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CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA Professora Renata Lèbre La Rovere Tutor: Guilherme Santos Características das teorias evolucionárias Possuem clara conotação de processos de mudança de longo prazo e progressivos Tanto a teoria neo-schumpeteriana quanto a teoria institucionalista podem ser consideradas como evolucionárias Teoria neo-schumpeteriana se apropria dos conceitos de seleção (que vem de variedade), adaptação e herança (transmissão) Teoria institucionalista tem elementos evolucionários ao considerar cumulatividade, caráter não teleológico do processo de evolução da economia, inércia e instituições como unidades de seleção Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 2 Características das teorias evolucionárias Para uma análise heterodoxa da Economia, o recurso a ambas as teorias é necessário: O Sistema Nacional de Inovação e as trajetórias tecnológicas de crescimento de um país são condicionados por seu ambiente institucional Abandonar o pressuposto da racionalidade plena significa considerar incerteza, racionalidade limitada e comportamentos específicos que por sua vez estabelecem de maneira interativa novos ambientes de mutações tecnológicas e institucionais Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 3 Contribuições da teoria neoschumpeteriana Progresso técnico é central para o desenvolvimento, porém é difícil de ser analisado: Progresso técnico assume multiplicidade de formas e pode tanto aumentar produção da firma quanto qualidade do produto Inovações não são previstas e evolução econômica ocorre através de rupturas Cinco tipos possíveis: novos produtos; novos processos; novos mercados; novos insumos; novas formas de organização industrial Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 4 Contribuições da teoria neoschumpeteriana • Ortodoxos tentam responder às críticas a respeito de não se considerar o progresso técnico introduzindo modelos de crescimento endógeno • Nestes modelos o conhecimento é um tipo especial de bem público, pois é não-rival mas parcialmente excludente pois permite a produção de retornos privados • Porém ao preservar pressupostos de racionalidade e otimização, ortodoxos não dão conta de explicar mudanças, principalmente aquelas vindas do lado da oferta Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 5 Contribuições da teoria neoschumpeteriana As inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra, de tal maneira que primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob sua pressão. Não negamos a presença deste nexo. Entretanto, é o produtor que, igualmente, inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário; são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar (Schumpeter, Teoria do Desenvolvimento Econômico, 1982 [1934]). Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 6 Contribuições da teoria neoschumpeteriana Pressupostos da teoria neoclássica do progresso técnico: • Os agentes econômicos possuem racionalidade substantiva • Tanto os indivíduos quanto as firmas são maximizadores, e quando não são, agem como se assim o fizessem (as if) • Análise estática, buscando pontos de equilíbrio • Agentes econômicos agem atomisticamente • Bens disponíveis são homogêneos • O mercado é a principal instituição que aloca recursos • Tecnologia é bem público e disponível para todos os indivíduos e empresas Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 7 Contribuições da teoria neoschumpeteriana Teoria evolucionária neo-schumpeteriana tem como pressupostos: • Os agentes têm racionalidade limitada • Análise dinâmica que considera dependência da trajetória • Concorrência se dá via qualidade, não apenas via preços • Considera interações dos agentes econômicos, em oposição ao pressuposto de atomicidade dos agentes dos neoclássicos • Transmissão de conhecimento e técnicas entre firmas e indivíduos se realiza através de interações • Mercado não é responsável por alocação perfeita de recursos, e sim é lugar de seleção e de variedade • Tecnologia não é bem público Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 8 Contribuições da teoria neoschumpeteriana Teoria neo-schumpeteriana considera que empresas são diferentes entre si. Elementos de diferenciação: Conhecimento que a firma acumula Capacidade de absorção do conhecimento Repositório de conhecimento (rotinas) Rotinas são resultado de processos de busca de melhores soluções para organização atividades das empresas Inovações ocorrem quando rotinas apresentam anomalias ou enigmas Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 9 Contribuições da teoria neoschumpeteriana A tecnologia para os neoschumpeterianos tem três características fundamentais: Não se restringe a projetos bem definidos, englobando soluções de problemas baseadas em conhecimento tácito e codificado Os paradigmas possuem formas específicas de como fazer as coisas e de como melhorá-las Os paradigmas definem os modelos básicos da produção industrial e o sistema de produção Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 10 Contribuições da teoria neoschumpeteriana O conjunto de soluções para os problemas tecnológicos das empresas, que envolvem novas demandas e materiais a serem utilizados, é denominado de paradigma tecnológico Cada paradigma envolve trajetórias tecnológicas relacionadas às características dos produtos e dos processos Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 11 Contribuições da institucionalista Pressupostos principais: • Rejeição do atomismo e do reducionismo na análise econômica • Homo institutionalis é guiado por hábitos e rotinas e de vez em quando se guia por ímpeto criativo e introduz novidades • Preferências dos agentes não são dadas e sim moldadas por cultura • Instituições são o foco da análise (e não indivíduos ou firmas) • Sistema econômico é dependente da trajetória histórica Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 12 Contribuições da institucionalista Pressupostos principais: • Tecnologia é endógena e força motriz do desenvolvimento • Considera relações de poder e conflitos entre indivíduos e instituições • Foco no arranjo institucional para análise do bem-estar social • Crenças dos indivíduos se alteram, depois se tornam hábitos, depois, instituições => visão de baixo para cima, diferente da visão da Nova Economia Institucional (que é de cima para baixo) Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 13 Aproximação entre as duas teorias Duas escolas compartilham a premissa central de que as ações e interações humanas devem ser entendidas como o compartilhamento de hábitos e de pensamentos Ambas as escolas rejeitam o conceito de maximização e a ideia de “as if” Ambas têm interesse em entender os determinantes da performance econômica e como ela se difere entre diferentes países e ao longo do tempo Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 14 Aproximação entre as duas teorias São as instituições que dão forma ao crescimento do conhecimento científico, tecnológico e social Instituições também envolvem modos de governança (formas de organizar as atividades dentro de uma firma e entre firmas e demais agentes) Nexosteóricos entre mudanças tecnológicas e mudanças institucionais precisam ser mais trabalhados Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 15 Aproximação entre as duas teorias Neo-schumpeterianos focam mais na firma e nos processos competitivos, enquanto institucionalistas focam mais nos processos decisórios relacionados a instituições Institucionalistas têm pouco a dizer sobre mudanças dentro de organizações Neo-schumpeterianos têm pouco a dizer sobre cultura da sociedade As teorias são complementares e formam o programa de pesquisa heterodoxo Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 16 Aproximação entre as duas teorias Neo-schumpeterianos focam mais na firma e nos processos competitivos, enquanto institucionalistas focam mais nos processos decisórios relacionados a instituições Institucionalistas têm pouco a dizer sobre mudanças dentro de organizações Neo-schumpeterianos têm pouco a dizer sobre cultura da sociedade As teorias são complementares e formam o programa de pesquisa heterodoxo Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 17 Alguns Exemplos de Estudos Neo-schumpeterianos e institucionalistas Neoschumpeterianos: • Sistemas de Inovação • Sistemas/Arranjos Produtivos Locais • Estudos sobre empreendedorismo • Estudos sobre patentes e direitos de propriedade intelectual Institucionalistas: • Estudos sobre papel do Estado • Estudos sobre capacidades estatais • Estudos sobre mecanismos de transparência governamental • Estudos sobre convenções internacionais e suas implicações (ex. acordos sobre mudanças climáticas) Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 18
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