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Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Educação - Departamento de Fundamentos da Educação Disciplina: Fundamentos Sociológicos da Educação Profa. Ana Carolina Christovão Leituras e Exercícios Revolução Industrial na Inglaterra do século XIX (As Origens da Sociologia) “O resultado inevitável é a alteração da ordem social existente, que, precisamente porque é imposta, tem conseqüências muito funestas para os operários. (...) quando a mulher passa cotidianamente 12 ou 13 horas na fábrica e o homem também trabalha (...) o que acontece às crianças? Crescem entregues a si próprias, como a erva daninha (...) É por essa razão que se multiplicam de uma maneira alarmante, nos distritos industriais, os acidentes de que as crianças são vítimas por falta de vigilância. Em Manchester ‹ cidade industrial › aconteceram 215 acidentes mortais com crianças (...) enquanto em Liverpool, que não é uma cidade fabril ‹ com uma população igual ›, houve, em doze meses, apenas 146 acidentes mortais. (...) As mulheres voltam à fábrica muitas vezes três ou quatro dias após o parto (...) Esse sistema infame estimula o emprego de narcóticos com o fim de manter as crianças sossegadas. (...) O industrial também é dono do corpo e dos encantos de suas operárias. A ameaça de demissão é uma razão suficiente para, em 90 ou 99% dos casos, anular qualquer resistência por parte das moças (...) Se o industrial é suficientemente infame (...) a sua fábrica é ao mesmo tempo seu harém. (...) O filho de um operário, que cresceu na miséria, entre as privações a as vicissitudes da existência, na umidade, no frio e com falta de roupas, aos nove anos está longe de ter a capacidade do trabalho de uma criança criada em boas condições de higiene. Com esta idade é enviado para a fábrica (...) Relata-se mesmo o caso de um industrial escocês que perseguiu a cavalo um operário de dezesseis anos, que fugira, e trouxe-o de volta (...) batendo-lhe continuamente com um chicote.” “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra” Friedrich Engels 1) Qual era a situação das crianças pobres durante a Revolução Industrial? 2) Além da exploração econômica, qual era o outro tipo de exploração do capitalista sobre as operárias? 3) Pesquise e compare a situação dos operários brasileiros de hoje com os da Revolução Industrial. O Manifesto Comunista, de Marx e Engels “Um espectro ronda a Europa: o fantasma do comunismo. Todas as forças da velha Europa se uniram para combatê-lo (...) A história de todas as sociedades até os nossos dias tem sido a história das lutas de classes. (...) opressores e oprimidos se enfrentaram sempre, mantiveram uma luta constante, velada algumas vezes, aberta e franca outras. A burguesia tem desempenhado um papel altamente revolucionário na história. (...) Destruiu os laços feudais e não deixou nenhum vínculo entre os homens além do interesse frio (...) Afogou o fervor religioso(...) nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor comercial. Substituiu todas as liberdades pela única e desalmada liberdade do comércio. (...) A burguesia destruiu as emoções e sentimentos da vida familiar e as reduziu a simples operações financeiras. Uma revolução contínua na produção, um incessante abalo de todas as condições sociais, uma inquietude e um movimento constante distinguem a época burguesa das anteriores. Todas as relações estagnadas e cheias de mofo, com seu cortejo de crenças e de idéias veneradas durante séculos, ficam podres; as novas relações envelhecem antes mesmo de consolidar. Tudo que é sólido se desmancha no ar. (...) As armas que a burguesia utilizou contra o feudalismo agora se voltam contra ela própria. (...) ela produziu também os homens que empunharão essas armas: os trabalhadores modernos, o proletariado. (...) O progresso da indústria (...) substitui o isolamento dos trabalhadores (...) por sua união revolucionária (...) Assim, o desenvolvimento industrial destrói as bases que a própria burguesia havia construído. Ela produz seus próprios coveiros. (...) Os comunistas consideram indigno ocultar suas idéias e propósitos. (...) Os trabalhadores não têm nada a perder, a não ser as suas algemas. Em compensação, têm um mundo inteiro a ganhar. PROLETÁRIOS DO MUNDO INTEIRO, UNI-VOS!” 1) Como a história da humanidade é encarada? 2) A burguesia e o capitalismo possuem algum papel historicamente progressista? 3) Em relação aos valores humanos, qual é a crítica feita ao capitalismo? 4) Por que o crescimento do capitalismo industrial condenaria a burguesia? Sobre como tratar os fatos sociais “Os fatos sociais devem ser tratados como coisas – eis a proposição fundamental do nosso método, e a que mais tem provocado contradições. (...) Com efeito, não afirmamos que os fatos sociais sejam coisas materiais, e sim que constituem coisas do mesmo tipo que as coisas materiais, embora de maneira diferente. Com efeito, que é coisa? A coisa se opõe à idéia, como se opõe entre si tudo o que conhecemos a partir do exterior e tudo o que conhecemos a partir do interior. É coisa todo o objeto de conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender, senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e mais profundos. Tratar fatos de uma certa ordem como coisas não, é pois, classificá-los nesta ou naquela categoria do real; é observar, com relação a eles, certa atitude mental. Seu estudo deve ser abordado a partir do princípio de que se ignora completamente o que são, e de que suas propriedades características, assim como as causas desconhecidas de que estas dependem, não podem ser descobertas nem mesmo pela mais atenta das introspecções”. “Fatos Sociais: o estudo das representações coletivas” Émile Durkheim 1) Por que Durkheim afirma que os fatos sociais devem ser tratados como coisas? Relacione essa definição com o caráter exterior e coercitivo que, segundo ele, caracteriza os fatos sociais. Sobre a definição de ação social “A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros). Os ‘outros’ podem ser individualizados e conhecidos ou então uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos (o ‘dinheiro’, por exemplo, significa um bem – de troca – que o agente admite no comércio porque sua ação está orientada pela expectativa de que os outros muitos, embora indeterminados e desconhecidos, estarão dispostos também a aceitá-lo, por sua vez, numa troca futura). (...) Nem toda espécie de contato entre os homens é de caráter social; mas somente uma ação, com sentido próprio, dirigida para a ação dos outros. O choque de dois ciclistas, por exemplo, é um simples evento como um fenômeno natural. Por outro lado, haveria ação social na tentativa dos ciclistas se desviarem, ou na briga ou consideração amistosa subseqüentes ao choque”. “Ação Social e Relação Social” Max Weber 1) Como Weber define a ação social? Quais as diferenças entre a definição de ação social, de Weber, e a de fato social, de Durkheim? Comente.
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