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Convergência do Método das Aproximações Sucessivas Identificar em que circunstâncias um algoritmo converge para a solução exata não é tarefa simples. Mas, partindo de resultados teóricos iremos definir quais as condições que garantem a convergência a priori. Estas condições deverão ser sempre verificadas antes de iniciar o processo computacional. Um pouco sobre convergência Dada uma função f tal que a é uma de suas raízes e f, obtida através de manipulações algébricas da equação f(x) =0 (lembrando que precisamos respeitar as regras básicas como não dividir por zero,...) chegamos à equação f( x) = x, que vai gerar a sequência das iteradas xk+1 = f(xk). A intersecção de f com a reta y = x define o ponto fixo de f. E as projeções de f(xk) sobre a reta y = x determinam os pontos xk+1 correspondentes, projetados no eixo x. Se garantirmos que a seqüência gerada por f é uma seqüencia convergente e que a, o ponto fixo de f é raiz de f , então x0, x1, ... xk é uma seqüência que converge para a raiz de f. Análise gráfica da convergência Vamos analisar algumas possibilidades para o comportamento destas iteradas através de uma análise gráfica. As figuras de 1 a 4 representam as possíveis situações que podemos encontrar, para a sequência dados os gráficos da a e de y = x: Figura 1: neste caso a sequência das iteradas é crescente e converge para a raiz a, que é a intersecção de fcom a reta y=x. x0 < x1 < x2 < ... < xk < ... a; Figura 2: neste caso a sequência é decrescente e não temos a convergência para a raiz a; Figura 3: neste caso a sequência é oscilante e temos a convergência para a raiz a ( a raiz fica confinada entre duas iteradas consecutivas); Figura 4: neste caso a sequência é oscilante e não temos a convergência para a raiz a (não importa o quão próximo da raiz seja o chute inicial); Observações: 1 ) no caso de sequências oscilantes, a raiz está sempre entre duas iteradas consecutivas. Se a sequência é convergente, quando a diferença | xk+1 - xk| for menor que uma precisão pré-fixada, encontramos um resultado aproximado dentro de um intervalo de interesse. 2) no caso de sequências crescentes e convergentes a raiz está sempre à direita dos valores calculados para as iteradas. Portanto, não é suficiente verificar que a distância entre duas iteradas consecutiva (xk e xk+1) é menor que a precisão pré-fixada, para garantir que essa precisão foi atingida. Para sequências decrescentes e convergentes vale o análogo, com a raiz a esquerda das iteradas. Condições suficientes para garantir a convergência da sequência das iteradas Lembrete: uma condição suficiente significa que se verificada, garante determinado resultado mas, caso não seja verificada não podemos dizer que não garantimos o resultado. No caso do Método das aproximações Sucessivas é possível garantir a convergência das iteradas para a , ponto fixo de f e raiz de f, se as hipóteses do teorema do ponto fixo forem verificadas. Quando não é possível verificar todas as hipóteses, não poderemos afirmar que a sequência não converge para a raiz. Só podemos dizer que não podemos garantir a convergência. Por prudência, quando a convergência não puder ser garantida para uma determinada função f, vamos evitar usar essa função para gerar as iteradas. Teorema do ponto fixo (condições suficientes para garantir a convergência das iteradas do método das aproximações sucessivas) Seja a uma raiz de uma função f , isolada num intervalo I = [a, b] e seja f uma função tal que f(a) = a. Se as seguintes hipóteses são verificadas: i) f e f ' são funções contínuas em I; ii) k = max| f'(x)| <1, x no intervalo [a,b] iii) x0 pertence ao intervalo I e xn+1 = f(xn ), para k = 0, 1, 2,... pertencem ao intervalo I então, a sequência converge para a raiz a. Prova: Estude esta demonstração com atenção e identifique nela as hipóteses que foram feitas, analise como os resultados foram construídos, pense na ideia utilizada para demonstrar a convergência. Provar que xn -> a, é equivalente a mostrar que o erro absoluto | xn - a | vai pra zero quando n vai pra infinito,ou seja, | xn - a | -> 0 qdo n -> infinito. Como xn+1 = f(xn ) e a = f(a) , Substituindo na expressão do erro absoluto temos | xn - a| = | f(xn-1 ) - f(a) |, Aplicando o (*)Teorema do Valor Médio à função f(temos por hipótese que é contínua com derivada contínua) | xn - a| = | f(xn-1 ) - f(a) | = | xn - a| = |f'(xn-1 )| | xn-1 - a|, como a I e por (iii) xn-1 I , então xn-1 I e por (ii) temos que |f'(xn-1 )| £ k < 1. Isto significa que | xn - a| = |f'(xn-1 )| | xn-1 - a | £ k | xn-1 - a|, ou seja o ponto xn está mais próximo da raiz que xn-1. Repetindo o procedimento, para | xn-1 - a| temos: | xn-1 - a| = |f '(xn-2)| | xn-2 - a| £k | xn-2 - a|, Substituindo na expressão de | xn - a| temos: | xn - a| = |f'(xn-1 )| | xn-1 - a | £ k | xn-1 - a| £ k2 | xn-2 - a| Repetindo o processo até atingirmos o chute inicial x0 | xn - a| = |f'(xn-1 )| | xn-1 - a | £ k | xn-1 - a| £ k2 | xn-2 - a| £ kn | x0 - a| Portanto, | xn - a|£ kn| x0 - a|, logo lim (n-> )| xn - a| £ | x0 - a| lim (n-> )kn = 0 se k < 1. A sequência das iteradas {xn}converge para a raiz a Atenção: Diversas questões (em provas, principalmente) abordam a convergência das iteradas do método da Aproximações Sucessivas. Para provar que uma função f gera uma sequência convergente para uma raiz a, da equação f(x)=0, você deve passar pelas seguintes etapas: 1 ) ISOLAR A RAIZ a: deve provar que a raiz está isolada e é única num intervalo [a,b], utilizando os resultados teóricos que aprendeu no Cálculo Diferencial sobre funções; 2 ) GERAR UMA f, A PARTIR DE f(x) = 0: em geral essa função f já é dada, mas pode ser que tenha que fazer umas manipulações algébricas com f(x)=0 para encontra uma candidata; 3 ) TESTAR AS HIPÓTESES DO TEOREMA DO PONTO FIXO i) f e f ' são funções contínuas em I: a expressão de f ' deve ser calculada. Caso f e f ' não sejam contínuas nesse intervalo, encontrar o sub-intervalo J de I no qual elas sejam contínuas e verificar se a raiz continua isolada em J. ii) k = max| f'(x)| <1, x no intervalo [a,b]: estimar o valor máximo da derivada e verificar que é inferior a 1 iii) x 0 I e xn+1 = f(xn ) I, para k = 0, 1, 2,... Como garantir o item (iii), ou seja, que toda a sequência está contida no intervalo I Escolhendo o extremo mais próximo da raiz podemos garantir que toda a seqüência gerada por f pertence a I. Como já foram verificados os itens (i) e (ii), sabemos que a cada iterada o valor calculado está mais próximo da raiz, portanto, ao escolher o extremo mais próximo da raiz, definimos que nenhum valor calculado estará mais distante da raiz que esse extremo, o que garante a condição (iii). (*)Teorema do Valor Médio Seja f uma função real, definida e contínua em [a,b], derivável em (a,b), então existe c (a,b) tal que f(b) - f(a) = f '(c) (b-a). Geometricamente,
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