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CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula um
Prof. Antonio Nóbrega 
Prezados amigos, estamos de volta para dar continuidade aos nossos 
estudos. 
Espero que nosso primeiro encontro tenha sido suficiente para uma 
compreensão das noções básicas acerca do regime legal inaugurado pela Lei nº 
8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), passo fundamental para que esta 
aula e as seguintes possam fluir de modo tranquilo e agradável. 
Recordo que, naquela oportunidade, foram apresentadas algumas noções 
básicas acerca dos princípios e regras trazidos pelo CDC, além dos fundamentos 
legais e das circunstâncias históricas que levaram à criação de um sistema 
protetivo dos direitos dos consumidores. Ademais, tratamos da classificação 
normativa de consumidor, fornecedor, produto e serviço, conceitos 
indispensáveis para compreensão plena dos temas que serão debatidos adiante 
e que se encontram previstos em nosso edital. 
Nesta segunda etapa, começaremos a nos aprofundar na matéria. 
Inicialmente, serão discutidos alguns pontos relativos à Política Nacional 
de Relações de Consumo, bem como sobre os Direitos Básicos do Consumidor, 
os quais se encontram elencados no art. 6º do CDC. 
Em momento posterior, entraremos na parte mais densa de nosso 
conteúdo, ao iniciarmos a discussão sobre a qualidade dos produtos e serviços e 
a reparação dos danos por eles causados. Esse tópico requer redobrada atenção 
por parte do candidato, pois serão debatidos uns tantos conceitos de grande 
relevância – como os de fato e vício do produto ou serviço -, além da 
apresentação dos prazos decadenciais e prescricionais referentes àqueles 
assuntos. 
Merecem destaque, ainda, os pontos relativos à oferta e publicidade, além 
do rol de prática abusivas previstas no art. 39 do CDC. Em relação a este último 
assunto, nosso estudo consistirá em apresentar cada uma daquelas práticas, 
seguidas de muitos exemplos, para que o candidato possa familiarizar-se com 
aquele elenco. 
Vamos aos estudos! 
CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2
AULA UM
ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 
1) Política Nacional de Relações de Consumo e Direitos dos
consumidores 
2) Proteção à saúde e segurança do consumidor 
3) Responsabilidade nas relações de consumo 
4) Prazos de decadência e prescrição 
5) Desconsideração da personalidade jurídica 
6) Oferta e publicidade 
7) Práticas abusivas de mercado 
8) Cobrança de dívidas 
9) Bancos de dados e cadastros, serviços de proteção ao crédito 
6) Exercícios 
1) Política Nacional de Relações de Consumo e Direitos dos 
Consumidores 
Com o escopo de criar sólidos alicerces para a implementação de um 
microssistema jurídico que proteja os direitos dos consumidores, a Lei nº 
8.078/90 nos traz um elenco de princípios e objetivos (art. 4º) que devem 
permear o regime legal inaugurado por aquela norma. 
Busca-se desenvolver, desta forma, uma política real voltada às relações 
de consumo, de modo que os conceitos e regras trazidos pelo Código de Defesa 
do Consumidor (CDC) sejam considerados na aplicação das regras ali 
insculpidas. 
Além disso, os direitos dos consumidores (art. 6º) visam garantir a 
construção de um sistema de normas e princípios que busque a proteção e a 
CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
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efetiva realização daqueles direitos, por meio de regras de necessária 
observância por parte de todos aqueles que fazem parte do mercado de 
consumo. 
1.1 Princípios e execução da Política Nacional das Relações de Consumo 
Ao dispor sobre a Política Nacional das Relações de Consumo, o caput do 
art. 4º do CDC dispõe o seguinte: 
“A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo (...)” 
Trata-se de um rol de objetivos que devem ser buscados pelo aplicador 
das regras trazidas pela Lei nº 8.078/90. Tendo em vista a relevância deste 
conteúdo, sugere-se atenção ao quadro abaixo: 
Objetivos 
NNNNeeee cccc eeee ssss ssss iiiddddaaaaddddeeee sss s ddddooo o ssss cccc oooonnnnssssuuuummmmiiiddddoooo rrreeee ssss 
DDDD iiiggggnnnn iiiddddaaaaddddeeee 
SSSSaaaaúúúúddddeeee 
SSSSeeeegggguuu u rrraaaannnnççççaaaa 
IIInnnn ttteee e rrreeee ssss ssss eeee ssss eeee cccc oooonnnnôôôômmmmiiicccc oooossss 
QQQQuuuuaaaa llliiiddddaaaaddddeeee ddddeeee vvvv iiiddda d aaa
TTTT rrraaaannnnssssppppaaaa rrrêêêênnnncccc iiiaaa a eeee hhhh aaaa rrrmmmmoooonnnn iiiaaaa 
Para uma análise mais precisa deste tópico, trataremos dos princípios 
consignados nos incisos do art. 4º da Lei nº 8.078/90, que constituem um 
relevante instrumento norteador para que sejam identificados o alcance e real 
significado dos objetivos acima transcritos. 
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A vulnerabilidade do consumidor é reconhecida pelo inciso I do art. 4º 
do CDC. O consumidor não dispõe das condições econômicas e técnicas que se 
encontram à disposição do fornecedor, o que cria um desequilíbrio na relação. 
Em virtude desta desigualdade entre as partes, há uma tentativa de se igualar a 
posição jurídica do consumidor à do fornecedor, com a criação de um 
microssistema jurídico próprio para a proteção do primeiro. 
Esta hipossuficiência – que, na realidade, é o principal fundamento para o 
regime consumerista – pode se manifestar em diversos aspectos da relação, tais 
como: técnico (falta de conhecimento das especificações do produto ou serviço), 
jurídico (falta de conhecimento das regras legais que regem sua relação com o 
fornecedor) ou sócioeconômico (maior capacidade econômica do fornecedor). 
Os incisos II, VI e VIII do art. 4º têm como escopo impulsionar uma 
atuação positiva do Estado no sentido da tutela os direitos dos consumidores. É 
assumido nesses preceitos que o Estado deve garantir a todos o acesso aos 
produtos e serviços essenciais, além de regular a qualidade e adequação destes, 
por meio de ações que busquem o atendimento dos objetivos insculpidos no 
caput do art. 4º. 
Essa política tem como amparo a ideia de criação de um Estado Social, 
com o aumento do intervencionismo estatal nas relações entre particulares. 
Criam-se, então, mecanismos para que o Poder Público possa, por meio de 
normativos ou de órgãos e entidades integrantes da estrutura da Administração 
(Procons, INMETRO, CADE), atuar no mercado de consumo. 
O inciso III do art. 4º, além de reportar-se à harmonização dos 
interesses dos participantes nas relações de consumo e à necessária 
compatibilização das regras protecionistas do CDC com os princípios da ordem 
econômica – os quais encontram-se previstos no art. 170 da Constituição 
Federal -, também menciona a boa-fé e o equilíbrio nas relações de consumo. 
A boa-fé – princípio da mais alta relevância nas relações de consumo -
exige das partes uma conduta adequada com os objetivos do contrato, o qual 
não deve ser considerado mera síntese de interesses conflitantes, mas sim um 
instrumento de cooperação entre os contratantes. Com efeito, as partes devem 
agir com lealdade e confiança, antes, durante e após a contratação, de modo 
que os anseios depositados por ambas as partes naquele acordo possam livre e 
justamente prosperar. 
O equilíbrio mencionado no referido dispositivo impede que os contratosde consumo estabeleçam prerrogativas a uma das partes, sem fixar vantagens 
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à outra. Ou seja, não pode o fornecedor obter benefícios do ajuste em 
detrimento dos direitos do consumidor. 
No tocante ao inciso IV do art. 4º, é oportuno notar que a educação e 
informação acerca dos direitos e deveres das regras consolidadas pela legislação 
consumerista aplicam-se tanto a consumidores quanto a fornecedores. 
O inciso V do art. 4º faz alusão a meios eficientes de controle de 
qualidade e segurança de produtos e serviços, que devem ser criados pelos 
fornecedores. Assim, deve o Estado incentivar a implantação de ouvidorias e 
serviços de atendimento ao consumidor (SAC), importantes mecanismos que 
buscam o aprimoramento das relações de consumo e a realização dos objetivos 
estatuídos no caput do art. 4º da CDC. 
Ao tratar dos serviços públicos, o inciso VII do art. 4º dispõe que se 
deve buscar sua racionalização e melhoria. Como mencionamos em nossa 
primeira aula, os contratos celebrados entre consumidores e órgãos públicos, ou 
empresas concessionárias ou permissionárias, também podem, em regra, ser 
considerados de consumo. 
Desta forma, a melhora e otimização destes serviços – os quais têm uma 
natureza própria e muitas vezes são indispensáveis para o bem-estar do 
cidadão, tais como os serviços de água, energia elétrica e gás – atinge 
diretamente a qualidade de vida de seus usuários, nos termos do caput do já 
aludido art. 4º. 
O art. 5º conclui o capítulo em análise, com um elenco de instrumentos 
para utilização na execução e planejamento da Política Nacional de Relações de 
Consumo, de modo que possam ser concretizados os objetivos e princípios 
previstos no artigo anterior. 
1.2 Direitos do consumidor 
 
A proteção à vida, saúde e segurança inaugura o rol de direitos previstos 
no art. 6º do Código de Defesa do Consumidor. Assim, o inciso I daquele 
dispositivo busca impedir que se coloquem no mercado de consumo produtos e 
serviços que possam ser nocivos à segurança do consumidor. 
As práticas comerciais que coloquem em risco à incolumidade física dos 
consumidores devem ser retiradas do mercado, com a devida responsabilização 
dos fornecedores. 
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Os incisos II e III do art. 6º tratam da educação e informação dos 
consumidores. Como decorrência da norma aí estatuída, caberá aos 
fornecedores e ao Poder Público alertar os consumidores acerca de eventuais 
riscos gerados pelo produto e serviço, além de esclarecer a forma adequada de 
sua utilização. Além disso, é necessário que o consumidor tenha ciência da 
quantidade, características, composição, qualidade e preço do produto ou 
serviço contratado ou adquirido. 
É relevante registrar que o inciso III também menciona a liberdade de 
escolha. A escolha livre e consciente, não impulsionada por oferta ou 
publicidade exagerada ou enganosa, é um direito do consumidor e pressupõe o 
conhecimento acerca das características e particularidades do produto ou 
serviço contratado. 
Frise-se que a previsão de igualdade nas contratações é decorrência do 
princípio da isonomia, lapidado no art. 5º da Constituição Federal. Com efeito, 
não pode o fornecedor preterir um consumidor em favor de outro, sem que haja 
justa causa para tanto. A oferta de produtos e serviços no mercado de consumo 
deve ser a mesma para todo o conjunto de possíveis consumidores, sem 
qualquer distinção. 
A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, bem como contra 
práticas e cláusulas abusivas encontra-se estatuída no inciso IV do art. 6º. 
No tocante à publicidade enganosa ou abusiva, as definições de tais 
figuras encontram-se previstas nos §3º e §4º do art. 37 e serão discutidas nas 
aulas seguintes. Por ora, é relevante observar, na esteira do que foi dito linhas 
acima, que o regime consumerista busca criar mecanismos próprios para 
impedir que o consumidor seja persuadido a adquirir produtos e serviços por 
impulso, sem que haja uma reflexão sobre suas reais necessidades. 
As práticas e cláusulas abusivas também serão objeto de nossos próximos 
encontros. Contudo, frise-se, desde já, que a proteção destinada ao consumidor 
para estas hipóteses tem como fundamento sua vulnerabilidade em face do 
fornecedor. Ou seja, diante de um quadro desigual, a legislação passou a prever 
mecanismos justamente para que se tenha equilíbrio nesta relação. 
O inciso V do art. 6º segue na mesma direção do inciso anterior e prevê 
a possibilidade de modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes 
que as tornam excessivamente onerosas. 
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Como vimos, o equilíbrio contratual está consignado no inciso III do art. 
4º e, desta forma, evidencia-se que a norma em comento tem como escopo 
justamente manter essa relação de igualdade entre as partes contratantes. A 
cláusula que não estabelece direitos e obrigações recíprocas entre fornecedores 
e consumidores não deve prosperar, sendo lícito ao prejudicado pleitear em 
juízo a revisão do contrato.
Da mesma forma, o advento de fato novo que torne o contrato 
excessivamente oneroso pode gerar a revisão de determinadas cláusulas 
contratuais. Tal direito visa à adequação do contrato a uma nova realidade 
fática que se impõe. 
Adiante, os incisos VI e VII do art. 6º tratam da prevenção e reparação 
de danos morais e materiais causados aos consumidores. Neste ponto, é 
oportuno salientar que a redação do aludido dispositivo utiliza-se do termo 
“efetivo”, o que indica que não deve haver limitação à indenização de eventual 
prejuízo causado aos consumidores, tanto no âmbito material como moral. 
A prevenção de danos deve ocorrer por meio da observância das normas 
dispostas na legislação consumerista, por parte do fornecedor, e na execução da 
Política Nacional de Relações de Consumo, por parte do Estado. Cria-se, assim, 
um ambiente de respeito à dignidade, saúde e segurança do consumidor, nos 
termos do caput do art. 4º da Lei nº 8.078/90. 
Note, também, que a regra em discussão não se limita aos direitos 
individuais dos consumidores, mas também abriga a tutela dos direitos difusos e 
coletivos, os quais serão debatidos em nossos próximos encontros. 
O inciso VIII, ao prever a facilitação da defesa dos direitos do 
consumidor, apresenta-nos uma relevante figura jurídica: a inversão do ônus da 
prova. A redação daquele dispositivo é a seguinte: 
 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, 
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as 
regras ordinárias de experiências; 
Como vimos, o consumidor é a parte vulnerável em uma relação de 
consumo e, por esta razão, encontra limitações de ordem técnica, jurídica e 
econômica. Neste diapasão, é patente que, em certas hipóteses, encontrará 
sérias dificuldades em provar determinado fato em juízo. 
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Por exemplo, imagine-se que uma quadrilha de estelionatários efetue 
diversos saques indevidos na conta de um cliente de uma instituição financeira. 
O prejudicado entra em contato com o banco, que lhe informa da 
impossibilidade de lhe ressarcir o valor, pois não há prova da atuação de 
terceiros, e que, desta forma, se presume queos saques foram realizados pelo 
próprio cliente. 
Caso o cliente proponha uma ação judicial em face da instituição 
financeira, com o objetivo de ser ressarcido pelos prejuízos suportados, 
dificilmente logrará êxito na comprovação de que os saques foram feitos por 
uma quadrilha, já que não tem acesso a instrumentos e meios adequados para 
tanto. 
Para estas situações, o Código de Defesa do Consumidor positivou o 
mecanismo da inversão do ônus da prova. Assim, a obrigação inicial de provar 
determinado evento ou fato passa a ser do fornecedor. 
No caso ventilado, o banco é que deverá demonstrar que o saque foi feito 
pelo próprio cliente, com a utilização, por exemplo, de câmeras de filmagem ou 
qualquer outro instrumento de prova. 
Todavia, para que ocorra a inversão do ônus da prova, há necessidade, 
conforme a letra do inciso VIII do art. 6º, da verosimilhança da alegação do 
consumidor ou a configuração de sua hipossuficiência. 
A verosimilhança estará presente quando o fato alegado, de acordo com 
“as regras ordinárias de experiências”, tiver a aparência de verdadeiro. Há uma 
probabilidade considerável de que as razões trazidas à baila pelo consumidor 
sejam pertinentes e correspondam à realidade fática em torno do evento. 
Já a hipossuficiência encontra-se associada à vulnerabilidade econômica 
de uma das partes, a qual, em virtude desta condição, ficará em desvantagem 
na discussão de seus interesses e direitos. 
No exemplo acima citado, é certo que ambas as condições são 
preenchidas, tendo em vista que as alegações do cliente do banco apresentam-
se como possíveis e que a vulnerabilidade econômica do consumidor em face da 
instituição financeira é evidente. 
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O inciso VIII da Lei nº 8.078/90 é o último do art. 6º, e dispõe sobre a 
adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Conforme tratamos 
nos parágrafos anteriores, os ajustes pactuados entre consumidores e órgãos 
públicos, ou empresas concessionárias ou permissionárias que prestem serviço 
público, também podem ser submetidos às regras do CDC. 
A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos será vista adiante 
quando falarmos sobre o art. 22 do CDC, mas é relevante recordar que tais 
serviços devem atender às necessidades de seus usuários, considerando que 
impactam diretamente na qualidade de vida daqueles consumidores. 
Por fim, o art. 7º permite a abertura do microssistema legal trazido pela 
Lei nº 8.078/90 à incidência de outras regras e princípios previstos nas mais 
diversas fontes legislativas. 
Deste modo, candidato, sempre que outra lei assegurar direitos ao 
consumidor, estes direitos não entram em conflito nem se sobrepõe ao 
conteúdo do CDC. Pelo contrário, devem ser somados ao microssistema 
protetivo do consumidor, de modo que se harmonizem e dialoguem com as 
regras trazidas pela Lei nº 8.078/90. 
Na hipótese, a regra de que a lei especial derroga a lei geral no que for 
incompatível é afastada. Com efeito, ainda que a regra mais benéfica para o 
consumidor encontre-se prevista fora do âmbito da Lei nº 8.078/90 – que é a lei 
Inversão do Ônus 
da Prova 
Verossimilhança 
da alegação. Hipossuficiência 
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especial que trata das relações de consumo -, ira produzir efeitos no mundo 
jurídico. Para mais claro entendimento, é oportuno trazer as palavras da 
doutrinadora Claudia Lima Marques, que ao discorrer sobre o art. 7º, assevera 
que: 
“O CDC é um sistema permeável, não exaustivo, daí determinar o art. 7º, 
que se utilize a norma mais favorável ao consumidor, encontre-se ela no 
CDC ou em outra lei geral, lei especial ou tratado do sistema de direito 
brasileiro. Esta abertura é tanta que o art. 7º do CDC permite a utilização 
da equidade para preencher lacunas em favor dos consumidores. 
Seguindo ainda na lição daquela autora, é conveniente apresentar as 
razões aduzidas acerca de eventual conflito entre as regras do CDC e do Código 
Civil de 2002: 
“(...) no caso do CC/2002, o ideal não e mais perguntar somente qual o 
campo de aplicação de Novo Código Civil de 2002, quais seus limites, qual 
o campo de aplicação do CDC e quais seus limites, mas visualizar que a 
relação jurídica de consumo é civil e é especial, tem uma lei geral 
subsidiária por base e uma (ou mais) lei especial para proteger o sujeito 
de direito, sujeito de direitos fundamentais, o consumidor. (…) Neste 
sentido, não é o CDC que limita o Código Civil, é o Código Civil que dá 
base e ajuda o CDC, e se o Código Civil for mais favorável ao consumidor 
do que o CDC, não será esta lei especial que limitará a aplicação da lei 
geral (art. 7º do CDC), mas sim dialogarão à procura da realização do 
mandamento constitucional de proteção especial do sujeito mais fraco.” 
O art. 7º trata também, em seu parágrafo único, da solidariedade. Tal 
fenômeno, que resulta da lei ou da vontade das partes, permite que a vítima 
venha a exigir e receber de um ou alguns dos autores da ofensa, parcial ou 
totalmente, a reparação dos danos morais e materiais eventualmente 
suportados. 
É curioso notar que a redação lapidada no dispositivo legal ventilado é 
semelhante à parte final do caput do art. 942 do Código Civil que dispõe que “se 
a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela 
reparação”. 
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Adiante, ao discorrermos sobre a responsabilidade do fornecedor por vício 
ou fato do produto ou serviço, voltaremos a falar da solidariedade. 
2) Proteção à saúde e segurança do consumidor 
Os arts. 8º, 9º e 10º do Código de Defesa do Consumidor estão 
nitidamente vinculados entre si, tratando das questões relativas à segurança e a 
nocividade dos produtos e serviços que são colocados à disposição do 
consumidor. 
Isto posto, é relevante notar que a redação do art. 8º permite a colocação 
no mercado de produtos e serviços que acarretem riscos à saúde ou segurança 
dos consumidores, desde que tais riscos sejam normais e previsíveis em 
decorrência de sua natureza e fruição. Além disso, é imperativo que os 
fornecedores divulguem as informações necessárias e adequadas a seu respeito. 
Mais a frente, veremos que o art. 31 do CDC, ao tratar do dever de 
informação, dispõe que a oferta e a apresentação de produtos ou serviços 
devem assegurar informações acerca dos riscos que apresentam à saúde e 
segurança dos consumidores. 
É mister observar que, ao mencionar que os riscos devem ser “normais e 
previsíveis”, a Lei Consumerista permite que os produtos e serviços tenham um 
potencial nocivo, desde que tal perigo possa ser controlado e de conhecimento 
do consumidor padrão que há no mercado. 
Caso contrário, ficaria inviável a comercialização dos mais diversos 
produtos. Exemplificando: um fogão pode potencialmente causar um incêndio 
ou uma explosão caso seja mal utilizado. Da mesma forma, um remédio ou 
suplemento alimentar pode gerar um grave dano à saúde se for consumido sem 
a devida orientação. 
O objetivo da norma é justamente impedir que o consumidor seja exposto 
a produtos e serviços que tenham um potencial lesivo desconhecido, 
considerando que são novos no mercado ou apresentam características que são 
desconhecidas da população em geral. Para essas situações, é necessária a 
divulgação de informações adequadas sobre a segurança destes produtos e 
serviços. 
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O CDC não exige que o produto ou serviço sejam absolutamente seguros, 
mas demanda que o eventual potencial lesivo seja de conhecimento do 
consumidor. 
Observe-se que o art. 9º da Lei 8.078/90 foi enfático ao tratar dos 
“produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde”, dispondo 
que o fornecedor deve “informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito 
da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas 
cabíveis em cada caso concreto.” 
Tal obrigação decorre da racionalidade do art. 4º da Lei nº 8.078/90, que 
prevê o dever da transparência. Se o fornecedor apresentar as informações 
acerca dos riscos do produto ou serviço de forma insuficiente ou inadequada – 
como, por exemplo, por meio de letras minúsculas inseridas no rótulo de um 
produto – estará atuando de modo contrário a este mandamento. 
Adiante, o art. 10 impede que sejam colocados no mercado os produtos e 
serviços que apresentem “alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou 
segurança”. 
Perceba, candidato, que, não obstante permitir que produtos e serviços 
que apresentam certo risco sejam colocados no mercado, o legislador impede 
tal oferta caso seja alta a medida deste risco. 
Infere-se, desta forma, que a permissão normativa está estabelecida 
entre o que é potencialmente danoso à saúde ou segurança do consumidor e o 
que se apresenta com um alto grau de nocividade ou periculosidade. 
 Denota-se que a avaliação de quando o produto ou serviço tem este alto 
grau de risco deverá ser feita caso a caso, já que o termo é vago e impreciso, 
sendo prudente o exame detalhado do contexto fático em que a norma será 
aplicada. 
Os parágrafos primeiro a terceiro do art. 10 criam uma obrigação, tanto 
para os fornecedores, quanto para o próprio Estado. 
O chamado recall é tratado no referido §1º. O objetivo deste instrumento 
jurídico é impedir que o consumidor venha a sofrer algum prejuízo moral ou 
material em razão de vício que o produto ou serviço tenha apresentado após 
sua comercialização. 
Nem sempre o fornecedor consegue vislumbrar a totalidade dos riscos que 
certo produto ou serviço podem apresentar. Muitas vezes, somente através de 
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evoluções cientifica, pesquisas ou pela própria ocorrência de situações pontuais 
é que o fornecedor descobre os males causados por um produto. 
De acordo com o regime deflagrado pelo CDC, não seria razoável admitir 
que a responsabilidade do fornecedor seja totalmente afastada pelo fato de o 
produto já estar na posse do consumidor. De fato, há um complexo de 
obrigações pós-contratuais para o fornecedor, e, dentre elas, a de comunicar os 
consumidores acerca desta periculosidade do produto que fora colocado no 
mercado. 
Imagine a produção em série de certo tipo de aparelho de ar-
condicionado. Após tal produto ter sido colocado no mercado e adquirido por 
diversos consumidores, a fabricante (fornecedora) percebe que o uso 
prolongado do aparelho pode gerar um superaquecimento e, 
consequentemente, um princípio de incêndio. 
Nesta hipótese, a periculosidade do produto foi detectada somente após 
sua comercialização, gerando para o fornecedor a obrigação de “comunicar o 
fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante 
anúncios publicitários” (§1º). 
Se os possíveis danos à saúde causados por um composto de vitaminas só 
vêm a ser descobertos após a colocação daquele produto no mercado, é certo 
que o laboratório deverá agir para que todos os possíveis consumidores sejam 
cientificados daquela nocividade. Deverão ser veiculados anúncios publicitários 
“na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou 
serviço” (§2º). 
Repare, candidato, que a comunicação deve ser feita tanto para os 
consumidores, quanto às autoridades competentes. 
É imperativo registrar que a inobservância desta regra pode configurar um 
ilícito penal, nos termos do art. 64 do CDC, que dispõe que é crime “deixar de 
comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou 
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no 
mercado”. 
Além disso, o recolhimento, a troca, o reparo ou a substituição dos 
produtos reconhecidamente nocivos ou que possam representar uma ameaça à 
saúde ou segurança dos consumidores devem ser feitos sob o ônus do 
fornecedor, sem cobrança de quaisquer valores dos respectivos adquirentes. 
Para concluir, insta ressaltar que a obrigação debatida nas linhas 
anteriores também se aplica ao Poder Público. Eis que o parágrafo terceiro do 
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art. 10 determina que “sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de 
produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito”. 
3) Responsabilidade nas relações de consumo 
Candidato, ingressaremos agora em um dos tópicos mais relevantes de 
nosso curso e, por essa razão, sugiro especial e dedicada atenção aos temas 
que serão aventados adiante, tanto em relação aos aspectos doutrinários acerca 
da matéria, quanto ao texto da lei. 
O inciso VI do art. 6º da Lei nº 8.078/90 prevê como um dos direitos do 
consumidor a efetiva prevenção e reparação dos danos patrimoniais e morais 
por ele suportados. Para tutelar esta garantia e dar sustentação a um sistema 
de proteção ao consumidor, criou-se um regime próprio para responsabilização 
dos fornecedores de produtos e serviços. 
A responsabilidade dos fornecedores por fato do produto ou serviço 
encontra-se estatuída nos arts. 12 a 17 do CDC, enquanto a responsabilidade 
por vício está lapidada nos arts. 18 a 25 daquele mesmo diploma legal. 
Contudo, antes de adentrarmos na análise do texto legal (arts. 12 a 25), é 
necessário que seja compreendida a diferença entre fato e vício do produto ou 
serviço, bem como as peculiaridades do regime de responsabilidade civil 
adotado pelo CDC.
3.1 Diferença entre fato e vício do produto ou serviço 
Imagine que uma pessoa adquira um computador doméstico em uma loja 
de informática. Antes de realizar a compra, o vendedor especificara, dentre 
outras características do produto, a possibilidade de gravação de DVDs e o 
acesso à internet. 
Ao chegar em casa, o consumidor percebe que o computador não 
consegue conectar à internet, devido a um problema em seus componentes 
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internos. Além disso, o gravador de DVDs também não está funcionando de 
modo adequado. 
Diante desse quadro, é certo que o bem adquirido não corresponde 
exatamente ao que foi oferecido na loja, frustrando as legítimas expectativas 
depositadas pelo consumidor na ocasião em que efetuou a compra. Tais 
defeitos constituem vícios, que geram uma diminuição no valor do 
produto.
Essa desvalia pode se originar de impropriedades na qualidade ou 
quantidade do bem. Ademais, também é possível considerar viciado um 
produto que apresente distorções em relação às informações 
publicitárias divulgadas a seu respeito. Perceba, candidato, que o vício faz 
com que ocorra uma desconformidade do produto ou serviço, o que 
compromete sua prestabilidade ou servibilidade e acaba por lhe reduzir o valor. 
Agora, seguindo no mesmo exemplo, caso o monitor do computador, por 
uma falha de fabricação, venha a aquecer e gerar uma pequena explosão, 
causando danos físicos ao consumidor, ainda é possível se falar em vício do 
produto? 
Nesta hipótese, evidencia-se que a pessoado consumidor foi diretamente 
atingida pelo defeito. Por uma falha de segurança no processo de produção do 
bem, o mesmo acabou por gerar um acidente de consumo. Nestes casos 
estamos diante de um fato do produto. 
No vício os prejuízos são meramente econômicos, o que gera uma 
desvalorização no produto ou serviço, tornando-os impróprios ou 
inadequados para o uso. No fato há um defeito de segurança, o que 
acaba por gerar um prejuízo à integridade física ou moral do 
consumidor. 
Para solidificar o entendimento acerca da diferença entre fato e vício, 
vamos pensar em outra situação, envolvendo agora a prestação de um serviço. 
Imagine que uma pessoa celebre um contrato de transporte com uma empresa 
de ônibus, com o objetivo de viajar de um Estado para outro. 
Considerando o longo período de viagem, o passageiro adquire passagens 
de valor elevado, para viajar em um ônibus executivo com cadeiras mais 
espaçosas. Todavia, no momento em que embarca no veículo, nota que o 
ônibus disponibilizado é igual a todos os outros e que, além disso, encontra-se 
em péssimo estado de conservação. Ao ser questionada acerca desta situação, 
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a empresa de ônibus limita-se a alegar que, em virtude de um imprevisto, não 
foi possível disponibilizar o ônibus executivo. 
Neste caso, estaremos diante de um fato ou vício do serviço oferecido pela 
empresa fornecedora? 
É certo que se trata de vício do serviço. Evidencia-se que, aparentemente, 
não houve dano à pessoa do consumidor. O que ocorreu foi uma ruptura entre a 
legítima expectativa depositada no fornecedor e o modo como o serviço foi 
prestado, o que caracterizou um vício de qualidade. 
Por outro lado, depreende-se que, caso tivesse ocorrido um acidente 
durante a viagem, os danos físicos e morais suportados pelo passageiro iriam 
caracterizar um fato do serviço, o que geraria a responsabilidade por parte da 
empresa fornecedora. 
FFFFaaaa tttooo o ddddooo o ssss eeee rrrvvvv iiiçççç oooo oooouuuu pppp rrroooodddduuuu tttooo o HHHHáááá uuuummmm ddddaaaannnnooo o àààà ppppeeee ssss ssss ooo o aaaa ddddoooo cccc oooonnnnssssuuuummmmiiiddddoooo rrr 
VVVV ííícccc i iioooo ddd doooo ssss eeee rrrvvvv iiiçççç ooo o oooouuuu pppp rrroooodddduuuu tttoooo 
3.2 Regime de responsabilidade civil do CDC 
Nos termos dos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil de 2002, o regime de 
responsabilidade que predomina em nosso ordenamento jurídico tem como 
fundamento a culpa1. 
Assim, para que se configure o dever de reparação de uma pessoa em 
face de outra, é necessário que o causador do dano tenha atuado com dolo – 
tenha agido com intenção ou assumido o risco de produzir o resultado – ou 
culpa – nas modalidades de imprudência, negligência ou imperícia. 
Caso um dano seja causado em virtude de um fato involuntário, como na 
hipótese de caso fortuito ou força maior, não há de se falar em responsabilidade 
do causador do dano. 
 
1 Frise-se que o parágrafo único do art. 927 do Código Civil prevê a responsabilidade sem culpa, “nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, 
risco para os direitos de outrem.” 
HHHHááá á uuuummm maaaa iiinnnnaaaaddddeeeeqqqquuuuaaaa ççççããããooo o ddddooo o pppp rrroooodddduuuu tttoooo 
àààà sss s llleeeegggg ííítttiiimmmmaaaassss eeeexxxxppppeeee cccc tttaaaa tttiiivvvvaaaa ssss ddddoooo 
cccc oooonnnnssssuuuummmmiiiddddoooo rrr 
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Para melhor ilustrar essa situação, vamos imaginar uma colisão causada 
por um automóvel em uma moto. Ora, para que o motorista do carro seja 
responsabilizado e tenha a obrigação de indenizar o motoqueiro pelos prejuízos 
suportados, é necessário demonstrar que aquele atuou, pelo menos, com 
imprudência. Caso reste comprovado que o acidente ocorreu, por exemplo, por 
deficiência da via ou queda de uma árvore, é patente que estará afastada a 
responsabilidade do condutor do automóvel. 
Com o advento do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade 
dos fornecedores nas relações de consumo passou a ser tratada de modo 
diferenciado pela legislação. A justificativa para essa mudança na forma com 
que é aferida a responsabilidade tem como um dos principais fundamentos a 
massificação dos meios de produção. 
Considerando que atualmente o consumidor encontra-se exposto a bens e 
serviços oferecidos em grande escala, é possível vislumbrar uma hipótese em 
que o fornecedor atue com diligência e cautela durante a produção do bem, mas 
o produto final comercializado no mercado venha a apresentar um defeito apto 
a causar um dano ao seu adquirente. 
Evidencia-se que não houve dolo ou culpa do fornecedor, já que este agiu 
de modo cuidadoso, com a observância de um rigoroso controle de qualidade na 
confecção do produto. Ocorre que, ainda assim, o bem foi colocado defeituoso 
no mercado. Trata-se de uma consequência da produção em massa e pode ter 
as mais variadas justificativas – tais como: defeitos em uma peça entregue por 
outro fornecedor, problemas no transporte do produto, desconhecimento acerca 
de alguma característica do bem etc. 
 Neste caso, não seria razoável que o dano suportado pelo consumidor 
ficasse sem reparação. Deste modo, a solução encontrada pelo legislador foi 
atribuir a responsabilidade objetiva aos fornecedores. 
De acordo com essa teoria, o fornecedor assume os riscos pelo exercício 
de sua atividade, e irá responder, independentemente da existência de culpa ou 
dolo, por eventuais prejuízos suportados pelo consumidor, desde que haja um 
nexo de causalidade entre o vício ou defeito do produto ou serviço e o dano.
Caso um alimento seja colocado à disposição do público em geral e, 
posteriormente, seja comprovado que um fungo gerou danos a diversos 
consumidores, o fornecedor deverá ser acionado para reparar o prejuízo 
causado. Tal responsabilidade persistirá mesmo diante da prova de que o 
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fornecedor atuou de modo diligente no controle de qualidade do alimento. Não 
houve culpa, mas há o dever de reparação. 
Por fim, é oportuno recordar que a dificuldade na demonstração de culpa 
por parte do fornecedor constitui um relevante fundamento para a adoção do 
regime da responsabilidade objetiva por parte do Código de Defesa do 
Consumidor. 
De fato, caso se adotasse o regime de responsabilidade subjetiva, a mera 
comprovação de que agiu de modo zeloso e prudente seria suficiente para 
afastar a responsabilidade do fornecedor. Como demonstrar que uma fábrica 
não adotou a cautela devida na produção de um bem? Como comprovar que os 
problemas ocorridos após a contratação de um serviço de TV a cabo ou internet 
são causados pela gestão inadequada da empresa? 
O regime de responsabilidade objetiva afasta esta problemática. A 
comprovação de que o fornecedor adotou um comportamento diligente não é 
suficiente para afastar sua responsabilidade em ressarcir os prejuízos 
suportados pelo consumidor. O que interessa é o dano e o vínculo deste com o 
defeito do produto ou serviço. 
RRRReeeessssppppoooonnnnssssaaaabbbb iiilll iiiddddaaaadddde eee SSSSuuuubbbb jjjeeee tttiiivvvva aaa 
RRRReeeessssppppoooonnnnssssaaaabbbb iiilll iiiddddaaaadddde eee OOOObbbb jjjeeee tttiiiv vvvaaaa 
3.3 Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço 
Após estes dois tópicosintrodutórios, em que discorremos acerca da 
diferenciação de fato e vício do produto ou serviço e do regime de 
responsabilidade adotado pela Lei Consumerista, vamos tratar das disposições 
legais específicas que versam sobre estes temas. 
O art. 12 do CDC inaugura a seção relativa à responsabilidade pelo fato 
do produto ou serviço, dispondo o seguinte: 
TTTTe eeemmmm ccccoooom mmmoooo fffuuuunnnnddddaaaammmmeeeennnntttoooo aaaa ccccuuuu lllppppaaaa oooouuuu 
ddddoooo llloooo , ,, ppppo ooorrr aaaaççççã ãããoooo o ooouuuu oooommmmiiissssssssããããoooo ... 
TTTTe eeemmmm ccccoooom mmmoooo fffuuuunnnnddddaaaammmmeeeennnntttoooo oooo rrriiissssccccoooo ddddaaaa 
aaaa tttiiivvvv iiiddddaaaaddddeeee . .. A AAA oooobbbbrrriiiggggaaaaççççã ãããoooo d dddeeee iiinnnnddddeeeennnn iiizzzzaaaarrr 
iiinnnnddddeeeeppppeeeennnnd dddeeee d dddaaaa eeeexxxx iiissss tttêêêênnnncccc i iiaaaa d dddeeee ccccuuuu lllppppaaaa 
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“O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
 apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.” 
De acordo com a racionalidade da norma supratranscrita, e nos termos do 
que foi debatido até o momento, depreende-se que a responsabilidade do 
fornecedor do produto pelos danos causados ao consumidor ocorre 
“independentemente da existência de culpa”. 
Da leitura do aludido dispositivo normativo, percebe-se que o legislador 
não utilizou o termo fornecedor, que é gênero, optando por mencionar algumas 
espécies daquela categoria (fabricante, produtor, construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador). 
Deste modo, vislumbra-se que, no caso de acidente de consumo, somente 
aqueles agentes poderão ser inicialmente responsabilizados – mais a frente 
veremos as exceções previstas no art. 13, que permitem que o comerciante 
seja acionado. 
Neste diapasão, segue a doutrina de Rizzato Nunes, celebrado autor de 
Direito do Consumidor, que, ao tratar deste assunto, apresenta um esclarecedor 
exemplo: 
“Na hipótese de dano por acidente de consumo com produto, a ação do 
consumidor tem de se dirigir ao responsável pelo defeito: fabricante, 
produtor ou construtor e, em caso de produto importado, o importador. 
Veja-se o exemplo dos dois consumidores que vão à concessionária 
receber seu automóvel zero-quilômetro no mesmo momento. Ambos 
recebem seu carro com o mesmo problema de fabricação: o sistema de 
freios não funcionará quando acionado. O primeiro conduz o veículo, e 
quando aciona o breque não consegue pará-lo. Mas, aos poucos, 
reduzindo as marchas, consegue encostar o carro na guia e, assim, 
estacioná-lo. O outro, ao atingir a esquina em certa velocidade, depara 
com o sinal vermelho. Pisa no breque e este não funciona. Acaba numa 
colisão, com danos no seu e em outro veículo. No primeiro caso, dia a lei 
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(art. 18) que a escolha do responsável por consertar o veículo (vício) é do 
consumidor (...) pode tanto acionar a concessionária quanto a montadora. 
Na segunda hipótese, não. Como se trata de acidente de consumo e 
defeito (art. 12), o consumidor lesado é obrigado a pleitear o 
ressarcimento dos danos junto à montadora, na qualidade de fabricante. 
É conveniente observar que também é considerado fato do produto o 
dano causado em virtude de informações insuficientes ou inadequadas sobre o 
bem. 
Nesta situação, caso o manual de determinado eletrodoméstico não 
mencione a necessidade da utilização de uma trava de segurança e o 
consumidor venha a sofrer um prejuízo material em virtude desta omissão, é 
certo que o fornecedor deverá ser responsabilizado. Repare que não houve mau 
funcionamento ou grave defeito no bem. O que ocorreu foi somente a falta de 
informação adequada acerca do produto. 
Em relação aos defeitos que o bem pode apresentar, é possível conceituá-
los como: de confecção (relativos à criação e formulação), de produção 
(montagem, manipulação e acondicionamento) e de informação (informação ou 
publicidade inadequada ou insuficiente). 
Insta registrar que o parágrafo primeiro lista três circunstâncias que 
devem ser consideradas na análise acerca de eventual defeito em produto: a 
apresentação, o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam e a época 
em que foi colocado em circulação. 
No tocante a esta última circunstância, denota-se que a análise da 
qualidade e das características deve ser feita de acordo com a ocasião em que o 
produto foi disponibilizado no mercado. Com efeito, a colocação de produto de 
qualidade superior ou mais seguro em circulação não tem o condão de justificar 
a alegação de defeito no anterior. 
O §2º do art. 12 do CDC segue esta direção e prevê que “o produto não é 
considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado 
no mercado”. Caso fosse adotado entendimento contrário, o parque industrial 
nacional estaria condenado a permanecer obsoleto, pois não haveria um 
incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias. 
Adiante, o §3 apresenta o relevante elenco de hipótese nas quais a 
responsabilidade do fornecedor pode ser afastada. São três os casos previstos 
por aquela norma: 
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Æ não ter colocado o produto no mercado; 
Æ ter colocado o produto no mercado, mas o defeito inexistir; 
Æ culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Apesar de ter previsto que o fornecedor responderá objetivamente pelos 
danos causados pelos produtos colocados no mercado – não há necessidade da 
existência de culpa ou dolo -, há situações pontuais que excluem este dever 
jurídico. 
A primeira hipótese (inciso I) consiste na prova de que o fornecedor não 
colocou o produto no mercado. Ora, se alguém tem acesso a um bem que ainda 
está em fase experimental e, consequentemente, não foi colocado em 
circulação, ainda que o produto venha a causar um dano em seu usuário, não 
há de se falar em responsabilidade do fornecedor. 
Do mesmo modo, se uma empresa tem sua marca ilegalmente copiada e 
utilizada em produtos falsos, não poderá ser acionada para ressarcir eventuais 
prejuízos gerados por esses bens. 
Se o defeito inexistir (inciso II), afastado estará o nexo de causalidade e 
também a responsabilidade do fabricante, construtor, produtor ou importador. 
Há uma ruptura na relação causal. 
Se um consumidor alegar que sentiu fortes dores em virtude da ingestão 
de um remédio e posteriormente restar comprovado que, na realidade, os danos 
foram provocados pela ingestão de outro produto, o laboratório não terá 
qualquer obrigação indenizatória. 
O inciso III menciona a culpa exclusiva do consumidor ou terceiro. Repare 
que, para a incidência deste dispositivo, é necessária a presença de culpa, a 
qual não é discutida na responsabilidade objetiva do fornecedor. Deve o 
consumidor ou terceiro estranho à relação de consumo agir de modo 
determinante para que o dano seja causado, de forma que fique definitivamente 
excluída a existência de defeito no produto. 
De início, é oportuno repisar que no Direito Consumerista vigora o 
princípio da inversão do ônus da prova, de acordo com a racionalidade do inciso 
VIII, do art. 6º. Assim, considerando que milita em prol do consumidor a 
presunçãode defeito do produto, caberá ao fornecedor demonstrar a presença 
de uma conduta culposa, nas modalidades de negligência, imprudência e 
imperícia. 
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Outro ponto que merece atenção é fato de que grande parte da doutrina 
entende que a culpa mencionada no inciso III, do parágrafo 3º do art. 12 do 
CDC refere-se à culpa exclusiva da vítima. 
Com efeito, entende-se que, caso esteja configurada a culpa concorrente 
– que ocorre quando tanto o fornecedor, como o consumidor ou terceiro, agiram 
com culpa –, não há como excluir a responsabilidade do fabricante, construtor, 
produtor ou importador. 
A culpa exclusiva seria a única hipótese com aptidão para afastar o dever 
de indenizar, já que extingue a relação de causalidade entre o defeito do 
produto e o evento danoso. 
Como exemplo, imagine que um aparelho elétrico, não obstante todos os 
avisos no respectivo manual de utilização, venha a causar um princípio de 
incêndio em virtude de ter sido ligado em uma saída de energia inapropriada. 
Nesta hipótese, é evidente que o dano foi causado exclusivamente devido a 
uma conduta imprudente do consumidor, não sendo possível vislumbrar defeito 
do produto. 
Na culpa concorrente, a responsabilidade se atenua, em virtude da 
concorrência de um defeito do bem com uma conduta culposa. Todavia, 
remanesce a obrigação do fornecedor de reparar parte do dano. 
Repare, candidato, que, ainda que o produto apresente um mau 
funcionamento, se o dano foi oriundo exclusivamente da conduta do consumidor 
ou terceiro, não haverá responsabilidade do fornecedor, considerando que o 
defeito não contribuiu para o evento. 
Insta salientar que, no elenco de hipóteses que excluem a 
responsabilidade do fornecedor, não há menção ao caso fortuito ou a força 
maior – o primeiro decorre de fato ou ato inevitável que independe da vontade 
das partes; o segundo ocorre em virtude de forças físicas, superior às forças do 
agente. 
Contudo, a doutrina majoritária entende que a configuração destes 
eventos seria suficiente para afastar responsabilidade do fornecedor quando o 
produto já se encontra em circulação. Nesta linha de entendimento, vale trazer 
à baila trecho da obra “Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, comentado 
pelos autores do anteprojeto”, na qual um dos autores discorre sobre o tema 
nos seguintes termos: 
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“(...) quando o caso fortuito ou força maior se manifesta após a 
introdução do produto no mercado de consumo, ocorre uma ruptura do 
nexo de causalidade que liga o defeito ao evento danoso.(...) Na verdade, 
diante do impacto do acontecimento, a vítima sequer pode alegar que o 
produto se ressentia de defeito, vale dizer, fica afastada a 
responsabilidade do fornecedor pela inocorrência dos respectivos 
pressupostos.” 
Superada esta etapa, vamos discutir agora acerca do art. 13 do Código de 
Defesa do Consumidor. 
Como debatido nos parágrafos anteriores, vimos que, no caso de fato do 
produto, a responsabilidade por danos causados ao consumidor limita-se ao 
fabricante, produtor, construtor e importador, de acordo com a regra positivada 
no art. 12 da Lei nº 8.078/90. Diante deste quadro, pergunta-se: o comerciante 
pode ser responsabilizado por fato do produto?
Pois bem, o art. 13 do CDC apresenta três hipóteses nas quais o 
comerciante também pode ser acionado: 
RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE
• Fabricante, construtor, produtor ou 
importador não podem ser 
identificados (Inciso I) 
• Produto é fornecido sem 
identificação clara do seu 
fabricante, produtor, construtor ou 
importador (inciso II) 
• Falta de conservação adequada dos 
produtos perecíveis (Inciso III) 
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Trata-se de responsabilidade subsidiária. O comerciante só poderá 
ser responsabilizado nestes casos. Busca-se, deste modo, permitir que o 
consumidor possa ser ressarcido de outra forma pelo prejuízo suportado, tendo 
em vista que não logrou êxito na identificação do fabricante, produtor, 
construtor e importador. Além disso, também não seria justo responsabilizar 
estes agentes quando o dano se originou do indevido armazenado do produto 
pelo comerciante (inciso III). 
Se o rótulo de um suco industrializado não identifica seu produtor, 
eventual dano provocado pela ingestão da bebida deverá ser ressarcido pelo 
estabelecimento que comercializou o produto (incisos I e II). Da mesma forma, 
se aquele comerciante não estoca adequadamente um alimento perecível, será 
possível acioná-lo na hipótese de o produto gerar um prejuízo à saúde do 
consumidor. 
Na primeira situação, caso reste comprovado que o comerciante não teve 
qualquer responsabilidade na má qualidade do suco, não seria razoável que 
suportasse sozinho os prejuízos causados. Assim, o parágrafo único do art. 13 
do CDC prevê que “aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá 
exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua 
participação na causação do evento danoso”. 
Da leitura daquele dispositivo, infere-se que, depois de satisfeito o 
consumidor, o comerciante que arcar com a indenização poderá exercer seu 
direito de regresso contra aquele que é efetivamente responsável pelo fato do 
produto. 
Note, candidato, que, na hipótese do inciso III do aludido dispositivo, não 
se vislumbra a possibilidade do exercício do direito de regresso, pois a 
responsabilidade pelos danos será, em regra, exclusiva do comerciante. 
Consumidor (direito de ressarcimento) Æ comerciante (direito de 
regresso) Æ fabricante, produtor, construtor e importador 
A responsabilidade por fato do serviço é aferida nos termos do art. 14 do 
Código de Defesa do Consumidor: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores 
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por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
A responsabilidade por fato do serviço tem os mesmos contornos que a 
responsabilidade por fato do produto. Com efeito, não há necessidade da 
demonstração de culpa. Trata-se da responsabilidade em sua modalidade 
objetiva. 
Como no texto do art. 12 aventado acima, o art. 14 também prevê, no 
que se refere a acidente de consumos envolvendo serviços, que a informação 
insuficiente, ou inadequada, é considerada um defeito e pode gerar a 
responsabilidade do fornecedor. 
Ainda no caput do art. 14, enfatize-se que o termo fornecedor é usado em 
seu sentido amplo. Não há determinação legal para que a responsabilidade fique 
limitada somente a alguns daqueles agentes, o que ocorre no caput do art. 12, 
sendo possível utilizar o conceito genérico de fornecedor (art. 3º), de acordo 
com o que foi discutido em nosso primeiro encontro. 
O serviço é considerado “defeituoso quando não fornece a segurança que 
o consumidor dele pode esperar” (art. 14, §1º). Para tanto, deve-se considerar: 
 -oooo mmmmooood dddoooo d dddeeee sssseeeeu uuu fffoooorrrnnnneeeecccc iiimmmmeeeennnntttoooo;;;; 
 -oooo rrreeeessssuuuu llltttaaaaddddo ooo eeee o ooossss rrriiissssccccoooossss qqqquuuue eee rrraaaazzzzooooaaaavvvveeee lllmmmmeeeennnnttteeee ddddeeee llleeee sssseeee eeeessssppppeeeerrraaaammmm;;;; 
-aaaa ééééppppoooocccca aaa eeeem mmm qqqqu uuueeee fffoooo iii fffoooorrrnnnneeeecccc iiiddddoooo ... 
Como exemplo de serviços defeituosos, podemos imaginar: o conserto 
mau feito de um veículo antigo, o qual, posteriormente, envolve-se em um 
acidente justamente em virtude do defeito que não fora sanado; o indevido 
lançamento do nome de um cliente de uma instituição financeira em um 
cadastro de devedores, o que o impede de celebrar diversos negócios; ou o 
furto de objeto que estava sob a guarda do transportador, que não observou os 
critérios mínimos para proteger o bem. 
Em todos esses casos, é patente o prejuízo causado ao consumidor, o que 
cria a obrigação de ressarcimento por parte do fornecedor do serviço, 
independentemente da existência de culpa. 
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Como no caso do produto, o serviço também não é considerado defeituoso 
pela adoção de novas técnicas (art. 12). Se uma empresa de dedetização 
desenvolve um veneno mais eficiente, não é possível afirmar que os serviços 
anteriores prestados por aquele fornecedor são defeituosos. 
O parágrafo terceiro, nos mesmos moldes do dispositivo equivalente do 
art. 12, prevê que a responsabilidade do fornecedor de serviços é afastado nos 
casos em que o defeito inexistir (inciso I) ou culpa exclusiva da vítima (inciso 
II).
O parágrafo seguinte versa sobre um importante tema e, por isso, requer 
uma atenção especial por parte do candidato: 
“§4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa” 
Diante do texto do dispositivo legal acima transcrito, percebe-se que há 
uma exceção à regra geral de responsabilidade objetiva do CDC. De fato, 
tratando-se de profissional liberal, a sua responsabilidade se estabelece 
somente mediante verificação de culpa.
Para melhor compreendermos a razão deste tratamento diferenciado, é 
necessário que alguns fatores sejam considerados. 
Inicialmente, é imperativo recordar que uma das razões da legislação 
consumerista ter adotado o regime da responsabilidade objetiva foi equilibrar a 
contundente relação de desigualdade econômica existente entre fornecedor e 
consumidor, notadamente em virtude da dificuldade do segundo de produzir 
provas que demonstrem a responsabilidade do primeiro. 
Pois bem, quando se trata de profissional liberal, tais como médicos, 
advogados, dentistas, dentre outros, tal desigualdade não se apresenta de 
forma tão nítida. Em certos casos, o profissional encontra-se em posição de 
igualdade fática e econômica em relação ao consumidor, o que faz com que a 
dificuldade de produção das provas em torno de um evento danoso seja igual 
para ambos. 
Outrossim, os serviços prestados por aqueles profissionais têm 
característica pessoal (intuitu personae). A confiança que inspiram nos 
respectivos clientes é o que possibilita a contratação. A prestação do serviço 
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não é voltada para o mercado de massa, e sim para a individualidade do 
consumidor. 
Não dispõe o profissional liberal de um aparato industrial ou de uma 
organização econômica por trás do serviço oferecido. Assim sendo, a análise de 
sua responsabilidade de forma objetiva, sem que se verifique se sua conduta foi 
imprudente, negligente ou imperita, poderia não se mostrar adequada aos 
critérios de razoabilidade. 
Para concluir, ressalte-se que, na maioria das vezes, a obrigação do 
profissional liberal é de meio e não de resultado – o advogado não se 
compromete a ganhar a causa e nem o médico a curar o paciente, até porque 
tais sucessos podem escapar ao seu controle. A obrigação daqueles profissionais 
é em relação às diligências que devem ser efetuadas e as técnicas utilizadas na 
prestação do serviço. 
Os profissionais liberais respondem pelos seus atos 
mediante a verificação de culpa. 
 
O art. 17, que dispõe sobre uma das hipóteses de consumidor por 
equiparação, já foi discutido na aula passada. 
3.4 Responsabilidade por vício do produto ou serviço 
O art. 18 do CDC trata da responsabilidade do fornecedor por vícios do 
produto nos seguintes termos: 
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou 
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que 
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as 
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variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a 
substituição das partes viciadas.” 
O texto legal determina que os fornecedores – incluindo aí os fabricantes 
e comerciantes – respondam solidariamente pelos vícios de qualidade ou 
quantidade. 
E o que significa dizer que a responsabilidade é solidaria? Imagine que 
uma televisão não esteja funcionando adequadamente, o consumidor lesado 
poderá acionar somente a empresa que fabricou o produto ou poderá também 
responsabilizar o comerciante? 
Como a responsabilidade é solidária, o consumidor poderá acionar 
qualquer dos agentes que participaram da cadeia de fornecimento do 
produto, inseridos na relação jurídica de consumo. Qualquer deles pode ser 
demandado para adotar as medidas previstas no §1º do art. 18, que serão 
debatidas adiante. 
A solidariedade também se encontra consignada no §1º do art. 25, que 
dispõe que, “havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos 
responderão solidariamente pela reparação.” 
É importante notar que não é qualquer vício de qualidade ou quantidade 
que se amolda à hipótese normativa do art. 18. O vício com aptidão para gerar 
a responsabilidade do fornecedor é aquele que torna o produto impróprio ou 
inadequado ao consumo a que se destina, diminui o valor do produto ou decorre 
de disparidade entre o conteúdo líquido e suas indicações. 
Podemos dividir os vícios em de qualidade e de quantidade. Os primeiros 
são aqueles que tornam os produtos impróprios ou inadequados ao consumo, ou 
lhes diminuam o valor (atente-se ao art. 23, que dispõe que “a ignorância do 
fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e 
serviços não o exime de responsabilidade). Como exemplo, podemos citar o 
defeito no som de uma televisão ou no motor de um veículo. 
Repare que o §6º do art. 18 acrescenta, ainda, os vícios aparentes, que 
ocorrem quando o produto: está com prazo de validade vencido; está 
deteriorado, alterado, adulterado, avariado, falsificado, corrompido, fraudado, é 
nocivo à vida ou à saúde, perigoso ou, ainda, está em desacordo com as 
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; e, por 
qualquer motivo, se revele inadequado ao fim a que se destina. 
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O art. 19 versa especificamente sobre os vícios de quantidade, os quais se 
apresentam quando o conteúdo líquido do produto “for inferior às indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem 
publicitária”. 
Recorde-se a previsão do art. 18, que se refere à disparidade entre o 
conteúdo líquido e as indicações do produto. Como exemplo, vale mencionar a 
garrafa de suco ou refrigerante que tem conteúdo inferior ao anunciado na 
embalagem. 
Superada esta etapa, pergunta-se: qual será a responsabilidade do 
fornecedor no caso de vício constatado em um produto? 
Nos termos do parágrafo primeiro do art.18, caso o vício não tenha sido 
sanado no prazo de 30 dias – lapso temporal que pode ser modificado conforme 
o parágrafo segundo -, o consumidor poderá exigir uma das seguintes medidas: 
a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições 
de uso (atente-se para o texto do §4º), a restituição imediata da quantia paga, 
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e dano ou o 
abatimento proporcional do preço.
É relevante registrar que a opção por uma das três providências deve ser 
feita pelo consumidor. Não há participação do fornecedor. 
Assim, caso um computador esteja com problemas de acesso à internet, o 
consumidor poderá se dirigir ao estabelecimento que lhe vendeu o produto, 
solicitando que o defeito seja reparado. Após trinta dias, caso não haja uma 
resposta da loja, o consumidor pode simplesmente exigir que lhe seja entregue 
outro computador de igual qualidade, a restituição do que foi pago, ou a 
devolução do computador danificado com o respectivo abatimento do preço. 
Todavia, há casos em que o vício não pode ser sanado sem o 
comprometimento do valor do produto. Imagine que um quadro seja adquirido 
em uma loja especializada. Após a entrega, percebe-se que, no transporte feito 
pelo estabelecimento, o bem foi danificado. Ora, é certo que não há como 
reparar o quadro sem causar algum prejuízo no seu valor. 
Para estes casos, a regra estatuída no §3º prevê que as três alternativas 
elencadas acima podem ser imediatamente escolhidas pelo consumidor “sempre 
que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder 
comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou 
se tratar de produto essencial”. 
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Em relação a produtos in natura – aqueles colocados no mercado sem 
sofrer qualquer processo de industrialização, tais como produtos agrícolas – o 
parágrafo quinto reza que o fornecedor imediato – em regra, o comerciante – é 
que será o responsável. Há ressalva, contudo, na hipótese de identificação do 
produtor. 
No caso dos vícios de quantidade, as medidas previstas no art. 19 são 
praticamente as mesmas, com pequenas diferenças: abatimento proporcional 
do preço, complementação do peso ou medida, substituição do produto por 
outro da mesma espécie, marca ou modelo e restituição imediata da quantia 
paga monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
Repare, candidato, que permanece o direito do consumidor de escolher 
qual a providência será adotada pelo fornecedor. 
Deste modo, podemos apresentar o seguinte quadro: 
No caso de vício de produto, o consumidor pode escolher, após trinta 
dias, as seguintes providências: 
Art. 18 Art. 19 
-substituição do produto por outro da 
mesma espécie. 
-substituição do produto por outro da 
mesma espécie, marca ou modelo. 
-restituição da quantia paga. -restituição da quantia paga. 
-abatimento proporcional do preço. -abatimento proporcional do preço. 
-complementação do peso ou medida. 
O art. 20 passa a tratar da responsabilidade por vícios nos serviços com a 
seguinte redação: 
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“Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que 
os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da 
oferta ou mensagem publicitária (...)” 
O serviço estará viciado quando se mostrar inadequado para os fins para 
o qual foi contratado, ou não atender às normas regulamentares para a 
prestação dos serviços (§2º). Podem, ainda, estar viciados em razão da 
diminuição do seu valor ou pela divergência com a oferta ou informação 
publicitária. 
São inúmeros os exemplos de vícios na prestação de serviços, tais como: 
má prestação de serviços bancários, configurada pelo bloqueio indevido da 
conta do cliente; consertos realizados que não resolvem o defeito de 
eletrodomésticos ou veículos; pacote de viagem, na qual o turista é pego 
desprevenido com a baixa qualidade do hotel; dentre muitos outros. 
As opções para o consumidor são: 
Î a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível 
(observe-se a regra do §1º); 
Î a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
Î o abatimento proporcional do preço. 
Adiante, é oportuno mencionar o teor do art. 22 do Código de Defesa do 
Consumidor, que dispõe que os serviços públicos devem ser “adequados, 
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”. 
Recorde-se que, conforme aventado em nosso primeiro encontro, não há 
impedimento legal para que prestadores de serviços públicos sejam 
considerados fornecedores, desde que haja uma contraprestação por parte do 
consumidor, deve haver o pagamento pelo serviço. Aos serviços prestados em 
caráter universal (chamados de UTI universi) não se aplicam as regras 
consignadas na Lei Consumerista. 
Candidato, é necessário atentar, na esteira do que resta positivado no 
aludido art. 22, que os serviços públicos podem ser prestados pelo próprio 
Estado, por meio da Administração Direta ou Indireta – como, por exemplo, no 
caso de empresas públicas e sociedades de economia mista -, ou por empresas 
privadas. 
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No tocante à prestação de serviço adequado, é mister lembrar que a 
própria Constituição, no inciso IV do ser art. 175 já prevê que a lei deverá 
dispor sobre “a obrigação de manter serviço adequado”. Além disso, a Lei nº 
8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviços 
públicos, conceitua serviço adequado como aquele que satisfaz as condições de 
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, 
cortesia e modicidade das tarifas. 
Os serviços devem ser eficientes, com a produção de um efeito positivo 
para o consumidor. Neste passo, ressalte-se que a eficiência é um dos princípios 
que regem a Administração Pública, nos termos do art. 37 da Constituição 
Federal. Pode-se afirmar que a eficiência é um plus da adequação. Afinal para 
que o serviço seja eficiente, necessariamente deverá estar adequado às 
necessidades de seus usuários. 
A falta de segurança de um serviço, como vimos, pode gerar um dano ao 
consumidor, o que caracteriza o fato do serviço e a consequente obrigação de 
ressarcimento. Caso, por exemplo, da explosão de uma tubulação de gás no 
domicílio de um consumidor, causando prejuízos materiais e morais ao morador. 
O conceito jurídico de serviço essencial é aberto, e deve ser analisado 
caso a caso para que doutrina ou jurisprudência possa determinar o seu real 
campo de atuação2. 
Da leitura do art. 22, depreende-se que os serviços essenciais não 
poderiam ser interrompidos, tendo em vista que devem ser “contínuos”. 
Tal questão não é pacífica em nossos tribunais e na doutrina, haja vista a 
racionalidade do §1º, do art. 6º da Lei nº 8.987/95, que prevê a possibilidade 
de interrupção dos serviços em situação de emergência ou após prévio aviso, 
quando: motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das 
instalações; e por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da 
coletividade. 
Desta forma, não obstante a determinação contida no art. 22 do CDC, 
seria possível, em certas hipóteses e de acordo com alguns entendimentos 
esposados no meio jurídico, a descontinuidade do serviço público de caráter 
essencial. 
 
2 É possívelfazer alusão à Lei nº 7.783/89, que trata do direito de greve e enumera os serviços considerados 
essenciais em seu art. 10. 
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Em seguida, o art. 24 dispõe que “a garantia legal de adequação do 
produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração 
contratual do fornecedor.” 
De fato, a Lei nº 8.078/90 introduziu um sistema próprio de garantias, de 
acordo com o que foi visto nos temas ventilados nas páginas anteriores. Não há 
necessidade de que os direitos discutidos acima estejam previstos nos 
respectivos instrumentos contratuais. Decorrem da própria força normativa do 
Código de Defesa do Consumidor.
A garantia do produto ou serviço é um ônus que deve ser suportado por 
todos aqueles que atuam na cadeia de fornecedores do mercado de consumo. 
Outrossim, não se limita a vícios e defeitos. É uma garantia que abarca todo o 
complexo de funcionalidades do produto ou serviço, de modo que estes 
atendam aos fins a que se propõe. 
Neste mesmo diapasão, o art. 25 do CDC também veda cláusula 
contratual “que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar”. 
Assim, busca-se garantir a efetiva reparação dos prejuízos suportados 
pelo consumidor em virtude de fato ou vício de produto ou serviço. Saliente-se 
que tal disposição atende a um dos direitos básicos do consumidor, estatuído no 
inciso VI, do art. 6º do CDC. 
4) Prazos de decadência e prescrição 
No regime consumerista, a decadência e a prescrição têm características 
próprias. A primeira aplica-se a vício de produto ou serviço, enquanto a segunda 
vale para o caso de acidente de consumo, em virtude de fato do produto ou 
serviço. Trata-se de uma garantia legal (art. 24) estipulada em favor do 
consumidor.
A doutrina reconhece na prescrição a extinção de uma pretensão em razão 
da inércia de seu titular durante um certo lapso temporal. A decadência gera a 
extinção do próprio direito, em virtude de o titular não o ter exercido dentro de 
um determinado período de tempo. 
Tais institutos visam garantir estabilidade e segurança nas relações 
jurídicas. Ora, não seria razoável que um credor pudesse acionar o devedor 30 
ou 40 anos depois de contraída a dívida. Da mesma forma, a aplicação de uma 
sanção penal várias décadas após o cometimento do crime também não se 
ajusta ao nosso sistema jurídico. 
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Não obstante o tratamento dado à prescrição e decadência em nosso 
ordenamento legal, a legislação consumerista inovou. Quanto a esse aspecto e 
matéria, por ser despiciendo o aprofundamento neste tema tão vasto e cheio de 
peculiaridades, iremos nos ater às regras trazidas pelos arts. 26 e 27 da Lei nº 
8.078/90. 
O art. 26 do Código de Defesa do Consumidor trata da decadência do 
direito de reclamar pelos vícios de produtos e serviços. Desta forma, o prazo 
decadencial é de trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de 
produtos não duráveis, e de noventa dias, tratando-se de fornecimento de 
serviços e de produtos duráveis. 
Um produto ou serviço é considerado durável quando sua utilidade não se 
esgota no primeiro uso, tais como uma geladeira, um carro ou um computador. 
Os produtos e serviços não duráveis são aqueles que se exaurem após a sua 
aquisição, como um alimento, um remédio ou a contratação de um serviço de 
garçom para uma determinada festa. 
E quando tem início a contagem deste prazo decadencial? Seria razoável 
que este período se iniciasse sempre no momento em que o consumidor 
recebesse o produto ou em que o serviço fosse concluído? É certo que não. 
De fato, há situações em que o vício de um produto só passa a ser 
conhecido semanas ou meses após sua aquisição. Como exemplo, imagine um 
veículo que apresente um mau funcionamento somente quando alcança 
velocidades elevadas. Supondo que seu proprietário só venha a descobrir o 
defeito após dirigir em uma estrada, meses depois da aquisição do carro, seria 
desarrazoado que o prazo decadencial para reclamação em face do fornecedor 
se iniciasse na data da entrega do bem, e não do momento em que o vício 
passou a ser conhecido. 
Deste modo, perceba, candidato, que o caput do art. 30 reporta-se aos 
vícios aparentes e de fácil constatação – como um arranhão na lataria do carro 
ou um problema nos freios. O parágrafo primeiro então dispõe que se inicia “a 
contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do 
término da execução dos serviços”. 
E nos casos em que o vício estava oculto? 
Nestas hipóteses, aplica-se a regra do parágrafo terceiro do mesmo art. 
26, que reza que, “tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no 
momento em que ficar evidenciado o defeito”. 
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Conclui-se que, para que o prazo decadencial se deflagre no momento em 
que o produto for recebido pelo consumidor ou em que o serviço for terminado, 
o vício deve ser facilmente constatável e perceptível durante o seu uso e 
consumo regular. 
O paragrafo segundo prevê duas causas que podem obstar o prazo 
decadencial: a reclamação perante o fornecedor (inciso I) e a instauração de 
inquérito civil (inciso II). 
Na primeira hipótese, o prazo fica suspenso até que o fornecedor 
manifeste-se negativamente acerca do pleito do consumidor. Após a resposta, o 
prazo decadencial volta a correr, ou seja, o consumidor ainda terá um período 
para decidir se irá ou não propor uma ação judicial. No caso de inquérito civil 
instaurado pelo Ministério Público, instrumento usado para esclarecimento de 
fatos e verificação de eventual violação da Lei Consumerista, a decadência fica 
obstada até a conclusão do procedimento. 
 
 
 
Em relação à prescrição, tal fenômeno é ventilado no art. 27 do CDC. 
Conforme o teor daquela norma, a pretensão à reparação pelos danos 
Decadência – Prazos 
9 30dias – produtos e serviços não duráveis 
9 90 dias – produtos e serviços duráveis 
⇒ Início do prazo – prazo da entrega do produto 
ou conclusão do serviço. 
Exceção: vício oculto - momento em que ficar 
evidenciado o defeito 
Obsta a decadência: 
-Reclamação do consumidor 
-Instauração de inquérito civil
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suportados em virtude de acidente de consumo prescreve no prazo de cinco 
anos. 
 Insta ressaltar que, para que ocorra o início deste lapso, é necessário o 
conhecimento do dano, bem como de sua autoria. Com efeito, se um incêndio 
causa prejuízos no apartamento de um consumidor em virtude da falha elétrica 
de um eletrodoméstico, o prazo prescricional só começará a correr a partir do 
momento em que o aparelho defeituoso – e, consequentemente, o respectivo 
fornecedor - for identificado. 
 
Por fim, é imperativo registrar que os prazos previstos nos arts. 26 e 27 
do CDC são de ordem pública e, portanto, não podem ser alterados pela 
vontade das partes. 
5) Desconsideração da Personalidade Jurídica 
No momento em que uma sociedade adquire personalidade jurídica 
distinta da dos sócios, ela passa a ter obrigações e deveres em seu nome, além 
de possuir patrimônio próprio. Para evitar abusos na utilização desta ficção 
jurídica, foi desenvolvida uma teoria que permite a desconsideração da 
personalidade jurídica em relação a certos atos, para atingir o patrimônio dos 
sócios.
Esta situação excepcional, e que ocorrerá somente em casos específicos, 
não tem como escopo a

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