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João Francisco Sarno Carvalho

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III Semana de Ciência Política 
Universidade Federal de São Carlos 
27 a 29 de abril de 2015 
 
 
 
 POLÍTICAS PÚBLICAS PRISIONAIS: A APAC DE POUSO 
ALEGRE E A SOCIEDADE 
 
 
João Francisco Sarno Carvalho1 
 
RESUMO 
O presente trabalho expõe os desdobramentos dos estudos realizados no GEPE Ciências 
Sociais e Desenvolvimento da Universidade Federal de Itajubá. Aborda-se a relação entre 
as políticas públicas prisionais e a sociedade pela ótica do trabalho de ressocialização 
realizado pela Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) em sua 
unidade na cidade de Pouso Alegre, MG. Objetiva-se neste trabalho compreender a 
percepção da sociedade perante o trabalho de ressocialização de condenados realizado 
pela associação. Para atingir esta proposta, realizou-se uma observação direta em uma 
atividade interna da associação que compõe a metodologia de ressocialização. Este 
movimento se deu com a intenção de obter contato com condenados, funcionários e 
voluntários a fim de se observar e relatar a percepção de todos perante o trabalho de 
ressocialização de detentos. Como resultados, apurou-se que os membros da sociedade, 
independentemente da posição na qual ocupam na associação valorizam o trabalho e o 
diferenciam da metodologia aplicada em presídios administrados unicamente pelo poder 
público. Conclui-se que o trabalho de ressocialização realizado pela associação é 
importante para a disseminação de políticas públicas prisionais que se diferenciem dos 
atuais modelos existentes no Brasil, auxiliando no desenvolvimento do país para além da 
vertente econômica, destacando o social. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Políticas Públicas. Sociedade. Desenvolvimento. 
 
ABSTRACT 
This paper is a record of an essay of master's degree in preparation for the postgraduate 
program of Development, Tecnologies and Society of the Itajuba Federal University. Is 
approached in the management of public policies of penitentiary by the view of the work 
 
1 Universidade Federal de Itajubá, jfsarcar@gmail.com. Mestrando em Desenvolvimento, Tecnologias e 
Sociedade (PPG DTecS). 
 
 
 
performed by the Protection Association and Assistance to Convicts (as known as 
APAC). Driven by the new social arragements and seeking to solve the issues that the 
economic development did not solved, it suggest the need to think in a new concept of 
development, which allows the community participation through Social Management. 
Exhibits, using data obtained from documentary research, the overview of the brazilian 
penitentiary system and it is done on a focus on APAC. We discuss with institutional data 
outcomes in data collection unit, the work done in APAC in Pouso Alegre – MG. It 
concludes through reflection of the need to think about public policy beyond the prison, 
seeking to meet the social demands, which are an obstacle to the development of Brazil 
in economic, social, political and environmental aspects. 
Key-words: Public Policies. Development. Public Administration. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A problemática da violência no Brasil demonstrada por (Da Costa e Pimenta, 
2006, 10-11) nos faz refletir sobre a formação do Estado Brasileiro, que conviveu com 
episódios de violência desde a chegada dos Portugueses, passando pelas revoltas 
abolicionistas e lutas pela independência e posteriormente pela imposição da ditadura 
militar e a redemocratização do país. Todo esse trajeto de violência rural, criminal e 
urbana reverberam em problemas para o sistema carcerário brasileiro. Em 2014, o 
Ministério da Justiça registrou para o país a marca de 711.463 presos em todo o território 
nacional (Montenegro, 2014) dado que posicionou o Brasil com a 3ª maior população 
carcerária do mundo, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos da América. 
Além desse número, que evidencia a grande quantidade de presos, o país também precisa 
lidar com a situação da violência criminal que cresce e registra 206.005 mil vítimas de 
homicídio entre os anos de 2008 e 2011 e tem-se também cerca de 2.347.048 brasileiros 
mortos em razão da chamada causa violenta – que inclui homicídio, suicídio e acidentes 
de transporte (Weiselfisz, 2014, 26). Diante da situação exposta, faz-se necessário 
visualizar as situações da violência e do sistema carcerário nacional, como problemas 
relacionados, já que a falta de políticas públicas nas diversas áreas do social, da educação, 
do emprego, do combate ao tráfico de drogas, de armas, de pessoas e das políticas 
 
 
 
públicas econômicas refletem no alto índice de criminalidade e de violência. Contudo, o 
presente trabalho delimita o seu enfoque a partir de uma Política Pública Prisional 
representada pelo trabalho de ressocialização de detentos realizado pela Associação de 
Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) da cidade de Pouso Alegre, MG. 
 Trata-se do desdobramento dos estudos realizados no GEPE Ciências Sociais e 
Desenvolvimento da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) com um recorte de uma 
dissertação de mestrado em elaboração pelo programa de pós graduação em 
Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade. Justifica-se esta discussão, tendo em vista 
que a gestão de políticas públicas prisionais, pela iniciativa privada, pode servir de 
reflexão para o sistema prisional brasileiro objetivo de se novas políticas públicas 
prisionais geridas ou pelo governo ou pela iniciativa privada. 
 Realizou-se a pesquisa baseando-se em duas orientações metodológicas: em um 
primeiro momento houve uma imersão entre os dias 21 e 24 de agosto de 2014 em uma 
atividade de ressocialização – chamada Jornada de Libertação com Cristo - realizada pela 
associação com diversos condenados. Para este movimento, realizou-se uma observação 
direta de orientação antropológica e munido com caderno de campo e máquina fotográfica 
baseando-se nos conceitos abordados por (Bourdieu, 1997, 695) em sua obra 
Compreender, sobretudo quando se aborda uma pesquisa com atores em situação 
problemática, como os condenados. Diante do exposto, (Bourdieu, 1997, 695) chama a 
atenção para que se evite a violência simbólica entre pesquisador e pesquisado com a 
intensão de se evitar inconsistências e ações que atrapalhem a percepção sobre o objeto a 
ser estudado. Já em um segundo momento, realizou-se um aporte teórico feito a partir da 
revisão de literatura realizada no trabalho, com o bojo de sustentação circunscrito a partir 
das discussões de: Desenvolvimento, Estado e Políticas Públicas, Sistema Carcerário 
Brasileiro e Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC). Essas 
discussões são oriundas de pesquisa em repositórios eletrônicos como Google 
Acadêmico, Scielo, dissertações, teses e livros. 
 
 
 
 Questiona-se qual a percepção dos atores sociais envolvidos com a APAC sobre 
o caráter do trabalho de ressocialização da associação: há uma percepção de que o 
trabalho é público ou privado? Tem-se como objetivo, demonstrar o trabalho realizado 
pela APAC de Pouso Alegre, relatar a percepção quanto à natureza dos atores envolvidos 
no trabalho e evidenciar o seu caráter público, mesmo que seja gerido pela iniciativa 
privada. Dentro deste objetivo, espera-se tensionar a discussão que pretende fomentar o 
incentivo a elaboração de políticas públicas no Brasil, buscando sustentar o 
desenvolvimento do país sob as óticas que transcendem o crescimento econômico. 
 
O DESENVOLVIMENTO E SUAS NOVAS PERSPECTIVAS 
 Na contemporaneidade a discussão acerca do desenvolvimento vinculado ao 
crescimento econômico começa a perder o enfoque e surge à tona uma corrente que 
discute o desenvolvimento na multidisciplinaridade. Nessa lógica (Pimenta,2014, 44-66) 
mostra que pelas atuais condições da sociedade, faz-se necessário pensar em um 
desenvolvimento no plural, com um conceito que transcenda as tendências tradicionais, 
sobretudo as vinculadas ao progresso econômico e se pense em um desenvolvimento que 
caminhe com as interfaces da sociedade capitalista e tecnológica na atualidade. Esse 
movimento também é reforçado pelo fato de o desenvolvimento econômico não conseguir 
solucionar as diversas problemáticas sociais e ambientais geradas pelo capitalismo3. 
 Diante desta nova perspectiva, se faz pertinente utilizar o pensamento de (Sen, 
2000, 28): 
Uma concepção adequada do desenvolvimento deve ir muito além da 
acumulação de riqueza e do crescimento do Produto Nacional Bruto e de outras 
variáveis relacionadas à renda. Sem desconsiderar a importância do 
crescimento econômico, precisamos enxergar muito além dele. (Sen, 2000, 28) 
 
3 No contexto capitalista, as obras “O Manifesto Comunista” e “O Capital” de Marx e Engels tecem críticas 
ao modelo de sociedade estruturada através das influências do capitalismo e seu modo de produção. 
 
 
 
Deste modo, cabe a reflexão acerca do que precisamos enxergar além do 
desenvolvimento econômico, para a pluralização do desenvolvimento em suas égides 
econômicas, sociais, locais e ambientais. 
Neste caso, fica pertinente pensar no desenvolvimento social que pode ser gerado 
pela implementação de uma política pública eficaz. 
Contudo, é necessário o entendimento de que para se chegar ao desenvolvimento 
social “necessitamos de um Estado e uma sociedade que sejam amplos no fortalecimento 
e na proteção das capacidades humanas” (SEN, 2000, 77). 
No que tange a sociedade, esta participação pode-se dar a partir da Gestão Social, 
que será abordada posteriormente. Mas cabe ressalva, ao pensamento de que 
Uma abordagem adequada ao desenvolvimento não pode realmente 
concentrar-se tanto apenas nos detentores do poder. É preciso mais 
abrangência, e a necessidade de participação popular não é uma bobagem 
farisaica. A ideia de desenvolvimento não pode, com efeito, ser dissociada 
desta participação (SEN, 2000, 317). 
Neste caso, a participação popular pode ser exercida através do trabalho de 
associações, ONGs (Organização Não Governamental) e outras instituições. Já o Estado 
pode proporcionar aportes ao desenvolvimento a partir do Governo, da Administração 
Pública e do incentivo às políticas públicas. 
 
O ESTADO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS 
 A definição de Estado transcende as ciências, fazendo-se interdisciplinar. Na 
visão Weberiana o “Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o 
monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território” (WEBER, 
2003, 19). Mas para exercer o seu monopólio legítimo da força dentro de um determinado 
território, o Estado necessita de instrumentos que o façam governar com propriedade 
exercendo o controle sobre a sociedade e o território. Na visão jurídica de Maluf (2010, 
22) cabe ao Estado a execução da soberania nacional, e para a execução desta soberania, 
o Estado necessita de seus instrumentos de governabilidade, a partir do governo e da 
gestão pública. 
 
 
 
 Entre diversos instrumentos de governabilidade, o que destaca-se aqui são as 
políticas públicas que para (Souza, 2006, 26) são nada mais do que o governo em ação. 
 No Brasil, as políticas públicas ganharam maior visibilidade a partir de uma 
reforma de Estado executada no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Esse 
movimento ocorreu pela necessidade de se obter uma administração pública gerencial que 
redefina as funções do Estado inerentes as novas necessidades criadas pelo capitalismo e 
pela globalização (Pereira e Spink, 1998, 21). 
 Neste panorama de um “novo Estado” deve-se ter como objetivo não mais o 
controle rígido e a detenção dos contratos sociais, mas sim a instrumentalização da 
criação e da organização de políticas públicas nas áreas social, científica e tecnológica 
(Pereira e Spink, 1998, 242). 
 Dentro deste cenário, as políticas públicas, em geral, assumem o conceito de que 
o todo é mais importante que o indivíduo e a soma das partes mesmo que existam 
diferenças inerentes a importância desses fatores (SOUZA, 2006). Embora sejam 
importantes instrumentos de governabilidade, as políticas públicas ainda são recentes 
como objetos de Estudo e por isso causam divergência na discussão de seu conceito e de 
suas aplicações. (Lima, 2012, 50) abordou que as políticas públicas na atualidade são 
objeto de estudo de diversas áreas do conhecimento, desvinculando-as apenas das 
ciências políticas, onde os estudos delas nasceram. Diante esse cenário de maior busca do 
conhecimento no tema, atualmente uma das divisões das políticas públicas as nomeiam 
em estatistas e multicêntricas. Sendo a primeira, aquela que “considera as políticas 
públicas, analiticamente, monopólio de atores estatais. Segundo essa concepção, o que 
determina se uma política é ou não “pública”, é a personalidade jurídica do ator 
protagonista” (SECCHI, 2013, 2). Já a segunda – alvo de nosso interesse – aquela que 
desconsidera a natureza jurídica de quem formula a política pública e se preocupa apenas 
no problema a ser enfrentado. Se este for público, a política é pública (SECCHI, 2013, 
3). Para demonstrar se a política é pública ou não (Secchi, 2013, 4) argumenta que para 
notar-se um problema público, este deve afetar uma quantidade ou qualidade notável de 
 
 
 
pessoas, fato que faz o problema do sistema carcerário brasileiro público, ao atingir às 
pessoas reclusas, suas famílias e à sociedade em geral. Já (Pimenta e Alves, 2006, 10-11) 
demonstram que as políticas públicas têm sua importância para o desenvolvimento da 
sociedade e que embora, algumas vezes, geridas pela iniciativa privada, elas têm o seu 
caráter público, como no caso do trabalho de ressocialização e de gestão de penitenciárias 
realizado pela Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) que atua 
no sistema carcerário nacional desde os anos 70 (Ottoboni, 2001, 10). 
 
SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO – PANORAMA GERAL E A 
ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA AOS CONDENADOS (APAC) 
 A discussão acerca dos problemas do sistema carcerário brasileira é antiga. A 
primeira prisão instalada no país é mencionada na Carta Régia de 1769 e foi denominada 
Casa de Correção, no Rio de Janeiro (Silva Matos, 1885, 12). Desde então, há registrado 
a existência de superlotação e de maus tratos (Fazenda, 1921, 22). 
 Contudo, a discussão acerca da possibilidade de melhorias nas prisões já era 
realizada neste período. (Trindade, 2012, 16) em seu estudo evidenciou que a partir da 
Lei de 23 de Maio de 1821 – assinada por Dom Pedro I -, era proibida a manutenção dos 
presos em masmorras e era vedado o tormento aos mesmos. 
 No século XX, os problemas do sistema carcerário brasileiro persistem e são 
evidenciados por diversas obras acadêmicas e de ficção. Destaca-se o livro “Estação 
Carandiru” de (Varella, 1999, 5), que se torna filme e realiza um recorte elaborado a partir 
das narrações do médico sobre as condições de trabalho, a estrutura e as relações humanas 
no presídio. No enredo, relata-se maus tratos, superlotação, falta de higiene, fugas e 
relações de poder entre os presos, evidenciando a falta de uma administração eficiente. 
 
 
 
O presídio ganhou fama em 1992, quando ocorreu um massacre que culminou na morte 
de 111 detentos4. 
Refletindo acerca das abordagens citadas anteriormente, conclui-se que a 
problemática do sistema carcerário brasileiro é histórica e recorrente. Deste modo, 
atualmente o Ministério da Justiçae a Câmara dos Deputados, realizam trabalhos na 
tentativa de evidenciar o atual panorama do sistema para poder providenciar soluções. 
Em 2008, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário 
Brasileiro, evidenciou com números e relatos os problemas da gestão penitenciária no 
Brasil. Já em 2014, o Conselho Nacional de Justiça apontou o Brasil com uma população 
carcerária de 711.463 presos para apenas 357.219 vagas em todo o país5. 
Grosso modo, na contra mão do sistema carcerário nacional, a Associação de 
Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) foi idealizada e estruturada por Mário 
Ottoboni e uma equipe de voluntários em 1972 na cidade de São José dos Campos, São 
Paulo. Consiste em uma entidade civil de direito privado, com personalidade jurídica 
própria, dedicada à recuperação e reintegração social dos indivíduos condenados a penas 
privativas de liberdade. Amparada pela Constituição Federal para atuar nos presídios, 
possui estatuto resguardado pelo Código Civil e pela Lei de Execução Penal. Tem como 
finalidade de promover a humanização das prisões, sem perder de vista a finalidade 
punitiva da pena. Seu propósito é evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas 
para o condenado6 se recuperar. 
A APAC se sustenta em uma metodologia composta por 12 elementos 
(OTTOBONI, 2001, 31-98): 
 
4 Embora não sejam obras acadêmicas, a obra de Varella acima auxilia na compreensão do Massacre do 
Carandiru e dá uma visão pertinente sobre as más condições do maior presídio do Brasil, relato por histórias 
de pessoas que trabalharam ou estavam ali presas, com a descrição de violência, corrupção, abusos e a má 
gestão. 
5 Dados obtidos do “Novo Diagnóstico de Pessoas Presas no Brasil”. Acesso em julho de 2014. Site: 
http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/diagnostico_de_pessoas_presas_correcao.pdf. 
6 O condenado no sistema APAC é chamado de Recuperando. A partir daqui utilizarei esta denominação. 
 
 
 
 
I. Participação da comunidade: a Lei de Execução penal em seu artigo 4° 
dispõe que o “Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas 
atividades de Execução da Pena e da medida de segurança”. (LEP, 1984, art. 
4°) Nesse sentido a APAC só consegue atuar com a participação da 
comunidade a partir do voluntariado e dos funcionários na busca da 
implementação e da consolidação das propostas apresentadas pela 
metodologia da associação; 
II. Recuperando ajudando o recuperando: No convívio em sociedade é 
necessário relacionar-se com o próximo e é neste sentido que o recuperando 
é convidado a refletir para a ajuda mútua. Nessa parte da metodologia está 
inserido o Conselho de Sinceridade e Solidariedade (CSS) que é o órgão 
auxiliar de administração da APAC, mas que não tem poder de decisão. O 
CSS é responsável por auxiliar no desenvolvimento das atividades e também 
busca representar os recuperandos perante a direção para a solução de 
problemas e proposição de ideias; 
III. Trabalho: O trabalho dentro do presídio é permitido pela Lei de Execução 
Penal, tem a finalidade educativa e produtiva e é abordado nos seus artigos 
28, 29 e 30. Na APAC ele é dividido entre os regimes fechado, semiaberto e 
aberto. No regime fechado o foco é na recuperação, no regime semiaberto, o 
foco é na profissionalização e no regime aberto o foco é a inserção social; 
IV. Religião: Nesta abordagem do método APAC a religião é explorada pela 
importância do recuperando explorar a existência de Deus, sem imposição 
de credo atendendo o artigo 24 da LEP; 
V. Assistência jurídica: Também atendendo ao cumprimento da LEP, a APAC 
oferece assistência jurídica aos recuperandos, de maneira que eles sejam 
informados sobres seus direitos e deveres e tenham consciência de seus 
processos jurídicos. Contudo, a entidade não se torna um escritório de 
 
 
 
advocacia, mas sim uma entidade com apoio jurídico aos recuperandos, 
sobretudo os mais pobres; 
VI. Assistência à saúde: Ao estarem no ambiente da APAC os recuperandos tem 
total assistência odontológica, médica, psicológica e outras visando a 
melhoria na qualidade de vida e a restauração da dignidade humana; 
VII. Valorização humana: Ao ingressar na APAC o preso se torna recuperando, 
sua denominação é mudada, ele também é chamado pelo nome e há o 
interesse em saber sobre sua história de vida, seus anseios, seus sonhos, suas 
angústias a fim de se conhecer o homem e trabalhar para a formação de um 
novo cidadão; 
VIII. A família: Considerada como elo de formação humana é valorizada no 
método APAC, onde o recuperando não perde os laços afetivos podendo 
encontrar com seus familiares nas datas especiais como Dia das Mães, Dia 
dos Pais, Natal, Dia das Crianças onde a APAC recebe os familiares para que 
seja estabelecido o contato com o recuperando. Além disso, pode-se também 
escrever cartas e efetuar uma ligação por dia por recuperando para a família. 
As visitas íntimas com familiares também são permitidas desde que sejam 
marcadas com antecedência para que não aconteçam inconvenientes 
relacionados à imoralidade, promiscuidade e outros. 
IX. O serviço voluntário: Na formação voluntária, a APAC se relaciona com o 
trabalho e o serviço ao próximo, mas para que o trabalho do voluntário seja 
eficiente, há um treinamento de formação de voluntários que dura cerca de 
42h e esclarece toda a metodologia APAC e os modos de se trabalhar. Já os 
funcionários da Administração da APAC não são voluntários e exercem 
atividade remunerada formalizada por lei; 
X. Centro de Reintegração Social (CSR): O CSR consiste no estabelecimento 
prisional e oferece possibilidade de recuperação do ser humano com uma 
estrutura que possibilite à formação profissional, educacional e outras. A 
 
 
 
LEP em seus artigos 91 e 92 permite que o condenado em regime semiaberto 
possa cumprir a sua pena em colônia agrícola, industrial ou similar visando 
o trabalho e a profissionalização; 
XI. Mérito: O mérito consiste no conjunto de todas as tarefas exercidas pelo 
recuperando, bem como as advertências, as eventuais saídas, os elogios e 
outros eventos que constam no registro de cada recuperando. Todas essas 
ações são registradas para que seja traçado um referencial de cada 
recuperando e que será consultado quando houver possibilidade de 
progressão de regime ou até mesmo concessão de liberdade. 
XII. Jornada de libertação com Cristo: Inspirada no Movimento de Cursilho de 
Cristandade7 da Igreja Católica, a jornada é uma adaptação do Movimento 
de Cursilho para os recuperandos, e se assemelha na realização de um 
encontro com duração de quatro dias e com o conteúdo formado por 
palestras, grupos de oração e debates levando o recuperando a realizar uma 
reflexão religiosa, social e humana. A Jornada é dividida em dois momentos: 
no primeiro o enfoque é em demonstrar aos “jornadeiros” quem foi Jesus 
Cristo a partir de seus valores e sua história. Em um segundo momento, 
incentiva o recuperando a refletir sobre a sua própria vida, seus erros, sua 
família e suas relações pessoais. 
 
Atualmente, a metodologia da APAC está distribuída por 17 estados brasileiros, 
com 147 APACs juridicamente formadas. Contudo, desse total, apenas 40 estão em 
funcionamento atendendo cerca de 2.500 recuperandos em todo o Brasil8. Há também a 
expansão do método em outros países: Antigua e Barbuda, Austrália, Belarus, Bulgária, 
 
7Consiste em um curso de peregrinação que foi criado por jovens católicos e teve início na Espanha nas 
décadas de 1930 e 1940. Posteriormente foi difundido em outros países, inclusive o Brasil. Acesso em abril 
de 2014. Site: http://www.cursilho.org.br/historia.php.8Texto extraído de informações do endereço eletrônico da Diretoria de Políticas de APAC e Co Gestão. 
Acesso em abril de 2014. 
<http://www.dac.mg.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=47&Itemid=55>. 
 
 
 
Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Equador, Kirzquistão, Lativia, 
Lituânia, México, Moldova, Nigéria, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Rússia, 
Senegal, Uganda, Ucrânia, Uruguai e Zimbábue9. 
 
A APAC DE POUSO ALEGRE, MINAS GERAIS 
 
Em Minas Gerais, a APAC foi instaurada a partir da lei nº 15.299 de 9 de agosto 
de 2004 que acrescentou o inciso VIII a lei nº 11. 404 de 25 de Janeiro de 1994 que rege 
sobre as normas de execução penal no Estado. A partir de então, é autorizado o convênio 
entre as entidades de direito privado sem fins lucrativos para a administração de unidades 
prisionais destinadas ao cumprimento de pena privativa de liberdade. Atualmente são 33 
unidades da APAC em funcionamento pelo Estado e outras 70 estão em processo de 
formação e implantação10. 
Entre as APACs em atuação no estado de Minas Gerais, a que servirá como objeto de 
estudo deste trabalho está inserida na cidade de Pouso Alegre, sul de Minas Gerais e 
atende toda sua comarca11. Com uma população de 140.223 habitantes, a cidade é a 
segunda mais populosa da mesorregião do Sul e Sudoeste de Minas. Destaca-se também 
o seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,774 considerado alto. E em sua 
economia o setor de serviços e a indústria ganham destaque pela grande diversidade, fator 
 
9 Informações obtidas na cartilha: Oliveira, Luiza Andrade de Medeiros Moreira. 2012. Um novo olhar 
além dos muros: o potencial da gestão no fortalecimento das APACs de Minas Gerais. Acesso em: agosto 
de 2014. Disponível em: <http://www.avsi.org/wp-content/uploads/2012/07/HR_Livro_Al%C3%A9m-
dos-Muro_pt.pdf>. 
10Informações extraídas do site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, sessão Novos Rumos – APAC. 
Acesso em: abril de 2014. Site: <http://www.tjmg.jus.br/portal/acoes-e-programas/programa-novos-
rumos/apac/>. 
11A Comarca de Pouso Alegre abrange as cidades de Congonhal, Estiva, Senador José Bento e os distritos 
de Pântano das Rosas e São José do Pântano. Fonte: Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Acesso em abril 
de 2014 <http://ftp.tjmg.jus.br/info/pdf/index.jsp?uri=/servicos/gj/guia/docs/comarcas.pdf>. 
 
 
 
que faz a cidade ter o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) da região com o valor 
de R$ 3, 408 bilhões12. 
Segundo dados institucionais, a APAC foi fundada na comarca de Pouso Alegre 
no ano de 2003. Entre 2004 a 2007, a instituição cooperou com a Polícia Civil auxiliando-
a na administração da casa do albergado. E já em 2008 iniciou a suas atividades como 
APAC, com gestão própria, e sem intervenção da polícia. A APAC-PA vem exercendo 
suas atividades em parceria com a Vara de Execuções Penais da Comarca de Pouso 
Alegre e pela Lei Municipal nº 4.262/2004 foi declarada de utilidade pública municipal. 
Atualmente, a APAC-PA conta com colaboradores e voluntários trabalhando em sua sede 
denominada: Centro de Reintegração Social (CSR) Dr. Mário Ottoboni, que está inserida 
em um imóvel rural em Pouso Alegre às margens da rodovia MG 290 (APAC, 2013, 2). 
Toda esta estrutura abriga, atualmente, 176 recuperandos, sendo 102 no regime 
fechado, 53 no regime semiaberto e 21 no regime aberto de condenação. Para a formação 
profissional destes recuperandos, existem oficinas profissionalizantes em diversas áreas: 
Sítio Escola (Agricultura), Serralheria, Cozinha, Funilaria e Pintura, Padaria e 
Confeitaria, Marcenaria e Torrefação de Café. Além de oficinas profissionalizantes, a 
estrutura também conta com escola regular, atendimento médico e psicológico e oficina 
de laborterapia para a elaboração de artesanatos diversos (APAC, 2013, 5). Algumas 
figuras abaixo ilustram a unidade de Pouso Alegre (MG): 
 
 
12Texto elaborado com dados extraídos da ferramenta Cidades do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE). Acesso em março de 2014. Site: 
http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=315250. 
 
 
 
 
Figura I – Sala de Laborterapia, onde é realizado o trabalho de artesanato de mosaicos no 
Regime Fechado da APAC de Pouso Alegre (MG). Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
 
 
Figura II – Placa demonstrando a parceria entre a Usiminas Automotiva e a APAC na unidade de 
Pouso Alegre (MG). Fonte: arquivo próprio. 
 
 
Figura III – Vista aérea da unidade da APAC em Pouso Alegre (MG). Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
 
 
Figura IV – Cela da APAC em Pouso Alegre (MG). Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
 
 
Figura V – Cela da APAC em Pouso Alegre (MG). Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
A JORNADA DE LIBERTAÇÃO COM CRISTO: VIVENCIANDO UM DOS 
PILARES DO MÉTODO DE RESSOCIALIZAÇÃO 
 
 Durante os dias 21 e 24 de Agosto de 2014 aconteceu na APAC de Pouso Alegre 
a II Jornada de Libertação com Cristo com o tema “Vinde a mim, todos os que estais 
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” que contou com a participação de 90 (noventa) 
recuperandos do sexo masculino, membros da Fraternidade Brasileira de Assistência aos 
Condenados (FBAC), juiz da vara de execução penal da comarca de Pouso Alegre, 
voluntários e funcionários da associação. Participamos do evento realizando a nossa 
pesquisa e como voluntários no cargo de “dirigente” que tem como tarefa acolher os 
recuperandos após as palestras e incentivar o debate destes em função dos temas 
apresentados nas falas. Nosso trabalho foi realizado durante todos os dias de evento e 
após todas as palestras. Para deixar o comando do debate mais simples, a organização da 
APAC nos entregou todas as perguntas a serem feitas para os recuperandos para o 
estímulo ao debate. 
 Com o suporte de uma máquina fotográfica e um caderno de campo, realizamos 
durante os quatro dias de jornada uma observação de natureza antropológica, buscando 
captar a compreensão da natureza do trabalho da APAC na visão de todos os atores 
envolvidos com a instituição. Nos acomodamos no alojamento destinado para os 
recuperandos do regime aberto – aqueles que trabalham fora do estabelecimento prisional 
e retornam para dormir – lá foram destinados beliches e chuveiro para todos os 
voluntários que trabalharam na jornada. A Jornada funciona inspirada no Movimento de 
Cursilhos de Cristandade, da Igreja Católica Apostólica Romana. Consiste em um evento 
de reflexão espiritual e moral, contudo, para a adaptação na penitenciária, há a inclusão 
de falas de representantes de outras religiões, de representantes do poder legislativo e de 
 
 
 
voluntários. Cabe à jornada proporcionar uma reflexão de vida com inspiração religiosa 
para todos os membros que participam. 
 Algumas observações chamaram a atenção, como a grande quantidade de 
condenados pretos e pardos e com aparência jovem, que coincidem com o perfil da 
população carcerária mineira que possui 55% do total de presos com menos de 29 anos 
de idade (Andrade, 2014, 35). O alto índice de pretos e pardos reflete a realidade da 
população carcerária brasileira que possui cerca de 57,21% dos presos declarados pretos 
e pardos (Cnj, 2013, 1). 
 Na execução das tarefas da Jornada, podemos notar a fala dos recuperandos, em 
diversos momentos, evidenciando que a APAC é muito diferente do modelo de 
penitenciária gerido única e exclusivamente pelo Estado. Por diversas vezes, os 
recuperando enaltecem o trabalho realizado pela APAC em comparação com os trabalhos 
realizados pelos presídios chamados “comuns” onde eles já tiveram passagem.Contudo, não se notou, em nenhum momento, a lembrança de que a APAC é um 
modelo de gestão de penitenciária que tem o apoio do Estado por meio dos poderes 
legislativos, executivos e judiciários. Essa percepção também não é vista pelo membro 
do poder legislativo, que teceu uma palestra para os recuperandos e só diferenciou o 
método APAC dos presídios geridos pelo Estado, demonstrando que a APAC tem um 
leque maior de oportunidades para o condenado se ressocializar e retornar para o convívio 
em sociedade: 
“A APAC tem mais a oferecer do que o sistema prisional comum...” - Juiz da vara 
de execução penal 
 Há sempre a diferenciação entre os métodos adotados pela APAC e pelos 
presídios geridos pelo Estado, e de maneira geral, sempre deprecia-se o modelo de 
penitenciária gerido pelo Estado, destaca-se a fala de um dos recuperandos sobre estar 
recluso em uma penitenciária APAC: 
 “Aqui estamos no céu, mais que no paraíso...” - Recuperando 
 
 
 
 A fala do recuperando mostra admiração e até mesmo paixão pela APAC. De um 
modo geral, o sentimento dos recuperandos é de valorização para o trabalho realizado na 
associação, mas em nenhum momento percebe-se o caráter público do trabalho de 
ressocialização. Abaixo, trazemos imagens que ilustram alguns momentos da Jornada de 
Libertação com Cristo. 
 
 
Figura VI – Recuperandos posicionados no salão de eventos durante palestra realizada na 
Jornada. Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
 
 
 
Figura VII – Recuperandos no refeitório em almoço durante a Jornada. Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
 
Figura VIII – Banda formada por recuperandos toca músicas durante a execução da Jornada. 
Fonte: arquivo próprio. 
 
 
Figura IX – Recuperandos em cerimônia do “Lava pés”. Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura X – Recuperandos se abraçam ao final da Jornada. Fonte: arquivo próprio. 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Após a implementação da Constituição Federal de 1988, chamada de 
“Constituição Cidadã” e com a reforma do Estado Brasileiro ocorrida nos anos 90, o 
Estado passou a dividir com a sociedade a sua responsabilidade de gestão. Para executar 
esta iniciativa, ganham força as Associações e Organizações Não Governamentais 
(ONGs) que desenvolvem trabalhos para preencher lacunas que o Estado não consegue 
atuar. Como instrumentos de participação têm-se a cidadania participativa e o auxílio na 
formulação e gestão de políticas públicas. Dentro desse contexto, a APAC se caracteriza 
como política pública gerida pela iniciativa privada. Contudo, se faz pertinente refletir 
sobre a gestão de políticas públicas para além do cunho prisional. 
 
 
 
Nesse sentido, há de se pensar não somente em políticas públicas prisionais, mas 
em políticas públicas que possam atingir a dimensão do social, solucionando os 
problemas que o desenvolvimento econômico não conseguiu solucionar. Sendo estes 
problemas vinculados a educação deficitária, a desigualdade social, o preconceito racial, 
o crescimento da violência criminal e tantos outros que são empecilho para o 
desenvolvimento do Brasil a partir de uma perspectiva igualitária. (DOWBOR, 2001, 10). 
Contudo, embora a APAC seja política pública prisional, não se conseguiu 
evidenciar a percepção dos atores envolvidos com o caráter público da associação. Em 
vários momentos, diferenciou-se a APAC dos presídios geridos pelo Estado, fato natural 
pelo antagonismo dos dois modelos de gestão, mas se esqueceu de que o Estado auxilia 
na gestão das APACs e de que o interesse do trabalho das APACs é público. Neste 
sentido, todo o seu caráter se faz público, e apenas a sua gestão se faz privada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
 
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