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49 MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL EM BASE DE DADOS GEORREFERENCIADOS COMO SUPORTE DE ANÁLISE DE RISCOS E AVALIAÇÃO AMBIENTAL REGIONAIS N. C. Diniz Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A.- IPT - Digeo/Agama J. P. Cintra Universidade de São Paulo - Escola Politécnica (EPUSP) - Dep. de Engenharia de Transportes M. C. J. de Almeida Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A.- IPT - Digeo/Agama E. R. Salles Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A.- IPT - Digeo/Agama M. O. Costa Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A.- IPT - Digeo/Agama RESUMO: Para subsidiar o estudo de problemas do meio físico, especificamente, análises de risco e avaliações ambientais é fundamental o estabelecimento de uma modelagem da realidade geológico-geotécnica que se pretende representar. Neste sentido os estudos ambientais servem-se da cartografia geotécnica, para representar esta síntese do meio físico. No presente trabalho são apresentadas diretrizes para a automação da elaboração desta ferramenta, na intenção de se obter produtos com qualidade e que sirvam a múltiplos propósitos. Como produto desta automação desenvolveu-se a Base de Dados Geoambientais do Estado de São Paulo em SIG, parcialmente apresentada em outros trabalhos. Este sistema foi concebido a partir da discretização dos temas da Carta Geotécnica do Estado de São Paulo digital para fornecer suporte a diversos projetos desenvolvidos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, construídos com materiais e infra-estrutura do Instituto, em parte subsidiados por recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta resultados alcançados em pesquisa desenvolvida na tese de doutoramento, defendida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e aplicada em projetos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Este desenvolvimento procurou mostrar diretrizes para elaboração bases de dados geoambientais baseada em cartografia geotécnica. Como produto desta automação desenvolveu-se a Base de Dados Geoambientais do Estado de São Paulo em SIG, parcialmente apresentada em outros trabalhos (DINIZ & CINTRA, 1997; DINIZ et al., 1997; SALLES et al., 1998; DINIZ, 1998). A metodologia de cartografia geotécnica desenvolvida no Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT consiste no fundamento da modelagem de mapeamentos geoambientais baseados em cartografia geotécnica proposta do presente trabalho. A cartografia geotécnica pode ser considerada genericamente como a técnica de integração, síntese e representação de informações temáticas da área de geologia de engenharia voltada para o planejamento e gestão ambiental urbana e territorial (DINIZ, 1998). Permite a formulação de modelos de previsibilidade do comportamento dos terrenos e o estudo de soluções para problemas decorrentes da intervenção antrópica sobre o meio físico. Esta metodologia foi utilizada, no período da pesquisa da tese, para a elaboração da Carta Geotécnica do Estado de São Paulo, escala 1:500.000 (IPT, 1994), e subsidiou também a parte prática desta tese, que consistiu numa versão automatizada, discretizada por temas de 50 processos do meio físico e geocodificada com legenda dessa carta, passando a constituir uma Base de Dados Geoambientais. Para subsidiar o estudo de problemas do meio físico é fundamental o estabelecimento de uma modelagem da realidade geológico- geotécnica que se pretende representar. Neste sentido os estudos ambientais servem-se da cartografia geotécnica. O processo de automação - a passagem das informações cartográficas do meio analógico para o digital -, considera aspectos metodológicos da cartografia geotécnica tradicional, e pode visar tanto a cartografia digital, quanto considerar uma possível aplicação em Sistemas de Informações Geográficas. Um pressuposto do trabalho foi a realização de coleta, modelagem e processamento de dados voltados para a geração de produtos multifinalitários. Especificamente foram considerados mapas em papel e digitais com planos de informação definidos segundo critérios específicos da área e foi criado um banco de dados alfa-numérico para aplicações em cartografia, SIG, multimídia e home page na Internet. Essa metodologia foi proposta e implementada, fornecendo resultados satisfatórios, que podem ser comprovados através do conjunto de cartas e dos bancos de dados associados da Base de Dados Geoambientais do Estado de São Paulo. 2. OBJETIVOS Os objetivos deste desenvolvimento foram os seguintes: 1) Apresentar a cartografia geotécnica como ferramenta para o estudo de processos do meio físico e modelagem de bases de dados geoambientais. Os processos considerados foram: escorregamentos, erosão, assoreamento, inundações, afundamentos cársticos, colapsos, recalques e expansão de solos; 2) Apresentar diretrizes para o desenvolvimento de bases de dados geoambientais em SIG, visando aplicações, como: avaliação ambiental e análise de riscos geológico-geotécnicos; 3) Propor uma modelagem de base de dados geoambientais utilizando como estrutura suporte a automação da cartografia geotécnica visando sua aplicação em inventário cartográfico, SIG, multimídia e home page; utilizando, para isso, critérios de avaliação geológico-geotécnicas necessários para estudos do meio físico, identificando os condicionantes geológico-geotécnicos relevantes, em cada processo, inclusive como forma de especificação de dados a serem levantados para integrar um sistema de banco de dados associado à base cartográfica geoambiental. 4) Elaborar a Base de Dados Geoambientais do Estado de São Paulo, através das etapas de modelagem lógica, modelagem física, planejamento cartográfico, digitalização georreferenciada, geocodificação e a discretização da Carta Geotécnica do Estado de São Paulo em layers, constituindo uma base espacial digital, com legenda e metodologia próprias para escalas 1:250.000 e 1:1.000.000. E mediante uma generalização cartográfica poder também produzir uma representação final nas escalas 1:500.000, 1:1.000.000 e 1:2.000.000. E ainda, a elaboração de bancos de dados alfa-numérico e de imagens. 3. CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA NO IPT 3.1 Fundamentos A Cartografia geotécnica como vem sendo desenvolvida no IPT considera principalmente o contexto do processo de urbanização. Esta abordagem considera as modificações impostas pelo uso e ocupação do solo sobre os terrenos naturais. Neste sentido, para a previsibilidade do comportamento dos terrenos, é importante a consideração não somente dos aspectos descritivos de sua natureza, como as formas de relevo e as características de solo e rocha, as principalmente seu desempenho frente às intervenções antrópicas. Em NAKAZAWA et al.(1991 apud DINIZ, 1998) é apresentada a metodologia utilizada nas cartas geotécnicas elaboradas pelo IPT, que considera a aplicação como um pressuposto ou fator determinante da compartimentação do meio físico, ou seja leva 51 em conta os problemas decorrentes do uso e da ocupação. O mapeamento geotécnico tem subsidiado como produto final e como metodologia a elaboração de estudos na área de meio- ambiente nos relatórios de avaliação ambiental (EIA's, RIMA's, PRAD's), de onde pode-se citar os trabalhos de SILVA & FORNASARI (1988 apud DINIZ, 1998) e BITAR (coord.,1995, apud DINIZ, 1998). A variada natureza dos terrenos é determinada pela composição de fatores envolvidos nos processos da dinâmica superficial e subsuperficial. A atuação de forças da gravidade e de agentes como a água, modificam a paisagem que está em constante transformação. A ação do homem acelera e intensifica estes processos. Portanto, a consideração exclusiva de condicionantes naturais não permitirá encontrar respostas efetivasnem uma previsibilidade quanto ao comportamento dos terrenos. Uma carta geotécnica que considere, além disso, o desempenho dos terrenos em função dos processos deflagrados pela intervenção humana, possui melhores condições de atender a solução dos problemas ambientais, sejam urbanos ou regionais. Considerando que uma carta geotécnica não pode nem deve substituir as investigações geológico-geotécnicas que se façam necessárias para a implantação de obras civis como edificações, barragens, aterros sanitários, obras de contenção de taludes, etc., a compartimentação baseada na simples descrição de atributos ficará aquém das necessidades impostas pelos problemas ambientais. As características do meio físico (solo/rocha/relevo), interagindo com o tipo e forma da ocupação, determinam comportamentos e desempenhos diferenciados (PRANDINI et al., 1992, apud DINIZ et al., 1993). Geralmente o padrão de ocupação urbana inicia-se pelos terrenos mais favoráveis, em termos de configuração de relevo, características dos solos para fundações e drenabilidade, ficando inicialmente desocupadas as áreas de várzeas de rios e os morros de encostas íngremes, em terrenos mais acidentados. Estes vazios urbanos serão posteriormente ocupados por população de baixa renda deixando explícita a contradição de que os terrenos que seriam melhor destinados a preservação ou que seriam ocupados sob a exigência de soluções tecnológicas mais complexas e onerosas, ficam destinados a quem não dispõe de recursos técnicos ou financeiros para melhor ocupá-los. Esta contradição originou outra ainda pior, com a conseqüente criação ou ocupação de áreas de risco a inundações e escorregamentos induzidos, combinada com grandes concentrações de população vivendo sob condições de higiene e saneamento básico extremamente precárias. A cartografia geotécnica ou a geoambiental para o planejamento urbano e a gestão ambiental que desconsidere estes fatores estará longe de indicar soluções compatíveis com a realidade, poi não levará em conta os principais problemas que se apresentam. As práticas de urbanização, generalizadas nas áreas de expansão, caracterizam-se por intensa modificação da topografia (PRANDINI et al., 1992, apud DINIZ et al. 1993), visando conformar os terrenos à concepção do projeto ou, como é também freqüente em relevos mais brandos, em operações de limpeza e regularização da superfície dos terrenos, que resultam em extensas exposições de materiais de sub-superficiais. E, por falta de maior planejamento e soluções definitivas, assiste-se à repetida destruição da infra-estrutura porventura refeita (pavimentação, drenagem, etc.) e a degradação dos próprios recursos hídricos, obrigando os moradores a conviver com o desconforto e riscos quanto à saúde e à vida. Além do desperdício de tempo e de recursos públicos, ampliando os desgastes das ações inerentes a morar e produzir, a circular e a viver na cidade. De todo este quadro, que está longe de contar com uma solução definitiva, fica reforçada a importância de contar com instrumentos eficientes de planejamento, que passam pela elaboração de cartas geotécnicas voltadas para essas necessidades. Nesse sentido, deve-se dizer que a cartografia geotécnica como tradicionalmente aplicada no IPT, desde a década de 70, sempre esteve comprometida com a solução de problemas da nossa realidade. 52 3.2 Metodologia A cartografia geotécnica é entendida no IPT (DINIZ, 1998), como um instrumento que fornece subsídios para o planejamento urbano e a gestão ambiental do território. Para isso deve conter: · compartimentos do meio físico que representem os processos da dinâmica superficial; · diretrizes para o planejamento na forma de recomendações preventivas e corretivas; · efeitos da intervenção antrópica através de processos tecnológicos. Por outro lado, a ação planejada do Poder Público será tanto mais objetiva e eficaz, quanto mais estiverem presentes nas decisões, de forma clara e acessível, as limitações e as potencialidades do meio em transformação pela sua ocupação e uso. Assim, a carta geotécnica passa a ser um instrumento de aplicação, que busca ser acessível para além do universo dos especialistas, em termos de: · prever os efeitos da interação entre o uso urbano do solo e o meio físico, bem como indicar os conflitos potenciais entre as próprias formas de uso e ocupação; · orientar medidas preventivas e corretivas no sentido de minimizar deseconomias e riscos nos empreendimentos e no meio circundante. Dentro desse contexto que valoriza a solução de problemas existentes ou possíveis, o enfoque metodológico adotado no IPT (Figura 1), pode assim ser resumido: · pré-estabelecimento de um modelo espacial que integre o conjunto de problemas verificados e potenciais; · conhecimento das causas e condicionantes dos comportamentos e dos fenômenos; · investigação dirigida através de evidências acessíveis (dados preexistentes, imagens de sensoriamento remoto, investigação de campo, sondagens, ensaios); · uso intenso de todo o universo de dados disponíveis. As cartas geotécnicas elaboradas no IPT apresentam os terrenos agrupados em unidades homogêneas quanto aos problemas existentes e potenciais. Os mais freqüentes são a erosão intensa dos materiais expostos por desmatamentos e terraplenagens, as enchentes, assoreamentos, alagamentos e recalques nos terrenos baixos e planos e os escorregamentos induzidos em áreas de corte e aterro ou movimentos gravitacionais de massa naturais em locais de acentuada declividade. Somam-se a estes, outros problemas mais raros e localizados como a expansão e contração dos solos, subsidências cársticas e abalos sísmicos. É característico das cartas geotécnicas produzidas no IPT, voltadas para áreas urbanas, que as unidades homogêneas se subordinem aos sistemas de relevo, propostos por PONÇANO et al. (1979 apud DINIZ, 1998) para o Estado de São Paulo. Estes sistemas de relevo são definidos por conjuntos de formas basicamente comparáveis por sua amplitude e declividade. Estes sistemas podem ser resumidos em planícies, colinas, morrotes, morros, montanhas e escarpas. Secundariamente as unidades homogêneas traduzem também a natureza dos materiais, basicamente rochas do embasamento cristalino homogêneas (granito, granitóides, migmatitos homogêneos) e heterogêneas (gnaisses, migmatitos heterogêneos, xistos, filitos, cataclasitos, milonitos), rochas sedimentares (arenitos, argilitos, siltitos, diamictitos) e seus solos residuais. A representação de poucas unidades homogêneas é uma opção explícita e proposital da metodologia do IPT, que procura representar a máxima síntese possível das informações, destacando o necessário e suficiente para embasar diretrizes distintas de uso do solo, voltadas a reduzir substancialmente os problemas originados do uso descriterioso do solo. A multiplicação de unidades homogêneas dificulta a leitura e compreensão do mapa. Dentre as carta geotécnicas produzidas no IPT, dois tipos tem se destacado, como: as cartas de suscetibilidade e riscos, aplicadas a bacias, sub-bacias, e localidades com problemas específicos; e as cartas para planejamento urbano, aplicadas a municípios e incluindo as áreas urbana e de expansão urbana. As primeiras tem sua metodologia baseada em análise fenomenológica de desempenho dos terrenos, a partir dos processos do meio físico, desta análise são estabelecidos os mapas básicos temáticos. Estes quando integrados ao 53 mapa de uso do solo, enquanto potencializador do problema geram a carta de suscetibilidade, que por sua vez, quando ao mapa de uso, enquanto conseqüência social e econômica geram a carta de risco. As cartas geotécnicas são produzidas a partir de uma compartimentação geológico- geotécnica que considera unidades de análise geradas da integração de mapas básicos temáticose dados geológico-geotécnicos de campo e laboratório. Tradicionalmente as cartas de risco a erosão e escorregamentos, produzidas no IPT, seguem metodologias desenvolvidas e modificadas ao longo de mais de uma década de aplicação em diversos projetos, sendo que alguns roteiros foram apresentados em BITAR (coord., 1995), para cartas de suscetibilidades, outros por AUGUSTO Fº (1994), para cartas de risco. Não existindo até o momento um trabalho que sistematize a metodologia adotada no IPT, como um todo. Outras cartas regionais, de caráter de integração de projetos desenvolvidos para movimentos de massa e erosão para o Estado de São Paulo, foram editadas com aplicação da base digital da Carta Geotécnica do Estado de São Paulo, especificamente o Mapa de Ameaças Múltiplas do ESP (1996, na escala 1:1.000.000) e o Mapa de Erosão do Estado de São Paulo (1997, na escala 1:1.000.000). 4. PROCESSOS DO MEIO AMBIENTE Essencial à automação da cartografia geotécnica é a modelagem e elaboração de uma base de dados, para a produção de mapas, e que permita as mesmas funções desenvolvidas nos procedimentos analógicos: análise fenomenológica de processos do meio físico visando identificar o desempenho de terrenos; ou ainda retroanálises e generalização cartográfica, a partir de estudos específicos de problemas existentes ou esperados. A modelagem é um processo complexo, em função do número de variáveis envolvidas nos processos do meio físico. No entanto, deve-se, dentro deste quadro, buscar a significação possível a fim de não gerar, por exemplo, um número exagerado de unidades geotécnicas, dificultando a tarefa de análise. Outra constatação na cartografia geotécnica é o grande número de mapas básicos e intermediários gerados, contendo muitas vezes atributos em excesso e que acabam não sendo considerados quando da integração dos mapas por cruzamento (superposição ou overlay), representando um desperdício de tempo e recursos. Isso pode acontecer tanto no processo convencional como no digital, e impõem-se um esforço metodológico para evitar esse inconveniente, principalmente ao definir os atributos e dados importantes. A consideração de processos do meio físico exige, pois, o destaque dos aspectos relevantes, através da escolha de atributos condicionantes e rejeição dos secundários. Outra questão relevante é a consideração da dinâmica dos processos do meio físico (o que ocorre na natureza) frente às intervenções de empreendimentos de obras civis que deflagram o desenvolvimento de processos tecnológicos (ação humana direta ou indireta). Isto tem reflexos na modelagem da cartografia geotécnica aplicada, como na Carta Geotécnica do Estado de São Paulo, elaborada na escala 1:250.000, para análise dos processos do meio físico. Esta abordagem, adotada no IPT, exige a análise dos condicionantes e fatores deflagradores dos processos do meio físico, o que concorda com as funções e objetivos da geologia de engenharia e que dizem respeito a aplicações ao planejamento territorial e urbano, ao subsídio para implementação de obras de engenharia e à avaliações ambientais. Sob a óptica do meio ambiente, a análise de processos vem de encontro às demandas exigidas atualmente nos estudos ambientais, como se explica a seguir. Segundo a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei federal 6938/81), meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O conceito é, de certa forma, equivalente ao da norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1989 apud FORNASARI Fo et al., 1992), onde meio ambiente consiste em “determinado espaço onde ocorre a interação dos componentes biótico (fauna e flora), abióticos (água, rocha, ar) e biótico-abiótico 54 INVENTÁRIO ANÁLISE SÍNTESE FASES ETAPAS DOCUMENTOS identificação dos problemas, conflitos e impactos no meio físico levantamento orientado e definição de atributos relevantes definição da escala e do tipo de carta geotécnica segundo a finalidade imagens de satélite mapas básicos (M.B.) base cartográfica fotografias aéreas análise dos atributos condicionantes fotointerpretação investigação orientada de campo compartimentação preliminar cruzamentos (M.B.) mapas intermediários cadastro de campo/ lab. C.G./ modelo preliminar integração dos dados de campo e laboratório ensaios de laboratório compartimentação e representação cartográfica final proposição de medidas preventivas e corretivas para finalidade carta geotécnica legenda com recomendações Figura 1 - Metodologia de cartografia geotécnica aplicada no IPT. (solo). Em decorrência da ação humana, caracteriza-se também o componente cultural”. A figura 2 procura mostrar a interrelação entre os diversos componentes do meio ambiente, e como as relações entre os processos do meio físico e tecnológicos interferem na identificação de atributos relevantes para o modelo preliminar de compartimentação dos terrenos na cartografia geotécnica. O meio físico condiciona em um primeiro estágio(1), as características dos meio biológico, socioeconômico, por realimentação (2) e (3), completam a interação com o meio físico, regulando os processos destes. Os demais fluxos, (4) e (5), decorrem da interação entre os meios biológico, socioeconômico. Dos condicionantes do meio físico e das alterações provocadas pelos empreendimentos, extraem- se os atributos relevantes a serem considerados na elaboração das cartas geotécnicas. Dos problemas resultados pela alteração do meio, como impactos ambientais e conflitos de uso são determinados a escala e a finalidade da carta geotécnica. O modelo preliminar de compartimentação é etapa fundamental, quando considera-se as propriedades geológico-geotécnicas relevantes às alterações em questão. Esta abordagem é fundamental para a modelagem da base de dados geoambientais. Pois para passagem da cartografia geotécnica analógica, para a digital visando aplicação em SIG, o conceito de processos do meio físico discretizados e a identificação de atributos relevantes a partir da alterações no meio ambiente, provocadas pelos empreendimentos civis foram pressupostos para esta modelagem. O termo processo no âmbito em questão indica dinamismo decorrente de ações e fenômenos envolvendo mudanças. Em um enfoque sistêmico, definem-se variados processos característicos de um meio, através da análise do fluxo de energia e de matéria que resultam das interações entre os diversos componentes. Os processos do ambiente que decorrem de interações com predominância de componentes abióticos são considerados, segundo FORNASARI Fº et al.. (1992), como sendo processos do meio físico. Como exemplo podem ser citados os processos de movimentos de massa (solo e rocha), pedogenéticos e de águas, dentre outros. A dinâmica do meio ambiente pode ser definida como o conjunto interativo dos 55 M E IO F ÍS IC O M E IO B IÓ T IC O M E IO S O C IO E C O N Ô M IC O P R O C E S S O T E C N O L Ó G IC O P R O C E S S O D O M E IO F ÍS IC O M E IO A M B IE N T E ( 1 ) ( 5 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) D E M A N D A IM P A C T O S C O N F L IT O S c o n d ic io n a n te a lte r a ç ã o C A R T O G R A F IA G E O T É C N IC A M O D E L O P R E L IN IN A R p r o b l e m a s e xis te n te s a trib u to s r e l e v a n te s p r o p r ie d a d e s g e o l ó g ic o - g e o té c n ic a s e s c a la d a c a r to g r a f ia f in a lid a d e e Figura 2 - Dinâmica do meio ambiente e o papel do meio físico, e sua relação com a cartografia geotécnica, modificada de FORNASARI Fº et al.(1992). processos do meio biológico, do socioeconômico e cultural com os processosdo meio físico.Por outro lado, a implantação, o funcionamento e mesmo a desativação de uma obra de engenharia, como por exemplo uma mineração, uma barragem, uma estrada, envolvem uma série de ações humanas, orientadas segundo técnicas específicas que introduzem e condicionam fluxos energéticos, e que são aqui denominados por processo tecnológicos. Os processos do meio físico podem ser deflagrados, induzidos, acelerados ou retardados artificialmente por processos tecnológicos. Todo projeto de engenharia contempla processos tecnológicos, e por isso, deve, por princípio, levar em consideração as características do ambiente (local de implantação e seus entornos) como, por exemplo, os condicionantes geológico- geotécnicos, para prever seu desempenho. Também é necessário prever adequações nos processos tecnológicos em função da evolução dos processos do ambiente ao longo do tempo, por exemplo, deposição de sedimentos em reservatórios de barragens. Um estudo de impacto ambiental (EIA) inicia-se a partir de um projeto com vários processos tecnológicos, e deve estudar as várias alternativas para sua implantação. O EIA destina-se à avaliação desta intervenção tecnológica no ambiente, ou seja, modificações que o projeto impõe ao meio ambiente. Se as alterações nos processos do meio ambiente provocadas por processos tecnológicas forem significativas, estas serão consideradas como impactos. A essência de um EIA reside na verificação da adequação da tecnologia escolhida para uma determinada intervenção em determinado ambiente, além do questionamento da necessidade ou oportunidade da própria intervenção. 56 A abordagem por processos permite a modelagem mais eficiente com melhor previsibilidade do comportamento dos terrenos, diferenciando-se da delimitação de compartimentos por cruzamento de mapas básicos sem uma análise preliminar dos processos existentes e esperados. As unidades geológico-geotécnicas além de serem homogêneas devem representar comportamentos potenciais comuns expressos pelos processos do meio físico. Os processos do meio físico são definidos pela interação entre componentes predominantemente abióticos, como materiais terrestres (solos, rochas, água e ar) e tipos naturais de energia (gravitacional, solar, energia interna da terra e outras), incluindo as modificações decorrentes da ação biológica e humana. Já visando a parte prática do presente trabalho, é importante conceituar os processos do meio físico predominantes na região estudada (Estado de São Paulo). O reconhecimento de terrenos, de acordo com a predominância ou o grau de suscetibilidade dos processos do meio físico analisados, possibilita a delimitação de unidades geotécnicas, conforme o desempenho esperado destes terrenos em função do uso. Cada unidade geotécnica corresponderá a um compartimento no mapa (polígono) e terá uma estrutura adequada no SIG. Na cartografia geotécnica os terrenos delimitados pela predominância destes processos são considerados Unidades Geotécnicas, correspondentes aos respectivos processos. No fluxograma (Figura 3) estão representados os processos do meio físico relevantes no estado de São Paulo e abordados na Carta Geotécnica do Estado de São Paulo (IPT, 1994). Na seqüência são apresentados os condicionantes e os atributos utilizados como critérios de compartimentação para cada unidade geotécnica. A integração destas unidades permitiu a compartimentação final da Carta Geotécnica do Estado, que utilizou a abordagem de processos do meio físico. A compreensão desta metodologia utilizada possibilitou a elaboração da modelagem de dados físico-ambientais, a partir da discretização digital dos temas de processos, adotados para a melhor representação da realidade geológico-geotécnica que foi modelada na Base de Dados Geoambientais. 4. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEORREFERENCIADAS 4.1 SIG para transformação de cartas geotécnicas em bases de dados geoambientais O desenvolvimento de um sistema de base de dados geoambientais, compreende o processo de automação e informatização, em todas as fases do trabalho (Figura 4), desde os levantamentos de campo com GPS, aquisição digital de mapas base, integração de temas, ensaios de laboratório, classificação e avaliação de terrenos, através da utilização dos recursos de cartografia digital, sistemas de informação geográfica, sistemas gerenciadores de banco de dados e redes.. No caso da cartografia geotécnica, a automação através do uso de Sistema de Informações Geográficas (SIG) propicia grande eficiência na produção de bases cartográficas digitais, banco de dados, integração de dados físico-ambientais, modelagem numérica de terreno (MNT ou DEM), geração de cartas de declividade para diversos processos, análises espaciais, como análises de riscos, dentre outros. O SIG não garante magicamente o sucesso de um projeto, porém, permite uma melhor organização, armazenamento, documentação, recuperação e atualização das informações cartográficas e a formação de bases de dados, possibilitando, por exemplo, simulações de cruzamentos e retroanálises nos estudos de desempenho do meio frente às solicitações de uso. Porém, a eficiência destes procedimentos esta associada, mais uma vez, com a abordagem metodológica adotada. A experiência mostra que muitas vezes são feitos diversos cruzamentos temáticos permitidos pela nova ferramenta mas que não conduzem a resultados consistentes, por carecerem de embasamento teórico ou por não obedecerem a diretrizes seguras (CINTRA, 1993, apud DINIZ, 1998). 57 erosão sismosrecalqueexpansãocolapso subsidência cárstica assoreamento movimento de massa litologia/ geomorfologia/ solos zonas sismogênicas solos/ geomorfologia litologia/ geomorfologia geomorfologia/ litologia/solos litologiageomorfologiacorpos d´água litologia/ geomorfologia amplitude/ declividade Condicionante Processo arenitos planíciesserras e escarpas embasamento cristalino solos moles, turfa, planícies argilitos, encostas, basalto colinas, arenitos, solos colapsíveis rochas carbonáticas Atributos por unidade Carta Geotécnica do ESP Integração I Unidade VIIIVIIVIVIVIIIII LEGENDA: Figura 3 - Metodologia adotada para compartimentação da Carta Geotécnica do ESP elaborada pelo IPT, na escala 1:250.000 (DINIZ, 1998). A solução de problemas complexos de planejamento e gerenciamento, que envolvam a manipulação de dados referenciados espacialmente, passa necessariamente pelo uso de Sistemas de Informação Geográfica. Relatórios técnicos baseados em estrutura de dados cartográficos e estatísticos podem ser gerados no SIG, apresentado mapas complexos, resultantes da aplicação de diversas funções analíticas existentes no SIG. Enquanto o manuseio de mapas analógicos limita a capacidade de análise a um modelo estabelecido, no SIG as possibilidades analíticas são inúmeras, restringidas apenas pela imaginação do usuário, capacidade do programa e equipamento. A finalidade e uso de cada carta, seja para análise de riscos ou para avaliação ambiental (Figura 5), além do que se pode extrair de cada uma em função da escala e variáveis representadas. Isso passa pelas noções de generalização cartográfica e exatidão de informação (conteúdo) representada e evita que se procure extrair informações que uma determinada carta não pode oferecer. Destacamos a importância de preencher lacunas e a conveniência de contar com mapas de pequena escala, que permitem uma visão de conjunto, como fonte orientativa para a produção de outras cartas em escalas maiores. As lacunas são diagnosticadas por predominância de processo do meio físico e tendência para uso do solo, de uma determinada região. Indicando as áreas críticas e que demandam mapeamentos de detalhe para determinados processos em particular. Foiem função disso que se orientou a parte prática desta tese para produção de uma base de dados multifinalitária. Outra questão relevante é a consideração da dinâmica dos processos do meio físico (o que ocorre na natureza) frente às intervenções de empreendimentos de obras civis que deflagram o desenvolvimento de processos tecnológicos (ação humana direta ou indireta). Isto tem reflexos na modelagem da cartografia geotécnica aplicada, como veremos ao falar da Carta Geotécnica do Estado de São Paulo, elaborada na escala 1:250.000, para análise dos processos do meio físico. Esta abordagem, adotada no IPT, exige a análise dos condicionantes e fatores deflagradores dos processos do meio físico, o que concorda com as funções e objetivos da geologia de engenharia e que dizem respeito a aplicações ao planejamento territorial e urbano, ao subsídio para implementação de obras de engenharia e à avaliações ambientais. 58 PROCESSO DO MEIO FÍSICO A BANCO DE DADOS CARTA GEOTÉCNICA CONVENCIONAL PROCESSO DO MEIO FÍSICO B PROCESSO DO MEIO FÍSICO C BANCO DE DADOS BANCO DE DADOS AUTOMAÇÃO PROCESSO TECNOLÓGICO A BANCO DE DADOS PROCESSO TECNOLÓGICO B PROCESSO TECNOLÓGICO C BANCO DE DADOS BANCO DE DADOS DIGITALIZAÇÃO DISCRETIZAÇÃO PI MODELAGEM GEOCODIFICAÇÃO AQUISIÇÃO BD RELACIONAMENTOS TOPOLOGIA Figura 4 - Etapas e produtos intermediários da automação da cartografia geotécnica, DINIZ(1998). Esta abordagem foi fundamental para a modelagem da base de dados geoambientais. Pois para passagem da cartografia geotécnica analógica, para a digital visando aplicação em SIG (Figura 6), o conceito de processos do meio físico discretizados e a identificação de atributos relevantes a partir da alterações no meio ambiente, provocadas pelos empreendimentos civis foram pressupostos para tal modelagem. As tecnologias de cartografia digital e SIG permitiram a manipulação de dados em diversas escalas, o cruzamento de informações espaciais para a obtenção de mapas derivados, e a geração de modelos digitais de terreno, que automatizam diversas tarefas. O desenvolvimento do banco de dados (Figura 7) possibilitou o registro e a sistematização de diversas informações úteis para a avaliação ambiental, bem como o registro de cadastros referentes a levantamentos de campo, substituindo o sistema de fichas que vinha se tornando impraticável em função de sua enorme quantidade e a falta de posicionamento preciso dos pontos de campo e, ainda, a implementação de um novo formato para as legendas de mapas, através da geocodificação. Por outro lado deve-se destacar que são necessários alguns cuidados para se evitar a tendência de considerar a automação como solucionadora de todos os problemas e para manter sempre viva a capacidade de análise e o sentido crítico a respeito dos modelos adotados e das soluções produzidas pelo computador. Assim não se deve esquecer que a carta geotécnica constitui-se em um modelo simplificado da realidade, enquanto representação cartográfica de processos do meio físico e portanto, tornam-se necessários critérios para determinar quais as variáveis a serem representadas e como. A validez do modelo passa por essa definição. A automação permite, com maior facilidade e menor esforço, a superação da limitação de um modelo único, quer seja a alteração das variáveis escolhidas, quer seja a produção de diferentes combinações de temas, evitando a produção de um mapa único com excesso de informações. Ou seja, a partir da manipulação 59 BANCO DE DADOS PROCESSOS DO MEIO FÍSICO PROCESSOS TECNOLÓGICOS BANCO DE DADOS INTEGRAÇÃO NO SIG PLANEJAMENTO TERRITORIAL E URBANO MONITORAMENTO DE RISCOS GESTÃO E MONITORAMENTO AMBIENTAL Figura 5 - Esquema geral da metodologia para cartas geotécnicas automatizadas, DINIZ(1998). da base de dados no SIG e uma adequada combinação ou cruzamento de informações é possível gerar diferentes modelos, produzir diversos mapas e realizar múltiplas análises. Fica também facilitada a tarefa de atualização, de monitoramento de processos no tempo e a possibilidade de ensaiar diversos cenários, mais otimistas ou pessimistas das suscetibilidades ou riscos. A melhoria dos modelos - que passam a ser dinâmicos - permite traduzir melhor o comportamento dos terrenos quanto à suscetibilidade natural ou mesmo induzida frente às intervenções de uso e ocupação do solo, que não se reduz a uma simples representação estática, em um mapa, das características de materiais em superfície ou subsuperfície. Esta resposta e possibilidade de interação tem maiores possibilidades de produzir soluções eficazes para as intervenções propostas pelo planejamento urbano e territorial, pelos empreendimentos de engenharia e de avaliação ambiental. A simples combinação ou somatória de atributos de solo, rocha e relevo leva a uma representação complexa de inúmeras unidades, complicando a representação cartográfica em termos de comunicabilidade. Para o usuário fica difícil o traçado de diretrizes, a tomada de decisões e a definição das medidas preventivas e corretivas. A automação veio tornar mais explícitos os modelos, através da escolha e especificação exaustiva das variáveis a serem representadas e da forma como devem ser integradas (modelo) para produzir resultados. Deve, portanto, haver uma maior consciência dos atributos não considerados e das limitações impostas pela forma computacional de representação. Assim, antes da automação, a questão do sucesso e da boa execução de um projeto, dependia quase que exclusivamente da experiência e da capacidade de especialistas para realizar uma análise integrada e para conseguir uma interpretação acertada, dentro de uma multiplicidade de dados, de diversas naturezas, formatos e escalas. A automação veio facilitar as tarefas de análise e interpretação, permitindo isolar dados, realizar filtragens de acordo com determinados critérios, fazer simulações, etc. No entanto, o sucesso do empreendimento depende da forma como conseguiu introduzir nos programas a experiência dos especialistas, a escolha acertada dos atributos e modelos e, também, de como se usa o programa, que critérios se utilizam e que simulações se fazem. Em outras palavras, a automação facilita mas ao mesmo tempo introduz uma certa rigidez de escolha: fixa os modelos e variáveis e só fornece algumas opções, além de exigir o máximo em termos de qualidade das informações levantadas no campo e atualizações periódicas. 60 Figura 6 - Mapa Geotécnico do Estado de São Paulo, originado pela integração de temas de processos do meio físico, da Base de Dados Geoambientais do Estado de São Paulo, DINIZ(1998). Figura 7 - Exemplo da legenda automatizade Processos do Meio Físico da Base de Dados Geoambientais em banco de dados. (DINIZ, 1998). 61 4.2 Modelagem de Dados Ambientais em SIG Nas aplicações geoambientais que tratam de dados geográficos, a modelagem de dados é fundamental para correta representação da realidade. Assim, devido às peculiaridades dos dados, alguns requisitos devem ser considerados quando se trata de modelar um ambiente georreferenciado. Para GOODCHILD (1992 apud DINIZ, 1998) o esquema de uma aplicação geográfica é uma representação limitada da realidade, tendo em vista a natureza finita e discreta da representação nos computadores. A realidade é modelada através de conceitos geométricos, e para que estes conceitos sejam implementados em computadores, eles precisam ser formalizados. Para isto, são necessários um maior número de conceitos abstratos para descrever os dados geométricos e um maior número de operações apropriadas, as quais são independente de implementação. KEMP (1993; 1996 apud DINIZ, 1998), que trata das formas de representação e manipulação de campos geográficos,considera que, na modelagem de dados ambientais, a dinâmica de sistemas atmosférico e hidrológico mostra que todos os sistemas ambientais são fortemente interrelacionados, dinamicamente e espacialmente. Enquanto os SIG´s gerenciam dados estáticos e discretos, os modelos ambientais tratam de processos espacialmente contínuos e com variações temporais. Um modelo de dados, segundo CÂMARA (1995, apud DINIZ, 1998) é um conjunto de ferramentas conceituais utilizado para descrever como a realidade geográfica será representada no sistema. A modelagem da base de dados geográficos foi baseada na metodologia orientada a objetos, que tem como propósito geral dentro de um SIG aplicar as técnicas de classificação, tendo como conceitos fundamentais os conceitos de classe e objeto. O conceito de informação organizada em diferentes camadas, PI´s ou layers referidas ao mesmo sistema de coordenadas geográficas, permite rapidez e eficiência na consulta a partir da localização, e na combinação e análise de tais informações. Na formação de bases de dados adequadas a aplicação de SIG, vem sendo utilizado com proveito o conceito e a prática de análise e projeto orientado a objeto (OO) (MARTIN & ODELL, 1995 apud DINIZ, 1998). Nesse contexto a modelagem se dá em termos de objetos que têm propriedades e comportamentos, e eventos que disparam operações que mudam o estado dos objetos. Os objetos interagem formalmente com outros objetos. Essencial à automação da cartografia geotécnica foi a modelagem e elaboração de uma base de dados, para a produção de mapas, e que permitisse as mesmas funções desenvolvidas nos procedimentos analógicos: análise fenomenológica de processos do meio físico visando identificar o desempenho de terrenos; ou ainda retroanálises e generalização cartográfica, a partir de estudos específicos de problemas existentes ou esperados. A modelagem é um processo complexo, em função do número de variáveis envolvidas nos processos do meio físico. No entanto, deve-se, dentro deste quadro, buscar a significação possível a fim de não gerar, por exemplo, um número exagerado de unidades geotécnicas, dificultando a tarefa de análise. A Base de Dados foi organizada em três módulos, a base espacial, o banco de dados alfanuméricos e o banco de dados de imagens. Dentro de cada módulo faz-se a organização dos dados a partir de um esquema conceitual (metadados) que permite a divisão dos dados segundo categorias, subcategorias e planos de informação, como no exemplo da Figura 8. 4. CONCLUSÕES O sistema georreferenciado da Base de Dados Geoambientais do Estado de São Paulo – GAIA se constitui em importante instrumento para subsidiar ações de planejamento e gestão do uso do solo, tais como seleção de áreas para implantação de empreendimentos industriais ou residenciais, Planos Diretores, Planos de Defesa Civil, Estudos de Impacto Ambiental, planejamento e fiscalização de obras, elaboração de cartas de risco, suscetibilidades e aptidões, seleção de áreas para disposição de resíduos, dentre 62 BASE CARTOGRÁFICA CATEGORIA MALHA VIÁRIA subcategoria HIDROGRAFIA subcategoriaUNIDADES POLÍTICAS subcategoria município região de governo rodoviascorposd´águadrenagemUGRHI ferrovias região administrativa mancha urbanaestado Planos de Informação Figura 8 - Detalhamento do conteúdo de metadados para base cartográfica. outros. Fornece, ainda, orientações para investigações de empreendimentos específicos e outras ações preventivas e corretivas de problemas, resultantes da interação entre a natureza original dos terrenos e a ocupação, respeitando as limitações impostas e as potencialidades naturais dos terrenos. Constatou-se, como era esperado, que a construção da Base de dados Geoambientais trouxe inúmeras vantagens, no que se refere à melhoria da infraestrutura de trabalho, à diminuição dos prazos de execução de projetos, e a conseqüente redução de custos; no resgate da memória técnica, no armazenamento prático de documentação fotográfica, na digitalização e aproveitamento de mapas temáticos intermediários e no registro direto em meio magnético de novos projetos em cartografia digital. 5. REFERÊNCIAS DINIZ, N.C., PRANDINI, F.L, NAKAZAWA, V.A. 1993. Enginering-geological mapping as a subsidy to the planning and reordering of urban land use. In: SEMINÁRIO INTERNATIONAL SOBRE PROBLEMAS AMBIENTAIS DOS CENTROS URBANOS, 2., 1993, São Paulo. Anais... São Paulo: Biosfera. (ECO URBS'93) DINIZ, N.C., CINTRA, J.P. 1997. Automated cartography for engineering geological maps. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA, 18., 1997, Rio de Janeiro: SBC; INTERNATIONAL SCIENTIFIC ASSEMBLY IAG, 1997, Rio de Janeiro: IAG. DINIZ, N.C. et al. 1997. Construção da base de dados geoambientais para multifina- lidade: mapas digitais, multimídia e SIG. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOPROCESSAMENTO, 4., 1997, São Paulo. Atas...São Paulo: Epusp. DINIZ, N.C. 1998. Automação da cartografia geotécnica: uma ferramenta de estudos e projetos para avaliação ambiental. São Paulo. 2v. (Tese de Doutorado, apresentada à EPUSP). FORNASARI FILHO, N. et al. 1992. Alterações no meio físico decorrentes de obras de engenharia. São Paulo: IPT. 165p. (IPT. Publicação, 1972; Boletim, 61). 165p. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT.. 1994b. Carta geotécnica do Estado de São Paulo; escala 1:500.000. São Paulo. 2v. (IPT. Publicação, 2.089). ________. 1997. Sistema de dados ambientais no Estado de São Paulo para atualização da carta geotécnica digital. São Paulo. 2v.(IPT. Relatório, 35.539). ________. 1999. Base de dados geoambientais do Estado de São Paulo em Sistema de Informações Geográficas, como subsídio à avaliação e regulamentação de Áreas de Proteção Ambiental, planejamento e gerenciamento de bacias hidrográficas e zoneamento ambiental. Relatório Final. São Paulo. 1v.(IPT. Relatório, 39 295). SALLES, E.R., DINIZ, N.C., TORI, R. 1998. Aplicativo multimídia - SIG para disseminação da base de dados geoambientais do Estado de São Paulo, IPT. In: GIS Brasil 98, CONGRESSO E FEIRA PARA USUÁRIOS DE GEOPROCESSAMENTO DA AMÉRICA LATINA, 4., 1998, Curitiba, PR. Anais... Curitiba: Sagres Editora.
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