Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Instrutor Tony Mine 2 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES 3 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES 4 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Fissuras e Patologia nas Edificações... Como identificar? Como solucionar? o Trincas e fissuras em edifícios; o Trincas de origem térmica; o Trincas e fissuras por ação de sobrecargas e deformações excessivas da estrutura; o Patologias decorrentes da umidade; o Patologias em madeira; o Patologias em estruturas de concreto armado; o Patologias oriundas do recalque de fundações; o Principais patologias dos sistemas de pintura; 5 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES CONTEÚDO PROGRAMÁTICO TRINCAS E FISSURAS 6 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES O problema das trincas é um dentre os muitos problemas que afetam os edifícios, cujo aparecimento tem três aspectos fundamentais, que são: aviso de um eventual estado perigoso da estrutura, comprome- timento do desempenho da obra em serviço e o constrangimento psicológico que causa aos seus usuários. É sabido que as obras de restauração ou reforço são muito dispen- diosas, porém nem sempre solucionam o problema definitivamente. Muitas vezes, incompatibilidades entre os projetos de arquitetura, estrutura e fundações conduzem a tensões que superam a resistência dos materiais, em seções particularmente desfavoráveis, originando fissuras. TRINCAS E FISSURAS 7 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Ainda é muito comum no Brasil, a falta de diálogo entre os projetistas acima citados e os fabricantes de materiais. Aliadas a essa incompa- tibilidade estão: a interferência dos projetos de instalações, as falhas de planejamento, a carência de especificações técnicas, ausência de mão de obra bem treinada, deficiência na fiscalização e políticas de prazos e preços, que levam a uma série de improvisações e malaba- rismos adotados na execução de um edifício de boa qualidade. Com isso, é certo que nele ocorram fissuras, destacamentos e infiltrações que comprometem o bom desempenho do mesmo. TRINCAS E FISSURAS 8 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES DEFINIÇÃO A fissuração é um problema patológico que interessa a vários ramos da engenharia, entre outros motivos, por estar diretamente relacio- nada à resistência dos materiais. Na engenharia de construção civil, a incidência daquela patologia é verificada tanto nos componentes mais simples, como por exemplo nos blocos de uma alvenaria, como até em elementos complexos, tais como os responsáveis pela segurança estrutural de uma edificação. A fissura também é conhecida por outras denominações, como por exemplo: trinca e rachadura, contudo as trincas, que diferenciam-se das fissuras pela sua maior abertura, ocorrem por desequilíbrios de grande amplitude, como devido a recalques diferenciais exagerados das fundações. TRINCAS E FISSURAS 9 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Retração A retração provoca a diminuição do volume do concreto. É conse- quência da "retirada" de água da massa de concreto em processo de cura, seja pela hidratação do cimento (a reação química utiliza água), ou pela secagem superficial dos elementos (evaporação da água próxima à superfície da peça). Assim, quanto mais cimento houver no concreto, maior a retração (o processo químico consumirá mais água); quanto maior a relação água/cimento, também maior será a retração (sobra mais água não utilizada no processo químico, água essa que pode evaporar); um processo de cura ineficiente (ambiente muito seco e/ou muito quente) e peças muito finas, também contribuem para agravar o problema. TRINCAS E FISSURAS 10 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Retração TRINCAS E FISSURAS 11 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Variação de Temperatura Os elementos de uma construção estão sujeitos a variações dimen- sionais devido à variação de temperatura sazonais e diárias a que estão expostos. Quando a temperatura aumenta, ocorre uma tendência de expansão. O contrário ocorre quando a temperatura diminui. As fissuras causadas por variação de temperatura podem surgir devido ao encurtamento de elementos (diminuição de temperatura) restrin- gidos por vínculos. Esse efeito pode ser amenizado com juntas de dilatação bem projetadas. TRINCAS E FISSURAS 12 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Variação de Temperatura Outra maneira pela qual podem surgir fissuras causadas pela variação de temperatura ocorre quando as construções, ou partes dela, possuem materiais com coeficientes de dilatação térmica muito diferente (como, por exemplo, pórticos de concreto armado fechados com alvenaria de blocos cerâmicos). Ou, ainda, partes da estrutura constituídas do mesmo material, mas sujeitas a temperaturas diferentes: é o caso das lajes de cobertura, onde a face superior pode ficar exposta a uma temperatura maior que a face inferior. A configu- ração das fissuras causadas por variação térmica é muito parecida com as causadas por retração: de abertura constante, perpendiculares ao eixo do elemento e tendendo a seccionar o elemento. TRINCAS E FISSURAS 13 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Variação de Temperatura As principais movimentações diferenciais ocorrem em função da: junção de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica, sujeitos às mesmas variações de temperatura; exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas naturais e gradiente de temperatura ao longo de uma mesma parte da edificação. As fissuras de origem térmica, apesar de não comprometerem a segurança, assumem grande importância na construção de edifícios e sua justificativa é devido as deformações que as causam são inevitáveis; as fissuras são de difícil reparo, pelo seu caráter cíclico e variável e, normalmente compro- metem alguma exigência essencial (por exemplo, uma exigência psicológica - o temor pela segurança ou de habitabilidade - sanidade)”. TRINCAS E FISSURAS 14 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Variação de Temperatura TRINCAS E FISSURAS 15 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Tração As fissuras causadas por esforços de tração são, em geral, ortogonais à direção do esforço e atravessam toda a secção. O material concreto é muito susceptível a esse tipo de fissura, pois a resistência à tração deste material é muito pequena. Para impedir esse tipo de fissuração, as peças de concreto devem ser adequadamente armadas, já que o aço resiste bem à tração, substituindo o concreto aonde este esforço venha a ocorrer. TRINCAS E FISSURAS 16 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Compressão As fissuras causadas por esforços de compressão são, em geral, para- lelas a direção do esforço. Quando o concreto é muito heterogêneo, as fissuras podem cortar-se segundo ângulos agudos. As fissuras devidas ao esforço de compressão se fazem visíveis com esforços inferiores ao de ruptura, e aumentam de forma contínua. Nas peças muito esbeltas e comprimidas, podem aparecer fissuras na parte central da peça. São fissuras finas e estão juntas. TRINCAS E FISSURAS 17 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Flexão As fissuras causadaspor flexão são as mais frequentes em concreto armado. Este tipo de fissura tem abertura variável. TRINCAS E FISSURAS 18 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Fissuras Causadas por Torção As fissuras causadas por esforço de torção são, em geral, inclinadas (aproximadamente 45°), cobrindo o contorno da peça de forma mais ou menos espiral. Este tipo de fissura pode ser combatido com o adequado dimensionamento da armadura para resistir ao momento de torção. TRINCAS E FISSURAS 19 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação A classificação das fissuras objetiva auxiliar o processo de formação do diagnóstico, a partir do qual pode-se indicar a recuperação mais adequada a partir da sua origem. Associar a manifestação da fissura com a provável causa é uma forma de classificação de fundamental importância, visto que antes de ser tomada qualquer medida de recuperação é necessário intervir nas causas. TRINCAS E FISSURAS 20 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação Do ponto de vista prático, a classificação da fissura mais adequada seria aquela que relacionasse a tipologia da fissura com a recuperação mais apropriada. No entanto, as informações fornecidas por apenas uma classificação não são suficientes para entender o fenômeno patológico em questão e subsidiar um diagnóstico completo. O conjunto dos dados colhidos de cada classificação é que vai auxiliar a caracterizar o problema e, consequentemente, ajudar a estabelecer uma terapia apropriada para a recuperação. TRINCAS E FISSURAS 21 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a amplitude da abertura” A classificação das fissuras segundo a largura da abertura pode indicar a gravidade do problema, auxiliar na identificação da causa e até mesmo limitar a utilização dos sistemas de recuperação. O BRE (BUILDING..., 1981) estabeleceu um critério em função da largura da fissura, no qual classifica o dano em níveis e categorias, segundo os quais pode-se conhecer a gravidade do problema, conforme ilustra a tabela 2.16. Essa classificação foi inicialmente proposta para a avaliar o dano causado pela subsidência do solo nas edificações britânicas. TRINCAS E FISSURAS 22 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a amplitude da abertura” TRINCAS E FISSURAS 23 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a amplitude da abertura” Segundo o BRE (BUILDING..., 1981), “para a maioria dos casos, as categorias 0, 1 e 2 representam os danos estéticos; as categorias 3 e 4 representam os danos de utilização e a categoria 5 representa os danos de estabilidade”, e ainda explica que “as três primeiras categorias compreendem danos que prejudicam apenas a aparência, as categorias 3 e 4 interferem nas funções da parede, enquanto na categoria 5 estão os casos em que há riscos de que a estrutura entre em colapso”. Essa classificação demonstra a preocupação do BRE em estabelecer uma relação entre a fissura e os danos decorrentes da sua manifestação. TRINCAS E FISSURAS 24 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a amplitude da abertura” Entretanto, associa as categorias dos danos à limites para a largura das fissuras bastante discutíveis, como por exemplo ao considerar os danos da categoria 2 apenas como estéticos. O BRE (BUILDING..., 1981) adverte ainda que a abertura da fissura não deve ser utilizada como o único parâmetro na determinação da sua causa. No entanto, considera que essa informação pode ser utilizada para limitar o leque de possíveis causas. TRINCAS E FISSURAS 25 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a amplitude da abertura” SABBATINI (1984), ao diferenciar a fissura da trinca, associa a ocorrência das trincas aos desequilíbrios de maior amplitude, como por exemplo devido a recalques diferenciais das fundações. Esse autor considera como sendo fissura a abertura com largura de até 1 mm. Os profissionais do meio técnico utilizam os termos fissura e trinca indiscriminadamente, não fazendo qualquer distinção entre eles, o que pode gerar dúvida na descrição deste problema patológico. TRINCAS E FISSURAS 26 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a movimentação” A movimentação da abertura da fissura ao longo do tempo é uma informação útil que também ajuda na determinação da causa. Além disso, a amplitude dos movimentos impõe um limite à utilização dos sistemas de recuperação, em função da capacidade de deformação. As fissuras podem ser classificadas, de acordo com a movimentação, em ativas ou inativas. MASSON (1994) considera ativas aquelas fissuras que se movimentam, abrindo e fechando, e inativas aquelas fissuras que não apresentam movimentação. TRINCAS E FISSURAS 27 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a movimentação” MASSON associa ao primeiro caso as fissuras provocadas por variações térmicas e higroscópicas e ao segundo caso as fissuras provocadas por uma carga muito importante aplicada sobre uma alvenaria, mas que não se repetirá mais. De acordo com BAUER (1986) e COSTA (1993), as fissuras ativas são também denominadas de vivas ou dinâmicas; da mesma forma, as fissuras inativas recebem outras denominações, como por exemplo mortas ou estáticas. TRINCAS E FISSURAS 28 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a movimentação” As fissuras ativas podem ser ainda: cíclicas, quando os movimentos de abrir e fechar se repetem; sazonais, quando os movimentos ocorrem em determinados períodos de tempo e progressivas, quando os movimentos se estendem indefinidamente. TRINCAS E FISSURAS 29 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a direção” A direção preferencial das fissuras é resultante do sentido das forças que atuam sobre a parede. Desse modo, a direção das fissuras também auxilia no processo de formação do diagnóstico. Segundo ELDRIDGE (1982), as fissuras podem se apresentar sob as seguintes configurações: vertical; horizontal; denteada e diagonal ou em degraus. TRINCAS E FISSURAS 30 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a direção” TRINCAS E FISSURAS 31 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a direção” TRINCAS E FISSURAS 32 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a direção” ELDRIDGE (1982) relaciona outras informações úteis à caracterização das fissuras que também auxiliam na compreensão dos fenômenos que as originaram, quais sejam: • Extensão da fissura: a localização dospontos inicial e final da fissura pode indicar a atuação de forças externas sobre a parede ou a influência dos elementos aos quais a parede está vinculada; • Profundidade da fissura: a fissura pode estar confinada apenas no revestimento, mas também atingir uma ou ambas as faces da parede, sendo denominadas de não-passantes ou passantes, respectivamente; TRINCAS E FISSURAS 33 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES TIPOLOGIA Classificação das fissuras da alvenaria de vedação “de acordo com a direção” • Planicidade: se as duas partes divididas pela fissura estão em planos diferentes pode indicar a ação de forças fora do plano que contém a parede; • Limpeza: a proliferação de microorganismos nas fissuras pode indicar se a fissura é um fenômeno recente ou não. TRINCAS E FISSURAS 34 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO • Técnica construtiva para recuperação de fissuras é o conjunto de operações empregadas na recuperação do revestimento aplicado sobre a alvenaria; • Método construtivo para recuperação de fissuras é o conjunto de técnicas de recuperação interdependentes e adequadamente organizadas, empregado na recuperação do revestimento aplicado sobre a alvenaria. TRINCAS E FISSURAS 35 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Os sistemas de recuperação são constituídos de diversas partes, as quais se complementam e ao mesmo tempo interagem entre si. A divisão em partes objetiva atender a todos os requisitos exigidos de um sistema, entre os quais: resistências mecânicas, capacidade de deformação, estanqueidade, textura superficial compatível com o revestimento anterior e durabilidade. TRINCAS E FISSURAS 36 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO TRINCAS E FISSURAS 37 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Base É a parte da construção sobre a qual são aplicadas as camadas integrantes do sistema de recuperação. Também é conhecida como suporte ou substrato. Deve ser isenta de buracos ou protuberâncias e tem a função de permitir uma perfeita aderência com a camada seguinte. Podem cumprir a função de base a alvenaria de vedação, o concreto ou o próprio revestimento existente. A figura 3.2 ilustra os casos em que a base é a alvenaria de vedação e o revestimento. A base pode ser também o concreto, quando por exemplo a recuperação é realizada no encontro da alvenaria com a estrutura. TRINCAS E FISSURAS 38 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO TRINCAS E FISSURAS 39 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Base Os principais critérios que vão decidir sobre qual base deve-se utilizar, considerando-se entre a alvenaria de vedação e o revestimento existente, são a espessura necessária para a execução das camadas do sistema de recuperação, as condições do revestimento e a técnica de execução. TRINCAS E FISSURAS 40 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Camada de regularização A camada de regularização, também conhecida como camada de enchimento, forma a superfície sobre a qual será assentada a camada de regularização possui as funções de regularizar a base e preparar uma superfície - em termos de planicidade, porosidade e rugosidade – que permitam uma adequada aderência com a camada seguinte. Usualmente, a camada de regularização pode ser constituída por gesso ou argamassa. O gesso, quando utilizado como camada de regularização, é recomendado para ambientes internos. Já para a argamassa não há restrição de utilização, sendo empregada tanto em ambientes internos como externos. TRINCAS E FISSURAS 41 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Camada de regularização Alguns sistemas de recuperação são constituídos apenas por um sulco retangular ou em forma de “V”, preenchidos com um selante flexível, no que seria a camada de regularização ou a base. Eles objetivam, além da vedação, deixar que a fissura movimente-se livremente. A largura do sulco pode variar de 10 mm até 20 mm. Para a profundidade adota-se o valor de 10 mm. É recomendado o uso do sulco retangular em fissuras com movimentações mais intensas, dessolidarizando o selante da base por meio de uma fita crepe, conforme ilustra a figura 3.3 (b). TRINCAS E FISSURAS 42 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO TRINCAS E FISSURAS 43 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Dessolidarização A dessolidarização é utilizada entre a recuperação e a camada de regularização, sobre ambos os lados da fissura, com a função de distribuir as tensões que se concentram naquela região. A dessolidarização com uma bandagem objetiva “a absorção da movimentação da fissura por uma faixa de revestimento relativamente larga, não aderente à base” e considera que “desta forma, quanto melhor a dessolidarização promovida pela bandagem e quanto maior for sua largura, menores serão as tensões introduzidas no revestimento pela variação na abertura da fissura e, portanto, menor a probabilidade da fissura voltar a pronunciar-se no revestimento”. Podem ser utilizadas para a dessolidarização as bandagens do tipo: saco de estopa; esparadrapo; fita adesiva ou plástico. Sua largura pode variar entre 2 e 10 cm. TRINCAS E FISSURAS 44 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Camada de recuperação É constituída, em geral, por uma pasta ou argamassa em cujo interior pode estar inserido o reforço, em uma ou várias camadas. Em alguns casos, o reforço não é utilizado e a recuperação é formada apenas por um material flexível. Essa camada tem como principal função acomodar as deformações intrínsecas do próprio sistema de recuperação e, principalmente, da sua base. Os tipos de reforço mais comumente utilizados nas camadas de recuperação são: TRINCAS E FISSURAS 45 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Camada de recuperação (fotos) • Telas de aço: expandida, soldada, tecida de malha quadrada ou retangular, tecida de malha hexagonal; • Telas de poliéster: impregnadas ou não com PVC; com ou sem bandagem central; • Tela de fibra de vidro; • Tela de polipropileno; • Véus de poliéster; • Véus de fibra de vidro; TRINCAS E FISSURAS 46 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Camada de proteção Especial atenção deve ser dada na especificação das camadas posteriores à recuperação, principalmente em termos de deformações, de modo que o conjunto responda uniformemente às solicitações de uso. A camada de proteção é a camada sobrejacente à recuperação, com a função de protegê-la da ação dos agentes atmosféricos e das ações mecânicas que atuam sobre a alvenaria de vedação. Recomenda-se que as camadas de proteção das recuperações devem ser tais que permitam a livre passagem do vapor de água. TRINCAS E FISSURAS 47 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Camada de proteção Outra preocupação que se deve ter quando da especificação da proteção da recuperação é quanto à movimentação diferencial entre as duas. É fundamental que aquela camada apresente capacidade de deformação compatível com a recuperação. Em alguns casos, a camada de proteção confunde-se com a própria camada de acabamento, assunto do próximo item, e assim, devedesempenhar as funções destinadas às duas. TRINCAS E FISSURAS 48 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO Camada de acabamento A camada de acabamento tem a função de conferir a textura superficial final ao sistema de recuperação e, em consequência, compatibilizar o aspecto com o revestimento anterior. As diferenças de aspecto entre as regiões onde foi aplicado o sistema de recuperação e o revestimento anterior são, em geral, extintas com um sistema de pintura adequado. São normalmente utilizadas como acabamento a massa acrílica ou PVA e ainda uma pintura elástica compatível com o material utilizado na camada anterior. Alguns sistemas preveem como acabamento o próprio revestimento anterior sobre a recuperação. TRINCAS E FISSURAS 49 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Os problemas de umidade quando surgem nas edificações, sempre trazem um grande desconforto e degradam a construção rapidamente, sendo as soluções caras. Conforme citado anteriormente, como fatores que geraram aumento do número e intensidade de patologias, o aparecimento freqüente de problemas ocasionados por umidade é decorrente de características construtivas adotadas pela arquitetura moderna assim como os novos materiais e sistemas construtivos empregados nas últimas décadas. Com o uso do concreto armado, as paredes passam a ter como função principal a de vedação, deixam de serem portantes, resultando assim em paredes mais esbeltas. Há também a utilização de pré-fabricados e de novos materiais que trouxeram consigo as juntas. Esse conjunto de materiais de diferentes tipos nas fachadas e coberturas apresenta o problema de desgaste diferencial, pois cada um tem uma durabilidade específica e deste modo o envelope externo fica vulnerável. TRINCAS E FISSURAS 50 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Os problemas de umidade quando surgem nas edificações, sempre trazem um grande desconforto e degradam a construção rapidamente, sendo as soluções caras. Conforme citado anteriormente, como fatores que geraram aumento do número e intensidade de patologias, o aparecimento frequente de problemas ocasionados por umidade é decorrente de características construtivas adotadas pela arquitetura moderna assim como os novos materiais e sistemas construtivos empregados nas últimas décadas. Com o uso do concreto armado, as paredes passam a ter como função principal a de vedação, deixam de serem portantes, resultando assim em paredes mais esbeltas. Há também a utilização de pré-fabricados e de novos materiais que trouxeram consigo as juntas. Esse conjunto de materiais de diferentes tipos nas fachadas e coberturas apresenta o problema de desgaste diferencial, pois cada um tem uma durabilidade específica e deste modo o envelope externo fica vulnerável. TRINCAS E FISSURAS 51 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE A chuva é o agente mais comum para gerar umidade, tendo como fatores importantes a direção e a velocidade do vento, a intensidade da precipitação, a umidade do ar e fatores da própria construção (impermeabilização, porosidade de elementos de revestimentos, sistemas precários de escoamento de água, dentre outros). Este tipo de umidade pode ocorrer ou não com as chuvas. O simples fato de ocorrer precipitação, não implica em patologias de umidades com esta causa. Sobre a origem devido aos vazamentos de redes de água e esgoto, comenta que é de difícil identificação do local e de sua correção. Isso se deve ao fato destes vazamentos estarem na maioria das vezes encobertos pela construção, sendo bastante danosos para o bom desempenho esperado da edificação. Já a umidade de condensação possui uma forma bastante diferente das outras já mencionadas, pois a água já se encontra no ambiente e se deposita na superfície da estrutura e não mais está infiltrada. TRINCAS E FISSURAS 52 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Na tabela abaixo se tem a relação das origens com os locais onde podem ser encontradas: TRINCAS E FISSURAS 53 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Infiltração no telhado A umidade originada por infiltrações nos telhados das edificações tem como fonte geradora a água da chuva. Isto se deve ao fato das coberturas de telhas apresentarem muitos vazamentos no sistema de escoamento dessas águas pluviais (calhas e tubos de queda) ou no próprio telhado. Estes vazamentos, dentre os demais que serão citados nas próximas páginas, são os mais fáceis de localizar e de efetuar a correção. TRINCAS E FISSURAS 54 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Vazamentos na rede pluvial São bastante comuns os vazamentos em calhas, condutores, algerozes e outros aparelhos que são utilizados com a finalidade de se coletar a água vinda de chuvas. Estes vazamentos são manifestados através de manchas nos forros ou paredões que lhe ficam abaixo, assim como por goteiras. Nesse tipo de vazamento, a localização, a identificação e o diagnóstico deste defeito é muito simples, podendo se feito através de uma inspeção visual logo após uma chuva. Mas, através de um teste pode-se constatar o problema sem a presença de chuva. Para isso basta dividir a calha em trechos com buchas de pano e papel formando barreiras, represando a água. Em seguida, se enche cada trecho de uma vez, observando possíveis vazamentos e a causa dos mesmos. TRINCAS E FISSURAS 55 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Vazamentos na rede pluvial Caso fique verificado que o motivo são soldas incompletas ou danificadas, a solução será uma nova solda no local. Para garantir uma maior segurança, é aconselhável acrescentar uma cinta envolvendo a parte que estava com vazamento. A ferrugem de pregos pode causar furos nas calhas. Nesta situação, uma nova solda pode não trazer resultado. Aconselha-se a efetuar a troca de toda a peça. A tabela a seguir relaciona os possíveis locais com a fase onde podem ter sido gerados os erros, com suas causas e manifestações. TRINCAS E FISSURAS 56 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Vazamentos na rede pluvial TRINCAS E FISSURAS 57 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Vazamentos na rede pluvial TRINCAS E FISSURAS 58 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Vazamentos e goteiras nos telhados A área coberta pelas telhas deveria ser estanque, porém os telhados apresentam diversos vazamentos sendo contrário a esta propriedade. Há vazamentos que ocorrem em determinados tipos de telhas e outros que são comuns a todos os tipos. Um defeito comum que acontece é o caimento inadequado: as telhas possuem ângulos limites, fora dos quais os vazamentos são improváveis. Diversos fatores influenciam estes ângulos, tais como: sistema de fixação das peças, sistema de encaixes longitudinais e laterais, impermeabilidade das telhas, etc. TRINCAS E FISSURAS 59 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES UMIDADE Vazamentos e goteiras nos telhados A figura a seguir ilustra dois casos: caimento exagerado e caimento pequeno. No primeiro, a telha pode chegar a se soltar dos encaixes e cair com a ação dos ventos. Já no segundo caso, o vento chega a forçar a entrada de água para dentro do telhado, conforme pode ser visto pela indicação da seta na imagem (figura 2.7). O caimento deve ser o primeiro fator a ser observado quando ocorrer com freqüência muitas goteiras. TRINCAS E FISSURAS 60 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA O tempo por si só (idade), não produz depreciação das características da madeira. Embora seja comumencontrar peças de madeira em serviço com maior ou menor grau de deterioração, são igualmente conhecidos numerosos exemplos de estruturas ou artefatos de madeira em bom estado, apesar de contarem várias centenas ou mesmo milhares de anos, em consequência de uma exposição a condições ambientais particulares que não favoreceram a sua deterioração. TRINCAS E FISSURAS 61 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Com efeito, a degradação de elementos de madeira surge como resultado da ação de agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológicos aos quais este material é sujeito ao longo da sua vida. Estas alterações, que consistem numa decomposição química dos compostos da madeira por ação da radiação ultra-violeta, eventualmente alternada por deslavagem da camada degradada por efeito da chuva, correspondem no entanto a uma deterioração meramente superficial, sem outras consequências além das estéticas. TRINCAS E FISSURAS 62 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Risco de ataque e susceptibilidade A eventual susceptibilidade de uma madeira ao ataque por agentes biológicos é uma característica intrínseca da espécie de madeira em causa (durabilidade natural). Por outro lado, ainda que uma espécie seja susceptível de ataque por determinado agente, esse ataque só se verifica se existirem condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como sejam temperatura ambiente, ar e humidade em quantidades adequadas a cada um deles. Por essa razão, foram definidas as seguintes Classes de risco biológico, em função das condições de aplicação da madeira: TRINCAS E FISSURAS 63 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Risco de ataque e susceptibilidade 1 – sem contacto com o solo, sob coberto e seco (com teor em água h≤20%); 2 – sem contacto com o solo, sob coberto mas com risco de humidificação (ocasionalmente h>20%); 3 – sem contacto com o solo, não coberto (frequentemente h>20%); 4 – em contacto com o solo ou a água doce (permanentemente h>20%); 5 – na água salgada (permanentemente h>20%). TRINCAS E FISSURAS 64 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Carunchos Os carunchos são insectos de ciclo larvar, que atacam a madeira geralmente seca, embora possam ter razoável tolerância em relação a valores elevados de humidade. A eclosão dos ovos postos pela fêmea adulta em fendas ou nos poros da madeira dá origem a larvas que penetram na madeira abrindo galerias. Quando o período larvar se aproxima do termo, a larva imobiliza-se próximo da superfície da madeira, transforma-se em pupa e finalmente em insecto adulto, que sai para o exterior dando origem ao orifício de saída com dimensões e forma (circular ou elíptica) características. TRINCAS E FISSURAS 65 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Carunchos TRINCAS E FISSURAS 66 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Carunchos A identificação de um ataque por carunchos é feita normalmente pela existência de orifícios de saída dos insetos adultos e pela presença de “serrim” sobre a superfície da madeira atacada ou por baixo dos elementos infestados; no caso do caruncho grande é ainda corrente o empolamento da superfície das peças pelo efeito da pressão do serrim compactado no interior das galerias ou ainda pelo ruído (roer) característico da atividade da larva no interior da madeira. Na medida em que a perda de resistência de um elemento atacado por carunchos é função da perda de secção correspondente à abertura de galerias, geralmente localizadas na camada exterior de borne, mantendo-se o restante material inalterado, a gravidade do ataque depende em primeiro lugar do tipo de caruncho em causa, já que a quantidade de alimento ingerido (dimensão das galerias) varia consoante o insecto específico. TRINCAS E FISSURAS 67 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Carunchos Face à dificuldade inerente à realização de tratamentos curativos à madeira aplicada em edifícios (que consistem geralmente no tratamento superficial dos elementos, eventualmente complementados com a injeção de produto preservador no seu interior, esta de resultados mais falíveis), uma vez mais o tipo de caruncho presente é determinante para a eficácia da intervenção. Com efeito, no caso de carunchos pequenos, com ciclos de vida relativamente curtos, é de esperar que a deterioração cesse após a emergência de todos os insetos, que não poderão reinfestar a madeira devido ao tratamento preservador aplicado. TRINCAS E FISSURAS 68 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Fungos de podridão Os fungos de podridão desenvolvem-se em madeira com teor em água superior a 20%, estando o limite máximo tolerado de teor em água relacionado com as necessidades de oxigênio livre de cada um dos fungos em causa (sempre madeira não saturada). Estes fungos alimentam-se diretamente da parede celular da madeira, destruindo-a, sendo a podridão facilmente identificada pela perda de peso e de resistência da madeira, acompanhada por alterações típicas de coloração e de aspecto. Uma vez que o desenvolvimento de fungos está fortemente dependente da humidade, normalmente o apodrecimento da madeira ocorre somente em zonas críticas da construção, nomeadamente nas entregas de vigamentos nas paredes exteriores, junto de canalizações ou sob pontos singulares das coberturas. TRINCAS E FISSURAS 69 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Fungos de podridão TRINCAS E FISSURAS 70 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA Fungos de podridão Deve no entanto ter-se em conta que a secagem de grandes secções de madeira, tal como das alvenarias envolventes, poderá ser lenta, permitindo a progressão do apodrecimento durante mais algum tempo após a resolução das deficiências da construção que estiveram na sua origem. Além disso, há situações particulares em que não é possível garantir com segurança a eliminação completa e definitiva das fontes de humidificação. Nestes casos é essencial adotar medidas corretivas específicas, que passam pela limpeza e pelo tratamento preservador curativo e preventivo da madeira. TRINCAS E FISSURAS 71 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA INSPEÇÕES PERIÓDICAS É fundamental prever a realização de campanhas de inspeção periódicas para avaliar o estado de conservação da madeira aplicada, com função estrutural ou não estrutural, e levar a cabo prontamente as ações de manutenção necessárias. Devem ser procurados indícios de má conservação dos elementos de madeira, frequentemente traduzidos por deformações acentuadas ou sintomas diversos associados a umidificação frequente ou continuada dos materiais da construção. O aspecto exterior do edifício é muitas vezes eloquente, permitindo um primeiro levantamento das anomalias evidentes e das zonas potencialmente problemáticas: TRINCAS E FISSURAS 72 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA MADEIRA INSPEÇÕES PERIÓDICAS 1. Deformações (telhado,...) 2. Madeira exposta em mau estado 3. Telhas partidas / em falta 4. Algerozes e caleiras danificados / entupidos 5. Telhado pouco saliente 6. Remates ineficazes 7. Crescimento de vegetação 8. Manchas de humidade 9. Fendas em paredes 10. Rebocos desagregados ou fissurados 11. Caixilharia deteriorada 12. Falta de faixa impermeabilizante 13. Canteiros adjacentes 14. Aberturas de ventilação obstruídas TRINCAS E FISSURAS 73 PATOLOGIAE SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA ESTRUTURAS DE CONCRETO CORROSÃO NA ARMADURA O aço, ao oxidar-se, produz resíduos de volume muito maior que o do aço original (aproximadamente 10 vezes mais). Como o aço está imerso na massa de concreto, este aumenta de volume, causando tensões de tração no mesmo. Com isso, o aço fica mais exposto aos gases e umidade do ambiente e oxida-se mais rapidamente, acelerando o processo de degeneração da construção. As fissuras causadas pela corrosão da armadura tendem a aparecer ao longo das barras em processo de oxidação. Camaduro e Zatt (2000) explicam que com a oxidação do aço, um volume grande do aço original se produz, como este está imerso no concreto, ocorrem tensões de tração, gerando fissurações. O cobrimento adequado e um concreto compacto amenizam a situação. TRINCAS E FISSURAS 74 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA ESTRUTURAS DE CONCRETO CORROSÃO NA ARMADURA TRINCAS E FISSURAS 75 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA ESTRUTURAS DE CONCRETO RECALQUE DAS FUNDAÇÕES De forma geral, os recalques nos pilares geram fissuras de abertura variável nas vigas ligadas a eles, sendo estas aberturas maiores na parte superior das vigas. As fissuras decorrentes dos recalques dependem da magnitude destes. As fissuras por recalque serão ainda mais significativas quando as armaduras forem deficientes ou mesmo quando estas estiverem mal posicionadas no elemento. “Os solos são constituídos basicamente por partículas solidas, entremeadas por água, ar e não raras vezes material orgânico. Sob efeito de cargas externas todos os solos, em maior ou menor proporção, se deformam. No caso em que estas deformações sejam diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra, tensões de grande intensidade serão introduzidas na estrutura da mesma, podendo gerar o aparecimento de trincas”. TRINCAS E FISSURAS 76 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA ESTRUTURAS DE CONCRETO RECALQUE DAS FUNDAÇÕES PATOLOGIAS NA PINTURA 77 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PATOLOGIAS NA PINTURA 78 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Adesão de duas superfícies Adesão de duas superfícies quando pressionadas umas sobre as outras. Exemplo: a porta gruda no batente. Possíveis Causas • Não aguardar portas e janelas secarem totalmente antes de fechá-las. • Uso de tintas alto ou semibrilho de baixa qualidade. Soluções • Usar tintas alto ou semibrilho acrílicas de alta qualidade. As tintas de qualidade inferior possuem pouca resistência ao problema, principalmente sob condições de calor e vapor. As tintas acrílicas são mais resistentes à esse problema que as tintas vinílica, base óleo ou alquídica. Esta última, desenvolve sua resistência à adesão com o passar do tempo. • Siga sempre o tempo de secagem recomendado pelo fabricante. • A aplicação de talco pode atenuar o problema. PATOLOGIAS NA PINTURA 79 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Adesão de duas superfícies PATOLOGIAS NA PINTURA 80 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Baixa resistência a alcalinidade Perda de cor e deterioração do filme se aplicado sobre alvenaria recém-construída. Possíveis Causas • Tinta base óleo ou vinil acrílico aplicada sobre alvenaria recém construída, que não tenha sido curada por um ano. Construções novas, geralmente contém cal que é muito alcalino. • A alcalinidade da construção permanece tão alta a ponto de afetar a integridade do filme formado sobre a superfície. Soluções • O ideal é deixar a superfície sem pintura por até um ano, para que o concreto seque bem. Se não for possível, espere pelo menos 30 dias. Antes iniciar a pintura, aplique sobre o substrato um selador resistente à alcalinidade. • Prefira tintas 100% acrílicas, porque são mais resistentes a esse problema. PATOLOGIAS NA PINTURA 81 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Baixa resistência a alcalinidade PATOLOGIAS NA PINTURA 82 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Baixa resistência às manchas A tinta não apresenta resistência contra ao acúmulo de sujeiras e manchas. Possíveis Causas • Uso de tinta de baixa qualidade que seja muito porosa. • Aplicação de tinta em uma superfície que não tenha sido selada. Soluções • Tintas base água de alta qualidade contêm mais emulsão, ingrediente que ajuda a evitar com que as manchas penetrem na superfície pintada. Com isso, a sujeira pode ser removida com facilidade. • Superfícies novas, que tenham sido seladas, proporcionam formação do filme em uma espessura correta, oferecendo fácil remoção de manchas. PATOLOGIAS NA PINTURA 83 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Baixa resistência às manchas PATOLOGIAS NA PINTURA 84 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Bolhas Esse problema, geralmente é resultante de perda localizada de adesão e levantamento do filme da superfície. Possíveis Causas • Aplicação de tinta base óleo ou alquídica sobre uma superfície úmida ou molhada. • Umidade infiltrando através de paredes externas (menos provável com tintas base água). • Superfície pintada exposta à umidade, logo após a secagem, principalmente se houve inadequada preparação da superfície. Soluções • Se nem todas as bolhas baixaram remova-as, raspando e lixando as regiões comprometidas e repinte com tinta acrílica, indicada para interiores. • Se todas as bolhas baixaram elimine a fonte de umidade, raspe e lixe o local e aplique um selador antes de aplicar a tinta. • Considere a possibilidade de instalar, um exaustor no ambiente. PATOLOGIAS NA PINTURA 85 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Bolhas PATOLOGIAS NA PINTURA 86 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Bolor Esse problema é caracterizado pela existência de manchas ou pontos pretos, acinzentados ou amarronzados sobre a superfície. Possíveis Causas • Aparece, geralmente, em áreas úmidas ou que recebem pouca ou nenhuma luz do sol, como banheiros, cozinhas ou lavanderias. • Uso de uma tinta alquídica ou base óleo, ou de uma tinta base água de baixa qualidade. • Inadequada selagem de uma superfície de madeira, antes da aplicação da tinta. • Pintura sobre substrato ou camada de tinta na qual o bolor não tenha sido removido. PATOLOGIAS NA PINTURA 87 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Bolor Soluções • Certifique-se de que o problema seja mesmo bolor, fazendo o seguinte teste: Pingue algumas gotas de alvejante doméstico sobre as manchas, se elas clarearem certamente tratasse de bolor. Em seguida, remova todo o bolor do local com a seguinte solução: 1 parte de alvejante para 3 de água, protegendo mãos e olhos. • Pinte a superfície com uma tinta base água de alta qualidade e quando houver necessidade de limpeza, faça-a com alvejante /detergente. • A instalação de um exaustor em locais de intensa umidade é uma boa opção. PATOLOGIAS NA PINTURA 88 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Bolor PATOLOGIAS NA PINTURA 89 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Crateras/espumação Crateras surgem do rompimento de bolhas causadas pela espumação. Possíveis Causas • Agitação da lata de tinta parcialmente cheia. • Uso de uma tinta de baixa qualidade, ou, muito velha. • Aplicação muito rápida da tinta, especialmente com rolo. • Uso de rolo com comprimento de pêlo não adequado. • Passar muitas vezes o rolo ou o pincel sobre o mesmo lugar. • Aplicação de tinta alto ou semi brilho sobre uma superfície porosa. PATOLOGIAS NA PINTURA 90 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Crateras/espumação Soluções • Todas as tintasespumam durante a aplicação, entretanto, tintas de alta qualidade são formuladas para que as bolhas se rompam enquanto a tinta ainda esteja úmida, proporcionando perfeito fluxo e aparência. • Evite passar o rolo ou o pincel várias vezes sobre um mesmo local. • Evite usar uma tinta que tenha sido fabricada há mais de um ano. • Ao pintar uma superfície com tintas alto ou semi brilho, use sempre um rolo de pêlo curto. • Antes de pintar uma superfície porosa, aplique um selador. • Prepare adequadamente a superfície antes de aplicar a tinta. PATOLOGIAS NA PINTURA 91 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Crateras/espumação PATOLOGIAS NA PINTURA 92 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Descamação Ruptura na pintura causada pelo desgaste natural do tempo, levando ao total comprometimento da superfície. No estado inicial o problema se apresenta como uma fina fissura e em seguida, num estágio mais avançado, começam a ocorrer as descamações da tinta. Possíveis Causas • Uso de tinta de baixa qualidade, que oferece pouca adesão e flexibilidade. • Diluição exagerada da tinta. • Inadequada preparação da superfície, ou aplicação de tinta sobre madeira bruta sem selador. • Excessiva fragilização de tinta alquídica envelhecida. PATOLOGIAS NA PINTURA 93 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Descamação Solução • Remova todos os fragmentos de tinta com uma raspadeira ou escova de aço e lixe a superfície. Se as rupturas ocorrerem também nas camadas mais profundas, o uso de uma massa corrida pode ser necessário. Em superfícies de madeira bruta use selador antes da repintura. PATOLOGIAS NA PINTURA 94 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Descamação Solução • Remova todos os fragmentos de tinta com uma raspadeira ou escova de aço e lixe a superfície. Se as rupturas ocorrerem também nas camadas mais profundas, o uso de uma massa corrida pode ser necessário. Em superfícies de madeira bruta use selador antes da repintura. PATOLOGIAS NA PINTURA 95 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Eflorescência/manchas Aspereza e depósito de sais brancos que provocam manchas na superfície. Possíveis Causas • Falta de uma adequada preparação da superfície, como total remoção de sinais de eflorescência anteriores. • Excesso de umidade passando para a superfície. • Eflorescências também pode ser decorrente do vapor, principal- mente em cozinhas, banheiros e áreas de serviço. PATOLOGIAS NA PINTURA 96 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Eflorescência/manchas Soluções • Se a causa do problema for umidade, elimine- a totalmente. Vede quaisquer fissuras na superfície com um selante acrílico base d´água ou um acrílico siliconizado. • Seja a causa umidade ou vapor, remova as manchas com uma escova de aço ou com auxílio de uma lavadora de alta pressão e enxágüe bem. Aplique um selador para alvenaria base d´água ou solvente de alta qualidade e, só então aplique a tinta. • Uma boa opção para evitar que o problema ocorra em áreas suscetíveis a vapor é a instalação de ventiladores ou exaustores. PATOLOGIAS NA PINTURA 97 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Eflorescência/manchas PATOLOGIAS NA PINTURA 98 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Enrugamento Formação de rugas e ondulações sobre a superfície ocorrem quando a tinta ainda está úmida. Possíveis Causas • A tinta é aplicada em uma camada muito espessa (mais provável com uso de tintas alquídicas ou base óleo). • Pintura realizada sob condições extremas de calor ou frio. Isso faz com que a camada mais externa do filme seque mais rápido, enquanto que a camada de baixo ainda permaneça úmida. • Expor uma superfície, que não esteja totalmente seca, à muita umidade. • Aplicação de uma camada de tinta, sem que, o selador esteja totalmente seco. • Pintura sobre superfície suja ou engordurada. PATOLOGIAS NA PINTURA 99 PATOLOGIA E SANEAMENTO DAS CONSTRUÇÕES Enrugamento Soluções • Raspe ou lixe a superfície para remover a camada enrugada. Antes de aplicar um selador, certifique-se de que a superfície esteja totalmente seca. Repinte o local, evitando fazê-lo sob condições extremas de temperatura e umidade. • Utilize uma tinta para Interior de alta qualidade.
Compartilhar