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Módulo Federalismo Fiscal Brasileiro4 Brasília - 2017 Curso Federalismo Fiscal no Brasil Informações: www.orcamentofederal.gov.br Secretaria de Orçamento Federal SEPN 516, Bloco “D”, Lote 8, 70770-524, Brasília – DF, Tel.: (61) 2020-2329 escolavirtualsof@planejamento.gov.br Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão Romero Jucá Secretário-Executivo Dyogo Henrique de Oliveira Secretário de Orçamento Federal Francisco Franco Secretários-Adjuntos Antonio Carlos Paiva Futuro George Alberto Aguiar Soares Cilair Rodrigues de Abreu Diretores Clayton Luiz Montes Felipe Dariuch Neto Marcos de Oliveira Ferreira Zarak de Oliveira Ferreira Coordenador-Geral de Inovação e Assuntos Orçamentários e Federativos Girley Vieira Damasceno Coordenadora de Educação e Difusão Orçamentária Rosana Lôrdelo de Santana Siqueira Organização do Conteúdo Munique Barros Carvalho Revisão do Conteúdo Karina Rocha Martins Volpe Revisão Pedagógica Janiele Cardoso Godinho Revisão Gramatical e Ortográfica Renata Carlos da Silva Colaboração Bruno Rodolfo Cupertino Karen Evelyn Scaff Nayara Gomes Lim SUMÁRIO Objetivo do Módulo .......................................................................................5 1. Federalismo Fiscal ....................................................................................... 5 2. Entendendo os Tributos ..............................................................................7 3. Competência Tributária ............................................................................ 11 Revisão do Módulo ....................................................................................... 14 Referências ................................................................................................... 15 5 Objetivo do Módulo Apresentar os aspectos relacionados ao federalismo no âmbito fiscal, buscando analisar a sua relação com os tributos e as competências tributárias de cada ente federado.. 1. Federalismo Fiscal Você aprendeu no módulo anterior que os entes federados são unidos pela Constituição, que atribui competências e confere autonomia suficiente para o exercício dos poderes e deveres de cada um. Assim, é a Carta Magna que estabelece a repartição de competências tributárias entre os entes federados. Mas, em que a repartição de competências se relaciona com o federalismo fiscal? Bem, podemos dizer que o federalismo fiscal está relacionado à arrecadação de recursos para custear as políticas públicas de cada ente da federação. Todavia, para que você entenda como ocorre a repartição de recursos, estudemos primeiro o que é federalismo fiscal. O federalismo fiscal é o conjunto de providências constitucionais, legais e administrativas orientadas ao financiamento dos diversos entes federados, seus órgãos, serviços e políticas públicas com objetivo de atender às necessidades públicas nas respectivas esferas de competência. No federalismo fiscal existe uma descentralização fiscal, caracterizada pela participação mais acentuada dos entes subnacionais de governo, tanto no financiamento como nos gastos governamentais. Isso implica alguma autonomia dos governos regionais e locais nas decisões de gasto e de arrecadação, de modo a conferir-lhes responsabilidades perante os cidadãos daquelas regiões. Desse modo, o federalismo fiscal está relacionado à distribuição do poder de tributar, sempre considerando a otimização da distribuição de recursos, para que a arrecadação de cada ente seja compatível com as suas responsabilidades. Portanto, o Federalismo Fiscal pode ser entendido como o conjunto de questões relacionadas à repartição de receitas para financiar os encargos públicos (deveres). Por um lado está a divisão de competências sobre as políticas públicas (quem executa o quê) que caracteriza o federalismo; por outro, como é feita a repartição da receita pública entre os entes federados para o pagamento de suas respectivas despesas. Assim, o federalismo fiscal busca ordenar as finanças públicas para concretizar o federalismo político, conferindo autonomia financeira aos entes federados. Essa autonomia financeira, que é a capacidade dos estados-membros e Municípios arrecadarem seus próprios recursos e aplicarem em políticas públicas que considerem mais convenientes para a população, evita que os entes federados se tornem subordinados ao ente central, condição indispensável para garantir a harmonia numa federação. Módulo Federalismo Fiscal Brasileiro4 6 O Federalismo trouxe a ideia de regionalização, ou seja, a separação do País em regiões. Assim, a União fica com ações macro e os Municípios com as políticas públicas locais, pois eles conhecem melhor as demandas de sua população. Para ajudar você a compreender melhor essa afirmativa analise o quadro abaixo. Numa situação centralizada com políticas públicas uniformes em que o ente central decide onde e como aplicar os recursos, provavelmente algum Município sairia prejudicado. Percebemos então a importância do Federalismo Fiscal: a competência para alocar as receitas recebidas fica a cargo de cada ente federativo, ou seja, cada Município pode alocar seus recursos onde entende ser mais adequado, o que facilita o desenvolvimento eficiente dos pontos deficitários de cada região. Numa Federação, a autonomia dos entes federados é preservada e fortalecida, ao mesmo tempo em que se busca compatibilizar alguma centralidade normativa, exigida para assegurar a indispensável harmonia entre eles. Portanto, a autonomia financeira é um dos pilares do sistema federalista, conforme já vimos no módulo 2. Relembremos a partir de agora o que estabelece cada um dos tipos de autonomias. Acompanhe! Autonomia Política: compreende a competência para legislar, criando normas para determinados assuntos previamente delimitados pela Constituição; a competência para participar das decisões do poder central, ou seja, participação dos entes-federados nas decisões do Estado; e a delimitação de competências privativas relativamente à função de fornecimento de bens e serviços públicos. Autonomia Administrativa: manifesta-se pela capacidade que a Constituição confere às entidades descentralizadas de se auto-organizarem, ou seja, de estabelecerem os órgãos, meios e formas pelas quais se encarregarão de cumprir as tarefas que lhes foram atribuídas pela Constituição. Autonomia Financeira: compreende o poder de arrecadar, gerir e ter orçamento próprio, despendendo dinheiro e valores públicos de modo independente das demais esferas de governo. 7 Enfim, numa federação é fundamental que os entes possam arrecadar tributos para custear suas despesas. No Estado Federal o setor público é operado por múltiplos centros decisórios, onde o governo central e os governos subnacionais (Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem responsabilidades. O Federalismo Fiscal implica na distribuição de competências constitucionais fiscais entre os diferentes níveis de governo, para que cada um, de modo autônomo, possa arcar com suas despesas. 2. Entendendo os Tributos Os tributos são a principal fonte de arrecadação de receitas pelo Estado, sendo fundamentais para os governos financiarem suas políticas públicas. O Estado, em virtude de seu poder soberano, pode retirar de seus cidadãos parcelas de suas riquezas para a consecução de seus fins, visando ao bem-estar geral. É o Poder de Império do Estado, que está acima das relações econômicas praticadas pelos particulares, assim como sobre seus bens. O Código Tributário Nacional (CTN) é um código brasileiro que institui as normas gerais de direito tributário. É uma lei brasileira que norteia a aplicabilidade dos tributos, extensão, alcance, limites, direitos e deveres dos contribuintes,atuação dos agentes fiscalizadores e demais normas tributárias. De acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Então perceba: o tributo é cobrado pelo Estado, tendo o contribuinte a obrigação de pagar porque é determinado por lei, sendo, portanto, irrelevante sua vontade. A obrigação de pagar tributo independe da vontade ou até do conhecimento do cidadão. É importante ressaltar que o tributo não é uma sanção por ato ilícito, ou seja, o tributo não é uma penalidade. O dever de pagar tributo surge com a ocorrência de uma hipótese prevista em lei. 8 A receita decorrente de tributos é a principal fonte de recursos do Governo Federal, cujo montante é aplicado na viabilização das políticas públicas em prol do desenvolvimento do País. Como exemplo, a arrecadação do Imposto de Renda-Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) foi de R$10.340 milhões em fevereiro de 2016, segundo a Receita Federal. Assim, o tributo é um gênero que engloba os impostos, as taxas, as contribuições, entre outros. A imagem abaixo ilustra as espécies tributárias, observe. A seguir, detalharemos cada uma dessas espécies. Imposto Segundo o art. 16 do CTN, os impostos são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador 1uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. Portanto, o governo não fica obrigado a prestar um serviço ou benefício específico ao contribuinte para que surja a obrigação de pagamento do imposto. Exemplo: Quando uma pessoa compra um automóvel tem a obrigação legal de pagar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), independente de qualquer serviço ou benefício específico oferecido pelo Estado como contrapartida. Dessa forma, o recurso deste imposto pode ser alocado em despesas com saúde, cultura, educação, sem a obrigação de ser destinado, por exemplo, para a melhoria de estradas e ruas onde os veículos trafegam. 1. Fato gerador: fato, ou o conjunto de fatos, ou o estado de fato, a que o legislador vincula o nascimento de obrigações jurídicas de pagar tributo determinado. 9 Taxa De acordo com o art. 77 do CTN, as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia2; e a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. De acordo com o CTN, os serviços são específicos quando podem ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade pública; e são divisíveis quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Conforme o art. 77 do CTN: Os serviços públicos têm que ser específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte, ou colocados à sua disposição. Para que a taxa seja cobrada, não há necessidade de o particular fazer uso do serviço, basta que o Poder Público coloque tal serviço à disposição do contribuinte. Como exemplo de taxas relativas ao exercício regular do poder de polícia temos: Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, Taxa de Fiscalização da Aviação Civil – TFAC e Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária. Com relação às taxas de serviço público, podemos citar a Taxa de Combate a Incêndios, devida, anualmente, pelos contribuintes que utilizam edificações para exercer atividades de comércio, indústria e prestação de serviços. Contribuição de Melhoria A contribuição de melhoria é uma espécie de tributo que tem como fato gerador a valorização imobiliária que decorra de obras públicas, contanto que haja nexo causal entre a melhoria ocorrida e a realização da obra pública. De acordo com o art. 81 do CTN: a contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer jus ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Exemplo: Quando uma estação de metrô é construída, havendo valorização dos imóveis que estão próximos, os donos desses imóveis podem ser chamados a pagar uma “contribuição de melhoria” para o ente responsável pelas obras, em função da valorização que o serviço feito trouxe ao seu imóvel. Contribuições Sociais A contribuição social é um tributo vinculado a uma atividade estatal que visa atender aos direitos sociais previstos na Constituição Federal, tais como a saúde, a previdência, a assistência social e a educação. 2. Poder de Polícia: considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos (Art. 78 do CTN). 10 Assim, por exemplo, as contribuições referentes à previdência social devem ser destinadas ao financiamento de despesas específicas do sistema previdenciário. A competência para instituição das contribuições sociais é da União, com exceção das contribuições dos servidores estatutários3 dos Estados, Distrito Federal e Municípios, que são instituídas pelos respectivos entes. Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública Possui a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. A competência para instituição é dos Municípios e do Distrito Federal. Nota fiscal deve informar valor de 7 tributos embutidos no preço final. Desde junho de 2013 as empresas brasileiras devem detalhar, nas notas fiscais fornecidas aos consumidores, a quantidade de impostos e contribuições pagos pelo consumidor. O objetivo é permitir que o consumidor saiba quanto está pagando de impostos e contribuições e qual o custo efetivo da mercadoria ou serviço adquirido. As notas devem trazer informações sobre sete tributos: - IOF (Imposto sobre Operações Financeiras); - IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados); - PIS/PASEP (Contribuição para o Programa de Integração Social); - COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social); - CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico); - ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços); e - ISS (Imposto sobre Serviços). Agora, o que acha de aproveitar esses novos conhecimentos e checar em seus cupons fiscais quanto está pagando de tributos? 3. Servidor Estatutário: ocupantes de cargos públicos providos por concurso público, nos moldes do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal, e que são regidos por regime jurídico que estabelece direitos e obrigações, sendo, no caso da União, a lei nº 8.112, de 1990. 11 3. Competência Tributária A competência tributária é a atribuição dada pela Constituição Federal aos entes políticos para instituir tributos. Ressalta-se que a competência tributária dos entes federados já está determinada na Constituição, portanto, cada ente só pode instituir os tributos já discriminados pela Carta Magna. Esta competência está relacionada a prerrogativas legislativas. Dessa forma, dada a competência tributária pela Constituição, os entes federadospodem instituir leis para cobrar tributos de sua alçada. Concluímos então que a competência tributária se vincula à função legislativa. Representa a prerrogativa constitucionalmente conferida aos entes federados para instituir e disciplinar os tributos, por meio de seu Poder Legislativo, no âmbito, limites e contornos de seu poder de tributar. O texto constitucional não institui os tributos, mas sim outorga a competência tributária para os entes federativos criarem os tributos e também descreve de que forma esta competência pode ser exigida. Assim, dada a autorização pela Constituição Federal, cada ente, por meio de leis, cria os tributos, de acordo com os limites constitucionais estabelecidos. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o seguinte modelo de classificação das competências tributárias: Estudaremos cada uma dessas classificações a partir de agora. Fique atento! 12 Competência Exclusiva ou Privativa A competência tributária exclusiva ou privativa se refere a competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para instituir os tributos que a Constituição prevê especificamente para cada ente federativo. Portanto, a Constituição estabeleceu a competência de cada uma das pessoas políticas, de tal forma que uma não pode invadir a esfera da outra quando criar o tributo. Assim, por exemplo, só podem tributar os fatos descritos na hipótese de incidência dos seus impostos. Isso evita conflitos entre os entes. Exemplo: A Constituição estabelece que o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) é de competência privativa da União. Mas, como vimos, dada a competência tributária pela Constituição, os entes federados devem instituir normas para cobrar tributos de sua alçada. Até hoje essa norma não foi editada, logo o IGF não é cobrado. Mas, ainda que a União não tenha instituído um tributo de sua competência, nenhum outro ente pode instituí-lo, pois é um tributo de competência exclusiva da União. Agora, que tal conhecer os tributos de competência privativa de cada ente? Competência exclusiva ou privativa da União: Impostos Imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II) – art. 153, I; Imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE) – art. 153, II; Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) – art. 153, III; Imposto sobre produtos industrializados (IPI) – art. 153, IV; Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) – art. 153, V; Imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) – art. 153, VI; Imposto sobre grandes fortunas (IGF) – art. 153, VII. Empréstimos Compulsórios (art. 148): Empréstimo por calamidade ou guerra externa (art. 148, I); Empréstimo por investimento público urgente e de relevância nacional (art. 148, II). 13 Contribuições especiais ou parafiscais: Contribuições de seguridade social (art. 195, art. 239; ADCT, art. 74, 75, 84 e 90); Contribuições sociais (art. 212, § 5º e art. 240); Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, também denominadas de corporativas (art. 149); Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) – art. 149 e art. 177, § 4º. Competência exclusiva ou privativa dos Estados e do Distrito Federal: Impostos (CF, art. 155): Impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) – art. 155, I; Impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) – art. 155, II; Imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA) – art. 155, III. Contribuição Contribuição previdenciária dos servidores do Estado (art. 149, § 1º). Competência exclusiva ou privativa dos Municípios e do Distrito Federal: Impostos (CF, art. 156): Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) art. 156, I; Impostos sobre transmissão inter vivos por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI) – art. 156, II; Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), não compreendidos no ICMS, definidos em lei complementar – art. 156, III; Contribuições Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP ou CIP) - art. 149-A. Contribuição previdenciária dos servidores do Município ou DF (art. 149, § 1º). Competência Tributária Comum É a competência de todos os entes políticos para instituição de taxas e contribuições de melhoria. Segundo Ricardo Alexandre (2014), o ente que prestar o serviço público específico e divisível ou exercer o poder de polícia cobra a taxa respectiva; já no caso de realização de obra pública da qual decorra valorização do imóvel pertencente ao particular, o ente responsável tem competência para instituir a contribuição de melhoria decorrente. (ALEXANDRE, 2014, p. 197) Exemplo: Um Município constrói um viaduto que valoriza os imóveis da região. Assim, quem pode instituir contribuição de melhoria é o Município. Por outro lado, se a União faz uma obra para asfaltar uma região, quem tem o poder para instituir a contribuição de melhoria é a União. Assim, na competência comum todos os entes podem instituir o tributo, desde que esteja dentro de sua esfera de competência político-administrativa. 14 Competência Tributária Residual Refere-se à competência da União para instituir impostos novos não previstos na Constituição Federal. Portanto, o único ente que pode criar novos tributos é a União, já que é ela quem detém a competência tributária residual. Mas, a União não está totalmente livre para criar novos impostos: existem requisitos na própria Constituição limitando esse poder. A União não pode criar um novo imposto para tributar um fato que já é tributado. Exemplo: Já existe o Imposto de Renda, que incide sobre rendas de qualquer natureza. Assim, é vedado criar um “Imposto sobre o salário” que tribute a renda dos cidadãos, pois essa já é tributada pelo Imposto de Renda. Competência Tributária Extraordinária É a competência da União para instituir impostos extraordinários na iminência ou no caso de guerra externa, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Competência Tributária Cumulativa A competência tributária cumulativa é a competência da União para instituir, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais (art. 147, da CF/88). Atualmente não temos Territórios Federais. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, foram suprimidos todos os territórios federais até então existentes no Brasil: Fernando de Noronha tornou-se um Distrito do Estado de Pernambuco; Amapá e Roraima foram transformados em estados-membros da Federação. Mas, conforme dispõe a Constituição vigente, os territórios federais ainda podem ser criados, mediante lei, e caso sejam criados, quem detém a competência tributária é a União. Mas atenção! Mesmo havendo repartição de competências para a arrecadação de tributos entre os entes federados, ainda pode haver um desequilíbrio entre as competências e os recursos de cada ente. Muitas vezes o ente central acaba arrecadando muito mais que os demais entes. Essa situação pode dificultar os entes subnacionais no que se refere ao financiamento das despesas decorrentes de suas responsabilidades. A fim de corrigir esses desequilíbrios, surge às transferências intergovernamentais, tema que estudaremos no nosso próximo módulo. Revisão do Módulo No tópico vimos que o federalismo fiscal está relacionado à arrecadação de recursos para custear as políticas públicas de cada ente da federação. Portanto, o federalismofiscal está relacionado à distribuição do poder de tributar. O federalismo fiscal busca ordenar as finanças públicas para concretizar o federalismo político, que tem como um dos pilares a autonomia financeira. 15 No tópico, aprendemos que tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Os tributos são cobrados em virtude do poder soberano do Estado e constituem a principal fonte de arrecadação de receitas pelo Estado, sendo fundamentais para os governos financiarem suas políticas públicas. Vimos ainda que as espécies de tributos existentes são, dentre outros: imposto, taxa, contribuição de melhoria, contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas, contribuição para o custeio de serviço de iluminação pública, contribuições de intervenção no domínio econômico e contribuições sociais. No tópico, estudamos que a competência tributária é a atribuição dada pela Constituição Federal aos entes políticos para instituir tributos. O texto constitucional não institui os tributos, mas sim outorga a competência tributária para os entes federativos criarem os tributos por meio de lei. Vimos ainda que alguns tributos são de competência exclusiva (a Constituição atribui a um ente específico a competência para instituir tributo) enquanto outros competem a todos os entes, é a competência tributária comum. Temos também a competência residual (instituir impostos novos não previstos na Constituição Federal), a extraordinária (em caso de guerra externa) e a cumulativa (instituir impostos nos Territórios), competências atribuídas à União. Referências AFONSO, José Roberto Rodrigues; LOBO, Thereza: Descentralização Fiscal e participação em experiências democráticas retardatárias. Disponível em: <https://ipea.gov.br/ppp/index.php/ PPP/article/viewFile/128/130>. Acesso em: 01/04/2016. ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado – 8º ed. atual. – Rio de Janeiro. MÉTODO, 2014. COSTA, Leonardo de Andrade: Sistema Tributário Nacional. Disponível em: <http://direitorio. fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/u100/sistema_tributario_nacional_20132.pdf>. Acesso em: 21 de março de 2016. DOMINGUES, José Marques: Federalismo Fiscal Brasileiro. Disponível em: http://www.idtl. com.br/artigos/186.pdf. Acesso em: 25/03/2016. GASPARINI, Carlos Eduardo; GUEDES, Kelly Pereira: Descentralização fiscal e tamanho do governo no Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1413-80502007000200007>. Acesso em: 15/03/2016. OLIVEIRA, Vitor França Dias: Introdução ao federalismo fiscal brasileiro. Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12642>. Acesso em: 22/03/2016.
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