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Fabrício Silveira Blanchard, cap. 4 Mankiw, cap. 4 Pinho e Vasconcellos, 2006, cap.12 A moeda é fundamental no funcionamento da economia atual. Sua importância é tão central, que Keynes denominava a economia capitalista em seu período atual de “economia monetária de produção”. Dessa forma, é imprescindível para se entender o funcionamento de uma economia monetária o estudo da moeda, suas características, funções, e os determinantes de sua oferta e demanda. A moeda desempenha três funções: Meio de troca; Unidade de conta (unidade em que são grafados os contratos e denominados os ativos); Reserva de valor (seu valor deve ser relativamente estável, ou seja, se desvalorizar mais lentamente que os demais ativos da economia) A função de unidade de conta garante a aceitação da moeda, enquanto seu atributo de reserva de valor permite que as pessoas retenham moeda, de forma a transferir consumo do presente para o futuro. Para atender a estas funções, a moeda requer três atributos: divisibilidade, portabilidade e durabilidade. i.e; necessita ter custos de transação e estocagem baixos e estabilidade de seu valor. Keynes enfatizou as seguintes características da moeda: Sua elasticidade de produção é negligível Indica a impossibilidade de expandir sua produção quando aumenta sua demanda. A resposta do volume de emprego na produção da moeda, quando aumenta sua demanda, é nula, dado que ela não pode ser produzida livremente, já que tal atividade é monopólio do governo – autoridade monetária. Assim, uma vez que a oferta de moeda é relativamente fixa, seu valor será relativamente resistente a baixas. Sua elasticidade substituição é também negligível Indica que a moeda não é facilmente substituível na economia, dadas suas características. Uma vez que a utilidade da moeda deriva apenas de seu valor de troca, quando este último (taxa de juros) sobe, não aparece tendência para substituí-la por outro ativo. Mesmo se o preço da moeda subir (r), agentes continuam a demandá-la. A moeda como a conhecemos hoje é fruto de um amplo desenvolvimento histórico. É possível destacar 5 estágios de desenvolvimento da moeda. pré-economia monetária ou escambo moeda mercadoria moeda escritural (garantida por mercadoria) moeda fiduciária moeda sofisticada 1) O estágio inicial de escambo se refere às trocas diretas entre mercadorias, ou seja, com a ausência de moeda. 2) No estágio seguinte há o surgimento da moeda mercadoria, onde a moeda é uma mercadoria de aceitação geral (geralmente metais preciosos, como ouro ou prata). Nesse estágio as trocas passam a ser indiretas, intermediadas pela moeda. 3) Contudo, quando o ouro era utilizado como moeda era comum que fossem depositados em cofres de ourives, que por sua vez emitiam certificados aos depositantes atestando a guarda de determinada quantia de ouro. Esses certificados pouco a pouco passaram a circular como meio de troca, pois se considerava que não era necessário ir até os ourives, retirar o ouro, pagar pela transação, para depois depositar novamente. Assim surgiu o papel-moeda. Os ourives perceberam, contudo, que era praticamente impossível que todos os depositantes viessem ao mesmo tempo retirar todo seu ouro, de forma que passaram então a emprestar parte do ouro que tinham guardado, por meio de emissão de novos certificados, a uma taxa de juros suficiente para compensar seus riscos. Esses ourives foram os primeiros banqueiros privados que emprestam mais do que tem em reservas, passando então ao estágio da moeda escritural, ou moeda garantida por mercadoria. 4) Com a ampliação da circulação de papeis garantidos por mercadorias (ouro), pouco a pouco foi se tornando inviável o lastro da moeda, dado que o papel-moeda emitido superava em muito as reservas de ouro. Em determinado momento, portanto, foi abandonado o padrão ouro, e a moeda passou a ser garantida legalmente, de forma que a aceitação do valor da moeda passou a se basear apenas na confiança dos agentes sobre a mesma, o que caracteriza a moeda fiduciária. 5) Atualmente, com o avanço da tecnologia e das telecomunicações, a maioria das transações monetárias ocorre eletronicamente, o que dificultou e ampliou a definição de moeda, o que podemos chamar de moeda sofisticada. Numa economia monetária de produção a moeda é criada (oferta) de duas formas: Através da emissão primária pelo banco central, que possui o monopólio sobre sua fabricação; Através da multiplicação de depósitos. Multiplicador monetário: Com o desenvolvimento do Sistema bancário de empréstimos, os Meios de Pagamento passaram a se constituir do papel moeda e da moeda escritural (cheques, cartões, etc). Essa lógica acaba por gerar um multiplicador bancário, já que a mesma moeda é um meio de pagamento para quem deposita e para quem toma empréstimo. Gera uma progressão geométrica Em um Sistema onde o nível de reservas é definido como de 20%, por exemplo, a cada 100 unidades monetárias, 80 são reemprestadas e dessas 64 (80%), e então 51.2, e… gerando um multiplicador de 5. Desta forma podemos afirmar que os bancos dividem com a autoridade monetária o papel de criação monetária, ao criar poder de compra. Os bancos comerciais possuem em seu passivo (origem de recursos): Recursos próprios (patrimônio líquido) Depósitos à vista e à prazo Empréstimos externos Recursos provenientes do Bacen (redesconto, assistência à liquidez, etc) Recursos provenientes de outros orgãos governamentais e do Mercado interbancário. etc Já o ativo (aplicações) é composto por: Encaixes (para fazer frente a obrigações) Imobilizado (agências, etc) Investimentos em títulos públicos e privados Empréstimos etc Quanto a preferência do público por depósitos (dependente do grau de desenvolvimento do sistema bancário) o multiplicador. Quanto a proporção de reservas o multiplicador. O banco central exerce as seguintes funções: Banco dos bancos Depositário de reservas internacionais Banqueiro do governo (tesouro) Emissor de papel moeda (casa da moeda) Seu ativo é composto por: Reservas internacionais, empréstimos ao governo, redesconto, empréstimos em geral, títulos públicos, demais aplicações Seu passivo é dividido em: Monetário PMPP + reservas = base monetária Não-monetário Depósitos do tesouro + recursos próprios e especiais Com isso podemos concluir que os fatores que determinam a expansão da base monetária (B) são: Aumento do ativo do Bacen Diminuição do passivo não-monetário (não acompanhada por redução do ativo) a base: Expansão de reservas internacionais, empréstimos ao governo, empréstimos em geral a base: Venda de títulos públicos, aumento da taxa de redesconto e o contrário das anteriores a base Os principais instrumentos de política monetária do Bacen são: Reservas compulsórias Determinam o tamanho do multiplicador Política de redesconto Taxa de juros de empréstimos para o Sistema bancário – alongar prazos e punição ao excesso de empréstimos Operaçoes de open-market Compra e venda de títulos no Mercado Regulamentação do Mercado Taxa básica (selic), alteração de prazos de empréstimos e financiamentos Medidas de persuasão Baseadas na credibilidade dos anúncios da política (COPOM) A demanda de moeda corresponde à quantidade de moeda que o setor não bancário retém. Mas o que faz as pessoas e empresas reteremdinheiro, que não renderá juros, em vez de utilizá-lo na compra de títulos, imóveis, etc? Quais os motivos para a demanda de moeda? Segundo Keynes, é possível identificar quatro motivos: Motivo transação (determinada pela renda) – dinheiro para as transações do dia a dia. Motivo especulação (liquidez máxima)– retenção de moeda para esperar o momento oportuno para uma aplicação. Motivo precaução (nível de incerteza)– quando há incerteza elevada com relação aos rendimentos de outros ativos, indivíduos retém moeda devido ao seu atributo de reserva de valor. Motivo financiamento (investimento)– quando uma empresa toma empréstimo junto ao banco para realizar um investimento, esse dinheiro não é gasto todo de uma só vez, mas aos poucos. Nesse meio tempo é elevada a demanda de moeda. Motivos Keynesianos Segundo a teoria keynesiana, contudo, a economia nem sempre está no pleno emprego, de forma que o aumento da oferta de moeda pode motivar maior produção, elevando a renda sem elevação dos preços. Ademais, para os keynesianos (na verdade pós-keynesianos) a velocidade de circulação da moeda também varia de acordo com a maior ou menor retenção de moeda pelos indivíduos. O desejo dos agentes de reter moeda é chamado de preferência pela liquidez (PL). A PL é dada pela demanda de moeda, excluindo- se o motivo financiamento. A efetividade de um aumento da oferta de moeda, portanto, depende também do nível de PL. Sendo os bancos comerciais um dos principais agentes do sistema financeiro, captador de recursos e responsáveis pela sua multiplicação, se a preferência pela liquidez dos bancos é alterada, a política monetária pode ser reforçada ou completamente compensada. Quanto a preferência pela liquidez dos bancos, o crédito, ou seja, maior a quantidade de moeda criada pelos bancos. Caso bancos decidam expandir o crédito, os Banco Central deverá comprar mais títulos para manter a taxa de juros no nível considerado adequado. Efeito fisher Conforme qualquer outro mercado, o mercado monetário apresenta uma curva de demanda e uma curva de oferta. O bem transacionado nesse mercado é a moeda, e o equilíbrio do mercado monetário indica o preço e a quantidade de moeda vigentes na economia. Política expansionista Política contracionista
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