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historia da psicologia no Brasil (1)

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A
rt
ig
o
28
Ana Maria Jacó Vilela
 
Universidade do 
Estado do Rio de 
Janeiro
História da Psicologia 
no Brasil: Uma 
Narrativa por Meio de 
seu Ensino 1
History Of Psychology In Brazil: 
A Narrative From Its Teaching 
Historia De La Psicología En El Brasil: 
Una Narrativa Por Medio De Su Enseñanza
PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2012, 32 (num. esp.), 28-43
29
História da Psicologia no Brasil: Uma Narrativa por Meio de seu Ensino 
Ana Maria Jacó Vilela
Resumo: O texto pretende apresentar uma história da Psicologia no Brasil relacionando-a às tramas de 
períodos históricos vividos pelo País, procurando mostrar, em cada um deles, como ocorreu o ensino e a 
difusão dos saberes psi. Nesse sentido, faz a opção por uma história local, ou história nativa, pois, como 
Certeau aponta, reconhece a particularidade do lugar de onde se fala, a partir de que posição – social ou 
geográfica – o pesquisador se pronuncia. O texto tem, pois, um caráter ensaístico, e é um subproduto de 
leituras e pesquisas sobre a história da Psicologia no Brasil. O texto parte do Brasil colônia e do ensino 
jesuítico, desenvolvido nos seminários e nos colégios e difundido principalmente através de pregações, 
explora as teses de Medicina no século XIX, ao mesmo tempo produto do ensino e difusão do conhecimento 
psicológico entre nós, detém-se nos manuais de Psicologia voltados para as Escolas Normais e ressalta a 
importância da Biblioteca de Educação no sentido de divulgar a Psicologia nos anos 30. Finalmente, discorre 
sobre as primeiras obras voltadas para o ensino de Psicologia nos recém-criados cursos nos anos 1950 a 
1970 e sobre as formas de difusão do novo campo do saber em um momento já de institucionalização.
Palavras-chave: História da Psicologia – Brasil. Ensino Superior. Ensino da Psicologia. Educação. 
Abstract: The text aims to present a history of psychology in Brazil related to the plots of the historical 
periods experienced by the country, trying to point out how the psychological knowlegde was taught and 
disseminated. In this sense, chooses a local history, or native history to, as Certeau points out, recognize the 
particularity of the place where it comes from, and the point of view – social or geographical – under which 
the researcher speaks. The text has therefore an essayistic character and is a subproduct of readings and 
research about the history of psychology in Brazil. Part of colonial Brazil and the jesuit teaching, developed 
in seminaries and colleges and spread primarily through preaching, explores the theses of medicine courses 
in the nineteenth century, which are at the same time product of education and dissemination of the 
psychological knowledge among us; it is also presented in Psychology books directed to Normal Schools and 
points out the importance of the Education’s Library disclosure of Psychology in the 30s. Finally, it discusses 
the early work that is focused on the teaching of psychology in the newly created courses in the years 1950 
to 1970 and on the ways of spreading the new field of knowledge at a time when the institutionalization 
of the field was already driven.
Keywords: History of Psychology – Brazil. Higher education. Psychology Education. Education. 
Resumen: El texto pretende presentar una historia de la Psicología en el Brasil relacionándola a las tramas de 
períodos históricos vividos por el País, procurando mostrar, en cada uno de ellos, como ocurrió la enseñanza 
y la difusión de los saberes psi. En ese sentido, opta por una historia local, o historia nativa, pues, como 
Certeau apunta, reconoce la particularidad del lugar de donde se habla, a partir de qué posición – social o 
geográfica – el investigador se pronuncia. El texto tiene, pues, un carácter ensayístico, y es un subproducto 
de lecturas y pesquisas sobre la historia de la Psicología en el Brasil. El texto parte del Brasil colonia y de 
la enseñanza jesuítica, desarrollada en los seminarios y en los colegios y difundida principalmente a través 
de sermones, explora las tesis de Medicina en el siglo XIX, al mismo tiempo producto de la enseñanza y 
difusión del conocimiento psicológico entre nosotros, se tienen en los manuales de Psicología dirigidos 
para las Escuelas Normales y resalta la importancia de la Biblioteca de Educación en el sentido de divulgar 
la Psicología en los años 30. Finalmente, discurre sobre las primeras obras destinadas para la enseñanza de 
Psicología en los recién creados cursos en los años 1950 a 1970 y sobre las formas de difusión del nuevo 
campo del saber en un momento ya de institucionalización.
Palabras clave: História de la Psicología – Brasil. Educación superior. Ensenanza de psicología. Educación. 
saberes psi através dos tempos, permitiria a 
desnaturalização de nossas ideias e práticas.
Foi estudando a história da Psicologia no 
Brasil e seus diferentes desenvolvimentos, 
as abordagens diversas dadas pelos (ainda) 
poucos autores que se dedicam a essa 
temática, que fui fazendo algumas escolhas 
do caminho a seguir. Por um lado, Certeau 
(1988) logo veio servir de guia ao alertar sobre 
Meu interesse pela história da Psicologia 
emergiu de um lugar muito específico, o da 
formação de psicólogos e da consequente 
preocupação com o caráter centrado 
em modelos europeus e estadunidenses 
dessa formação, em que impera o valor 
intimista, do indivíduo livre, autônomo. 
A história da Psicologia pareceu-me um 
excelente dispositivo que, historicizando os 
diferentes seres humanos estudados pelos 
1 Versão preliminar 
desse texto foi 
apresentada no VIII 
Encontro Nacional da 
ABEP, em Goiânia, 2011.
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 28-43
30
a importância de se demarcar, na escrita da 
história, o lugar de onde se fala, de onde 
a narrativa é construída. Tal explicitação 
compreende desde o porquê da escolha de 
determinadas abordagens e métodos até a 
inserção institucional, as redes constituídas, 
os objetivos e os propósitos da investigação. 
Por outro lado, é comum entre os historiadores 
a noção de que o fato histórico não existe per 
se, mas é construído retrospectivamente a 
partir de abordagens diversas, como, por 
exemplo, a da proveniência (as condições 
culturais, econômicas, sociais, políticas) que 
possibilitou sua emergência, que ocorresse 
tal acontecimento e não outro (Jacó-Vilela, 
2009). Embora essa perspectiva esteja 
presente em quase toda a historiografia 
atual das ciências, a meu ver, especialmente 
o estudo da história da ciência em países 
periféricos coloca necessariamente em cena 
questões políticas, de dependência, de 
autonomia ou de colaboração e intercâmbio 
em relação ao centro, entendido aqui como 
alguns países da Europa e os Estados Unidos. 
E esse é o segundo ponto que consideramos 
importante, a questão de se fazer ciência em 
um país periférico. 
Países europeus colonizaram novos mundos, 
no processo que perdurou do século XV ao XIX. 
Nesse percurso, a cultura europeia expandiu-
se para outros continentes, incluindo, no 
que aqui nos interessa, a universalização 
do conceito de ciência, de seus métodos e 
modelos. Diversos autores vêm alertando, já 
há algum tempo, que a recepção de novas 
ideias e práticas em contextos diferentes 
daqueles em que foram produzidas não é 
necessariamente ou, pelo menos, não o é na 
quase totalidade dos casos, uma reprodução 
daquilo que foi construído em outro lugar (ver, 
por exemplo, Restrepo Forero, 2000). Trata-
se, como já afirmava Schwarz, em 1977, de 
“ideias fora do lugar”, e que, por isso mesmo, 
são apropriadas e se transformam em outras 
ideias em sua nova ambiência.
Schwarz segue, nesse ponto, uma linha de 
interpretação da cultura brasileira que se 
baseia nas contradições e nas ambiguidades 
existentes nas relações entre senhores e 
escravos, senhorese homens livres (os 
agregados) e homens livres e escravos, 
recorrendo às condições de formação da 
sociedade brasileira para explicar o seu modo 
de funcionamento atual.
Da mesma forma o faz Sanchis (1995, 2001). 
Embora dirigindo-se especificamente ao 
sincretismo religioso, suas conclusões podem 
ser estendidas também à produção científica. 
Sanchis compara o sincretismo religioso 
brasileiro com o europeu: enquanto este 
último foi sempre um apagamento da religião 
anterior (a religião romana utilizando-se das 
práticas celtas, mas destruindo a lembrança 
da religião celta, a religião católica fazendo 
o mesmo com a religião romana), no caso 
brasileiro o sincretismo significa uma mistura, 
a preservação de elementos de todas as 
religiões envolvidas. Sanchis considera as 
bandeiras como origem desse tipo especial 
de sincretismo, quando portugueses, tupis 
e africanos se encontravam em lugares 
desconhecidos, enfrentando não sabiam que 
perigos e orando, juntos, para seus deuses 
particulares.
Esses autores brasileiros representam, pois, 
uma contribuição à atual discussão no campo 
da história da ciência acerca da pertinência 
de se dedicar mais atenção ao que vem 
sendo denominado ciência nativa, visto um 
dos temas principais dessa nova historiografia 
referir-se às formas de recepção, pelos países 
periféricos, das ideias e práticas geradas nos 
países centrais que se configuram, então, 
como novas produções.
Este texto pretende apresentar uma história da 
Psicologia no Brasil norteada pelos períodos 
históricos vividos pelo País e procura apontar, 
em cada um deles, como ocorreu o ensino e 
a difusão dos saberes psi. Nesse sentido, faz 
História da Psicologia no Brasil: Uma Narrativa por Meio de seu Ensino 
Ana Maria Jacó Vilela
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 28-43
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a opção por uma história local, ou história 
nativa, pois, como Certeau (1988) destaca, 
reconhece a particularidade do lugar de 
onde se fala, a partir de que posição – social 
ou geográfica – o pesquisador se pronuncia. 
Assim, também utilizando uma expressão 
desse autor, faremos mais um voo de pássaro 
por uma floresta, sem nos atentarmos a 
diferentes detalhes que o olhar atento a 
uma árvore nos propiciaria. E utilizaremos 
de autores diversos que se dedicaram a 
estudar profundamente alguns temas que 
aqui mencionamos.
O período colonial e o ensino 
religioso
 
O Brasil ingressou no universo europeu em 
1500, quando as primeiras naus portuguesas 
chegaram ao que hoje constitui parte do seu 
território. Apesar de disputas com franceses 
e holandeses, mas principalmente com 
espanhóis, países desejosos de expandir 
suas colônias d’além-mar, Portugal manteve 
sua dominação sobre boa parte do atual 
território brasileiro durante três séculos. 
Exerceu-a de forma bem diferente da que 
a Espanha adotou no restante da América 
Latina: embora também voltado para a 
exploração de recursos minerais, cerceou 
quaisquer atividades relativas à formação 
cultural do povo colonizado (Fausto, 1995). 
Uma exceção foram os colégios religiosos, 
principalmente os dos jesuítas. 
Enquanto o Estado português organizava 
a nova possessão através das famigeradas 
capitanias hereditárias, que geraram os 
latifúndios da cana de açúcar e os territórios 
de exploração de ouro e pedras preciosas, os 
jesuítas se dedicavam à catequese dos índios, 
pois reconheciam neles “entendimento, 
memória e vontade”, os atributos tomistas 
da alma (Massimi, 2006). Ao mesmo tempo, 
criam colégios para os curumins. O ensino do 
que hoje denominamos “ideias psicológicas”, 
uma psicologia embasada na Filosofia 
e na teologia, principalmente a tomista, 
ocorre nos seminários. O foco principal 
é tanto o entendimento sobre o homem 
quanto o objeto da catequese, os curumins, 
criando-se, pois, uma psicologia infantil. Um 
importante livro da época é o de Alexandre 
de Gusmão (1689/2004): A arte de bem 
educar os filhos na idade da puerícia. O livro 
abarca os valores morais e religiosos que a 
família e os professores devem transmitir 
ainda na primeira infância. Preocupado 
com o desenvolvimento da criança, Gusmão 
não desvincula vida familiar, educação, 
humanismo e coroa portuguesa. Cria uma 
trama, como diz Oliveira:
O ensino da primeira infância no Tratado 
revela um arcano que tece teias de relações 
dos indivíduos entre si, mostrando vários 
níveis e vários preceitos da forma de educar. 
As estruturas estão entrelaçadas e enraizadas 
na cultura humanista. Como esteio do 
Tratado, encontramos no Ratio Studiorum 
interconexões que nos levam a entender a 
vida colonial. Para Gusmão, a arte de educar 
baseia-se na boa criação, e tanto os pais 
quanto os professores são tributários desse 
processo. O conjunto de práxis na educação 
(trans)forma um campo da pedagogia como 
uma maneira e razão de ligação dos homens 
entre si, tudo para o bem da República 
(2008, p. 8)
Essa forma de divulgação, contudo, está 
destinada aos eruditos, aos próprios professores, 
aos jesuítas. A difusão do pensamento religioso 
e do conhecimento psicológico que se obtém 
através da observação atenta dos curumins 
ocorre por meio da pregação (Massimi, 2005): 
a palavra é instrumento mais contundente na 
conversão das almas que o texto escrito. Como 
nos diz Hadot, falando da filosofia antiga:
True education is always oral because only 
the spoken work makes dialogue possible 
(...) A number of philosophers (...) thinking, 
as did Plato and whithout doubt correctly, 
that what is inscribed in the soul by the 
spoken word is more real and lasting than 
letters drawn on papyrus or parchment 
(1990, p. 498)
Enquanto o 
Estado português 
organizava a 
nova possessão 
através das 
famigeradas 
capitanias 
hereditárias, 
que geraram os 
latifúndios da 
cana de açúcar 
e os territórios de 
exploração de 
ouro e pedras 
preciosas, 
os jesuítas se 
dedicavam 
à catequese 
dos índios, pois 
reconheciam 
neles 
“entendimento, 
memória e 
vontade”, 
os atributos 
tomistas da alma 
(Massimi, 2006). 
História da Psicologia no Brasil: Uma Narrativa por Meio de seu Ensino 
Ana Maria Jacó Vilela
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 28-43
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O oitocentos brasileiro – 
o bando de ideias novas
Se o Brasil colônia parece estável e perene, 
apesar de diversas revoltas – a mais famosa 
sendo a Inconfidência Mineira – o século 
XIX se inicia sob outros ventos. A família 
real portuguesa, encabeçada pelo Príncipe 
Regente, depois Rei Dom João VI, obrigada 
a abandonar Portugal devido à iminente 
invasão do País pelas tropas de Napoleão, 
refugiou-se em sua longínqua colônia. Sua 
chegada, em 1808, foi um divisor de águas, 
o estopim para a emergência de uma nova 
possibilidade de país: com a vinda da Corte, 
finalmente foi possível a existência de 
imprensa, de comércio com outras nações, 
de criação de instituições de nível superior, 
etc. (Fausto, 1995; Scharcwz, 1993).
Esses acontecimentos não se refletem em 
transformações imediatas nos modos de vida 
dos brasileiros. Para tal, serão necessários 
os vários movimentos políticos do século 
XIX (a Independência, em 1822, a abolição 
da escravatura, em 1888, a proclamação 
da República, em 1889), que se fazem 
acompanhar por outros – também políticos, 
como as rebeliões que ocorrem em vários 
pontos do País ou, ainda, literários, como 
o romantismo e sua vertente nacional, o 
indigenismo. O Império se esforça para 
construir uma identidade nacional, para a 
qual investe no conhecimento demográfico e 
cartográfico do País, cria o Instituto Histórico 
e Geográfico Brasileiro (1838) e incentiva 
a construção de uma memória nacional 
– através, por exemplo, de pinturas dos 
grandes feitos nacionais (como os quadros A 
PrimeiraMissa no Brasil, de Victor Meirelles, 
de 1861, e O Grito do Ipiranga, de Pedro 
Américo, de 1888). As práticas civilizatórias 
trazidas pela Corte vão se ampliando e 
rapidamente o Estado imperial se consolida, 
com várias “dimensões da experiência 
pessoal dos cidadãos (sendo) gerenciadas ou 
controladas diretamente pelo aparelho estatal” 
(Massimi, 1990, p. 29).
Assim, é possível surgir uma classe média 
intelectualizada (a chamada Geração de 70), 
que orienta seus discursos com as palavras 
de ordem abolição, república e democracia 
(Herschmann & Pereira, 1994, p. 22). Embora 
represente um segmento ínfimo da população, 
esse grupo, por suas origens de classe e pela 
valoração que o letrado sempre teve na 
realidade brasileira, propicia o aparecimento 
de um projeto igualitário, ao mesmo tempo 
em que se mantém o modelo hierárquico de 
sociedade, exemplificando o que Schwarz 
(1977) denomina “ideias fora do lugar”. 
Novas maneiras surgem para interpretação da 
vida brasileira, tendo como ponto comum a 
ideia de ciência: 
Os processos utilizados para o estudo biológico 
serviriam também para o estudo psicológico 
e sociológico. Daí uma vasta literatura, não 
de ciência propriamente, mas de divulgação 
ou de especulação científica cujo principal 
objetivo era uma explicação elementarista 
do homem e da sociedade. (...) Foi essa 
literatura de divulgação que se difundiu no 
Brasil, e é ela que, em grande parte, explica 
o uso – e o abuso – do conceito de ciência 
(...). Como para os autores europeus que 
imitavam, ciência era frequentemente uma 
palavra prestigiosa, capaz de garantir a 
verdade do que afirmavam. Outras vezes, 
era um programa que propunham, embora 
não tivessem recursos para cumpri-lo (Leite, 
1969, p. 180)
Vemos, portanto, que diversos aspectos se 
unem aqui: uma geração de intelectuais com 
menor vínculo com os grandes proprietários 
de terras, a oligarquia agroexportadora, a 
presença das ideias liberais e a divulgação do 
conhecimento científico. Esse último ponto, 
como a citação de Dante Moreira Leite, 
acima, já indica, não é de menor importância: 
pode-se entender que o cientificismo 
oitocentista eleva a ciência à posição ocupada 
anteriormente pela cosmogonia e pela 
filosofia religiosas, convertendo-a em uma 
História da Psicologia no Brasil: Uma Narrativa por Meio de seu Ensino 
Ana Maria Jacó Vilela
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 28-43
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nova metafísica. No caso do Brasil, esse 
processo de hegemonização da ciência 
recebe um grande suporte com a chegada 
do positivismo. 
Se as produções sobre a alma advêm 
principalmente do clero, a nova ciência é 
uma construção dos médicos, normalmente 
filhos de grandes latifundiários, com algum 
tipo de formação na Europa – no início, 
sobretudo na França –, de onde voltam 
imbuídos de “um bando de ideias novas” 
(Romero, 1926): evolução, materialismo, 
progresso, positivismo, ciência e, por que 
não? Psicologia. São eles principalmente os 
especialistas que ocupam o lugar dos literatos. 
A Geração de 70 havia iniciado o entusiasmo 
pela ciência e, com ele, pelo progresso, pela 
evolução, pela mudança. 
Em sua chegada a Salvador, Dom João VI 
havia criado a Escola de Cirurgia da Bahia 
e, logo em seguida, ao chegar ao Rio de 
Janeiro, a Escola Anatômica, Médica e 
Cirúrgica do Rio de Janeiro. Estas sofrem 
diferentes alterações curriculares, instalam-
se em diversos locais e, em 1832, são 
transformadas em Faculdades de Medicina. 
Nesse momento, institui-se a obrigatoriedade 
de defesa de teses para a obtenção de 
título de Doutor em Medicina, prática que 
perdura até 1932. Aqui encontramos ainda 
a presença do discurso católico que, aos 
poucos, vai sendo substituído pelo discurso 
científico. Já em 1841, na Faculdade de 
Medicina do Rio de Janeiro, Antonio Pereira 
D’Araújo Pinto apresentava uma tese sobre 
frenologia, a doutrina criada por Gall ao final 
do século XVIII que procurava estabelecer a 
localização cerebral das diferentes faculdades 
humanas: “para cada faculdade especial, 
para cada instinto primitivo, para cada 
sentimento particular, há no cérebro um 
órgão próprio, uma circunvolução que, pela 
sua proeminência, se revela na forma exterior 
do crânio” (Gonçalves de Magalhães, 1876, 
p. 10).
Assim, com o prestígio das ciências naturais 
e biológicas e do evolucionismo de Darwin, 
o homem pode ser estudado como um 
organismo, da mesma forma que os outros 
seres vivos. Perde-se a unidade entre corpo 
e alma; esta deve ser conhecida através 
daquele, principalmente através da fisiologia 
do cérebro, órgão onde se localizam as 
propriedades e funções da alma. Como a 
ciência implica regularidades mensuráveis, 
o conhecimento não é mais produto da 
autorreflexão, do voltar-se da alma para si 
mesma. No movimento das ideias psicológicas, 
podemos então apontar um segundo tempo, 
um tempo do organismo, um discurso do 
corpo (Keide e Jacó-Vilela, 1999): a alma do 
discurso religioso colonial é progressivamente 
objetivada, agora pelo discurso da ciência. 
O que se conhece são os produtos de um 
funcionamento interno que, ele próprio, 
não podendo ser percebido pelo sujeito, só 
pode ser conhecido pelo outro através de 
mensurações. 
Nas Faculdades de Medicina, o ensino é feito 
principalmente através de livros importados 
e da sapiência dos professores catedráticos, 
normalmente experts em alemão e francês, 
os principais idiomas da época. É interessante 
observar, nas teses da Faculdade de Medicina 
do Rio de Janeiro, o quanto o conhecimento 
psicológico desenvolvido na Europa e nos 
Estados Unidos chega rápido e é citado, muitas 
vezes de forma complementar, a autores de 
outras origens. Encontramos com frequência 
a mençao a autores da psicologia alemã, 
principalmente Wundt – “É a Wundt que a 
psychologia experimental deve os seus mais 
bellos florões” (Roxo, 1900, p. 15) – embora 
Humbolt e Fechner também sejam citados. 
A psicologia francesa, sem dúvida, é a mais 
assídua, não tanto Ribot, mas principalmente 
Charcot, Pierre Janet e a Escola de Nancy, 
que estão presentes nas teses sobre histeria e 
hipnotismo, como as de Fajardo Júnior (1889) 
e de Ribeiro (1886). A antropologia criminal, 
de Lombroso, também se fará presente, com 
História da Psicologia no Brasil: Uma Narrativa por Meio de seu Ensino 
Ana Maria Jacó Vilela
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 28-43
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as noções de estigmas físicos (Corrêa, 1905) 
enquanto a teoria da degenerescência de 
Morel é uma constante (Corrêa, 1905; Velho, 
1905). Destaque, todavia, deve ser dado à 
tese intitulada Duração dos atos psíquicos 
elementares nos alienados, de Henrique 
Roxo, primeiro trabalho de Psicologia 
experimental realizado e publicado no Brasil 
(1900). Roxo mede o tempo de reação dos 
internos no Hospício Nacional de Alienados 
utilizando-se, para isso, do psicômetro de 
Buccola, um instrumento hoje desconhecido.
As teses são, pois, resultado de um processo 
de ensino e, ao mesmo tempo, fator de 
difusão do novo conhecimento psicológico. 
Não à toa, são investigadas até hoje, não 
só por pesquisadores da Psicologia como 
também por pesquisadores de outras 
áreas, como Educação, Educação Física, 
Arquitetura, Nutrição, além da própria 
Medicina. São elas, sem dúvida, que criam, 
em solo brasileiro, o hábito de produção de 
textos, que, muitas vezes, são ambivalentes 
e contraditórios, mas constituem uma forma 
própria de se apropriar daquele bando 
de ideias que vêm fervilhar em um país 
agrário, de matriz conservadora, escravagista, 
religioso, defensor da hierarquia entre os 
homens e da superioridade da raça branca. É 
necessário conciliar contrários, e os médicos 
se encarregam de sanear a nação com tais 
conhecimentos.
Um período turbulento. A 
educaçãocomo resposta
As novas ideias demonstraram, entre outras 
coisas, que o País estava doente: povoado 
por uma população inculta, que habitava 
centros urbanos longe dos graus mínimos de 
civilidade europeia, era necessário higienizar 
as cidades, os corpos e as mentes (Schwarcz, 
1993; Herschmann & Pereira 1994). Esse é 
o esforço a que se dedicam os intelectuais 
na Primeira República – médicos, juristas, 
literatos, todos estão interessados em elevar o 
País a um patamar que o afaste de suas origens 
viciosas – aqui consideradas, pela maioria dos 
autores da época, como a herança africana 
e, em menor grau, a indígena2. Trata-se de 
uma geração de intelectuais que pretendiam 
“reinventar o País, organizá-lo em novas 
bases, fazê-lo transpor rapidamente as 
enormes barreiras arcaicas que o separavam 
da civilização contemporânea” (Campos, 
2002, p. 24).
Coube, pois, aos intelectuais engajados na 
causa republicana a reforma do Estado para 
superar os desafios de um país que viam 
como atrasado econômica e culturalmente 
e conduzi-lo ao modelo civilizado de uma 
nação europeia. Nesse sentido, considera-
se que a redução e/ou eliminação do 
analfabetismo seja fundamental. Estima-se 
que em torno de 65% da população brasileira 
era analfabeta em princípios do século XX, 
em contraposição, por exemplo, à situação 
argentina, em que parcela relevante da 
população era alfabetizada em função não só 
dos esforços civilizatórios como também da 
imigração selecionada de meados do século 
XIX (Fausto & Devoto, 2004).
A elite política e intelectual dedica-se à 
educação. No ano seguinte à proclamação da 
república, nova legislação modifica o sistema 
de ensino (Brasil, 1890), pois observa-se que 
a educação é deficitária, no sentido de ser 
arcaica, artificial, baseada na memorização 
e nos castigos físicos (Gondra, 2004), com 
pouco conteúdo das novas ciências.
É nesse contexto que surgem as primeiras 
propostas de educação, concretizadas 
naquela legislação citada acima, conhecida 
como Reforma Benjamim Constant, e que 
levam à criação do Pedagogium, museu 
pedagógico ao estilo dos existentes em 
diversos países europeus e cuja direção será 
ocupada por Manoel Bomfim, médico que 
abandona a carreira e se dedica à educação. 
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Ana Maria Jacó Vilela
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
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2 Ver, a respeito, a 
excelente análise do 
pensamento social 
brasileiro efetuada 
por Dante Moreira 
Lima (1954/1969). É 
importante ressaltar 
também a exceção 
representada por 
Manoel Bomfim 
(1868-1932), em 
seu livro A América 
Latina: males de 
origem (1905/1993). 
Bomfim não só é 
uma voz dissonante 
no discurso racialista 
de sua época 
como estabelece 
laços fraternos 
entre os países 
latinos, ao propor 
uma explicação 
psicossocial para a 
diferença entre o 
desenvolvimento 
europeu e o latino: 
a colonização 
parasitária realizada 
pelos países ibéricos.
35
No Pedagogium, Bomfim cria, em 1906, 
aquele que é reconhecido como o primeiro 
Laboratório de Psicologia Experimental no País. 
Certamente outros laboratórios já existiam, 
embora de forma menos institucionalizada, 
pois, como dissemos, Henrique Roxo produz 
uma tese resultante de trabalho experimental, 
em 1900, e Lourenço Filho registra a proposta 
de criação de um laboratório no Rio de 
Janeiro, em 1897, anotando também a reação 
de um dos opositores da ideia: “Seria ridículo 
pretender levar as faculdades da alma à análise 
de aparelhos” (Lourenço Filho, 1955/2004, 
p. 74). 
Mas, para que a educação frutifique, é 
necessário que o terreno seja fértil. Assim, 
os intelectuais se dedicam à prevenção, seja 
pelo sanitarismo – a limpeza da cidade –, 
seja pela higiene mental. A Liga Brasileira de 
Higiene Mental, criada por Gustavo Riedel 
no Rio de Janeiro, em 1923, tem destacados 
membros da elite médica e intelectual 
entre seus filiados. Muitos personagens 
relevantes na história da Psicologia brasileira 
ocupam posições em seus quadros, como: 
Plinio Olinto, professor de Psicologia na 
Escola Normal, responsável pelo Serviço de 
Psicologia, do qual farão parte Maria Brasília 
Leme Lopes e Idalina de Abreu Fialho; Ulisses 
Pernambucano, representante da Liga em 
Pernambuco; Manoel Bomfim, professor 
Catedrático de Psicologia na Escola Normal, 
que se encontra na Seção de Deficiência 
Mental; Maurício de Medeiros, professor de 
Psicologia da Escola Normal, está na Seção 
de Medicina Legal, Indigência e Vadiagem 
(Archivos Brasileiros de Higiene Mental, 
1925).
Consideramos importante resgatar a presença 
desses nomes na Liga porque raramente é 
mencionada a estreita relação da Psicologia 
com o higienismo, como se esse fosse um fato 
vergonhoso na história da área. Entretanto, 
o movimento higienista aparece com um 
caráter missionário, progressista, de melhoria 
das condições de vida das camadas mais 
pobres da população. Assim, pela análise 
da história de vida e de compromissos 
de muitos dos participantes da Liga, era 
quase uma impossibilidade afastar-se do 
pensamento higiênico naquele momento. 
Isso é diferente da década de 30, quando a 
Liga assume um caráter eugênico e muitos 
dos personagens que citamos dela se retiram. 
Ulisses Pernambucano, por exemplo, 
simplesmente separa a Liga de Pernambuco 
da Liga Brasileira.
É conveniente, no entanto, lembrar a 
importante contribuição da Liga para a 
produção e a disseminação do conhecimento 
em Psicologia, em uma seara que havia surgido 
no começo do século na Europa e que somente 
nos anos 20 e 30 se desenvolverá no Brasil: os 
testes psicológicos. São muitas as publicações 
nos Archivos Brasileiros de Higiene Mental 
sobre esse tema, enfatizando principalmente 
a necessidade de estandardização dos testes 
para a realidade brasileira (Leme Lopes, 
1930; Leme Lopes, 1932; Lopes, 1931). 
Um artigo interessante a esse respeito é de 
autoria de Ulisses Pernambucano e Anita 
Barreto: os autores relatam seus esforços para 
a adaptação do teste de Ballard à realidade 
pernambucana e o intercâmbio realizado com 
Helena Antipoff, que estava fazendo a mesma 
adaptação em Belo Horizonte: os três visavam 
a tradução mais adequada de determinadas 
palavras (Pernambucano & Barreto, 1931). 
Se os Archivos são úteis para difundir os testes, 
sem dúvida, o instrumento que permitirá a 
visibilidade da prática psicológica, o ensino 
de Psicologia ocorrerá principalmente 
nas Escolas Normais, visando à formação 
das futuras professoras primárias. Ele será 
baseado nas aulas dos professores, que 
continuam autodidatas, experts em idiomas 
estrangeiros, dentre os quais o inglês inicia 
a sua participação. Mas começam a ser 
publicados manuais voltados para o ensino 
de Psicologia nas Escolas Normais, o que 
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podemos considerar como os primeiros 
trabalhos verdadeiramente didáticos em 
Psicologia. Na década de 20, encontramos 
dois, versando ainda sobre testes. O mais 
famoso deles, por ser o primeiro e pelo 
impacto que causa, é de Medeiros e 
Albuquerque, publicado em 1924 e intitulado 
Tests, grafado em inglês, comprovação da 
recenticidade do tema no País; o de Manoel 
Bomfim, intitulado O Método dos Tests, é de 
1928. Neste há somente um capítulo sobre 
testes psicológicos, pois Bomfim dedica-se 
prioritariamente aos testes pedagógicos e à 
explicação sobre como construir um bom 
teste. Entretanto, ele já publicara, em 1916, 
o Noções de Psychologia, um manual em que 
trata de temas como sensação, linguagem, 
juízo, personalidade, desenvolvimento, etc., 
com uma abordagemdidática e centrada na 
importância das relações sociais.
A década de 20 também é reconhecida, no 
Brasil, como um período de efervescência 
político-cultural, com vários acontecimentos 
de ordens diversas. Diferentemente do 
começo do século XX, em que a República 
é embrionária e em que os sonhos são 
possíveis, nos anos 20, o clima é de crítica ao 
modelo republicano oligárquico existente. 
Há revoltas, como a tenentista, que visam à 
transformação do regime político e da qual 
decorre a Coluna Prestes. Há movimentos 
de renovação cultural, como o modernista. 
Há a fundação do Partido Comunista 
do Brasil (1922), e é esse também um 
momento de crise da cafeicultura e, 
portanto, de dificuldades econômicas 
para o País. É quando a Igreja Católica se 
reorganiza e aglutina seus intelectuais em 
torno do Centro Dom Vital, criado em 
1922, visando a retomar sua hegemonia 
entre a intelectualidade contaminada 
por aquelas ideias novas materialistas, 
evolucionistas, etc. O governo Arthur 
Bernardes (1922-1926) transcorre quase 
todo sob estado de sítio, demonstrando 
os diferentes descontentamentos com 
o regime oligárquico e com a chamada 
política do café-com-leite (a alternância na 
Presidência da República entre paulistas e 
mineiros). Tudo isso acaba desembocando 
na Revolução de 1930 e no Governo 
Provisório, com Getúlio Vargas no poder, o 
que se prolonga por 15 longos anos, metade 
dos quais sob a forma ditatorial (Fausto, 
1995).
Para a educação, contudo, há mudanças 
positivas. Com a centralização administrativa 
do Governo Vargas, a regulamentação do 
estatuto das universidades, a força que 
adquire a Associação Brasileira de Educação 
(fundada em 1924) com o Manifesto dos 
Pioneiros da Educação (1932) e a criação do 
primeiro curso de Pedagogia (em 1935, na 
Universidade do Distrito Federal, de curta 
duração; em 1939, na Universidade do 
Brasil), a criança entendida como o futuro 
da Nação, a Educação se torna projeto de 
Estado. 
Neste projeto, a Psicologia ocupa um espaço 
diferenciado, porque, no dizer de Lourenço 
Filho, é “uma das bases da educação” 
(Lourenço Filho, 1930/2002). Assim, nada 
mais justo que, na coleção Biblioteca de 
Educação, dirigida pelo próprio Lourenço 
Filho para a Editora Melhoramentos, livros 
de Psicologia tenham uma forte presença. 
Segundo Monarcha (1997), são publicados 
36 títulos entre 1927 a 1941, mas “a 
fase áurea da coleção – 1927 a 1930 – 
corresponde aos anos de organização e 
de impacto do projeto editorial, tendo 
sido publicados 12 títulos” (1997, p. 29). 
Reproduzimos abaixo esses títulos para 
comprovar a relevância da Psicologia para 
o esforço da educação e para justificar 
a expressão de Lourenço Filho citada 
acima (na verdade, uma das subdivisões 
de seu livro presente na coleção). Vemos 
também a tradução de importantes autores, 
principalmente três de grande relevância na 
Psicologia francesa – Piéron, Binet e Simon–, 
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além do genebrino Claparède, uma unanimidade internacional à época, e livros de autores 
brasileiros, que Monarcha informa serem “autores paulistas”.
Tabela 1. Livros Publicados na Coleção Biblioteca da Educação (1927-1930)
Fonte: Monarcha, C. Lourenço Filho: outros aspectos, mesma obra. 1997. 
Outras editoras também começam a publicar obras de Psicologia. Ainda são em pequeno 
número, normalmente livros inseridos em coleções destinadas à educação, como a 
Atualidades Pedagógicas, da Companhia Editora Nacional. Nas Faculdades de Filosofia e 
em outras Faculdades, como a de Educação Física da Universidade do Brasil, surgem as 
cátedras de Psicologia, o que favorece o mercado editorial, pois o ensino de Psicologia não 
se restringe mais às Escolas Normais. 
A industrialização, a modernização, enfim, a Psicologia tout court
 O Governo Vargas impulsiona a industrialização com a criação de empresas estatais como a 
Companhia Siderúrgica Nacional (1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica 
Nacional de Motores (FNM, 1942), a Companhia Nacional de Álcalis (1943) e a Companhia 
Hidrelétrica do São Francisco (1945). Esse projeto de industrialização, denominado substituição 
de importações, será acelerado no Governo Juscelino Kubitscheck, durante os famosos “50 
anos em 5” cujo símbolo é a construção de Brasília. O Plano de Metas desse Governo implica 
uma urbanização crescente e forte desenvolvimento industrial, o que acentua a desigualdade 
entre os mundos rural e urbano. É importante ressaltar, contudo, que o desenvolvimento 
das telecomunicações, se fora iniciado experimentalmente com o rádio, nos anos 20, só foi 
desenvolvido de fato no Governo Vargas; a televisão, por sua vez, surge nos anos 50, mas só 
será expandida na ditadura militar dos anos 70. 
No campo do ensino, surgem os primeiros cursos de especialização em Psicologia. A principal 
instituição a oferecê-los é o Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo, sob a direção combativa 
Psychologia experimental 
A escola e a psychologia experimental
Educação moral e educação econômica
Temperamento e caráter sob o ponto 
de vista educativo
Educação e sociologia 
Como se ensina geografia 
Hereditariedade em face da educação 
A escola activa e os trabalhos manuaes 
A lei biogenética e a escola ativa 
Testes para a medida do 
desenvolvimento da inteligência nas 
crianças 
Introdução ao estudo da Escola Nova 
Vida e educação 
Piéron 
Claparède
Sampaio Dória
Geenen
Durkheim
Firmino de Proença
Domingues
Fonseca 
Ferriére
Binet e Simon
Lourenço Filho
Dewey 
1927
1928
1928
1928
1928
1928
1929
1929
1929
1929
1930
1930
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e eficaz de Madre Cristina (1916-1997). 
No Rio de Janeiro, o Instituto de Seleção e 
Orientação Profissional da Fundação Getúlio 
Vargas (ISOP/FGV), criado em 1947 sob 
a direção de Emilio Mira y López (1896-
1964), oferece inúmeros cursos de extensão. 
Mira y López é um divulgador constante 
da Psicologia, através de conferências e 
artigos em jornais diários (Rosas, 1997) e 
sua presença é, sem dúvida, relevante para 
os acontecimentos dos anos 1940 a 1960 na 
Psicologia brasileira. 
Aqui encontramos explicitamente a atuação 
profissional do psicólogo, chamado às vezes 
de psicotécnico ou de psicologista. Não mais 
subsumido sob o mando da educação, o 
profissional do final dos anos 40 em diante 
está no campo da seleção e da orientação 
profissional, como no ISOP (ou na Estrada de 
Ferro Sorocabana, em São Paulo, ou ainda 
no Banco da Lavoura, em Belo Horizonte), 
está nas escolas, principalmente nas 
experimentais, e começa a atuar na clínica, 
realizando psicodiagnóstico infanto-juventil, 
orientação de pais e mesmo orientação vital. 
Em todos esses campos, os testes psicológicos 
serão o instrumental privilegiado para a 
atuação do novo profissional. 
Perguntamo-nos, então: como aprende? 
Através dos cursos citados acima, através dos 
estágios, das leituras, dos grupos de estudos. 
É nesses, por exemplo, que as psicólogas 
do Centro de Orientação Juvenil, a mais 
importante clínica pública de atendimento 
à população infanto-juvenil durante os anos 
1940-1970, no Rio de Janeiro, deixam de se 
restringir ao psicodiagnóstico e se iniciam na 
psicoterapia de abordagem rogeriana ainda 
nos anos 50 (Jacó-Vilela, Oliveira, Espírito 
Santo, Carneiro, Messias, & Valente, 2007).
As primeiras associações de Psicologia, 
bem como os primeiros periódicos, são 
criados na década de 40: a Sociedade de 
Psicologia de São Paulo (hoje oficialmente 
Associação de Psicologia deSão Paulo) é 
fundada em 1945, e seu periódico, o Boletim 
de Psicologia, surge em setembro de 1949 
(Angelini, 2011). A Associação Brasileira de 
Psicotécnica (hoje Associação Brasileira de 
Psicologia Aplicada), criada, por sua vez, 
por técnicos e frequentadores das atividades 
do ISOP em setembro de 1949, lança, na 
mesma data, o primeiro número de seu 
periódico, Arquivos Brasileiros de Psicotécnica 
– nome alterado para Arquivos Brasileiros 
de Psicologia Aplicada e, finalmente, para 
Arquivos Brasileiros de Psicologia (Castro & 
Alcântara, 2011). É importante ressaltar que 
tanto essas associações quanto os periódicos 
continuam existindo até os dias de hoje.
Entramos, pois , em um período de 
institucionalização da Psicologia. Não por 
acaso, em 1953, a PUC-Rio cria seu Curso 
de Graduação em Psicologia (Feres-Carneiro, 
2011), seguida, no ano seguinte, pela PUC-RS 
(Scarparo, 2011). Está pronto o terreno para que, 
com cursos recém-criados e com profissionais que 
atuam no campo, que se intitulam psicólogos, 
se filiam a associações de Psicologia, escrevem 
para periódicos de Psicologia, surja o movimento 
para a regulamentação da profissão e dos cursos. 
Não é um processo fácil. Cheio de idas e 
vindas, tem como disparador o pré-projeto 
de currículo elaborado pela Associação 
Brasileira de Psicotécnica e publicado nos 
Arquivos Brasileiros de Psicotécnica em 
1954. Rechaçado pela cátedra de Psicologia 
da Faculdade Nacional de Filosofia da 
Universidade do Brasil, ocupada por Nilton 
Campos, bem como pela Sociedade Paulista 
de Psicologia, devemos reconhecer que 
propicia as discussões que levam ao projeto 
finalmente aprovado em 27 de agosto de 
1962 como Lei nº 4.119. 
Como se situa, então, o ensino de Psicologia? 
Continua muito parecido com o ensino 
anterior, só que agora os professores têm 
formação universitária (em áreas diversas, 
como Direito, Medicina, Teologia, Economia, 
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embora a maioria seja formada em Filosofia ou Educação) e são autodidatas em Psicologia. 
Entretanto, alguns fazem cursos de Psicologia, em nível de pós-graduação, no exterior. É o caso, 
por exemplo, de Annita de Castilho e Marcondes Cabral, de São Paulo (com Koffka no Smith 
College, e com Wertheimer na New School for Social Research, em 1942) e de Eliezer Schneider, 
do Rio de Janeiro (Yowa University, 1947). 
O ensino continua, pois, centrado na expertise do professor. Muitos deles, abnegadamente, traduzem 
textos estrangeiros para os alunos3. Quando estes têm condições, importam/compram livros, 
principalmente os publicados por editoras argentinas (notadamente a Paidós e a Kapelusz). Mas, aos 
poucos, o mercado editorial brasileiro, até então voltado para a Psicologia que interessava à educação, 
descobre os cursos de Psicologia. Nesse sentido, muito devemos a algumas editoras – como a Nacional, 
a Herder, a Pioneira, a Zahar – bem como a alguns professores, que se dedicaram a traduzir livros 
básicos, manuais que cobrissem a ampla gama de disciplinas que compunham/compõem a grade 
curricular do curso de Psicologia. Destes, damos destaque a dois: Dante Moreira Leite e Carolina 
Martuscelli Bori, pelo volume de traduções que realizaram. Não conseguimos obter uma lista precisa 
das traduções realizadas por esta última. Assim, colocamos abaixo somente as traduções realizadas 
por Leite nas décadas de 50 e 60.
Tabela 2. Traduções de manuais de psicologia por Dante Moreira Leite nas décadas de 50 e 60
Asch, S. E. (1960). Psicologia social (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Nacional (Obra 
original publicada em 1952).
Personalidade: manual para o seu estudo, organizado com leituras básicas de psicologia da 
personalidade. (1963). (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). Biblioteca Universitária; Série Ciências 
Sociais, nº 10). São Paulo: Nacional (Obra original publicada de um número de artigos em inglês).
Krech, D., & Crutchfield, R. S. (1963). Elementos de psicologia (D. M. Leite, Trad.). São Paulo: 
Pioneira.
Noll, V. H. (1963). Medidas educacionais (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Pioneira.
Anastasi, A. (1964). Testes psicológicos: teoria e aplicação (D. M. Leite, Trad., Coleção Ciências 
do Comportamento). São Paulo: Herder.
Allport, G. W. (1966). Personalidade (D. M. Leite, Trad.). São Paulo: Herder.
Mouly, G. J. (1966). Psicologia educacional (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Pioneira 
(Obra original publicada em 1963).
Selltiz, C. (1967). Métodos de pesquisa nas relações sociais (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). 
São Paulo: Herder.
Cartwright, D., & Zander, A. (Orgs.). (1967/1972). Dinâmica de grupo (Vols. 1-2, D. M. Leite & 
M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Herder.
Morse, W. C., Wingo, G. M. (Orgs.). (1968). Leituras em psicologia educacional (D. M. Leite, 
Trad., Atualidades Pedagógicas, nº 93). São Paulo: Nacional.
O’Dea, T. F. (1969). Sociologia da religião (D. M. Leite, Trad., Biblioteca Pioneira de Ciências 
Sociais). São Paulo: Pioneira.
Parsons, T. (1969). Sociedades: perspectivas evolutivas e comparativas (D. M. Leite, Trad.). São 
Paulo: Pioneira.
Krech, D. et al. (1969). O indivíduo na sociedade: um manual de psicologia social (D. M. Leite 
& M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Pioneira.
Fonte: Centro de Memória do Instituto de Psicologia da USP. Disponível em http://citrus.uspnet.usp.br/
centrodememoriaip/?q=node/326
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Ana Maria Jacó Vilela
PSICOLOGIA: 
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3 Esta foi minha 
experiência em 
minha graduação 
na UFMG no final 
dos anos de 1960 
e início dos anos 
de 1970. Neste 
sentido, este texto 
é também um 
tributo tardio à 
professora Natalia, 
de meu primeiro 
ano de Psicologia, 
que se desdobrava 
mimeografando 
traduções para nós. 
40
Esse foi, pois, um momento de absorção do 
conhecimento já existente, já produzido, de 
se assegurar do campo conhecido. Outras 
coleções e livros individuais aparecerão na 
década de 70.
O crescimento da publicação em Psicologia, 
e sua adoção nos cursos e no ensino, todavia, 
somente ocorrerá a partir de meados dos 
anos 80. Diversos fatores desencadearão esse 
processo: a pós-graduação que, iniciada em 
1964, na UnB, e logo abortada, se firma a 
partir de 1967 com o curso da PUC-Rio, o 
crescente número de cursos de graduação, 
a psicologização da sociedade brasileira a 
partir dos anos 70, como já foi analisado por 
diversos autores (ver, por exemplo, Figueira, 
1981; Duarte, 1986; Russo, 1993), que leva a 
um interesse cada vez maior pela Psicologia. 
Começa, então, um processo de reflexão 
sobre a necessidade de maior conhecimento 
da realidade brasileira e, em consequência, 
de produções e de ensino de Psicologia 
baseados nessa realidade.
 
Penso ser esse o momento em que ainda nos 
encontramos. Há, entretanto, uma produção 
multivariada que gera seu próprio efeito 
perverso: embora o estudante de Psicologia 
compreenda – e, aparentemente, aprove – a 
diversidade da Psicologia, o conhecimento 
sobre a disciplina é disperso, visto não haver 
mais a preocupação com um conteúdo 
mínimo do qual o psicólogo deva dar conta. 
Considerações finais
 
Como dito inicialmente, meu interesse 
primordial se situa na formação de psicólogos. 
Este texto, por sua vez, é um subproduto das 
diferentes pesquisas que tenho realizado 
nos últimos anos. É um olhar para trás, que 
reflete sobre como teria sido ensinar Psicologia 
quando a disciplina Psicologia não existia, não 
existiam livros, não existia curso, não existia 
o profissional psicólogo. É uma tentativa de 
não reduzir nossa história aos últimos 50 
anose procurar trazer à memória pessoas, 
livros, processos, dispositivos, enfim, tudo 
aquilo que tornou possível, em determinadas 
condições históricas, que pudéssemos agora, 
em 2012, comemorar uma data – escolhida 
dentre tantas outras possíveis – na história da 
Psicologia que se constrói no Brasil.
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Ana Maria Jacó Vilela
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Ana Maria Jacó Vilela
Doutora em Psicologia (USP), com Pós-doutorado em História e Historiografia da Psicologia na Universidade 
Autônoma de Barcelona. Professora associada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ.
E-mail: amjaco@uol.com.br
Endereço para envio de correspondência:
Rua Dona Mariana 72, apto. 508, Botafogo, Rio de Janeiro – RJ – Brasil. CEP: 22280-020
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História da Psicologia no Brasil: Uma Narrativa por Meio de seu Ensino 
Ana Maria Jacó Vilela
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 28-43

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