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Saude Mental

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Prévia do material em texto

Saúde Mental
SEST - Serviço Social do Transporte
SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
Qualquer parte dessa obra poderá ser reproduzida,
desde que citada a fonte.
Fale Conosco
0800 728 2891
ead.sestsenat.org.br
3
Sumário
Apresentação 6
Unidade 1 | O que é Saúde Mental? 7
1. O que é Saúde Mental? 8
1.1. Uma Definição em Andamento 8
1.1.1. Da Possessão Demoníaca ao Alívio com Pílulas 9
1.2. Menos Manicômios, Mais Atenção 10
1.2.1. O Horror em Barbacena, Minas Gerais 10
1.3. Humano, um Ser Complexo 11
1.3.1.O Grito de Munch 12
1.4. Cuidados, as Recomendações da Saúde 13
1.4.1. Medicamentos em Excesso 14
Glossário 16
Atividades 17
Referências 18
Unidade 2 | Quando Procurar Auxílio? 20
1. Quando Procurar Auxílio? 21
1.1. O Sofrimento não é uma Condenação 21
Glossário 25
Atividades 26
Referências 27
Unidade 3 | Principais Transtornos da Saúde Mental 28
1. Principais Transtornos da Saúde Mental 29
1.1. Principais Tipos de Transtorno Mental (I) 29
1.1.1. Transtornos Mentais Orgânicos 29
1.1.2. Transtornos do Humor 29
1.1.3. Classificação de Consenso 30
1.2. Principais Tipos de Transtorno Mental (II) 31
1.2.1. Transtornos de Ansiedade 31
4
1.3. Principais Tipos de Transtorno Mental (III) 33
1.3.1. Transtornos Dissociativos 33
1.3.2. Transtornos Somatoformes 33
1.3.3. Transtorno Esquizofrênico 33
1.3.4. Transtornos Alimentares 34
1.3.5. A Palavra-chave é “Misturar” 34
1.4. Direitos 35
Glossário 37
Atividades 38
Referências 39
Unidade 4 | Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas 40
1. Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas 41
1.1. Drogas, Velhas Conhecidas 41
1.2. Lícitas, mas Prejudiciais 43
1.2.1. Direção Após Consumo de Álcool Aumenta Riscos e Gravidade de Acidentes 44
1.3. As Mais Procuradas (I) 45
1.3.1. Álcool 45
1.3.2. Alucinógenos 45
1.3.3. Anfetaminas 45
1.3.4. Benzodiazepínicos 46
1.3.5. Cocaína 46
1.3.6. Guerras e Anfetaminas 46
1.4. As mais Procuradas (II) 47
1.4.1. Inalantes 47
1.4.2. Maconha 47
 1.4.3. Opiáceos ou Opioides 48
1.4.4. Nicotina 48
1.4.4.1. Opiáceos no Combate à Dor 49
Glossário 51
5
Atividades 52
Referências 53
Unidade 5 | O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do Usuário de Álcool e outras Drogas 55
1. O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do Usuário de Álcool e outras Drogas 56
1.1. Uso e Dependência 56
1.1.1. Atenção para a Cachaça 57
1.2. Redução de Danos 58
1.3. Redução de Danos, a Melhor Opção 59
1.4. O Lugar da Família 61
1.4.1. Crack, é Possível Vencer 62
Glossário 64
Referências 65
Atividades 66
Unidade 6 | Prevenção dos Transtornos Mentais 68
1. Prevenção dos Transtornos Mentais 69
1.1. Assunto Complicado 69
1.1.1. Prevenção do Suicídio 69
1.1.2. Setembro Amarelo 70
1.2. Desafio na Emergência 71
Glossário 72
Atividades 73
Referências 74
6
Apresentação
Prezado aluno,
Seja bem-vindo ao Curso Saude Mental! 
Neste curso você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de 
cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos 
você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e 
ajudar na compreensão do conteúdo. 
O curso possui carga horária total de 20h e foi organizado em 6 unidades, conforme a 
tabela a seguir:
Unidade Carga horária
1 - O Que è Saúde Mental 4 horas
2 - Quando Procurar Auxílio 2 horas
3 - Principais Transtornos da Saúde Mental 4 horas
4 - Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso e 
Abuso de Álcool e Outras Drogas
4 horas
5 - O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do Usuário de 
Álcool e outras Drogas
4 horas
6 - Prevenção dos Transtornos Mentais 2 horas
Fique atento! Para concluir o curso, você precisa:
a) navegar pelos conteúdos e realizar as atividades previstas nas “Aulas Interativas”;
b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; 
c) responder à “Avaliação de Reação”;
d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado.
Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de 
dúvidas entre em contato com a suporteead@sestsenat.org.br (0800 7282891).
Bom estudo! 
7
UNIDADE 1 | O QUE É SAÚDE 
MENTAL?
8
1 O que é Saúde Mental?
1.1 Uma Definição em Andamento
Não existe uma definição curta para 
saúde mental. Assim, podemos dizer: 
ter saúde mental é estar de bem 
consigo e com os outros, aceitando 
as exigências da vida. É saber lidar 
com as boas emoções e também com 
as desagradáveis: alegria/tristeza; 
coragem/medo; amor/ódio; serenidade/
raiva; ciúmes; culpa; frustrações. É 
saber reconhecer seus limites e buscar 
ajuda quando necessário.
Essa descrição é bem ampla, não é verdade? Mas esse assunto ficará mais claro à 
medida que você avançar neste curso. Para começar, lembre-se de que saúde mental é o 
contrário de doença mental. E é bem provável que você já tenha visto doentes mentais 
em situação de abandono pelas ruas – são casos extremos. E talvez até parentes ou 
conhecidos com problemas dessa natureza.
No entanto, as doenças mentais – que muitos preferem chamar de transtornos 
mentais – nem sempre são fáceis de perceber, mesmo sendo graves. Por exemplo: 
não se pode afirmar que alguém seja mentalmente sadio só porque vai para o trabalho 
todos os dias, cumpre suas funções e mantém uma rotina estável dentro e fora do lar. 
Essa pessoa pode estar sofrendo interiormente. Situações como essa nos impedem de 
chegar a uma definição que não deixe qualquer dúvida sobre o que é saúde mental.
9
 e
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS), uma entidade da 
ONU, evita definir o que seja saúde mental. Isso porque sabe que o 
comportamento das pessoas varia de acordo com a cultura de cada 
povo. O que é considerado “normal” por um grupo humano, pode ser 
visto como algo no mínimo “esquisito” por outro povo.
 h
É bom lembrar que, com o tempo, também a própria cultura 
muda – os costumes e normas, entre outras características 
de uma sociedade. A OMS se preocupa mais em garantir, no 
mundo todo, o respeito aos direitos humanos de qualquer 
pessoa que sofra de transtorno mental. Tem razão, pois o 
sofrimento daqueles que são considerados loucos marca 
profundamente a história da humanidade até hoje.
1.1.1 Da Possessão Demoníaca ao Alívio com Pílulas
No passado bem distante, os chamados de loucos eram considerados possuídos pelo 
demônio. Ninguém os queria por perto. Até os anos 1500, esses doentes costumavam 
ser expulsos das cidades. Muitas vezes foram embarcados, à força, nas chamadas “naus 
dos loucos”, que os levavam de um lugar para outro, numa viagem praticamente sem 
fim.
Até que, em 1563, o médico holandês Johann Weyer acabou com a ideia de que a loucura 
era obra do demônio, afirmando que tinha causas naturais. E os doentes passaram a 
ser internados. Mas só em 1793 foi construído um hospício para que fossem separados 
de outras pessoas encarceradas.
10
No entanto, durante todo esse tempo, os tratamentos a que eram submetidos muitas 
vezes não passavam de suplícios terríveis, que jamais poderiam curá-los. Desde então, 
o estudo dos problemas mentais avançou bastante, por vários caminhos.
Mas, no da psiquiatria, os tratamentos só melhoraram a partir de 1950, quando surgiu 
a droga clorpromazina, na França, usada ainda hoje para o tratamento da esquizofrenia 
– um tipo de transtorno mental grave. 
1.2 Menos Manicômios, Mais Atenção
Séculos depois de construir os primeiros hospícios, a Europa foi a primeira a começar 
a derrubá-los, com o chamado “movimento antimanicomial”,iniciado na Itália, nos 
anos 1970. Esse movimento não demorou a chegar ao Brasil, onde, na década de 1980, 
mais de 100 mil pessoas viviam internadas nos hospícios. De lá para cá, mudou muito a 
forma de tratar os problemas mentais no país.
Em 2001, foi sancionada uma lei que afirma os direitos das pessoas portadoras de 
transtornos mentais. Essa lei modificou o modelo de assistência em saúde mental. 
Assim, houve uma verdadeira reforma psiquiátrica, com o fechamento de hospitais 
para doentes mentais.
O objetivo dessas mudanças foi permitir aos portadores de transtornos mentais 
exercerem seus direitos como cidadãos. Assim, o sistema de saúde ampliou o alcance 
de sua assistência a essas pessoas, não ficando mais somente no controle dos sintomas 
provocados pelos transtornos mentais. De um lado, a política de saúde mental procura 
levar o interessado de volta ao convívio da comunidade. De outro, estimula a sociedade 
a reconhecer a existência de pessoas “diferentes”.
1.2.1 O Horror em Barbacena, Minas Gerais
No começo do século 20, foi instalado em Barbacena, Minas Gerais, um hospício com 
o nome de Colônia. Ao longo de décadas, ali foram internados à força milhares de 
epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas e outros “indesejáveis”.
11
Até mesmo mulheres das quais os maridos queriam se livrar por qualquer motivo. E 
a esmagadora maioria dos internados não era constituída de doentes mentais. Na 
Colônia, essas pessoas foram torturadas, violentadas e sofreram carências de todo o 
tipo.
Estima-se que houve 60 mil mortes no hospício de Barbacena – um verdadeiro 
genocídio. Nos períodos de maior ocorrência de mortes, em média 16 pessoas perdiam 
a vida a cada dia. E uma contabilidade macabra revelou que, entre 1969 e 1980, 1.853 
corpos saídos do manicômio foram vendidos a 17 faculdades de medicina do país. 
1.3 Humano, um Ser Complexo
Todos nós temos uma história de vida, 
com experiências variadas em diversas 
circunstâncias. A memória do passado, 
tudo o que aprendemos, faz parte de 
nosso presente: é a partir dessa “base” 
que enxergamos o mundo e projetamos 
nosso futuro. Também temos nossa 
cultura, noções do que é normal e do 
que não é; temos atitudes frente aos 
problemas da vida e valores morais. A 
cultura determina a maneira como nos 
relacionamos com as outras pessoas, 
desempenhando vários papéis: pai, mãe, filho, filha, profissional, namorado, namorada, 
amiga, amigo, parente etc.
E somos seres políticos, com direitos, obrigações e possibilidades de agir sobre o 
mundo que nos rodeia e na relação com as pessoas. Temos uma vida de trabalho, que 
está relacionada a nosso sustento e, muitas vezes, ao de nossa família. Também temos 
nossa intimidade, nosso mundo pessoal, com seus recantos secretos que nem sempre 
revelamos a alguém.
Portanto, nossa identidade corresponde a um conjunto de papéis. Se nossa atuação 
se mantém equilibrada ao longo da vida, sempre teremos a sensação de sermos os 
mesmos, embora possamos perceber que nos transformamos a cada dia.
12
 e
Se surgir um sofrimento interior muito intenso, considerado 
psíquico, terá chegado a hora em que a pessoa deverá ser 
cuidada, deverá receber atenção.
1.3.1 O Grito de Munch
Edvard Munch (1863-1944), artista norueguês, pintou o 
famoso quadro O Grito – Um Retrato do Desespero, que 
reflete seu estado interior. Munch, quando criança, perdeu 
a mãe e uma de suas irmãs, tendo sido criado pelo pai, muito 
controlador.
Mais tarde, Laura, outra irmã, foi internada em asilo 
psiquiátrico. Munch, por sua vez, depois de romper com o 
pai, acabou por se envolver com uma mulher casada, o que 
só lhe trouxe mágoa e desespero. O estado de espírito que 
o levou a pintar o quadro está bem claro nas linhas que 
escreveu no seu diário, em 1883:
“Passeava com dois amigos ao pôr do sol – o céu ficou de 
súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta – havia 
sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fiorde e sobre a cidade – os meus 
amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito 
da Natureza.”.
O grito, Edvard Munch, 1893. 
Óleo sobre tela, têmpera e 
pastel sobre cartão. Galeria 
Nacional, Oslo.
13
 a
O fenômeno que inspirou Munch
A partir de agosto de 1883, durante bom tempo, os céus 
do mundo inteiro passaram a apresentar uma tonalidade 
vermelha muito forte e brilhante ao entardecer. O fenômeno 
que inspirou Munch foi resultado de cinzas vulcânicas em 
suspensão na alta atmosfera, lançadas pelo vulcão Krakatau, 
da Indonésia.
1.4 Cuidados, as Recomendações da Saúde
Para atuar, as equipes do Ministério da Saúde, ligadas à saúde mental, levam em 
conta o fato de que cada pessoa é um conjunto de várias dimensões. A orientação que 
recebem é a de considerar a totalidade de cada pessoa. E nessa abordagem integral, 
identificar quais transformações ocorreram, o que está provocando adoecimento e o 
que está em vias de causar adoecimento. Assim será possível elaborar estratégias de 
intervenção para dissipar os fatores causadores de sofrimento e ajudar a pessoa a 
retomar, ou redirecionar, sua vida. Esse trabalho, feito com os usuários do sistema e 
seus familiares, é chamado de Projeto Terapêutico Singular.
Ou seja, um projeto terapêutico é um plano de ação compartilhado, composto por um 
conjunto de intervenções que objetiva proporcionar cuidado integral à pessoa. Nesse 
projeto, tratar das doenças não é menos importante, mas é apenas uma das ações que 
visam ao cuidado integral.
Um Projeto Terapêutico Singular deve ser elaborado com o usuário, a partir de uma 
primeira análise do profissional sobre as múltiplas dimensões do sujeito. Cabe ressaltar 
que esse é um processo dinâmico, uma vez que a própria relação entre o profissional e 
o usuário está em constante transformação.
14
1.4.1 Medicamentos em Excesso
A reforma psiquiátrica foi benéfica para a saúde mental no Brasil, mas ainda há muito 
o que fazer nesse campo. Por exemplo: as pessoas com transtornos mentais foram 
sendo libertadas dos manicômios, mas muitas delas seguem aprisionadas em suas 
casas, sujeitas a tratamentos com drogas que não têm prazo para terminar.
Estudantes de medicina da 
Universidade de Campinas, em 
trabalho de campo, relataram ter 
encontrado pacientes que tomavam 
até nove diferentes medicamentos 
psiquiátricos ao mesmo tempo. 
Embora fossem epilépticas, 
essas pessoas nunca haviam sido 
examinadas por um neurologista.
Esses alunos da Unicamp 
frequentaram um bairro pobre de 
Campinas durante dois anos. No 
relatório que publicaram em 2014, reforçam a ideia de que os projetos terapêuticos 
singulares, bem elaborados e bem conduzidos, podem ser a chave para a questão.
15
Agora é com Você!
Assista aos vídeos indicados e descubra mais sobre o que foi estudado 
nesta unidade.
• Bate Papo na Saúde. Os convidados desse Bate Papo debatem, entre 
outros assuntos, os avanços da saúde mental no país, as dificuldades de 
acesso às regiões isoladas e a valorização do saber tradicional.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=HjjRTPKAT9c.
• Ciência e Letras. Nesse programa um médico e uma médica psiquiatras, 
ambos professores e pesquisadores, conversam sobre o livro “Políticas e 
Cuidado em Saúde Mental”.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=MSFFaCono1I.
• Visite o site da mostra Nise da Silveira - Vida e Obra, uma retrospectiva 
biográfica da psiquiatra que revolucionou os métodos de atendimento ao 
portador de transtornos mentais no Brasil.
Disponível em http://www.ccms.saude.gov.br/nisedasilveira/index.php.
Muito bem, você concluiu o conteúdo desta unidade. Agora, você está 
apto para testar seus conhecimentos na bateria de questões sobre esta 
unidade deseu curso. Ao finalizar esta etapa, prossiga em seus estudos.
16
Glossário
Dissipar: Fazer desaparecer.
Fiorde: Reentrância marítima de grande porte, maior do que a baía, sinuoso, escarpado, 
profundo e geralmente de grande extensão.
Hospício: Hospital para loucos; manicômio.
Nau: Navio antigo.
Psiquiatria: Ramo da medicina que trata de pessoas com problemas mentais.
Suplício: Tortura.
Transtorno mental: Perturbação da saúde mental.
17
 d
1 - No passado, os chamados de loucos eram considerados 
possuídos pelo demônio. Ninguém os queria por perto e 
esses doentes costumavam ser expulsos das cidades.
( ) Certo ( ) Errado
2 - Sobre a definição de saúde mental, é correto afirmar:
( ) Saúde mental é não possuir enfermidade alguma.
( ) Ter saúde mental é estar bem consigo e com os outros, 
aceitando o que a vida nos coloca. 
( ) Saber lidar com emoções contraditórias não significa ter 
saúde mental. 
( ) Saúde mental é o estado de mais completo bem-estar 
físico.
3 - Por que a Organização Mundial da Saúde (OMS) evita 
definir o que seja saúde mental?
( ) Os transtornos mentais são fáceis de perceber, mas 
difíceis de tratar. 
( ) O comportamento das pessoas varia em diferentes 
culturas, mudando com isso o conceito de normalidade. 
( ) Classificar uma doença como transtorno mental piora o 
estado de saúde dos pacientes. 
( ) Os transtornos mentais incapacitam a pessoa ao 
trabalho. 
Atividades
18
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Saúde mental. 2016. 
Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=11359&Itemid=693>. Acesso em: 28 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34). 
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_34_
saude_mental.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Exposição Fotográfica Saúde 
Mental: Novo Cenário, Novas Imagens. Programa de Volta para Casa. Cartilha de Monitoria 
Editora do Ministério da Saúde, 2009. (Série I. História da Saúde no Brasil). Disponível em <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/exposicao_fotografica_saude_mental.pdf>. Acesso em: 
29 abr. 2016. 
_______. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos. 
Memória da loucura: apostila de monitoria. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. (Série 
I. História da Saúde no Brasil). Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
memoria_loucura_apostila_monitoria_2ed.pdf>. Acesso em 29 abr. 2016.
BRASIL. Secretaria de Saúde do Paraná. Definição de Saúde Mental, [s.d.]. Disponível em: 
<http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1059>. Acesso em: 
28 abr. 2016.
DORIGATTI, A.; ESCOCIA et al. Projeto terapêutico singular no âmbito da saúde mental: uma 
experiência no curso de graduação em medicina. ., Rio de Janeiro, v. 38, n. 1, p. 113-119, mar. 
2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbem/v38n1/15.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2016.
ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Expressionismo. Portal da internet, 2016. Disponível em: 
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3784/expressionismo>. Acesso em: 28 abr. 2016.
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. Pense mais… SUS. Saúde mental. Disponível em: <http://
pensesus.fiocruz.br/saude-mental>. Acesso em: 7 mar. 2016.
GOULART, M. S. B. As raízes italianas do movimento antimanicomial. São Paulo: Casa do 
Psicólogo, 2007. 
OMS – Organização Mundial da Saúde. Comunicado de prensa: Informe sobre la salude en el 
mundo 2001. Disponível em: <http://www.who.int/whr/2001/media_centre/en/whr01_press_
release_es.pdf?ua=1> Acesso em: 7 mar. 2016.
19
PALOMBA, G. A. Da Nau dos Loucos à Clorpromazina. Revista Ser Médico. Ed. 70, jan./fev./mar., 
2015, págs. 22 – 25. São Paulo, Cremesp.
SABER CULTURAL. O grito. Edvard Munch. Disponível em: <http://www.sabercultural.com/
template/obrasCelebres/O-Grito-Edvard-Munch.html>. Acesso em: 28 abr. 2016.
 
20
UNIDADE 2 | QUANDO 
PROCURAR AUXÍLIO?
21
1 Quando Procurar Auxílio?
1.1 O Sofrimento não é uma Condenação
As pessoas são seres complexos, com o psiquismo 
influenciado por suas relações com outros humanos e 
suas próprias ações vida afora. Uma doença, ou transtorno 
mental, causando sofrimento, pode quebrar a unidade/
identidade de uma pessoa. Assim, alguns critérios ajudam 
na decisão de quando procurar um especialista em saúde 
mental para tratamento.
O primeiro desses critérios é o da normalidade de nossas 
ações e posturas. Normal seria o comportamento mais 
frequente, definido pela maioria. Mas o conceito de 
normalidade é bastante subjetivo e variável. Por exemplo, 
o comportamento dos latinos pode ser visto pelos nórdicos 
ou orientais como histérico ou muito expansivo e, quem 
sabe, anormal. Por isso, o critério de “normalidade” não 
pode ser absoluto.
Conseguir “funcionar” é sempre um indicador de saúde mental. E o contrário, poderá 
indicar que algo não está bem. A pessoa deve perguntar a si mesmo: houve mudanças 
nos meus hábitos e rotinas? E essas mudanças interferem e atrapalham a minha vida 
ou a vida dos outros, em casa, na escola ou no trabalho?
O terceiro critério é a pessoa perceber se está sofrendo. Aprender a tolerar e a 
aceitar o sofrimento é importante. Mas não temos de encará-lo como se estivéssemos 
condenados a uma dor sem fim. Se isso acontecer, vale a pena a pessoa buscar ajuda.
22
 a
Psicólogo ou psiquiatra? 
Para o tratamento de um transtorno mental, o interessado 
pode procurar um psiquiatra ou um psicólogo. O psiquiatra é 
médico, tendo cursado seis anos de medicina e feito de dois 
a três anos de residência em psiquiatria. O psicólogo cursa 
psicologia durante cinco anos e depois se especializa em uma 
área, escolhendo um determinado tipo de abordagem no 
tratamento de seus clientes.
O psiquiatra atua primeiro identificando o transtorno mental 
que afeta a pessoa examinada. Depois receita o medicamento, 
ou medicamentos, que julga mais adequados para o 
tratamento. O psicólogo não diagnostica problemas mentais. 
Quando cuida de uma pessoa, procura descobrir as causas, o 
porquê de seu adoecimento. O psicólogo trata os transtornos 
mentais por meio de técnicas psicoterápicas, em que o diálogo 
com o paciente é o recurso mais importante.
Mas a atuação de um desses profissionais nem sempre elimina 
a necessidade do trabalho do outro. Principalmente nos casos 
graves, nos quais o paciente faz a psicoterapia com o psicólogo 
e toma os remédios receitados pelo psiquiatra.
1.2 O Diagnóstico em Psiquiatria
Chegar a um diagnóstico psiquiátrico correto nem 
sempre é fácil e pode levar tempo. Dentre as técnicas 
utilizadas pelos psiquiatras, a entrevista é a mais 
importante. Por meio das conversas com o médico, 
o paciente lhe contará sua história. E no decorrer 
desses encontros, o psiquiatra estará atento aos 
sinais e sintomas de transtornos mentais emitidos/
exibidos pelo doente. Além das entrevistas, o 
psiquiatra também poderá contar com os resultados 
de testes e questionários aplicados por psicólogos. 
23
Existem diversas modalidades de exames que exploram aspectos físicos do cérebro. 
Mas a maioria é de uso limitado e pouco frequente. Nesse caso, se enquadram a 
ressonância magnética nuclear, a tomografia cerebral e a tomografia de emissão de 
pósitrons. A exceção é feita pelo eletroencefalograma que, com o registro poligráfico 
do sono, é usado na detecção de problemas do sono, como a apneia.
A classificação internacional dos distúrbios de sono lista 85 transtornos, divididos em 
8 grupos. A insôniainteressa de perto à psiquiatria, pois cerca de 40% dos insones 
sofrem de transtornos psíquicos, com destaque para a depressão e a ansiedade. E a 
insônia constitui problema de saúde pública, pois afeta boa parte da população.
 h
Paul Ferdinand Gachet (1828-1909), foi um médico homeopata 
entusiasmado por psiquiatria - a sua tese de graduação 
em Medicina foi sobre “melancolia”. Ele tratou o famoso 
pintor Vincent van Gogh (1853-1890) durante os 72 dias que 
antecederam seu suicídio. O doutor Gachet, único médico 
a aceitar as pinturas de Van Gogh como remuneração pelas 
consultas, é citado carinhosamente em uma das cartas do 
pintor a seu irmão Théo. Em 4 de junho de 1890, Van Gogh 
escreveu: 
“Ele me pareceu na verdade tão doente e perturbado quanto 
você e eu, e ele é mais velho e perdeu há poucos anos sua 
mulher; mas é muito médico e sua profissão e sua fé o 
sustentam, contudo. Já somos muito amigos […]” (VAN GOGH, 
1997, p. 168)
24
Agora é com Você!
Assista aos vídeos indicados e descubra mais sobre o que foi estudado 
nesta unidade.
• Canal Saúde Fiocruz. Programa Unidiversidade. Arteterapia.
A arte pode ser uma forma de expressar o mundo interior. Por meio 
dela é possível encontrar a cura e motivação para tocar a vida. Conheça 
mais sobre seus benefícios neste programa, que tem a participação de 
profissionais com diferentes formações e artesãos, proporcionando 
uma perspectiva complementar e interessante para a conhecimento da 
Arteterapia. 
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=s6Nd7CzWj3Y.
• TV Brasil. Programa Ser Saudável. Alterações do Sono.
A má alimentação, a correria do dia a dia e as preocupações da vida 
moderna intensificam o período de trabalho e reduzem o tempo de sono. 
Uma noite maldormida interfere no desempenho profissional e pessoal. 
É durante o sono noturno que o corpo descansa e o cérebro desempenha 
funções importantes. Este programa mostra que é possível tratar 
problemas relacionados ao sono.
Disponível em https://www.youtube.com/
watch?v=3utyQ9vqWeU&list=PL99597D7F6C553425&index=27
Ótimo, você acaba de finalizar a unidade e está apto a testar seus 
conhecimentos nas questões referentes a ela. Prossiga em seus estudos 
para concluir o restante de seu curso.
25
Glossário
Apneia: Suspensão momentânea da respiração.
Critério: Norma ou regra de avaliação, de escolha.
Histérico: Pessoa extremamente nervosa e exaltada.
Insone: Aquele que tem insônia, que não dorme.
Poligráfico: Gráfico feito por meio de um aparelho que serve para registrar 
simultaneamente várias funções psicológicas e fisiológicas.
Psicoterapia: Qualquer das várias técnicas de tratamento de doenças e problemas 
psíquicos
Psiquismo: Conjunto dos processos mentais.
Subjetivo: Válido para um só sujeito; individual, pessoal, particular.
26
 d
1 - Por que a doença mental, ou transtorno mental, causa 
sofrimento?
( ) Substitui uma certeza por muitas dúvidas.
( ) Ameaça quebrar a unidade/identidade da pessoa. 
( ) O diagnóstico é muito doloroso.
( ) O tratamento é sempre demorado.
3 - O poligráfico é o gráfico feito por meio de um aparelho 
que serve para registrar simultaneamente várias funções 
Hepáticas e fisiológicas.
( ) Certo ( ) Errado
27
Referências
BEZERRA, A. J. C. Admirável mundo médico: a arte na história da medicina. 3 ed. 
Brasília: Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção 
Básica, n. 34). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_
atencao_basica_34_saude_mental.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. 
Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de 
enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de 
Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: 
<bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad7.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.
FIGUEIREDO, D. O que é doença mental? Quando procurar ajuda? MultiClínica, 
Portugal, 2016. Disponível em: <www.multiclinica.pt/docs/12.pdf>. Acesso em: 20 abr. 
2016.
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz. Pense mais… SUS. Saúde mental. Disponível em: 
<http://pensesus.fiocruz.br/saude-mental>. Acesso em: 7 mar. 2016.
INSTITUTO DO SONO E TRANSTORNOS MENTAIS. Distúrbios do Sono. Medicina do 
Sono. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://institutosonoemente.com.br/
disturbios-do-sono>. Acesso em: 28 abr. 2016.
OMS – Organização Mundial da Saúde. Comunicado de prensa: Informe sobre la salude 
en el mundo 2001. Disponível em: <http://www.who.int/whr/2001/media_centre/en/
whr01_press_release_es.pdf?ua=1> Acesso em: 7 mar. 2016.
PSICOLOGIA RIBEIRÃO PRETO. Quais as diferenças entre o psicólogo e o psiquiatra? 
Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.ribeiraopretopsicologia.com.br/
quais-as-diferencas-entre-o-psicologo-e-o-psiquiatra>. Acesso em: 28 abr. 2016.
VAN GOGH, V. Cartas a Théo. Porto Alegre: L&PM, 1997.
 
28
UNIDADE 3 | PRINCIPAIS 
TRANSTORNOS DA SAÚDE 
MENTAL
29
1 Principais Transtornos da Saúde Mental
1.1 Principais Tipos de Transtorno Mental (I)
Cada transtorno mental engloba um conjunto de sintomas, indicadores do sofrimento 
psíquico que atinge a pessoa doente. A seguir, a lista dos mais importantes.
1.1.1 Transtornos Mentais Orgânicos
São provocados por doenças ou 
lesões que levam a um funcionamento 
anormal do cérebro. A demência 
merece atenção especial por ser 
muito frequente, destacando-se 
nesse grupo a doença de Alzheimer. 
Transtornos orgânicos prejudicam a 
memória, o pensamento racional, as 
capacidades de compreensão de fatos, 
de aprendizagem e de orientação 
espacial, entre outras. As pessoas 
afetadas tendem a perder o controle 
de esfíncteres e hábitos de higiene e 
alimentação.
1.1.2 Transtornos do Humor
A depressão é o mais notável, também pela frequência: atinge 20% dos que buscam 
auxílio. Pode ser leve, moderada ou grave. Embora deprimidas, algumas pessoas, 
conseguem desempenhar suas atividades cotidianas. Mas costumam reclamar da falta 
30
de ânimo e de não sentir interesse por nada. Também se queixam de distúrbios do 
sono e de alimentação. E podem perder a autoconfiança, acalentando ideias de culpa e 
inutilidade, além de visões pessimistas quanto ao futuro. No limite, chegam ao suicídio.
A mania é o oposto da depressão. E também apresenta gradações entre as formas mais 
suaves e as mais graves. As pessoas atingidas agem em ritmo acelerado, falando muito 
e mudando de assunto com frequência. Devido ao excesso de energia, têm dificuldade 
para dormir. Eufóricas, apresentam autoestima exagerada, podendo ter a sexualidade 
exacerbada. Às vezes, o quadro evolui para episódios psicóticos e a pessoa passa a 
apresentar delírios e alucinações.
O transtorno bipolar se caracteriza ora por mania, ora por depressão. As pessoas quase 
nunca apresentam apenas um quadro de mania, conforme o item anterior. Em geral 
intercalam episódios de mania com quadros depressivos. O transtorno bipolar também 
pode ser mais leve ou mais grave.
1.1.3 Classificação de Consenso
Apesar dos avanços da ciência, a mente humana e seu funcionamento continuam a ser 
um grande mistério. Por isso existem várias teorias para explicar os transtornos mentais, 
com base em fatores psicológicos, ou ambientais, ou biológicos. No entanto, qualquer 
que seja a orientação do psicólogo ou psiquiatra, há uma experiência acumulada no 
trato com os doentes que eles precisam discutir e dividir entre si.
Para criar uma linguagem comum, comissões de profissionaisse reúnem de tempos 
em tempos para rever as classificações internacionais de doenças mentais. No Brasil, a 
mais utilizada é a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças — décima revisão), da 
Organização Mundial de Saúde (OMS).
A CID 10 classifica os transtornos mentais e de comportamento usando como critérios 
os próprios sinais e sintomas de cada quadro mental. Mas não trata das causas. Para 
evitar a discriminação, nessa revisão o termo transtorno substituiu doença e distúrbio, 
que eram empregados antes. Transtorno engloba um conjunto de sintomas que 
geralmente causam sofrimento e interferem nas funções que a pessoa necessita 
exercer em sua vida.
31
 b Sobre Alzheimer e vários outros transtornos orgânicos vale a pena visitar o site da Abraz – Associação Brasileira de Alzheimer, que apresenta material de grande interesse. Disponível em 
http://abraz.org.br. (Acesso em 28 abr. 2016.)
1.2 Principais Tipos de Transtorno Mental (II)
1.2.1 Transtornos de Ansiedade
Os transtornos de ansiedade são os que mais levam gente aos consultórios de 
psiquiatras e psicólogos. Os mais importantes são listados a seguir:
O paciente com transtorno de ansiedade generalizada permanece em constante 
estado de irritabilidade, impaciência, apreensão. Geralmente reclama de tensão, 
suores constantes, tonturas, mal-estar gastrintestinal, palpitações e dificuldade para 
dormir.
Nos transtornos fóbico-ansiosos, os sintomas de ansiedade ocorrem diante de situações 
ou objetos bem definidos.
A fobia social é o medo de expor-se, mesmo para grupos pequenos, em situações 
informais.
As fobias específicas referem-se ao medo de objetos ou situações, tais como viagens 
de avião, altura, animais.
32
A agorafobia é o medo excessivo de multidões, de espaços abertos, ou de ambientes 
em que haja dificuldade de fuga (lojas, teatros, veículos de transporte coletivo, túneis 
e elevadores).
O transtorno de pânico é aquele em que a pessoa experimenta diversos sintomas: 
coração acelerado, dor no peito ou no estômago, suores, tremores, dormências, 
tonturas, náuseas e outros. E tem a sensação de que vai morrer ou perder totalmente 
o controle (ter um desmaio ou amnésia irreversível).
O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é um transtorno de ansiedade no qual o 
indivíduo desenvolve pensamentos ou ações repetitivas que não consegue controlar. 
O indivíduo com TOC poderá tomar banhos longos e repetidos, por medo de ser 
contaminado por bactérias existentes no ar.
O transtorno de estresse pós-traumático é típico de pacientes que sofreram algum 
tipo de violência (estupro, catástrofes, sequestros). Nesses casos, a lembrança do 
evento traumático faz com que a pessoa desenvolva reações como entorpecimento, 
sonolência, perda de memória e da capacidade de concentrar-se.
 h
Um sequestro sem traumas
Manter pessoas como reféns em uma ação violenta é um sequestro, 
tecnicamente. Foi o que aconteceu em 23 de agosto de 1973, em Estocolmo, 
capital da Suécia. Um assaltante entrou em um banco, armado com 
metralhadora e explosivos, e fez quatro funcionários reféns. A polícia não 
demorou a cercar o prédio, seguindo-se aquelas cenas bem típicas de filmes 
de ação: negociações, ameaças, exigências etc. Estavam presentes todos os 
elementos que poderiam desencadear uma tragédia.
Mas não foi o que aconteceu. Os reféns se tornaram amigos do sequestrador, 
convivendo com ele seis dias dentro do banco. Durante o cativeiro, Kristin 
Enmark, porta-voz dos reféns, nas conversas telefônicas mantidas com 
o primeiro-ministro sueco, Olof Palme, claramente tomou partido do 
sequestrador, que terminou por se render. Tudo terminou bem e a psicologia 
ganhou mais uma categoria para estudar: a “Síndrome de Estocolmo”, em 
que um refém (ou reféns) cria uma relação afetiva, de cumplicidade, com seu 
sequestrador (ou sequestradores). A partir daí, a definição se amplia para 
incluir também outras situações em que, baseado no episódio descrito, a 
vítima se identifica com seus agressores.
33
1.3 Principais Tipos de Transtorno Mental (III)
1.3.1 Transtornos Dissociativos
São aqueles em que o paciente parece perder, parcial ou totalmente, o controle de 
algumas funções como a memória, a ideia de si mesmo e movimentos corporais. Dentre 
os tipos de dissociação que o paciente pode apresentar, há o transtorno de transe 
ou possessão – a pessoa age como que possuída por outra personalidade, espírito ou 
força.
1.3.2 Transtornos Somatoformes
Os portadores desse tipo de transtorno procuram constantemente os médicos, 
queixando-se de supostos problemas físicos, que jamais são descobertos pelos exames 
clínicos. Esses pacientes se sentem ofendidos e resistem quando são encaminhados 
para o setor de saúde mental.
1.3.3 Transtorno Esquizofrênico
A esquizofrenia é transtorno mental dos mais graves, em geral identificado com a 
“loucura”, por apresentar sintomas que contrariam frontalmente a ideia comum do que 
seria a “normalidade”. O esquizofrênico sofre alucinações: vê, ouve e sente coisas que 
não são reais. E sua postura é característica. Ele tanto pode ficar imóvel como balançar 
o corpo para frente e para trás, durante longos períodos. A comunicação com o doente 
é bastante complicada: ele pode se fechar em completo mutismo, ou expressar ideias 
34
incoerentes. Assim como em outros transtornos, há diferentes graus de esquizofrenia. 
Algumas pessoas, com o apoio da família, podem desempenhar atividades diárias e 
manter esse transtorno sob controle.
1.3.4 Transtornos Alimentares
O mais frequente e mais grave talvez seja a anorexia nervosa: a pessoa não consegue 
comer e pode chegar a uma perigosa desnutrição, necessitando de tratamento 
hospitalar. Com bulimia, o doente provoca vômitos após as refeições, com medo de 
ganhar peso. E quem sofre de hiperfagia come de forma compulsiva.
1.3.5 A Palavra-chave é “Misturar”
No Brasil, a Rede Nacional Internúcleos da 
Luta Antimanicomial briga para acabar com 
os hospícios e manicômios e mudar a forma 
de tratamento dos ditos “loucos”.
Os benefícios de se tratar os pacientes com 
transtornos mentais em lugares de convívio 
social são inúmeros. Segundo a psicóloga 
Deusdet do Carmo Martins, nesses locais, 
os pacientes têm a possibilidade de discutir 
de que forma gostariam de ser tratados, 
receber os medicamentos adequados, falar 
sobre suas necessidades - “serem tratados 
como pessoas, não como objetos” – manter 
o relacionamento com familiares e vizinhos, 
expressar seus sentimentos por meio de 
oficinas, ter acesso ao lazer e participar de programas de capacitação para o trabalho.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
Foto de Valter Campanato. Brasília, 2016
35
“É preciso que a sociedade respeite as diferenças. Muitas vezes, a pessoa não tem um 
comportamento normal como todo mundo espera – o normal estatisticamente. Se ela age de 
uma forma diferente, as pessoas estranham. Então, é preciso trabalhar a questão da cultura, 
que a pessoa pode ser diferente e as outras conviverem com ela”, afirmou a psicóloga.
Fonte: Agência Brasil, 18/5/2004. Disponível em http://tinyurl.com/h3z7aoc . Acesso em 20 abr. 2016. (Texto com 
adaptações.)
1.4 Direitos
No Brasil, o Art. 2° da Lei n° 10.216/2001, 
prevê, em seu parágrafo único, que 
qualquer cidadão tem o direito de receber 
toda a informação sobre sua doença e seu 
tratamento. Assim, de acordo com essa lei, 
a pessoa deve:
 “I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas 
necessidades;
 II - ser tratado com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar 
sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho 
e na comunidade;
 III - ser protegido contra qualquer forma de abuso e exploração;
 IV - ter garantiade sigilo nas informações prestadas;
 V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a 
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
 VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
 VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu 
tratamento;
 VIII - ser tratado em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
Fonte: www.conselho.saude.gov.br
36
 IX - ser tratado, preferencialmente, em serviços comunitários de Saúde Mental.”
Observa-se nessa lei que a família, o trabalho e a comunidade recebem lugar de 
destaque, contribuindo para a inserção desse indivíduo no cenário social. Em particular, 
a família é levada a refletir sobre o seu papel no processo de reintegração dessa pessoa, 
embora existam famílias que continuem achando a internação uma solução. 
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de 
Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. 
Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível 
em http://tinyurl.com/jxzxv6h . Acesso em 20 abr. 2016.
Agora é com Você!
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• TV Brasil. Programa Ser Saudável. Depressão e Transtorno Bipolar.
A depressão e o transtorno bipolar são apresentados através de histórias de pessoas 
comuns que superaram o problema. O tratamento e a diferença entre os dois distúrbios 
psíquicos são abordados por especialistas.
Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/depressao-e-transtorno-
bipolar#media-youtube-1.
• TV Brasil. Programa Ser Saudável. Transtornos alimentares.
Especialistas explicam os perigos de uma dieta mal orientada, os perigos da bulimia e da 
anorexia, e o que o paciente precisa saber para evitar estes problemas.
Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/transtornos-
alimentares#media-youtube-1.
• TV Brasil. Programa Ser Saudável. Esquizofrenia.
Especialistas são entrevistados para mostrar como ocorrem as alucinações no cérebro e 
desvendar os mitos e verdades sobre a esquizofrenia. O programa mostra também como 
o tratamento com auxílio de medicamentos e a participação em grupos de apoio ajudaram 
Leonardo no controle da doença e fez com que levasse uma vida sem privações.
Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/esquizofrenia-0#media-
youtube-1.
37
Você acaba de concluir o conteúdo desta unidade. Agora, você pode 
prosseguir para testar o que já aprendeu até este momento de seu 
curso e, na sequência, avançar em seus estudos até finalizar os tópicos 
deste curso. Mãos à obra!
Glossário
Compulsivo: Relativo à compulsão: imposição interna irresistível que leva o indivíduo a 
realizar determinado ato ou a comportar-se de determinada maneira.
Consentâneo: Que cabe bem a determinado caso ou situação; apropriado, adequado, 
conveniente.
Esfíncter: Estrutura muscular que contorna um orifício ou canal natural, permitindo 
sua abertura ou fechamento. No texto, refere-se ao controle das funções fisiológicas 
básicas, a micção e a evacuação.
Eufórico: Estado caracterizado por alegria, despreocupação, otimismo e bem-estar 
físico, mas que não corresponde nem às condições de vida, nem ao estado físico 
objetivo.
38
 d
1 - Assinale a alternativa correta. A Síndrome de Estocolmo” é:
( ) é o nome dado a um estado psicológico particular em que um 
refém (ou reféns) cria uma relação afetiva, de cumplicidade, com seu 
sequestrador (ou sequestradores).
( ) é o nome dado a um distúrbio psíquico de caráter depressivo, 
precedido de esgotamento físico e mental intenso.
( ) é uma doença psicológica grave que provoca oscilação de 
humor, medo de ser abandonado pelos amigos e comportamentos 
impulsivos.
( ) é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), resultante 
de uma desordem genética, e que apresenta muitas semelhanças 
com relação ao autismo.
2 - São exemplos de transtornos de humor:
( ) Euforia, lesão cerebral. 
( ) Depressão, mania.
( ) Falta de memória, demência.
( ) Alzheimer, mania. 
Atividades
39
Referências
ABRAZ – Associação Brasileira de Alzheimer. Sobre Alzheimer. Portal da internet 
ABRAZ, 2016. Disponível em: <http://abraz.org.br/sobre-alzheimer/o-que-e-
alzheimer>. Acesso em: 28 abr. 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 
(Caderno Humaniza SUS; v. 5). Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
saude_mental_volume_5.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. 
Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de 
enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de 
Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: 
<bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad7.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.
DRAUZIO. Anorexia nervosa e bulimia. Portal da internet Dráuzio Varella, 2011. 
Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/anorexia-nervosa-e-
bulimia>. Acesso em: 28 abr. 2016.
EBC – Portal EBC. Agência Brasil. Entidades lutam para acabar com internação de 
doentes mentais em manicômios. Portal da internet EBC, 2004. Disponível em: <http://
memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2004-05-18/entidades-lutam-para-acabar-
com-internacao-de-doentes-mentais-em-manicomios>. Acesso em: 13 out. 2016.
GALENO, A. Transtornos mentais. Disponível em: <http://www.galenoalvarenga.com.
br/transtornos-mentais>. Acesso em: 26 abr. 2016.
LAMELA, A. Crime que originou “Síndrome de Estocolmo” completa 40 anos. Portal 
da internet Exame, 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/
noticias/crime-que-originou-sindrome-de-estocolmo-completa-40-anos>. Acesso em: 
28 abr. 2016.
PSICNET. CID-10 - Classificação Internacional de Doenças. Portal da internet. 2016. 
Disponível em: <http://www.psicnet.psc.br/v2/site/dicionario/?cod=3>. Acesso em: 21 
abr. 2016.
40
UNIDADE 4 | TRANSTORNOS 
MENTAIS E COMPORTAMENTAIS 
DEVIDO AO USO E ABUSO DE 
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
41
1 Transtornos Mentais e Comportamentais Devido 
ao Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas
1.1 Drogas, Velhas Conhecidas
Segundo a Organização Mundial 
de Saúde (OMS), droga é qualquer 
substância química, não produzida por 
nosso organismo, que tenha a capacidade 
de alterar seu funcionamento. As que 
nos interessam agora são as chamadas 
drogas psicoativas, que agem sobre 
nosso corpo e nosso psiquismo. O 
álcool é um bom exemplo, até porque 
há quem diga que foi a primeira droga 
experimentada pelo ser humano, 
milhares de anos atrás. E todos nós 
conhecemos ao menos parte de seus efeitos. Por termos bebido, ou porque já vimos 
gente bêbada. O álcool muda nosso estado de humor, nossas percepções, sensações, 
nosso desempenho físico e o equilíbrio corporal.
Por que muitas pessoas consomem tais substâncias?
Porque querem sentir seus efeitos. Mas os motivos que as levam a isso são individuais. 
Cada um deve fazer essa pergunta a si mesmo e procurar a resposta. Alguém já 
preparou uma lista de motivações, que provavelmente não é completa:
• curiosidade;
• para esquecer problemas, frustrações ou insatisfações;
• para fugir do tédio;
• para escapar da timidez e da insegurança;
• por acreditar que certas drogas aumentam a criatividade, a sensibilidade e a 
potência sexual;
42
• busca do prazer;
• enfrentar a morte, correr riscos;
• necessidade de experimentaremoções novas e diferentes.
 e
O uso de drogas vem desde a antiguidade, em rituais, festas ou na 
vida social. Entre nós, a palavra droga geralmente está associada a 
substâncias ilegais, como a cocaína e a maconha, que causam efeitos 
físicos e psíquicos. Mas, nesse sentido, além do álcool, também são 
drogas a nicotina do cigarro e diversos medicamentos, principalmente 
os psiquiátricos e remédios para emagrecer. O consumo vira 
problema quando se torna vício. É quando o uso constante de 
determinada substância passa a colocar o dependente em situação 
de risco, ameaçando sua integridade física, suas atividades e relações 
com outras pessoas.
 h
A cerveja no Antigo Egito
Há mais de 5.000 anos, a cerveja era consumida em quantidade no 
Egito, tanto por faraós como pela população em geral. Inclusive pelas 
crianças, pois a bebida também era considerada medicinal. Daqueles 
tempos, em paredes de monumentos e tumbas, ficaram hieróglifos 
específicos que representavam as palavras cervejeiro e cerveja. A 
cerveja, assim como os pães, também era ofertada aos deuses.
Padarias e cervejarias foram construídas nas proximidades da Grande 
Pirâmide, no complexo de Gizé. A produção se destinava a alimentar 
os trabalhadores que construíram as pirâmides. A fabricação da 
cerveja era simples. Os grãos de cevada, transformados em malte, 
eram misturados com farinha de pão e água. Seguia-se a etapa de 
fermentação e a posterior armazenagem. No dia a dia, para tomar a 
bebida, as pessoas usavam canudos: assim, deixavam os resíduos da 
fermentação no vaso em que a cerveja era guardada.
43
1.2 Lícitas, mas Prejudiciais
No Brasil, as substâncias legais são as mais consumidas e as que provocam maior 
número de problemas: álcool, a nicotina do tabaco, solventes, tranquilizantes e 
sedativos, remédios para emagrecimento e analgésicos fortes. Estudos mostram que 
mais de 70% dos acidentes com mortes no trânsito estão relacionados com as bebidas 
alcoólicas e a outras drogas. Há também os casos de “overdose”. E nas últimas décadas 
tem aumentado o consumo não autorizado de medicamentos, assim como a produção 
ilegal de remédios por laboratórios clandestinos.
As substâncias psicoativas são classificadas em três grupos, de acordo com a atividade 
que exercem sobre o cérebro:
• Depressoras da atividade do sistema nervoso central: drogas que fazem o cérebro 
funcionar de forma mais lenta. Essas drogas reduzem a tensão emocional, mas 
diminuem a atenção, a concentração e a capacidade de memorização. Produzem 
sonolência – por isso devem ser evitadas durante a realização de atividades de 
risco, como dirigir veículos ou trabalhar com máquinas operatrizes.
• Estimulantes da atividade do sistema nervoso central: drogas que fazem o 
cérebro funcionar de forma mais acelerada. Essas substâncias geralmente inibem 
a sensação de fome, cansaço e de sono, podendo produzir estados de excitação e 
aumento da atividade.
• Perturbadoras da atividade do sistema nervoso central: drogas que fazem 
o cérebro funcionar de forma desordenada. São as drogas alucinógenas. Os 
usuários podem desenvolver distúrbios alucinatórios (ouvir vozes, ver imagens) 
e delirantes (mania de perseguição, delírios místicos ou religiosos e ideias de 
grandeza).
44
1.2.1 Direção Após Consumo de Álcool Aumenta Riscos e 
Gravidade de Acidentes
“O álcool é um dos principais fatores 
de risco para ocorrência de lesões e 
mortes no trânsito. Estudos apontam 
que 30% a 50% das vítimas de 
Acidentes de Transportes Terrestres 
(ATT) consumiram álcool antes do 
acidente. A ingestão de álcool não 
apenas aumenta o risco de sofrer 
acidentes de trânsito, como também 
está diretamente relacionada com a 
maior possibilidade de sofrer lesões 
traumáticas mais graves.
A pessoa que ingeriu álcool é mais propensa à morte e a lesões graves, uma vez 
ocorrido o acidente, do que aquela que não consumiu álcool. Esse risco aumenta entre 
homens jovens. Além de provocar alterações de funções indispensáveis à segurança 
no trânsito, como a visão e os reflexos, o álcool diminui também a capacidade de 
discernimento, estando em geral associado a outros comportamentos de alto risco, 
como excesso de velocidade e inobservância dos equipamentos de segurança (como o 
cinto de segurança, capacetes e outros).”
Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Campanha. Promoção da Saúde – SUS, 17 jul. 2015. Disponível em http://
promocaodasaude.saude.gov.br/promocaodasaude/assuntos/incentivo-a-reducao-do-consumo-de-alcool/noticias/
direcao-apos-consumo-de-alcool-aumenta-riscos-e-gravidade-de-acidentes.
No Brasil, morrem mais pessoas em acidentes de trânsito do que de doenças sérias que 
atingem nossa população. Dados do Ministério da Saúde registraram cerca de 44 mil 
mortos em acidentes com vítimas em 2013 (último ano disponível).
45
1.3 As Mais Procuradas (I)
1.3.1 Álcool
De início, o álcool produz euforia, relaxamento e desinibição. Doses adicionais provocam 
sonolência. Algumas pessoas se tornam agressivas. O uso crônico acarreta problemas 
orgânicos, como a cirrose hepática, a pancreatite e a desnutrição, entre outros. No 
plano psíquico, o álcool produz alucinações, perda de memória e a demência alcóolica, 
que é o comprometimento do conjunto das funções psíquicas ao longo dos anos.
1.3.2 Alucinógenos
Como o nome diz, provocam alucinações – a percepção de coisas que não existem – 
e delírios – crenças sem base na realidade, por exemplo. Diversos alucinógenos são 
extraídos de plantas e cogumelos. Outros são produzidos em laboratório. As reações 
psíquicas podem ser agradáveis (“boa viagem”). A pessoa terá sua percepção mais 
aguda para cores e sons, por exemplo. Em outras ocasiões, poderá ocorrer uma “má 
viagem”, com visões aterrorizantes, sensação de morte iminente etc.
1.3.3 Anfetaminas
As anfetaminas, drogas artificiais, fazem o sistema nervoso central trabalhar mais 
depressa. Dessa forma, inibem o apetite, o cansaço e o sono. Por isso, são muito 
usadas por quem pretende emagrecer. E por aqueles que querem trabalhar muito, sem 
descanso – é o caso dos motoristas de caminhão, que por isso sofrem graves acidentes 
nas rodovias, com frequência assustadora. Doses altas de anfetaminas provocam 
delírios, caracterizados por ideia de perseguição, entre outros sintomas.
46
1.3.4 Benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos são os medicamentos psicoativos mais receitados no mundo. 
Diminuem a atividade do sistema nervoso central, provocando a redução da ansiedade, 
sonolência e relaxamento muscular. Em contrapartida, agravam os problemas 
respiratórios de quem sofre de bronquite ou enfisema. Também afetam a memória, 
reduzem a capacidade de julgamento e raciocínio, podendo levar o usuário a ser 
agressivo.
1.3.5 Cocaína
A cocaína é um dos mais potentes estimulantes do sistema nervoso central. Dá a sensação 
de bem-estar, euforia, poder, excitação e hiperatividade. Inibe a fome, o cansaço e o 
sono. Doses elevadas causam ansiedade, irritabilidade, desconfiança e apreensão, que 
podem aumentar até o aparecimento de paranoia (ideia de perseguição), alucinações 
e ataques de pânico. A cocaína pode provocar derrames cerebrais e convulsões, além 
de muitas outras doenças, se for injetada com seringas compartilhadas por vários 
usuários.
Pode ser consumida na forma de pó, aspirado ou dissolvido em água e injetado na 
corrente sanguínea, ou sob a forma de uma pedra, o crack, que é fumado. Existem 
ainda a merla e o oxi, pastas menos purificadas, que também podem ser fumadas.
1.3.6 Guerras e Anfetaminas
As anfetaminas foram sintetizadas, pela primeira vez, na Alemanha, em 1887. Em 1932, 
com o nome de benzedrina, os franceses lançaram essa droga como descongestionante 
nasal. Em forma de comprimido, começou a ser comercializada a partir de 1937, para 
elevar o ânimoe melhorar o humor.
47
Na década de 1940, tropas alemãs usaram 
a anfetamina durante a Segunda Guerra 
Mundial, para combater o cansaço, diminuir 
a fome e reforçar a resistência.
Na Guerra da Coréia, na década de 1950, os 
soldados estadunidenses também fizeram 
uso dessa droga.
1.4 As mais Procuradas (II)
1.4.1 Inalantes
Os solventes ou inalantes são substâncias que reduzem a atividade do sistema nervoso 
central. Causam sensação de euforia, desinibição, vertigem, ilusões e sonolência. Em 
contrapartida, provocam arritmias cardíacas, insuficiência renal e outras perturbações 
no organismo. Com o uso crônico, o consumidor pode sofrer lesão irreversível do 
sistema nervoso central.
1.4.2 Maconha
Das drogas proibidas, é a mais consumida. As substâncias psicoativas que se encontram 
nas folhas e flores da planta são chamadas de canabinoides. E a mais importante é o 
THC, cuja concentração varia de acordo com diversos fatores, como o solo e o clima 
onde a planta foi cultivada, entre outros. A maconha produz relaxamento, diminuição 
da ansiedade, euforia. E às vezes produz efeitos desagradáveis, como alucinações 
e mal-estar. Ultimamente, o consumo da maconha tem sido legalizado em vários 
países, inclusive para fins medicinais. No Brasil, a Anvisa autoriza a importação de 
medicamentos à base de THC.
48
 1.4.3 Opiáceos ou Opioides 
Denominação dada às substâncias 
extraídas da papoula. O ópio, a morfina 
e a codeína. Pequena alteração na 
fórmula química da morfina produz 
a heroína (opiáceo semissintético). 
Existem, ainda, substâncias produzidas 
em laboratório com ação semelhante à 
dos opiáceos, são os opioides. Opiáceos 
e opioides diminuem a atividade do 
sistema nervoso central. O consumo 
dessas drogas produz sensação de 
intenso prazer e bem-estar, assim 
como potente efeito analgésico. São drogas muito utilizadas no combate à dor, 
principalmente as que sofrem os doentes terminais de câncer. Seu inconveniente é o 
forte potencial viciador.
1.4.4 Nicotina
Além da nicotina, os principais componentes do tabaco são o alcatrão e o monóxido 
de carbono produzido pela fumaça liberada pelo fumante. No sistema nervoso central, 
essas substâncias intensificam o estado de alerta do indivíduo, que pode ser seguido 
por sensação de calma, elevação do humor e diminuição do apetite. O consumo do 
tabaco é problema grave de saúde pública: com exceção do álcool, o tabaco possui o 
mais alto custo social dentre as substâncias psicoativas. Isso porque aumenta o risco de 
o usuário contrair doenças, como por exemplo a pneumonia, câncer (pulmão, laringe, 
faringe, esôfago, boca, estômago, entre outros), infarto do miocárdio, bronquite 
crônica, enfisema pulmonar, derrames cerebrais e úlceras digestivas.
49
1.4.4.1 Opiáceos no Combate à Dor
Dor é uma experiência única e pessoal. Não há linguagem padrão para descrições de 
dor, variando dentro de uma mesma família ou grupo cultural. Pode ser extremamente 
difícil para o paciente com doença avançada encontrar uma linguagem que descreva 
sua dor, não apenas por ser uma experiência sem semelhança com qualquer outra 
sensação, mas também pela presença de seus componentes emocional, social e 
espiritual.
Em 2002, a adoção de um conjunto de medidas abrangentes pelo Ministério da Saúde, 
a fim de incrementar as políticas já implementadas nas áreas de cuidados paliativos 
e de assistência aos pacientes com dor, instituiu o Programa Nacional de Assistência à 
Dor e Cuidados Paliativos. O Ministério da Saúde adotou medidas destinadas a ampliar 
o acesso da população aos opiáceos, removendo fatores que dificultavam a prescrição 
e o acesso e viabilizando a distribuição gratuita destes medicamentos.
Assim, a morfina e outros opiáceos (codeína, tramadol, metadona, fentanil, oxicodona) 
podem tornar-se disponíveis aos pacientes que deles necessitam, para o adequado 
alívio da dor, desde que o paciente seja avaliado e acompanhado por médico.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle da dor. 
Rio de Janeiro: INCA, 2001. (Manuais técnicos). Disponível em http://faa.edu.br/portal/PDF/livros_eletronicos/
medicina/15_manual_dor.pdf. Acesso em 28 abr. 2016. (Texto adaptado.) 
50
Agora é com Você!
Assista aos vídeos indicados e descubra mais sobre o que foi estudado 
nesta unidade.
• TV Brasil. Programa Ser Saudável. Dependência química, prazer 
destrutivo.
No programa, você vai saber como acontece a dependência no organismo 
e quais os riscos à saúde. Você verá também depoimento de pessoas que 
superaram a dependência química.
Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/
dependencia-quimica-prazer-destrutivo#media-youtube-1.
• Ciência e Letras. Álcool e drogas.
Conversa sobre o livro “Álcool e outras drogas - Diálogos sobre um mal 
estar contemporâneo”. Participam do programa Sergio Alarcon, filósofo, 
psiquiatra e assessor de saúde mental, um dos autores e organizadores 
do livro; e Francisco Inácio Bastos, médico e pesquisador, autor de um dos 
capítulos do livro.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=TDYpkRzsRaU.
Muito bem, você concluiu o conteúdo desta unidade. Agora, você 
está apto para testar seus conhecimentos na bateria de questões. Ao 
finalizar esta etapa, prossiga em seus estudos.
51
Glossário
Discernimento: Capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado.
Hieróglifos: Figura ou símbolo do sistema de escrita do antigo Egito, que aparece nas 
inscrições sobre os monumentos.
Iminente: Que ameaça se concretizar, que está a ponto de acontecer; próximo, 
imediato.
Paliativo: Que tem a qualidade de acalmar, de abrandar temporariamente um mal (diz-
se de medicamento ou tratamento).
Sedativo: Que seda, acalma (o que está excitado); calmante.
52
 d
1 - Assinale a alternativa correta em relação a transtornos 
orgânicos.
( ) A demência fica fora desse tipo de transtorno. 
( ) São motivados por doenças ou lesões que provocam um 
funcionamento anormal do cérebro.
( ) Uma característica marcante é que esses transtornos 
não afetam o pensamento racional. 
( ) O comprometimento do controle de esfíncteres não é 
próprio dos transtornos mentais orgânicos.
2 - Qual o conceito de droga, segundo a Organização Mundial 
da Saúde (OMS)?
( ) Substância orgânica que provoca alterações no 
organismo. 
( ) Substância química não produzida pelo organismo que 
altera seu funcionamento.
( ) Substância que causa dependência. 
( ) Substância química que produz alucinações. 
3 - Assinale a alternativa incorreta. As substâncias 
psicoativas são classificadas em:
( ) Perturbadoras da atividade do sistema nervoso central
( ) Depressoras da atividade do sistema nervoso central.
( ) Estimulantes da atividade do sistema nervoso central.
( ) Inibidoras da atividade do sistema nervoso central.
Atividades
53
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Campanha. Promoção da Saúde – SUS. Incentivo à 
Redução do Consumo de Álcool. Disponível em: <http://promocaodasaude.saude.
gov.br/promocaodasaude/assuntos/incentivo-a-reducao-do-consumo-de-alcool>. 
Acesso em: 30 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos 
oncológicos: controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001. (Manuais técnicos). Disponível 
em: <http://faa.edu.br/portal/PDF/livros_eletronicos/medicina/15_manual_dor.pdf>. 
Acesso em: 28 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 
(Caderno Humaniza SUS; v. 5). Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
saude_mental_volume_5.pdf>.Acesso em: 28 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Secretariade Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. 
Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de 
enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de 
Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: 
<bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad7.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, 
Aids e Hepatites Virais. Adolescentes e jovens para a educação entre pares. Saúde 
e prevenção nas escolas. Álcool e outras drogas. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 
(Série Manuais n. 69). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
alcool_outras_drogas.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016.
IMESC. InfoDrogas. Portal da internet Imesc, 2016. Disponível em: <http://www.imesc.
sp.gov.br/infodrog.htm#1>. Acesso em: 1 maio 2016.
NERY FILHO, A.; TORRES, I. M. A. P. (Orgs.). Drogas: isso lhe interessa? Confira aqui. 
Salvador: Cetad/UfBa/CPTT/PVM; 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/drogas_isso_lhe_interessa.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016.
PEREIRA, M. O.; VARGAS, D.; OLIVEIRA, M. A. F. de. Reflexão acerca da política do 
Ministério da Saúde brasileiro para a atenção aos usuários de álcool e outras drogas 
sob a óptica da Sociologia das Ausências e das Emergências. SMAD, Rev. Eletrônica 
54
Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto, v. 8, n. 1, p. 9-16, abr. 2012. 
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
69762012000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 abr. 2016.
 
55
UNIDADE 5 | O TRATAMENTO E 
A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL 
DO USUÁRIO DE ÁLCOOL E 
OUTRAS DROGAS 
56
1 O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do 
Usuário de Álcool e outras Drogas 
1.1 Uso e Dependência
Uma pessoa pode consumir drogas de vez 
em quando, ou mesmo habitualmente, sem 
maiores problemas. Mas o consumo às vezes 
se converte em algo permanente, trazendo 
consequências negativas muito sérias para os 
que se tornam dependentes. A dependência 
se caracteriza pelo consumo compulsivo, 
irresistível, de alguma substância química. 
E normalmente termina por dar origem a 
transtornos familiares, jurídicos, financeiros, 
físicos e psíquicos.
De acordo com a Décima Edição da Classificação Internacional de Doenças (ClD-10) 
da Organização Mundial de Saúde, uma pessoa será considerada dependente quando, 
com referência ao último ano, responder afirmativamente a três ou mais dos itens 
abaixo:
• Teve forte desejo ou compulsão para consumir a substância;
• Teve dificuldade em controlar a intensidade do consumo, assim como o início e o 
fim;
• Entrou em estado de abstinência quando interrompeu ou reduziu o uso da 
substância;
• Percebeu que doses pequenas já não fazem efeito, aumentando as quantidades 
usadas;
• Abandonou outras fontes de prazer, consumindo mais tempo para obter a droga 
ou para se recuperar de seus efeitos;
57
• Continuou usando a substância, mesmo já sofrendo as consequências físicas do 
consumo persistente, como doenças do pulmão e fígado. E também na presença 
de problemas sociais e psicológicos que possam ser atribuídos ao uso da droga, 
ou exacerbados por ela.
1.1.1 Atenção para a Cachaça
No Brasil, é costume cultuar as cachaças 
produzidas em alambiques artesanais. 
Porém, as pequenas destilarias nem 
sempre seguem as normas técnicas que 
garantem a melhor qualidade possível 
à bebida. 
E na fabricação de destilados, além do 
álcool, os processos utilizados também 
produzem contaminantes. São muitos, 
e vários fazem mal à saúde. Entre eles 
temos, por exemplo, o metanol que, 
se ingerido em certa quantidade, pode 
cegar e até mesmo matar uma pessoa. Há também o carbamato de etila, substância 
cancerígena.
Como é sabido, não existe fiscalização rígida dos alambiques para evitar que a 
contaminação da bebida ultrapasse os níveis de segurança. E pode-se afirmar, com 
certeza, que a maioria dos proprietários nem sequer ouviu falar do perigo que os 
contaminantes representam. Tanto assim que, muitas vezes, nem a limpeza das 
instalações é feita como deveria. Isso também tem consequências: permite a formação 
do azinhavre no interior dos alambiques.
Assim, durante a destilação, o cobre do azinhavre passa para a bebida. Embora o 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tenha estabelecido o teor máximo 
de 5 miligramas de cobre por litro de cachaça, esse limite costuma ser superado na 
produção.
58
1.2 Redução de Danos
Até pouco tempo atrás, no Brasil, 
portadores de transtornos mentais 
e os usuários e dependentes de 
drogas, inclusive do álcool, estavam 
condenados à marginalização. A 
regra geral era fechar todo mundo 
em clínicas e manicômios. E, no caso 
dos dependentes sob tratamento, o 
objetivo único a ser alcançado era a 
abstinência. O panorama começou a 
mudar a partir de 6 de abril de 2001, 
quando foi publicada a Lei 10.216, 
inaugurando a reforma psiquiátrica no 
país. Com a reforma, e de acordo com as 
diretrizes do Sistema Único de Saúde, 
ficou estabelecido que os dependentes 
de álcool e de outras drogas passariam a ter direito à assistência integral, por meio de 
serviços localizados nas proximidades do lugar em que vivem.
Dessa forma, surgiram os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas - CAPSad, 
destinados a melhorar a assistência em saúde mental, visando a redução de danos. 
A Política Nacional atende as necessidades dos usuários, uma vez que implantou os 
serviços de base comunitária. E há outras iniciativas, como os investimentos em novos 
modelos de serviços e programas, como os consultórios de rua e as casas de passagem. 
A expectativa é reabilitar um maior número de pessoas e evitar que outras se tornem 
dependentes.
Apresentação do Seminário Políticas de Governo para 
Redução do Impacto Social das Drogas. 2015.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
Foto de José Cruz.
59
 h
O Brasil procurou seguir políticas com enfoque semelhante 
que já haviam apresentado bons resultados em outros países. 
Foi o que aconteceu na Suíça, por exemplo, que desde 1980 
deixou de criminalizar o usuário de drogas. Em 1994, a Suíça 
partiu para a prevenção de danos.
O consumo de heroína era problema sério no país. O governo, 
então, iniciou um programa de fornecimento da droga aos 
usuários, partindo da suposição de que se eles recebessem a 
heroína legalmente, deixariam os crimes e o tráfico de drogas. 
O programa começou com 3.000 pessoas.
A política deu certo: o mercado ilegal de heroína se inviabilizou 
e houve queda de 90% nos crimes contra a propriedade 
cometidos por participantes do programa governamental. E 
cerca de um terço dessas pessoas abandonou a heroína por 
conta própria, sem ter recebido tratamentos especializados.
1.3 Redução de Danos, a Melhor Opção
No tratamento dos usuários de drogas, a estratégia de redução de danos tem 
apresentado bons resultados no Brasil e no mundo. E, aqui, especialistas recomendam 
que os CAPSad devem pôr em prática a reabilitação psicossocial e a reinserção social 
dos usuários de drogas, de modo o mais abrangente possível. Isso porque pessoas que 
estão insatisfeitas com sua qualidade de vida, que possuem problemas de saúde e 
que não têm informações adequadas sobre a questão do consumo de álcool e outras 
drogas são mais vulneráveis ao uso dessas substâncias.
60
A situação piora se essas pessoas tiverem acesso fácil às drogas e não se integrem 
de forma plena à comunidade em que vivem. Contudo, ao mesmo tempo, dizem os 
mesmos especialistas, a esses fatores de risco se contrapõem fatores de proteção. Eles 
podem estar no próprio indivíduo, em sua família, em pessoas próximas,nas escolas e 
na comunidade.
Então, se o uso indevido de álcool 
e drogas ocorre no interior da 
comunidade, será nesse mesmo 
ambiente que terão lugar as práticas 
curativas, preventivas e educativas de 
maior impacto na remoção dos fatores 
de risco.
E os CAPSad deverão oferecer 
atendimento diário intensivo, semi-
intensivo e não-intensivo, articulados 
a outros organismos assistenciais em 
saúde mental (ambulatórios, leitos em 
hospital-geral, hospitais-dia) e da rede 
básica de saúde (unidades básicas de saúde etc.), bem como ao Programa de Saúde da 
Família e ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde.
 h
Ameaça de retrocesso
As evidências indicam que o Brasil avançou muito com a 
reforma psiquiátrica. A legislação atual procura evitar a 
internação, busca o tratamento em liberdade, prioriza o 
cuidado em comunidade. 
Bloco Loucura Suburbana no carnaval do Rio de Janeiro.
Foto de Fernando Maia/Riotur
61
 b Acesse o portal da Revista Fórum e procure ler, entre outros artigos, o Dependência química: internação é solução?, indicado no link a seguir: http://www.revistaforum.com.br/2013/09/30/
internacao-e-solucao/. Acesso em 2 maio 2016.
1.4 O Lugar da Família
A maioria de nós nasceu e cresceu dentro de uma família. Portanto, é na convivência 
familiar que iniciamos o aprendizado das regras sociais. Em princípio, o grupo familiar 
deveria proporcionar às crianças um ambiente saudável para um desenvolvimento 
equilibrado, sob todos os aspectos. Mas, na vida real, isso nem sempre é possível, 
a despeito de grande número de pessoas se esforçar honestamente nesse sentido. 
Assim, de repente, muitas famílias descobrem que um de seus membros se tornou 
dependente de drogas e elas sentem o chão abrir-se sob seus pés. Resgatá-las é 
mais uma tarefa para os profissionais de saúde que atuam nos Centros de Atenção 
Psicossocial a usuários de álcool e outras drogas (CAPSad).
Isso porque tanto o usuário de drogas quanto seus familiares são estigmatizados 
pela sociedade. A primeira fase do trabalho consiste em fazer a família compreender 
que a chamada dependência química é uma doença. Uma vez resolvida essa questão, 
os familiares tendem a apoiar a equipe que cuida de seu parente com segurança e 
determinação. 
A família se torna parceira da equipe de profissionais, mas, ao contrário do que ocorre 
com os familiares de pessoas em tratamento de saúde por problemas físicos, ela pode 
ser chamada de codependente: provavelmente terá adoecido em consequência das 
experiências traumáticas vivenciadas com o parente usuário de drogas. E uma atitude 
positiva por parte do grupo familiar é muito importante, pois, a despeito dos esforços 
de todos, são comuns as recaídas dos pacientes e o abandono dos tratamentos. 
62
De qualquer maneira, a participação de familiares em grupos de apoio promove a troca 
de experiências com outras pessoas com problemas semelhantes. Mutuamente, eles 
percebem que não estão sozinhos. Se sentem apoiados e confiantes em sua capacidade 
de superar as dificuldades.
1.4.1 Crack, é Possível Vencer
A diversidade de problemas trazidos pelas drogas, de 
dimensões biológicas, psíquicas, sociais, culturais, constitui 
um grande desafio para a implementação de uma política 
que exige uma abordagem abrangente e o desenvolvimento 
de ações articuladas, que contemplem a prevenção do uso, o 
cuidado ao usuário e o enfrentamento ao tráfico de drogas.
Crack, é possível vencer, é um Programa do Governo 
Federal com a finalidade de prevenir o uso e promover a 
atenção integral ao usuário de crack, bem como enfrentar 
o tráfico de drogas. Tem por objetivo aumentar a oferta 
de serviços de tratamento e atenção aos usuários e seus 
familiares, reduzir a oferta de drogas ilícitas por meio do 
enfrentamento ao tráfico e às organizações criminosas e 
promover ações de educação, informação e capacitação. 
Fonte: PROGRAMA DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS. Crack, é possível vencer. Disponível em http://www.mprn.mp.br/
portal/transformando-destinos-arquivos/cartilhas-e-materiais-para-estudo/cartilhas/3139-crack-e-possivel-vencer/
file. (Texto adaptado.)
Fonte: http://www.mprn.mp.br
63
Agora é com Você!
Assista ao vídeo indicado e descubra mais sobre o que foi estudado nesta 
unidade.
• TV Brasil. Programa Ser Saudável. Álcool e drogas.
Quais os riscos à saúde acarretados pela dependência? No programa, 
o médico e apresentador Enrique Barros acompanhou a história do 
cearense Renato Lima. Durante quatro anos, Renato foi dependente de 
craque. Com o auxílio de tratamento, hoje ele ajuda outras pessoas a 
superar a dependência química.
Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/alcool-e-
drogas#media-youtube-1.
• Centro de Convivência É de Lei. O que é redução de danos?
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=cDVR_NBAfyc
Acesse o site da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e baixe um 
caderno de atividades para ajudar você a mudar seus hábitos relacionados 
à saúde.
• Drogas: Cartilha mudando comportamentos. Disponível em http://www.
justica.gov.br/central-de-conteudo/politicas-sobre-drogas/cartilhas-
politicas-sobre-drogas.
Ótimo, você acaba de finalizar a unidade e está apto a testar seus 
conhecimentos nas questões referentes a ela. Prossiga em seus estudos 
para concluir o restante de seu curso.
64
Glossário
Azinhavre: Camada de cor verde que se forma na superfície dos objetos de cobre ou 
latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido.
Estigmatizado: Pessoa que foi marcado com estigma, marca ou cicatriz deixada por 
ferida. No texto, significa marcado por algum comportamento ou característica que 
reforça a sua condição, mesmo que a pessoa tenha mudado. 
Inviabilizar: Tornar (algo) inviável, irrealizável, que não possui condições de se realizar.
Reinserção: Ato ou efeito de reinserir. No texto, significa inserir novamente as pessoas 
no convívio social.
Vulnerável: Sujeito a ser atacado, derrotado; frágil, prejudicado.
65
 d
1- Qual a classificação das substâncias psicoativas, de 
acordo com a ação que realizam no cérebro?
( ) Depressoras, limitadoras e tranquilizantes da atividade 
do Sistema Nervoso Central.
( ) Estimulantes, perturbadoras e depressoras das 
atividades do Sistema Nervoso Central. 
( ) Não há atividades gerais, elas agirão dependendo das 
condições de dependência do usuário. 
( ) Estimulantes e redutoras de reflexos das atividades do 
Sistema Nervoso Periférico. 
3 - De acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde, 
ficou estabelecido que os dependentes de álcool e de 
outras drogas passariam a ter direito à assistência integral, 
por meio de serviços localizados nas proximidades do lugar 
em que vivem, assim que surgiram os Centros de Atenção 
Psicossocial Álcool e Drogas - CAPSad, destinados a 
melhorar a assistência em saúde mental, visando a redução 
de danos. 
( ) Certo ( ) Errado
Atividades
66
Referências
ALVAREZ, S. Q. et al. Grupo de apoio/suporte como estratégia de cuidado: importância 
para familiares de usuários de drogas. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 33, n. 
2, p. 102-108, jun. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n2/15>. 
Acesso em: 2 maio 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN-DST/AIDS. 
A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e 
outras Drogas. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde). 
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_ministerio_
saude_atencao_integ_usuarios_alcool_drogas.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016.
CENTRO DE CONVIVÊNCIA É DE LEI. Redução de danos sociais e à saúde associados 
ao uso de drogas. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://edelei.org/pag/

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