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Artigos cientificos e sugestões de temas para TCC - ENGENHARIA CIVIL

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1
ESTUDO E SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS DE EROSÃO INTERNA NAS
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DE RECANTO DAS EMAS - DISTRITO FEDERAL
J. Camapum de Carvalho
Departamento de Engenharia Civil/FT, Universidade de Brasília
E. L. Pastore
Departamento de Engenharia Civil/FT, Universidade de Brasília
J. H. F. Pereira
Departamento de Engenharia Civil/FT, Universidade de Brasília
H. A. Franco
Departamento de Engenharia Civil/FT, Universidade de Brasília
R. C. Brostel
Departamento de Engenharia Civil/FT, Universidade de Brasília
RESUMO: As características geológicas, geomorfológicas e dos tipos de solo do Distrito Federal
constituem-se em fatores favoráveis ao desencadeamento de processos erosivos. A lagoa de
estabilização LL 01, da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Recanto das Emas, Distrito
Federal, localizada sobre uma área de antiga cascalheira situada a aproximadamente 150m do
bordo da chapada, apresentou durante sua construção problemas de subsidência. Os estudos iniciais
demonstraram ter sido o problema originado por um processo de erosão interna dentro de uma
camada de cascalho. Apresentada a solução para esta lagoa (Camapum de Carvalho e Pereira
1998), após se verificar uma perda d'água excessiva nas outras 5 existentes, optou-se pela
realização de um levantamento mais detalhado da área. Este envolveu a realização de sondagens
geofísica e SPT e ensaios de infiltração e de laboratório objetivando caracterizar a estabilidade
estrutural do solo e a possibilidade de ocorrência de erosão interna. O presente trabalho apresenta
os resultados obtidos e a solução de projeto objetivando evitar problemas futuros de subsidência.
1. INTRODUÇÃO
O Distrito Federal apesar de seus poucos
anos de existência tem sido marcado pela
ocorrência de diferentes tipos de erosão
acelerada, indo da simples erosão laminar à
formação de grandes voçorocas que ameaçam
obras de engenharia e áreas residenciais. Junto
aos bordos de chapada, onde o gradiente
hidráulico torna-se importante devido a maior
declividade do terreno, não é raro o surgimento
e propagação dos processos de erosão interna.
Tais processos em alguns casos se limitam a
acelerar o processo de voçorocamento
enquanto em outros, avançam para montante
causando danos substanciais em locais muitas
vezes distantes do seu ponto de origem.
No Distrito Federal, o estudo da formação e
do processo evolutivo das voçorocas regionais,
iniciado por Facio (1991) teve uma grande
contribuição com a proposição do modelo
encaixado por Mortari (1994). Em 1993,
Mendonça caracterizou erosões internas nos
aqüíferos porosos do Distrito Federal. Todos
esses trabalhos mostram a presença de vários e
distintos processos erosivos na região,
apontando assim para a necessidade de
levantamentos mais detalhados a cerca dos
riscos oferecidos por cada área ocupada ou a
ser ocupada. Já, em 1891, uma comissão
chefiada por Luis Cruls após executar a
demarcação da área destinada a nova capital,
publicou um relatório no qual o problema
erosão era citado (Cruls, 1984). Em 1954, a
firma Donald J. Belcher and Associetes, após
levantamento e seleção do sítio da nova
capital, apresentou o relatório Belcher
(Belcher, 1954), o qual aborda o problema de
erosão, recomendando evitar a concentração de
águas pluviais e a não retirada da proteção
2
superficial do solo controlando os
desmatamentos na região. 
O presente artigo concentra-se no estudo da
potencialidade de desenvolvimento de
processos erosivos na área de implantação da
Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da
cidade satélite de Recanto das Emas no
Distrito Federal. O projeto consiste na
construção de 6 lagoas de estabilização
conforme denominadas e ilustrado na Figura 1.
Inicialmente foram registrados problemas de
subsidência na lagoa LL 01 da ETE de Recanto
das Emas para os quais a solução foi
apresentada no relatório G.RE 018 A/98
(Camapum de Carvalho e Pereira, 1998).
Posteriormente, quando do lançamento de água
na lagoa LAMC, inteiramente revestida de
concreto, foi observada pelo engenheiro da
obra uma perda d’água excessiva, o que
motivou a implementação do presente estudo.
Este teve por objetivo avaliar a situação das
demais lagoas e estabelecer medidas
preventivas quanto ao risco de novas
subsidências.
 LF 04 LF 03 LF 02 LF 01 LAMC
(65mx65m) (65mx65m) (65mx65m) (65mx65m) (65mx100m)
 LL 01
 (40mx40m)
Figura 1 - Croqui da área estudada
2. METODOLOGIA ADOTADA
O estudo proposto teve por objetivo mapear
o manto superficial da área ocupada pela
Estação de Tratamento de Recanto das Emas,
Distrito Federal e avaliar o potencial de
susceptibilidade dos solos superficiais à
processos de erosão interna. Buscando
satisfazer a esses objetivos estabeleceu-se um
programa de ensaios de campo e outro de
laboratório.
O programa de ensaios de campo teve por
objetivo caracterizar o perfil de solo através de
sondagens do tipo SPT, estas fornecidas pelo
cliente e executadas a partir do nível do terreno
natural antes da execução da obra, identificar
eventuais cavidades formadas no subsolo e
definir a condutividade hidráulica do subsolo a
partir do fundo das lagoas. Na tentativa de
detectar as eventuais cavidades foram
realizadas três linhas de sondagem geofísica no
sentido sudeste-noroeste, paralelamente ao
eixo longitudinal das lagoas, sendo duas a
montante e uma a jusante das mesmas. Estas
sondagens foram realizadas utilizando-se o
método geofísico GPR (Ground Penetrating
Radar). A comparação dos principais refletores
das ondas eletromagnéticas obtidas neste
levantamento com os perfis individuais de
sondagens a percussão tipo SPT possibilitou
identificar de modo contínuo as principais
camadas do subsolo até cerca de 16 m de
profundidade. A determinação da
condutividade hidráulica foi feita através de
ensaios de rebaixamento em furos de trado
abertos no fundo de cada lagoa e calculados de
acordo com os procedimentos da Associação
Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE).
De modo a se determinar os valores de
condutividade hidráulica no sentido horizontal
(kh), foram realizados ainda ensaios de
infiltração no mesmo furo de trado selando-se
3
o seu fundo com bentonita. Realizou-se ainda o
controle da umidade e peso específico de
campo para as profundidades de 15 cm e 35
cm de modo a se verificar as diferenças
existentes entre a camada de solo compactada
no fundo das lagoas (20 cm) e o solo natural.
O programa de ensaios de laboratório
objetivando avaliar o potencial de
susceptibilidade dos solos superficiais à
processos de erosão interna consistiu da
realização dos seguintes ensaios:
· Granulometria com e sem defloculante do
solo poroso fino;
· Granulometria com e sem defloculante do
cascalho subjacente a camada de solo
poroso fino;
· Duplo oedométrico no solo poroso fino;
· Pinhole no solo poroso fino;
Estes ensaios de laboratório permitiram
avaliar o potencial de instabilidade estrutural
do solo poroso fino e a possibilidade de sua
lixiviação através da camada de pedregulho. O
solo fino ensaiado foi coletado logo abaixo da
camada de solo compactado. Foi possível
ainda analisar a possibilidade de lixiviação da
fração fina constituinte da camada de
pedregulho, ou seja, averiguou-se se a fração
mais grossa desta camada era filtro para a mais
fina, considerando-se como limite entre as
duas frações a peneira número 10 (2 mm).
No ensaio de Pinhole trabalhou-se com
gradientes hidráulicos variando entre 1 e 8.
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS DE CAMPO
3.1 Resultados das Sondagens
A Figura 2 apresenta um croqui de
distribuição das sondagens a percussão, tipo
SPT, realizadas na área de estudo. A Tabela 1
apresenta a síntese dos resultados obtidos ao
longo de cada perfil ensaiado.
 Marco de implantação doempreendimento
 80 m 95 m 95 m
 N SP1 SP2 SP3 SP4
 22 m 65 m 90 m 85 m 85 m
 SP9 SP8 SP7 SP6 SP5 55 m
 SP10
Figura 2 - Croqui de distribuição das sondagens a percussão
4
Tabela 1 - Síntese dos resultados das sondagens SPT
Número de golpes para os últimos 30 cm em cada cota e sondagem SPiCota
(m)
Nível
d'águaSP1 SP2 SP3 SP4 SP5 SP6 SP7 SP8 SP9 SP10
1 4 2 1 1 2 2 1 1 2 6
2 2 2 2 2 3 2 3 4 4 7
3 4 3 7 4 8 4 4 5 4 11
4 5 4 5 5 6 5 5 4 4 5
5 4 6 4 7 5 5 6 5 9 6
6 5 6 5 5 7 6 7 5 12 7
7
Não
encon-
trado
5 7 5 5 6 7 4 4 15 12
Pela análise conjunta das sondagens
geofísicas e a percussão (Camapum de
Carvalho et al. 1998) verificou-se que ocorrem
as seguintes camadas imediatamente abaixo da
cota de fundação das lagoas:
· Solo laterítico argilo-arenoso, poroso,
LG’, com espessura variável de 1 a 6 m.
· Cascalho laterítico com matriz areno-
argilosa e espessura variável de 1 a 5 m.
· Camadas subhorizontalizadas de rochas
metamórficas cujos tipos litológicos, de acordo
com a geologia do local, são quartzitos e
metarritmitos. As estruturas destas camadas
são bastante nítidas em alguns trechos dos
perfis do GPR.
Refletores semelhantes aos de cavidades
apareceram nos perfis do GPR abaixo da
camada de cascalho, isto é, dentro das camadas
de metarritmitos, devido provavelmente a
presença de blocos de rocha pouco alterada.
Não se observou nas camadas de cascalho ou
acima desta refletores que indiquem a presença
de cavidades, a não ser alguns locais bem em
superfície devido a presença de tubulação
enterrada. Destaca-se, no entanto, que ao se
analisar a sondagem a percussão SP10, situada
na zona da cascalheira, portanto abaixo da
camada argilo-arenosa, verifica-se que ocorre
um crescimento do número de golpes até a cota
de 3 m, sendo este parâmetro reduzido de
aproximadamente 50% para as cotas 4m, 5m e
6m e atingindo um crescimento substancial
para a profundidade de 7m. Tal constatação
pode estar associada a lixiviações na camada
de cascalho.
3.2 Resultados dos Ensaios de Umidade e
Peso Específico Natural
A Tabela 2 apresenta a síntese dos
resultados de umidade e peso específico
determinados na camada superficial
compactada do fundo de cada lagoa. Nesta
tabela o furo 1 se refere a profundidade de 15
cm e o furo 2 a profundidade de 35 cm.
Ensaios de compactação na energia Proctor
normal forneceram valores de peso específico
aparente seco máximo de 13,5 kN/m3 e
umidade ótima de 32,5 %.
Estes resultados mostram que a camada
superficial da LAMC e da lagoa LF 02 não
satisfazem a especificação de projeto de grau
de compactação (GC) superior a 90% da
energia Proctor normal. Estes resultados
apontam para uma compactação para
profundidades variando de 15 cm a 20 cm em
alguns casos insatisfatória quanto a
especificação de projeto relativa ao (GC). A
partir de 35 cm o peso específico é semelhante
ao do solo natural, ou seja, o solo não sofreu
qualquer influência da compactação. Quanto a
umidade de compactação, dado o longo
período de exposição da camada superficial
compactada, não é prudente se fazer qualquer
análise comparativa em relação a umidade
especificada em projeto. No entanto, é possível
constatar grandes variações da umidade
existente no campo em relação a umidade
ótima de laboratório. Com o resecamento do
solo em grandes períodos de exposição o
surgimento de trincas, é nestes casos, quase
sempre inevitável, comprometendo assim a
eficiência da camada compactada de fundo
como substrato impermeabilizante.
5
3.3 Resultados dos Ensaios de Infiltração
Os valores de condutividade hidráulica,
parâmetro determinado para a camada de solo
laterítico fino nos sentidos vertical e horizontal
(k) e no sentido horizontal (kh), encontram-se
apresentados na Tabela 3. Pela análise desta
tabela verifica-se que a camada de solo
laterítico fino, cuja compactação superficial
não atingiu 35 cm (Tabela 2), apresenta no seu
primeiro metro valores mais elevados de
condutividade hidráulica no sentido vertical,
uma vez que a permeabilidade média situou-se
na faixa de 1,16 x 10 –4 m/s a 3,18 x 10 –4 m/s e
no sentido horizontal na faixa de 4,53 x 10 –5
m/s a 9,78 x 10 –5 m/s. Abaixo de 1 m a
permeabilidade nos dois sentidos são mais
próximas uma vez que, os valores de k
predominantes situam-se na faixa de 4,11 x 10-
5 m/s a 8,73 x 10-5 m/s enquanto que kh
predominante varia de 3,10 x 10-5 m/s a 8,78 x
10-5 m/s. A permeabilidade horizontal inferior
a permeabilidade vertical, constitui-se no
primeiro metro, em indício de lixiviação
devido a predominância do fluxo em direção à
camada de pedregulho.
Tabela 2 – Síntese dos resultados de peso
específico e teor de umidade
Lagoa Furo w (%) gd
(kN/m3)
Dw
(%)
GC
(%)
1 29,4 12,5 -3,1 92LF 01
2 24,8 8,5 -7,7 63
1 33,1 11,8 0,6 88LF 02
2 19,4 10,6 -13,1 79
1 9,8 14,3 -22,7 106LF 03
2 25,1 10,0 -7,4 74
1 34,0 12,1 1,5 90LF 04
2 30,5 8,4 -2,0 62
1 36,6 10,1 4,1 75LAMC
2 30,4 10,3 -2,1 77
Neste caso o importante a realçar é o fluxo
preferencial na direção vertical, ou seja, em
direção a camada de pedregulho. Destaca-se
ainda o fato da permeabilidade da camada mais
profunda ser inferior a permeabilidade média e
semelhante a permeabilidade horizontal do
primeiro metro, o que indica que ela não foi
lixiviada, caso em que tenderia a se repetir a
relação de permeabilidades obtida para o
primeiro metro, nem constitui-se em filtro
para o material lixiviado, caso em que
apresentaria permeabilidades inferiores a da
camada mais superficial. Devido a pequena
espessura da camada compactada, ela não
refletiu nos resultados de permeabilidade
determinados para o primeiro metro.
Destaca-se ainda que na lagoa LF 04, a 2,00
m de profundidade, não foi possível encher o
furo com água, tendo-se considerado o ensaio
como de vazão total, o que indica haver neste
local uma cavidade ou camada com muito
elevada permeabilidade.
Tabela 3 – Valores de condutividade hidráulica
da camada de solo laterítico
Lagoa Furo Prof.
(m)
k (m/s) kh (m/s)
1,15 1,32 x 10-4 4,53 x 10-5LAMC 1
2,00 8,73 x 10-5 8,78 x 10 –5
1,00 3,18 x 10 –4 7,29 x 10 –5LF 01 2
2,00 4,54 x 10 –5 4,13 x 10 –5
0,65 1,16 x 10 –4 9,78 x 10 –5LF 02 3
2,00 4,11 x 10 –5 3,10 x 10 –5
1,00 6,20 x 10 –5 4,10 x 10-5LF 03 4
2,00 Vazão total-
1,00 1,38 x 10 –4 1,25 x 10 –4
2,00 1,32 x 10 –4 7,69 x 10 –5
LF 04 5
3,00 5,13 x 10 –5 3,18 x 10 –5
Considerando-se que as condutividades
hidráulicas foram determinadas nas cotas
correspondentes aos fundos das lagoas e
sabendo-se que estas cotas encontram-se em
alguns casos 4 m abaixo do nível do terreno
natural, é possível prever que para a situação
construtiva, ao se trabalhar com as lagoas em
funcionamento, será possível a ocorrência de
lixiviação no solo situado em profundidades
superiores a 1 m e no momento ainda não
lixiviado.
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS DE LABORATÓRIO
Resultados dos Ensaios de Granulometria
Os ensaios de granulometria foram
realizados sobre o solo fino proveniente das
lagoas LF 01 (Figura 3) e LF 04 (Figura 4) e
sobre o cascalho proveniente da camada
6
pedregulhosa (Figura 5). Nos três casos a
matriz fina foi submetida a ensaios de
sedimentação com e sem o uso de defloculante.
As Figuras 3 e 4 mostram resultados
semelhantes para os solos finos provenientes
das lagoas LF 01 e LF 04 quando do uso de
defloculante. Sem o uso de defloculante fica
evidente a maior estruturação do solo
proveniente da lagoa LF 04.No solo
proveniente da lagoa LF 01 a própria água gera
uma forte desestruturação no solo. Estes
resultados são compatíveis com os resultados
de condutividade hidráulica que mostram,
considerando-se a profundidade de 1 m, que
para a lagoa LL 01 k¹kh, o que indica
lixiviação, e para a lagoa LL 04 k@kh, o que
indica a maior preservação da estrutura do
solo. Ao se comparar os ensaios de
sedimentação realizados sobre o cascalho com
e sem o uso de defloculante, observa-se
(Figura 5), que a sua matriz fina apresenta
estabilidade estrutural em presença de água.
Granulometria - Lagoa LF 01
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
100.0
0.0010 0.0100 0.1000 1.0000 10.000
0
100.00
00
Diâmetro das partículas (mm)
%
 p
as
sa
Com Defloculante Sem Defloculante
Figura 3 - Granulometria do solo da LF 01
A Figura 6, construída a partir das curvas
granulométricas do cascalho (Figura 5),
separando-se as frações inferiores e superiores
a 2 mm, permite analisar o critério de filtro da
fração grossa em relação a fração fina do
material. A curva obtida para a fração inferior
a 2 mm com o uso de defloculante é idêntica a
obtida para a camada de solo fino das lagoas
LF 01 e LF 04. Sem o uso de defloculante esta
curva se aproxima da curva obtida para o solo
fino proveniente da lagoa LF 04.
Verificando-se os critérios de filtro dos
solos finos (solo retido) provenientes das
lagoas LF 01 sem defloculante (LG1SD) e com
defloculante (LG1CD) e LF 04 (LG4SD e
LG4CD respectivamente sem e com
defloculante) em relação a camada de cascalho
(filtro) sem defloculante (CSD) e com
defloculante (CCD) (Tabela 4), ou seja:
D15 (cascalho = filtro)< 5D85 (solo fino =
retido)
D50 (cascalho = filtro)< 25D50 (solo fino =
retido)
Granulometria - Lagoa LF 04
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
100.0
0.0010 0.0100 0.1000 1.0000 10.0000100.000
0Diâmetro das partículas (mm)
%
 p
as
sa
Com Defloculante Sem Defloculante
Figura 4 - Granulometria do solo da LF 04
Granulometria - Cascalho
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
100.0
0.001 0.010 0.100 1.000 10.000 100.000
Diâmetro das partículas (mm)
%
 p
as
sa
Com Defloculante Sem Defloculante
Figura 5 - Granulometria do cascalho
7
Observa-se que a matriz global do cascalho
é capaz no limite de reter o solo fino não
defloculado e deixa passar o solo fino
defloculado. Portanto, a infiltração do fluido
proveniente das lagoas agindo como
defloculante será comprometedora do critério
de filtro em relação ao cascalho.
Comparação das Frações Grossa e 
Fina do Cascalho
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
100.0
0.00 0.01 0.10 1.00 10.00 100.00
Diâmetro das partículas (mm)
%
 P
as
sa
Fração grossa
Fração fina com defloculante
Fração fina sem defloculante
Figura 6 - Granulometria das frações grossa e
fina do cascalho
Considerando-se as frações grossa (CMG) e
fina sem defloculante (CMFSD) e com
defloculante (CMFCD) do cascalho
separadamente, é possível observar que neste
caso o critério de filtro fica longe de ser
satisfeito, sendo esta provavelmente uma das
causas das erosões internas já registradas na
área e que surgiram do fluxo concentrado no
local da antiga cascalheira (Camapum de
Carvalho e Pereira, 1998).
4.2 Resultados dos Ensaios Duplo
Oedométricos
A Figura 7 apresenta os resultados dos
ensaios duplo oedométricos realizados sobre o
solo fino proveniente da lagoa LF 01. Observa-
se uma grande proximidade entre os resultados
dos dois ensaios com um pequeno colapso por
inundação com água sob um carregamento
vertical de 200 kPa. Tal comportamento pouco
colapsível se deve provavelmente ao elevado
grau de saturação inicial da amostra natural
(71%). Os resultados da análise granulométrica
realizada sobre o solo fino proveniente da
lagoa LF 04 conduz a expectativa de colapso
adicional quando da inundação por fluido
oriundo da lagoa uma vez que a água pura não
provoca a desestruturação total da matriz fina
deste solo.
Tabela 4 – Avaliação dos critérios de filtro
Diâmetro (mm)Fração
De Solo D15
F D50
F 5D85
S 25D50
S
LG1SD - - 1,550 1,500
LG1CD - - 1,250 0,175
LG4SD - - 2,400 2,250
LG4CD - - 1,200 1,250
CSD 0,010 2,000 - -
CCD - 2,000 - -
CMFSD - - 2,000 0,375
CMFCD - - 1,000 0,100
CMG 7,000 15,00 - -
Figura 7 - Duplo oedômetro
4.3 Resultados dos Ensaios de Pinhole
Os resultados obtidos através dos ensaios de
Pinhole mostraram que o solo fino proveniente
da lagoa LF 01 se desagregou inteiramente sob
o efeito de um gradiente hidráulico igual a 1.
Já o solo oriundo da lagoa LF 04 só apresentou
este comportamento ao se submeter a um
gradiente hidráulico igual a 8. Os
comportamentos registrados nos dois casos
estão em perfeito acordo com os ensaios
granulométricos realizados com e sem o uso
0
5
10
15
20
25
30
1 10 100 1000
Tensão Vertical (kPa)
V
a
ri
a
çã
o
 d
e
 e
/1
+
e
0
 (
%
)
Amostra saturada Amostra natural
8
de defloculante sobre os solos proveniente das
duas lagoas, ou seja, a estrutura do solo da
lagoa LF 01 apresenta muito baixa resistência
enquanto o da lagoa LF 04 encontra-se mais
estruturado e resistente ao fluxo. É importante
destacar a compatibilidade destes resultados
com os de condutividade hidráulica que
apontaram para a lixiviação no solo da lagoa
LF 01 enquanto o da lagoa LF 04 ainda
apresentava estrutura preservada.
5. ANÁLISE DO PROBLEMA E
SOLUÇÃO PROPOSTA
Os resultados dos ensaios de Pinhole aliados
às demais análises, deixam claro que os
processos de lixiviação e de defloculação da
matriz fina dos solos oferecem um grande risco
para o empreendimento.
O conjunto dos resultados obtidos mostra
que:
· Nos perfis sondados não foram registradas
cavidades e a camada de pedregulho é
bastante contínua e de profundidade e
espessura variável; solo fino apresenta uma
grande propensão a desestruturação;
· A camada de cascalho não satisfaz ao
critério de filtro em relação ao solo fino
defloculado;
· A matriz grossa do cascalho não satisfaz ao
critério de filtro em relação a sua matriz
fina e em relação a camada de solo fino;
· Em locais como no caso do ponto ensaiado
na lagoa LF 04 a infiltração de fluido
defloculante seria potencial causador de
colapso estrutural no solo;
· solo fino apresenta baixa resistência a
erosão interna sendo a sua susceptibilidade
ao fenômeno ampliada por processos de
lixiviação;
· A camada de solo fino é bastante
permeável.
Com base nestes resultados buscou-se por
meio de ensaios de campo, a alternativa de
reduzir a infiltração de água no solo através da
infiltração de caldas de cimento, cal hidratada
e asfalto diluído. O máximo que se conseguiu
foi reduzir a permeabilidade em 50%.
Aventou-se ainda para a possibilidade de
colmatação do fundo das lagoas pelo próprio
lodo de deposição o que minimizaria a
infiltração. No entanto, dada a importância da
obra e o risco de colapso estrutural do solo de
fundação optou-se pela impermeabilização das
lagoas conforme especificado na Tabela 5.
Considerando-se o lançamento apenas de
resíduos sólidos de baixa densidade não se
previu a proteção mecânica da geomembrana
na parte submersa das lagoas. Nas partes não
submersas recomendou-se a proteção com
placas de concreto. Recomenda-se a colocação
da geomembrana de fundo em condição
corrugada de modo a se evitar submete-la a
esforços de tração quando de eventuais
subsidências.
Complementarmente recomendou-se a
drenagem superficial da área, de modo a
minimizar a infiltração de água de chuva a
montante das lagoas e proporcionar uma maior
segurança para a obra.
6. CONCLUSÃO
Este trabalho coloca em evidência aspectos
importantes do comportamento dos solos
tropicaisfinos e granulares tais como:
Condições favoráveis de drenagem são
susceptíveis de lixiviar os solos finos e
aumentar sua instabilidade estrutural;
A camada drenante de cascalho, frequente nos
perfis de solo regionais podem se submeter ao
processo de erosão interna em condições
favoráveis de fluxo nos casos em que a sua
fração grossa não seja filtro da fração fina.
Os ensaios de sedimentação com e sem o uso
de defloculante são de fundamental
importância em projetos que envolvam a
infiltração de efluentes de esgoto.
Tabela 5. Solução para impermeabilização de fundo e lateral das lagoas de deposição de lodo
Impermeabilização lateralImpermeabilização de fundo
Geomembrana de 1,0 mm,
polietileno de alta densidade
Superposição da camada de solo compactado por geomembrana
de 1,0 mm, polietileno de alta densidade
9
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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