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CEFALEIA PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS Prof. Marcela Lopes de Almeida Ribeirão Preto 2017 Cefaleia ● Terminologia - dor de cabeça - cefalalgia - cefaleia - enxaqueca - migrânea Cefaleia ● O que é cefaleia? ● É o nome científico para a popular “dor de cabeça”, que ocorre devido a diversas causas e etiologias, podendo ocorrer de modo isolado, quando apresenta um complexo sintomático (como as enxaquecas); ou então quando provém de uma doença em desenvolvimento (como tumor) ● Sintoma muito freqüente! ● Considerado um sinal de alerta!!!! Cefaleia ● Por que classificar ? ● A classificação das cefaléias tem utilidade clínica, auxiliando no estabelecimento do diagnóstico, prognóstico e abordagem em terapêutica, e científica, uniformizando a nomenclatura dos diversos tipos de cefaléia, estudados em diferentes centros de investigação. Cefaleia 1. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 1.1 . Segundo a etiologia a) Cefaléias primárias: são as que ocorrem sem etiologia demonstrável pelos exames clínicos ou laboratoriais usuais. Exemplos: - migrânea (enxaqueca) - cefaléia tipo tensão - cefaléia em salvas e outras. Nestes casos, desordens neuroquímicas, encefálicas têm sido demonstradas, envolvendo desequilíbrio de neurotransmissores, principalmente para a migrânea. Tais desordens seriam herdadas e, sobre tal susceptibilidade endógena, atuariam fatores ambientais. Cefaleia 1. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 1.1 . Segundo a etiologia b) Cefaléias secundárias: são as provocadas por doenças demonstráveis pelos exames clínicos ou laboratoriais. Nestes casos, a dor seria conseqüência de uma agressão ao organismo, de ordem geral ou neurológica. Exemplos: associadas às infecções sistêmicas, disfunções endócrinas Intoxicações, hemorragia cerebral, meningites, encefalites lesões expansivas do SNC. Cefaleia 1. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 1.2 . Segundo o modo de instalação e a evolução a) Cefaléias explosivas - na hora! b) Cefaléias agudas – em horas c) Cefaléias subagudas – em dias persistente d) Cefaléias crônicas - em meses Recidivante Cefaleia A partir da década de 60, houve um grande avanço no estudo das cefaléias. As definições dos vários tipos de migrânea, das cefaléias tipo tensão e de outras obedeciam critérios não universais, dificultando a comparação de resultados entre os vários centros de pesquisa. Em 1988, a Sociedade Internacional de Cefaléia publicou a “Classificação e Critérios Diagnósticos das Cefaléias, Nevralgias Cranianas e Dor Facial”. Esta classificação procurou correlacionar as várias etiologias com tipos específicos de dor de cabeça e procurou estabelecer critérios diagnósticos operacionais restritivos para as cefaléias primárias. Introduziu, também, a noção de níveis de diagnóstico. Atualmente, esta classificação é aceita pelos principais centros de estudo e qualquer trabalho científico a respeito de cefaléia dificilmente será publicado, se não estiver de acordo com a classificação proposta. Cefaleia 1. MIGRÂNEA 1.1 Migrânea sem aura 1.2 Migrânea com aura 1.2.1 Migrânea com aura típica 1.2.2 Migrânea com aura prolongada 1.2.3 Migrânea hemiplégica familial 1.2.4 Migrânea basilar 1.2.5 Aura de migrânea sem cefaléia 1.2.6 Migrânea com aura de instalação aguda 1.3 Migrânea oftalmoplégica 1.4 Migrânea retiniana 1.5 Síndromes periódicas da infância que podem ser precursoras de, ou estarem associadas a migrânea 1.5.1 Vertigem paroxística benigna da infância 1.5.2 Hemiplegia alternante da infância 1.6 Complicações da migrânea 1.6.1 Estado migranoso 1.6.2 Infarto migranoso 1.7 Distúrbio migranoso, que não preencha os critérios acima 2. CEFALÉIA DO TIPO TENSIONAL 2.1 Cefaléia do tipo tensional, episódica 2.1.1 Cefaléia do tipo tensional, episódica, associada a distúrbio de músculos pericranianos .... .... 12.8 Dor facial que não preencha os critérios dos grupos 11 ou 12 13. CEFALÉIA NÃO CLASSIFICÁVEL Cefaleia COMENTÁRIOS À CLASSIFICAÇÃO DA SIC 1. Nível de diagnóstico: é dado pelo número de dígitos utilizado no diagnóstico. É recomendável que todos os médicos conheçam a classificação até, no mínimo, o nível de dois dígitos. 2. Os itens de 1 a 4 referem-se às cefaléias primárias. Os itens de 5 a 11 correspondem, salvo poucas exceções, às cefaléias secundárias. 3. Em geral, as cefaléias secundárias dão como manifestação clínica sintomas de migrânea, cefaléia tipo tensão ou outro tipo de cefaléia primária. São os sinais/sintomas associados que alertarão o médico experiente para a necessidade de exames subsidiários. 4. Os pacientes que apresentarem um tipo particular de cefaléia já diagnosticada, com a ocorrência de uma das causas arroladas nos grupos 5-11, serão codificados em um daqueles grupos. Se o paciente, antes do evento, apresentar algum tipo de cefaléia e, após, houver piora dos sintomas, o diagnóstico será o de antes. Cefaleia Em geral 1. Cefaleia é responsável por grande parte das consultas nas unidades de saúde 2. Associada a um alto impacto socioeconômico, perda da produtividade no trabalho e diminuição da qualidade de vida 3. Na maioria dos casos, não está relacionada a outras condições clínicas e, quando presentes, costumam ser condições simples, como infecções de vias aéreas e distúrbio da articulação temporomandibular. 4. Entretanto é necessário atentar para sinais de alerta que indiquem cefaleia secundária a eventos mais graves, como hemorragia ou lesão expansiva. Cefaleia Diagnóstico As principais cefaleias -diagnóstico é clínico!!! Baseia-se na anamnese e no exame físico. Cefaleia Diagnóstico As principais cefaleias -diagnóstico é clínico!!! Exame físico. # Avaliar pressão arterial e/ou temperatura (se estão elevadas) # Oroscopia, otoscopia e avaliação dos seios da face na presença de sintomas associados # Palpação cervical e do crânio em busca de hipertonia muscular cervical, pontos dolorosos. # Palpação trajeto da artéria temporal superficial pensando em diagnóstico diferencial de arterite temporal em pacientes com mais de 50 anos. # Palpação da articulação temporomandibular(ATM). # Exame neurológico na busca de possíveis déficits focais associados. CEFALIÁTRICO Cefaleia Cefaleias mais comuns: Prova de Neuro = Frio na Barriga Cefaleia caso clínico. MFO, sexo masculino, 43 anos, empresário do ramo de calçados. Procurou-me pela primeira vez há 3 meses queixando-se de cefaleia. Conta que de inicio a cefaleia acontecia uma vez por semana e relacionava-a aos dias de maior tensão no trabalho de gerência de sua empresa. De inicio não tomou qualquer providência, pois a cefaleia cessava enquanto fazia sua caminhada diária, no final da tarde. A cefaleia não era muito forte, referia que alcançava o nível 5 numa escala de zero a dez. Era em peso ou pressão, holocraniana, predominando nas regiões occipitais. Não tinha sintomas premonitórios ou aura visual e a cefaleia não era acompanhada por náuseas, sensibilidade à luz ou a ruídos. Considerava que era uma cefaleia comum até normal, pois não atrapalhava suas atividades, iniciando no final da tarde. Cefaleia caso clínico. Porém a situação foi se agravando com o passar dos meses e a cefaleia ficou mais frequente e mais forte, iniciando mais cedo, logo após o almoço, o que tornava seus compromissos do final da tarde muito difícil, por causa da dor. Algumas vezes na semana não conseguia dar conta do programado para o dia por causa do sintoma. Tomava medicações para enxaqueca, por conselho de um amigo, quandoa dor era mais forte, mas não tinha alivio da dor. Por causa disso procurou por ajuda médica. Diagnóstico e conduta: Cefaleia Tensional Episódica Crônica - Primeira conduta é educativa, não prescrever qualquer medicação. - Explicar que se trata de uma cefaleia tensional, devido ao estresse do dia- a-dia e orientar reorganizar sua agenda, equilibrando atividades profissionais, de lazer, de convívio social e familiar, mantendo ou até aumentando suas atividades físicas. - Sugerir alternativas não medicamentosas Cefaleia caso clínico. Voltou 2 meses depois contando que havia melhorado muito, com as orientações mas que em dias particularmente “pesados”, tinha cefaleia de forte intensidade que, se ocorresse durante o expediente, atrapalhava suas atividades; pediu que indicasse um analgésico para esses dias. O que fazer? Antinflamatório - ibuprofeno (Alivium), 600mg/dose. Diagnóstico: Cefaleia do tipo tensional episódica crônica. Cefaleia caso clínico. M.L.A, 35 anos, feminino, médica. Procurou-me pela primeira vez há 2 meses queixando-se de cefaleia. Conta que de inicio a cefaleia acontecia 2 vezes por semana e relacionava-a aos dias de maior tensão no hospital. Muitas vezes antes da dor a vista "embaralha" e não consegue mais olhar para a tela do computador. Alem de ver "estrelinhas". De inicio tomou dipirona e paracetamol, e a cefaleia cessava enquanto dormia ou vomitava. A cefaleia era muito forte, referia que alcançava o nível 8 numa escala de zero a dez. Era pulsátil, mais do lado esquerdo da cabeça, predominando nas regiões temporais. Tinha sintomas premonitórios ou aura visual e a cefaleia era acompanhada por náuseas, sensibilidade à luz ou a ruídos. Geralmente atrapalhava suas atividades diárias. Iniciando no final da tarde. Cefaleia caso clínico. Diagnóstico e conduta: MIgrânea com aura - Primeira conduta é educativa, não prescrever qualquer medicação. - Diário da dor - Explicar que se trata de uma cefaleia migrânea com aura - - Sugerir alternativas não medicamentosas e medicamentosas (antiinflamatórios) Cefaleia caso clínico. Retornou em 1 mês, mantendo a cefaleia com as mesmas características. E percebeu que quando vai a festas de aniversario tem muita dor, percebendo que algumas comidas com queijo são gatilhos para a dor. Conduta: Evitar fatores desencadeantes das crises (p. ex. álcool, chocolate, alimentos com tiramina, aditivos alimentares como glutamato monossódico e aspartato, medicamentos, estresse, mudanças climáticas) Antidepressivo tricíclico em baixa dose ou Betabloqueadores ou anticonvulsivantes. Cefaleia Enxaqueca e cefaleia do tipo tensional são as cefaleias primárias mais prevalentes na população. MIgrânea acomete cerca de 25% das mulheres e a tensional, cerca de 50 a 70% da população em geral. Ambas têm como sintoma principal a dor de cabeça. Enxaqueca e cefaleia do tipo tensional caracterizam-se por apresentarem crises de cefaleia recorrentes, de frequência muito variável, sendo de poucas por ano a várias por mês. Em uma porcentagem não desprezível de pacientes (cerca de 15%) a enxaqueca e a cefaleia do tipo tensional evoluem para uma forma denominada “crônica”, na qual as crises se tornam muito frequentes – diárias ou quase diárias. Essa evolução é facilitada pelo uso frequente (mais de dez doses por mês) de medicações abortivas da cefaleia. Cefaleia Cefaleia
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