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Resumo Ciências Sociais P1
Sociologia: Conjunto de conceitos, técnicas e métodos de investigação produzidas para explicar a vida social. É o resultado de tentativas de compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas então pela nascente sociedade capitalista.
Surgimento: Ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da degradação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. Resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações de existência que estavam em curso. Não é por mero acaso que a sociologia, enquanto instrumento de análise, inexistia nas relativamente estáveis sociedades pré-capitalistas. Os interesses econômicos e políticos dos grupos e das classes sociais na sociedade capitalista influenciaram a elaboração do pensamento sociológico.
As transformações políticas e culturais que se aceleram a partir do século XVIII colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla revolução (industrial e francesa) constituía a instalação definitiva da sociedade capitalista.
A Revolução Industrial representou o triunfo da indústria capitalista, convertendo grandes massas humanas em simples trabalhadores despossuídos, criando novas formas de organizações sociais, como o aparecimento do proletariado. As péssimas condições de trabalho causaram revolta, suicídios, prostituição, alcoolismo, criminalidade, violência, epidemias, situação de miséria e consequente manifestações socialistas da classe operaria. 
Para a sociologia, esses acontecimentos colocaram a sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a constituir um “problema”, um “objeto” a ser estudado.
Na Revolução Francesa surgiu o iluminismo, ideologia burguesa que propôs uma ação social de mudança da estrutura do poder e do estado, abolindo o antigo regime, alterando o papel da Igreja e mudando a forma de pensamento. Buscam soluções aos seus problemas e ao estado de desorganização, para estabelecer a ordem e a paz.
 A sociologia enquanto estudo da sociedade constitui em certo sentido uma resposta intelectual às novas situações trazidas pelas revoluções.
Sociologia e pensamento racional e científico: É a indagação racional versus a visão religiosa do mundo. A explicação da realidade baseada no modelo das ciências da natureza. Aplicam a lei de observação e de experimentação, usam o método científico, tinham explicação racional da natureza e tudo isso teve influência para o surgimento de uma ciência da sociedade.
Concepção de Comte para a sociologia
Comte acreditava que que tanto a natureza como a sociedade eram regidas por leis imutáveis. O positivismo tem como prioridade entender como os fenômenos ocorrem e não as causas do fenômeno. Comte acreditava que o estudo da sociedade deveria ser encarado como uma ciência tradicional como a Física, Astronomia, dando origem ao termo “ Física Social “. 
Sua filosofia positiva não possuía caráter destrutivo, mas estava exatamente preocupado em organizar a realidade, sendo uma reação em oposição à filosofia iluminista.
Segundo ele, a ciência conduz à previdência, e a previdência permite regular a ação.
Comte considerava como um dos pontos mais altos de sua sociologia a reconciliação entre “ordem” e “progresso”, pregando a necessidade mútua desses dois elementos par a nova sociedade. Para ele, o equívoco dos conservadores ao desejarem a restauração do velho regime feudal era postular a ordem em detrimento do progresso. Inversamente, os revolucionários preocupavam-se tão somente com o “progesso”, menosprezando a necessidade de ordem na sociedade.
Para ele o progresso constituiria uma consequência suave e gradual da ordem.
Teorias Clássicas do Trabalho (Karl Marx, Émile Durkeim e Max Weber)
Objeto: A sociedade e suas relações. 
O objeto é comum aos pensadores, porém os pressupostos, as concepções, os métodos, os conceitos, as teorias, os estudos e seus resultados são diferentes e divergentes.
Os autores clássicos por vias diferentes entendem que o trabalho tem um papel central na organização da sociedade moderna e capitalista. 
A sociedade é um objeto dado, independente da vontade do sujeito (Durkheim)
A sociedade é um construto do sujeito. (Weber)
A sociedade é uma relação contraditória entre sujeito e objeto. (Marx)
Contexto:
Século XIX caracterizado por crises sociais, econômicas, desemprego, miséria, lutas sociais no campo e na cidade, formação da classe operária, greves, conflitos e sindicatos; formação dos partidos políticos – democracia;
Século XX – Passagem e transição? Expansão e desenvolvimento do capitalismo; tecnologia; desenvolvimento da empresa moderna; petróleo; eletricidade; euforia com a aplicação da ciência à produção e ao progresso.
Karl Marx (1818-1883)
Seus trabalhos giram em torno de estudar, compreender e explicar o Capitalismo como sendo um fruto da sociedade moderna. Portanto, não se pode falar do pensamento sociológico de Marx sem falar do Capitalismo, pois um dos fatores que caracteriza esse sistema é a produção e, para Marx, o estudo do modo 5 de produção é fundamental para se saber como se organiza e funciona uma determinada sociedade.
Características Principais
Principais expressões do pensamento socialista - crítica à sociedade capitalista colocando em evidência os seus antagonismos e contradições.
A sociedade capitalista é um acontecimento transitório.
Aplicação do método dialético para a investigação histórica; tese - antítese - síntese; 
As categorias, os conceitos, devem sintetizar no plano do pensamento um movimento concreto; o real é o resultado de múltiplas determinações; 
Representa um contraponto ao positivismo-funcionalismo de Durkheim e ao idealismo de Weber.
Fundam o materialismo dialético e o materialismo histórico.
As sociedades humanas encontravam-se em contínua transformação e o motor da história eram os conflitos e as oposições entre as classes sociais.
Influência na Sociologia
Representam a formação da orientação crítica da sociedade capitalista na sociologia.
Procuram oferecer uma explicação da sociedade como um todo e interligando as várias disciplinas; a ciência da história.
Seus trabalhos foram desenvolvidos no contexto das lutas políticas e sociais; desenvolvem o saber militante.
Perspectiva crítica:
O manifesto do partido comunista marca o posicionamento político e ideológico do socialismo científico.
A crítica à filosofia do direito e do estado de Hegel; o estado é determinado pelas relações da sociedade civil; a crítica à ideologia alemã e ao idealismo que não percebe a íntima relação entre teoria e prática e o critério de verdade da praxis.
Desenvolvem os estudos de crítica à economia política cujos resultados vão compor a obra “O Capital”: a mercadoria e o fetiche da mercadoria; teoria do valor - valor de uso X valor de troca; teoria da mais-valia; estudos sobre a exploração do trabalho e da legislação trabalhista; a passagem do artesanato - manufatura à indústria moderna; fragmentação e alienação do trabalho; a natureza e o movimento do capital; a acumulação de capital.
O sistema capitalista é um sistema produtor de mercadorias - principalmente o valor de troca - orientado pela exploração e produção da mais-valia; por isso contém no seu próprio movimento a contradição.
Ideias nos textos de Marx:
Existe apenas uma ciência: a ciência da história 
A história de toda a sociedade existente até hoje tem sido a história da luta de classes... “proletariado de todo o mundo uni-vos” (manifesto comunista, 1848)
Teses sobre feuerbach (a ideologia alemã, 1845)
A noção de praxis - atividade humana sensível - teoria e prática compondo a realidade.
A verdade objetiva não é uma questão teórica, mas prática.
As circunstâncias são dadas e alteradas pelo homem; o educador deve ser educado
Toda a vida social é essencialmente prática; praxis humana 
Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes
maneiras; o que importa é transformá-lo 
Obras: O dezoito brumário de Luís Bonaparte (1852); O prefácio da crítica à economia política (1859) ... 
A obra máxima – O capital 
Émile Durkheim (1858-1917)
- Foi o fundador da escola francesa de Sociologia, ao combinar a pesquisa empírica com a teoria sociológica. Ainda sob influência positivista, lutou para fazer das Ciências Sociais uma disciplina rigorosamente científica. Durkheim entendia que a sociedade era um organismo que funcionava como um corpo, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver. Ao seu olhar, o que importa é o indivíduo se sentir parte do todo, pois caso contrário ocorrerá anomalias sociais, deteriorando o tecido social.
- A diferença entre Comte e Durkheim é que o primeiro crê que se tudo estiver em ordem, isto é, organizado, a sociedade viverá bem, enquanto Durkheim entende que não se pode receitar os mesmos “remédios” que serviu a uma sociedade para resolver os “males” sociais de outras sociedades.
- No pensamento durkeiniano a sociedade prevalece sobre o indivíduo, pois quando este nasce tem de se adaptar às normas já criadas, como leis, costumes, línguas, etc.
- Para Durkheim, a Sociologia deve estudar os fatos sociais, os quais possuem três características: 1) coerção social; 2) exterioridade; 3) poder de generalização. Os fatos sociais apresentam vida própria, sendo exteriores aos indivíduos e introjetados neles a ponto de virarem hábitos.
Pela sua perspectiva, o cientista social deve estudar a sociedade a partir de um distanciamento dela, sendo neutro, não se deixando influenciar por seus próprios preconceitos, valores, sentimentos etc.
- Segundo as ideias de Durkheim, o indivíduo é fruto do meio em que vive e tudo na sociedade está interligado, por isso, qualquer alteração em algum setor da sociedade, toda ela sentirá os efeitos. Para Durkheim, a sociedade é algo exterior e superior ao indivíduo, ou seja, o indivíduo, necessariamente, é um produto da organização social da qual ele faz parte.
Fontes: filosofia positivista de Comte; formulações anteriores de Saint Simon
Preocupações centrais: estabelecer um método científico para investigação social baseado no método das ciências naturais; estabelecer os conceitos chaves para a análise da sociedade - fato social; restabelecer a ordem social; integração e solidariedade social; desenvolvimento normal e progressivo da sociedade; otimismo e defesa da nova sociedade;
Contribuição: sociologia ingressa na universidade e passa a ter reconhecimento científico e acadêmico
Concepções:
Ideologia: representa uma resposta às formulações socialistas; em busca de valores, normas e moral para guiar as condutas humanas; visão otimista da sociedade moderna.
Trabalho: A divisão do trabalho tem como função o desenvolvimento de um sentimento de solidariedade entre os homens; quanto mais dividida e especializada a sociedade maior a exigência da integração entre os homens; a divisão do trabalho além do progresso econômico tem a capacidade de promover a união e a solidariedade.
Sociedade: vivia em estado de “doença”; anomia; patologias; crises; que prejudicavam o bom funcionamento (normal) da sociedade; era preciso criar um conjunto novo de normas, regras, instituições, de ideias morais para guiar o comportamento humano.
Fato social: fatos exteriores e coercitivos aos indivíduos; determinantes para o comportamento individual; caráter impositivo das regras sociais; a sociedade em seu estado normal é superior ao indivíduo.
Sociologia: buscar a normalidade; cuidar das patologias que agem na desintegração da sociedade; entender que o sujeito é menos importante que o conjunto social; restabelecer a saúde da sociedade; recomendar sobre a moral e as instituições necessárias para regular a ação social em sentido positivo e afirmativo.
Função da Divisão do Trabalho
A divisão do trabalho social, para Durkheim, extrapola o limite mais óbvio que é a produção e a reprodução material mais eficiente, para ele, além da divisão prover os meios necessários para a subsistência material (além da acumulação e excedentes produtivos). Essa divisão produz (não tendo em vista fins, pois isso suporia que a divisão do trabalho existe tendo em vista resultados que vamos determinar) esses meios materiais, que somente são alcançadas a partir da concepção da divisão do trabalho como algo solidário e recíproco. Para ele a solidariedade é o elemento chave da existência da vida em sociedade, sem a solidariedade é impossível viver em sociedade, pois é nela que se baseia o convívio social.
“É assim que se fala da função digestão, de respiração, etc.; mas diz também que a digestão tem por função presidir à incorporação no organismo de substâncias líquidas ou sólidas destinadas a reparar suas perdas; que a respiração tem por função introduzir nos tecidos do animal o gás necessário à manutenção da vida. ” 
 
“Perguntar-se qual é a função da divisão do trabalho é procurar a qual necessidade ela corresponde; quando resolvermos esta questão, poderemos ver se esta necessidade é da mesma natureza que aquelas às quais correspondem outras regras de conduta cujo caráter moral não é discutido. ”
Como demonstrar a hipótese: 
“A divisão do trabalho desempenharia um papel muito mais importante do que aquele que se lhe atribui ordinariamente. Ela não serviria apenas para dotar nossas sociedades de um luxo, invejável talvez, mas supérfluo; ela seria uma condição de sua existência. É por ela, ou pelo menos é sobretudo por ela, que estaria assegurada sua coesão; é ela que determina os traços essenciais de sua constituição. Por isto mesmo, embora ainda não estejamos em condição de resolver a questão com rigor, pode-se, entretanto, entrever desde agora que, se tal é realmente a função da divisão do trabalho, ela deve ter um caráter moral, pois as necessidades de ordem, de harmonia, de solidariedade social geralmente passam por morais. ” (Durkheim, p. 31)
“É uma verdade evidente, visto que a divisão do trabalho aqui está muito desenvolvida e produz solidariedade. Mas é preciso sobretudo determinar em que medida a solidariedade que ela produz contribui para a integração geral da sociedade: pois é apenas então que saberemos até que ponto é necessária, se é um fator essencial da coesão social, ou, ao contrário, se é só uma condição acessória e secundária. ”
Max Weber (1864-1920)
Para Weber a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros.
Entende que a sociedade não funciona de forma tão simples e nem pode ser harmoniosa como pensam Comte e Durkheim, mas também não propõe uma revolução como faz Marx, mas afirma que o papel da Sociologia é observar e analisar os fenômenos que ocorrem na sociedade, buscando extrair desses fenômenos os ensinamentos e sistematizá-los para uma melhor compreensão, é por isso que sua Sociologia recebe o nome de compreensiva.
Preocupações principais: estabelecer um método de investigação próprio das ciências sociais; conhecer a própria experiência humana; desenvolver uma orientação compreensiva da ação e das motivações humanas. 
Características: buscar reputação científica para as ciências sociais; profissionalização do sociólogo; separação entre a ciência e a política; busca da neutralidade científica; buscar a máxima compreensão dos fenômenos sociais.
Objeto da sociologia: “a captação da relação de sentido” da ação humana; conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação ou ações que o configuram; o fato humano não pode ser explicado como uma relação de causa e efeito, mas apenas ser compreendido como fato carregado de sentido.
O que é ação? 
“Aquela cujo sentido pensado pelo sujeito ou sujeitos é referido ao comportamento dos outros, orientando-se por ele o seu comportamento” 
Método
O método compreensivo consiste em entender o sentido das ações dos indivíduos e não apenas sua exterioridade; representa um contraponto ao positivismo-funcionalismo
de Comte e Durkheim e ao materialismo de Marx. 
Exemplo: uma pessoa dá um pedaço de papel para outra, esse fato em si mesmo é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu para outra um pedaço de papel - como um cheque para saldar uma dívida - se está diante de um fato humano ou uma ação carregada de sentido. 
As leis sociais têm a probabilidade de acontecer; referem-se às construções de comportamentos com sentidos que podem ou não ocorrer. 
O papel do cientista social
O papel do cientista social é buscar a máxima compreensão do fenômeno; para isso deve construir os “tipos ideais” baseado nas experiências e na história das sociedades. Abstração e generalização são resultados da percepção do sujeito; as ciências sociais dependem da caracterização sistemática dos padrões individuais concretos e não de generalizações como nas ciências naturais.
Exemplo do método aplicado aos tipos de ações humanas: ação racional em relação a fins; ação racional em relação a valores; ação afetiva; ação tradicional. 
Temas importantes estudados por Weber: a ética protestante e o espírito do capitalismo; o problema da autoridade e da legitimidade; o problema da dominação e da obediência; o problema do poder e da política; a questão da burocracia. 
	
	
Em suma: a Sociologia de Comte e Durkheim são positivistas; a de Marx é revolucionária e a de Max Weber é compreensiva. 
http://www.mundociencia.com.br/sociologia/
“Sociologia – uma breve, porém crítica introdução” – Anthony Giddens
Capítulo 1
Contexto da Sociologia
De acordo com Giddens, é um equívoco supor que a sociologia deva ser elaborada à maneira das ciências naturais. 
A sociologia lida com um objeto factualmente observável, depende da pesquisa empírica e envolve tentativas de formular teorias e generalizações que darão sentido aos fatos. Mas a natureza dos seres humanos não é a mesma dos objetos materiais. O estudo de nosso próprio comportamento, no que se refere a certos aspectos muito importantes, é completamente diferente do estudo dos fenômenos naturais.
O desenvolvimento da sociologia tem de ser apreendido no contexto das mudanças que criaram o mundo moderno. Tais mudanças, que se originaram na Europa Ocidental, fazem-se sentir agora por toda parte. Elas dissolveram totalmente as formas de organização social em que a humanidade viveu durante milhares de anos. Seu núcleo deve ser encontrado nas que têm sido descritas como “as duas grandes revoluções” do século XVIII e XIX que tiveram lugar na Europa. A primeira é a Revolução Francesa de 1789, que corresponde a um símbolo de transformações políticas de nossa era. Com ela, pela primeira vez na história uma ordem social foi completamente transformada por um movimento conduzido por ideias puramente seculares – liberdade e igualdade universais.
A segunda “grande revolução” foi a chamada Revolução Industrial, que ocorreu na Inglaterra no final do século XVIII e se disseminou, ao longo do século XIX, pela Europa Ocidental e Estados Unidos. Mais do que um conjunto de inovações técnicas, essa revolução representou a transformação mais importante: a migração em massa da força de trabalho proveniente do campo para setores do trabalho industrial em constante expansão. Tal processo levou à mecanização da produção agrária, além de promover a expansão das cidades com uma intensidade jamais vista. Vinculado a esses processos o aumento da população mundial também foi significativo nessa época.
Com objeto de estudo, a sociedade é abordada tanto pela sociologia quanto pelas demais ciências sociais. A característica distintiva da sociologia reside no fato de ela concernir principalmente àquelas formas de sociedade que têm emergido na esteira das “duas grandes revoluções”: as sociedades industrialmente avançadas.
Comte acreditava que, se descobrirmos as leis que regem a sociedade humana, poderemos forjar nosso próprio destino, do mesmo modo que a ciência nos tem permitido controlar os eventos que fazem parte do mundo natural.
Já Emile Durkheim afirmava que a sociologia diz respeito aos “fatos sociais” que podem ser abordados do mesmo modo objetivo que os fatos com que lidam as ciências naturais. Durkheim propôs que os fenômenos sociais deveriam ser tratados como coisas: deveríamos considerar a n´s mesmos como se fôssemos objetos que fazem parte da natureza. 
Giddens não concordava com esse ponto de vista. Ele dizia que falar da sociologia como “ciências sociais” é enfatizar que elas envolvem o estudo sistemático de um objeto empírico. Tal terminologia não nos confundirá enquanto percebemos que a sociologia difere das ciências naturais em dois aspectos:
Não podemos abordar a sociedade, ou os “fatos sociais”, como fazemos com os objetos ou eventos que fazem parte do mundo natural, pois as sociedades só existem na medida em que são criadas e recriadas por nossas próprias ações como seres humanos. Duplo envolvimento de indivíduos e instituições: criamos a sociedade e ao mesmo tempo somos criados por ela.
As implicações práticas da sociologia não são e não podem ser diretamente análogas aos usos tecnológicos da ciência. Os átomos não podem saber o que os cientistas dizem sobre eles, ou mudar de comportamento com base nesse conhecimento. Já com os seres humanos dá-se o contrário. Por conseguinte, a relação entre a sociologia e seu “objeto de estudo” é necessariamente diferente da implicada pelas ciências naturais.
A imaginação Sociológica e suas Perscpectivas
Só podemos compreender o mundo social a que deram início as sociedades industrializadas contemporâneas mediante um tríplice exercício de imaginação. Essas formas da imaginação sociológica envolvem uma sensibilidade histórica, antropológica e crítica.
No que se refere à imaginação sociológica, quem analisa hoje em dia as sociedades industrializadas tem, em primeiro lugar, de se esforçar para recuperar nosso próprio passado imediato – o “mundo que perdemos”. Só mediante tal esforço de imaginação, que naturalmente envolve uma consciência histórica, é que podemos entender com o modo de vida dos que atualmente vivem nas sociedades industrializadas é diferente do das pessoas que viveram num passado relativamente recente.
Se a primeira dimensão da imaginação sociológica envolve o desenvolvimento de uma sensibilidade histórica, a segunda acarreta o aperfeiçoamento de um insight antropológico. Fazer tala firmação é novamente enfatizar a tênue natureza das fronteiras convencionalmente reconhecidas entre as diversas ciências sociais. A obtenção de um sentido histórico de quão recentes e dramáticas são as transformações sociais ocorridas nos dois séculos passados é difícil. Mas talvez seja ainda mais difícil superar a crença de que os modos de vida que têm sido desenvolvidos no Ocidente são, de alguma forma, superiores aos de outras culturas. Tal crença é encorajada pela ampla disseminação do próprio capitalismo ocidental, o qual acarretou uma série de eventos que desgastou ou destruí muitas outras culturas com que entrou em contato.
Ao criticar a ideia de que a sociologia se assemelha a uma ciência natural, Giddens alegou que nenhum processo social é regido por leis inalteráveis. Como seres humanos, não estamos condenados a sermos arrastados por forças que sejam inevitáveis quanto as leis naturais. Mas isso significa que devemos estar conscientes das alternativas futuras que potencialmente nos apresentam. É nesse terceiro sentido que a imaginação sociológica se une à tarefa da sociologia ao contribuir para a crítica das formas existentes de sociedade. A crítica deve basear-se na análise.
Capítulo 2
Interpretações contrastantes: sociedade industrial ou capitalismo
Debate entre duas teorias: teoria da sociedade industrial X teoria da sociedade capitalista. Elas correspondem a dois modos contrastantes de os pensadores sociais interpretarem a natureza das mudanças da sociedade moderna.
Conceitos, ideias e pressupostos básicos de cada teoria:
Teoria da Sociedade Industrial: 
Funda-se
na questão da transição das sociedades tradicionais (baseadas na agricultura) para as sociedades industriais (baseadas na produção mecanizada e na troca);
As características conflitivas da transição são contrabalançadas pelos aspectos positivos da ordem industrial - afluência material, distinção social tende a diminuir e prevalece a igualdade de oportunidades;
Os conflitos de classe são decorrentes da transição, e com o desenvolvimento da ordem industrial tendem à institucionalização. 
Conceito chave: institucionalização do conflito de classe
As tensões tendem a diminuir com o reconhecimento da barganha industrial (negociação sindical, direito de greve, legislação social e trabalhista) e a ampliação dos direitos políticos do cidadão - cidadania - (sufrágio universal, formação dos partidos políticos, aumento da participação)
O surgimento do estado liberal-democrático - modelo ocidental - sistema político democrático que permite a disputa, prevalece governo parlamentar que abre canais de representação dos interesses sociais. O estado liberal-democrático acompanha naturalmente a expansão econômica das sociedades industriais;
A ordem industrial tende a produzir unidade, integração e convergência - teoria da convergência (Clark Kerr) - as sociedades industriais tendem a ser similares em suas instituições básicas apesar das diferenças de origem. exemplo: EUA e Soviética; as características gerais das sociedades industriais são necessárias;
Associação com a teoria da modernização - voltada para o mundo não desenvolvido - ocidentalização é o modelo ideal para superar o tradicionalismo e o subdesenvolvimento (ex. América Latina, Brasil entre outros.
Competição política pacífica e negociação industrial X as violentas lutas de classe e sociais.
Aumento da igualdade de oportunidade permitindo a mobilidade social - possibilidade dos indivíduos de ascensão social.
Papel chave e estratégico da educação; sistema educacional constitui o principal fator a afetar a inserção - a inclusão - do indivíduo na sociedade.
As desigualdades são internas e não externas aos indivíduos.
 
**Referência Importante Ralf Dahrendorf “Class and Class Conflict in Industrial Society”, 1957.**
O capitalismo é apenas um modo, um subtipo de organização da soc. ind.; fenômeno passageiro típico do século XIX e início do séc. XX; onde predominava a propriedade privada de particulares que detinham controle direto.
 A industrialização: propriedade se separa do controle - conferido a um sistema de autoridade controlado por administradores profissionais.
Desaparecimento do capitalismo por um processo pacífico de desenvolvimento econômico e social.
 O conflito de classes expressa as principais tensões enquanto as instituições emergentes não se implantaram plenamente - emergência do estado liberal-democrático e a criação do arbitramento industrial; criação de canais que institucionalizam as divergências; desmontagem da bomba do conflito social.
 
Teoria da Sociedade Capitalista:
A obra de Marx/Engels fornece os conceitos principais da teoria da sociedade capitalista
A luta de classes na história
Propriedade privada e formas de apropriação do trabalho
Mercadoria - trabalho assalariado e capital 
Propriedade dos meios de produção X não proprietários
Divisão social do trabalho - sociedade de classes
Categorias - exploração do trabalho e contradição entre trabalho e capital
Estado capitalista - não realiza os ideais democráticos; é expressão do poder de e das relações entre as classes
Os sindicatos e os partidos - Expressão da luta de classes - luta econômica e luta política
A economia capitalista tem uma irracionalidade; é necessária a crítica da economia política
Os fundamentos da sociedade capitalista - sua contradição - tende a ser maior com o seu desenvolvimento; as desigualdades são externas e internas e tendem a prevalecer; 
A resolução dos conflitos depende de uma ruptura com o modo de produzir as mercadorias e isto depende da luta de classes e da luta política centrada na classe trabalhadora
** Referência à Ralph Miliband - intérprete do marxismo - “The state in capitalist society”, 1969.**
As noções de Marx são essencialmente corretas para explicar a sociedade contemporânea
A propriedade privada mudou de forma, mas continua essencialmente existindo.
A acumulação de capital e a generalização do trabalho assalariado - expropriado dos meios de produção - fundamentam as lutas de classes.
 A sociedade continua sendo de classes e o conflito permanece. Trabalho e capital; patrões e empregados - cooperação e dependência mútua, porém conflitiva e contraditória. 
O estado não é liberal e expressa o poder de classe
Cont. das Teses:
A propriedade empresarial moderna não altera o caráter capitalista - os grupos de acionistas ou executivos fazem parte das classes dominantes. O lado do trabalho não tem nenhum controle sobre o capital.
A mobilidade social continua sendo bastante limitada e de curto alcance; a ascensão dos indivíduos dependem da sua origem de classe. A igualdade de oportunidade seria mais um mito, uma formalidade que uma realidade.
As instituições e ampliação dos direitos só foram alcançados pelo processo de luta de classes; significam conquistas sociais e raramente foram concedidos pacificamente.
A “bomba” do conflito social não foi desmontada com êxito
O socialismo existente = versão deformada e incompleta das indicações de Marx.
As sociedades capitalistas contemporâneas - incorporaram a questão social, por cooptação e por pressão - papel dos sindicatos e dos partidos socialistas e trabalhistas. Ocorre uma verdadeira “engenharia do consenso” - ideologia para a perpetuação do capitalismo
O papel da educação - principal fator de controle social e inibição da mudança social - o sistema atua na reprodução dos valores que favorecem interesses das classes dominantes.
Conclusão do debate para Giddens:
Suspeita de toda e qualquer teoria determinista e que se estruture em torno de ideias de necessidade férrea ou inevitabilidade.
Há um mundo de possibilidades abertas.
É importante avaliar as duas perspectivas analisadas, para inclusive pensar nas opções realistas e na determinação das direções da mudança social.
Capítulo 3
Divisão da Sociedade em Classes Sociais e Transformação Social
Três pontos essenciais da análise sociológica: 
1. Análise das classes sociais para entender as sociedades industriais avançadas.
o que são as classes sociais?
e qual sua configuração nas sociedades contemporâneas?
2. A natureza do estado
o estado é o árbitro dos interesses da sociedade em geral
o estado é o estado capitalista, expressão do domínio de classe
3. A transformação social
Empreendimento crítico em relação a vida dos seres humanos em sociedade
Como se dá a transformação social e qual a sua direção em relação a vida social? 
O Debate entre TSI e TSC:
Dahrendorf - mudanças nas sociedades dissolveram a divisão em classes sociais antagônicas.
Miliband - as sociedades ocidentais continuam a ser sociedades de classes e isso é fundamental para entender a forma política e institucional.
 Características dos últimos 100 anos:
Aumento da intervenção do Estado na área econômica e social
Aumento das organizações - grandes empresas 
POSIÇÃO ADMINISTRATIVISTA (Dahrendorf):
Divisão da classe capitalista
Criação da administração profissional
A empresa transformou-se em instituição e corporação x a empresa individual e egoísta
Decomposição da classe dominante
Diminuição da indústria – crescimento dos serviços
Decomposição da classe trabalhadora
Crítica de Giddens:
Ocorre uma ampliação da classe capitalista que inclui os executivos e administradores
Há uma classe capitalista, apesar da presença de grupos e estratos e uma classe trabalhadora com interesses opostos
Há desigualdade na distribuição da riqueza
Há falta de mobilidade social - a chance dos de “baixo” subirem na escala social é muito pequena
Questionamento ao conceito chave da teoria da sociedade industrial;
Houve de fato a INSTITUCIONALIZAÇÃO do conflito de classes? 
É possível generalizar para todo o ocidente?
Por que a classe trabalhadora não transformou o capitalismo?
A incorporação da classe trabalhadora ao sistema capitalista é diversa e heterogênea
Casos da Inglaterra, EUA, França, Itália, Suécia, Alemanha são diferentes.
É possível a generalização? 
Dahrendorf e Marshall: noções da TSI
As sociedades contemporâneas desenvolvem os três tipos de cidadania: civil, política e social
A pressão da classe trabalhadora - explica o Estado do bem estar social
A luta pela cidadania no capitalismo prevalece ao invés da luta de classes
As lutas de classes não ameaçam mais a ordem capitalista
O eixo do processo é a inclusão social, o bem-estar, e a ampliação da cidadania
Na prática isto envolve pleno emprego, direitos sociais - educação, saúde, previdência
Os direitos de participação política desmontam as propostas de transformação revolucionária da sociedade e do estado.
O argumento crítico (Giddens assume a posição da teoria marxista):
O exemplo do contrato de trabalho - há liberdade, mas o assalariado não possui propriedade
Os direitos de cidadania são resultados das lutas sociais
O desenvolvimento do sindicalismo - sua institucionalização – é também expressão das lutas de classes entre capital e trabalho
Como fica o debate?
Marshall - estado do bem-estar social é o fim do processo de mudança
Dahrendorf - as sociedades avançadas apontam para uma ordem pós-capitalista e também pós-industrial
Giddens - as sociedades mudaram pelos resultados das lutas sociais e de classes (principalmente devido a classe trabalhadora organizada) mas continuam sendo capitalistas e de classes. Isto porque: 
A produção visa o lucro - predomínio da mercadoria e do capital
A propriedade privada permanece muito desigual
O conflito de classes continua sendo importante para a economia e a política
NOVAS CLASSES E NOVAS TECNOLOGIAS
A emergência e expansão das classes médias - não estavam previstas por Marx – e constituem a base social de legitimação do capitalismo versus o socialismo.
A classe média - fator estabilizador - fragmenta e decompõe a classe trabalhadora; o proletariado é cada vez mais absorvido pela classe média; a classe média tem força política nas sociedades contemporâneas.
Em contraponto, a teoria da sociedade capitalista: ocorre a proletarização da classe média; a análise do capitalismo contemporâneo vai incorporar as classes médias dentro da estrutura de classes; as crises atingem as classes médias.
O desafio é como incorporar esses segmentos nas lutas operárias - alianças de classe. E isso é possível pois os setores médios também são assalariados.
As novas tecnologias - informação - implicam em aprofundamento dessas mudanças nas classes sociais. A sociedade de serviços aponta para uma ordem pós-industrial e pós-capitalista.
Em conclusão: o debate continua e remete a questão política e do estado no contexto contemporâneo.
Capítulo 4
O Estado Moderno
Destaque ao papel cada vez maior desempenhado pelo Estado 
Expansão das atividades do Estado 
O Estado será o espaço privilegiado do encaminhamento dos conflitos sociais e das lutas de classe
CONCEPÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O ESTADO (MARX, DURKHEIM, WEBER)
Debate oriundo dos clássicos
ESTADO E A BUROCRACIA - MAX WEBER - PROCESSO DE BUROCRATIZAÇÃO
ESTADO FUNCIONAL DE DURKHEIM 
Versus 
ESTADO CAPITALISTA - ESTADO SOCIALISTA (Marx)
CONCEPÇÕES RECENTES (MILIBAND, POULANTZAS, OFFE)
Marx - concepção unitária de estado - comitê executivo da burguesia ou aparato mais amplo para assegurar a continuidade da ordem capitalista
Dahrendorf - concepção pluralista - grupos e interesses diversos
Discussão mais recente - autonomia relativa do estado
Como entender o estado do bem estar social?
Estado busca o equilíbrio entre as classes sociais - tributação, políticas públicas, fundos públicos etc...
Um debate atual
 Mercantilização (critérios econômicos) x desmercantilização (critérios sociais) da sociedade - o que é público e o que é privado?
Partidos Trabalhistas e Socialistas x Partidos Liberais e conservadores
Polêmica atual envolve o papel do Estado - privatização, previdência, desemprego
Mais mercado ou mais estado - a quem interessa essa discussão?
Ver “Dois projetos em disputa” – Eduardo Fagnani 
Posição de Giddens - há outras possibilidades - formas mais avançadas de democracia participativa nas sociedades contemporâneas = esboço da TERCEIRA VIA.

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