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Planejamento Tributário

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16
Algumas considerações sobre o
planejamento tributário: uma comparação
por meio de simulação entre o Simples, o
Lucro Presumido e o Lucro Real
Dílson Zanatta
Especialista em Gestão Contábil pela UNOPEC
Professor das Faculdades de Valinhos
Professor do Centro Universitário Módulo - UNIMÓDULO
e-mail: dzanatta@walla.com
Ricardo Maroni Neto
Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela FECAP
Professor do Centro Universitário FIEO - UNIFIEO
Professor do Centro Universitário Módulo - UNIMÓDULO
e-mail: maroni@estadao.com.br
Resumo
A elevação da carga tributária nos últimos anos
tem pressionado a competitividade das empresas. O
presente artigo tem o objetivo de comparar as formas
de tributação que se aplicam às pequenas empresas,
para verificar qual o impacto sobre o resultado. A
análise das formas de tributação integra as atividades
do planejamento tributário e serve como ferramenta
para gestão de tributos. A pesquisa emprega o método
da simulação aplicado em uma empresa de pequeno
porte do ramo industrial para avaliar e comparar as
formas de tributação: Simples, Lucro Presumido e
Lucro Real. À medida que muda a forma de
tributação, altera também o resultado da empresa,
notando-se que os métodos Simples e Lucro
Presumido limitam a competitividade da empresa,
enquanto o Lucro Real permite a sua continuidade.
Palavras-chave: Tributos, Planejamento
Tributário, Competitividade.
Abstract
The rise of the tax burden in recent years has
pressured the competitiveness of the companies. The
present article has objective to compare the taxation
forms that if apply the small companies, to verify
which the impact on the result. The analysis of the
taxation forms integrates the activities of the planning
tributary and serves as tool for management of
tributes. The research uses the method of the
simulation applied in a small business company of
the industrial branch to evaluate and to compare the
taxation forms: Simple, Profit Vain and Real Profit.
To the measure that dumb the taxation form also
modifies the result of the company, noticing itself that
the Simple methods and Profit Vain limit the
competitiveness of the company, while the Real Profit
allows its continuity.
Key-words: Tributes, Planning Tributary,
Competitivity.
17
Introdução
O brasileiro tem visto com muita freqüência
ultimamente artigos de jornais, de revistas e
reportagens de televisão cujo tema é a carga tributária.
É muito comum a mídia fazer referência e
comparações com a carga tributária de outros países,
e destacarem alguns produtos com a porcentagem de
imposto que entra no seu valor de venda. Mais comum
ainda é a apresentação de gráficos demonstrando a
ânsia arrecadatória do governo, com dados alarmantes
e preocupantes.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário (2006), em 2004, com 36,8%, o Brasil
encontrava-se com a 5a. carga tributária do mundo,
atrás da Suécia (50,7%), da Noruega (44,9%), da
França (43,7%) e da Itália (42,2%). Ainda conforme
a mesma fonte, a carga tributária equipara-se a média
dos países do OCDE e entre 1985 e 2005 a relação
tributo / PIB dos principais países do mundo pouco
evoluiu, no caso brasileiro passou de 20,8% (1985)
para 37,8% (2005).
Segundo Sandroni (2005, p.122) carga
tributária é o total dos tributos arrecadados pelos
governos dos municípios, dos estados e da União.
Na última década observou-se um acentuado
incremento na participação da carga tributária sobre
o PIB - vide Figura 1 -, cujos efeitos colocam as
empresas em uma situação deveras complexa.
De um lado as empresas são compelidas a
inserir nos preços os acréscimos da carga tributária,
sejam novos tributos ou antigos com alíquotas
majoradas. Com isto os preços são pressionados para
cima. Na outra ponta, os contribuintes têm a sua renda
disponível reduzida, o que diminui o seu poder de
compra. As vendas neste caso são pressionadas
Figura 1 - A escalada dos Impostos
para baixo.
Forma-se assim um contexto adverso à
competitividade e ao crescimento das empresas, pois
a elevação dos preços e a redução do consumo exigem
o enxugamento dos custos, redução das margens de
lucros e inibição dos investimentos.
As medidas defensivas adotadas, muitas vezes,
beiram a ilegalidade e a informalidade. No entanto,
existem soluções legais e lícitas que se desenvolvem
no âmbito do planejamento tributário.
Diante deste contexto o presente artigo propõe
se a discutir a seguinte situação problema: qual das
formas de tributação permite romper com a limitação
da competitividade?
Dado o problema principal surgem algumas
questões de apoio, sobre as quais é estruturado o texto:
- o que é tributo?
- qual a finalidade do planejamento tributário?
- o que são formas de tributação?
- qual o impacto de cada forma de tributação?
Ao responder as questões, o presente texto
objetiva, de forma ampla, analisar as formas de
tributação para avaliar o efeito de cada uma delas
sobre a carga tributária das empresas.
Em termos específicos busca-se:
- estudar o sistema tributário para compreender
as modalidades de tributos e as formas de tributação;
- compreender a atividade do planejamento
tributário para identificar o seu apoio à gestão na
escolha das formas de tributação.
Deve-se deixar claro que o tema do
presente artigo é o planejamento tributário,
porém a sua delimitação gravita em torno da
esfera dos tributos federais não recuperáveis:
imposto de renda pessoa jurídica, contribuição
social e para seguridade social, encargos sociais
e PIS, estabelecendo-se aí os limites do
presente texto.
Os métodos aplicados conduzem à
elaboração de uma pesquisa bibliográfica por
analisar a legislação tributária, apoiada nos
métodos de simulação e comparativo por confrontar
três situações em um exemplo temático. Por fim,
entende-se que este trabalho é aplicado por permitir
a escolha da melhor solução para a questão tributária
nas empresas.
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real
18
Os Tributos
Oliveira et. al. (2004, p.23)apresenta tributo
com sendo “o vínculo jurídico entre o Fisco e o
contribuinte, decorrente de um fato lícito previsto em
lei, tendo por objeto uma prestação pecuniária”; ou
seja, é a ligação que existe entre o cidadão e o governo
já prevista na Lei, na qual determina que alguma coisa
deverá ser paga ao governo. Ou como está escrito no
Código Tributário Nacional, no seu artigo 3º. “É toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.” (Machado, 2004, pg. 68) [grifo nosso]
Destacam-se no texto legal alguns fragmentos
que merecem algumas considerações:
a) prestação pecuniária compulsória em moeda
ou cujo valor nela se possa exprimir: pagamento
obrigatório em dinheiro ou em algum bem que possa
se transformar em dinheiro.
b) que não se constitua sansão de ato ilícito:
que não seja uma multa por alguma infração à lei,
exemplo: multa por excesso de velocidade não é
tributo, é sansão.
c) instituída em Lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada:
prevista na Lei e cobrada sobre alguma coisa que se
possa avaliar, por exemplo o Imposto de Renda
Pessoa Física tributa o salário das pessoas que ganham
acima de determinado valor; o Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), recai
sobre a propriedade dos veículos, etc.
Classificação dos Tributos
Em todas as esferas de governo encontram-se
os diversos tributos que recaem sobre produtos e
serviços e podem ser classificados em:
 a) Impostos: seu pagamento é obrigatório e
não depende de nenhuma prestação de serviço em
favor do contribuinte, por exemplo: o Imposto sobre
a PropriedadeTerritorial e Urbana (IPTU), que tributa
os imóveis do município sem uma contraprestação
de serviço específica para esse imóvel. O mesmo se
dá com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA) que tributa os veículos dando-
lhes apenas a licença para sua utilização.
b) Taxas: são pagamentos referentes à utilização
de serviços públicos, tais como coleta de lixo, limpeza
pública, iluminação pública, etc.
c) Contribuições de melhoria: que são cobradas
quando o governo faz uma melhoria numa rua ou num
bairro e isto traz uma valorização para os imóveis,
como quando a prefeitura asfalta uma determinada
rua e todas as casas dessa rua são valorizadas, dessa
forma o poder público pode cobrar uma contribuição
graças a esse benefício.
Deve-se destacar que a Constituição Federal no
artigo 149 faculta à União instituir outras
contribuições, o que permitiu a criação da CIDE
(Contribuição sobre Intervenção do Domínio
Econômico) e Contribuições Sociais (INSS, CSLL).
O processo da tributação
Toda a atividade econômica que se pretender
executar, de uma forma ou de outra será tributada e
como contribuinte o cidadão paga o tributo,
diretamente ao setor público como o Imposto de
Renda, ou indiretamente, como quando compra uma
mercadoria. Neste caso o tributo está calculado e
embutido na nota fiscal emitida pelo comerciante do
qual foi comprado o produto, este por sua vez recolhe
valor dos tributos aos cofres públicos.
Daí a obrigatoriedade da emissão da nota fiscal
do produto adquirido, porque é nela que está
registrado o valor do produto e sobre esse valor já
está se pagando o imposto. Contudo, se o comerciante
não emite a nota fiscal ele se apropria indevidamente
do valor do imposto e não o repassa aos cofres
públicos. Esse procedimento ilegal dos empresários
é chamado sonegação, ou também conhecido por
evasão fiscal.
Planejamento Tributário: Conceito e Objetivo
Segundo Guerreiro:
“...planejamento tributário é a atividade
desenvolvida de forma estritamente preventiva,
que busca, em última análise, a economia
tributária, alcançada como decorrência da
avaliação de várias opções legais, procurando
evitar o procedimento mais oneroso do ponto
de vista fiscal.” (Guerreiro, 1998, p.148) [grifo
nosso]
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real
19
A concepção de economia tributária deriva da
premissa segundo a qual o contribuinte possui a
liberdade para planejar suas operações antecipando-
se ao fator gerador, observando os procedimentos
legais, visando praticar a menor carga tributária
possível (Rolim, 1998, p.51; Guerreiro, 1998, p.149)
Transportando esta matéria para o campo da
gestão empresarial o planejamento tributário
apresenta-se como uma ferramenta que permite a
organização fiscal da entidade reduzindo a sua
despesa tributária.
O efeito alcançado dá à empresa maior
competitividade pois reduz o percentual de tributos
sobre faturamento, permitindo uma flexibilidade aos
preços e elevando os lucros da organização.
Formas de Tributação
Para que se possa elaborar de maneira eficiente
o planejamento tributário para uma empresa, é
necessário saber quais os impostos e as contribuições
que as empresas são obrigadas a recolher aos cofres
públicos; conhecer as formas de tributação e ter o
faturamento, ou seja, quanto a empresa vende por
determinado período, seja mensal, semestral, ou
anual, é o que se chama de receita bruta.
De acordo com o Decreto 3000 de 26 de março
de 1999, as empresas podem optar por uma das três
formas de tributação, a saber: Simples, Lucro
Presumido e Lucro Real. As três formas são abordadas
nos itens subseqüentes desta seção.
Os impostos e as contribuições que estão
sujeitas às atividades econômicas estão dispostos no
Tabela 1.
Deve-se notar que alguns itens possuem mais
de uma alíquota. É o caso do PIS e da Cofins, que
possuem porcentagens diferentes: 0,65% e 1,65%
para o primeiro e 3% e 7,6% para a segunda. As
primeiras 0,65% e 3% normalmente utilizadas para a
apuração no Lucro Presumido, recaem
indistintamente em todas as transações comerciais ou
como se costuma dizer, “em cascata”.
Tomando-se a cadeia de produção de uma
fábrica de biscoito (exemplo temático a ser usado na
simulação mais adiante), o trigo sai da fazenda para
o moinho com uma nota fiscal, leva junto o PIS e a
COFINS. No moinho o trigo torna-se farinha e vai
para a fábrica de biscoito levando consigo o PIS e a
COFINS. Da fábrica o produto final segue para o
atacadista carregando consigo O PIS e a Confins. Do
atacadista para o supermercado, outra vez é tributado
pelo PIS e pela COFINS. O consumidor ao comprar
o biscoito paga todos os tributos que encarecem a
mercadoria, é a chamada tributação cumulativa.
As empresas que se utilizam da tributação pelo
Lucro Real, tem a possibilidade de recuperarem o PIS
e a COFINS pagos inclusos no valor da mercadoria
na hora da compra. Só que nesse caso, as alíquotas
são as maiores, 1,65% de PIS e 7,6% de COFINS.
Por exemplo: uma empresa compra R$
10.000,00 de matéria-prima onde já se acham inclusos
no preço: R$ 165,00 de PIS e, R$ 760,00 de COFINS.
Depois de transformar a matéria-prima em produto
ela vende esse produto por R$ 20.000,00. Nesse caso
ela teria que recolher R$ 330,00 de PIS e R$
1.520,00 de COFINS. Porém, como ela já tinha pago
as quantias anteriores ao seu fornecedor, ela deverá
recuperar esses valores e diminuir do que ela deve ao
governo. Veja o cálculo na Tabela 2.
Por aí se depreende como é importante
a apuração correta dos tributos e o
aproveitamento das brechas da lei para pagar
menos imposto, ou seja, utilizar um
planejamento tributário eficientemente.
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real
20
Simples
O Sistema Integrado de Pagamento de Impostos
e Contribuições das Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte (Lei 9.317 de 05/12/1996) está em
vigor desde 1º de janeiro de 1997, e engloba o
recolhimento do IRPJ, PIS, COFINS, INSS patronal
e IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) (se a empresa for
contribuinte do IPI). São dispensados os
recolhimentos ao SESC, SESI, SENAC,
SEBRAE, salário educação e contribuição
sindical patronal, e poderão ser incluídos
o ICMS e o ISS caso o Estado e/ou
município venham a aderir ao sistema
através de convênio.
A lei 9.317/96 foi alterada em
29/12/2005 pela MP 275, e pela Lei
11.196/2005, que alterou os limites de
faturamento bruto, ou seja, das vendas
brutas das micro e pequenas empresas
para o enquadramento no SIMPLES,
ficando assim estabelecido:
I - MICROEMPRESA (ME):
pessoa jurídica que tenha obtido
uma receita bruta com vendas, no
ano-calendário (ano civil), igual ou
inferior a R$ 240.000,00.
II - EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP):
pessoa jurídica que tenha obtido uma receita
bruta com vendas no ano-calendário, superior
a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$
2.400.000,00.
Nem todas as atividades econômicas podem
optar pelo SIMPLES, muitas empresas, mesmo
atendendo aos limites da receita bruta impostos pela
lei, não podem fazer essa opção. As restrições são
enumeradas pelo Art. 20 da Instrução Normativa 355
da Secretaria da Receita Federal de 29/08/2003 que
resumidamente podem ser destacadas as seguintes
atividades exploradas: empresas que exercem as
atividades de instituições financeiras e empresas
equiparadas; atividades imobiliárias; locação ou
administração de imóveis; armazenamento e depósito
de produtos de terceiros; propaganda e publicidade,
excluídos os veículos de comunicação; factoring;
prestação de serviços de vigilância, limpeza,
conservação e locação de mão-de-obra; prestação de
serviços profissionais e industrialização por conta
própria ou por encomenda, de bebidas ecigarros são
vedadas à opção pelo regime simplificado.
 A Medida Provisória 275 de 29/12/2005
alterou a Tabela do SIMPLES que passou a vigorar
em 01/01/2006. A Tabela 3 apresenta as alíquotas do
Simples.
Cálculo do Simples
O SIMPLES tributa as vendas brutas ocorridas
mensalmente pela taxa que se encontra na faixa em
que ocorrer o acumulado do ano.
Para melhor compreensão desta forma de
tributação tome-se uma simulação aplicada em uma
indústria, cujo faturamento a classifica como empresa
de pequeno porte, como exemplo uma indústria de
biscoito denominada Biscoito Oito Ltda - EPP.
A Biscoito Oito Ltda - EPP, em 2005 teve uma
Receita Bruta de R$ 1.749.600,00, com uma venda
mensal de R$ 145.800,00. Utilizando esses dados e
aplicando-se as alíquotas da tributação pelo Simples
obtem-se os resultados apresentados na Tabela 4.
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real
21
Dessa forma ela recolheria aos cofres públicos,
no ano de 2005, a importância de R$ 148.132,80
para o pagamento dos tributos: Imposto de Renda
Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL), Programa de Integração
Social (PIS), COFINS, INSS patronal e o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), visto ser a
Biscoito Oito Ltda - EPP uma indústria.
Lucro Presumido
O lucro presumido é uma segunda forma para
aplicar a tributação nas empresas. Tendo como limite
máximo o faturamento de R$ 48.000.000,00, a
empresa poderá optar pela tributação pelo Lucro
Presumido, onde se presume que a empresa, conforme
sua atividade econômica, tem uma porcentagem pré-
fixada pela Receita Federal que será o seu lucro, e
sobre esse valor serão calculados o IRPJ, o adicional
do IRPJ e a CSLL.
Para se saber que porcentagem deverá ser
aplicada sobre a Receita Bruta para se presumir o
lucro da empresa, recorre-se a uma Tabela específica
que está apresentada na Tabela 5.
Utilizando o exemplo da Fábrica de Biscoito
Oito Ltda - EPP, com sua Renda Bruta de R$
1.749.600,00, aplicando a alíquota de 8% para se
achar o Lucro Presumido temos o valor de R$
139.968,00, que será utilizado como base de cálcu-
lo para os tributos sobre o lucro. Alguns outros da-
dos devem ser levantados pela contabilidade para
que se possa dar seqüência ao estudo, tais dados se
encontram no Tabela 6.
Cálculo pelo Sistema de Lucro Presumido
Tomando-se por base de cálculo os valores
obtidos pelo faturamento bruto R$ 1.749.600,00, e
R$ 139.968,00 de lucro presumido, podemos calcular
os tributos incidentes através das porcentagens
estipuladas pela Tabela 7.
Caso a empresa opte pela tributação através do
Lucro Presumido, deverá proceder ao recolhimento
trimestralmente, ou seja, faz-se um levantamento
trimestral dos dados da Tabela 5 e efetua-se o
pagamento dos tributos.
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real
22
Lucro Real
Esta forma de tributação normalmente é
utilizada pelas grandes empresas que possuem
em seu organograma um departamento de
contabilidade que fornece as informações rápida
e confiavelmente ao departamento fiscal que irá
proceder ao cálculo dos tributos apresentados
na Tabela 1 e efetuar o seu recolhimento.
Para que se possa entender direito os
procedimentos para o cálculo do lucro real, deve-
se conhecer algumas características próprias
desse sistema de tributação.
Como o próprio nome sugere, a tributação é
feita levando-se em conta o lucro realmente apurado
em um exercício financeiro. Então, se a empresa não
der lucro, ela não terá uma base de cálculo do Imposto
de Renda Pessoa Jurídica nem da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido, portanto não recolherá esses
tributos.
A vantagem proporcionada por esse sistema
para a empresa é que se em determinado momento as
compras forem iguais às vendas a empresa não terá
que pagar nada, pois não haverá saldo de tributos a
pagar. Evidentemente que para o consumidor final
não mudou absolutamente nada, continua-se a pagar
no valor do produto o seu próprio valor acrescido
dos tributos incidentes, e que caso não seja emitida a
nota fiscal, como já foi dito, os valores referentes a
esses impostos ficam de posse do comerciante.
A Fábrica de Biscoito Oito LTDA - EPP
resolveu então fazer os cálculos dos tributos a serem
recolhidos pelo sistema de lucro real, visto que
para esse sistema, não existem restrições legais
qualquer empresa pode optar por ele. Para isso
foi elaborada uma tabela com a apuração do
lucro líquido ajustado como exposto na
Tabela 8.
De posse desses dados procede-se ao
cálculo dos impostos e contribuições pelo sistema de
tributação do lucro real. A Tabela 9 apresenta o cálculo
do Lucro Real.
Caso a opção da empresa seja o lucro real,
deverá tomar precauções quanto à veracidade das
informações utilizando-se de um sistema de
informações contábeis confiável, preferencialmente
contando com os trabalhos de um contador exclusivo
para a empresa, além, é claro, de se preocupar com
os vencimentos das guias de recolhimento que se,
como foi dito, forem pagas ou recolhidas após o
vencimento, os encargos sobre elas serão muito altos
corroendo significativamente os lucros da empresa.
Análise Comparativa das Formas de
Tributação
Com a apuração dos valores a serem recolhidos
como tributos pela empresa, através dos três sistemas:
SIMPLES, LUCRO PRESUMIDO e LUCRO REAL
cabe agora fazer as comparações necessárias para a
tomada de decisão quanto ao mais econômico deles,
o sistema mais viável e o que dê menor impacto no
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real
23
resultado da empresa.
A Tabela 10 demonstra os resultados dos três
sistemas, enquanto a Tabela 11 apresenta o impacto
dos sistemas no resultado.
Sem dúvida alguma, apesar de todos os
cuidados que devem ser tomados, o sistema de
tributação pelo Lucro Real, para uma empresa nos
moldes da Fábrica de Biscoito Oito Ltda - EPP é o
indicado resultando uma economia de imposto de
R$ 75.202,89, em comparação ao SIMPLES, e
R$ 30.821,37 ao Lucro Presumido, com um impacto
no lucro da empresa demonstrado na Tabela 11.
Deve-se notar na apresentação do Resultado
comparativo (Tabela 10), alguns fatos relevantes.
No sistema Simples:
a) o total do imposto apurado incide totalmente
sobre as vendas brutas, reduzindo dessa forma a
receita líquida;
b) às Despesas Operacionais não consta o INSS
Patronal e o INSS sobre as Retiradas, já inclusos no
SIMPLES;
c) o recolhimento é feito apenas em um
pagamento através de uma única guia de com um
vencimento específico.
No sistema de Lucro Presumido:
a) apenas os impostos e contribuições são
deduzidos da RECEITA BRUTA, o INSS patronal e
sobre as retiradas estão registrados em seu local
original que são as Despesas Operacionais;
b) devem-se emitir tantas guias de recolhimento
quanto forem necessárias para os tributos;
c) no recolhimento é imprescindível ficar atento
às datas de vencimento dos tributos.
No sistema de lucro real:
a) somente as contribuições ao PIS à Cofins
estão registradas como dedução da RECEITA
BRUTA;
b) o INSS patronal e sobre as retiradas estão
em Despesas Operacionais;
c) o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido estão
devidamente registrados como provisões
deduzidas do Lucro Antes do Imposto de Renda
e da Contribuição Social.
Porém, o que salta aos olhos na comparação
entre os três sistemas é sem dúvida a diferença
entre os valores dos impostos e contribuições a
recolher demonstrada na Tabela 10, na qual tem-
se: SIMPLES R$ 148.132,80; LUCRO
PRESUMIDO R$132.346,28 e LUCRO REAL
R$ 91.609,17.
ConsideraçõesFinais
Como apontado no início deste trabalho as
empresas vivem um contexto limitador de sua
competitividade, cuja causa está associada à carga
tributária imposta à sociedade.
A limitação pressiona para cima os preços e no
sentido oposto às vendas. Neste contexto as empresas
são compelidas a buscarem alternativas para continuar
no mercado.
Dentre as possibilidades lícitas, releva-se o
planejamento tributário, que para gerar economia
tributária, entre outras coisas, analisa o sistema de
tributação melhor aplicado às empresas.
A discussão elaborada neste trabalho compara
os três sistemas de tributação o SIMPLES, o Lucro
Presumido e o Lucro Real. A análise levada a cabo,
por meio de uma simulação que considera uma
entidade industrial de pequeno porte, permite concluir
que o lucro real mantém a competitividade das
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real
24
empresas por impor a menor carga tributária em
relação ao faturamento e por gerar uma margem de
lucro bastante superior aos outros sistemas..
É bom frisar que se a opção for o LUCRO
REAL, a empresa deverá contar com os serviços de
em contador quase que exclusivo para poder registrar
o Livro de Apuração do Lucro Real, o que sem dúvida
só viria a beneficiá-la, já que esse profissional poderia
suprir a direção com informações rápidas e eficientes.
Deve-se destacar que este artigo tem como
escopo fazer algumas considerações, não esgotando
o assunto, pois foi considerado um modelo apenas
de entidade. Sendo assim, favorece a pesquisa e a
discussão continuadas.
Referências Bibliográficas
BRASIL, Presidência da República, “Medida Provisória
275 de 29/12/2005” acesso ao site oficial
www.brasil.gov.br. em 16/02/2006
BRASIL, Secretaria da Receita Federal, “Instrução
Normativa nº 608 de 09/01/2006” acesso ao site
www.receita.fazenda.gov.br, em 16/02/2006.
BRASIL, Senado Federal, “Código Tributário Nacional”,
Brasília, Imprensa Oficial, 2000.
GUERREIRO, Rutnéa Navarro. Planejamento
tributário: os limites de licitude e ilicitude. In:ROCHA,
V. de Oliveira (org.) Planejamento fiscal teoria e prática.
2.v.São Paulo: Dialética, 1998. p.145 - 158.
INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO. “Carga Tributária Brasileira Atinge
37,82% em 2005, crescendo 1,02ponto percentual”
Disponível em
IBPT, Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário em
30/03/2006 <http://www.ibpt.com.br/arquivos/estudos/
2005__CARGA_TRIBUTARIA_BRASILEIRA.pdf>
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Agradecimentos: Profa. Soraya Mira Reis pela revisão.
Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro
Presumido e o Lucro Real

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