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Universidade Federal de Rio de Janeiro Instituto de Matema´tica ——————————————————————————————————————— EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS - MAE127 (Agosto 2014- Dez 2014) Notas e exerc´ıcios – 3 Professora: Stefanella Boatto sala: 109 B– ramal: 7410 – email: edo.ufrj@gmail.com Aulas de teoria: terc¸a e quinta 10h-12h sala B110, Bloco B, CT ———————————————————————————————————– Monitora: Renata Loiola renata.loiola@globo.com Gladston Duarte gladston.df@gmail.com Equac¸o˜es de primeira ordem. Equac¸o˜es lineares e equac¸o˜es na˜o-lineares. Teoremas de existeˆncia e unicidade da soluc¸a˜o. Curvas integrais. Intervalo de definic¸a˜o de uma soluc¸a˜o versus domı´nio de uma func¸a˜o. Existeˆncia de soluc¸o˜es via me´todo de Euler. Existeˆncia de soluc¸o˜es via me´todo de Picard Referencias: • Notas de aula. • Equac¸o˜es Diferenciais (D. G. Zill), Cap. 1 : 1.1 : (Definic¸a˜o e Terminologia): ver o Exemplo 2, Pag. 6 e a discussa˜o sobre a diferencia entre o domı´nio de uma func¸a˜o e o intervalo de definic¸a˜o de uma soluc¸a˜de um problema de valor inicial. 1.2 (Problemas de Valor Inicial): ver discussa˜o sobre o teorema de existeˆncia e unicidade da soluc¸a˜o) • Equac¸o˜es Diferencias Elementares e Problemas de Valores de Contorno (Boyce & DiPrima): 2.4 (Diferenc¸as entre equac¸o˜es lineares e na˜o-lineares) 2.8 (O Teorema de Existeˆncia e Unicidade) • Introduc¸a˜o a`s Equac¸o˜es Diferenciais (R. Rosa), Cap. 2 : 1 (Existeˆncia de soluc¸o˜es e me´todos de Euler e de Picard), 1.2 (Existeˆncia de soluc¸o˜es via me´todo de Picard), 1 1.3 (Exemplo de aplicac¸a˜o do me´todo de Picard), 2.1 (Exemplo de na˜o-unicidade), 2.2 (Condic¸o˜es suficientes para a unicidade). • (OPCIONAL!!!) Para uma prova do Teorema 1 ver: Pag. 73-76, Lawrence Perko ”Differencial Equations and Dynamical Systems”, Springer Pag 163-169, M.W. Hirsch and S. Smale ”Differential Equations, Dynamical Sys- tems, and Linear Algebra”, Academic Press. —————————————————————————————————————— Notas 2 - (segunda semana de aula) Domı´nio versus Intervalo I de definic¸a˜o de uma soluc¸a˜o O domı´nio de y = 1/x, considerada simplesmente como uma func¸a˜o, e´ o conjunto de todos os nu´meros re´ais x exceto o 0, i.e. Domı´nio = R \ {0} = (−∞, 0) ∪ (0,+∞) Entretanto, y = 1/x e´ tambe´m uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial linear de primeira ordem x dy dx + y = 0 (verifique!). Mas quando afirmamos que y = 1/x e´ uma soluc¸a˜o dessa ED, queremos dizer que e´ uma func¸a˜o definida em um intervalo I no qual e´ diferencia´vel e satisfaz a equac¸a˜o, portanto i e´ (−∞, 0) ou (0,+∞). Isso e´ mais claro quando consideramos o Problema de Valor Inicial x dy dx + y = 0, y(xo) = yo Se xo < 0, i.e. xo ∈ (−∞, 0) enta˜o o intervalo de definic¸a˜o da soluc¸a˜o e´ I = (−∞, 0). Se xo > 0, i.e. xo ∈ (0,+∞) enta˜o o intervalo de definic¸a˜o da soluc¸a˜o e´ I = (0,∞). Soluc¸a˜o Impl´ıcita de uma ED Definic¸a˜o : Dizemos que uma relac¸a˜o F (t, y) = 0 e´ uma soluc¸a˜o impl´ıcita de uma equac¸a˜o diferencial ordinaria, em um intervalo I, quando existe pelo menos uma func¸a˜o φ(t) que satisfac¸a a relac¸a˜o, bem como a equac¸a˜o diferencial 2 em I. ——————————————- Exemplo : A relac¸a˜o t2 + y2 − 1 = 0 e´ uma soluc¸a˜o impl´ıcita da equac¸a˜o diferencial dy dt = − t y no intervalo −1 ≤ t ≤ 1. De fato, por diferenciac¸a˜o implicita obtemos d dt t2 + d t y(t)2 = d dt 1 =⇒ 2t+ 2ydy dy = 0 =⇒ dy dt = − t y . Ale´m disso, resolvendo para t2 + y2 = 1 para y em termos de t obtemos y = ± √ 1− t2 As duas func¸o˜es y = φ1(t) = √ 1− t2 e y = φ2(t) = − √ 1− t2 satisfazem a relac¸a˜o, isto e´ t2 + φ21 − 1 = 0 e t2 + φ22 − 1 = 0. φ1(t) e φ2(t) sa˜o duas soluc¸o˜es explicitas definidas no intervalo 1 ≤ t ≤ 1. Observac¸a˜o: Considere o sistema de equac¸o˜es diferencias dx dt = f(x) (1) onde f : R −→ R. Uma soluc¸a˜o deste sistema e´ a func¸a˜o x : J −→ R definida em J ⊂ R tal que para todo t ∈ J, dx dt = f(x(t)). Vamos denotar x ′ = dx/dt. Geometricamente, x(t) e´ a curva em R cujo vetor tangente x ′ (t) existe para todo t ∈ J e e´ igual a f(x(t)). Uma condic¸a˜o inicial ou valor inicial para a soluc¸a˜o x : J −→ R e´ o dado x(to) = xo, onde to ∈ J e xo ∈ R. Para simplificar a notac¸a˜o, escolhemos to = 0. O problema principal das equac¸o˜es diferencias e´ de encontrar a soluc¸a˜o de qualquer problema de valor inicial; i.e., de encontrar a soluc¸a˜o do sistema que verifica a condic¸a˜o inicial x(0) = xo para todo xo ∈ R. Infelizmente, equac¸o˜es na˜o-lineares podem na˜o ter uma soluc¸a˜o que verifique uma dada 3 condic¸a˜o inicial. Existeˆncia de uma soluc¸a˜o : A equac¸a˜o diferencial dy dt = f(t, y) com dado inicial y(to) = yo tem soluc¸a˜o ? Em outras palavras : alguma curva integral passa pelo ponto (to, yo) do plano ty ? Unicidade de uma soluc¸a˜o : Quando podemos estar certos de que existe precisamente uma curva integral passando pelo ponto (to, yo). Em outras palavras : quando existe exatamente uma func¸a˜o φ(t) que verifica a equac¸a˜o dφ(t) dt = f(t, φ(t)) e a condic¸a˜o inicial φ(to) = yo ? Teorema 1: (Existeˆncia e Unicidade) Considere o Problema de Valor Inicial (PVI) dy dt = f(t, y), y(to) = yo. Hipo´teses: Suponha que D seja uma regia˜o no plano ty tal que : 1) f(t, y) e ∂f ∂y (t, y) sa˜o ambas cont´ınuas; 2) o dado inicial (to, yo) ∈ D. Tese : entexiste uma u´nica soluc¸a˜o y = φ(t) do PVI, isto e´ dφ(t) dt = f(t, φ(t)), φ(to) = yo e existe h > 0 tal que φ(t) esta´ definida ∀t ∈ (to − h, to + h). 4 Observac¸o˜es: 1) As condic¸o˜es do Teorema 1 sa˜o suficientes, mas na˜o necessa´rias. Quando f e ∂f ∂y sa˜o cont´ınuas em um intervalo, deve-se sempre concluir que ha´ uma u´nica soluc¸a˜o. Mas o contrario na˜o e´ verdade. Ou seja se as hipo´teses do teorema na˜o sa˜o verificadas, na˜o se pode concluir que uma u´nica soluc¸a˜o nao pode existir. Como exemplo disso considere dy dt = |y − 1|, y(0) = 1 As hipo´teses do Teorema 1 na˜o sa˜o satisfeitas pois f e´ cont´ınua ∀t ∈ R mas ∂f ∂y esta´ definida em D = (−∞, 1) ∪ (1,+∞) e portanto a condic¸a˜o inicial (to, yo) = (0, 1) /∈ D. Na˜o obstante, pode ser provad que y = φ(t) = 1, ∀t ∈ R e´ a u´nica soluc¸a˜o do PVI 2) O Teorema 1 se generaliza ao caso de mais de uma variavel desconhecida, i.e. para Y ∈ Rn. Nesse caso Y ′ = F (t, Y ) onde F : R× Rn −→ Rn. 3) No caso autoˆnomo, o Teorema torna-se dy dt = f(y), y(to) = yo. Nesse caso a regia˜o D e´ uma faixa retangular D = R× J2 onde J2 e´ o intervalo em y onde f(y) e df/dy sa˜o cont´ınuas. 4) Se a func¸a˜o f em (1) e´ linear na varia´vel dependente (nesse caso t) temos um resultado bem mais forte: Teorema 2: (Caso Linear) Se as func¸o˜es p(t) e g(t) sa˜o cont´ınuas em um intervalo aberto I : α < t < β contendo o ponto t = to enta˜o existe uma u´nica func¸a˜o y = φ(t) que satisfaz a equac¸a˜o diferencial dy dt + p(t)y = g(t) para cada t em I e que tambe´m satisfaz a condic¸a˜o inicial y(to) = yo onde yo e´ um valor inicial arbitra´rio prescrito. ———– =⇒ O intervalo de definic¸a˜o da soluc¸a˜o coincide com o intervalo de con- tinuidade das func¸o˜es p e g !!!!!! 5 Exerc´ıcios: 1) Considere a equac¸a˜o diferencial x ′ = f(x, t) para 1) f(x, t) = { 1 if x < 0 −1 if x ≥ 0. , 2) f(x) = 3x 2/3, 3) f(x, t) = t x1/2. (a) Discuta a regularidade da func¸a˜o f respeito a variavel dependente x. (b) Discuta a existeˆncia da soluc¸a˜o e do intervalo de definic¸a˜o da soluc¸a˜o em func¸a˜o do dado inicial x(0) = xo. Em particular, existe uma soluc¸a˜o para x(0) = 0 ? E para x(0) = xo > 0 ? 2) Para as seguintes equac¸o˜es, determine uma regia˜o do plano xy na qual a equac¸a˜o diferencial dada tenha uma u´nica soluc¸a˜o cujo gra´ficopasse pelo ponto (xo, yo) nessa regia˜o. (a) x dy dx = y, (b) dy dx = √ xy (c) dy dx − y = x, (d) (4− y2)y′ = x2. 3) Use o Teorema 1 para encontrar um intervalo ao qual o problema de valor inicial{ ty ′ + 2y = 4t2 y(1) = 2 com uma u´nica soluc¸a˜o. 4) Aplique o Teorema 1 para determinar uma regia˜o no plano xy na qual o problema de valor inicial dy dx = 3x2 + 4x+ 2 2(y − 1) , y(0) = −1 tenha uma u´nica soluc¸a˜o. 5) Considere a equac¸a˜o diferencial x ′ = x (a) Integre a equac¸a˜o para separac¸a˜o de variaveis (b) Utilize o me´todo de Picard e verifique que a soluc¸a˜do me´todo iterativo converge a` soluc¸a˜o exata. 6 6) (Ver Boyce Sec. 2.8) Resolva o problema de valor inicial dy dt = 2t(1 + y), y(0) = 0, pelo me´todo de aproximac¸o˜es sucessivas. 7) Escreva os primeiros termos do me´todo iterativo de Picard dos seguintes problemas de valor inicial. Quando possivel, encontre as soluc¸o˜es e descreva os seus domı´nios. (a) x ′ = x+ 2; x(0) = 2. (b) x ′ = x4/3; x(0) = 0. (c) x ′ = x4/3; x(0) = 1. (d) x ′ = cosx; x(0) = 0. (e) x ′ = 1/(2x); x(1) = 1. 8) Resolver a equac¸a˜o dy dx + 1 2 y = 3 2 e determinar como as soluc¸o˜es se comportam para grandes valores de x. Determinar tambe´m a soluc¸a˜o cuja curva passa pelo ponto (0, 2). 9) Achar a soluc¸a˜o do problema de valor inicial y ′ + 2y = e−x, y(0) = 0, 75. 10) Achar a soluc¸a˜o do problema de valor inicial y ′ − 2xy = x, y(0) = 0. 11) Em cada problema achar a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial. a) y ′ + 3y = x+ e−2x, b) y ′ − 2y = x2e2x, c) y ′ − y = 2ex, d) xy′ + 2y = sinx, x > 0, e) y ′ + 2Xy = 2xe−x 2 , f) (1− x2)y′ + 4xy = (1 + x2)−2. 7 12) Em cada problema achar a soluc¸a˜o do problema de valor inicial proposto. a) y ′ − y = 2xe2x, y(0) = 1 b) y′ + 2y = xe−2x, y(1) = 0, c) xy ′ + 2y = x2 − x+ 1, y(1) = 1/2, x > 0, d) y′ − 2y = e2x, y(0) = 2, e) xy ′ + 2y = sinx, y(pi/2) = 1, f) x3y ′ + 4x2y = ex, y(−1) = 0. 13) a) Mostrar que ϕ(x) = e2x e´ soluc¸a˜o de y ′ − 2y = 0 e que y = cϕ(x) tambe´m e´ soluc¸a˜o desta equac¸a˜o para qualquer valor da constante c. b) Mostrar que ϕ(x) = 1/x e´ soluc¸a˜o de y ′ + y2 = 0 para x > 0, mas que y = cϕ(x) na˜o e´ soluc¸a˜o desta equac¸a˜o a menos que c = 0 ou c = 1. Observe que a equac¸a˜o da parte b) e´ na˜o- linear, enquanto a da parte a) e´ linear. 14) Resolver o problema de valor inicial{ x ′ = x1/3 x(0) = 0 por separac¸a˜o de varia´veis e para t ≥ 0. 15) Resolver o problema de valor inicial{ xy ′ + 2y = 4x2, y(1) = 2, e determinar o intervalo no qual a soluc¸a˜o e´ valida. 16) (Ex. 2.1 Pag 44, Rosa): Em cada equac¸a˜o do tipo x ′ = f(t, x) abaixo, determine as regio˜es no plano tx onde a func¸a˜o correspondente f(t, x) esta´ definida e tem derivada parcial em relac¸a˜o a x cont´ınua por partes em t e x e, portanto, a unicidade pode ser garantida no interior da regia˜o. a) x ′ = x sin t, b) x ′ = lnx1/2, c) x ′ = √ tx, d) x ′ = x− t1/3 e) x ′ = |x− 1|, f) x′ = |tx|, h) x′ = [x− t|, i) x ′ = (x− t)1/3, j) x′ = x√x− 2. 17) (Ex. 2.2 Pag 44, Rosa): Considere a equac¸a˜o x ′ = x1/2− 1, em x ≥ 0. Mostre que a func¸a˜o constante x(t) = 1, t ∈ R, e´ soluc¸a˜o dessa equac¸a˜o. Podemos garantir que ela seja a u´nica soluc¸a˜o com a condic¸a˜o inicial x(0) = 1 ? 8
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