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Saúde Mental SEST - Serviço Social do Transporte SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Qualquer parte dessa obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. Fale Conosco 0800 728 2891 ead.sestsenat.org.br 3 Sumário Apresentação 6 Unidade 1 | O que é Saúde Mental? 7 1. O que é Saúde Mental? 8 1.1. Uma Definição em Andamento 8 1.1.1. Da Possessão Demoníaca ao Alívio com Pílulas 9 1.2. Menos Manicômios, Mais Atenção 10 1.2.1. O Horror em Barbacena, Minas Gerais 10 1.3. Humano, um Ser Complexo 11 1.3.1.O Grito de Munch 12 1.4. Cuidados, as Recomendações da Saúde 13 1.4.1. Medicamentos em Excesso 14 Glossário 16 Atividades 17 Referências 18 Unidade 2 | Quando Procurar Auxílio? 20 1. Quando Procurar Auxílio? 21 1.1. O Sofrimento não é uma Condenação 21 Glossário 25 Atividades 26 Referências 27 Unidade 3 | Principais Transtornos da Saúde Mental 28 1. Principais Transtornos da Saúde Mental 29 1.1. Principais Tipos de Transtorno Mental (I) 29 1.1.1. Transtornos Mentais Orgânicos 29 1.1.2. Transtornos do Humor 29 1.1.3. Classificação de Consenso 30 1.2. Principais Tipos de Transtorno Mental (II) 31 1.2.1. Transtornos de Ansiedade 31 4 1.3. Principais Tipos de Transtorno Mental (III) 33 1.3.1. Transtornos Dissociativos 33 1.3.2. Transtornos Somatoformes 33 1.3.3. Transtorno Esquizofrênico 33 1.3.4. Transtornos Alimentares 34 1.3.5. A Palavra-chave é “Misturar” 34 1.4. Direitos 35 Glossário 37 Atividades 38 Referências 39 Unidade 4 | Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas 40 1. Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas 41 1.1. Drogas, Velhas Conhecidas 41 1.2. Lícitas, mas Prejudiciais 43 1.2.1. Direção Após Consumo de Álcool Aumenta Riscos e Gravidade de Acidentes 44 1.3. As Mais Procuradas (I) 45 1.3.1. Álcool 45 1.3.2. Alucinógenos 45 1.3.3. Anfetaminas 45 1.3.4. Benzodiazepínicos 46 1.3.5. Cocaína 46 1.3.6. Guerras e Anfetaminas 46 1.4. As mais Procuradas (II) 47 1.4.1. Inalantes 47 1.4.2. Maconha 47 1.4.3. Opiáceos ou Opioides 48 1.4.4. Nicotina 48 1.4.4.1. Opiáceos no Combate à Dor 49 Glossário 51 5 Atividades 52 Referências 53 Unidade 5 | O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do Usuário de Álcool e outras Drogas 55 1. O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do Usuário de Álcool e outras Drogas 56 1.1. Uso e Dependência 56 1.1.1. Atenção para a Cachaça 57 1.2. Redução de Danos 58 1.3. Redução de Danos, a Melhor Opção 59 1.4. O Lugar da Família 61 1.4.1. Crack, é Possível Vencer 62 Glossário 64 Referências 65 Atividades 66 Unidade 6 | Prevenção dos Transtornos Mentais 68 1. Prevenção dos Transtornos Mentais 69 1.1. Assunto Complicado 69 1.1.1. Prevenção do Suicídio 69 1.1.2. Setembro Amarelo 70 1.2. Desafio na Emergência 71 Glossário 72 Atividades 73 Referências 74 6 Apresentação Prezado aluno, Seja bem-vindo ao Curso Saude Mental! Neste curso você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. O curso possui carga horária total de 20h e foi organizado em 6 unidades, conforme a tabela a seguir: Unidade Carga horária 1 - O Que è Saúde Mental 4 horas 2 - Quando Procurar Auxílio 2 horas 3 - Principais Transtornos da Saúde Mental 4 horas 4 - Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas 4 horas 5 - O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do Usuário de Álcool e outras Drogas 4 horas 6 - Prevenção dos Transtornos Mentais 2 horas Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar pelos conteúdos e realizar as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas entre em contato com a suporteead@sestsenat.org.br (0800 7282891). Bom estudo! 7 UNIDADE 1 | O QUE É SAÚDE MENTAL? 8 1 O que é Saúde Mental? 1.1 Uma Definição em Andamento Não existe uma definição curta para saúde mental. Assim, podemos dizer: ter saúde mental é estar de bem consigo e com os outros, aceitando as exigências da vida. É saber lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis: alegria/tristeza; coragem/medo; amor/ódio; serenidade/ raiva; ciúmes; culpa; frustrações. É saber reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário. Essa descrição é bem ampla, não é verdade? Mas esse assunto ficará mais claro à medida que você avançar neste curso. Para começar, lembre-se de que saúde mental é o contrário de doença mental. E é bem provável que você já tenha visto doentes mentais em situação de abandono pelas ruas – são casos extremos. E talvez até parentes ou conhecidos com problemas dessa natureza. No entanto, as doenças mentais – que muitos preferem chamar de transtornos mentais – nem sempre são fáceis de perceber, mesmo sendo graves. Por exemplo: não se pode afirmar que alguém seja mentalmente sadio só porque vai para o trabalho todos os dias, cumpre suas funções e mantém uma rotina estável dentro e fora do lar. Essa pessoa pode estar sofrendo interiormente. Situações como essa nos impedem de chegar a uma definição que não deixe qualquer dúvida sobre o que é saúde mental. 9 e A própria Organização Mundial de Saúde (OMS), uma entidade da ONU, evita definir o que seja saúde mental. Isso porque sabe que o comportamento das pessoas varia de acordo com a cultura de cada povo. O que é considerado “normal” por um grupo humano, pode ser visto como algo no mínimo “esquisito” por outro povo. h É bom lembrar que, com o tempo, também a própria cultura muda – os costumes e normas, entre outras características de uma sociedade. A OMS se preocupa mais em garantir, no mundo todo, o respeito aos direitos humanos de qualquer pessoa que sofra de transtorno mental. Tem razão, pois o sofrimento daqueles que são considerados loucos marca profundamente a história da humanidade até hoje. 1.1.1 Da Possessão Demoníaca ao Alívio com Pílulas No passado bem distante, os chamados de loucos eram considerados possuídos pelo demônio. Ninguém os queria por perto. Até os anos 1500, esses doentes costumavam ser expulsos das cidades. Muitas vezes foram embarcados, à força, nas chamadas “naus dos loucos”, que os levavam de um lugar para outro, numa viagem praticamente sem fim. Até que, em 1563, o médico holandês Johann Weyer acabou com a ideia de que a loucura era obra do demônio, afirmando que tinha causas naturais. E os doentes passaram a ser internados. Mas só em 1793 foi construído um hospício para que fossem separados de outras pessoas encarceradas. 10 No entanto, durante todo esse tempo, os tratamentos a que eram submetidos muitas vezes não passavam de suplícios terríveis, que jamais poderiam curá-los. Desde então, o estudo dos problemas mentais avançou bastante, por vários caminhos. Mas, no da psiquiatria, os tratamentos só melhoraram a partir de 1950, quando surgiu a droga clorpromazina, na França, usada ainda hoje para o tratamento da esquizofrenia – um tipo de transtorno mental grave. 1.2 Menos Manicômios, Mais Atenção Séculos depois de construir os primeiros hospícios, a Europa foi a primeira a começar a derrubá-los, com o chamado “movimento antimanicomial”,iniciado na Itália, nos anos 1970. Esse movimento não demorou a chegar ao Brasil, onde, na década de 1980, mais de 100 mil pessoas viviam internadas nos hospícios. De lá para cá, mudou muito a forma de tratar os problemas mentais no país. Em 2001, foi sancionada uma lei que afirma os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. Essa lei modificou o modelo de assistência em saúde mental. Assim, houve uma verdadeira reforma psiquiátrica, com o fechamento de hospitais para doentes mentais. O objetivo dessas mudanças foi permitir aos portadores de transtornos mentais exercerem seus direitos como cidadãos. Assim, o sistema de saúde ampliou o alcance de sua assistência a essas pessoas, não ficando mais somente no controle dos sintomas provocados pelos transtornos mentais. De um lado, a política de saúde mental procura levar o interessado de volta ao convívio da comunidade. De outro, estimula a sociedade a reconhecer a existência de pessoas “diferentes”. 1.2.1 O Horror em Barbacena, Minas Gerais No começo do século 20, foi instalado em Barbacena, Minas Gerais, um hospício com o nome de Colônia. Ao longo de décadas, ali foram internados à força milhares de epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas e outros “indesejáveis”. 11 Até mesmo mulheres das quais os maridos queriam se livrar por qualquer motivo. E a esmagadora maioria dos internados não era constituída de doentes mentais. Na Colônia, essas pessoas foram torturadas, violentadas e sofreram carências de todo o tipo. Estima-se que houve 60 mil mortes no hospício de Barbacena – um verdadeiro genocídio. Nos períodos de maior ocorrência de mortes, em média 16 pessoas perdiam a vida a cada dia. E uma contabilidade macabra revelou que, entre 1969 e 1980, 1.853 corpos saídos do manicômio foram vendidos a 17 faculdades de medicina do país. 1.3 Humano, um Ser Complexo Todos nós temos uma história de vida, com experiências variadas em diversas circunstâncias. A memória do passado, tudo o que aprendemos, faz parte de nosso presente: é a partir dessa “base” que enxergamos o mundo e projetamos nosso futuro. Também temos nossa cultura, noções do que é normal e do que não é; temos atitudes frente aos problemas da vida e valores morais. A cultura determina a maneira como nos relacionamos com as outras pessoas, desempenhando vários papéis: pai, mãe, filho, filha, profissional, namorado, namorada, amiga, amigo, parente etc. E somos seres políticos, com direitos, obrigações e possibilidades de agir sobre o mundo que nos rodeia e na relação com as pessoas. Temos uma vida de trabalho, que está relacionada a nosso sustento e, muitas vezes, ao de nossa família. Também temos nossa intimidade, nosso mundo pessoal, com seus recantos secretos que nem sempre revelamos a alguém. Portanto, nossa identidade corresponde a um conjunto de papéis. Se nossa atuação se mantém equilibrada ao longo da vida, sempre teremos a sensação de sermos os mesmos, embora possamos perceber que nos transformamos a cada dia. 12 e Se surgir um sofrimento interior muito intenso, considerado psíquico, terá chegado a hora em que a pessoa deverá ser cuidada, deverá receber atenção. 1.3.1 O Grito de Munch Edvard Munch (1863-1944), artista norueguês, pintou o famoso quadro O Grito – Um Retrato do Desespero, que reflete seu estado interior. Munch, quando criança, perdeu a mãe e uma de suas irmãs, tendo sido criado pelo pai, muito controlador. Mais tarde, Laura, outra irmã, foi internada em asilo psiquiátrico. Munch, por sua vez, depois de romper com o pai, acabou por se envolver com uma mulher casada, o que só lhe trouxe mágoa e desespero. O estado de espírito que o levou a pintar o quadro está bem claro nas linhas que escreveu no seu diário, em 1883: “Passeava com dois amigos ao pôr do sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta – havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fiorde e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.”. O grito, Edvard Munch, 1893. Óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão. Galeria Nacional, Oslo. 13 a O fenômeno que inspirou Munch A partir de agosto de 1883, durante bom tempo, os céus do mundo inteiro passaram a apresentar uma tonalidade vermelha muito forte e brilhante ao entardecer. O fenômeno que inspirou Munch foi resultado de cinzas vulcânicas em suspensão na alta atmosfera, lançadas pelo vulcão Krakatau, da Indonésia. 1.4 Cuidados, as Recomendações da Saúde Para atuar, as equipes do Ministério da Saúde, ligadas à saúde mental, levam em conta o fato de que cada pessoa é um conjunto de várias dimensões. A orientação que recebem é a de considerar a totalidade de cada pessoa. E nessa abordagem integral, identificar quais transformações ocorreram, o que está provocando adoecimento e o que está em vias de causar adoecimento. Assim será possível elaborar estratégias de intervenção para dissipar os fatores causadores de sofrimento e ajudar a pessoa a retomar, ou redirecionar, sua vida. Esse trabalho, feito com os usuários do sistema e seus familiares, é chamado de Projeto Terapêutico Singular. Ou seja, um projeto terapêutico é um plano de ação compartilhado, composto por um conjunto de intervenções que objetiva proporcionar cuidado integral à pessoa. Nesse projeto, tratar das doenças não é menos importante, mas é apenas uma das ações que visam ao cuidado integral. Um Projeto Terapêutico Singular deve ser elaborado com o usuário, a partir de uma primeira análise do profissional sobre as múltiplas dimensões do sujeito. Cabe ressaltar que esse é um processo dinâmico, uma vez que a própria relação entre o profissional e o usuário está em constante transformação. 14 1.4.1 Medicamentos em Excesso A reforma psiquiátrica foi benéfica para a saúde mental no Brasil, mas ainda há muito o que fazer nesse campo. Por exemplo: as pessoas com transtornos mentais foram sendo libertadas dos manicômios, mas muitas delas seguem aprisionadas em suas casas, sujeitas a tratamentos com drogas que não têm prazo para terminar. Estudantes de medicina da Universidade de Campinas, em trabalho de campo, relataram ter encontrado pacientes que tomavam até nove diferentes medicamentos psiquiátricos ao mesmo tempo. Embora fossem epilépticas, essas pessoas nunca haviam sido examinadas por um neurologista. Esses alunos da Unicamp frequentaram um bairro pobre de Campinas durante dois anos. No relatório que publicaram em 2014, reforçam a ideia de que os projetos terapêuticos singulares, bem elaborados e bem conduzidos, podem ser a chave para a questão. 15 Agora é com Você! Assista aos vídeos indicados e descubra mais sobre o que foi estudado nesta unidade. • Bate Papo na Saúde. Os convidados desse Bate Papo debatem, entre outros assuntos, os avanços da saúde mental no país, as dificuldades de acesso às regiões isoladas e a valorização do saber tradicional. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=HjjRTPKAT9c. • Ciência e Letras. Nesse programa um médico e uma médica psiquiatras, ambos professores e pesquisadores, conversam sobre o livro “Políticas e Cuidado em Saúde Mental”. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=MSFFaCono1I. • Visite o site da mostra Nise da Silveira - Vida e Obra, uma retrospectiva biográfica da psiquiatra que revolucionou os métodos de atendimento ao portador de transtornos mentais no Brasil. Disponível em http://www.ccms.saude.gov.br/nisedasilveira/index.php. Muito bem, você concluiu o conteúdo desta unidade. Agora, você está apto para testar seus conhecimentos na bateria de questões sobre esta unidade deseu curso. Ao finalizar esta etapa, prossiga em seus estudos. 16 Glossário Dissipar: Fazer desaparecer. Fiorde: Reentrância marítima de grande porte, maior do que a baía, sinuoso, escarpado, profundo e geralmente de grande extensão. Hospício: Hospital para loucos; manicômio. Nau: Navio antigo. Psiquiatria: Ramo da medicina que trata de pessoas com problemas mentais. Suplício: Tortura. Transtorno mental: Perturbação da saúde mental. 17 d 1 - No passado, os chamados de loucos eram considerados possuídos pelo demônio. Ninguém os queria por perto e esses doentes costumavam ser expulsos das cidades. ( ) Certo ( ) Errado 2 - Sobre a definição de saúde mental, é correto afirmar: ( ) Saúde mental é não possuir enfermidade alguma. ( ) Ter saúde mental é estar bem consigo e com os outros, aceitando o que a vida nos coloca. ( ) Saber lidar com emoções contraditórias não significa ter saúde mental. ( ) Saúde mental é o estado de mais completo bem-estar físico. 3 - Por que a Organização Mundial da Saúde (OMS) evita definir o que seja saúde mental? ( ) Os transtornos mentais são fáceis de perceber, mas difíceis de tratar. ( ) O comportamento das pessoas varia em diferentes culturas, mudando com isso o conceito de normalidade. ( ) Classificar uma doença como transtorno mental piora o estado de saúde dos pacientes. ( ) Os transtornos mentais incapacitam a pessoa ao trabalho. Atividades 18 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Saúde mental. 2016. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=11359&Itemid=693>. Acesso em: 28 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_34_ saude_mental.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Exposição Fotográfica Saúde Mental: Novo Cenário, Novas Imagens. Programa de Volta para Casa. Cartilha de Monitoria Editora do Ministério da Saúde, 2009. (Série I. História da Saúde no Brasil). Disponível em <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/exposicao_fotografica_saude_mental.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos. Memória da loucura: apostila de monitoria. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. (Série I. História da Saúde no Brasil). Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ memoria_loucura_apostila_monitoria_2ed.pdf>. Acesso em 29 abr. 2016. BRASIL. Secretaria de Saúde do Paraná. Definição de Saúde Mental, [s.d.]. Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1059>. Acesso em: 28 abr. 2016. DORIGATTI, A.; ESCOCIA et al. Projeto terapêutico singular no âmbito da saúde mental: uma experiência no curso de graduação em medicina. ., Rio de Janeiro, v. 38, n. 1, p. 113-119, mar. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbem/v38n1/15.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2016. ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Expressionismo. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3784/expressionismo>. Acesso em: 28 abr. 2016. FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. Pense mais… SUS. Saúde mental. Disponível em: <http:// pensesus.fiocruz.br/saude-mental>. Acesso em: 7 mar. 2016. GOULART, M. S. B. As raízes italianas do movimento antimanicomial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. OMS – Organização Mundial da Saúde. Comunicado de prensa: Informe sobre la salude en el mundo 2001. Disponível em: <http://www.who.int/whr/2001/media_centre/en/whr01_press_ release_es.pdf?ua=1> Acesso em: 7 mar. 2016. 19 PALOMBA, G. A. Da Nau dos Loucos à Clorpromazina. Revista Ser Médico. Ed. 70, jan./fev./mar., 2015, págs. 22 – 25. São Paulo, Cremesp. SABER CULTURAL. O grito. Edvard Munch. Disponível em: <http://www.sabercultural.com/ template/obrasCelebres/O-Grito-Edvard-Munch.html>. Acesso em: 28 abr. 2016. 20 UNIDADE 2 | QUANDO PROCURAR AUXÍLIO? 21 1 Quando Procurar Auxílio? 1.1 O Sofrimento não é uma Condenação As pessoas são seres complexos, com o psiquismo influenciado por suas relações com outros humanos e suas próprias ações vida afora. Uma doença, ou transtorno mental, causando sofrimento, pode quebrar a unidade/ identidade de uma pessoa. Assim, alguns critérios ajudam na decisão de quando procurar um especialista em saúde mental para tratamento. O primeiro desses critérios é o da normalidade de nossas ações e posturas. Normal seria o comportamento mais frequente, definido pela maioria. Mas o conceito de normalidade é bastante subjetivo e variável. Por exemplo, o comportamento dos latinos pode ser visto pelos nórdicos ou orientais como histérico ou muito expansivo e, quem sabe, anormal. Por isso, o critério de “normalidade” não pode ser absoluto. Conseguir “funcionar” é sempre um indicador de saúde mental. E o contrário, poderá indicar que algo não está bem. A pessoa deve perguntar a si mesmo: houve mudanças nos meus hábitos e rotinas? E essas mudanças interferem e atrapalham a minha vida ou a vida dos outros, em casa, na escola ou no trabalho? O terceiro critério é a pessoa perceber se está sofrendo. Aprender a tolerar e a aceitar o sofrimento é importante. Mas não temos de encará-lo como se estivéssemos condenados a uma dor sem fim. Se isso acontecer, vale a pena a pessoa buscar ajuda. 22 a Psicólogo ou psiquiatra? Para o tratamento de um transtorno mental, o interessado pode procurar um psiquiatra ou um psicólogo. O psiquiatra é médico, tendo cursado seis anos de medicina e feito de dois a três anos de residência em psiquiatria. O psicólogo cursa psicologia durante cinco anos e depois se especializa em uma área, escolhendo um determinado tipo de abordagem no tratamento de seus clientes. O psiquiatra atua primeiro identificando o transtorno mental que afeta a pessoa examinada. Depois receita o medicamento, ou medicamentos, que julga mais adequados para o tratamento. O psicólogo não diagnostica problemas mentais. Quando cuida de uma pessoa, procura descobrir as causas, o porquê de seu adoecimento. O psicólogo trata os transtornos mentais por meio de técnicas psicoterápicas, em que o diálogo com o paciente é o recurso mais importante. Mas a atuação de um desses profissionais nem sempre elimina a necessidade do trabalho do outro. Principalmente nos casos graves, nos quais o paciente faz a psicoterapia com o psicólogo e toma os remédios receitados pelo psiquiatra. 1.2 O Diagnóstico em Psiquiatria Chegar a um diagnóstico psiquiátrico correto nem sempre é fácil e pode levar tempo. Dentre as técnicas utilizadas pelos psiquiatras, a entrevista é a mais importante. Por meio das conversas com o médico, o paciente lhe contará sua história. E no decorrer desses encontros, o psiquiatra estará atento aos sinais e sintomas de transtornos mentais emitidos/ exibidos pelo doente. Além das entrevistas, o psiquiatra também poderá contar com os resultados de testes e questionários aplicados por psicólogos. 23 Existem diversas modalidades de exames que exploram aspectos físicos do cérebro. Mas a maioria é de uso limitado e pouco frequente. Nesse caso, se enquadram a ressonância magnética nuclear, a tomografia cerebral e a tomografia de emissão de pósitrons. A exceção é feita pelo eletroencefalograma que, com o registro poligráfico do sono, é usado na detecção de problemas do sono, como a apneia. A classificação internacional dos distúrbios de sono lista 85 transtornos, divididos em 8 grupos. A insôniainteressa de perto à psiquiatria, pois cerca de 40% dos insones sofrem de transtornos psíquicos, com destaque para a depressão e a ansiedade. E a insônia constitui problema de saúde pública, pois afeta boa parte da população. h Paul Ferdinand Gachet (1828-1909), foi um médico homeopata entusiasmado por psiquiatria - a sua tese de graduação em Medicina foi sobre “melancolia”. Ele tratou o famoso pintor Vincent van Gogh (1853-1890) durante os 72 dias que antecederam seu suicídio. O doutor Gachet, único médico a aceitar as pinturas de Van Gogh como remuneração pelas consultas, é citado carinhosamente em uma das cartas do pintor a seu irmão Théo. Em 4 de junho de 1890, Van Gogh escreveu: “Ele me pareceu na verdade tão doente e perturbado quanto você e eu, e ele é mais velho e perdeu há poucos anos sua mulher; mas é muito médico e sua profissão e sua fé o sustentam, contudo. Já somos muito amigos […]” (VAN GOGH, 1997, p. 168) 24 Agora é com Você! Assista aos vídeos indicados e descubra mais sobre o que foi estudado nesta unidade. • Canal Saúde Fiocruz. Programa Unidiversidade. Arteterapia. A arte pode ser uma forma de expressar o mundo interior. Por meio dela é possível encontrar a cura e motivação para tocar a vida. Conheça mais sobre seus benefícios neste programa, que tem a participação de profissionais com diferentes formações e artesãos, proporcionando uma perspectiva complementar e interessante para a conhecimento da Arteterapia. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=s6Nd7CzWj3Y. • TV Brasil. Programa Ser Saudável. Alterações do Sono. A má alimentação, a correria do dia a dia e as preocupações da vida moderna intensificam o período de trabalho e reduzem o tempo de sono. Uma noite maldormida interfere no desempenho profissional e pessoal. É durante o sono noturno que o corpo descansa e o cérebro desempenha funções importantes. Este programa mostra que é possível tratar problemas relacionados ao sono. Disponível em https://www.youtube.com/ watch?v=3utyQ9vqWeU&list=PL99597D7F6C553425&index=27 Ótimo, você acaba de finalizar a unidade e está apto a testar seus conhecimentos nas questões referentes a ela. Prossiga em seus estudos para concluir o restante de seu curso. 25 Glossário Apneia: Suspensão momentânea da respiração. Critério: Norma ou regra de avaliação, de escolha. Histérico: Pessoa extremamente nervosa e exaltada. Insone: Aquele que tem insônia, que não dorme. Poligráfico: Gráfico feito por meio de um aparelho que serve para registrar simultaneamente várias funções psicológicas e fisiológicas. Psicoterapia: Qualquer das várias técnicas de tratamento de doenças e problemas psíquicos Psiquismo: Conjunto dos processos mentais. Subjetivo: Válido para um só sujeito; individual, pessoal, particular. 26 d 1 - Por que a doença mental, ou transtorno mental, causa sofrimento? ( ) Substitui uma certeza por muitas dúvidas. ( ) Ameaça quebrar a unidade/identidade da pessoa. ( ) O diagnóstico é muito doloroso. ( ) O tratamento é sempre demorado. 3 - O poligráfico é o gráfico feito por meio de um aparelho que serve para registrar simultaneamente várias funções Hepáticas e fisiológicas. ( ) Certo ( ) Errado 27 Referências BEZERRA, A. J. C. Admirável mundo médico: a arte na história da medicina. 3 ed. Brasília: Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_ atencao_basica_34_saude_mental.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad7.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. FIGUEIREDO, D. O que é doença mental? Quando procurar ajuda? MultiClínica, Portugal, 2016. Disponível em: <www.multiclinica.pt/docs/12.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz. Pense mais… SUS. Saúde mental. Disponível em: <http://pensesus.fiocruz.br/saude-mental>. Acesso em: 7 mar. 2016. INSTITUTO DO SONO E TRANSTORNOS MENTAIS. Distúrbios do Sono. Medicina do Sono. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://institutosonoemente.com.br/ disturbios-do-sono>. Acesso em: 28 abr. 2016. OMS – Organização Mundial da Saúde. Comunicado de prensa: Informe sobre la salude en el mundo 2001. Disponível em: <http://www.who.int/whr/2001/media_centre/en/ whr01_press_release_es.pdf?ua=1> Acesso em: 7 mar. 2016. PSICOLOGIA RIBEIRÃO PRETO. Quais as diferenças entre o psicólogo e o psiquiatra? Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.ribeiraopretopsicologia.com.br/ quais-as-diferencas-entre-o-psicologo-e-o-psiquiatra>. Acesso em: 28 abr. 2016. VAN GOGH, V. Cartas a Théo. Porto Alegre: L&PM, 1997. 28 UNIDADE 3 | PRINCIPAIS TRANSTORNOS DA SAÚDE MENTAL 29 1 Principais Transtornos da Saúde Mental 1.1 Principais Tipos de Transtorno Mental (I) Cada transtorno mental engloba um conjunto de sintomas, indicadores do sofrimento psíquico que atinge a pessoa doente. A seguir, a lista dos mais importantes. 1.1.1 Transtornos Mentais Orgânicos São provocados por doenças ou lesões que levam a um funcionamento anormal do cérebro. A demência merece atenção especial por ser muito frequente, destacando-se nesse grupo a doença de Alzheimer. Transtornos orgânicos prejudicam a memória, o pensamento racional, as capacidades de compreensão de fatos, de aprendizagem e de orientação espacial, entre outras. As pessoas afetadas tendem a perder o controle de esfíncteres e hábitos de higiene e alimentação. 1.1.2 Transtornos do Humor A depressão é o mais notável, também pela frequência: atinge 20% dos que buscam auxílio. Pode ser leve, moderada ou grave. Embora deprimidas, algumas pessoas, conseguem desempenhar suas atividades cotidianas. Mas costumam reclamar da falta 30 de ânimo e de não sentir interesse por nada. Também se queixam de distúrbios do sono e de alimentação. E podem perder a autoconfiança, acalentando ideias de culpa e inutilidade, além de visões pessimistas quanto ao futuro. No limite, chegam ao suicídio. A mania é o oposto da depressão. E também apresenta gradações entre as formas mais suaves e as mais graves. As pessoas atingidas agem em ritmo acelerado, falando muito e mudando de assunto com frequência. Devido ao excesso de energia, têm dificuldade para dormir. Eufóricas, apresentam autoestima exagerada, podendo ter a sexualidade exacerbada. Às vezes, o quadro evolui para episódios psicóticos e a pessoa passa a apresentar delírios e alucinações. O transtorno bipolar se caracteriza ora por mania, ora por depressão. As pessoas quase nunca apresentam apenas um quadro de mania, conforme o item anterior. Em geral intercalam episódios de mania com quadros depressivos. O transtorno bipolar também pode ser mais leve ou mais grave. 1.1.3 Classificação de Consenso Apesar dos avanços da ciência, a mente humana e seu funcionamento continuam a ser um grande mistério. Por isso existem várias teorias para explicar os transtornos mentais, com base em fatores psicológicos, ou ambientais, ou biológicos. No entanto, qualquer que seja a orientação do psicólogo ou psiquiatra, há uma experiência acumulada no trato com os doentes que eles precisam discutir e dividir entre si. Para criar uma linguagem comum, comissões de profissionaisse reúnem de tempos em tempos para rever as classificações internacionais de doenças mentais. No Brasil, a mais utilizada é a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças — décima revisão), da Organização Mundial de Saúde (OMS). A CID 10 classifica os transtornos mentais e de comportamento usando como critérios os próprios sinais e sintomas de cada quadro mental. Mas não trata das causas. Para evitar a discriminação, nessa revisão o termo transtorno substituiu doença e distúrbio, que eram empregados antes. Transtorno engloba um conjunto de sintomas que geralmente causam sofrimento e interferem nas funções que a pessoa necessita exercer em sua vida. 31 b Sobre Alzheimer e vários outros transtornos orgânicos vale a pena visitar o site da Abraz – Associação Brasileira de Alzheimer, que apresenta material de grande interesse. Disponível em http://abraz.org.br. (Acesso em 28 abr. 2016.) 1.2 Principais Tipos de Transtorno Mental (II) 1.2.1 Transtornos de Ansiedade Os transtornos de ansiedade são os que mais levam gente aos consultórios de psiquiatras e psicólogos. Os mais importantes são listados a seguir: O paciente com transtorno de ansiedade generalizada permanece em constante estado de irritabilidade, impaciência, apreensão. Geralmente reclama de tensão, suores constantes, tonturas, mal-estar gastrintestinal, palpitações e dificuldade para dormir. Nos transtornos fóbico-ansiosos, os sintomas de ansiedade ocorrem diante de situações ou objetos bem definidos. A fobia social é o medo de expor-se, mesmo para grupos pequenos, em situações informais. As fobias específicas referem-se ao medo de objetos ou situações, tais como viagens de avião, altura, animais. 32 A agorafobia é o medo excessivo de multidões, de espaços abertos, ou de ambientes em que haja dificuldade de fuga (lojas, teatros, veículos de transporte coletivo, túneis e elevadores). O transtorno de pânico é aquele em que a pessoa experimenta diversos sintomas: coração acelerado, dor no peito ou no estômago, suores, tremores, dormências, tonturas, náuseas e outros. E tem a sensação de que vai morrer ou perder totalmente o controle (ter um desmaio ou amnésia irreversível). O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é um transtorno de ansiedade no qual o indivíduo desenvolve pensamentos ou ações repetitivas que não consegue controlar. O indivíduo com TOC poderá tomar banhos longos e repetidos, por medo de ser contaminado por bactérias existentes no ar. O transtorno de estresse pós-traumático é típico de pacientes que sofreram algum tipo de violência (estupro, catástrofes, sequestros). Nesses casos, a lembrança do evento traumático faz com que a pessoa desenvolva reações como entorpecimento, sonolência, perda de memória e da capacidade de concentrar-se. h Um sequestro sem traumas Manter pessoas como reféns em uma ação violenta é um sequestro, tecnicamente. Foi o que aconteceu em 23 de agosto de 1973, em Estocolmo, capital da Suécia. Um assaltante entrou em um banco, armado com metralhadora e explosivos, e fez quatro funcionários reféns. A polícia não demorou a cercar o prédio, seguindo-se aquelas cenas bem típicas de filmes de ação: negociações, ameaças, exigências etc. Estavam presentes todos os elementos que poderiam desencadear uma tragédia. Mas não foi o que aconteceu. Os reféns se tornaram amigos do sequestrador, convivendo com ele seis dias dentro do banco. Durante o cativeiro, Kristin Enmark, porta-voz dos reféns, nas conversas telefônicas mantidas com o primeiro-ministro sueco, Olof Palme, claramente tomou partido do sequestrador, que terminou por se render. Tudo terminou bem e a psicologia ganhou mais uma categoria para estudar: a “Síndrome de Estocolmo”, em que um refém (ou reféns) cria uma relação afetiva, de cumplicidade, com seu sequestrador (ou sequestradores). A partir daí, a definição se amplia para incluir também outras situações em que, baseado no episódio descrito, a vítima se identifica com seus agressores. 33 1.3 Principais Tipos de Transtorno Mental (III) 1.3.1 Transtornos Dissociativos São aqueles em que o paciente parece perder, parcial ou totalmente, o controle de algumas funções como a memória, a ideia de si mesmo e movimentos corporais. Dentre os tipos de dissociação que o paciente pode apresentar, há o transtorno de transe ou possessão – a pessoa age como que possuída por outra personalidade, espírito ou força. 1.3.2 Transtornos Somatoformes Os portadores desse tipo de transtorno procuram constantemente os médicos, queixando-se de supostos problemas físicos, que jamais são descobertos pelos exames clínicos. Esses pacientes se sentem ofendidos e resistem quando são encaminhados para o setor de saúde mental. 1.3.3 Transtorno Esquizofrênico A esquizofrenia é transtorno mental dos mais graves, em geral identificado com a “loucura”, por apresentar sintomas que contrariam frontalmente a ideia comum do que seria a “normalidade”. O esquizofrênico sofre alucinações: vê, ouve e sente coisas que não são reais. E sua postura é característica. Ele tanto pode ficar imóvel como balançar o corpo para frente e para trás, durante longos períodos. A comunicação com o doente é bastante complicada: ele pode se fechar em completo mutismo, ou expressar ideias 34 incoerentes. Assim como em outros transtornos, há diferentes graus de esquizofrenia. Algumas pessoas, com o apoio da família, podem desempenhar atividades diárias e manter esse transtorno sob controle. 1.3.4 Transtornos Alimentares O mais frequente e mais grave talvez seja a anorexia nervosa: a pessoa não consegue comer e pode chegar a uma perigosa desnutrição, necessitando de tratamento hospitalar. Com bulimia, o doente provoca vômitos após as refeições, com medo de ganhar peso. E quem sofre de hiperfagia come de forma compulsiva. 1.3.5 A Palavra-chave é “Misturar” No Brasil, a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial briga para acabar com os hospícios e manicômios e mudar a forma de tratamento dos ditos “loucos”. Os benefícios de se tratar os pacientes com transtornos mentais em lugares de convívio social são inúmeros. Segundo a psicóloga Deusdet do Carmo Martins, nesses locais, os pacientes têm a possibilidade de discutir de que forma gostariam de ser tratados, receber os medicamentos adequados, falar sobre suas necessidades - “serem tratados como pessoas, não como objetos” – manter o relacionamento com familiares e vizinhos, expressar seus sentimentos por meio de oficinas, ter acesso ao lazer e participar de programas de capacitação para o trabalho. Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br Foto de Valter Campanato. Brasília, 2016 35 “É preciso que a sociedade respeite as diferenças. Muitas vezes, a pessoa não tem um comportamento normal como todo mundo espera – o normal estatisticamente. Se ela age de uma forma diferente, as pessoas estranham. Então, é preciso trabalhar a questão da cultura, que a pessoa pode ser diferente e as outras conviverem com ela”, afirmou a psicóloga. Fonte: Agência Brasil, 18/5/2004. Disponível em http://tinyurl.com/h3z7aoc . Acesso em 20 abr. 2016. (Texto com adaptações.) 1.4 Direitos No Brasil, o Art. 2° da Lei n° 10.216/2001, prevê, em seu parágrafo único, que qualquer cidadão tem o direito de receber toda a informação sobre sua doença e seu tratamento. Assim, de acordo com essa lei, a pessoa deve: “I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; II - ser tratado com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III - ser protegido contra qualquer forma de abuso e exploração; IV - ter garantiade sigilo nas informações prestadas; V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; VIII - ser tratado em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; Fonte: www.conselho.saude.gov.br 36 IX - ser tratado, preferencialmente, em serviços comunitários de Saúde Mental.” Observa-se nessa lei que a família, o trabalho e a comunidade recebem lugar de destaque, contribuindo para a inserção desse indivíduo no cenário social. Em particular, a família é levada a refletir sobre o seu papel no processo de reintegração dessa pessoa, embora existam famílias que continuem achando a internação uma solução. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em http://tinyurl.com/jxzxv6h . Acesso em 20 abr. 2016. Agora é com Você! Assista aos vídeos indicados e descubra mais sobre o que foi estudado nesta unidade. • TV Brasil. Programa Ser Saudável. Depressão e Transtorno Bipolar. A depressão e o transtorno bipolar são apresentados através de histórias de pessoas comuns que superaram o problema. O tratamento e a diferença entre os dois distúrbios psíquicos são abordados por especialistas. Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/depressao-e-transtorno- bipolar#media-youtube-1. • TV Brasil. Programa Ser Saudável. Transtornos alimentares. Especialistas explicam os perigos de uma dieta mal orientada, os perigos da bulimia e da anorexia, e o que o paciente precisa saber para evitar estes problemas. Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/transtornos- alimentares#media-youtube-1. • TV Brasil. Programa Ser Saudável. Esquizofrenia. Especialistas são entrevistados para mostrar como ocorrem as alucinações no cérebro e desvendar os mitos e verdades sobre a esquizofrenia. O programa mostra também como o tratamento com auxílio de medicamentos e a participação em grupos de apoio ajudaram Leonardo no controle da doença e fez com que levasse uma vida sem privações. Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/esquizofrenia-0#media- youtube-1. 37 Você acaba de concluir o conteúdo desta unidade. Agora, você pode prosseguir para testar o que já aprendeu até este momento de seu curso e, na sequência, avançar em seus estudos até finalizar os tópicos deste curso. Mãos à obra! Glossário Compulsivo: Relativo à compulsão: imposição interna irresistível que leva o indivíduo a realizar determinado ato ou a comportar-se de determinada maneira. Consentâneo: Que cabe bem a determinado caso ou situação; apropriado, adequado, conveniente. Esfíncter: Estrutura muscular que contorna um orifício ou canal natural, permitindo sua abertura ou fechamento. No texto, refere-se ao controle das funções fisiológicas básicas, a micção e a evacuação. Eufórico: Estado caracterizado por alegria, despreocupação, otimismo e bem-estar físico, mas que não corresponde nem às condições de vida, nem ao estado físico objetivo. 38 d 1 - Assinale a alternativa correta. A Síndrome de Estocolmo” é: ( ) é o nome dado a um estado psicológico particular em que um refém (ou reféns) cria uma relação afetiva, de cumplicidade, com seu sequestrador (ou sequestradores). ( ) é o nome dado a um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso. ( ) é uma doença psicológica grave que provoca oscilação de humor, medo de ser abandonado pelos amigos e comportamentos impulsivos. ( ) é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), resultante de uma desordem genética, e que apresenta muitas semelhanças com relação ao autismo. 2 - São exemplos de transtornos de humor: ( ) Euforia, lesão cerebral. ( ) Depressão, mania. ( ) Falta de memória, demência. ( ) Alzheimer, mania. Atividades 39 Referências ABRAZ – Associação Brasileira de Alzheimer. Sobre Alzheimer. Portal da internet ABRAZ, 2016. Disponível em: <http://abraz.org.br/sobre-alzheimer/o-que-e- alzheimer>. Acesso em: 28 abr. 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Caderno Humaniza SUS; v. 5). Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ saude_mental_volume_5.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad7.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. DRAUZIO. Anorexia nervosa e bulimia. Portal da internet Dráuzio Varella, 2011. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/anorexia-nervosa-e- bulimia>. Acesso em: 28 abr. 2016. EBC – Portal EBC. Agência Brasil. Entidades lutam para acabar com internação de doentes mentais em manicômios. Portal da internet EBC, 2004. Disponível em: <http:// memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2004-05-18/entidades-lutam-para-acabar- com-internacao-de-doentes-mentais-em-manicomios>. Acesso em: 13 out. 2016. GALENO, A. Transtornos mentais. Disponível em: <http://www.galenoalvarenga.com. br/transtornos-mentais>. Acesso em: 26 abr. 2016. LAMELA, A. Crime que originou “Síndrome de Estocolmo” completa 40 anos. Portal da internet Exame, 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/ noticias/crime-que-originou-sindrome-de-estocolmo-completa-40-anos>. Acesso em: 28 abr. 2016. PSICNET. CID-10 - Classificação Internacional de Doenças. Portal da internet. 2016. Disponível em: <http://www.psicnet.psc.br/v2/site/dicionario/?cod=3>. Acesso em: 21 abr. 2016. 40 UNIDADE 4 | TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS DEVIDO AO USO E ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 41 1 Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas 1.1 Drogas, Velhas Conhecidas Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é qualquer substância química, não produzida por nosso organismo, que tenha a capacidade de alterar seu funcionamento. As que nos interessam agora são as chamadas drogas psicoativas, que agem sobre nosso corpo e nosso psiquismo. O álcool é um bom exemplo, até porque há quem diga que foi a primeira droga experimentada pelo ser humano, milhares de anos atrás. E todos nós conhecemos ao menos parte de seus efeitos. Por termos bebido, ou porque já vimos gente bêbada. O álcool muda nosso estado de humor, nossas percepções, sensações, nosso desempenho físico e o equilíbrio corporal. Por que muitas pessoas consomem tais substâncias? Porque querem sentir seus efeitos. Mas os motivos que as levam a isso são individuais. Cada um deve fazer essa pergunta a si mesmo e procurar a resposta. Alguém já preparou uma lista de motivações, que provavelmente não é completa: • curiosidade; • para esquecer problemas, frustrações ou insatisfações; • para fugir do tédio; • para escapar da timidez e da insegurança; • por acreditar que certas drogas aumentam a criatividade, a sensibilidade e a potência sexual; 42 • busca do prazer; • enfrentar a morte, correr riscos; • necessidade de experimentaremoções novas e diferentes. e O uso de drogas vem desde a antiguidade, em rituais, festas ou na vida social. Entre nós, a palavra droga geralmente está associada a substâncias ilegais, como a cocaína e a maconha, que causam efeitos físicos e psíquicos. Mas, nesse sentido, além do álcool, também são drogas a nicotina do cigarro e diversos medicamentos, principalmente os psiquiátricos e remédios para emagrecer. O consumo vira problema quando se torna vício. É quando o uso constante de determinada substância passa a colocar o dependente em situação de risco, ameaçando sua integridade física, suas atividades e relações com outras pessoas. h A cerveja no Antigo Egito Há mais de 5.000 anos, a cerveja era consumida em quantidade no Egito, tanto por faraós como pela população em geral. Inclusive pelas crianças, pois a bebida também era considerada medicinal. Daqueles tempos, em paredes de monumentos e tumbas, ficaram hieróglifos específicos que representavam as palavras cervejeiro e cerveja. A cerveja, assim como os pães, também era ofertada aos deuses. Padarias e cervejarias foram construídas nas proximidades da Grande Pirâmide, no complexo de Gizé. A produção se destinava a alimentar os trabalhadores que construíram as pirâmides. A fabricação da cerveja era simples. Os grãos de cevada, transformados em malte, eram misturados com farinha de pão e água. Seguia-se a etapa de fermentação e a posterior armazenagem. No dia a dia, para tomar a bebida, as pessoas usavam canudos: assim, deixavam os resíduos da fermentação no vaso em que a cerveja era guardada. 43 1.2 Lícitas, mas Prejudiciais No Brasil, as substâncias legais são as mais consumidas e as que provocam maior número de problemas: álcool, a nicotina do tabaco, solventes, tranquilizantes e sedativos, remédios para emagrecimento e analgésicos fortes. Estudos mostram que mais de 70% dos acidentes com mortes no trânsito estão relacionados com as bebidas alcoólicas e a outras drogas. Há também os casos de “overdose”. E nas últimas décadas tem aumentado o consumo não autorizado de medicamentos, assim como a produção ilegal de remédios por laboratórios clandestinos. As substâncias psicoativas são classificadas em três grupos, de acordo com a atividade que exercem sobre o cérebro: • Depressoras da atividade do sistema nervoso central: drogas que fazem o cérebro funcionar de forma mais lenta. Essas drogas reduzem a tensão emocional, mas diminuem a atenção, a concentração e a capacidade de memorização. Produzem sonolência – por isso devem ser evitadas durante a realização de atividades de risco, como dirigir veículos ou trabalhar com máquinas operatrizes. • Estimulantes da atividade do sistema nervoso central: drogas que fazem o cérebro funcionar de forma mais acelerada. Essas substâncias geralmente inibem a sensação de fome, cansaço e de sono, podendo produzir estados de excitação e aumento da atividade. • Perturbadoras da atividade do sistema nervoso central: drogas que fazem o cérebro funcionar de forma desordenada. São as drogas alucinógenas. Os usuários podem desenvolver distúrbios alucinatórios (ouvir vozes, ver imagens) e delirantes (mania de perseguição, delírios místicos ou religiosos e ideias de grandeza). 44 1.2.1 Direção Após Consumo de Álcool Aumenta Riscos e Gravidade de Acidentes “O álcool é um dos principais fatores de risco para ocorrência de lesões e mortes no trânsito. Estudos apontam que 30% a 50% das vítimas de Acidentes de Transportes Terrestres (ATT) consumiram álcool antes do acidente. A ingestão de álcool não apenas aumenta o risco de sofrer acidentes de trânsito, como também está diretamente relacionada com a maior possibilidade de sofrer lesões traumáticas mais graves. A pessoa que ingeriu álcool é mais propensa à morte e a lesões graves, uma vez ocorrido o acidente, do que aquela que não consumiu álcool. Esse risco aumenta entre homens jovens. Além de provocar alterações de funções indispensáveis à segurança no trânsito, como a visão e os reflexos, o álcool diminui também a capacidade de discernimento, estando em geral associado a outros comportamentos de alto risco, como excesso de velocidade e inobservância dos equipamentos de segurança (como o cinto de segurança, capacetes e outros).” Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Campanha. Promoção da Saúde – SUS, 17 jul. 2015. Disponível em http:// promocaodasaude.saude.gov.br/promocaodasaude/assuntos/incentivo-a-reducao-do-consumo-de-alcool/noticias/ direcao-apos-consumo-de-alcool-aumenta-riscos-e-gravidade-de-acidentes. No Brasil, morrem mais pessoas em acidentes de trânsito do que de doenças sérias que atingem nossa população. Dados do Ministério da Saúde registraram cerca de 44 mil mortos em acidentes com vítimas em 2013 (último ano disponível). 45 1.3 As Mais Procuradas (I) 1.3.1 Álcool De início, o álcool produz euforia, relaxamento e desinibição. Doses adicionais provocam sonolência. Algumas pessoas se tornam agressivas. O uso crônico acarreta problemas orgânicos, como a cirrose hepática, a pancreatite e a desnutrição, entre outros. No plano psíquico, o álcool produz alucinações, perda de memória e a demência alcóolica, que é o comprometimento do conjunto das funções psíquicas ao longo dos anos. 1.3.2 Alucinógenos Como o nome diz, provocam alucinações – a percepção de coisas que não existem – e delírios – crenças sem base na realidade, por exemplo. Diversos alucinógenos são extraídos de plantas e cogumelos. Outros são produzidos em laboratório. As reações psíquicas podem ser agradáveis (“boa viagem”). A pessoa terá sua percepção mais aguda para cores e sons, por exemplo. Em outras ocasiões, poderá ocorrer uma “má viagem”, com visões aterrorizantes, sensação de morte iminente etc. 1.3.3 Anfetaminas As anfetaminas, drogas artificiais, fazem o sistema nervoso central trabalhar mais depressa. Dessa forma, inibem o apetite, o cansaço e o sono. Por isso, são muito usadas por quem pretende emagrecer. E por aqueles que querem trabalhar muito, sem descanso – é o caso dos motoristas de caminhão, que por isso sofrem graves acidentes nas rodovias, com frequência assustadora. Doses altas de anfetaminas provocam delírios, caracterizados por ideia de perseguição, entre outros sintomas. 46 1.3.4 Benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos são os medicamentos psicoativos mais receitados no mundo. Diminuem a atividade do sistema nervoso central, provocando a redução da ansiedade, sonolência e relaxamento muscular. Em contrapartida, agravam os problemas respiratórios de quem sofre de bronquite ou enfisema. Também afetam a memória, reduzem a capacidade de julgamento e raciocínio, podendo levar o usuário a ser agressivo. 1.3.5 Cocaína A cocaína é um dos mais potentes estimulantes do sistema nervoso central. Dá a sensação de bem-estar, euforia, poder, excitação e hiperatividade. Inibe a fome, o cansaço e o sono. Doses elevadas causam ansiedade, irritabilidade, desconfiança e apreensão, que podem aumentar até o aparecimento de paranoia (ideia de perseguição), alucinações e ataques de pânico. A cocaína pode provocar derrames cerebrais e convulsões, além de muitas outras doenças, se for injetada com seringas compartilhadas por vários usuários. Pode ser consumida na forma de pó, aspirado ou dissolvido em água e injetado na corrente sanguínea, ou sob a forma de uma pedra, o crack, que é fumado. Existem ainda a merla e o oxi, pastas menos purificadas, que também podem ser fumadas. 1.3.6 Guerras e Anfetaminas As anfetaminas foram sintetizadas, pela primeira vez, na Alemanha, em 1887. Em 1932, com o nome de benzedrina, os franceses lançaram essa droga como descongestionante nasal. Em forma de comprimido, começou a ser comercializada a partir de 1937, para elevar o ânimoe melhorar o humor. 47 Na década de 1940, tropas alemãs usaram a anfetamina durante a Segunda Guerra Mundial, para combater o cansaço, diminuir a fome e reforçar a resistência. Na Guerra da Coréia, na década de 1950, os soldados estadunidenses também fizeram uso dessa droga. 1.4 As mais Procuradas (II) 1.4.1 Inalantes Os solventes ou inalantes são substâncias que reduzem a atividade do sistema nervoso central. Causam sensação de euforia, desinibição, vertigem, ilusões e sonolência. Em contrapartida, provocam arritmias cardíacas, insuficiência renal e outras perturbações no organismo. Com o uso crônico, o consumidor pode sofrer lesão irreversível do sistema nervoso central. 1.4.2 Maconha Das drogas proibidas, é a mais consumida. As substâncias psicoativas que se encontram nas folhas e flores da planta são chamadas de canabinoides. E a mais importante é o THC, cuja concentração varia de acordo com diversos fatores, como o solo e o clima onde a planta foi cultivada, entre outros. A maconha produz relaxamento, diminuição da ansiedade, euforia. E às vezes produz efeitos desagradáveis, como alucinações e mal-estar. Ultimamente, o consumo da maconha tem sido legalizado em vários países, inclusive para fins medicinais. No Brasil, a Anvisa autoriza a importação de medicamentos à base de THC. 48 1.4.3 Opiáceos ou Opioides Denominação dada às substâncias extraídas da papoula. O ópio, a morfina e a codeína. Pequena alteração na fórmula química da morfina produz a heroína (opiáceo semissintético). Existem, ainda, substâncias produzidas em laboratório com ação semelhante à dos opiáceos, são os opioides. Opiáceos e opioides diminuem a atividade do sistema nervoso central. O consumo dessas drogas produz sensação de intenso prazer e bem-estar, assim como potente efeito analgésico. São drogas muito utilizadas no combate à dor, principalmente as que sofrem os doentes terminais de câncer. Seu inconveniente é o forte potencial viciador. 1.4.4 Nicotina Além da nicotina, os principais componentes do tabaco são o alcatrão e o monóxido de carbono produzido pela fumaça liberada pelo fumante. No sistema nervoso central, essas substâncias intensificam o estado de alerta do indivíduo, que pode ser seguido por sensação de calma, elevação do humor e diminuição do apetite. O consumo do tabaco é problema grave de saúde pública: com exceção do álcool, o tabaco possui o mais alto custo social dentre as substâncias psicoativas. Isso porque aumenta o risco de o usuário contrair doenças, como por exemplo a pneumonia, câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago, entre outros), infarto do miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar, derrames cerebrais e úlceras digestivas. 49 1.4.4.1 Opiáceos no Combate à Dor Dor é uma experiência única e pessoal. Não há linguagem padrão para descrições de dor, variando dentro de uma mesma família ou grupo cultural. Pode ser extremamente difícil para o paciente com doença avançada encontrar uma linguagem que descreva sua dor, não apenas por ser uma experiência sem semelhança com qualquer outra sensação, mas também pela presença de seus componentes emocional, social e espiritual. Em 2002, a adoção de um conjunto de medidas abrangentes pelo Ministério da Saúde, a fim de incrementar as políticas já implementadas nas áreas de cuidados paliativos e de assistência aos pacientes com dor, instituiu o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos. O Ministério da Saúde adotou medidas destinadas a ampliar o acesso da população aos opiáceos, removendo fatores que dificultavam a prescrição e o acesso e viabilizando a distribuição gratuita destes medicamentos. Assim, a morfina e outros opiáceos (codeína, tramadol, metadona, fentanil, oxicodona) podem tornar-se disponíveis aos pacientes que deles necessitam, para o adequado alívio da dor, desde que o paciente seja avaliado e acompanhado por médico. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001. (Manuais técnicos). Disponível em http://faa.edu.br/portal/PDF/livros_eletronicos/ medicina/15_manual_dor.pdf. Acesso em 28 abr. 2016. (Texto adaptado.) 50 Agora é com Você! Assista aos vídeos indicados e descubra mais sobre o que foi estudado nesta unidade. • TV Brasil. Programa Ser Saudável. Dependência química, prazer destrutivo. No programa, você vai saber como acontece a dependência no organismo e quais os riscos à saúde. Você verá também depoimento de pessoas que superaram a dependência química. Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/ dependencia-quimica-prazer-destrutivo#media-youtube-1. • Ciência e Letras. Álcool e drogas. Conversa sobre o livro “Álcool e outras drogas - Diálogos sobre um mal estar contemporâneo”. Participam do programa Sergio Alarcon, filósofo, psiquiatra e assessor de saúde mental, um dos autores e organizadores do livro; e Francisco Inácio Bastos, médico e pesquisador, autor de um dos capítulos do livro. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=TDYpkRzsRaU. Muito bem, você concluiu o conteúdo desta unidade. Agora, você está apto para testar seus conhecimentos na bateria de questões. Ao finalizar esta etapa, prossiga em seus estudos. 51 Glossário Discernimento: Capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado. Hieróglifos: Figura ou símbolo do sistema de escrita do antigo Egito, que aparece nas inscrições sobre os monumentos. Iminente: Que ameaça se concretizar, que está a ponto de acontecer; próximo, imediato. Paliativo: Que tem a qualidade de acalmar, de abrandar temporariamente um mal (diz- se de medicamento ou tratamento). Sedativo: Que seda, acalma (o que está excitado); calmante. 52 d 1 - Assinale a alternativa correta em relação a transtornos orgânicos. ( ) A demência fica fora desse tipo de transtorno. ( ) São motivados por doenças ou lesões que provocam um funcionamento anormal do cérebro. ( ) Uma característica marcante é que esses transtornos não afetam o pensamento racional. ( ) O comprometimento do controle de esfíncteres não é próprio dos transtornos mentais orgânicos. 2 - Qual o conceito de droga, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)? ( ) Substância orgânica que provoca alterações no organismo. ( ) Substância química não produzida pelo organismo que altera seu funcionamento. ( ) Substância que causa dependência. ( ) Substância química que produz alucinações. 3 - Assinale a alternativa incorreta. As substâncias psicoativas são classificadas em: ( ) Perturbadoras da atividade do sistema nervoso central ( ) Depressoras da atividade do sistema nervoso central. ( ) Estimulantes da atividade do sistema nervoso central. ( ) Inibidoras da atividade do sistema nervoso central. Atividades 53 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Campanha. Promoção da Saúde – SUS. Incentivo à Redução do Consumo de Álcool. Disponível em: <http://promocaodasaude.saude. gov.br/promocaodasaude/assuntos/incentivo-a-reducao-do-consumo-de-alcool>. Acesso em: 30 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001. (Manuais técnicos). Disponível em: <http://faa.edu.br/portal/PDF/livros_eletronicos/medicina/15_manual_dor.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Caderno Humaniza SUS; v. 5). Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ saude_mental_volume_5.pdf>.Acesso em: 28 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretariade Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Cadernos do aluno: saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad7.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Adolescentes e jovens para a educação entre pares. Saúde e prevenção nas escolas. Álcool e outras drogas. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Série Manuais n. 69). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ alcool_outras_drogas.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016. IMESC. InfoDrogas. Portal da internet Imesc, 2016. Disponível em: <http://www.imesc. sp.gov.br/infodrog.htm#1>. Acesso em: 1 maio 2016. NERY FILHO, A.; TORRES, I. M. A. P. (Orgs.). Drogas: isso lhe interessa? Confira aqui. Salvador: Cetad/UfBa/CPTT/PVM; 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/drogas_isso_lhe_interessa.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016. PEREIRA, M. O.; VARGAS, D.; OLIVEIRA, M. A. F. de. Reflexão acerca da política do Ministério da Saúde brasileiro para a atenção aos usuários de álcool e outras drogas sob a óptica da Sociologia das Ausências e das Emergências. SMAD, Rev. Eletrônica 54 Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto, v. 8, n. 1, p. 9-16, abr. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806- 69762012000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 abr. 2016. 55 UNIDADE 5 | O TRATAMENTO E A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL DO USUÁRIO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 56 1 O Tratamento e a Reabilitação Psicossocial do Usuário de Álcool e outras Drogas 1.1 Uso e Dependência Uma pessoa pode consumir drogas de vez em quando, ou mesmo habitualmente, sem maiores problemas. Mas o consumo às vezes se converte em algo permanente, trazendo consequências negativas muito sérias para os que se tornam dependentes. A dependência se caracteriza pelo consumo compulsivo, irresistível, de alguma substância química. E normalmente termina por dar origem a transtornos familiares, jurídicos, financeiros, físicos e psíquicos. De acordo com a Décima Edição da Classificação Internacional de Doenças (ClD-10) da Organização Mundial de Saúde, uma pessoa será considerada dependente quando, com referência ao último ano, responder afirmativamente a três ou mais dos itens abaixo: • Teve forte desejo ou compulsão para consumir a substância; • Teve dificuldade em controlar a intensidade do consumo, assim como o início e o fim; • Entrou em estado de abstinência quando interrompeu ou reduziu o uso da substância; • Percebeu que doses pequenas já não fazem efeito, aumentando as quantidades usadas; • Abandonou outras fontes de prazer, consumindo mais tempo para obter a droga ou para se recuperar de seus efeitos; 57 • Continuou usando a substância, mesmo já sofrendo as consequências físicas do consumo persistente, como doenças do pulmão e fígado. E também na presença de problemas sociais e psicológicos que possam ser atribuídos ao uso da droga, ou exacerbados por ela. 1.1.1 Atenção para a Cachaça No Brasil, é costume cultuar as cachaças produzidas em alambiques artesanais. Porém, as pequenas destilarias nem sempre seguem as normas técnicas que garantem a melhor qualidade possível à bebida. E na fabricação de destilados, além do álcool, os processos utilizados também produzem contaminantes. São muitos, e vários fazem mal à saúde. Entre eles temos, por exemplo, o metanol que, se ingerido em certa quantidade, pode cegar e até mesmo matar uma pessoa. Há também o carbamato de etila, substância cancerígena. Como é sabido, não existe fiscalização rígida dos alambiques para evitar que a contaminação da bebida ultrapasse os níveis de segurança. E pode-se afirmar, com certeza, que a maioria dos proprietários nem sequer ouviu falar do perigo que os contaminantes representam. Tanto assim que, muitas vezes, nem a limpeza das instalações é feita como deveria. Isso também tem consequências: permite a formação do azinhavre no interior dos alambiques. Assim, durante a destilação, o cobre do azinhavre passa para a bebida. Embora o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tenha estabelecido o teor máximo de 5 miligramas de cobre por litro de cachaça, esse limite costuma ser superado na produção. 58 1.2 Redução de Danos Até pouco tempo atrás, no Brasil, portadores de transtornos mentais e os usuários e dependentes de drogas, inclusive do álcool, estavam condenados à marginalização. A regra geral era fechar todo mundo em clínicas e manicômios. E, no caso dos dependentes sob tratamento, o objetivo único a ser alcançado era a abstinência. O panorama começou a mudar a partir de 6 de abril de 2001, quando foi publicada a Lei 10.216, inaugurando a reforma psiquiátrica no país. Com a reforma, e de acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde, ficou estabelecido que os dependentes de álcool e de outras drogas passariam a ter direito à assistência integral, por meio de serviços localizados nas proximidades do lugar em que vivem. Dessa forma, surgiram os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas - CAPSad, destinados a melhorar a assistência em saúde mental, visando a redução de danos. A Política Nacional atende as necessidades dos usuários, uma vez que implantou os serviços de base comunitária. E há outras iniciativas, como os investimentos em novos modelos de serviços e programas, como os consultórios de rua e as casas de passagem. A expectativa é reabilitar um maior número de pessoas e evitar que outras se tornem dependentes. Apresentação do Seminário Políticas de Governo para Redução do Impacto Social das Drogas. 2015. Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br Foto de José Cruz. 59 h O Brasil procurou seguir políticas com enfoque semelhante que já haviam apresentado bons resultados em outros países. Foi o que aconteceu na Suíça, por exemplo, que desde 1980 deixou de criminalizar o usuário de drogas. Em 1994, a Suíça partiu para a prevenção de danos. O consumo de heroína era problema sério no país. O governo, então, iniciou um programa de fornecimento da droga aos usuários, partindo da suposição de que se eles recebessem a heroína legalmente, deixariam os crimes e o tráfico de drogas. O programa começou com 3.000 pessoas. A política deu certo: o mercado ilegal de heroína se inviabilizou e houve queda de 90% nos crimes contra a propriedade cometidos por participantes do programa governamental. E cerca de um terço dessas pessoas abandonou a heroína por conta própria, sem ter recebido tratamentos especializados. 1.3 Redução de Danos, a Melhor Opção No tratamento dos usuários de drogas, a estratégia de redução de danos tem apresentado bons resultados no Brasil e no mundo. E, aqui, especialistas recomendam que os CAPSad devem pôr em prática a reabilitação psicossocial e a reinserção social dos usuários de drogas, de modo o mais abrangente possível. Isso porque pessoas que estão insatisfeitas com sua qualidade de vida, que possuem problemas de saúde e que não têm informações adequadas sobre a questão do consumo de álcool e outras drogas são mais vulneráveis ao uso dessas substâncias. 60 A situação piora se essas pessoas tiverem acesso fácil às drogas e não se integrem de forma plena à comunidade em que vivem. Contudo, ao mesmo tempo, dizem os mesmos especialistas, a esses fatores de risco se contrapõem fatores de proteção. Eles podem estar no próprio indivíduo, em sua família, em pessoas próximas,nas escolas e na comunidade. Então, se o uso indevido de álcool e drogas ocorre no interior da comunidade, será nesse mesmo ambiente que terão lugar as práticas curativas, preventivas e educativas de maior impacto na remoção dos fatores de risco. E os CAPSad deverão oferecer atendimento diário intensivo, semi- intensivo e não-intensivo, articulados a outros organismos assistenciais em saúde mental (ambulatórios, leitos em hospital-geral, hospitais-dia) e da rede básica de saúde (unidades básicas de saúde etc.), bem como ao Programa de Saúde da Família e ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde. h Ameaça de retrocesso As evidências indicam que o Brasil avançou muito com a reforma psiquiátrica. A legislação atual procura evitar a internação, busca o tratamento em liberdade, prioriza o cuidado em comunidade. Bloco Loucura Suburbana no carnaval do Rio de Janeiro. Foto de Fernando Maia/Riotur 61 b Acesse o portal da Revista Fórum e procure ler, entre outros artigos, o Dependência química: internação é solução?, indicado no link a seguir: http://www.revistaforum.com.br/2013/09/30/ internacao-e-solucao/. Acesso em 2 maio 2016. 1.4 O Lugar da Família A maioria de nós nasceu e cresceu dentro de uma família. Portanto, é na convivência familiar que iniciamos o aprendizado das regras sociais. Em princípio, o grupo familiar deveria proporcionar às crianças um ambiente saudável para um desenvolvimento equilibrado, sob todos os aspectos. Mas, na vida real, isso nem sempre é possível, a despeito de grande número de pessoas se esforçar honestamente nesse sentido. Assim, de repente, muitas famílias descobrem que um de seus membros se tornou dependente de drogas e elas sentem o chão abrir-se sob seus pés. Resgatá-las é mais uma tarefa para os profissionais de saúde que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial a usuários de álcool e outras drogas (CAPSad). Isso porque tanto o usuário de drogas quanto seus familiares são estigmatizados pela sociedade. A primeira fase do trabalho consiste em fazer a família compreender que a chamada dependência química é uma doença. Uma vez resolvida essa questão, os familiares tendem a apoiar a equipe que cuida de seu parente com segurança e determinação. A família se torna parceira da equipe de profissionais, mas, ao contrário do que ocorre com os familiares de pessoas em tratamento de saúde por problemas físicos, ela pode ser chamada de codependente: provavelmente terá adoecido em consequência das experiências traumáticas vivenciadas com o parente usuário de drogas. E uma atitude positiva por parte do grupo familiar é muito importante, pois, a despeito dos esforços de todos, são comuns as recaídas dos pacientes e o abandono dos tratamentos. 62 De qualquer maneira, a participação de familiares em grupos de apoio promove a troca de experiências com outras pessoas com problemas semelhantes. Mutuamente, eles percebem que não estão sozinhos. Se sentem apoiados e confiantes em sua capacidade de superar as dificuldades. 1.4.1 Crack, é Possível Vencer A diversidade de problemas trazidos pelas drogas, de dimensões biológicas, psíquicas, sociais, culturais, constitui um grande desafio para a implementação de uma política que exige uma abordagem abrangente e o desenvolvimento de ações articuladas, que contemplem a prevenção do uso, o cuidado ao usuário e o enfrentamento ao tráfico de drogas. Crack, é possível vencer, é um Programa do Governo Federal com a finalidade de prevenir o uso e promover a atenção integral ao usuário de crack, bem como enfrentar o tráfico de drogas. Tem por objetivo aumentar a oferta de serviços de tratamento e atenção aos usuários e seus familiares, reduzir a oferta de drogas ilícitas por meio do enfrentamento ao tráfico e às organizações criminosas e promover ações de educação, informação e capacitação. Fonte: PROGRAMA DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS. Crack, é possível vencer. Disponível em http://www.mprn.mp.br/ portal/transformando-destinos-arquivos/cartilhas-e-materiais-para-estudo/cartilhas/3139-crack-e-possivel-vencer/ file. (Texto adaptado.) Fonte: http://www.mprn.mp.br 63 Agora é com Você! Assista ao vídeo indicado e descubra mais sobre o que foi estudado nesta unidade. • TV Brasil. Programa Ser Saudável. Álcool e drogas. Quais os riscos à saúde acarretados pela dependência? No programa, o médico e apresentador Enrique Barros acompanhou a história do cearense Renato Lima. Durante quatro anos, Renato foi dependente de craque. Com o auxílio de tratamento, hoje ele ajuda outras pessoas a superar a dependência química. Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/alcool-e- drogas#media-youtube-1. • Centro de Convivência É de Lei. O que é redução de danos? Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=cDVR_NBAfyc Acesse o site da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e baixe um caderno de atividades para ajudar você a mudar seus hábitos relacionados à saúde. • Drogas: Cartilha mudando comportamentos. Disponível em http://www. justica.gov.br/central-de-conteudo/politicas-sobre-drogas/cartilhas- politicas-sobre-drogas. Ótimo, você acaba de finalizar a unidade e está apto a testar seus conhecimentos nas questões referentes a ela. Prossiga em seus estudos para concluir o restante de seu curso. 64 Glossário Azinhavre: Camada de cor verde que se forma na superfície dos objetos de cobre ou latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido. Estigmatizado: Pessoa que foi marcado com estigma, marca ou cicatriz deixada por ferida. No texto, significa marcado por algum comportamento ou característica que reforça a sua condição, mesmo que a pessoa tenha mudado. Inviabilizar: Tornar (algo) inviável, irrealizável, que não possui condições de se realizar. Reinserção: Ato ou efeito de reinserir. No texto, significa inserir novamente as pessoas no convívio social. Vulnerável: Sujeito a ser atacado, derrotado; frágil, prejudicado. 65 d 1- Qual a classificação das substâncias psicoativas, de acordo com a ação que realizam no cérebro? ( ) Depressoras, limitadoras e tranquilizantes da atividade do Sistema Nervoso Central. ( ) Estimulantes, perturbadoras e depressoras das atividades do Sistema Nervoso Central. ( ) Não há atividades gerais, elas agirão dependendo das condições de dependência do usuário. ( ) Estimulantes e redutoras de reflexos das atividades do Sistema Nervoso Periférico. 3 - De acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde, ficou estabelecido que os dependentes de álcool e de outras drogas passariam a ter direito à assistência integral, por meio de serviços localizados nas proximidades do lugar em que vivem, assim que surgiram os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas - CAPSad, destinados a melhorar a assistência em saúde mental, visando a redução de danos. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 66 Referências ALVAREZ, S. Q. et al. Grupo de apoio/suporte como estratégia de cuidado: importância para familiares de usuários de drogas. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 33, n. 2, p. 102-108, jun. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n2/15>. Acesso em: 2 maio 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN-DST/AIDS. A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_ministerio_ saude_atencao_integ_usuarios_alcool_drogas.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016. CENTRO DE CONVIVÊNCIA É DE LEI. Redução de danos sociais e à saúde associados ao uso de drogas. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://edelei.org/pag/
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