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Sobre a Morte e o Morrer Resenha (1)

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Faculdade Guanambi/ CESG
Curso: Psicologia
Discente: Noemi sena gomes 
Resenha Crítica do Livro “Sobre a Morte e o Morrer”, de Elizabeth Kübler-Ross
Guanambi, Novembro de 2015.
Noemi sena gomes 
Resenha Crítica do Livro “Sobre a Morte e o Morrer”, de Elizabeth Kübler-Ross
Resenha Crítica apresentada na Disciplina de Desenvolvimento III, ministrada pelo professor Weslley Valadares, para obtenção de nota parcial da II Unidade.
Guanambi, Novembro de 2015.
Resenha Crítica do Livro “Sobre a Morte e o Morrer”, de Elizabeth Kübler-Ross
Biografia de Elizabeth Kübler-Ross
	Elisabeth Kübler-Ross nasceu em 8 de julho de 1926, em Zurique, na Suiça. Tornou-se psiquiatra. É a autora do livro On Death and Dying, (“Sobre a Morte e o Morrer”), de 1969, sua principal obra, no qual apresenta o conhecido Modelo de Kübler-Ross, que marcou o rumo de seu trabalho, enriquecido posteriormente com contribuições de especialistas de uma área específica da profissão médica, a tanatologia. Nesse livro, ela identifica fases nos períodos que antecedem a morte e cria métodos para profissionais da saúde e familiares acompanharem e contribuírem para os pacientes terminais. Pioneira no tratamento desses pacientes possibilitou o movimento para a criação de sistema de asilos específicos para doentes nos EUA. Escreveu ao todo 23 livros, que até ao presente momento estão traduzidos em 30 línguas. Segundo o Elisabeth Kubler-Ross Foundation, durante a segunda Guerra Mundial ela desenvolveu um trabalho humanitário nos campos de refugiados e mais tarde graduou-se em medicina pela Universidade de Zurique. Emigrou para os Estados Unidos da América onde veio a continuar os seus estudos de psiquiatria em Nova Iorque. Tornou-se professora na Universidade de Medicina de Chicago onde realizava seminários em que relatava experiências de entrevistas com pacientes terminais. Muito se empenhou em minorar os sofrimentos psicológicos dos doentes terminais e deu um enfoque especial aos doentes contagiados pelo vírus da SIDA. Dispôs da sua propriedade para criar um centro de acolhimento para esses doentes terminais mas o seu sonho foi interrompido por um incêndio, possivelmente criminoso, que destruiu a propriedade. No final de sua carreira, Elisabeth dedicou sua pesquisa à verificação da chamada "vida após a morte", fazendo com sua equipe milhares de entrevistas com pessoas que relataram experiências de uma suposta morte (pessoas que morreram por alguns instantes e voltaram). Esse novo interesse da especialista foi recebido com ceticismo pela maioria dos cientistas e médicos. Faleceu em 24 de agosto de 2004, aos 78 anos de idade, após uma série de derrames cerebrais, na cidade de Scottsdale, no Arizona. Recebeu 19 títulos de Doutor Honoris Causa e em 2007 foi eleita para o National Women's Hall of Fame.
Análise de Livro “Sobre a Morte e o Morrer”
	As transformações culturais e políticas, como o avanço das praticas medicinais e o maior alcance das informações no sentido educacional possibilitou notáveis e evidentes diminuições e erradicações nos números de mortes, sejam infecções, mortalidade infantil e outras diversas doenças, passaram a ser combatidas e controladas. Com isso, houve um considerável aumento na expectativa de vida das populações, possuindo recursos para tratar das mais diversas enfermidades. Por outro lado, juntamente a outros aspectos, isso fez aumentar o número de pacientes que apresentam distúrbios psicossomáticos e comportamentais. Deste modo, sob esse novo aspecto que não mais se oculta, o profissional da saúde enfrenta o desafio de ajudar não mais somente com o cuidado com as debilidades físicas, mas também precisa aprender a enfrentar as consequências psicológicas dessas limitações e isolamentos.
	Nesse sentido, a autora da obra tenta demonstrar, através especialmente dos relatos de casos e experiências reais, as mais diversas perspectivas dos sujeitos e seus modos de lidar com a morte, direcionando discursos e situações para os profissionais da saúde que atuam ou possam atuar junto às pessoas que se encontram e precisam enfrentar o fato da morte.
Inicia então, após estas reflexões, a analisar como a morte é encarada em nossa cultura, ressaltando o grande temor que ela causa, e que, portanto a maior parte das pessoas a tem como inconcebível até o momento em que a negação não se torna mais possível. 
	Destaca que o ambiente familiar é fundamental para a compreensão do morrer, no sentido de que é na participação e compartilhamento da dor entre os indivíduos da família que esta dor e solidão ante a morte seja amenizada. Porém isso é algo que normalmente não acontece, pois o comum os pacientes quando entram em tal processo, são desumanizados, levados para as salas de emergência e vê sendo retirada toda sua liberdade de escolha sobre a própria vida, passando, portanto a ser visto e tratado como um objeto, incapaz de decidir o rumo de seu tratamento e mesmo de suas expressões e desejos, o que faz com que seu sofrimento seja ainda mais intensificado, pois se torna também um forte sofrimento emocional.
	Em uma contextualização cultural, percebe-se que a lógica individualista tem assumido posições em detrimento das relações interpessoais, e as políticas de massificação e despersonalização dos sujeitos tem se expandido. Temos o conhecimento ou assistimos de perto a banalização extrema da violência, os extermínios de minorias, as guerras e genocídios, mas a compreensão sobre isto se dá de modo distante, o entendimento é de horrorizar-se sem se implicar no sentido de perceber que aquelas mortes nos envolvem diretamente, que aquelas mortes nos remetem de um modo ou de outro, diretamente à morte de cada um, e ficam incapazes de perceber a isso, pois predomina a negação da morte em si. Até mesmo a religião, historicamente um discurso que sempre dialogou com a possibilidade de morte, atualmente têm se distanciado, tem adquirido outras perspectivas, que não esta. Nesta conjuntura, os profissionais de saúde precisam compreender tais processos para efetivar sua relação com os pacientes, auxiliando nesse momento extremamente difícil e buscando em cada experiência perceber as condições necessárias para o enfrentamento e o lidar com a morte. 
	É interessante perceber, através dos relatos dos casos, como a necessidade da expressão ante o sofrimento do morrer se torna essencial, e que um grande problema é que na maioria das vezes a equipe de saúde não consegue perceber isso. A meu ver, o projeto de Kubler-Ross com os estudantes e outros colaboradores adquiriu justamente esse sentido, o de compreender o processo da morte e de seu processo, partindo diretamente do que os pacientes tem a dizer, o que tornou sua elaboração dos Estágios uma consolidada referência para esta compreensão e atuações.
	É importante ressaltar que a descrição dos Estágios não significa que é um processo único que ocorrerá de modo igual com todas as pessoas, pois cada sujeito irá lidar com isso de um modo particular, e que não seguem também necessariamente esta ordem ou até mesmo que não passam por todos os Estágios.
O estágio da Negação é descrito como um momento em que diante da dor, no luto, em uma tragédia ou no lidar diretamente com o fato de ter que morrer, como os pacientes em estágios terminais, o sujeito passa a se defender de qualquer coisa que relacione ou lhe traga a perspectiva da morte, passando literalmente a ocultar de si mesmo tal fato, inclusive através do isolamento, sendo portanto, neste momento, incapaz de lidar com essa dor, e assim, torna-se um sofrimento muito intenso para o sujeito que vive esse momento, bem como a de qualquer estágio. Contudo explica também que o estágio da negação tende a não permanecer por muito tempo. No estágio da raiva, que surge devido a impossibilidade da permanência da negação, o sujeito se hostiliza contra todo o ambiente frente a constatação da morte, e a expressão da dor passa a assumir enorme proporção através
de um constante conflito em atitudes agressivas de caráter quase paranoide, pode-se dizer, e justamente por isso a compreensão dos que acompanham esse sujeito têm fundamental relevância. No Estágio da barganha, quando a raiva também se torna insustentável, inicia-se uma espécie de jogo mental, marcado por tentativas de acordos imaginários ou de crença, como em Deus, fazendo com que a barganha adquira o caráter de súplicas e até desespero, e por isso, a barganha é entendida como uma tentativa de adiamento da morte, e também acontece de modo oculto, no sentido de que dificilmente o sujeito as expressa. No Estágio da depressão normalmente inicia quando o sujeito já não consegue mais negar suas condições de adoecimento, passando a morte a ser sentida muito mais diretamente. Neste sentido, a depressão tem o sentido de uma atitude evolutiva em direção a morte, pois superou os processos de negar, agredir e barganhar, para constatar a inevitabilidade do morrer. Nesse momento o sentimento de solidão é imenso, pois diante da morte todos passam a se verem sós, e então predomina-se o desânimo e o desinteresse pelas relações na vida, entendendo-se que nada mais lhe adianta, se a morte é seu único caminho. Por fim, o Estágio da Aceitação é quando o paciente além de não mais negar sua realidade, também não se desespera mais por ela, mas passa a aceitá-la, até a enfrentá-la abertamente. Por isso, a Aceitação é um momento de tranquilidade.
A compreensão e estudos levantados por Kubler-Ross, são a meu ver, uma tarefa primordial para o contexto de sociedade em que vivemos, e o interessante é que é primordial não só para uma relação melhor entre a equipe de saúde e os pacientes, que passam a lidar com a morte de modo mais claro e sem tanto sofrimento, mas penso que principalmente, é uma lição para a nossa cultura, marcada por todo tipo de fuga e negação da morte, que desta forma acaba também negando a vida e a sinceridade das relações, pois nega a morte mesmo quando a banaliza, que é o que vemos bem comumente no Brasil. Então, o papel de Kubler-Ross teve uma abrangência que pode ser compreendida em um contexto cultural, pois uma perspectiva que inicia uma prática e se torna referência, pode não parar somente onde terminou, penso que sua forma sincera e aberta de lidar com a morte pode ultrapassar os conhecimentos de profissionais que podem por vezes lhe atribuir somente um sentido técnico, e alcançar o propósito que de fato sua dimensão pode ter, que é romper perspectivas estabelecidas e tabus sociais frente ao que apesar de ser desconhecido, pode tornar-se um modo de perceber a vida.
Referencia Bibliografica
KUBLE R-ROSS E. Sobre a morte e o morrer. Rio de Janeiro: Editora Martins Fontes; 1985.

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