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RESUMO DO TEXTO “BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA BRASILEIRA ENQUANTO CAMPO PROFISSIONAL E CIENTÍFICO”. O texto descreve a evolução das tentativas brasileiras de investigação em educação matemática (EM) baseado nos estudos de Fiorentini (1994), destacando os principais investigadores, centros de investigação, os aspectos da EM que têm sido privilegiados pelos estudos e as principais tendências temáticas e teórico-metodológicas. Uma pergunta motiva a construção da trajetória da EM brasileira enquanto campo emergente de produção de saber: “que aspectos e dimensões da EM têm sido, nos diferentes momentos, privilegiados pela pesquisa brasileira e de que forma e em que condições ela tem sido realizada?”. Um estudo histórico identifica quatro fases de desenvolvimento da EM brasileira enquanto campo profissional e área de investigação. A primeira fase é chamada de “Gestação da EM como campo profissional” e vai do início do século XX até o final dos anos 1960. Neste período não havia uma configuração clara da Educação Matemática, mas é possível identificar alguns esforços e movimentos que preparariam o terreno para o surgimento da EM, como o movimento “escolanovista”, que fez surgir os primeiros “educadores matemáticos” e os primeiros manuais de orientação didático-pedagógica de matemática. Entretanto esses matemáticos ou professores de matemática focaram-se em compendiar livros-textos para os alunos e prescrever orientação aos professores, deixando de lado a pesquisa da realidade escolar ou os processos de ensino-aprendizagem e estudos psicológicos da criança. Por outro lado Malba Tahan se diferenciava dos demais pela diversidade, qualidade e quantidade de publicações. Após 1950 dois momentos são marcantes por terem impulsionado os estudos relativos ao ensino e aprendizagem de matemática. O primeiro momento é entre 1955 e 1966 com a realização dos Congressos Brasileiros de Ensino de Matemática (CBEM). O segundo momento é em 1956 com a criação dos Centros Regionais de Pesquisas Educacionais (CRPE). Além disso, nos anos 60 passam a ser obrigatórias a prática de ensino e o estágio supervisionado nos cursos de licenciatura. A segunda fase é chamada de “Surgimento da Educação Matemática como campo profissional e área de conhecimento” que marca o nascimento da EM do início da década de 1970 aos primeiros anos da década de 1980. A valorização da educação pelo regime militar para a formação de mão de obra “mais qualificada” desencadearia uma grande ampliação do sistema educacional brasileiro. Com isso ocorre um expansionismo universitário no início dos anos 1970 e muitos estudos são feitos com 3 focos temáticos: Estudo, desenvolvimento e testagem, via método experimental, de técnicas, métodos de ensino ou de propostas metodológicas; Estudos exploratórios / descritivos, geralmente do tipo survey, do currículo escolar e/ou do processo de ensino-aprendizagem da matemática; Estudos de natureza psicológica e/ou cognitiva. Em linhas gerais, esses estudos parecem priorizar a dimensão didático-metodológica da EM e, geralmente, por uma perspectiva que Godino (1990) chama de tecnicista, pois enfatizam, salvo algumas exceções, a elaboração e experimentação de materiais e técnicas de ensino. Chegamos a terceira fase ou “Surgimento de uma comunidade de educadores matemáticos e a ampliação da região de inquérito da Educação Matemática” que ocorre a partir da década de 1980. Os estudos agora não abordam somente a dimensão didático-metodológica. Destaca-se também a criação do primeiro programa brasileiro regular de mestrado na área de Educação Matemática em 1984 pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Rio Claro). Começa a surgir estudos preocupados não apenas com a unidade teórica, mas também com a busca/desenvolvimento de processos mais sistemáticos de investigação, por uma abordagem qualitativa. Alguns nomes merecem destaque por fazerem da EM seu principal campo de produção de conhecimento, como Maria Laura M. Leite Lopes da UFRJ. Nesse período também surgem linhas de estudo como a modelagem matemática, a resolução de problemas, a cognição matemática relacionada aos contextos socioculturais, a prática pedagógica e a formação de professores. Entre os anos de 1987 e 1988 é fundada a Sociedade Brasileira de Educação Matemática que desde então realiza regularmente encontros estaduais e nacionais de EM. Com todos os acontecimentos citados acima os educadores matemáticos finalmente passam a se identificar como tal no final da década de 1980 com realização de encontros específicos para socializar e discutir as pesquisas realizadas. Dos 3 focos temáticos de pesquisa da segunda fase passamos a ter 10: Estudo / experimentação de novos métodos ou técnicas de ensino (resolução de problemas e modelagem matemática); Etnomatemática e educação de adultos; Cognição matemática no ensino e/ou contextos socioculturais; Filosofia / história / epistemologia e ensino da matemática; Formação inicial e continuada de professores de matemática; Materiais didáticos e meios de ensino; Currículo escolar; Estudo do cotidiano escolar; Estudo histórico-analítico do ensino da matemática; Concepções / significados / ideologias no ensino-aprendizagem. A quarta fase ou “Emergência de uma comunidade científica” surge no início dos anos 1990, quando mais de 200 educadores matemáticos retornam ao Brasil depois de concluir doutorado em países como Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha. Um número ainda maior de educadores matemáticos conclui o doutorado aqui no Brasil em cursos de pós-graduação em educação. As novas linhas de estudo que surgem nesse período são: Informática e Ensino Matemático, Ensino de Geometria e Pensamento Geométrico, Educação Estatística, Didática e Epistemologia em Matemática, Análise da comunicação e dos discursos dos professores e alunos em sala de aula e Psicanálise e Educação Matemática. Com relação aos Centros de Investigação destacamos: o programa de mestrado e doutorado em EM da Unesp – Rio Claro, o programa de mestrado e doutorado em EM da PUC-SP e o programa de pós-graduação em EM da FE-Unicamp. Ao final dos anos 1990 surgem os Encontros Brasileiros de Estudantes de pós-graduação em EM (EBRAPEM). Os periódicos nacionais de divulgação também merecem destaque, como o Bolema (Unesp – Rio Claro), o Boletim GEPEM (RJ), a Revista Zetetiké (FE – Unicamp) e a Educação Matemática Pesquisa da PUC-SP, além das revistas da SBEM.
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