Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Disciplina: MANEJO DA IRRIGAÇÃO AULA: QUALIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO Data: 6 / 7 / 2017 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE AGRONOMIA Professor: Silvânio Rodrigues dos Santos 1. INTRODUÇÃO Qualidade bem definida sob ponto de vista de abastecimento público a nível de bacia hidrográfica (IQA e IT); Na irrigação: componentes do sistema, solo e planta (inexiste índice único para classificar a água); Abordagem: efeitos no sistema de irrigação e como minimizar problemas de obstrução ou corrosão. 2. COLETA E ANÁLISES Material de coleta: depende da variável a ser analisada mas de modo geral recipiente plástico com volume de 1 L a 2 L é suficiente (fazer ambientação); Onde coletar: sistema de irrigação já instalado, é feita na saída do emissor; Frequência: Rio/córrego – maior frequência possível; Poços profundos – semestral ou anual; Reservatórios – mensal ou semestral. Tabela 1: Análises necessárias para avaliar a água de irrigação e valores normalmente encontrados, segundo Ayers e Westcot (1991) PARÂMETROS UNIDADE VALORES NORMAIS EM ÁGUA DE IRRIGAÇÃO SALINIDADE Condutividade elétrica (CEa) dS m -1 0 – 3 Sais dissolvidos totais (SDT) mg L-1 0 – 2000 CÁTIONS E ÂNIONS Cálcio meq L-1 0 – 20 Magnésio meq L-1 0 – 5 Sódio meq L-1 0 – 40 Carbonatos meq L-1 0 – 0,1 Bicarbonatos meq L-1 0 – 10 Cloreto meq L-1 0 – 30 Sulfatos meq L-1 0 – 20 NUTRIENTES N-Nitrato mg L-1 0 – 10 N-amoniacal mg L-1 0 – 5 P-fosfato mg L-1 0 – 2 Potássio mg L-1 0 – 2 Vários Boro 0 – 2 RAS (mmolc L-1)0,5 0 – 15 Rotina: pH; CEa; Ca; Mg; K; Na; CO3 -2; HCO3 -; Cl-. Fator de entupimento Risco de entupimento Baixo Moderado Severo Físico (mg L-1) Sólidos suspensos < 50 50-100 > 100 Químico (mg L-1) pH < 7,0 7,0-8,0 > 8,0 Sólidos dissolvidos* < 500 500-2000 > 2000 Manganês* < 0,1 0,1-1,0 > 1,0 Ferro total* < 0,20 0,2-1,5 > 1,5 Sulfeto de hidrogênio* < 0,2 0,2-2,0 > 2,0 Biológico (nº máx bactérias mL-1) < 10.000 10.000-50.000 > 50.000 Tabela 2: Classificação da qualidade da água em relação ao potencial de entupimento de gotejadores. *Concentração máxima medida, com um número representativo de amostras de água, usando-se procedimento padrão para análise, em mg L-1. Fonte: Ayers e Westcot (1991) 3. EFEITOS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 103 µm 100 µm 10-3 µm 10-6 µm Dissolvidos Colóides Suspensos Precipitados de Ferro - problemas em baixos teores (2 mg L-1) Figura 1: Problemas de obstrução de emissores de irrigação localizada e acúmulo de biofilme no final das linhas laterais. Fonte: CORDEIRO et al. (2003) 3. EFEITOS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO Tabela 3: Principais elementos que obstruem sistemas de irrigação localizada 3. EFEITOS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO Físicos Químicos Biológicos (Sólidos em Suspensão) (Precipitação) (Bactérias e Algas) 1. Partículas inorgânicas 1. Carbonato de Ca e Mg 1. Filamentos a. Areia 2. Sulfato de cálcio 2. Lodo b. Silte 3. Metais pesados: 3. Depósitos microbiológicos c. Argila a. Óxidos a. Ferro d. Plásticos b. Hidróxidos b. Enxofre 2. Partículas orgânicas c. Carbonatos c. Manganês d. Silicatos 4. Organismos aquáticos e. Sulfetos 4. Óleos e lubrificantes 5. Fertilizantes Figura 2: Precipitados de carbonatos na parede da tubulação. 3. EFEITOS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO Figura 3: Redução da uniformidade de aplicação de um sistema linear devido ao entupimento de emissores e de rotor da MB (CUC = 63%; CUC = 81%). 3. EFEITOS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 Lâ mi na a 85 % (m m) Distância (m) Lâminas Coletadas ao longo dos raios de um "minipivô" linear CUC81 Média81 CUC63 Média63 Solução: Colocação de tela na sucção. Variável Intensidade relativa do dano Nenhuma a ligeira Moderada Forte Muito Forte pH >6,5 6,5-5,5 5,5-4,5 <4,5 CO2 dissolvido do CaCO3 (mg L -1) <15,0 15-30 30-60 >60 NH4 (mg L -1) <15,0 15-30 30-60 >60 Mg (mg L-1) <100,0 100-300 300-1500 >1500 SO4 (mg L -1) <200 200-600 600-3000 >3000 Tabela 3: Valores limites para avaliar o risco de corrosão da água. Fonte: Biezok (1972), citado por Souza et al. (2011) 3. EFEITOS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO Solução: Tubulações plásticas 4.1. APLICAÇÃO DE ALGICIDAS - Recomendação: cloro (0,64 mg L-1 para 1 mg L-1 de Fe; 1,3 mg L-1 para 1,0 mg L-1 de Mn) 4. MEDIDAS DE CONTROLE PARA PREVENIR OBSTRUÇÃO 4.2. AERAÇÃO DA ÁGUA E DECANTAÇÃO DE PRECIPITADOS Figura 3: Aerador tipo tabuleiro e tanque circular de sedimentação (lado esquerdo) e esquema de tanque de decantação retangular (lado direito). Fonte: CORDEIRO et al. (2003) 4. MEDIDAS DE CONTROLE PARA PREVENIR OBSTRUÇÃO 4.4. ABERTURAS DE LINHAS LATERAIS DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADA 4.3. MISTURA DE ÁGUAS (vide pág. 69 – qualidade de água na agricultura) 4.5. PRECIPITAÇÃO QUÍMICA NA IRRIGAÇÃO: CaCO3 (PREVENTIVO) - Índice de saturação, de Langelier (IL) - Constante de Solubilidade (Ks) CaCO3 Ca ++ + CO3 -- - Constante de dissociação (Kd) HCO3 - H+ + CO3 - cm pHpHIL ][*][ 3 COCaKs ][ ][*][ 3 3 HCO COH Kd 4. MEDIDAS DE CONTROLE PARA PREVENIR OBSTRUÇÃO pHc = pH calculado IL > 0 água super-saturada de carbonato de cálcio incrustante IL = 0 água em equilíbrio em relação ao carbonato IL < 0 água sub-saturada de carbonato de cálcio corrosiva ][ ][*][ ][*][ 3 3 3 HCO COH COCa Kd Ks ][ ][*][ 3 H HCOCa Kd Ks ][ ][*][ 33 H HCOCOMgCa Kd Ks ) ][ ][*][ ()( 33 H HCOCOMgCa Log Kd Ks Log ][][][)()( 33 HLogHCOCOLogMgCaLogKdLogKsLog ][KsLogpKs pHHCOCOpMgCappKdpKs )()( 33 )()()( alcpMgCappKspKdpHc cm pHpHIL 4. MEDIDAS DE CONTROLE PARA PREVENIR OBSTRUÇÃO )()()( alcpMgCappKspKdpHc )(3,3)( MgCaLogMgCap )(0,3)( 33 HCOCOLogAlcp Se IL > 0 (incrustante), acidificar para baixar a [carbonatos] a a a a CE CE CE CE pKspKd 163,01 113,0 225,01 45,0 5092,00269,2 cm pHpHIL ILAlcpAlcp )()( 2 LogxAlcp 0,3)( 2 )(0,3 210 Alcp x 4.5. Precipitação química na irrigação: CaCO3 (preventivo) 4. MEDIDAS DE CONTROLE PARA PREVENIR OBSTRUÇÃO HCl 3,2N (ácido muriático, de supermercado) xHCOCOf inicial 3 2 3 1000* N f D Dose do ácido (D, mL m-3): f = [CO3 2- + HCO3 -] a neutralizar com o ácido. 4. MEDIDAS DE CONTROLE PARA PREVENIR OBSTRUÇÃO M kP N *10** Onde: N = Normalidade do ácido; P (%, m/m); ρ = Massa específica do ácido (g cm-3); M = massa molar do ácido (g mol-1); k = número de íons H+ ionizáveis. IDENTIF. DA AMOSTRA: Poço 01 pH: 8,5 CE (Micromhos/cm a 25°C): 841,0 Ca: 0,18 meq L-1 Mg: 0,05 meq L-1 Na: 8,8 meq L-1 K: 0,08 meq L-1 Carbonato: 0,1 meq L-1 Bicarbonato: 6,1 meq L-1 Cloreto: 3,8 meq L-1 Exercício: Àpartir dos resultados abaixo, verificar a necessidade de prevenção de incrustação de sistema de irrigação por microaspersão e calcular a dose do ácido (HCl 3,2 N), se necessário. *meq L-1 = mmolc L -1 )()()( alcpMgCappKspKdpHc 25,2) 163,01 113,0 225,01 45,0 (5092,00269,2 CEa CEa CEa CEa pKspKd 94,3)(3,3)( MgCaLogMgCap 21,2)(0,3)( 33 HCOCOLogAlcp 4,821,294,325,2 pHc 1,04,85,8 IL Exercício: dose ácido irrigação localizada pHcpHmIL [CO3 -2 + HCO3 -] inicial = 6,2 mmolc L -1 A neutralizar: 31,21,021,2)()( 2 ILAlcpAlcp Exercício: dose ácido irrigação localizada 3/3,4061000* 2,3 3,1 1000* mmL N f D Lmmolcx Alcp /9,410 )(0,3 2 3,19,42,6323 xHCOCOf inicial REFERÊNCIAS CONSULTADAS BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de irrigação. Viçosa: UFV, 8 ed., 2006. 625 p. AYERS, R. S.; WESCOT, D. W. A qualidade da água na agricultura. Tradução de GHEIY, H. R., MEDEIROS, J. F., DAMASCENO, F. A. V. Campina Grande, UFPB, 1991. 218p. (Estudos FAO: Irrigação e Drenagem, 29). CORDEIRO, E. A.; HADDAD, G. S. V.; MANTOVANI, E. C. Principais causas de obstrução de gotejadores e possíveis soluções. Viçosa: Associação dos Engenheiros Agrícolas de Minas Gerais, 2003. 41 p. (Engenharia na Agricultura, boletim técnico n. 6) SOUZA, V. F. de; MAROUELLI, W. A.; COELHO, E. F.; PINTO, J. M.; COELHO FILHO, M. A. (Org.). Irrigação e fertirrigação em fruteiras e hortaliças. Brasilia, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. 771p. PIZARRO, F. Riegos localizados de alta frecuencia (RLAF): goteo, microaspersión, exudación. 3. ed. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa, 1996. 511 p.
Compartilhar