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Fundamentos da Ergonomia SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 331.101.1 70 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Fundamentos da Ergonomia – Brasília: SEST/SENAT, 2016. 1. Ambiente do trabalho. 2. Saúde ocupacional - proteção. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | O Que É Ergonomia 6 1 Ergonomia 7 2 Histórico dos Estudos sobre a Ergonomia 8 3 Tipos de Ergonomia 11 Glossário 13 Atividades 14 Referências 15 Unidade 2 | Entendendo a NR nº 17 19 1 Norma Regulamentadora nº 17 20 2 A Ergonomia no Trabalho 21 2.1 Manual de Manejo de Cargas 22 3 Mobiliário, Equipamentos, Condições Ambientais dos Postos de Trabalho 24 3.1 Mobiliário dos Postos de Trabalho 24 3.2 Equipamentos dos Postos de Trabalho 27 4 Organização do Trabalho 29 4.1 Atividades com Sobrecarga Muscular Estática ou Dinâmica 30 5 O Que É DORT ou LER? 31 Glossário 32 Atividades 33 Referências 34 Unidade 3 | Postura Corporal 38 1 Características Básicas do Ser Humano para o Trabalho Pesado 39 2 Ergonomia do Trabalho na Posição Sentada e com Computador 41 3 Revezamentos de Turnos de Trabalho 43 4 4 Atividades que Prejudicam a Postura Corporal 45 Glossário 46 Atividades 47 Referências 48 Unidade 4 | Doença Ocupacional 52 1 Consequência do Trabalho Físico sem Racionalidade 53 2 Situações Antiergonômicas 55 3 Alimentação Inadequada – Reposição Energética da Máquina 57 4 Prevenção de Falhas Humanas por Falta ou Perda da Aptidão Físico-Mental: os Instrumentos Administrativos de Adequação do Indivíduo ao Cargo e Função 59 5 Técnicas da Máquina Humana sob o Ponto de Vista Biomecânico 62 Glossário 63 Atividades 64 Referências 65 Gabarito 69 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Fundamentos da Ergonomia! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. O curso possui carga horária total de 20 horas e foi organizado em 4 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | O Que É Ergonomia 4h Unidade 2 | Entendendo a NR nº 17 6h Unidade 3 | Postura Corporal 4h Unidade 4 | Doença Ocupacional 6h 6 UNIDADE 1 | O QUE É ERGONOMIA 7 1 Ergonomia A Associação Internacional de Ergonomia (IEA) explica que a Ergonomia consiste na disciplina que estuda a relação do ser humano com outros elementos do ambiente de trabalho (sistema), e a profissão. É a ciência que procura aplicar teorias, princípios, dados e métodos estudados para a otimização do bem- estar do ser humano e para melhorar o desenvolvimento de toda a sistemática do trabalho (DUL; WEERDMEESTER, 2008, p. 1). Dessa forma, pode-se entender que a Ergonomia se preocupa com a saúde e o bem- estar do trabalhador no cumprimento de suas atividades laborais e, também, com o bom funcionamento de toda a engrenagem que envolve o sistema de produção. Acrescenta Eugene Merino (2010, p 20) que a Ergonomia se apoia em várias ciências como: antropometria, fisiologia, psicologia, entre outras. Adotando critérios acerca da saúde, economia e sociologia para avaliar as suas conclusões. De fato, a Ergonomia é uma ciência multidisciplinar que possui como objeto de estudo a anatomia humana e 8 sua interação com as formas de produção, com a finalidade de alcançar e desenvolver meios que possam garantir maior segurança e conforto para o trabalhador, preservando a sua saúde e evitando doenças e acidentes de trabalho. A palavra Ergonomia deriva da união das palavras gregas ergon (ergo) que significa trabalho e nomos (nomia) que se refere ao que é lei ou norma (MERINO, 2011, p. 20). Ferreira (2008) acrescenta que, para o psicólogo inglês K. F. H. Murrel, (o primeiro que se dedicou ao estudo da referida ciência) a Ergonomia consistiria no desenvolvimento das pesquisas científicas sobre a relação entre o trabalhador e todo o sistema que compõe o seu ambiente de trabalho. Dessa forma, também considera as ferramentas que estão disponíveis, os métodos utilizados, à organização geral do serviço. E, ainda, estudando o trabalhador como indivíduo pertencente a um grupo de trabalho, logo, como o sujeito detentor de características psicofisiológicas em interação com os diversos fatores. O autor ainda aponta que para Murrel, de uma forma secundária, a Ergonomia também se preocupa com o meio organizacional em que estão inseridos o trabalhador e as relações entre o trabalhador com os indivíduos de seu convívio, isto é, a sua interação entre os seus companheiros de trabalho, seus superiores e a sua família. De todo modo, tomando uma definição mais resumida do conceito de Ergonomia, essa é a ciência que busca desenvolver aparelhos, métodos técnicos e atividades com a finalidade de melhorar a segurança, a saúde, o conforto, dentre outros fatores indispensáveis para evitar doenças ocupacionais e para manter o bom desempenho laborativo (DUL; WEERDMEESTER, 2008, p. 1). 2 Histórico dos Estudos sobre a Ergonomia Pode-se observar que houve os precursores da Ergonomia com as primeiras aplicações, desenvolvimento e usos de utensílios e ferramentas pelo homem em busca de exercer as suas atividades de forma mais fácil e segura, ainda na idade da pedra. Merino (2011, p. 24) ressalta que na pré-história o homem escolheu a pedra que mais se amoldava 9 a sua mão para cumprir as suas tarefas diárias e, assim, pudesse desempenhar as suas atividades de forma mais fácil, segura e mais produtiva. O autor ainda destaca o desenvolvimento da roda que representou um grande marco para o progresso das sociedades antigas, pois facilitou sobremaneira o desenvolvimento de milhares de trabalhos. e Um dos maiores estudiosos de todos os tempos, Leonardo da Vinci, dedicou os seus estudos sempre com foco no corpo humano, na sua fisionomia e anatomia. Da Vinci sempre desenvolvia as suas máquinas com funções para facilitar a sua operação e, também, para que se ajustasse da melhor forma ao corpo humano. Além disso, a sua releitura e o redesenho de “O Homem Vitruviano”, de Marcus Vitruvius Pollio, se tornaram uma referência no que diz respeito aos estudos sobre a anatomia e fisiologia humana, sendo muito importante para o desenvolvimento da Antropometria e Ergonomia, pois acabou por avançar no sentido da compreensão das medidas das partes do corpo humano e suas proporções. Conforme Franceschi (2013), a primeira publicação sobre as doenças relacionadas ao trabalho foi o livro do médico italiano Bernardino Ramazzini (1633 - 1714), lançado em 1700, com o título “De Morbis Artificum” (Doenças Ocupacionais). O autor ainda explica que Ramazzini procurava conhecer o local de trabalho dos seus pacientes, com a finalidade de detectar a origem das suas enfermidades. Apesar dessa primeira obra publicada, que liga o desenvolvimento do trabalho como surgimento de doenças, o autor ressalta que o termo ergonomia veio a ser usado, pela primeira vez, somente em 1857, por Wojciech Jastrzebowski, quando publicou um artigo intitulado Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseado nas leis objetivas da ciência sobre a natureza. Bernard Forest Bélidor, um engenheiro civil militar hispano-francês que desenvolveu estudos nas áreas da Engenharia Civil e Mecânica no século XVII é considerado um dos precursores da ergonomia. O seu trabalho colaborou para o desenvolvimento da adaptação para uso e operação por humanos de máquinas e ferramentas. O cientista tentou medir a capacidade física do ser humano nos ambientes de trabalho de sua época, quando a Revolução Industrial já havia possibilitado o surgimento de grandes indústrias com numerosos trabalhadores (SILVA et al, 2010, p. 23). Ele desenvolveu diversos estudos no qual tentava verificar a interação entre a máquina e o ser humano. 10 Nos seus muitos desenhos, resultados das pesquisas de Bélidor, o engenheiro demonstrava a forma como o ser humano interagia em meio à atividade laboral com as máquinas. Da mesma forma, ficou demonstrado que o estudioso buscava entender como as diversas ferramentas presentes no ambiente de trabalho facilitavam o cumprimento das tarefas mais árduas como o carregamento de cargas e outros esforços que antes eram realizados pelos próprios trabalhadores. Observam-se em seus desenhos várias representações de elevadores de cargas, bate-estacas e muitos equipamentos utilizados com roldanas para facilitar o desenvolvimento de trabalhos e para as construções da época (SILVA et al, 2010, p.23). Nesse sentido, observa-se ainda que há uma preocupação de não sobrecarregar e não tornar o serviço tão penoso para a saúde do trabalhador. Entendia Bélidor que se um trabalhador não cumpria o seu trabalho de forma tão prejudicial e extenuante e não desenvolvesse nenhuma doença devido à ocupação seria um trabalhador muito mais eficiente. E por entender dessa forma, e pelos diversos estudos desenvolvidos no intuito de melhorar a atividade laborativa para o trabalhador, é que Bélidor é considerado um dos grandes precursores da Ergonomia. Por isso, muitos dos seus estudos foram utilizados e continuados por outras pessoas que também se dedicavam para descobrir formas e meios pelos quais o trabalho poderia ser desempenhado de forma mais confortável e segura para o trabalhador (SILVA et al, 2010, p. 26). Ao chegar a Segunda Guerra mundial houve a preocupação com as características técnicas e organizacionais da operação de materiais bélicos (tanques, submarinos, etc.). Isso para melhorar a operacionalização e o desempenho e diminuir o cansaço e os acidentes, por isso foram utilizados muitos conhecimentos científicos e tecnológicos, que hoje pertenceriam à área da Ergonomia, na projeção de submarinos, tanques, aviões, dentre outros. A situação da guerra em si já gerava um ambiente de operacionalização das máquinas bélicas extremamente perigosas e insalubres, se tornando urgente o desenvolvimento de técnicas e métodos que facilitassem e promovessem a segurança e o conforto dos soldados. Para evitar, então, um nível muito grande de stress e fadiga que quase sempre resultavam em acidentes fatais (MERINO, 2011, p. 27). Franceschini (2013) ainda ressalta que a primeira organização para o estudo da Ergonomia foi criada pelo engenheiro Murrel, em 1949, na Universidade de Oxford, a denominada Ergonomics Research Society. Nesse mesmo ano, conforme Pequini (2005), em 12 de julho reuniram-se na Inglaterra diversos cientistas e pesquisadores determinados a conhecerem mais sobre essa temática e dispostos a discutir e formalizar o novo ramo multidisciplinar da ciência, essa data se tornaria o marco oficial do nascimento da Ergonomia. 11 Merino (2011, p. 26) ensina que no final do século XVIII, nos Estados Unidos, começaram a realizar estudos na área do ambiente do trabalho chamado Taylorismo e que ao mesmo tempo na Europa iniciaram-se as pesquisas sobre a Fisiologia Humana no trabalho. Além disso, o autor destaca que muitos laboratórios para o estudo da coordenação muscular e desenvolvimento de aptidões físicas foram feitos ao redor do mundo. Nesse período, ainda nos Estados Unidos, foi criado o Laboratório de Fadiga da Universidade de Harvard, que se tornou referência na área. c Hoje a Ergonomia está presente em praticamente todo o mundo. No Brasil a ciência está em expansão. Alguns ergonomistas estão sendo formados nas grandes empresas. Diversos profissionais estão sendo contratados pelas empresas para se dedicarem à saúde dos trabalhadores. Além disso, atualmente o país já dispõe de uma associação que cuida da divulgação e organização de eventos para discutir métodos e aplicações da Ergonomia e da saúde do trabalhador. 3 Tipos de Ergonomia Conforme a Abergo (2000) a IEA considera que a Ergonomia se divide em três eixos de especialização, quais sejam: 1. Ergonomia física: cuida dos aspectos anatômicos do ser humano, antropométricos (área da Antropologia que trata das medições do corpo humano e suas partes), fisiológicos (área da Biologia que estuda as funções mecânicas, físicas e bioquímicas do ser humano) e biomecânicos partindo da atividade física que deve ser desenvolvida pelo trabalhador. É nesse ramo da Ergonomia que serão estudadas as posturas corretas que devem ser adotadas no trabalho, manuseio adequado dos materiais disponíveis no ambiente de trabalho, exercícios para prevenir doenças por movimentos repetitivos, as alterações músculo-esqueletais resultantes do desenvolvimento do trabalho, aspectos indispensáveis para a segurança e a saúde (ABERGO, 2000). 12 2. Ergonomia cognitiva: essa área estuda os aspectos psicológicos do trabalhador, isto é, e todo o desenvolvimento dos processos mentais no ambiente de trabalho, entre eles: a capacidade de percepção, memória, decisão e atitudes que possam interferir na organização como um todo. Os tópicos mais importantes dessa área estão relacionados com a preocupação com carga mental de trabalho, dentre outros aspectos que envolvem a psique do trabalhador, como por exemplo, as tomadas de decisões, os níveis de stress, o seu desempenho, treinamentos envolvendo a interação humana e os sistemas, etc (ABERGO, 2000). 3. Ergonomia organizacional: esse ramo trata do aspecto de dinamização e otimização dos diversos sistemas componentes do ambiente de trabalho, como: sistemas sócios técnicos, estruturas organizacionais, políticas e dos vários processos pertencentes ao desenvolvimento de determinado trabalho. Entre os pontos mais importantes tratados por essa área da Ergonomia estão as comunicações propriamente ditas, e toda a organização do sistema de trabalho que somente pode ser provida pela interação e divulgação de ideias e determinações. É por meio dessa que os projetos de trabalho são desenvolvidos, a cultura organizacional é criada e muitos outros processos são formados (ABERGO, 2000). Dessa forma, a Ergonomia Organizacional se relaciona com o andamento dos processos de comunicação dentro do ambiente de trabalho para o bom e eficaz desenvolvimento dos serviços no dia a dia. c Essas três divisões devem ser consideradas na elaboração do projeto de trabalho ou para futuras adaptações nas empresas. Cada trabalhador tem uma composição física e mental distinta dos demais e, obviamente, cada trabalho tem as suas peculiaridades para o seu bom cumprimento. Em vista disso, é importante fazer as avaliações ergonômicas do ambiente de trabalho de uma forma adequada, na busca de evitar distúrbios no clima organizacional, na saúde do trabalhador, no desenvolvimento do trabalho da empresa e paraa solução de possíveis problemas detectados. A Ergonomia com cada uma das suas divisões leva em conta as diferentes características psicofisiológicas de cada trabalhador (MORAES, 2014, p. 1357). 13 Glossário ABERGO: Associação Brasileira de Ergonomia. IEA: International Ergonomics Association (Associação Internacional de Ergonomia). Máquinas bélicas: máquinas desenvolvidas com objetivos bélicos, ou seja, para serem utilizadas em conflitos tanto na defesa quanto no ataque. 14 a 1) Marque a alternativa correta sobre a definição de ergonomia. a. ( ) A ergonomia é uma área da ciência econômica que aborda tópicos relacionados com o contexto moderno de trabalho, sobretudo na economia industrial. b. ( ) Uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos da natureza. c. ( ) Ergonomia consiste na disciplina que estuda a relação do ser humano com outros elementos do ambiente de trabalho (sistema) e a profissão. d. ( ) A ergonomia é a disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema 2) O que significa o termo ergonomia? a. ( ) Doenças ocupacionais. b. ( ) Lei natural do trabalho. c. ( ) Trabalho repetitivo. d. ( ) Bem-estar humano. Atividades 15 Referências AFFONSO, Cristianne de Vasconcelos; SONATI, Jaquelini Girnos. (Org) Alimentação saudável e atividade física para a qualidade de vida. Campinas: IPES Editorial, 2007. Disponível em: <http://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/alimen_ saudavel_completo.pdf>. Acesso em: 5 set. 2016. ABERGO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia. 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Dessa forma, entende-se que a Norma Regulamentadora nº 17 tem sua existência jurídica baseada nos artigos 198 e 199 da Seção XIV intitulada “Da Prevenção da Fadiga”, da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), contém dispositivos que devem ser seguidos pelos empregadores para que sejam garantidos o conforto, a segurança e o bom desempenho dos trabalhadores. 21 e O artigo 198 deixa claro que o peso máximo que pode ser suportado por um empregado é de 60 kg, independente de que ele mesmo declare que pode carregar um peso acima do estabelecido por lei: “Art. 198 - É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher”. No parágrafo único do artigo fica estabelecido que no caso de haver o apoio mecânico de equipamentos para o manejo de cargas o Ministério do Trabalho definirá o peso individual que pode ser suportado pelo trabalhador. A seguir, o artigo 199 da CLT dispõe que: “Art.199 - Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado”. No caso do trabalho sentado o artigo 199 define a obrigatoriedade de haver assentos que mantenham a postura correta do trabalhador. E para os serviços que precisam ser executados de pé, a lei expressa que o ambiente de trabalho deverá possuir assentos para que os trabalhadores possam descansar sempre que as pausas do serviço permitirem. Essas determinações presentes na lei mostram a importância dos estudos da Ergonomia para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, além da manutenção da saúde e da produtividade do trabalhador. 2 A Ergonomia no Trabalho A NR nº 17 tem como finalidade maior definir os critérios que devem ser seguidos para a eficaz adaptação psicofisiológica do trabalhador às suas atribuições no serviço. Adotando os conceitos e saberes da Ergonomia a norma busca a melhor forma de adaptar o trabalho ao trabalhador e dessa forma estabelece regras que visam proporcionar ao trabalhador a máxima segurança e conforto, oportunizando a este que desenvolva o seu trabalho em um ambiente capaz de promover o seu rendimento e melhor desempenho. A norma inicia expressando que tratará das questões de transportes manuais de cargas, do mobiliário e condições do ambiente de trabalho e da própria organização do trabalho (art. 17.1.1). 22 E esclarece ainda que, é tarefa do empregador observar o ambiente de trabalho para adequar às características psicofisiológicas do trabalhador, no sentido de atender as regras definidas na norma regulamentadora (art. 17.1.2). Esta incumbência do empregador pode ser cumprida através de avaliações ergonômicas do trabalho que podem ser realizadas por uma equipe composta por profissionais especialistas no assunto. Por meio de várias técnicas aplicadas por estes profissionais, podem ser identificados vários riscos ergonômicos do trabalho que serão enquadrados na lei para o devido respeito às suas regras. Dessa forma atendendo a mais uma exigência da norma que consiste na obrigatoriedade das empresas possuírem o Laudo Ergonômico (ORSELLI, 2014). 2.1 Manual de Manejo de Cargas A Norma Regulamentadora nº 17 expõe a partir do seu art. 17 e seguintes as normas que as empresas devem seguir quando o assunto for o manejo de cargas no trabalho, isto é, o levantamento de pesos, o transporte e descargas individuais de pesos. Esse tipo de trabalho é um dos mais antigos das civilizações, provavelmente surgiu mesmo antes do antigo Egito, com o transporte de grandes pesos para a construção das pirâmides, até os dias de hoje com o transporte de cargas em uma distribuidora de alimentos, o transporte de cargas faz parte da rotina de grande parte dos trabalhadores. A Ergonomia buscou estudar e estabelecer regras para evitar os esforços excessivos dos trabalhadores que são bastante prejudiciais à saúde. A NR nº 17 adotando uma visão ergonômica do trabalho aplica diversas regras para o levantamento e transporte de cargas. Entendendo que o manejo de cargas compreende no manejo manual de cargas individual pelo trabalhador, mas a lei entende que o trabalhador está inserido nessas regras quando o serviço de transporte de cargas é regular, desse modo, devendo fazer parte das suas atribuições, não devendo as cargas possuir um peso muito excessivo. É importante ressaltar que o trabalhador e seu empregador deverão respeitar as regras ainda que o manejo das cargas não ocorra todos os dias (arts. 17.2.1.1, 17.2.1.2 e 17.2.2). Além disso, recomenda-se que, para prevenir dores na coluna, por exemplo, os pesos a serem transportados não devem ser excessivos a ponto de causar dor ou demandar uma energia exagerada do trabalhador. 23 A norma estabelece que as empresas têm a obrigação de treinar os trabalhadores para que façam o transporte das cargas mais pesadas da forma mais confortável e segura possível, para que saibam como devem aplicar técnicas para protegerem a sua saúde, prevenir acidente e com ferramentas para facilitar o manejo, inclusive reduzir o uso da força física do trabalhador para desenvolver esses trabalhos (arts. 17.2.3 e 17.2.14). Isso para evitar um desgaste muito grande do trabalhador, pois se sabe que o serviço que necessita da utilização da força física já costuma desgastar bastante e casonão sejam aplicadas técnicas ergonômicas para o desenvolvimento de tal atividade o trabalhador poderá ser acometido de um quadro de dores e fadiga excessiva, papéis próprios da Ergonomia. A lei prossegue definindo sobre os limites de peso a serem manejados por mulheres e jovens (de 14 a 18 anos). A lei não proíbe o transporte de carga individual por esses trabalhadores, porém deixa claro que o peso máximo que pode ser levantado e transportado por eles deve ser menor do que aquele estabelecido para um homem adulto (arts. 17.2.1.3 e 17.2.5). É definido em lei que o uso de ferramentas e equipamentos não podem exigir uma força tal do trabalhador que possa prejudicar a sua saúde (arts.17.2.6 e 17.2.7). De todo modo, a lei procura sempre limitar o peso e adequar técnicas para o melhor transporte de cargas individuais pelo trabalhador, sempre se preocupando com a saúde e a prevenção de acidentes. Nesse sentido, os estudos ergonômicos fornecem técnicas que ajudam a conservar a saúde e o desempenho do trabalhador. De toda a forma, o manejo de cargas muito pesadas e de um modo inadequado sem a utilização de técnicas e desrespeitando as determinações legais são prejudiciais à saúde do trabalhador. e Ao efetuar o transporte de carga manual o trabalhador deverá usar as pernas e não as costas, utilizando grande parte da força para erguer o objeto com os músculos da coxa e não das costas, para apoio e sustentação do peso. Os ombros devem ficar posicionados para trás, nunca curvados ou para frente, a coluna deve estar ereta e então o trabalhador deve flexionar os joelhos para alcançar a carga e para erguê-la. Os músculos frontais das coxas devem ser enrijecidos, mantendo a carga sempre próxima ao corpo, como na figura a seguir. 24 3 Mobiliário, Equipamentos, Condições Ambientais dos Postos de Trabalho 3.1 Mobiliário dos Postos de Trabalho A NR nº 17 nos artigos 17.3, 17.4 e 17.5 tratam sobre os mobiliários ergonomicamente adequados para os ambientes de trabalho, dos equipamentos à disposição do trabalhador para o desenvolvimento das suas atividades e das condições ambientais nas quais devem cumpridas as tarefas laborais. Dessa forma, a Lei em seu artigo 17.3.1 estabelece os critérios que devem ser seguidos para o desenvolvimento do trabalho na posição sentada. Esse posto de trabalho deve ser cuidadosamente planejado e adaptado para o trabalhador, pois muitos malefícios à saúde podem surgir da permanência, por muito tempo, na mesma posição. Nesses 25 serviços que exigem que o trabalhador permaneça sentado, ou mesmo em pé, por muito tempo, a lei estabelece alguns critérios que os móveis presentes no ambiente de trabalho (mesas, cadeiras, escrivaninhas, etc) devem seguir para manter a boa postura do trabalhador. Nesse sentido, o Portal METRA esclarece que o mobiliário deve possuir regulagens para que o próprio trabalhador possa adaptá-lo às suas características antropométricas, como a altura, peso, etc. E, claro, permitindo a mobilidade do trabalhador, afirmando que não existe uma postura permanente que seja confortável para o trabalhador. Alerta, ainda, que na população brasileira existem pessoas das mais diferentes estaturas, pesos, dentre outras características, de modo que o empregador deve disponibilizar um mobiliário que possa ser regulado e que seja capaz de atender, no mínimo, 90 % da população brasileira em geral. Desse modo, conforme a Lei o mobiliário deve respeitar o seguinte: 1. Os móveis como mesas, cadeiras, balcões devem ter a altura e a superfície adequadas para que o trabalhador possa desenvolver as suas atividades mantendo uma boa postura. Além disso, a distância estipulada para os olhos em direção ao campo de trabalho deve ser ideal para evitar fadigas visuais e a altura do assento deve manter a coluna confortável e ereta para evitar dores lombares. 2. O espaço de trabalho deve ser de fácil visualização e acesso para o trabalhador. 3. O espaço que o trabalhador deve desenvolver suas atividades deve possuir uma medição tal, que possibilite ao trabalhador a movimentação das diversas partes do corpo (art. 17.3.2). A permanência do trabalhador por muitas horas na mesma posição sem possibilidade de se mexer é altamente prejudicial à sua saúde e, claro, completamente antiergonômico. 26 Espaço respeitando a mobilidade do trabalhador– Usar como Alt (tirar da apostila) No que diz respeito aos trabalhos que também necessitam ser desenvolvidos com os pés, além das exigências anteriores, os pedais e/ou quaisquer outros comandos devem estar de fácil alcance e com “ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador”. A NR nº 17 estabelece ainda que, esse posto de trabalho deverá ter as seguintes características para que seja proporcionado o conforto mínimo ao trabalhador: • o assento deve possuir altura ajustável, conforme o que for necessário para o trabalho; • não deverá haver conformação na base do assento, ou ao menos pouca conformação; • as bordas frontais devem ser arredondadas; • o encosto deve estar de certa forma adequado para proteger à região lombar do corpo (art. 17.3.3). 27 Dependendo das avaliações ergonômicas do ambiente de trabalho, que inclusive é obrigatória às empresas, como já citado; equipamentos como os suportes para os pés poderão ser necessários, claro que, com a devida adaptação ao comprimento das pernas do trabalhador, como exigido na Lei (art. 17.3.4). Além disso, a NR nº 17 estabelece a obrigatoriedade da presença de assentos em ambientes de trabalho em que o empregado deve permanecer em pé, para que sempre que for possível o trabalhador possa sentar e descansar entre um serviço e outro dentro do seu expediente (art. 17. 3.5). 3.2 Equipamentos dos Postos de Trabalho Os equipamentos de trabalho são àqueles que estão disponíveis no ambiente de trabalho para o desenvolvimento das tarefas e atribuições diárias dos trabalhadores. Conforme a NR nº 17 é importante que os equipamentos disponíveis no ambiente de trabalho estejam adequados e conformes à finalidade do serviço. Sempre se lembrando da necessidade da observância das características psicofisiológicas dos trabalhadores (art. 17.4.1). Para os serviços a serem desenvolvidos pela leitura e digitação, ou afins, o empregador deve providenciar: • Um suporte para os documentos capaz de garantir a postura adequada para o desenvolvimento das atividades, evitando a constante movimentação do pescoço e o cansaço visual. • Devem ser disponibilizados papéis com boa legibilidade, evitando o uso de materiais brilhantes e quaisquer outros que possam dificultar a leitura, provocando cansaço visual (art. 17.4.2.a). A lei esclarece como deve ser caracterizado o ambiente de trabalho dos empregados que desenvolvem as suas atividades com a utilização de equipamentos de processamento eletrônico, que possuam vídeos, como os computadores. Essas regras somente são dispensadas para aqueles que utilizam essas ferramentas de forma eventual (art. 17.4.3.1). Nesse sentido, a lei determina que o ambiente de trabalho com equipamentos eletrônicos deve dispor de: • Mobilidade: é necessária para que o trabalhador possa adequar a tela do equipamento eletrônico à luz do ambiente para evitar o cansaço visual. 28 • Teclado: é antiergonômico manter o trabalhador em uma posição fixa, portanto, a lei determina que o teclado deve estar separado da tela, proporcionando maior mobilidade ao funcionário que pode posicioná-lo de forma mais confortável. • Para não causar desconforto visual os equipamentos, seus acessórios e documentos devem estar mais ou menos na mesma distância dos olhos do trabalhador (art. 17.4.3). No que tange às condiçõesambientais de trabalho (art. 17.5) a Lei determina que tais condições do ambiente de trabalho devem estar conformadas as características psicofisiológicas do trabalhador, além de condizer com a natureza do trabalho a ser desenvolvido (art. 17.5.1). Além disso, nos ambientes de trabalho onde seja necessário o trabalho do intelecto a Lei recomenda que: • os níveis de ruídos estejam dentro do recomendado pela norma NBR 10152; • a temperatura do ambiente esteja entre 20º C e 23º C; • velocidade do ar de até 0,75 m/s; • que a umidade relativa do ar não seja menor que 40% (art. 17.5.2). Nos serviços que se assemelham ao descrito anteriormente, mas não são equivalentes ou correlatos com aqueles descritos na NBR 10152, são: • hospitais; • escolas; • hotéis; • residências; • auditórios; • restaurantes; • escritórios; • igrejas e Templos; • locais para esportes. 29 O nível de ruído deve ser de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído não maior que 60 dB (art. 17.5.2.1). As medidas referentes ao ruído devem ser auferidas no ambiente de trabalho, próximos ao ouvido e tórax do trabalhador (art. 17.5.2.2). A Lei prossegue estabelecendo que toda área de trabalho deve possuir uma boa iluminação, seja ela artificial ou natural, ou de quaisquer outras formas, mas que estejam adequadas ao desenvolvimento das atividades. E que, ainda, a iluminação geral deverá ser uniforme e bem difundida, sendo que a claridade geral ou suplementar deve ser planejada e construída de uma forma que evite quaisquer incômodos para o trabalhador (art. 17.5.3, 17.5.3.1 e 17.5.3.2). A iluminação mínima do local de trabalho deve respeitar o disposto na NBR 5413, registrada no INMETRO (art. 17.5.3.3). Essas medições, da mesma forma que o ruído, devem ser feitas no ambiente de trabalho, utilizando como ferramenta o luxímetro, adequado para verificar a sensibilidade da visão e do ângulo de incidência da luz (art. 17.5.3.4). A norma esclarece, ainda, que, caso não seja possível a determinação do local de trabalho, a aferição da claridade deve ser realizada no plano horizontal e setenta e cinco centímetros (0,75 cm) do piso. 4 Organização do Trabalho Do artigo 17.6 e seguintes, a NR nº 17 vai cuidar dos aspectos da organização do trabalho. Para que o ambiente de trabalho esteja de acordo com a Lei o empregador deve observar, no mínimo, as seguintes especificações: • as regras da produção; • a forma de operacionalização; • a imposição do tempo de cumprimento das atividades; • o que foi definido para produção em determinado espaço de tempo; • o ritmo de trabalho; • o conteúdo de cada serviço (art. 17.6.2). 30 Essas especificações da lei são importantes para promover um ambiente confortável, com vistas à produtividade e ainda assegura a saúde do trabalhador. Caso não sejam seguidas, a empresa poderá, além de sofrer com déficits de produção, ser notificada pelas autoridades que fiscalizam o cumprimento da lei. 4.1 Atividades com Sobrecarga Muscular Estática ou Dinâmica Dentro do tópico que trata da Organização do Trabalho a NR nº 17 estabelece as regras para o desenvolvimento dos trabalhos com sobrecarga muscular estática (digitação, datilografia, mecanografia, etc) ou dinâmica (levantamento e transporte individual de cargas) que podem acarretar diversas doenças ocupacionais, tais como a DORT e/ou a LER. A norma se preocupa com as atividades que exigem a sobrecarga do pescoço, ombros, braços, pernas e dorso, e determina que sejam feitas análises ergonômicas para que sejam verificados os seguintes pontos: • os efeitos do trabalho no corpo, para determinação do salário e pagamento de vantagens; • as pausas necessárias para descanso; • reinserção de forma gradativa do trabalhador às atividades depois do afastamento de 15 dias ou mais. Essa deve levar em consideração as quantidades de serviço, peso, etc.; utilizadas antes da licença (art. 17.6.3). Para as atividades que desenvolvam processamento eletrônico, respeitando as convenções e acordos coletivos de trabalho, a lei define que: • Está proibido ao empregador a definição de salários e quaisquer outras vantagens utilizando o critério de maior número de toques no teclado. 31 • O limite de toques reais que podem ser exigidos pelo empregador não pode ser maior de 8.000 por hora, considerando-se como toques reais qualquer pressão exercida sobre as teclas. • O trabalho de digitação, ou semelhantes, não podem ultrapassar de 5 horas, no resto da jornada de trabalho o trabalhador poderá desenvolver outras atividades que não exijam o esforço mental e/ou visual. • Para essas atividades a cada hora (60 minutos) deverá haver uma pausa de 10 minutos, isto é, 50 minutos trabalhos e 10 minutos de descanso. • Depois de receber licença de 15 dias ou mais, ao retorno ao trabalho os níveis de produção exigidos deste profissional devem ser menores do que o estabelecido no segundo tópico citado acima e, gradativamente, ser aumentado (art. 17.6.4). Essas são determinações da lei para os trabalhos que exigem sobrecarga dos músculos ou de alguma parte do corpo, sejam os músculos dos membros inferiores e superiores ou mesmo os tendões e ligamentos, também, das mãos; como no caso dos trabalhadores que fazem o serviço de digitação, entre outros. Esses esforços repetitivos podem resultar em doenças ocupacionais que hoje são muito comuns no país e que estudaremos a seguir. 5 O Que É DORT ou LER? Oliveira e souza (2015) afirmam que a sigla LER significa Lesões por Esforços Repetitivos e DORT quer dizer Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho. Os autores explicam que essas doenças ocupacionais desencadeiam inflamações nos músculos e ossos das partes do corpo mais sobrecarregadas pelo serviço desenvolvido pelo trabalhador, que podem, muitas vezes, incapacitá-lo para o desempenho das atividades que cumpria anteriormente às lesões. Como consequência disso, o trabalhador poderá sofrer psicologicamente pela diminuição da produtividade, faltas no trabalho, dentre outras reações que podem provocar o mau andamento dos serviços e comprometimento dos lucros da empresa para a qual presta seus serviços, levando em consideração os altos custos para o tratamento e a reabilitação do trabalhador. 32 Ramazzini é citado por Chiavegato Filho e Pereira Júnior (2004) ao trazer exemplos de lesões provenientes de esforços repetitivos que remetem, até mesmo, às civilizações antigas como foi o caso dos escribas e notários. Os autores ainda revelam que, nas últimas décadas, ocorreram muitas mudanças acerca da gestão do trabalho e tarefas que eram unicamente exercidas por escribas, artesãos e digitadores, hoje são estendidas para diversas áreas. Destacam também Dwyer ao afirmar que a sociedade pós-industrial tem mudado bastante o seu principal produto, consistindo na produção de informações, não mais apenas de bens, e, ainda, acrescentam que para Araújo et al, essas lesões têm se tornado epidêmicas em algumas partes do mundo inclusive no Brasil. Não há um entendimento único quanto às medidas que devem ser tomadas para o tratamento dessas enfermidades dependendo de cada caso, recomendando-se, ainda, a fisioterapia, medicamentos, entre outros tratamentos alternativos que podem ajudar no alívio das lesões. Para evitá-las é indispensável à prática de exercícios, o consumo de uma alimentação balanceada e a adoção dos princípios ergonômicos no dia a dia do trabalho (MEDEIROS, 2012, p. 53). Glossário dB (Decibel): unidade utilizada na medida da intensidade do som. INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial. Escribas: na antiguidade eram os responsáveis por escrever, tomar notas, registrarnúmeros, redigir leis, entre outas atribuições. Luxímetro: medidor de intensidade de luz no ambiente. Notários: também conhecido como tabelião, é um profissional regido pela Lei nº 8.935/94, que é dotado de fé pública a quem compete a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia de atos jurídicos. 33 a 1) Sobre a NR nº 17, é correto afirmar que: a. ( ) É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher. b. ( ) Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado. c. ( ) Quando o trabalho deva ser executado de pé, os empregados terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço permitir. d. ( ) Todas as afirmativas estão corretas. 2) Conforme a lei (NR nº 17), o mobiliário deve respeitar o seguinte: a. ( ) O espaço de trabalho deve ser de fácil visualização e difícil acesso para o trabalhador. b. ( ) A distância estipulada para os olhos não deve ser levada em consideração, pois não afeta a coluna. c. ( ) Os móveis como mesas, cadeiras, balcões devem ter a altura e a superfície adequadas para que o trabalhador possa desenvolver as suas atividades sem se preocupar com a postura. d. ( ) A permanência do trabalhador por muitas horas na mesma posição sem possibilidade de se mexer é altamente prejudicial à sua saúde. Atividades 34 Referências AFFONSO, Cristianne de Vasconcelos; SONATI, Jaquelini Girnos. (Org) Alimentação saudável e atividade física para a qualidade de vida. Campinas: IPES Editorial, 2007. Disponível em: <http://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/alimen_ saudavel_completo.pdf>. Acesso em: 5 set. 2016. ABERGO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. 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Nesse sentido, Leão (2013) cita que o disco intervertebral é um dos pontos mais fracos do organismo, que depois dos 20 anos a artéria que o nutre desaparece, passando a ser nutrido por embebição dos tecidos dos arredores e está sujeito a uma degeneração precoce. E trata desse assunto para colocar os riscos de aparecimento de lombalgias, um dos problemas mais comuns entre os trabalhadores que manuseiam cargas. Com isso, destaca um quadro da capacidade suportada pelo ser humano para o carregamento individual de cargas: Tabela 1: Tabela carga para levantamento Fonte: Grandjean,1980, apud Leão, 2013. CARGAS PARA LEVANTAMENTO (EM Kg) ADULTOS JOVENS ADOLESCENTES APRENDIZES Homem Mulher Homem Mulher Raramente 50 20 20 15 Frequentemente 18 12 11-16 7-11 40 Conforme o Portal Ergonomia do Trabalho, além do problema de aparecimento lombalgia, outros problemas relativos à coluna vertebral e às articulações podem ser evitados respeitando a lei (Vide arts.198 e 199 da CLT) e o peso indicado por especialistas como os descritos na tabela anterior. No que diz respeito ao sistema ligamentar, os músculos dependendo das contrações durante o trabalho podem aumentar ou diminuir o consumo de oxigênio, nas contrações dinâmicas ocorre o relaxamento, enquanto que nas contrações estáticas (sustentar um peso por muito tempo) pode acarretar o aumento da produção de ácido lático e consequentemente ocorrem as dores musculares. Acerca dos tendões é importante saber que o seu limite de tensão é facilmente ultrapassado, podendo haver rompimentos que são de difícil recuperação. e É importante ainda saber que o sistema circulatório age na nutrição dos músculos e na cura de machucados e cortes. Além disso, o sistema respiratório tem a função primordial de conseguir oxigênio para nutrir o sistema sanguíneo e então manter a produtividade do trabalhador nos serviços pesados. É importante destacar que Leão (2013) ressalta fatores de risco no manejo de cargas que podem trazer prejuízos para o corpo e a saúde do trabalhador, quais sejam: • peso do objeto; • as formas, o volume, entre outras características do que deve ser transportado; • posição do objeto no corpo relativo à coluna que define o comprimento e o movimento de alavanca e o momento que a coluna deve suportar o peso; • deve-se levar em consideração o momento da força aplicada na região mais abaixo da coluna (L4/L5), além do peso de outras partes do corpo (cabeça, membros, etc.); • é importante considerar a localização de onde se levantará a carga. Levantar algo a partir do chão é diferente de pegar esta mesma coisa a partir de um lugar mais alto. Ao retirar algo de um lugar mais alto, primeiramente, você fará força para evitar que o item caia, depois terá que carregá-lo ao seu destino; • e, ainda, o risco de combinar o levantamento de peso e a torção do tronco é extremamente elevado. 41 Outras características nas quais o ser humano precisa estar atento para desenvolver um bom trabalho são citadas pelo professor Edgar Martins Neto, tais como: a distância máxima de 60 metros que é aceitável para os transportes de sacas, com auxílio de ajudante para descarregamentos; o nível de ruído do local não poderá ultrapassar a 65 dB (A), com curva de avaliação de ruído menor de 60 dB; o ajuste das temperaturas entre frio/calor para que não haja a perda do desempenho ou risco de acidentes de trabalho; valores de iluminação adequados e a prevenção contra o surgimento de doenças relativas aos trabalhadores que desenvolvem o seu trabalho em meio a vibrações (por exemplo, britadeira). 2 Ergonomia do Trabalho na Posição Sentada e com Computador O professor Edgar Martins Neto destaca que a postura sentada no trabalho pode acarretar a ocorrência de lombalgias caso não seja preservada a posição adequada. Portanto algumas precauções devem ser tomadas pelos profissionais que passam o dia sentado trabalhando em frente ao computador. Ressalta Guimarães et al (2011) que esse trabalho obriga o corpo a permanecer com posturas paradoxais entre uma parte do corpo e a outra, isto é, enquanto os membros inferiores permanecem imóveis durante todo o trabalho, os membros superiores trabalham de forma contínua, provocando uma regeneração e recuperação desigual entre os tecidos do corpo. Guimarães et al (2011) ainda destaca a importância, para quem trabalha neste ramo, das constantes mudanças na postura durante a jornada de trabalho. Nesse sentido, Silva e Guimarães (2005) afirmam que a postura sentada não deve ser mantida por grandes períodos de tempo, isso porque as mudanças na postura são capazes de aliviar as pressões sobre os discos das vertebras e o tensionamento dos músculos dorsais, 42 dessa forma, promovendo um certo relaxamento das partes tensionadas e evitando o cansaço. O professor Edgar Martins Neto ensina que naposição sentada o trabalhador deve: • Garantir o seu conforto visual posicionando o computador a uma distância entre 45 e 70 cm da linha de visão. Além disso, deve utilizar suportes para apoiar o computador ou utilizar mesas dinâmicas (com controle de altura) e sempre que o trabalho permitir deve desviar o olhar da tela do computador e visualizar quadros, plantas, objetos ou paisagens com mais de 6 metros de distância, assim você descansa os músculos dos olhos e, também, ajuda em sua lubrificação. • Ajustar a altura da mesa do computador aos seus cotovelos: essa posição o professor chama de pulso neutro. É de extrema importância que o trabalhador mantenha os seus braços suspensos e no caso de não haver uma mesa na linha do seu cotovelo, deve ser providenciado o apoio de punho. • Apoiar os pés: quando o trabalhador não puder apoiar os pés no chão (dependendo do assento que usa) deve dispor de um suporte para apoiar os pés. Esta medida, explica o estudioso, evita o aparecimento de dores lombares, stress, varizes, etc.; • Apoiar-se em um encosto de tamanho médio: é necessário para descansar as costas. • Permanecer em ambientes de trabalho com uma temperatura ambiente de 20 a 22º C e a umidade do ar girando em torno de 40 a 60%. • Com níveis de ruído que não ultrapassem a 65 dB (A). • Possuir tela refletiva no computador e evitar aproximar o computador de janelas e luminárias. • Humanizar o ambiente de trabalho: levar objetos como quadro, vasos de plantas etc, neste ponto o professor destaca a importância para a saúde psíquica do trabalhador a socialização e a interação entre os colegas de trabalho. 43 3 Revezamentos de Turnos de Trabalho Wadt e Monezi citam Costa (2000) para explicar que o trabalho em turnos é uma forma de organização de horário de trabalho, no qual a jornada de trabalho se estende para além das oito horas, atingindo 24 horas ininterruptas de funcionamento da empresa, essa que necessitará da utilização de turnos de revezamento de trabalhadores. Acrescentam, ainda, a posição de Rutenfranz (1989) sobre a existência desse tipo de jornada de trabalho quando afirma que tais revezamentos existem por diversas questões, sejam elas, tecnológicas, que impedem a paralisação dos serviços ou econômicas, pois o custo das instalações é demasiadamente alto e o produto se torna obsoleto rapidamente que não é possível o investimento sem que se mantenha a empresa funcionando continuamente. Os autores são unânimes em relatar diversos males para a saúde do trabalhador que desempenha a suas funções em turnos de revezamento de trabalho. Nesse sentido, o Portal Ergonomia do Trabalho destaca que todo ser vivo possui os seus ciclos temporais, que são responsáveis pelas suas funções biológicas. E com as pessoas não é diferente, dessa forma, o ciclo chamado de Circadiano é responsável por ações involuntárias do 44 organismo do indivíduo, o que se convencionou a chamar informalmente de “relógio biológico”. Pode-se entender o relógio como os processos biológicos periódicos que temos, como o horário de sentirmos fome, sono, cansaço, entre outros. Nesse aspecto, o mesmo portal especializado pontua que o sono possui dois estágios iniciais que são as fases leves, com qualidade variável e por isso é fácil de acordar. Após os dois estágios iniciais, ocorrem outros dois, mais profundos, com melhor qualidade para recuperação, em que é difícil de acordar. Nesses estágios, o corpo e a mente se recuperaram do cansaço causado pelo cumprimento das atividades. Esse ciclo do período de sono e de estar acordado durante o dia é controlado pelo hipotálamo, localizado no centro do cérebro e que comanda as mais diversas sensações e partes do corpo humano. Dessa forma, o ponto alto do sono é por volta da meia noite e da vigília é meio dia. c Ante a esses fatores biológicos a jornada de trabalho com revezamento de turnos pode se tornar bastante prejudicial à saúde se não for cumprida de forma moderada. Wadt e Monezi (2005) destacam o entendimento de Ferreira (1987) e Couto (1995) para descrever os efeitos nocivos à saúde desse tipo de jornada que consiste, principalmente, na alteração do ritmo biológico. Os autores esclarecem ainda que, uma pessoa cansada já começa o seu turno com baixo rendimento, além do desencadeamento de diversas doenças relacionadas ao trato digestivo pela falta do sono regular, causa eventos de déficits de atenção e problemas ligados à vida familiar e social do trabalhador. Entretanto a lei brasileira pensando nessas questões e adotando um entendimento ergonômico da questão garantiu algumas vantagens para os trabalhadores que desempenham os seus trabalhos nesses moldes. Isso para evitar, conforme Resende (2013) o acúmulo muito grande de cansaço físico e psicológico pelo trabalhador. Dessa forma, dispõe o art. 7º da Constituição Brasileira que o trabalhador inserido em uma jornada de revezamento trabalhará somente 6 horas. Além disso, o autor ainda ressalta que, tendo em vista a nocividade da jornada de trabalho noturna, o sistema jurídico também estabeleceu que os turnos trabalhados à noite teriam as horas “diminuídas”, isto é, a hora noturna trabalhada, conforme a CLT, é de 52 minutos e 30 segundos. E, 45 ainda, o trabalhador terá o direito de um adicional de 20% em cima da hora noturna trabalhada, por determinação da Constituição Federal, independentemente, do que diz a Consolidação das Leis do Trabalho. 4 Atividades que Prejudicam a Postura Corporal As conclusões de Barreira (1989) acerca das atividades do trabalho são citadas por Salve e Bankof (2003) para explicar que as atividades podem se tornar potencialmente prejudiciais para a postura corporal e podem provocar sérios problemas osteomusculares para a coluna vertebral, entre eles estão: • A permanência, por um longo período, em uma única postura, comum para quem trabalha na posição sentada. • A manutenção de um membro do corpo sustentado sem apoio externo ou acima do nível do coração. • Situações de compressão de membros que, por conseguinte, pressionam vasos sanguíneos, por meio de uma atividade muscular sustentada ou pelo apoio em uma única parte do corpo. • Atividades que possam gerar compressão dos ligamentos, inserções musculares, tendões, etc; ligadas ao excesso de força exercido nos trabalhos mais pesados. • Aumento excessivo da pressão entre os discos da coluna vertebral, no levantamento e transporte manual de cargas. • Levantamento e transporte manuais de cargas com flexão de tronco. • Puxar e empilhar objetos muito pesados. 46 Essas são algumas das atividades que podem causar prejuízos à postura corporal, acarretando diversos problemas, principalmente, para a coluna vertebral. Por isso, é importante seguir as orientações ergonômicas para o desenvolvimento do trabalho, particularmente, para os serviços de levantamento e transporte manual de cargas e os desenvolvidos na posição sentada. Glossário CLT: Consolidação das Leis Trabalhistas. Embebição: absorver. Iluminância: iluminamento. Sistema Ligamentar: sistema de tecidos que conectam os músculos aos ossos. 47 a 1) Um dos problemas mais comuns entre os trabalhadores que manuseiam cargas é: a. ( ) DORT b. ( ) Cefaléia c. ( ) Lombalgia d. ( ) Deve-se evitar o manuseio de cargas. 2) Na posição sentada, o trabalhador deve: a. ( ) Ajustar a altura da mesa do computador aos seus cotovelos. Essa posição é chamada de pulso neutro. b. ( ) Quando o trabalho não exigir força física, a mesa deve estar à altura do cotovelo do trabalhador. c. ( ) Quando o trabalhador exigir empenho visual,a bancada deve estar a 30 cm dos olhos d. ( ) Permancer sentado com os pés suspensos. Atividades 48 Referências AFFONSO, Cristianne de Vasconcelos; SONATI, Jaquelini Girnos. (Org) Alimentação saudável e atividade física para a qualidade de vida. Campinas: IPES Editorial, 2007. Disponível em: <http://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/alimen_ saudavel_completo.pdf>. Acesso em: 5 set. 2016. ABERGO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso em: 3 set. 2016. ASSUNÇÃO, Ada Ávila; LIMA, Francisco de Paula Antunes. A contribuição da Ergonomia para a identificação, redução e eliminação da nocividade do trabalho. (Org). Rio de Janeiro: Ed Atheneu, 2003. Disponível em: <http://www.forumat.net.br/at/sites/ default/files/arq-paginas/a_contribuicao_da_ergonomia_para_a_ident._reducao_e_ eliminacao_da_nocividade_cap_rene_mendes.pdf>. Acesso em: 5 set. 2016. BARREIRA, T. H. C. Um enfoque ergonômico para as posturas de trabalho. 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