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Combatendo a Violência Doméstica SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Fale Conosco 0800 728 2891 ead.sestsenat.org.br Curso on-line – Administração de Pessoas – Brasília: Sest/Senat, 2016. 66 p. : il. – (EaD) 1. Combatendo a Violência Doméstica. 2. Comportamento criminal. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. CDU 343.55 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | Violência Doméstica: O Que É? 7 1. Violência Doméstica: O Que É? 8 Glossário 11 Atividades 12 Referências 13 Unidade 2 | Formas de Violência 14 1. Formas de Violência 15 Glossário 17 Atividades 18 Referências 19 Unidade 3 | Lei Maria da Penha 20 1. Maria da Penha 21 2. O Que Faz Essa Lei? 22 3. Um Pouco Mais sobre a Lei 23 Glossário 24 Atividades 25 Referências 27 Unidade 4 | A Quem Procurar em Caso de Violência Doméstica 28 1. A Quem Procurar em Caso de Violência Doméstica 29 2. E Quando o Homem é a Vítima? 30 Glossário 32 Atividades 33 Referências 35 Unidade 5 | A Política de Atenção à Criança e ao Adolescente 36 4 1. A Política de Atenção à Criança e ao Adolescente 37 2. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 38 Glossário 41 Atividades 42 Referências 43 Unidade 6 | Consequências Físicas e Psicológicas da Violência 44 1. Consequências Físicas e Psicológicas da Violência 45 Glossário 47 Atividades 48 Referências 50 Unidade 7 | Violência Doméstica contra Idosos e Adultos com Capacidade Diminuída 51 1. Violência Doméstica contra Idosos e Adultos com Capacidade Diminuída 52 Glossário 55 Atividades 56 Referências 58 Unidade 8 | Intervenção sobre Agressores Conjugais 59 1. Intervenção sobre Agressores Conjugais 60 2. Um Exemplo Positivo 61 Glossário 62 Atividades 63 Referências 64 Gabarito 65 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Combatendo a Violência Doméstica ! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. O curso possui carga horária total de 20h e foi organizado em 8 unidades, conforme a tabela a seguir. Unidades Carga Horária 1 - Violência Doméstica: O Que É? 2 horas 2 - Formas de Violência 3 horas 3 - Lei Maria da Penha 2 horas 4 - A Quem Procurar em Caso de Violência Doméstica 2 horas 5 - A Política de Atenção à Criança e ao Adolescente 3 horas 6 - Consequências Físicas e Psicológicas da Violência 2 horas 7 - Violência Doméstica contra Idosos e Adultos com Capacidade Diminuída 4 horas 8 - Intervenção sobre Agressores Conjugais 2 horas 6 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br ou pelo telefone 0800 72 82 891. Bons estudos! 7 UNIDADE 1 | VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: O QUE É? 8 1. Violência Doméstica: O Que É? Na apresentação do curso, demos a você os parabéns por participar de uma discussão tão importante nos dias atuais. Não apenas o Brasil, mas o mundo inteiro necessita encontrar formas de diminuir a violência em todos os níveis. No caso deste curso, o foco é o enfrentamento à violência doméstica. E será que estamos tão distantes assim dos grandes problemas mundiais? Afinal, o que é violência? E o que torna a violência doméstica um tipo particular de agressão? Se você procurar o significado de violência no dicionário, vai encontrar palavras como opressão, uso de força, ação, constrangimento, submissão, coação, etc. Palavras duras que, de uma forma ou de outra, representam a ação opressora de uma pessoa sobre outra. Violência é muito mais do que agressão física. A opressão de uma pessoa pode ter várias faces, como constrangimento e intimidação. De todas as formas de agressão, a violência doméstica é uma das mais difíceis de ser combatida, pois é uma das mais difíceis de ser enxergada. Isso acontece porque ela é praticada no ambiente familiar, por pessoas muito próximas das vítimas – que geralmente são crianças, adolescentes, idosos e, em sua maioria, mulheres. a O mundo de hoje não aceita mais a cultura da violência. Precisamos caminhar na direção da paz e do respeito mútuo, e o começo dessa mudança, como não poderia deixar de ser, é no ambiente familiar. Nesse contexto, a mulher ocupa um papel especial e merece toda a atenção. 9 A legislação brasileira considera violência doméstica e familiar contra a mulher “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (Artigo 5.º da Lei n.º 11.340/2006). a Esta é uma posição de que precisamos lutar para perder! A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a violência doméstica é a principal causa de lesões em mulheres entre 15 e 44 anos no planeta e o Brasil é o sétimo país que mais mata mulheres no mundo. O Instituto Avante Brasil elaborou um gráfico que mostra o crescimento do feminicídio (homicídio de mulheres) no Brasil entre 1996 e 2012: Fonte: Instituto Avante Brasil. e Segundo o gráfico, o índice de assassinatos caiu em 2007 por causa da entrada em vigor, em 2006, da Lei “Maria da Penha”. Ponto positivo! Mas, se você observar o gráfico, o índice voltou a crescer em 2008. Precisamos de mais ações e denúncias! 10 • Uma em cada cinco brasileiras já sofreu alguma forma de violência doméstica cometida por um homem. • No Brasil, cerca de 80% dos casos de agressão contra mulheres foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros. • Dados mostram que 56% de brasileiras e brasileiros conhecem um homem que já agrediu uma parceira e 54% conhecem ao menos uma mulher que sofreu algum tipo de agressão do parceiro. • Diante de uma lista de atitudes violentas contra mulheres, 56% dos homens admitem já ter cometido algumas delas e, na maioria dos casos, mais de uma vez. Fonte: SPM, 2015. Agora é com você! Conforme dissemos, a violência doméstica é um problema mundial. Por isso, é importante conhecer a realidade da violência doméstica não apenas no Brasil, mas também em outras partes do mundo. A ativista americana Mary Ellsberg coordenou uma pesquisa sobre o assunto na Nicarágua e na América do Sul. O resultado dessa pesquisa está no documento “Candies in hell” (Doces no inferno). Acesse este link, leia o comentário sobre o livro e descubra o porquê do título. http://derepentealgolegal.blogspot.com.br/2016/03/candies-in-hell- doces-no-inferno.html Ótimo, você acaba de finalizar a unidade e está apto a testar seus conhecimentos nas questões referentes a ela. Prossiga em seus estudos para concluir o restante de seu curso. 11 Glossário Homicídio: destruição de uma vida humana; assassinato. Lesão: ferimento. Omissão: ato ou efeito de deixar de lado, desprezar ou esquecer. Opressão: estado ou condição de quem se encontra oprimido. 12 d 1) Segundo o que foi estudado na primeira unidade, violência pode ser conceituada como: a.( ) O emprego de força, constrangimento, abuso, opressão, por meio de uma pessoa, para ajudar outra pessoa a fazer algo. b. ( ) O emprego de força, constrangimento, abuso, opressão sobre uma pessoa, para obrigá-la a fazer algo contra a sua vontade. c. ( ) O emprego de convencimento, abuso, opressão, elogios, por meio de um grupo de pessoas, para obrigar outra pessoa a fazer algo. d. ( ) O emprego de sedução, força e convencimento, por meio de um grupo de pessoas, para ajudar outra pessoa a fazer algo contra a sua vontade. 2) Violência doméstica é: a. ( ) O assassinato sistemático de trabalhadoras domésticas. b. ( ) A violência praticada contra empregadas domésticas. c. ( ) A violência praticada pelas empregadas domésticas. d. ( ) A violência praticada no ambiente familiar. 3) Conforme o que foi estudado na primeira unidade, feminicídio é: a. ( ) O assassinato de crianças. b. ( ) O assassinato de mulheres. c. ( ) O assassinato de freiras. d. ( ) O assassinato de idosos. Atividades 13 Referências AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO. Dossiê Violência contra as mulheres – violência doméstica e familiar. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www. agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra- as-mulheres/>. Acesso em: 7 abr. 2016. BOTELHO, F. M. Mapa da violência contra a mulher. Portal da internet Instituto Avante Brasil, 2015. Disponível em: <http://institutoavantebrasil.com.br/topicos/mapa-da- violencia-contra-a-mulher/>. Acesso em: 8 nov. 2016. BRASIL. Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 8 nov. 2016. ELLSBERG, Mary et al. Candies in hell: women’s experiences of violence in Nicaragua. Social Science & Medicine, v. 51, p. 1595-1610, 2000. Disponível em: <http://citeseerx. ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.473.5453&rep=rep1&type=pdf>. Acesso em: 8 nov. 2016. FIOCRUZ. Documentário mostra como foi a criação do Dicionário Feminino da Infâmia. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://tinyurl.com/p5xcvpp>. Acesso em: 8 nov. 2016. OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estudio multipaís de la OMS sobre salud de la mujer y violencia doméstica contra la mujer. OMS, 2005. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/wp-content/uploads/2012/08/OMS_ estudiomultipais_resumendelinforme1.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2016. SPM – SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Viver sem violência é direito de toda mulher. Cartilha, abril de 2015. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/ central-de-conteudos/publicacoes/publicacoes/2015/livreto-maria-da-penha-2-web-1. pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. 14 UNIDADE 2 | FORMAS DE VIOLÊNCIA 15 1. Formas de Violência No Brasil, temos uma legislação bastante avançada no que se refere à violência doméstica. A Lei Maria da Penha mudou a forma como a violência contra a mulher é abordada. Podemos dizer que se trata de uma lei que começou pela luta de uma única mulher e se tornou patrimônio de todas as brasileiras. Na unidade 3, vamos abrir um espaço apenas para falar da Lei Maria da Penha. Por enquanto, vejamos o que a lei considera como violência doméstica e familiar a seguir. Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. (BRASIL, 2006) 16 Como podemos ver, a Lei Maria da Penha é bastante abrangente e completa quando trata de definir o que é violência contra a mulher. Essas definições são fundamentais e visam proteger a mulher de qualquer tipo de agressão doméstica, que pode vir também do padrasto ou madrasta, sogro ou sogra, cunhados, irmãos, enfim, de todo o universo familiar. E observe como em algumas situações, como nos casos de violência sexual, é importante definir com clareza o que caracteriza esses atos. e Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada três mulheres do planeta experimentam alguma forma de violência ao longo de sua vida, sendo que uma em cada cinco dessas mulheres sofre violência do tipo sexual. O Código Penal Brasileiro afirma, ainda, que: “a violência sexual pode ser caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o estupro, a tentativa de estupro, o atentado violento ao pudor e o ato obsceno.” (BRASIL, 2006) Na próxima unidade, vamos falar um pouco mais sobre a Lei Maria da Penha, que está completando 10 anos. Conheceremos também sobre a mulher que foi responsável por isso se tornar realidade. Você acaba de concluir o conteúdo desta unidade. Agora, você pode prosseguir para testar o que já aprendeu até este momento e, na sequência, avançar em seus estudos até finalizar os tópicos deste curso. Mãos à obra! 17 Glossário Coação: constrangimento físico ou moral. Contumaz: insistente, frequente. Degradar: privar de dignidade, humilhar. Injúria: difamação, ofensa, insulto. Integridade: característica ou estado daquilo que se apresenta ileso, intato, que não foi atingido ou agredido, que está inteiro. Obsceno: que fere o pudor. Retenção: ato ou efeito de reter. 18 d 1) Segundo a Lei Maria da Penha, as formas de violência são: a. ( ) Física, psicológica, de gênero e sexual. b. ( ) Física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. c. ( ) Física, institucional, sexual e de gênero. d. ( ) Física, sexual, moral, institucional e psicológica. 2) Como foi visto na unidade 2, a violência psicológica causa: a. ( ) Dano emocional e diminuição da autoestima da mulher. b. ( ) Dano à integridade física ou a saúde corporal da mulher. c. ( ) Dano e perda de objetos, documentos pessoais, bens e valores da mulher. d. ( ) Dano emocional e perda de documentos e bens da mulher. 3) É enquadrado como violência sexual contra a mulher: a. ( ) Mantê-la sob vigilância b. ( ) Destruir seus bensc. ( ) Controlar suas ações d. ( ) Forçá-la a se casar Atividades 19 Referências BRASIL. Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 8 nov. 2016. CNJ – CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Formas de violência. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/lei-maria-da-penha/ formas-de-violencia>. Acesso em: 8 nov. 2016. ELLSBERG, Mary et al. Candies in hell: women’s experiences of violence in Nicaragua. Social Science & Medicine, v. 51, p. 1595-1610, 2000. Disponível em: <http://citeseerx. ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.473.5453&rep=rep1&type=pdf>. Acesso em: 8 nov. 2016. SPM – SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Viver sem violência é direito de toda mulher. Cartilha, abril de 2015. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/ central-de-conteudos/publicacoes/publicacoes/2015/livreto-maria-da-penha-2-web-1. pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. 20 UNIDADE 3 | LEI MARIA DA PENHA 21 1. Maria da Penha Até este momento, falamos sobre a famosa “Lei Maria da Penha”. Mas quem é Maria da Penha e por que há uma lei com seu nome? Maria da Penha nasceu em Fortaleza (CE). É farmacêutica bioquímica e mestre em Parasitologia pela Universidade de São Paulo (USP). Hoje está aposentada. Foi casada com um professor universitário colombiano, Marco Antonio Viveros Heredia, com quem teve três filhas. Depois do nascimento de sua segunda filha, o marido mudou e passou a agredi-la sucessivamente até que, em maio de 1983, ele lhe deu um tiro nas costas – com uma espingarda – enquanto ela dormia. Marco Antonio alegou inocência e disse que o tiro havia sido dado por assaltantes. Enquanto as investigações prosseguiam, Maria da Penha sofreu várias cirurgias, mas ficou paraplégica. Meses depois do atentado, ela voltou para casa, onde sofreu nova tentativa de homicídio. O marido tentou eletrocutá-la na banheira. Marco Antônio foi julgado e condenado por duas vezes, anos depois dos crimes, mas saiu em liberdade devido a recursos impetrados por seus advogados de defesa. Maria da Penha decidiu contar sua história e, em 1994, publicou o livro “Sobrevivi... Posso Contar” que, em 1998, serviu de instrumento para que ela, em parceria com o CLADEM (Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) e CEJIL (Centro pela Justiça e o Direito Internacional), denunciasse o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). 22 Em 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos responsabilizou o Brasil por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres. Por conta disso, o governo brasileiro teve de rever suas políticas para mulheres, atender aos tratados internacionais e cumprir algumas recomendações, entre elas mudar a legislação brasileira para que preservasse e protegesse mulheres em situação de violência doméstica e punisse seus agressores. E assim, por meio da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, com a parceria de organizações não governamentais e juristas, o Brasil criou um projeto de lei que foi aprovado por unanimidade na Câmara e no Senado Federal e, em 7 de agosto de 2006, foi transformado na Lei Federal no 11.340, conhecida também como Lei Maria da Penha. Fontes: SPM, 2015. 2. O Que Faz Essa Lei? A Lei Maria da Penha define violência doméstica contra a mulher como crime, elenca e explica quais são suas formas e indica maneiras de evitar, enfrentar e punir a agressão. Também define a responsabilidade de cada órgão público no auxílio à mulher que está sofrendo qualquer forma de violência. A lei dá ao juiz o poder de conceder medidas protetivas de urgência. Tais medidas servem para proteger a mulher que está sofrendo violência – como seu encaminhamento para um programa de proteção, o pagamento de pensão alimentícia para ela e os filhos, a proteção do patrimônio do casal (para que não seja dilapidado) e a prisão preventiva de quem praticou a agressão. Garante ainda a inclusão da vítima em programas governamentais de assistência, atendimento médico, serviços que ajudem a promover sua capacitação, geração de trabalho, emprego e renda e, caso ela precise se afastar do trabalho por causa da violência, garante também seu emprego pelo período de até seis meses. 23 As medidas protetivas são aplicadas quando o juiz acata o pedido feito pela vítima. A lei também define medidas voltadas para quem pratica a violência contra a mulher, como a obrigatoriedade de afastamento do lar, proibição de fazer contato ou chegar perto da vítima, suspensão de porte de armas e prisão, entre outras. e Não custa nada lembrar: a Lei Maria da Penha é aplicável a qualquer pessoa que cometa violência contra mulheres de qualquer idade. Essas pessoas podem ser tanto homens quanto mulheres: marido, namorado ou namorada, ex-namorado ou ex- namorada, companheiro ou companheira, pai, mãe, irmão, irmã, padrasto, madrasta, filho, filha, sogro, sogra e até mesmo primos, primas, tios, tias e outros parentes. 3. Um Pouco Mais sobre a Lei • A Lei não vale só para agressão física. Constrangimento, isolamento, insulto, abuso sexual, calúnia, tudo isso pode ser alvo da Lei Maria da Penha. E a vigilância constante, o ciúme doentio que limita a liberdade da mulher? Também! • Se seu patrimônio for prejudicado, se seus bens forem subtraídos, se seus documentos foram destruídos, a mulher pode recorrer à Lei Maria da Penha. • Já foi dito, mas não custa lembrar: a Lei vale também quando a agressão parte de uma mulher. Mas não vale quando a vítima é um homem. • Agressão por meios eletrônicos, difamação nas redes sociais, vazamento de arquivos pessoais? Lei Maria da Penha! • A Lei Maria da Penha também para violência psicológica: humilhação, chantagem, ridicularização, exploração, etc. 24 b Conhecer esta lei na íntegra, acesse o portal do Palácio do Planalto a partir do link a seguir. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/ Lei/L11340.htm Agora é com você! Assista ao documentário “Silêncio das Inocentes”, que mostra como se processa no Brasil a aplicação da Lei nº 11.340/2006, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, e veja os depoimentos de algumas mulheres que conseguiram sobreviver a seus agressores. Depois reflita: o que ainda precisa ser feito para evitar que as mulheres continuem sendo vitimadas? https://www.youtube.com/watch?v=uxXKiSli9KY Ótimo, você acaba de finalizar sua unidade e está apto a testar seus conhecimentos nas questões referentes a ela. Prossiga em seus estudos para concluir o restante de seu curso. Glossário Medida protetiva: medida de proteção. Na íntegra: na totalidade. Recurso impetrado (impetrar): reclamação apresentada contra uma ação ou fato. Unanimidade: qualidade do que é unânime; em conformidade com a opinião de todos. 25 d 1) Por que a Lei Federal nº 11.340/2006 é conhecida como “Lei Maria da Penha”? a. ( ) Porque foi feita para homenagear Maria da Penha depois que ela publicou um livro sobre violência doméstica. b. ( ) Porque foi criada por uma jurista de nome Maria da Penha. c. ( ) Porque foi depois que Maria da Penha, vítima de violência doméstica, denunciou o Brasil por não ter uma lei que protegesse as mulheres que ela foi criada. d. ( ) Porque era preciso compensar Maria da Penha porter sido a maior das vítimas de violência doméstica no país. 2) Por quê o Brasil foi responsabilizado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos em 2001? a. ( ) Porque preservava e protegia as mulheres em situação de violência doméstica. b. ( ) Porque foi negligente, omisso e tolerante com a violência doméstica contra as mulheres. c. ( ) Porque demorou a reconhecer que Maria da Penha tinha sido vítima de violência doméstica. d. ( ) Porque se negou a mudar a legislação brasileira para defender as mulheres contra a violência. Atividades 26 3) Algumas das atribuições da Lei Maria da Penha são: a. ( ) Responsabilizar os órgãos públicos pela violência e dar aos juízes amplos poderes para decidir o destino de vítimas e agressores. b. ( ) Definir as formas de violência doméstica contra a mulher e as medidas voltadas para quem pratica a violência contra a mulher. c. ( ) Encaminhar os agressores para programas de proteção e as vítimas para lares temporários. d. ( ) Nenhuma das alternativas anteriores. 27 Referências BRASIL. Lei no 11.340, de 07 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/ l11340.htm>. Acesso em: 07/04/2016. INSTITUTO MARIA DA PENHA. Quem é Maria da Penha. Disponível em: <http://www. mariadapenha.org.br/>. Acesso em: 07/04/2016. 28 UNIDADE 4 | A QUEM PROCURAR EM CASO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 29 1. A Quem Procurar em Caso de Violência Doméstica Tanto quem sofre a agressão quanto quem sabe que ela ocorre com alguém pode e deve buscar ajuda. Quando se é a vítima, a denúncia da violência deve ser feita de preferência na Delegacia da Mulher. Se não houver uma na cidade, deve ser feita na delegacia comum mais próxima. Se for uma situação de emergência, deve-se ligar para o 190 e pedir apoio da polícia. Nesse caso, a vítima ou o informante deve comunicar a gravidade e a urgência da situação. Se a mulher estiver insegura, em dúvida sobre o que fazer, pode ligar para a Central de Atendimento à Mulher, acessada pelo telefone 180. A ligação é gratuita e a central funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive nos feriados. As atendentes são mulheres treinadas e preparadas para orientar vítimas em qualquer parte do País (e também fora do Brasil). Explicam como agir para se proteger e denunciar agressões, prestam esclarecimentos no aspecto tanto jurídico quanto psicológico, respondem dúvidas e indicam instituições e locais próximos – para onde as mulheres poderão se dirigir para completar o socorro necessário. a Conforme você viu, não é apenas a vítima que pode denunciar a violência. Qualquer pessoa que tiver conhecimento desses atos também pode denunciar o ato e procurar ajuda! Quem não sofre a agressão, mas sabe de alguém que a está sofrendo, ouve ou presencia a violência enquanto ela está sendo praticada, pode chamar a polícia por meio do telefone 190. Se a polícia for avisada a tempo, o agressor poderá ser preso em flagrante. 30 Há outros locais em que as vítimas de violência podem obter ajuda e orientação: • Hospitais públicos e serviços de saúde: atendem mulheres vítimas de violência e, no caso de estupro, garantem o acesso aos serviços de contracepção de emergência, proteção e prevenção a doenças sexualmente transmissíveis/AIDS e aborto previsto por lei. • Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM): oferece apoio psicológico, social e jurídico. • Serviço de abrigamento: acolhe mulheres ameaçadas e seus filhos. Presta também assistência psicológica e jurídica. • CREAS – Centro de Referência Especializada da Assistência Social: oferece ajuda psicológica e social. • CRAS – Centro de Referência e Assistência Social: oferece apoio psicológico e social. Fonte: SPM, 2015. 2. E Quando o Homem é a Vítima? Pouco se fala sobre isso. Os casos de violência doméstica contra os homens costumam permanecer escondidos entre as quatro paredes da vida conjugal. E os principais responsáveis por isso são as próprias vítimas. Isso acontece porque, em uma sociedade conservadora como a nossa, os homens que sofrem de violência doméstica sentem dificuldade em admitir esse tipo de agressão e preferem esconder ou disfarçar. Vergonha, constrangimento, medo de terminar um relacionamento e das consequências que isso pode ocasionar. Em muitos casos, as razões dos homens são idênticas às das mulheres quando se trata de ocultar as agressões, como o temor de perder a convivência com os filhos. No entanto, mesmo em situações parecidas, homens e mulheres tem tratamento diferente pela legislação brasileira. 31 A Lei Maria da Penha não contempla os casos em que o homem é a vítima. E como os registros desse tipo de ocorrência são raros, ainda existem muitas dúvidas sobre a melhor maneira de se recorrer à justiça. Mas, mesmo lentamente, essa realidade vem mudando. Muitos juristas defendem que os benefícios da Lei “Maria da Penha” sejam estendidos a todos os cônjuges, independentemente do gênero. Ou seja, homens e mulheres deveriam, igualmente, ser protegidos da violência doméstica. O melhor caminho para mudar a realidade do homem agredido é a conscientização. Quanto mais homens denunciarem maus tratos sofridos, mais a legislação precisará abrir espaço para abrigar essas vítimas silenciosas. Agora é com você! Imagine que você conhece alguém que sofre violência doméstica, mas ela não quer ir à polícia denunciar o agressor. Para ajudar a compreender os mecanismos que fazem sua amiga silenciar, quando na verdade deveria fazer o oposto, assista ao depoimento da americana Leslie Morgan Steiner, em que ela conta por que as mulheres que sofrem violência se mantêm ao lado de quem as agride. O vídeo é em inglês, mas possui ferramenta de legendas em vários idiomas, inclusive português. Confira! http://www.ted.com/talks/leslie_morgan_steiner_why_domestic_ violence_victims_don_t_leave Reflita sobre qual é o impacto do depoimento dessa sobrevivente da violência sobre alguém como a sua amiga e que argumentos tal depoimento traz para ajudar quem sofre em silêncio. Muito bem, você concluiu o conteúdo da unidade. Agora, você está apto para testar seus conhecimentos na bateria de questões. Ao finalizar esta etapa, prossiga em seus estudos. 32 Glossário Emergência: ocorrência de perigo, situação crítica Constrangimento: embaraçar, acanhar 33 d 1) Onde devem ser feitas as denúncias de violência doméstica? a. ( ) No CRAS, para os assistentes sociais. b. ( ) Na Delegacia da Mulher, numa delegacia comum ou pelo 190. c. ( ) Nos centros especializados de atendimento à mulher, para os plantonistas. d. ( ) Exclusivamente pelo telefone, no 180, para as atendentes. 2) O que fazem os Centros Especializados de Atendimento à Mulher? a. ( ) Funcionam como lares temporários para as vítimas de violência. b. ( ) Oferecem apoio psicológico, social e jurídico às mulheres. c. ( ) São espaços em que as mulheres e seus filhos convivem com outras vítimas até superarem os traumas. d. ( ) São locais em que as mulheres recebem atendimento médico. Atividades 34 3) A Central de Atendimento à mulher oferece que tipo de serviço às vítimas? a. ( ) Atende mulheres vítimas de violência e, no caso de estupro, garante o acesso aos serviços de contracepção de emergência, proteção e prevenção a DST b. ( ) Acolhe mulheres ameaçadas e seus filhos. Também presta assistência psicológica e jurídica.c. ( ) Informa como agir para se proteger e como denunciar agressões, dá esclarecimentos em âmbito jurídico e psicológico, entre outros. d. ( ) Acolhe vítimas de estupro 35 Referências BRASIL. Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 8 nov. 2016. ________. Ministério da Saúde. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 4., ago. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0034-89102000000400020>. Acesso em: 8 nov. 2016. SPM – SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Viver sem violência é direito de toda mulher. Cartilha, abril de 2015. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/ central-de-conteudos/publicacoes/publicacoes/2015/livreto-maria-da-penha-2-web-1. pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. 36 UNIDADE 5 | A POLÍTICA DE ATENÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE 37 1. A Política de Atenção à Criança e ao Adolescente Violência doméstica contra crianças e adolescentes são atos e/ou omissões – praticados por pais, parentes ou responsáveis legais – que lhes causem dor ou dano de natureza física, sexual e/ou psicológica . Observe que, pela definição acima, a violência pode abranger atos que vão muito além da agressão física. Esta é uma visão bastante atual do problema e demonstra o quanto a legislação brasileira está sintonizada com as grandes questões de direitos humanos no mundo de hoje. Segundo a legislação brasileira, criança é a pessoa de até 12 anos de idade e adolescente, aquela entre 12 e 18 anos de idade. Todo adulto tem o dever de proteger crianças e adolescentes. Pensando por esse caminho, quando um adulto comete qualquer tipo de violência dessa natureza, está negando os direitos dessas mesmas crianças e adolescentes e cometendo, portanto, uma transgressão. Conforme já dissemos anteriormente, a violência se manifesta de diversas formas. Vejamos como ela se dá com relação a crianças e adolescentes, lembrando que o detalhamento chega a ser chocante em alguns aspectos. Mas, até por isso, é muito importante que tenhamos acesso a ele: Violência física: toda ação que causa dor física, desde um simples tapa até o espancamento fatal. Violência sexual: configura-se como todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou homossexual, entre um ou mais adultos (parentes de sangue ou afinidade e/ou responsáveis) e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente uma criança ou adolescente ou utilizá-los para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou outra pessoa. (...) 38 Violência fatal: atos e/ou omissões praticados por pais, parentes ou responsáveis em relação à criança e/ou adolescente que, sendo capazes de causar-lhes dano físico, sexual e/ou psicológico podem ser considerados condicionantes (únicos ou não) de sua morte. Negligência: representa uma omissão em prover as necessidades físicas e emocionais de uma criança ou adolescente. Configura- se quando os pais (ou responsáveis) falham em alimentar, vestir adequadamente seus filhos etc., quando tal falha não é o resultado de condições de vida além do seu controle. Fonte: AZEVEDO, Maria Amélia e GUERRA, Viviane N. de Azevedo. Violência doméstica contra crianças e adolescentes – um cenário em (des)construção. LACRI/IPUSP. e A negligência pode ser moderada ou severa. Nas casas em que os pais negligenciam severamente os filhos observa-se, de modo geral, que eles nunca providenciam alimentos para a família, não há uma rotina e não há roupas limpas para as crianças. O ambiente doméstico é muito sujo, com lixo espalhado por todos os lados. Muitas vezes as crianças são deixadas sozinhas por vários dias. Algumas acabam falecendo por inanição, outras em consequência de acidentes domésticos. Geralmente há consumo elevado de drogas ilícitas e de álcool entre esses pais, além de severas desordens de personalidade. Fonte: Adaptado de Azevedo, 2016. 2. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) A lei que discorre sobre a proteção integral à criança e ao adolescente é conhecida como ECA, ou Estatuto da Criança e do Adolescente. É a Lei nº 8.069, promulgada em 1990. Ela estabelece que: 39 É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes (...). (BRASIL, 1990) O ECA estipula que o cuidado e o zelo com crianças e adolescentes são de responsabilidade de todos os cidadãos, principalmente pais e responsáveis, educadores, profissionais da área da saúde e da justiça, enfim, a sociedade como um todo e os órgãos públicos. Também define as ações que devem ser promovidas para divulgar e garantir os direitos da infância e juventude e elenca uma série de políticas de atendimento, como campanhas educativas, formação de profissionais de diversas áreas para atuarem na proteção e socorro a crianças e adolescentes, criação de órgãos de apoio e monitoramento – entre eles, o Conselho Tutelar. O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. (BRASIL, 1990) Cada município deve ter, no mínimo, um Conselho Tutelar, com cinco conselheiros eleitos pela população local. Suas atribuições são, entre outras: • Atender crianças e adolescentes vítimas de violência ou sob suspeita de violência; • Atender e aconselhar pais ou responsáveis, aplicando as medidas previstas no ECA; • Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança para prestar o atendimento e o encaminhamento necessários; • Encaminhar os casos de violação dos direitos da criança ou adolescente a autoridades judiciárias e Ministério Público; 40 • Promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus tratos em crianças e adolescentes. Diante da suspeita (ou da constatação) de violência contra menores, é recomendável entrar em contato com o Conselho Tutelar mais próximo. Os conselheiros irão averiguar a denúncia e dar o encaminhamento necessário ao caso. a Dependendo do grau de violência contra a criança e o adolescente, o Conselho Tutelar poderá solicitar medidas emergenciais, como seu afastamento imediato do convívio familiar, a fim de preservá-los até que o processo seja finalizado. Agora é com você! A violência choca e deixa marcas profundas nas crianças. Marcas que as seguem por toda a vida. Assista a uma reportagem sobre violência contra crianças e adolescentes, feita em 2013 e veiculada no programa Fantástico a partir do link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=UEUCcsZZi08 Depois, reflita: o que mudou de 2013 para cá? O que pode ser feito para diminuir os altos índices de agressões e abusos contra crianças e adolescentes? Você acaba de concluir o conteúdo desta unidade. Agora, você pode prosseguir para testar o que já aprendeu até este momento e, na sequência, avançar em seus estudos até finalizar os tópicos deste curso. Mãos à obra! 41 Glossário Inanição: estado de debilidadeextrema provocado pela fome. Zelo: cuidado. 42 d 1) De acordo com a legislação brasileira, criança é a pessoa de até... a. ( ) 10 anos b. ( ) 12 anos c. ( ) 11 anos d. ( ) 14 anos 2) Conforme foi estudado na unidade 5, é considerado negligência: a. ( ) Não dar atenção à criança. b. ( ) Não providenciar alimentação para a criança. c. ( ) Não brincar com a criança. d. ( ) Não dar amor à criança. 3) O que é considerado violência doméstica contra crianças e adolescentes? a. ( ) Qualquer ato e/ou omissão- praticados por pais, parentes ou responsáveis legais- que lhes cause dor ou dano de natureza física, sexual e/ou psicológica a eles. b. ( ) Qualquer ato que cause dano de natureza física a eles. c. ( ) Qualquer ato que cause dano de natureza psicológica a eles. d. ( ) Qualquer ato que cause dano de natureza sexual a eles. Atividades 43 Referências BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. - Estatuto da criança e do adolescente (ECA). Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 8 nov. 2016. BRAUN, SUZANA. A violência sexual infantil na família: do silêncio à revelação do segredo. Porto Alegre: Age, 2002. CONANDA – CONSELHO NACIONAL DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Legislação sobre crianças e adolescentes. [s.d.]. Disponível em: <http://www.sdh. gov.br/sobre/participacao-social/conselho-nacional-dos-direitos-da-crianca-e-do- adolescente-conanda>. Acesso em: 8 nov. 2016. 44 UNIDADE 6 | CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DA VIOLÊNCIA 45 1. Consequências Físicas e Psicológicas da Violência Crianças e adolescentes, quando vítimas de violência doméstica, geralmente apresentam sintomas físicos e psicológicos associados. Como sofrem fortes traumas, sentem dificuldade em confiar nos outros e se relacionar, desenvolvem baixa autoestima e mudam seu comportamento. Podem se tornar tristes, tensos, agitados, rebeldes ou ter reações demasiadamente infantis para sua idade. Podem apresentar um declínio do aproveitamento escolar e dificuldades de compreensão, se recusar a participar de atividades de que antes gostavam e começar a faltar às aulas. Também podem se tornar agressivos, autoritários e reproduzir o comportamento de seus agressores com outros. Lesões na cabeça, vergões e marcas na pele, queimaduras e fraturas constantes (principalmente nos braços) podem ser indicativos de atos violentos com cintos, ferros de passar roupa, cigarros acesos, cabides, vassouras e outros objetos. A falta de higiene, doenças recorrentes, magreza extrema, por exemplo, também podem indicar negligência para com a criança e o adolescente. Menores que sofrem abuso sexual por vezes também podem apresentar comportamentos de sexualização precoce. A criança submetida à violência doméstica com punição física acaba sendo “treinada” a aceitar a agressão como forma de ensinar submissão e obediência. Os sentimentos associados a essas agressões, como raiva, angústia, ansiedade, medo, terror, ódio, acompanham-na até a vida adulta. Os padrões de agressão se tornam, então, modelos de comportamento e são dirigidos a outros adultos (companheiros, companheiras, esposas, maridos) e filhos. (BRAUN, 2002) Nas mulheres, as consequências físicas mais visíveis são hematomas e vergões (predominantemente no rosto e nos braços), bem como inflamações e contusões, além de ferimentos que podem deixar sequelas graves, como traumatismos, problemas motores e deficiências físicas. 46 Os sintomas psicológicos mais frequentes em mulheres vítimas de violência doméstica são insônia, pesadelos, falta de concentração e memorização, irritabilidade, falta de apetite, transtornos mentais como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, além de comportamentos autodestrutivos, como o uso de álcool e drogas, ou mesmo tentativas de suicídio. (FONSECA; LUCAS, 2006) Podem ocorrer também confusão mental, baixa autoestima (imagem negativa de si mesma, considerando-se fraca, incapaz, inferior e dependente), dificuldades de se relacionar com outras pessoas (por conta da desconfiança e do medo), transtornos alimentares, tendência ao isolamento. Além das consequências físicas e psicológicas, ocorrem ainda consequências financeiras (dificuldades para obter o próprio sustento), consequências profissionais (alto índice de faltas, abandono do emprego ou perda do emprego), desagregação familiar, entre outras. Agora é com você! Muitas vezes, as vítimas de abusos e agressões não conseguem falar. Mas conseguem se manifestar de outras formas. Um documentário de Marta Hierro e Alberto Jarabo conta a história e mostra desenhos feitos por crianças abusadas e agredidas. O título é sugestivo: “Los monstruos de mi casa” (Os monstros de minha casa). 47 Você poderá ver alguns desses desenhos e conhecer a história das crianças que os fizeram através do link a seguir. Vale a pena conferir! http://www.psiconlinews.com/2013/09/os-monstros-da-minha-casa- desenhos-de.html Se você fosse uma dessas crianças, como se expressaria? Muito bem, você concluiu o conteúdo da unidade. Agora, você está apto a testar seus conhecimentos na bateria de questões. Ao finalizar esta etapa, prossiga em seus estudos. Glossário Contusão: lesão produzida por golpe ou impacto, sem causar ruptura da pele; traumatismo. Declínio: diminuição. Desagregação: desestruturação, separação, desunião. Sequela: consequência. Sexualização: referente ao caráter ou aspecto sexual, conteúdo ou conotação sexual ou erótica. Submissão: obediência, subordinação. Vergões: arranhados, ferimentos. Traumatismo: lesão ou ferida produzida por ação violenta. 48 d 1) Crianças e adolescentes vítimas de violência tendem a apresentar algumas consequências físicas mais frequentes. Quais são elas? a. ( ) Redução do aproveitamento escolar, agressividade, apatia. b. ( ) Lesões na cabeça, vergões e marcas na pele, queimaduras e fraturas constantes (principalmente nos braços). c. ( ) Redução do aproveitamento escolar e dificuldades de compreensão, recusa em participar de atividades de que antes gostavam. d. ( ) Hematomas e vergões (predominantemente no rosto e nos braços), tristeza, apatia, agressividade. 2) Algumas das consequências emocionais da violência contra mulheres são... a. ( ) Dificuldades para obter o próprio sustento, alto índice de faltas, abandono de emprego ou perdão do emprego. b. ( ) Lesões na cabeça, insônia, pesadelos, falta de apetite, fraturas constantes. c. ( ) Tristeza, tensão, agitação, rebeldia, passa a ter reações demasiadamente infantis para sua idade. d. ( ) Insônia, pesadelos, falta de concentração e memorização, irritabilidade, falta de apetite, transtornos mentais como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós- traumático, comportamentos destrutivos. Atividades 49 3) Crianças e adolescentes, quando vítimas de violência doméstica, costumam apresentar: a. ( ) Mais sintomas físicos que psicológicos. b. ( ) Sintomas físicos e psicológicos associados. c. ( ) Mais sintomas psicológicos que físicos. d. ( ) Apenas sintomas físicos. 50 Referências AZEVEDO, Maria Amélia e GUERRA, Viviane N. de Azevedo. Violência doméstica contra crianças e adolescentes – um cenário em (des)construção. LACRI/IPUSP. [s.d.]. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/Cap_01.pdf> BRAUN, SUZANA.A violência sexual infantil na família: do silêncio à revelação do segredo. Porto Alegre: Age, 2002. FONSECA, P. M. da; LUCAS, T. N. S. Violência doméstica contra a mulher e suas consequências psicológicas. Fundação Baiana para o desenvolvimento das Ciências/ Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, 2006. Disponível em: <http://newpsi.bvs- psi.org.br/tcc/152.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. SPM – SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Viver sem violência é direito de toda mulher. Cartilha, abril de 2015. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/ central-de-conteudos/publicacoes/publicacoes/2015/livreto-maria-da-penha-2-web-1. pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. 51 UNIDADE 7 | VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA IDOSOS E ADULTOS COM CAPACIDADE DIMINUÍDA 52 1. Violência Doméstica contra Idosos e Adultos com Capacidade Diminuída “Considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico” (Estatuto do Idoso – Lei n.º 10.741/2003.) Considera-se idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. Assim como crianças, adolescentes e mulheres, também idosos e adultos com capacidade diminuída (pessoas com deficiência mental/intelectual) são vítimas de diferentes formas de violência doméstica. “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (...) 53 Considera-se violência contra a pessoa com deficiência qualquer ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou sofrimento físico ou psicológico”. (BRASIL, 2015) Existem três formas principais de violência contra idosos e pessoas com capacidade diminuída: • Estrutural: ocorre devido à desigualdade social provocada pela pobreza, miséria e discriminação. É o tipo mais banal e cruel de violência, pois acontece pela exclusão social. • Institucional: ocorre em instituições assistenciais de longa permanência (asilos e clínicas). Em muitos casos, os idosos e pessoas com capacidade diminuída sofrem maus tratos, são despersonalizados, destituídos de qualquer poder e vontade. Ou seja, perdem sua própria identidade. Em outros casos, sofrem alimentação inadequada ou insuficiente, falta de higiene e cuidados médicos adequados. A violência contra essas pessoas também acontece com problemas na gestão das políticas sociais (serviços de saúde, assistência, previdência social). • Interpessoal: ou intrafamiliar, acontece nas relações cotidianas com as famílias. Abusos e negligências, problemas de espaço físico nas residências e de dificuldades econômicas, somados a uma visão preconceituosa que os considera um “fardo”, contribuem para a violência. Algumas categorias que definem as formas de violência mais praticadas contra a população idosa são aceitas internacionalmente: • Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física: uso da força física para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam ou para feri-los, provocando incapacidade ou morte. • Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos: agressões verbais que visam aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade e isolá-los da convivência social. • Abuso sexual, violência sexual: ato sexual com pessoas idosas por meio de violência física ou ameaças. 54 • Abandono: violência que se manifesta pela ausência dos responsáveis familiares, institucionais ou governamentais no momento de prestarem assistência a uma pessoa idosa necessitada de proteção. • Negligência: recusa ou omissão de cuidados básicos devidos e necessários aos idosos pela família ou pelas instituições. • Abuso financeiro e econômico: é a exploração ilegal ou imprópria dos idosos, ou a utilização de seus recursos financeiros e patrimoniais sem o seu consentimento. Enquadram-se também nesse item o estelionato (golpes praticados predominantemente contra idosos) e roubos (principalmente nos dias de receber a pensão). • Autonegligência: é a conduta autodestrutiva da pessoa idosa, que ameaça sua própria saúde ou segurança ao recusar-se a cuidar de si mesma. Auto isolamento, recusa em tomar banho, se alimentar, tomar os medicamentos. Adultos com capacidade diminuída, muitas vezes, acabam sendo isolados por suas famílias e afastados do convívio social. A justificativa, quase sempre, é de que esse isolamento os protegeria, mas na verdade isso pode ser a negação do problema e configura uma forma de violência. Geralmente, os adultos com capacidade diminuída vítimas de violência têm dificuldade ou estão impossibilitados de pedir ajuda (por conta de suas limitações motoras, mentais ou sensoriais), por isso é importante que equipes de saúde orientem e acompanhem as famílias dessas pessoas, fornecendo apoio e informações para que esses adultos sejam incluídos não apenas na família, mas na sociedade. Os idosos mais vulneráveis são os que dependem física ou mentalmente de seus agressores, principalmente quando apresentam capacidade diminuída, alterações de sono, incontinência e dificuldades de locomoção, necessitando de cuidados intensivos. O risco aumenta ainda mais quando o agressor depende economicamente do idoso e quando é dependente de álcool ou drogas, possui algum problema de saúde mental ou está atravessando um período de estresse intenso. Em caso de suspeita ou constatação de violência contra idosos ou adultos com capacidade diminuída, deve-se entrar em contato com a autoridade policial (delegacia de polícia) mais próxima, ou, caso haja na cidade, com a Delegacia do Idoso. Também é possível denunciar pelo “Disque Idoso” (os números variam de estado para estado). 55 Resumindo A violência contra o idoso (e também contra crianças e mulheres e pessoas com limitações) é praticada desde muito, muito tempo. Costuma-se associar a velhice e o velho a coisas negativas, feiura, morte, doença, entre outras coisas. Maltratar um idoso e matá-lo era justificado pois ele “estava no fim da vida”, “com o pé na cova”. Há contos que mostram de forma irônica e cômica o tratamento dispensado aos velhos de séculos atrás. Mais do que uma ficção, esses contos denunciam um pensamento que ainda persiste: o de que os velhos não merecem viver. E quando se apaixonam por alguém mais novo, incomodam. Ótimo, você acaba de finalizar sua unidade e está apto a testar seus conhecimentos nas questões referentes a ela. Prossiga em seus estudos para concluir o restante de seu curso. Glossário Despersonalizado: que perdeu a personalidade; descaracterizado, desvalorizado. Destituído: privado de algo, deposto. Impedimento: algo que causa dificuldade. Incontinência: falta de controle. Interação: ação mútua, relacionamento, comunicação. Obstruir: atrapalhar. Sensorial: relativo às sensações. 56 d 1) Considera-se idosa a pessoa com idade igual ou superior a: a. ( ) 55 anos b. ( ) 60 anos c. ( ) 65 anos d. ( ) 70 anos 2) O que constitui a violência psicológica praticada contra idosos? a. ( ) Exploração ilegal ou imprópria dos idosos, utilização de seus recursos financeiros e patrimoniais sem o seu consentimento. b. ( ) Abandono e falta de assistência, da parte tanto da família quanto das instituições. c. ( ) Uso da força física para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam ou para feri-los, provocando incapacidade ou morte. d. ( ) Agressões verbais que visam aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sualiberdade e isolá-los da convivência social. Atividades 57 3) Quem são os idosos mais vulneráveis à violência interpessoal? a. ( ) Os que ameaçam sua própria saúde ou segurança ao recusar-se a cuidar de si mesmos. b. ( ) Os que dependem física ou mentalmente de seus agressores, principalmente quando apresentam dificuldades de locomoção, necessitando de cuidados intensivos. c. ( ) Os que são dependentes de álcool ou drogas, possuem 60 anos ou mais e estão atravessando um período de estresse intenso. d. ( ) Os que vão buscar a pensão mensalmente no banco. 58 Referências BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 9 nov. 2016. _______. Secretaria de Direitos Humanos. Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa. 2014. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/ pessoa-idosa/publicacoes/violencia-contra-a-pessoa-idosa> Acesso em: 17 abr. 2016. _______. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ CCivil_03/leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 9 nov. 2016. _______. Ministério da Saúde. Violência intrafamiliar. Orientações para a prática em serviço – “Violência contra pessoas portadoras de deficiências”. Cadernos de Atenção básica no 8. Brasília, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ cd05_19.pdf> Acesso em: 1ª jun. 2016. _______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 4, ago. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0034-89102000000400020>. Acesso em: 8 nov. 2016. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência contra idosos: O Avesso do respeito à experiência e à sabedoria. 2. ed. Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2005. Disponível em: <http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_ livros/18.pdf> Acesso em: 17 abr. 2016. POMILIO, Robinson. A violência contra o idoso. Monografia de especialização em Políticas de Gestão em Segurança Pública. PUC/SP. 2007. Disponível em: <http://www. observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_monografias/1.pdf> Acesso em: 17 abr. 2016. 59 UNIDADE 8 | INTERVENÇÃO SOBRE AGRESSORES CONJUGAIS 60 1. Intervenção sobre Agressores Conjugais As políticas públicas estão focadas no atendimento às vítimas de violência. Mas essa é apenas uma parte do trabalho a ser feito. Na verdade, prevenir é muito mais importante do que atender vítimas. Isso se faz com ações previstas na Lei “Maria da Penha”, que prevê o desenvolvimento de trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção – entre outros –, voltados para a vítima, o agressor e os familiares, por meio de um atendimento feito por profissionais especializados nas áreas psicossocial e jurídica e na da saúde. Além disso, o juiz pode determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação. É importante salientar que, na violência doméstica, se estabelece um vínculo doentio entre agressor e vítima que necessita de ajuda para ser rompido. Existem muitas razões para uma mulher não conseguir romper uma relação violenta, como por medo das ameaças do parceiro (inclusive ameaças de morte), por depender financeiramente dele, por achar que vai perder o amor dos filhos, por acreditar que ele vai mudar, por acreditar que a violência faz parte de todo relacionamento, por se sentir isolada e só. A pesquisadora Heleieth Saffioti (2004) diz que todos os envolvidos na relação violenta devem ter o desejo de mudar e que é por essa razão que uma relação violenta não muda significativamente quando se trabalha exclusivamente com a vítima. A vítima pode até apresentar algumas mudanças, mas se a parte agressora permanecer como sempre foi, seu modo de agir se manterá e a relação poderá, inclusive, tornar-se ainda mais violenta. Saffioti (2004) também alerta: “Todos percebem que a vítima precisa de ajuda, mas poucos veem essa necessidade no agressor. As duas partes precisam de auxílio para promover uma verdadeira transformação da relação violenta”. 61 2. Um Exemplo Positivo No Rio Grande do Norte, a promotora de Justiça do Ministério Público, Érica Veras, citou o exemplo do grupo reflexivo de homens, criado em 2009, para agressores que respondem a processos pela Lei Maria da Penha. O objetivo do grupo, segundo ela, é o de esclarecer a esses homens que a violência contra a mulher é um problema sócio-histórico e, por meio da reflexão, fazê-los mudar a atitude, quebrando o ciclo da violência. O grupo funciona uma vez por semana, por duas horas e são dez encontros obrigatórios. Ali também acontece a troca de experiências, pois é dado espaço e voz aos participantes. Entre as frases que Érica relatou escutar nesse grupo, estão “Eu não bati nela. Eu bati no atrevimento dela” ou “Eu pensei que não podia bater na mulher dos outros, mas na minha eu não sabia que era proibido”. A promotora afirmou que os resultados do grupo estão superando as expectativas. — Nós esperávamos reduzir (a reincidência) em 50%, mas já temos três anos de funcionamento do grupo, mais de 300 homens já passaram pelo grupo em três cidades diferentes do Rio Grande do Norte e surpreendentemente nós mantemos o índice de reincidência zero — disse. (BRASIL, 2015) “Há quem diga que a culpa é do álcool, das drogas e do ciúme, mas esses são apenas fatores que podem desencadear uma crise de violência, não são as causas, e não servem como justificativas.” (SPM, 2015) Infelizmente, a violência contra as mulheres continua fazendo muitas vítimas. Mesmo com a Lei Maria da Penha, o número de feminicídios permanece em patamares muito altos. A conclusão a que se chega é que, apesar de muito se ter feito para reduzir a violência, ainda há muito a se fazer. 62 Agora é com você! Depois de tudo o que você leu e viu sobre violência doméstica, reflita: qual poderia ser sua maior contribuição para combatê-la? O que você pode fazer agora, amanhã e depois para ajudar nesse combate? Parabéns! Você concluiu todo o conteúdo deste curso. Você está pronto para finalizar seus estudos testando seu conhecimento na bateria final de questões. Siga em frente! Glossário Feminicídio: assassinato de mulheres. 63 d 1) Quais as ações que a Lei Maria da Penha prevê para os agressores? a. ( ) A Lei Maria da Penha não prevê nenhuma ação para agressores. Ela está focada apenas nas mulheres vítimas de violência. b. ( ) Prevê a orientação e o encaminhamento dos agressores a programas de recuperação e reeducação. c. ( ) Prevê apenas a punição e a prisão dos agressores. d. ( ) Prevê uma assistência jurídica para os agressores. 2) Como é o atendimento às vítimas, aos agressores e aos familiares previsto pela Lei Maria da Penha? a. ( ) É um atendimento multidisciplinar. b. ( ) É um atendimento jurídico. c. ( ) É um atendimento psicológico d. ( ) É um atendimento médico. 3) Que palavras completam adequadamente a frase: “As ___________ estão focadas predominantemente no ____________ vítimas de violência”. a. ( ) políticas públicas e atendimento a idosos b. ( ) políticas públicas e atendimento a todas as c. ( ) políticas públicas e atendimento a crianças d.( ) políticas públicas e atendimento a mulheres Atividades64 Referências AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO. Dossiê Violência contra as mulheres – violência doméstica e familiar. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www. agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra- as-mulheres/>. Acesso em: 7 abr. 2016. AGÊNCIA SENADO. Políticas públicas podem ajudar a reeducar agressores de mulheres, dizem especialistas. Portal da internet, 2015. Disponível em: <http:// www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/12/01/politicas-publicas-podem- ajudar-a-reeducar-agressores-de-mulheres-dizem-especialistas> Acesso em: 9 nov. 2016. BEIRAS, Adriano; RIED, Juliana; TONELI, Maria Juracy Filgueiras. Políticas públicas e programas de atendimento: homens autores de violência contra a mulher. Congreso Iberoamericano de Masculinidades y Equidad, Barcelona, 2011. Disponível em: <http:// www.cime2011.org/home/panel2/cime2011_P2_AdrianoBeiras_JulianaReid.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2016. BRASIL. Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 8 nov. 2016. _______. Ministério da Saúde. Violência intrafamiliar. Orientações para a prática em serviço – “Violência contra pessoas portadoras de deficiências”. Cadernos de Atenção básica no 8. Brasília, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ cd05_19.pdf> Acesso em: 1ª jun. 2016. SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, Patriarcado e Violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004. SPM – SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Viver sem violência é direito de toda mulher. Cartilha, abril de 2015. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/ central-de-conteudos/publicacoes/publicacoes/2015/livreto-maria-da-penha-2-web-1. pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. 65 Gabarito Questão 1 Questão 2 Questão 3 Unidade 1 B D B Unidade 2 B A D Unidade 3 C B B Unidade 4 B B C Unidade 5 B B A Unidade 6 B D B Unidade 7 B D B Unidade 8 B A B Apresentação Unidade 1 | Violência Doméstica: O Que É? 1. Violência Doméstica: O Que É? Glossário Atividades Referências Unidade 2 | Formas de Violência 1. Formas de Violência Glossário Atividades Referências Unidade 3 | Lei Maria da Penha 1. Maria da Penha 2. O Que Faz Essa Lei? 3. Um Pouco Mais sobre a Lei Glossário Atividades Referências Unidade 4 | A Quem Procurar em Caso de Violência Doméstica 1. A Quem Procurar em Caso de Violência Doméstica 2. E Quando o Homem é a Vítima? Glossário Atividades Referências Unidade 5 | A Política de Atenção à Criança e ao Adolescente 1. A Política de Atenção à Criança e ao Adolescente 2. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Glossário Atividades Referências Unidade 6 | Consequências Físicas e Psicológicas da Violência 1. Consequências Físicas e Psicológicas da Violência Glossário Atividades Referências Unidade 7 | Violência Doméstica contra Idosos e Adultos com Capacidade Diminuída 1. Violência Doméstica contra Idosos e Adultos com Capacidade Diminuída Glossário Atividades Referências Unidade 8 | Intervenção sobre Agressores Conjugais 1. Intervenção sobre Agressores Conjugais 2. Um Exemplo Positivo Glossário Atividades Referências Gabarito
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