se obtém o metal diferente, conseguem‐se mercadorias que serão transformadas e comercializadas para outras nações, obten‐ do‐se, desse modo, de qualquer forma, o metal necessário para fortale‐ cer o Estado. Segundo Maia5, no comércio internacional, a troca nos dias atuais ultrapassou as fronteiras, tornando possível o comércio internacional. O economista Venícius Dias de Oliveira define comércio internacional como uma via de duas mãos. Isso porque as vendas são representadas pelas exportações e as compras pelas importações. Ainda segundo o mesmo autor6, o comércio a partir disso torna‐se internacional, havendo um processo de rompimento de fronteiras, incluindo grandes transformações nos serviços como um todo. 17 Maia7 enfoca ainda, que o comércio e a economia passam a sofrer grandes transformações, principalmente pelo fato de haver um forte aumento tanto de volumes de exportações como importações, fazendo com que haja um grande incrementono processo que envolve capitais quanto a transferências unilaterais (donativos e remessas de ou para imigrantes). Houve uma evolução significativa nos meios de transportes, fazendo com que a rapidez fosse uma das fortes marcas desse processo, tradu‐ zindo em um forte incremento da economia internacional. 1.3 Organismos internacionais Segundo observações de comércio exterior do Banco do Brasil, com base no manual de comércio exterior, ano 2008, por interesse comum dos países, foi criada uma gama de entidades internacionais com a finalidade de darem um melhor direcionamento aos processos de intercâmbio comercial. Essa ação buscou efetivamente dirimir os con‐ flitos no âmbito do comércio internacional, resguardando os direitos de todos os agentes envolvidos no processo. Contudo, existem dois aspectos aparentemente contraditórios na área de atuação desses organismos: a necessidade de controle restritivo das importações e a liberdade de comércio entre os países. O primeiro aspecto gera dificuldades de relacionamento internacional, pois os governos são impelidos a orientar as suas transações externas em consonância com as metas de importação. Quanto ao segundo, tem‐se mostrado progressivamente crescente a interdependência eco‐ nômica entre as nações, embora em graus diferenciados. É nesse cenário que atuam os organismos internacionais de coopera‐ ção, na contínua busca de harmonização entre os objetivos nacionais de desenvolvimento e de equilíbrio econômico interno e os objetivos da comunidade mundial. As diversas convenções multilaterais sobre comércio, pagamentos e investimentos constituem a razão da sua existência. Esses organismos já foram abordados anteriormente, representados, entre outros, pelo FMI. 18 1.4 Barreiras ao livre comércio O crescimento do comércio internacional fez com que países desenvol‐ vidos aumentassem ações protecionistas, incrementando o processo de barreiras tarifárias (como o aumento do imposto de importação) ou até mesmo gerando cotas de importação, fator este que afeta os países emergentes. Como forma de protecionismo, as barreiras tarifárias podem ser consi‐ deradas em uma escala menor, principalmente pela definição das alí‐ quotas. Um dos problemas mais sérios no campo das barreiras não tarifárias são aqueles fatores que têm como função a discriminação dos produtos estrangeiros, fazendo com que haja uma dificuldade de o processo no âmbito do comércio internacional ser conduzido. Tipos de barreiras não tarifárias: proibição a importações em caráter geral ou seletivo ou em função da origem; cotas de importação (em quantidade ou valor); depósitos compulsórios; controles de preços; controles cambiais; exigências em matéria de embalagem e marcas de origem; regulamentações sanitárias; normas de qualidade (aplicadas a produtos, serviços e meio ambi‐ ente); normas e especificações técnicas; regras de segurança industrial. 1.4 Inserção do Brasil no comércio internacional A história da humanidade tem sido de constantes lutas pela sobrevi‐ vência, seja esta individual, de grupos, de sociedades ou de organiza‐ ções. 19 Ao longo da história, temos nos deparado com frequentes barreiras que nos levam a tomar decisões rápidas para a sobrevivência, pois, se tardamos, corremos o risco de estar fora de contexto. Este estudo focará basicamente as organizações caracterizadas como indústrias importadoras e exportadoras. O Brasil pode ser considerado um país novo no contexto internacional. A recente história registra o período de 1980 a 1990 como marco da inserção do país na dinâmica do comércio exterior. A década em ques‐ tão grava vários movimentos do governo federal pertinente à política externa. Em 1990, o então presidente eleito, Fernando Collor de Mello, realiza atos que mudariam a história do Brasil, no que tange ao comércio internacional. Viaja várias vezes ao exterior, percorrendo países vizi‐ nhos do Cone Sul, EUA, Japão, União Soviética e seis países europeus. Assina juntamente com o presidente Carlos Menem (da Argentina) a ata de Buenos Aires, segundo a qual Brasil e Argentina decidem con‐ formar o mercado comum bilateral até 31 de dezembro de 1994: os dois países assinam, no âmbito da Associação Latino‐Americana de Inte‐ gração (Aladi) um Acordo de Complementação Econômica (ACE‐14), referente ao programa de liberalização comercial. Também foi celebrado o Tratado de Assunção, entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, para a constituição de um mercado comum do sul, o Mercosul, em 26 de março de 1991. Ponto final A influência da globalização no processo de negócios internacionais é bem observada nas organizações, haja vista uma necessidade imposta pelo mercado, principalmente no que tange ao desenvolvimento do processo de gestão organizacional adaptado às principais variáveis existentes no comércio internacional, tais como custos logísticos, trans‐ porte, impostos, entre outras. 20 Atividades 1) Quais são os principais temas/objetos de estudo do comércio exte‐ rior? 2) Qual o ano de fundação da CCI de Paris, citando o principal re‐ gramento criado para ela, que auxilia exportadores e importado‐ res até os dias atuais? 3) Quais são os estágios que preconizam a integração? 4) Qual a principal função do Bird, no âmbito do comércio exterior? 5) Cite pelo menos três barreiras não tarifárias. 2 A IMPORTÂNCIA DOS INCOTERMS José Olmiro Oliveira Peres Com base na análise dos Incoterms a ser apresentada a seguir, teremos condições de fazermos uma abordagem das principais varáveis inter‐ venientes no processo sob responsabilidade de exportadores e impor‐ tadores no âmbito do comércio internacional. Conforme já visto no capítulo anterior, os Incoterms servem de regra‐ mentos para exportadores e importadores, principalmente no que tange às responsabilidades de compradores e vendedores no âmbito do Comex. De acordo com Bortoto, Vasques e Rebono1, fazer referência a condi‐ ções internacionais de exportação e importação é o mesmo que referir‐ se a negociações comerciais, ou melhor, ainda, a transações comerciais internacionais. Assim, deve‐se entender que, para negociar, é preciso ter, antes de tudo, principalmente quando se fala em comércio exterior, uma série de conhecimentos básicos para que haja redução no tempo e nos gastos e seja eliminada grande parte das incertezas e hesitações sobre as obrigações de cada uma das operações nos contratos firmados entre exportadores e importadores. 2.1 A importância dos incoterms para os gestores em comércio exterior De acordo com Dias e Rodrigues2, os Incoterms vem sendo regulamen‐ tados com o objetivo de criar diretrizes para administrar conflitos oriundos da interpretação de contratos internacionais firmados entre exportadores e importadores, na transferência de mercadorias, sendo, portanto, considerados como um padrão de contrato mundial. Os Incoterms estão divididos em quatro grupos: E, F, C e D. Cada Inco‐ term está representado por três letras, que costumam ser as iniciais das explicações de cada um deles, mas no padrão do idioma inglês. Assim, 22 por exemplo, sabe‐se que mercadoria entre livre, a bordo do navio, é Free on Board, ou, como o conceito é mais conhecido, FOB. As modificações realizadas pela CCI, segundo Dias e Rodrigues3, no ano de 2000, passaram a vigorar em janeiro desse mesmo ano, com pequenas modificações da Brochura 460 de 1990 (brochura significa ”encadernação”, fazendo uma tradução literal do francês para o portu‐ guês,e expressa toda a relação dos principais preceitos voltados para os créditos documentários). Tais modificações fundamentam‐se, prin‐ cipalmente, na necessidade de adaptação à transferência eletrônica de dados dos documentos, na fatura comercial, nos conhecimentos inter‐ nacionais de carga, nos certificados de origem e de qualidade e na retificação das mudanças técnicas de transporte relacionadas à utiliza‐ ção de cargas e ao transporte multimodal. Ainda segundo os mesmos autores4, os Incoterms são termos interna‐ cionais de compra e venda que regulam apenas a relação comercial entre vendedor e comprador. Quaisquer outras cláusulas relacionadas com o referido contrato deverão ser elencadas a fim de que possamos deixá‐lo bem claro, não havendo dúvidas posteriores ou mesmo possí‐ veis problemas entre as partes. Bortoto, Vasques e Rebono5 informam que os Incoterms têm por finali‐ dade facilitar um conjunto de princípios aceitos internacionalmente, com caráter facultativo, que determinam a interpretação dos principais termos utilizados nos contratos internacionais de compra e venda de mercadorias. No caso de um conflito nas operações internacionais, os Incoterms costumam ser o ponto de partida para determinar se cada uma das partes (vendedor e comprador) cumpriu exatamente com suas obrigações. Antes de utilizar‐se algum dos Incoterms nas transações internacio‐ nais, devem‐se estabelecer de forma automática os direitos e deveres das partes nas seguintes questões: Onde se realizará a entrega da mercadoria? Onde se realizará a transmissão dos riscos de cada uma das par‐ tes? Como se distribuem os custos? Quem deve administrar (gerenciar, negociar e solicitar) os trâmites documentais? Analisando esses itens, nota‐se que não foi mencionado nada sobre as condições de pagamento, prazo de entrega da mercadoria, entre ou‐ tros, pois esses itens não fazem parte das regras dos Incoterms. No entanto, é importante lembrar que, numa negociação internacional, no contrato firmado entre as partes, não se deve esquecer de informar qual Incoterm será utilizado nessa operação. Além disso, deverão ser especificados o pagamento das mercadorias, o prazo de entrega, o agente financeiro e o local exato da saída e da entrada dessas mercado‐ rias, já que os Incoterms não especificam nenhum dado sobre esses assuntos. 2.1.2 Obrigação do exportador Como regras gerais, ficam estabelecidas algumas obrigações do expor‐ tador a fim de que possamos dar prosseguimento às principais formas que originarão a entrega de mercadorias. Com base na análise disso, passamos a expor a seguir os principais itens envolvidos nesse proces‐ so: 1. entregar a mercadoria (obrigação básica) e os documentos que a representam, segundo o contrato de compra e venda; 2. entregar a mercadoria no ponto geográfico que determina o Inco‐ term utilizado e na data prevista; 3. entregar a mercadoria com a embalagem habitual, segundo as práticas do setor ou da atividade; 4. informar ao comprador o local de entrega e a data efetiva da en‐ trega; 5. obter os documentos necessários estabelecidos como obrigação por parte do vendedor; 6. custear os gastos e correr com os riscos combinados em função das condições do Incoterm utilizado; 7. prestar auxílio ao comprador na obtenção dos documentos neces‐ sários no país de origem das mercadorias exportadas (licenças de exportação, certificados etc.). 24 2.1.3 Obrigação do importador como regra geral Assim como o exportador possui algumas obrigações nas operações de comércio exterior, o importador também deve seguir algumas exigên‐ cias que passamos a enumerar nos itens a seguir: receber a mercadoria no ponto determinado e pagá‐la (obrigação principal); assumir os riscos e responsabilizar‐se pelos gastos desde o ponto de entrega, de acordo com os Incoterms; na falta de instruções do vendedor, assumir os gastos adicionais; efetuar os pagamentos dos documentos obtidos pelo vendedor em seu nome (auxílio). 2.1.4 Disposições especiais de cada contrato Conforme Bortoto, Vasques e Rebono6, as disposições especiais inseri‐ das pelas partes em seus contratos prevalecem sobre as previstas nas normas do Incoterm. As partes, ainda que adotem as normas do Inco‐ term como base geral de seus contratos, podem também estipular variações ou adições em relação a elas, de acordo com as necessidades de seus negócios, as circunstâncias do momento e as conveniências pessoais. 2.1.5 Arbitragem da CCI As partes contratantes, ou seja, vendedores e compradores que preten‐ dam ter possibilidade de recorrer à arbitragem da CCI, no caso de uma disputa com seu parceiro, deverão, expressa e claramente, concordar quanto à arbitragem da CCI em seu contrato. No caso de não existir instrumento contratual, a concordância deverá aparecer na troca de correspondência que estabelece o acordo entre elas. O fato de incorporar um ou mais Incoterms em um contrato, ou na respectiva correspondência, não constitui por si só um acordo que tenha recurso junto à arbitragem da CCI. A câmara de comércio inter‐ nacional, citada por J. Moraes7, recomenda a seguinte cláusula padrão de arbitragem nos contratos: “Todas as disputas oriundas em conexão com o presente contrato deverão ser finalmente decididas sobre as regras de Conciliação de arbitragem da CCI de Paris, por um ou mais árbitros de acordo com as mencionadas regras”. Observação: cabe ressaltar ainda que no Brasil é regulada a Lei nº 9.307/1996*, conhecida como Lei da Arbitragem. 25 * Para ver a Lei nº 9.307/1996 na íntegra, acesse o site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9307.htm>. A opção pela utilização da arbitragem é efetivamente de ordem das partes, sendo que nesse contrato deve haver uma cláusula compromis‐ sória a fim de dar validade ao processo. Guimarães8 menciona que: todas as controvérsias que surgirem referentes àquele contrato ou a determinada relação jurídica serão resolvidas por árbitros escolhidos pelas partes. A sentença proferida pelos árbitros resolve definitivamente o litígio, por não estar sujeita a recursos ou a homologação pelo poder judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo judicial, podendo ser executada em caso da resistência da parte vencida. A arbitragem é um mecanismo amplamente difundido no mundo, principalmente na solução de conflitos surgidos no comércio internacional, uma vez que as partes envolvidas podem resolver suas controvérsias fora da justiça estatal, com maior rapidez, segurança e eficácia. Denota‐se, com base nesse texto, a grande importância do processo de arbitragem para o comércio internacional, a fim de agilizar o processo de solução de controvérsias. 2.1.6 Constituição dos Inconterms Segundo Ratti9, os Incoterms na realidade surgiram no ano de 1936, quando a CCI de Paris resolveu editar um livreto consolidando e in‐ terpretando as várias fórmulas contratuais que vinham há muito tem‐ po sendo utilizadas pelos comerciantes internacionais. Esse conjunto de normas sofreu algumas alterações e adições nos anos de 1953, 1967, 1976, 1980, 1990. Atualmente, temos um novo conjunto de regras, denominado Incoterms 2000, em vigor a partir de 1º de ja‐ neiro de 2000. Os Incoterms estipulam 13 fórmulas ou termos, segundo Ratti10, que são: 1) Ex Works (EXW) – entregue no estabelecimento do vendedor (local designado); 2) Free Carrier (FCA) – franco ou livre transportador (local designado); 3) Free Alongside Ship (FAZ) – livre no costado do navio (porto de em‐ barque designado); 26 4) Free On Board (FOB) – livrea bordo do navio (porto de embarque designado); 5) Cost and Freight (CFR) – custo e frete (porto de destino designado); 6) Cost, Insurance and Freight (CIF) – custo, seguro e frete (porto de destino designado); 7) Carriage Paid To (CPT) – transporte pago até (local destino designa‐ do); 8) Carriage and Insurance Paid To (CIP) – transporte e seguros pagos até (local de destino designado); 9) Delivered At Frontier (DAF) – entregue na fronteira (local designado); 10) Delivered Ex Ship (DES) – entregue no navio (porto de destino de‐ signado); 11) Delivered Ex Quay (DEQ) – entregue no cais (porto de destino de‐ signado); 12) Delivered Duty Unpaid (DDU) – entregue com direitos não pagos (local de destino designado); 13) Delivered Duty Paid (DDP) – entregue com direitos pagos (local de destino designado). Nem as definições americanas nem os Incoterms procuram interpretar todos os termos ou fórmulas utilizadas no comércio internacional, mas apenas os mais importantes. Exportadores e importadores, por sua vez, podem adotar essas fórmulas padronizadas como base geral para seus contratos, como também podem especificar alterações ou adições a essas fórmulas, de modo a adaptá‐las ao ramo de comércio específico ou suas necessidades individuais. É necessário, porém, que fiquem claramente definidos, previamente, os direitos e obrigações de cada parte. Ao proceder a escolha de um ou outro Incoterm, os agentes atuantes no comércio internacional (exportadores e importadores) deverão atentar para que não haja descumprimento de determinados dispositi‐ vos legais vistos em seus respectivos países. 27 2.1.6 Fórmulas dos Incoterms Vamos agora examinar as 13 siglas dos Incoterms, ampliando nossa explanação para permitirmos aos exportadores e aos importadores terem a noção exata da aplicação desses termos, segundo Ratti11: EXW – Ex Works Nesse Incoterm, a mercadoria está à disposição do comprador no pró‐ prio estabelecimento do exportador. Em lugar de ex works pode‐se utilizar uma denominação mais específica, como, por exemplo, ex factory, ex mill, ex plantation, ex warehouse etc. (na fábrica, no moinho, na plantação, no depósito etc.). Não cabe responsabilidade alguma ao vendedor, sendo que todas as despesas gerais e de carregamento são de total responsabilidade do comprador. FCA – Free Carrier Compete ao exportador (vendedor) entregar a mercadoria à disposição do afretador, liberada para exportação, em local determinado ou indi‐ cado pelo importador. Após essa ação, todos os procedimentos ligados à liberação da carga correm por conta do comprador. Essa fórmula pode ser utilizada para qualquer tipo e/ou modalidade de transporte, inclusive para transporte multimodal, também denomi‐ nado intermodal, que é aquele que utiliza de forma combinada diferen‐ tes meios (rodoviário, ferroviário, marítimo, aéreo, fluvial, lacustre etc.). FAZ – Free Alongside Ship Corre por conta do vendedor, ao preço contratado, toda a despesa, até a alocação da mercadoria liberada para exportação no cais do porto de embarque, ao lado do costado do navio, no seu ponto de atracação. Cabe ao vendedor, também, a responsabilidade por quaisquer perdas ou danos sofridos pela mercadoria até a sua colocação no cais. Essa fórmula é utilizada apenas no transporte marítimo ou aquaviário inte‐ rior (lacustre, fluvial, etc.). Como já dissemos, embora os Incoterms estejam sendo cada vez mais utilizados, alguns comerciantes ainda aplicam, os serviços crescerem consideravelmente na última década. Para os EUA, os serviços repre‐ sentam cerca de três quartos do PIB e têm posição similar em relação a todos os novos empregos, sendo a mulher quem mais vem ganhando espaço nesse. 28 No Brasil, vem ocorrendo algo similar, pois as empresas de construção civil nacionais há anos realizam obras de construção de estradas de ferro e de rodagem no exterior, entre outras atividades. FOB – Free On Board É a sigla mais utilizada na exportação brasileira. Indica que as despe‐ sas, perdas e riscos até a colocação da mercadoria no interior do navio ocorrem por conta do vendedor, sendo o navio e o porto previamente indicados pelo comprador. Segundo Cobra12, os serviços são classificados com base em equipa‐ mentos e pessoas. Um segundo nível de classificação refere‐se à habili‐ dade requerida para a performance do serviço. A companhia aérea, por exemplo, atende a empresas e ao consumidor como pessoa física, que consegue perceber a qualidade dos serviços prestados. Mas o serviço para o setor de negócios exige, além de metodologia apropriada de atendimento, também a utilização de equipamentos especializados. E para isso o prestador de serviços deve reunir know‐ how operacional e equipes treinadas para atendimentos personaliza‐ dos. Um serviço de entregas rápidas, por exemplo, reúne metodologia de coleta de encomendas, processamento para a separação e equipa‐ mentos para embarque nas aeronaves, como containeres, esteiras para as rampas de embarque, caminhões, tratores, furgões etc. Nessa modalidade de Incoterm, todas as despesas necessárias para a colocação da mercadoria no interior do navio, assim como o transporte até o porto de destino, correm por conta do vendedor. Ao vendedor, compete contratar e pagar o frete, informando com certa urgência o comprador, responsabilizando‐se por quaisquer eventuais perdas e/ou danos decorrentes dessa operação. Correm também por sua conta os gastos com documentos de exportação (como as licenças de exportação), formalidades aduaneiras, impostos e taxas de exporta‐ ção, caso haja. CIF – Cost, Insurance and Freight Trata‐se de cláusula universal de aplicação. Corre por conta dos ven‐ dedores todas as despesas, inclusive a questão que envolve o seguro e o frete internacional até a mercadoria chegar ao porto de destino. 29 Compete ao vendedor, além de contratar e pagar o frete e o seguro da mercadoria até o porto de destino, despachar imediatamente ao com‐ prador e informá‐lo sobre o embarque “limpo” e a apólice de seguro. Correm por conta do vendedor os gastos com quaisquer taxas, impos‐ tos ou documentos necessários à exportação (como a licença de expor‐ tação) e formalidades aduaneiras, bem como o carregamento da mer‐ cadoria. A exemplo do que ocorre com outras cláusulas já examinadas, ele deve prestar assistência ao comprador, por solicitação e por sua conta, na obtenção de documentos emitidos no país de origem de em‐ barque que sejam necessários para que a mercadoria possa entrar no país de destino ou transitar através de outro (faturas consulares, certi‐ ficados de origem etc). Cabe‐lhe também a responsabilidade por quaisquer riscos até que a mercadoria tenha sido colocada a bordo do navio no porto de embarque. CPT – Carriage Paid To O custo do transporte da mercadoria até o destino é feito pelo respon‐ sável, que nesse caso é o vendedor. A fórmula dessa modalidade de Incoterm pode ser utilizada para qualquer modalidade de transporte, inclusive transporte multimodal. CIP – Carriage and Insurance Paid To O vendedor possui as mesmas responsabilidades que as indicadas em CPT, sendo que deve ser pago também o seguro até o destino, não alterando a formulação básica das responsabilidades do comprador. Esta pode ser utilizada para qualquer modalidade de transporte, inclu‐ sive multimodal. DAF– Delivered At Frontier O vendedor terá a responsabilidade de entregar a mercadoria no local determinado na fronteira terrestre, respeitando aspectos limítrofes com o país vizinho. A partir dessa fase, as responsabilidades gerais relati‐vas à operação ocorrem por conta do comprador. Embora esse termo seja, em princípio, utilizável para transporte rodoviário ou ferroviário, pode ser aplicado para qualquer modalidade de transporte. DES– Delivered Ex-Ship Compete ao vendedor colocar a mercadoria à disposição do compra‐ dor e a bordo do navio, não desembaraçado no porto de destino desig‐ nado. O vendedor é também responsável por perdas e danos que a mercadoria possa vir a sofrer durante o seu transporte até o porto de destino. A partir desse ponto, a responsabilidade é do comprador. Essa 30 condição pode ser utilizada apenas para transporte marítimo ou aqua‐ viário interior. DEQ– Delivered Ex-Quay A mercadoria deve ser tratada pelo vendedor, que a coloca à disposi‐ ção do comprador de forma desembaraçada no cais do porto de desti‐ no. Quaisquer despesas ou até mesmo perdas e/ou danos até a coloca‐ ção da mercadoria em local designado deve ter a sua responsabilidade direta, sendo que, a partir daí, todo o processo fica a cargo do compra‐ dor, inclusive o pagamento dos direitos aduaneiros. Esse termo somente deve ser utilizado para transporte marítimo ou vias aquáticas interiores. DDU– Delivered Duty Unpaid O vendedor coloca a mercadoria à disposição do comprador, naquele local indicado pelo importador, no seu país de importação. Todos os riscos, impostos e taxas correm por conta do exportador, sendo que somente os pagamentos relativos ao processo de importação correm por conta dos importadores. Esse Incoterm também poderá ser utiliza‐ do para qualquer modalidade de transporte. DDP– Delivered Duty Paid Nessa modalidade de Incoterm, toda a mercadoria desembaraçada deve ser colocada à disposição do comprador, naqueles mais diversos locais designados dentro do país de importação. Todos os riscos ou até mesmo pagamentos de tributos devem ficar a cargo dos vendedores até o processo de entrega da mercadoria. Enquanto EXW representa o mínimo de obrigações para o vendedor, DDP representa o máximo de obrigações. Essas fórmulas citadas são de extrema importância para o desenvolvi‐ mento do comércio exterior, haja vista a necessidade de conhecermos as responsabilidades de exportadores e importadores no trâmite de compra e venda de mercadorias, ainda mais quando nesse processo pode haver uma interferência direta dos custos da negociação. Ponto final Concluímos com base neste capítulo que houve um avanço significati‐ vo em relação ao comércio exterior para que tenhamos menos burocra‐ cia no momento da comercialização de nossos produtos com outros países. Entendemos, ainda, que, sem as fórmulas de Incoterms apre‐ 31 sentadas, as organizações teriam muitas dificuldades para efetivarem os seus negócios. Fica evidenciado também, que em termos de mercado no Brasil, os Incoterms servem também para mostrar a utilização de cada um deles, principalmente em relação aos mais diversos tipos de modais a serem utilizados, e a real adequação de cada um deles. Atividades 1) Para que servem os Incoterms? 2) Como e por quem deve ser tratado o processo de direitos e deve‐ res nos negócios internacionais? 3) O que representa a CCI de Paris para o comércio exterior? 4) Informe a real utilização dos Incoterms, Ex‐works e DDP, e a prin‐ cipal diferença na utilização deles. 5) As obrigações sobre a entrega de mercadorias ficam sob a respon‐ sabilidade de que parte? Leitura complementar A EFICIÊNCIA DOS INCOTERMS Um dos principais pré‐requisitos que devemos levar em consideração para entendermos um pouco mais sobre a utilização dos Incoterms é o fato de que exportadores e importadores devem conhecer com maior profundidade aquilo que entendemos como responsabilidades nos processos gerais do comércio internacional. Trata‐se, ainda, de tema de extrema relevância para o entendimento das ações a respeito das obri‐ gatoriedades no comércio internacional, não só com base nos transpor‐ tes, impostos, taxas, podendo gerar ou não um incremento do custo da operação, dependendo do Incoterm a ser escolhido. 3 A IMPORTÂNCIA DO MARKETING INTERNACIONAL José Olmiro Oliveira Peres Dentro das relações mercadológicas no comércio internacional, deve‐ mos levar em consideração que a análise direta de produtos ajuda substancialmente as empresas a identificarem um melhor nicho para colocação de seus produtos, e ao mesmo tempo contribui para escolha das melhores estratégias. 3.1 Interações do marketing internacional Antes de fazermos uma relação direta dentro do processo que move o marketing internacional, devemos considerar quais são as principais variáveis aqui tratadas em relação ao comércio internacional como um todo, a fim de que tenhamos uma noção exata em relação ao tema. Quando abordamos o comércio internacional, vimos diretamente as questões atinentes aos processos de exportação e importação e as prin‐ cipais variáveis. O marketing internacional, na realidade, encaixa‐se em todo o processo em que comercializamos algum tipo de produto e permite que possamos valorizar o ciclo de vida de um produto (intro‐ dução, crescimento, maturidade e declínio). Segundo Kuazaqui1, “um dos principais desafios em relação à globali‐ zação econômica é a capacidade da maioria das empresas de identifi‐ car, desenvolver e implementar estratégias e táticas organizacionais e atender de maneira eficaz seus clientes, frente à concorrência interna‐ cional.” Para superar tais desafios, é necessário, antes de qualquer coisa, o desenvolvimento de uma cultura organizacional que envolva todos os integrantes da empresa com objetivos e metas reais, devidamente formatados, integrados e informados aos públicos internos e externos de interesse. 33 Toda a filosofia cultural deve ser alicerçada dentro do efeito da globa‐ lização. Para que isso se torne realidade, é necessária uma formação de valores organizacionais e ferramentas de identificação de mudanças de ambiente externo e interno à organização. Nesse aspecto, a empresa deve possuir uma filosofia de resultados com que todos os níveis hierárquicos da organização se comprometam e uma flexibilidade que resulte na capacidade de prospectar e aproveitar as oportunidades de mercado dentro de uma filosofia global. Quando analisamos os serviços públicos, por exemplo, como telefonia, tais serviços podem ser comercializados tanto para empresas públicas como para consumidores em geral. 3.2 Quais os motivos que nos levam a estudar marketing internacional? Para entendermos esses motivos, devemos levar em consideração, entre outros fatores, a análise dos 4Ps, acrescida de mais alguns com‐ ponentes fundamentais. Podemos dizer que isso fará com que tenha‐ mos um maior equilíbrio para a efetivação dos negócios internacionais. Entre os mais diversos atributos, podemos analisar os que seguem na próxima seção. 3.2.1 Produtos Têm como características o fato de serem tangíveis e divididos em três níveis: básico, real e ampliado. O primeiro nível, considerado como básico, indica que todos os gestores de negócios desejam saber quais são os principais quesitos que determinam o poder de compra dos clientes, tais como: a definição de conhecer as necessidades dos clientes; conhecer os desejos dos mesmos; avaliar as suas reações no momento da aquisição dos produtos. Como exemplo prático desta análise, citaríamos, um empresário que deseja criar um produto ligado ao segmento de cosméticos. No primei‐ ro nível a ser analisado, é considerado o que o produto irá provocar nos clientes e quais os principais benefícios gerados. No segundo nível, analisamoscomo deve ser constituído esse produto, tais como a sua embalagem, marca, nível de qualidade, design, entre outros. Já no ter‐ ceiro nível, é verificado como se dá o serviço pós‐venda, a instalação, garantia etc. 34 Todos esses fatores são fundamentais não só para avaliarmos as neces‐ sidades dos clientes, mas também para balizarmos a utilização dos nossos produtos no âmbito do comércio internacional. Em relação à qualidade dos produtos, Kotler e Armstrong2 informam que representam uma das ferramentas mais importantes dentro do contexto, haja vista a apresentarem duas dimensões: nível e consistên‐ cia. Ao desenvolver um produto, o profissional de marketing deve inicialmente escolher um nível de qualidade que dará apoio à posição do produto no mercado‐alvo. Nesse caso, qualidade do produto signi‐ fica qualidade de desempenho. Kotler e Armstrong3, afirmam que: o mundo está encolhendo definitivamente com o advento das comunicações, meios de transportes e fluxos financeiros mais velozes. Produtos produzidos em determinados Países como bolsas Gucci, canetas Mont Blanc, Hambúrgueres Mc Donalds, Sushi Japonês, BMWs Alemãs, estão conquistando entusiástica aceitação em outros. Não seria nada surpreendente ouvir que um homem de negócios de origem alemã, vestindo um terno italiano, se encontraria com um amigo inglês em um restaurante japonês e que mais tarde voltaria para casa e beberia vodca Russa assistindo a uma série de filmes americanos. Esses fatores permitem necessariamente que vivamos um novo mo‐ mento de mercado devido ao fato de que os mais diversos produtos podem ser consumidos em diferentes países, valorizando substancial‐ mente a necessidade de estarmos definitivamente inseridos nesse con‐ texto. Decisões importantes no marketing internacional 1. avaliar o ambiente de marketing global; 2. decidir se ingressa ou não no mercado internacional; 3. decidir em que mercados ingressar; 4. decidir como ingressar no mercado; 5. decidir o programa de marketing global; 6. decidir a organização para o marketing global. Fonte: Kotler; Armstrong, 2006. Esses tópicos são extremamente importantes para darmos validade ao processo de comercialização. Qunato a análise do ambiente de marke‐ ting internacional deve ser propícia a fim de podermos comercializar 35 nossos produtos nos países escolhidos. Já em relação à decisão, se ela ingressa ou não no mercado internacional dependerá das ambições que temos em relação ao crescimento do negócio, fazendo logo a se‐ guir, uma seleção dos melhores mercados‐alvo. Após essas primeiras análises, devemos identificar quais são as estratégias a serem adotadas para ingresso nesse mercado e quais serão as variáveis a serem defini‐ das para a elaboração do plano de ação a fim de darmos validade a todo o processo de comercialização de nossos produtos. 3.4 Diferenças entre marketing local e marketing internacional Se nos preocuparmos apenas com os 4Ps, deixaremos de considerar muitas coisas. A diferença entre marketing internacional e marketing local foi destacada por Kotler e Armstrong4 como “megamarketing”, ao contrário de simplesmente “marketing”. Talvez seja fácil simplificar demasiadamente o imenso número de variáveis que deve ser gerenci‐ ado dentro da função de marketing, especialmente na área internacional na qual o próprio conhecimento que o gerente de marketing tem do mercado externo é limitado e, portanto, o número de variáveis sobre as quais precisamos de informações aumenta drasticamente. A seguir, são apontados os dez pontos do marketing internacional: 1. Pessoas: todos os interessados, internos e externos a empresa, empregador e clientes; 2. Processo: exclusivo da cultura corporativa e pode incluir a dispo‐ sição ou não de considerar uma certa forma de entrar no mercado, ou até mesmo fazer algum tipo de parceria; 3. Posicionamento: diferenciação em relação a rivais; 4. Produto/serviço: entregar valor agregado ao consumidor estran‐ geiro por meio de canal; 5. Poder: capacidade de transferência do poder de mercado do país natal para o país hospedeiro; 6. Promoção e publicidade: o que está disponível, o que é admissível, o que é gratuito; 7. Determinação do preço: uma dimensão superestimada e o fator mais fraco com o qual liderar; 36 8. Praça de venda/distribuição: entrega. Desde a chegada no porto ou aeroporto até o consumidor final, através de canais tão diver‐ sos quanto a Internet; 9. Planejamento e controle: com flexibilidade, monitoração, e um aspecto, mas outro é a habilidade, planejar com antecedência, dei‐ xando espaço para manobra de modo a não excluir alternativas es‐ tratégicas; 10. Precedentes: aprendidos com o exame de mercado. Mediante exame ambiental no próprio país e no exterior, é possível desco‐ brir estratégias que podem ser emprestadas de outras empresas, de outros setores ou de outros países e aplicá‐las a sua própria de‐ cisão. 3.5 Desafios contínuos e futuros A seguir, faremos uma apresentação de alguns dos mais frequentes desafios apresentados no mundo dos negócios internacionais. Essa apresentação ajudará a compreender um pouco mais as reais vanta‐ gens de trabalharmos as principais variáveis que, sem dúvida alguma, poderão gerar melhores resultados nas operações de comércio exterior. Segundo Baker5, são oito pontos que podem ser listados relacionados aos desafios: 1. integração econômica; 2. crescimento de alianças estratégicas no âmbito internacional, em todos os segmentos; 3. verificação de que se as marcas estão substituindo os produtos, haja vista o conhecimento dos consumidores através dos meios de comunicação; 4. tempo para chegar ao mercado e diferenciação do produto; 5. verificação dos dados de mercado, cada vez mais importantes, especialmente no caso de muitas economias novas, o que gera no‐ vas pesquisas de mercado; 6. regulamentação, importante em uma ordem comercial mundial dominada não por nações comerciais, mais por blocos econômicos, tais como a União Europeia, Nafta, Mercosul, entre outros; 37 7. mudança no canal de distribuição, concentração no varejo, utiliza‐ ção da internet e ascensão do varejo internacional; 8. sensibilidade do consumidor ao preço – no mundo inteiro, os consumidores estão ficando cada vez mais sensíveis ao preço, por‐ tanto a resposta dos varejistas são as marcas próprias para garan‐ tir margens e fidelidade ao cliente. Essa abordagem desses pontos aqui mencionados informa a real di‐ mensão e relevância das variáveis a serem analisadas dentro do pro‐ cesso de facilitação para ingresso em mercados alternativos. 3.6 Oportunidade no comércio internacional Porter6, numa visão estática, diz que os fatores sociais de um país são fixos. As “empresas os distribuem pelas indústrias nas quais produzi‐ rão maior rendimento”. Numa visão global, o caráter essencial passa a ser o da inovação e da mudança. As organizações passam a atuar na busca de ações que resultem no rompimento dos limites dos próprios fatores de produção disponíveis. Tais ações são: 1. aumento nos rendimentos possíveis através de novos produtos e processos; 2. mudança dos limites de atuação das organizações, para além das fronteiras definidas dos países; 3. melhoria da qualidade dos fatores de produção; 4. utilização dos fatores móveis advindos de diversos locais do pla‐ neta, que podem ser explorados por estratégias globais. Entendemos ser extremamente relevante avaliarmos as principais oportunidades vistas no âmbito do comércio internacional, principal‐ mente pelo fato de queessa prática, em alguns momentos, pode su‐ primir possíveis problemas a serem enfrentados no mercado interno, incrementando as receitas verificadas no negócio e aproximando este de clientes em potencial no âmbito do comércio internacional. Ponto final Vimos neste capítulo que a principal diferenciação entre o marketing internacional e o comércio exterior consiste efetivamente nas aborda‐ gens realizadas em relação às principais formas de constituição e de ingressos de produtos em mercados alternativos. 38 Essa dedução passa por princípios fundamentais que envolvem o processo de criação de produtos até a colocação destes em mercados alternativos. Para isso, devemos rever nossas estratégias a fim de ob‐ termos os resultados esperados pelas organizações com uma forte identificação com os clientes. Atividades 1) Cite os pontos a serem analisados no marketing internacional. 2) Comente sobre as principais decisões a serem tomadas em relação ao marketing internacional. 3) Por que analisamos, no processo que envolve o marketing interna‐ cional, prioritariamente as principais variáveis que envolvem os produtos? 4) Comente sobre os principais desafios vistos no âmbito do comér‐ cio internacional. 5) Quais as principais influências trazidas pela globalização da eco‐ nomia para o marketing? Leitura complementar Enquanto o Brasil se abria para o mundo a partir de 1994 com a elimi‐ nação das principais barreiras comerciais a produtos do exterior, a economia como um todo se globalizava. Novos mercados surgiram para o investimento internacional, como é o caso dos Países Árabes, China, Indonésia, Rússia, Países da América, entre outros. Blocos de Países fortalecidos tomaram proporções continentais, redesenhando o mapa dos principais mercados mundiais, ampliando o tamanho de regiões onde a circulação de mercadorias e pessoas ocorrem sem ne‐ nhuma restrição. Fonte: Bortoto; Vasques; Rebono, 2004, p. 355. 4 MODALIDADES DE PAGAMENTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL José Olmiro Oliveira Peres No comércio internacional, além das formas de pagamento, devemos levar em consideração todo o processo em relação às operações cambi‐ ais. Esses fatores são importantes principalmente porque que tanto expor‐ tadores quanto importadores têm a necessidade de conhecer um pouco mais dessa realidade, a fim de que não sejam surpreendidos nas mais diversas situações. Podem conhecer, por exemplo, efetivamente a rea‐ lidade dos bancos de 1ª linha a serem utilizados e ao mesmo tempo um pouco mais sobre as principais fases que envolvem uma operação cambial. Entre as principais formas de pagamento conhecidas no âmbito do comércio internacional, temos: remessa antecipada; remessa sem saque; cobrança (à vista e a prazo); crédito documentário (carta de crédito). Na remessa antecipada, o importador remete antecipadamente o valor parcial ou até mesmo total da transação, ocasião esta em que o expor‐ tador providencia a remessa da mercadoria e encaminha toda a docu‐ mentação. Na realidade, nesse tipo de operação a dependência passa a ser do exportador, implicando alguns riscos para essa parte. No processo de remessa sem saque, o importador passa a receber dire‐ tamente do exportador os documentos de embarque, realiza o processo de desembaraço da mercadoria na alfândega e providencia a remessa da quantia para o exterior. 40 Nesse caso específico, deverá haver um processo de confiabilidade maior entre as partes, sendo que esse processo será praticamente utili‐ zado pelas empresas consideradas subsidiárias, holdings, ou seja, delas para elas mesmas, a fim de dirimir esse risco. Segundo Ratti1, a cobrança pode ser efetivada à vista ou a prazo, sendo que as partes intervenientes no processo são: banco cedente – parte que confia o processamento de uma cobran‐ ça a um banco; banco remetente – banco ao qual o cedente confiou o processa‐ mento da cobrança; banco cobrador – qualquer banco sem o remetente envolvido no processamento da cobrança; banco apresentador – banco cobrador que faz a apresentação ao sacado; sacado – aquele a quem a apresentação deve ser feita, de acordo com a instrução da cobrança. Além dos aspectos citados, a cobrança pode ser à vista ou a prazo. Na cobrança à vista, é feito todo o processo de exportação, produção da mercadoria e envio da documentação, para depois o importador, junto ao seu banco escolhido, assinar um aceite bancário, informando o pagamento à vista pela mercadoria, gerando logo a seguir a autoriza‐ ção para que seja efetuada a liberação da carga. Já na cobrança a prazo, o processo é idêntico ao anterior, sendo que o importador assinará o aceite bancário comprometendo‐se a pagar durante um período pré‐estipulado a fim de saldar suas obrigações. No processo que envolve a utilização da carta de crédito, devemos analisar que é um documento que apresenta maiores garantias tanto para exportadores quanto importadores, haja vista a sua utilização efetiva nessas operações. As partes intervenientes nesse processo são: banco avalisador; banco emitente; exportador; importador; 41 banco confirmador. Os passos que dão origem para abertura de uma carta de crédito de‐ vem respeitar a seguinte cronologia: 1. o exportador envia a fatura pró‐forma para o importador; 2. de posse da fatura pró‐forma, o importador dirige‐se ao banco emitente e solicita o processo de abertura de carta de crédito; 3. o banco emitente analisa a documentação e logo após, mediante aprovação do crédito, envia o documento original da carta de cré‐ dito ao banco do exportador (avisador); 4. esse banco, após o recebimento do original da carta de crédito, informa o gerente da empresa exportadora, solicitando que ele compareça na agência de posse da fatura pró‐forma a fim de con‐ frontar os dados preconizados nos dois documentos; 5. após a aprovação da carta de crédito, o exportador inicia o proces‐ so de produção da mercadoria, passando necessariamente pela elaboração dos documentos concernentes a essa operação; 6. após a produção da mercadoria, o exportador a remete para o exterior; 7. conjuntamente, os documentos são enviados via banco avisador ao banco emitente; 8. a mercadoria, após chegar ao destino, faz com que o importador busque um processo de despacho; 9. o banco emitente confronta os documentos para ver se não exis‐ tem discrepâncias e chama o importador; 10. o importador, de posse da documentação, encaminha‐se para o porto, o aeroporto ou até mesmo a zona de fronteira a fim de de‐ terminar a liberação da carga, realizando a Declaração de Impor‐ tação (DI), para essa carga, após isso, poder ser comercializada pe‐ lo importador. Em relação às formas de pagamentos aqui abordadas, as duas partes, exportadores e importadores, devem estar em um consenso no mo‐ mento da escolha de cada uma delas, principalmente levando em con‐ sideração as reais garantias geradas por elas dentro do contexto. 42 4.1 Característica das discrepâncias As falhas que podem surgir com a documentação, consideradas dis‐ crepâncias, se efetivamente não forem corrigidas, o banqueiro pode liberar ou não o pagamento. Se o banqueiro não concordar, os docu‐ mentos devem ser a eles enviados como cobrança documentária. As principais discrepâncias em relação ao negócio também devem ser analisadas pelas partes, sejam exportadores, importadores ou até mesmo os respectivos bancos, a fim de que possamos comprovar a lisura das informaçõespreconizadas durante o processo de negociação. 4.2 Quanto à natureza dos créditos documentários Os créditos documentários podem ser revogáveis ou irrevogáveis. Os revogáveis poderão ser modificados ou revogados a qualquer momen‐ to, não tendo nenhum vínculo com as partes intervenientes no proces‐ so. Isso, na maioria das vezes, não representa segurança, principalmen‐ te para os exportadores. Esse fato, sem dúvida alguma, pode represen‐ tar problemas para o exportador. Já os irrevogáveis somente podem ser anulados ou modificados medi‐ ante a anuência de todas as partes envolvidas no processo. Esta funci‐ ona como a maior garantia para o exportador, sendo a que efetivamen‐ te é mais utilizada no comércio internacional. 4.3 Red clause (cláusula vermelha) Red Clause, ou cláusula vermelha, é um documento muito usual no comércio exterior, pois ele permite que o beneficiário receba de forma antecipada o valor total ou parcial do crédito. Essa cláusula tem uma característica que identifica que o importador deve confiar totalmente no exportador. 4.4 Observações sobre documentos de exportação Para efetivarmos um processo de exportação, deveremos seguir uma determinada cronologia fundamental para que não incorramos em possíveis erros, os quais possam ser contrários aos interesses das duas partes. Nesses pré‐requisitos, observamos a necessidade de gerarmos todos os documentos necessários a fim de que possamos dar validade ao negócio. Segundo Ratti2, são necessários os seguintes atributos para desenvol‐ vermos esse processo: 43 a) é necessário que os documentos de exportação estejam em perfeita ordem, emitidos com cuidado e rigorosamente de acordo com as cláu‐ sulas e condições da carta de crédito; b) a fatura comercial deve ser emitida em nome da pessoa ou da em‐ presa a que a carta de crédito determinar a mercadoria; c) devem ser mencionados o documento (quantidade de volumes, seus números, marcas, peso bruto e líquido) e as condições de venda (FOB, CIF, entre outros); d) os conhecimentos devem ser emitidos em estrita conformidade com as instruções do crédito, em que deve constar se o frete foi pago de forma antecipada ou paga no destino; e) todos os documentos devem ser convenientemente assinados pelos emitentes,ou por seus procuradores ou representantes legais. Esses aspectos são fundamentais para que tenhamos a capacidade de deixarmos as duas partes (exportadores e importadores) satisfeitas com a operação. Ao mesmo tempo, faz com que a responsabilidade em relação ao negócio aumente entre ambas as partes. Temos a certeza ainda de que, se tudo caminhar de forma mais direta e objetiva possível, vamos minimizar os riscos que comumente ocorrem no Comex, como, por exemplo, o preenchimento de documentos de forma errada. 4.5 Procedimentos voltados para o seguro Nos quesitos correspondente a esse processo, faremos uma abordagem sobre a importância e relevância do seguro a fim de que não soframos problemas futuros ou até mesmo perdimento de carga, de acordo co‐ mo for realizado o processo de negociação. Entre esses quesitos, listamos nove deles seguir: 1. não cobertura de todos os riscos específicos requeridos pela carta de crédito; 2. apresentação de certificado quando o crédito pede apólice; 3. valor da cobertura insuficiente (o valor mínimo deve ser o CIF, a não ser que o crédito estipule o valor); 44 4. mercadoria não descrita com propriedade, particularmente quanto à embalagem; 5. data do início posterior à data do conhecimento; 6. as correções feitas sem estarem autenticadas; 7. não identificação do navio que realizou o transporte; 8. não cobertura do transbordo, quando os conhecimentos de em‐ barque indicam tal circunstância; 9. importância segurada na moeda diferente da do crédito. O seguro também será uma parte fundamental e integrante do proces‐ so para que não tenhamos problemas com a carga e a própria docu‐ mentação necessária para darmos validade a todo o processo. Ponto final Analisamos neste capítulo as principais demandas que envolvem as formas de pagamentos existentes no âmbito do comércio internacional. Com base nessas informações, teremos muito mais condições de avali‐ armos os principais efeitos gerados por cada uma delas e as reais ne‐ cessidades de exportadores e importadores estarem cientes das princi‐ pais vantagens e desvantagens, com vistas à escolha da melhor forma de pagamento. Devemos lembrar que as modalidades de pagamentos existentes no comércio internacional dão um verdadeiro balizamento para que te‐ nhamos uma melhor resolução dessas operações e para que, ao mesmo tempo, possamos gerar um processo de maior segurança tanto para exportadores quanto importadores. Vimos que, talvez, o processo mais seguro em termos de pagamentos no comércio exterior está centrado naquela via de carta de crédito, e por isso são importantes todas as variáveis abordadas neste capítulo, fundamentais para todo o proces‐ so. Atividades 1) Quais são as formas de pagamentos utilizadas no comércio inter‐ nacional? 2) Quais são os dois primeiros passos que dão origem ao processo de abertura da carta de crédito? 45 3) Qual o significado do processo de irrevogabilidade quando men‐ cionamos os créditos documentários? 4) Quais são as partes integrantes no processo que dá origem à aber‐ tura da carta de crédito? 5) Para que serve a Red Clause? Leitura complementar Com base em todas as interações ora vistas no âmbito do mercado internacional, as formas de pagamentos servem para darmos um bali‐ zamento no processo, avançando significativamente a fim de criarmos condições favoráveis de garantias a exportadores e importadores. Fonte: Bortoto; Vasques; Rebono, 1999. 5 A IMPORTÂNCIA DOS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS José Olmiro Oliveira Peres Passaremos a entender, com base na interação deste capítulo, os prin‐ cipais aspectos relevantes no desenvolvimento das atividades e das ações direcionadas aos negócios internacionais e, consequentemente, nos avanços da economia mundial como um todo. Vamos ainda anali‐ sar as políticas vigentes no âmbito internacional e o que o Brasil está fazendo para ampliar cada vez mais a inserção nos mercados alternati‐ vos. O tema será reforçado ainda com observação de mudanças considerá‐ veis na economia internacional e os principais desafios de nosso país de transformar as suas vastas riquezas em efetivo crescimento econô‐ mico e social. Veremos ainda que trabalhamos com volumes muito baixos de comercialização no âmbito do comércio exterior, sendo que o mais importante para a nossa análise é sairmos dos discursos que atribuem um grande crescimento em nível nacional e nos direcionar‐ mos para efetivos avanços, fazendo com que a economia brasileira possa ter em um futuro muito próximo daquilo que chamamos de desenvolvimento sustentável, através de políticas públicas que possam favorecer todos os segmentos de nossa sociedade. 5.1 Estudos do comércio internacional Segundo Vasconcellos, Lima e Silber1, as questões que envolvem as teorias do comércio internacional são de alguma forma da seguinte natureza: Qual a vantagem de importarmos um produto que pode ser pro‐ duzido domesticamente, gerando renda e emprego para a popula‐ ção do país? Quais produtos o país vai exportar e quais irá importar? 47 Como são determinados os preços de equilíbrio no mercado mun‐ dial? É possível todos os países se beneficiarem do comércio internacio‐ nal? Quais são os impactos sobre a distribuição de renda decorrentes do comércio
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