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COMANDO DA AERONÁUTICA DEPARTAMENTO DE ENSINO DA AERONÁUTICA ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES-DO-AR CONCURSO DE ADMISSÃO AO 3O ANO DO CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA 21 de AGOSTO de 2005. Transcreva este dado para o seu cartão de respostas: VERSÃO: A ATENÇÃO! ESTA PROVA CONTÉM 45 QUESTÕES: AS DE Nº 01 A 25 REFEREM-SE À LÍNGUA PORTUGUESA; AS DE Nº 26 A 45 REFEREM-SE À LÍNGUA INGLESA. Leia, com atenção, os textos que se seguem. Texto I Isso é que é racismo Desde que o argentino foi preso num campo de futebol sob a acusação de racismo, ficou claro que entramos numa distraída temporada de combate à discriminação racial. É uma campanhazinha distraída porque, no entusiasmo da denúncia, no gozo do espetáculo, no embalo dessa nossa americanização do racismo, estamos enxergando racismo demais onde ele é escasso — e, o que é pior, enxergando quase racismo nenhum onde ele é farto. O prêmio de racista do mês, por exemplo, não deve ir para jogadores de futebol da Argentina. Deve ir para aqueles brasileiros que dizem pertencer às sociedades protetoras dos animais. Eis o caso: os defensores dos animais tentaram derrubar um artigo de uma lei gaúcha que autoriza o sacrifício de animais nos cultos de religiões de origem africana — cujos adeptos, ninguém desconhece, são na maioria negros. Os defensores dos animais acham que imolar bichos numa cerimônia religiosa é crueldade e que a lei de proteção aos animais, portanto, não pode permitir tal selvageria. O racismo aqui é sutil, mas é imensamente nefasto: o que os pró-bichos estavam tentando, na prática, era impedir que os negros exercessem na plenitude a sua cultura — aliás, uma cultura bela, rica, colorida e intensa, à qual os brasileiros devem talvez mais do que costumam perceber. Nas religiões de matriz africana, sacrifica-se um animal para oferecê-lo às divindades. Impedir que tal prática seja exercida, além de constituir um agudo desrespeito à cultura do outro, é mais ou menos como dizer que os deuses dos negros não merecem tantas regalias. É como dizer que são deuses de segunda classe. É como dizer que os nossos bichos, os bichinhos dos brancos, ora essa, não podem ser mortos só para que deuses de negros, ora essa, se sintam devidamente reverenciados. Até porque deus que preste, ora essa, não exige que seus fiéis saiam por aí matando bichos... Como racismo no Brasil é sempre coisa do vizinho (argentino ou não), os defensores dos animais que lutam contra o rito das religiões africanas vão jurar de pés juntos que não são racistas, que jamais quiseram dizer que o deus dos negros não é tão bom quanto o deus dos brancos, que existem até negros entre eles e que queriam apenas evitar atrocidades contra os animais. Pode ser verdade, mas não basta. Se for isso mesmo, se o que os move é tão-somente a defesa dos animais, onde estão então os protestos diante dos abatedouros de bois, porcos e aves? Onde estão os protestos contra a condição do Brasil de maior exportador mundial de carne bovina e de frango? Dias atrás, o governo da Rússia anunciou que vai voltar a permitir a importação de carnes bovina, suína e de frango de regiões do Brasil onde havia suspeita de alguma doença. Foi uma excelente notícia para a economia brasileira — e não se ouviu o protesto dos defensores dos bois, porcos e galinhas. Em tempo: por sorte, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu, embora por maioria apertada, apenas 14 votos contra 10, que a lei vale. Ou seja: o racismo saiu derrotado. Mas cuidado: ainda 'stamos em pleno mar. (André Petry. In: Veja, 27 de abril de 2005.) Texto II O NAVIO NEGREIRO (excerto) Castro Alves 'Stamos em pleno mar... (...) Era um sonho dantesco... O tombadilho, Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... Estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães. Outras, moças... Mas nuas, espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs. E ri-se a orquestra, irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Se o velho arqueja... se no chão resvala... Ouvem-se gritos... O chicote estala E voam mais e mais... (...) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus!... Ó mar! por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!... (...) 01 - A propósito do texto Isso é que é racismo, marque (V) verdadeiro ou (F) falso e, a seguir, assinale a opção correspondente. ( ) De acordo com o primeiro parágrafo, tem havido forte campanha contra o racismo, que é atacado em todas as suas nuances. ( ) André Petry mostra-se imparcial em seu texto, já que aborda um tema, além de polêmico, político e social. ( ) Segundo o texto, o verdadeiro e perigoso preconceito não é aquele aparente, mas sim o que está velado por segundas intenções. ( ) Ao questionar a ausência de protestos dos pró-bichos em relação ao abate de bois, porcos e aves para consumo, o autor reafirma sua dúvida quanto à verdadeira intenção desse grupo ao querer derrubar a lei gaúcha em questão. a) V, F, F, V c) V, F, V, F b) F, V, V, F d) F, F, V, V CA-CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA – VERSÃO “A” – 3º ANO 2 02 - Leia este fragmento: “Como racismo no Brasil é sempre coisa do vizinho (argentino ou não), os defensores dos animais que lutam contra o rito das religiões africanas vão jurar de pés juntos que não são racistas.” Em relação ao período que o constitui, assinale a opção correta. a) É composto somente por orações que se subordinam a uma principal. b) A primeira oração apresenta uma circunstância de conformidade. c) A oração principal é os defensores dos animais que lutam contra o rito das religiões africanas vão jurar de pés juntos. d) Há no período apenas três orações, que exercem as respectivas funções: adjetiva, adverbial e substantiva. 03 - As afirmativas abaixo se referem ao texto II. Assinale-as com (V) verdadeira ou (F) falsa e marque a alternativa correspondente. ( ) Nos navios negreiros, apesar de todo o sofrimento, os africanos dançavam e entoavam seus cantos. ( ) Crianças magras e famintas regavam o sangue das mães, mulheres negras e sofridas. ( ) Na última estrofe, as expressões Senhor Deus e Ó mar exercem a mesma função sintática. ( ) Na primeira estrofe, pode-se substituir sonho dantesco por sonho infernal sem que a mensagem principal dos versos seja alterada. a) V, F, F, V c) F, F, V, V b) F, V, F, F d) V, V, V, F 04 - Assinale a alternativa em que os versos 5, 6 e 7 da última estrofe (texto II) foram reorganizados corretamente. a) Ó mar! por que não apagas este borrão de tuas vagas co’a esponja de teu manto? b) Ó mar! por que, co’a esponja de tuas vagas e de teu manto, não apagas este borrão? c) Ó mar! por que não apagas este borrão de teu manto co’a esponja de tuas vagas? d) Ó mar! por que não apagas este teu borrão co’a esponja das vagas de teu manto? 05 - Assinale a afirmativa correta. a) O excerto, a seguir, do livro Ser negro no Brasil hoje, de Ana Lúcia E. F. Valente, aborda uma situação oposta ao texto II (O Navio Negreiro). “Os escravos eram transportados em navios. Transportados não!! Eram empilhados nos porões dos navios, e a viagem durava dias ou até semanas. Afinal era a travessia do Atlântico...” b)O texto I (Isso é que é racismo) defende ponto de vista semelhante ao apresentado neste fragmento: “O que dizia a religião católica: Sejam bonzinhos, dóceis e passivos. Vocês estão sendo cristianizados e devem agradecer por isso. Sua religião é a do demônio. Devem esquecê-la. Se assim fizerem, de vocês será o Reino dos Céus. Uma tradução para essas palavras poderia ser: sofram e apanhem quietos. Não esperem e não queiram qualquer retribuição. Morram felizes com todas as chicotadas que puderem receber. No céu é tudo melhor.” (Ana Lúcia E. F. Valente) c) Os termos segregação e apartheid podem ser aplicados ao poema de Castro Alves (texto II). d) Em “Negras mulheres, suspendendo às tetas magras crianças, cujas bocas pretas rega o sangue das mães (...)” (texto II), existe a seguinte estrutura sintática: sujeito, verbo transitivo e um complemento verbal oracional. As questões de número 06 a 09 referem-se à seção de cartas da revista Veja publicada posteriormente à do texto Isso é que é racismo. 06 - Analise o texto e, a seguir, assinale a alternativa correta. Não tenho dúvida de que o senhor André Petry receberá uma chuva de e-mails iracundos e sarcásticos como a originada pela crônica da semana anterior (Isso é que é racismo). Ao que parece, quando se trata de assuntos que são abordados sob a clausura da fé, a opinião das pessoas é meramente o corolário de seu sectarismo caso dos missivistas da semana e dos deputados que inocentaram o colega. Parabéns, André Petry, pela pontualidade das críticas e pela coragem de fazê-las. Ricardo Moraes Pinto Rio de Janeiro, RJ a) Ricardo Morais emprega em seu discurso vocábulos (iracundos, corolário, sectarismo, missivistas) que denotam sua formação intelectual, remetendo a uma prolixidade ímpar e incorreções gramaticais. b) Fica clara a intenção do missivista em destruir o autor do texto Isso é que é racismo. c) As vírgulas empregadas no texto separam circunstância e assinalam um chamamento. d) Em quando se trata de assuntos que são abordados sob a clausura da fé, observa-se a idéia de tempo, à qual se segue uma explicação iniciada por um conectivo relativo. 07 - Leia os textos abaixo. I - O texto do senhor André Petry (Isso é que é racismo, 27 de abril) está repleto de ódio, amargura e revolta por tudo e por todos. Talvez ele não tenha noção do que seja matança de seres indefesos. Em rituais religiosos, animais são sacrificados para ser oferecidos aos deuses, assim como crianças já foram utilizadas para o mesmo fim. Os protetores dos animais apenas lutam para que a violência seja banida do planeta, tornando o mundo melhor, sem agressores, crueldades nem desigualdades direcionadas a todos os seres vivos. Izabel Cristina Nascimento Presidente da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa) Rio de Janeiro, RJ II - Por mais brilhantes que sejam os argumentos de André Petry, devemos lembrar que o Estado é laico, portanto nenhum princípio religioso, qualquer que seja a crença, deve prevalecer sobre a razão. Cláudio Henrique Nobre Belo Horizonte, MG Assinale a alternativa correta. a) Cláudio Henrique Nobre (II) elogia o brilhantismo dos argumentos do articulista, concordando com seu embasamento. b) Os dois textos completam-se, opondo-se à tese proposta pelo articulista. c) O trecho do que seja matança de seres indefesos (I) completa o termo noção, exercendo função adjetiva. d) Trocando-se a conjunção portanto (II) por porquanto, conserva-se o sentido da frase. CA-CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA – VERSÃO “A” – 3º ANO 3 08 - Concordo com André Petry. Por isso, acho que devemos preservar a cultura e a religião dos índios brasileiros, que tinham por hábito comer carne humana, acreditando que assim absorveriam a força e a coragem dos seus inimigos. Também defendo que os descendentes de incas, maias e astecas retomem suas tradições, que incluíam sacrifícios humanos para aplacar a ira dos deuses. Claro que, se alguém for contra isso, só pode ser por racismo. Cláudia P. A. de Souza São Paulo, SP Assinale a alternativa em que a substituição proposta, nos parênteses, às palavras e expressões destacadas CONTRARIA o sentido do texto acima. a) por hábito (o hábito de) b) assim (nessa ocasião) c) que (as quais) d) se alguém for (caso alguém vá) 09 - Considerando a leitura do texto acima, assinale a alternativa correta. a) Observa-se que a coluna de André Petry agradou totalmente a todos os leitores da revista. b) O vocábulo articulista remete semanticamente a trabalho escrito, artigo. c) O título Baleias não me emocionam pode ser reescrito corretamente empregando a ênclise. d) Os vocábulos André, só, férias são acentuados graficamente pela mesma razão. 10 - Assinale a alternativa FALSA referente ao seguinte texto. (Revista Superinteressante, abril – 2003, ed. 187) a) Infere-se do texto que a discriminação e o preconceito racial não se sustentam em estudos científicos. b) O primeiro período apresenta um complemento verbal oracional. c) O conector mas sinaliza uma contraposição quanto ao fato exposto anteriormente. d) No terceiro período, questiona-se a procedência, a origem do ódio racial. Se, em vez disso, fosse questionado o seu destino, seria empregado o verbo vir com uma nova regência, exigindo, então, a preposição a. As questões de número 11 a 13 referem-se ao texto abaixo. O RACISMO NAS MALHAS DA LEI Muitos estados têm suas próprias leis, algumas eficientes, outras até mesmo ignoradas. • São Paulo, Lei nº 9.156, de 15 de maio de 1995, Artigo 1º: “Fica oficializado o ‘Hino da Negritude’, de autoria do professor Eduardo Ferreira de Oliveira”. Parágrafo único: “O hino deverá ser entoado em todas as solenidades que envolvam a raça negra”. • Bahia, Constituição Estadual, Artigo 289: “Sempre que for veiculada publicidade estadual com mais de duas pessoas, será assegurada a inclusão de uma da raça negra”. • Espírito Santo, Lei nº 5.115, de 13 de novembro de 1995, Art. 1º: “Fica proibido o uso da expressão ‘boa aparência’ ou outras similares na divulgação de anúncios visando a concurso e seleção de pessoal”. • Distrito Federal, Lei Orgânica, Artigo 235, Parágrafo 3º: “O currículo escolar e o universitário incluirão, no conjunto das disciplinas, conteúdo sobre as lutas das mulheres, dos negros e dos índios na História da humanidade e da sociedade brasileira”. • Pará, Lei nº 7.685, de 17 de janeiro de 1994, Artigo 2º: “(...) torna-se obrigatório o ensino sobre a condição social do negro hoje, sobre a produção cultural afro-brasileira, bem como dos movimentos organizados de resistência no decorrer da História brasileira”. CA-CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA – VERSÃO “A” – 3º ANO 4 11 - Assinale a alternativa INCORRETA. a) A passagem “Fica oficializado o ‘Hino da Negritude’(...)” pode ser substituída corretamente por “Oficializa-se o ‘Hino da Negritude’(...)”. b) Grafa-se corretamente o numeral 9.156 da seguinte forma: nove mil e cento e cinqüenta e seis. c) O texto nos mostra que o respeito às raças não depende só da emissão de uma lei. d) Em “Muitos estados têm suas próprias leis (...)”, o verbo foi assinalado graficamente para concordar com a pluralização do sujeito.12 - Assinale a alternativa INCORRETA. a) A lei do Pará (nº 7.685) se contrapõe à lei do Distrito Federal (Lei Orgânica). b) A passagem “Sempre que for veiculada publicidade estadual (...)” (lei da Bahia) expressa uma circunstância de tempo em relação à idéia principal do período. c) O Artigo 1º da lei do Espírito Santo pode ser reescrito, corretamente, assim: “Proíbe-se o uso da expressão (...)”. d) Os vocábulos currículo, universitário e índios são acentuados por serem, respectivamente: proparoxítono, paroxítono e paroxítono. 13 - Relacione corretamente as colunas e, a seguir, assinale a alternativa correspondente. 1ª Coluna 2ª Coluna ( ) A entoação de um hino contempla um aspecto secundário do problema. ( ) Está assegurada, na Bahia, a inclusão de negros em publicidade estadual. ( ) O povo deve conhecer a produção cultural afro-brasileira. 1 - Proposto na lei. 2 - Inferência sobre a lei. ( ) O estudo sobre Zumbi dos Palmares é positivo para se reconhecer a sua importância em nossa história. a) 1 - 2 - 2 - 1 b) 2 - 1 - 1 - 2 c) 1 - 2 - 1 - 1 d) 2 - 2 - 1 - 1 14 - Sistema de cotas para negros amplia debate sobre racismo 5 10 15 O sistema de cotas para negros nas universidades, adotado pela primeira vez na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em 2001, ainda gera polêmica e divide opiniões. Há vários argumentos contra e a favor, todos bastante sensatos. Nem mesmo o governo brasileiro parece saber que posição tomar e demonstra ambigüidade sobre a questão. Tanta incerteza, no entanto, tem um ponto positivo: a reserva de vagas gera um debate importante sobre o racismo no Brasil, um país onde o preconceito existe, ainda que de forma velada. A primeira instituição federal de ensino superior a implementar o sistema de cotas foi a Universidade de Brasília (UnB), que aprovou em junho deste ano um plano de metas para integração racial e étnica. O projeto, que entrará em vigor em 2004, prevê a reserva de vagas para negros e, num percentual menor, índios, durante dez anos. Um dos autores da proposta da UnB, o professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia, acredita que o sistema de cotas é a única forma de se resolver o problema da exclusão racial no curto prazo. O preconceito, segundo ele, está presente nas salas de aula. (www. comciencia.br) Em relação às estruturas e às idéias presentes no texto, assinale a opção correta. a) O sistema de cotas para negros nas universidades é a melhor forma de solucionar o problema da exclusão racial. b) Se a palavra velada (l. 9) for substituída por exacerbada, o sentido da frase será mantido. c) O governo brasileiro ainda não definiu a posição a ser tomada quanto ao sistema de cotas para negros nas universidades, mas na UnB (Universidade de Brasília) esse projeto entraria em vigor em 2004. d) A palavra gera (l. 7) pode ser substituída por geram, preservando o sentido e a correção originais. CA-CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA – VERSÃO “A” – 3º ANO 5 15 - Nos textos abaixo, os autores consagrados mostram em suas obras a presença do negro na sociedade. I - No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. (Carlos Drummond de Andrade - Infância) II - Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor. Imagino Irene entrando no céu: Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. (Manuel Bandeira - Irene no céu) III - A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. (Machado de Assis - Pai contra mãe) Com relação aos textos, assinale a assertiva verdadeira. a) Drummond refere-se ao negro como uma figura extremamente importante na educação do branco: “aprendeu a ninar nos longes da senzala (...)”. b) Bandeira opõe-se às idéias de Drummond em Infância, apresentando um tom de carinho que não se encontra no primeiro. c) Machado de Assis limita-se, como todos os outros autores realistas, a descrever externamente as atitudes e ações de suas personagens. O excerto comprova tal afirmação. d) No texto III, é nítida a indignação do autor contra a escravidão no Brasil. 16 - Leia atentamente o texto seguinte. 5 10 Era uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse. Havia ali perto um menino negro que estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões. Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou o azul, depois um amarelo e, finalmente, um branco. Porém uma coisa aborrecia o menino: o homem não soltava o balão preto. Então, aproximou-se do vendedor e perguntou: Moço, se o senhor soltasse o balão preto ele subiria tanto quanto os outros? O vendedor sorriu e disse-lhe: Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir. Assinale a opção correta. a) A palavra então (l. 7) pode ser substituída por assim sem que o texto sofra prejuízo em sua essência. b) O emprego das vírgulas que separam as expressões é claro e filho justifica-se pela mesma razão. c) A oração depois de ter soltado o balão vermelho apresenta relação de causa e efeito quanto ao restante do período. d) O texto desestimula a busca de valores internos e abstratos. 17 - Leia o soneto abaixo e analise as afirmações que são feitas sobre ele. A Jesus Cristo Nosso Senhor Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido; Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na sacra história, Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. (Gregório de Matos) I - A primeira estrofe enfoca o perdão, a falta (pecado) e a esperança experimentados pelo poeta. II - A segunda estrofe explora oposição através das palavras irar/abrandar. A misericórdia do Senhor é maior do que os pecados do poeta. III - O primeiro terceto faz uma alusão à ovelha perdida, que aparece em uma passagem bíblica. A ovelha,no entanto, é “cobrada” por causa do comportamento errado dela. IV - No segundo terceto, o poeta ainda se volta para Deus, lembrando o caso da ovelha desgarrada. O “Senhor” deve ser exigente com a ovelha, pois se não fizer isso pode, a ovelha, perder a glória. Estão INCORRETAS apenas a) I e II. c) I e IV. b) II e III. d) III e IV. CA-CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA – VERSÃO “A” – 3º ANO 6 (Revista Marie Claire, maio de 2005.) O preconceito racial constitui o núcleo temático da produção artística de grandes nomes da literatura brasileira. Dentre eles, destacam-se Castro Alves e Cruz e Sousa. Considere estes fragmentos extraídos de textos desses autores para responder às questões18 e 19: I - “Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob a tenda da amplidão... Hoje o porão negro, fundo, Infesto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar...” (O Navio Negreiro – Castro Alves) II - “Artista! pode lá isso ser se tu és d’África, tórrida e bárbara, devorada insaciavelmente pelo deserto, tumultuando de matas bravias, arrastada sangrando no lodo das Civilizações despóticas, torvamente amamentada com o leite amargo e venenoso da Angústia!” (Emparedado – Cruz e Sousa) III - “Em fundo de tristeza e de agonia O teu perfil passa-me noite e dia. Aflito, aflito, amargamente aflito, Num gesto estranho que parece um grito. (...) Com os olhos vesgos, a flutuar d’esguelha, Segue-te atrás uma visão vermelha. Uma visão gerada do teu sangue Quando no Horror te debateste exangue. (...) Mas, de repente, eis que te reconheço, Sinto da tua vida amargo preço. Eis que te reconheço escravizada Divina Mãe, na Dor acorrentada.” (Pandemonium – Cruz e Sousa) 18 - Com relação aos textos lidos, só NÃO se pode afirmar que a) eles representam dois diferentes momentos em nossa Literatura: respectivamente, Romantismo e Simbolismo. b) o continente africano é personificado no excerto II. c) o texto II nos permite a seguinte inferência: o que impede, tão-somente, o interlocutor de ser artista é o fato de a África ser um continente tórrido, desértico e bárbaro. d) em III, evidencia-se a preocupação formal que aproxima Cruz e Sousa dos parnasianos, como a linguagem requintada e a força das imagens. 19 - Assinale a alternativa INCORRETA quanto aos excertos lidos. a) Dentre os recursos estilísticos utilizados pelo autor do texto I, figuram a elipse e o assíndeto. b) Ainda no fragmento I, percebe-se a presença da antítese, sinalizada pelos vocábulos ontem e hoje, responsáveis também pela progressão temporal nele estabelecida. c) No texto II, África é o alvo da ação expressa pelo vocábulo devorada. d) Em Quando no Horror te debateste exangue e Eis que te reconheço escravizada, os pronomes se apresentam proclíticos às formas verbais por motivos semelhantes. Em ambos os versos, a posição do te pode ser alterada por meio da ênclise. 20 - Leia estes anúncios publicitários. I II Tomando como base o conteúdo apresentado, assinale a alternativa FALSA. a) No anúncio II, as passagens grifadas constituem uma informação prescindível, uma vez que apenas explicam seu respectivo termo antecedente. b) Faz-se menção a três dos romances urbanos do escritor brasileiro José de Alencar, os quais constituem a série “perfis femininos” . c) Senhora é considerado um dos romances precursores do Realismo, por retratar mais direta, crítica e objetivamente a realidade da época. d) O enunciado “Você vai se apaixonar por Essas mulheres” (I) é ambíguo, visto que nos permite mais de uma leitura: a paixão pela novela e a paixão pelas personagens centrais da trama. CA-CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA – VERSÃO “A” – 3º ANO 7 21 - Considerando os textos abaixo, assinale a alternativa correta quanto ao Arcadismo no Brasil. Texto I “Olha, Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Os Zéfiros brincar por entre as flores?” Texto II “A estética neoclássica surpreendeu nosso país nos difíceis e repressivos tempos da Inconfidência Mineira. O eixo econômico da colônia havia sido deslocado da Bahia para Minas Gerais, em função da descoberta de minérios na região. As pressões econômicas de Portugal e a derrama de impostos fizeram surgir o primeiro movimento pela independência do Brasil.” Texto III “Amigo Doroteu, prezado Amigo, Abre os olhos, boceja, estende os braços, E limpa das pestanas carregadas O pegajoso humor, que o sono ajunta. Critilo, o teu Critilo é quem te chama; Ergue a cabeça da engomada fronha. Acorda, se ouvir queres cousas raras.” a) O Arcadismo foi marcado pela instabilidade do mundo pós-renascentista, em que o homem viu na natureza apenas uma dócil confidente. b) Percorrem pela estética neoclássica a pompa e a afetação do estilo culto, bem como os jogos de idéias típicos do conceptismo. c) A consciência política somou-se às características árcades e fez com que o Arcadismo brasileiro possuísse um aspecto singular. d) O Neoclassicismo foi uma das maiores revoluções atravessadas pela arte, inaugurando os versos decassílabos. 22 - Assinale a alternativa que NÃO apresenta fragmento da segunda geração romântica. a) “Ergueu-se, vem da noite a vagabunda sem xale, sem camisa e sem mantilha, Vem nua e bela procurar amantes; É doida por amor da noite a filha.” b) “Minh'alma tenebrosa se entristece, É muda como a sala mortuária... Deito-me só e triste, sem ter forma Vejo na mesa a ceia solitária.” c) “Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais!” d) “Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra, E as promessas divinas da esperança... Tu, que da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança, Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...” 23 - Analise o fragmento abaixo e as afirmações que sobre ele são feitas. “(...) Parece-nos bem isto, peixes? Representa-se-me que com o movimento das cabeças estais dizendo que não e, com olhardes uns para os outros, vos estais admirando e pasmando de que entre os homens haja tal injustiça e maldade! Pois isto mesmo é o que fazeis. Os maiores comeis os pequenos: e os muito grandes não só os comem um por um, senão os cardumes inteiros, e isto continuadamente sem diferença de tempos, não só de dia, senão também de noite, às claras e às escuras, como também fazem os homens.” (Padre Antônio Vieira) I - Trata-se de uma passagem de um sermão. Nele os homens são comparados a peixes. Assim como um peixe devora outro, também o homem explora (come) outro homem. II - O fragmento chama a atenção, também, para o tempo: os “peixes” se devoram o tempo todo. Os homens também. III - Os ouvintes mostram-se admirados pelo que fala o pregador, pois, entre eles, não existe tal injustiça. O pregador, diante do espanto dos ouvintes, faz uma moderação tendenciosa no discurso: começa a falar de “peixes”, para não tocar diretamente no problema da exploração. IV - O termo senão introduz uma exceção: nem todosdos “cardumes” se comem. Está (ão) INCORRETA(S) apenas a) III e IV. c) II e IV. b) I e III. d) II. 24 - Analise a estrofe abaixo: “Paisagem da minha terra, onde o rouxinol não canta Mas que importa o rouxinol? Frio nevoeiro da serra Quando a manhã se levanta Toda banhada de sol.” (Manuel Bandeira) I - No fragmento, o poeta observa que o rouxinol não canta. O que importa é a manhã que “se levanta toda banhada de sol”. II - A estrofe apresenta seis versos (sextilha), todos com sete sílabas poéticas. III - A estrofe dialoga com o poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, apresentando uma terra de palmeiras onde canta o sabiá, o qual traduz a saudade da mulher amada. Estão corretas a) I e III apenas. c) II e III somente. b) I e II apenas. d) I, II e III. CA-CPCAR 2006 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE LÍNGUA INGLESA – VERSÃO “A” – 3º ANO 8 25 - Analise os fragmentos abaixo pertencentes a diferentes momentos da prosa brasileira. I - “Ela saltou no meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal.” II - “Ninguém ali sabia ao certo se a Machona era viúva ou desquitada; os filhos não se pareciam uns com os outros. A Das Dores, sim, afirmavam que era casada (...).” III - “Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. (...) olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas (...).” IV - “Do seu rosto irradiava singela expressão de encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos a franjar-lhe as pálpebras.” Assinale a afirmativa correta. a) I e IV pertencem ao Realismo. b) III e IV são naturalistas. c) II e III pertencem, respectivamente, ao Romantismo e ao Realismo. d) Apenas o III é um fragmento realista.
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