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restaurações de dentes tratados endodonticamentes

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
CURSO DE ODONTOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA 
NÍVEL: DOUTORADO 
 
 
 
 
RESTAURAR OS DENTES COM TRATAMENTO ENDODÔNTICO OU 
EXTRAÍ-LOS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE BUCAL? VISÃO GERAL DE 
CIRURGIÕES DENTISTAS 
 
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE DENTES TRATADOS 
ENDODONTICAMENTE: TESTE IN VITRO DE COMPRESSÃO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JULIA ITZEL ACOSTA MORENO VINHOLES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Canoas - RS 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Livros Grátis 
 
http://www.livrosgratis.com.br 
 
Milhares de livros grátis para download. 
 
 
 
 
JULIA ITZEL ACOSTA MORENO VINHOLES 
 
 
RESTAURAR OS DENTES COM TRATAMENTO ENDODÔNTICO OU 
EXTRAÍ-LOS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE BUCAL? VISÃO GERAL DE 
CIRURGIÕES DENTISTAS 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE DENTES TRATADOS 
ENDODONTICAMENTE: TESTE IN VITRO DE COMPRESSÃO. 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao programa de 
pós-graduação em Odontologia, 
nível Doutorado, da Universidade 
Luterana do Brasil, como pré-
requisito final para a obtenção do 
título de Doutora em Odontologia. 
 
 
 Linha de Pesquisa: Material, instrumental e equipamentos 
utilizados em Odontologia 
 Orientador: Prof. Dr. Luis Carlos Da Fontoura 
Frasca 
Co-orientador: Prof. Dr. Airton Pozo De Mattos 
 
 
Canoas – RS 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu esposo, BetoBetoBetoBeto,,,, e aos meus filhos, BonniaBonniaBonniaBonnia e 
Alexandre, Alexandre, Alexandre, Alexandre, que sempre estiveram presentes quando precisei, apoiando- me 
e incentivando-me nos momentos de fraqueza. 
A vocês, que souberam compreender minhas ausências. Esta vitoria é 
nossa. 
Amo muito vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeiramente a Deus, por ter me concedido a vida, dando-me fé para 
que os obstáculos pudessem ser vencidos, amparando-me em cada queda e 
fazendo com que cada dia fosse um novo recomeço. 
 
Nenhum homem é uma ilha, por isso, agradeço a todos que de uma 
forma ou outra me ajudaram na finalização deste trabalho: 
 
Ao Prof. Dr. Luis Carlos Da Fontoura Frasca, pela orientação da 
presente tese, pela confiança em mim depositada, pela oportunidade de 
trabalharmos juntos e por ter compartilhado suas experiências e 
conhecimentos. Meu mais sincero agradecimento. 
 
Ao Prof. Dr. Airton Pozo De Mattos, pela oportunidade e confiança. 
Agradeço pelas dúvidas solucionadas e pela importantíssima ajuda na 
finalização de mais esta etapa. O senhor tem minha total admiração! 
 
Ao Prof. Dr. Adair Stefanello Busato, pela amizade, ensinamentos e 
bons momentos durante o curso de Pós-Graduação, seu exemplo de 
dedicação e seriedade no ensino e na pesquisa muito me motiva. 
 
Aos professores do Programa de Pós-Graduação da Universidade 
Luterana do Brasil, pela oportunidade de aprender com vocês! 
 
Aos meus colegas das disciplinas de Clínica Integral II e Manutenção de 
Saúde em Odontologia, do Curso de Odontologia da ULBRA – Campus Torres, 
por todo o apoio prestado durante a realização deste estudo. 
 
Aos meus colegas de Doutorado, pela oportunidade de conhecê-los e 
pela amizade, fazendo com que as aulas ficassem muito mais divertidas; não 
esquecerei as conversas no café, nem no pátio, nem nossas discussões 
paralelas nos seminários integradores! 
 
 
 
Às minhas queridas colegas Ivana e Naiara, que sempre correram de 
volta a Porto Alegre para que eu não perdesse o ônibus para Pelotas. Vocês 
são especiais! 
 
Às minhas queridas alunas, monitoras da disciplina de Técnicas e 
Materiais em Endodontia do Curso de Odontologia da ULBRA Campus Torres: 
Aline, Eliza, Daniela, Graziela e Rosimara, pela ajuda prestada, pelo 
estímulo, aprendizado e, principalmente, por me fazerem sentir que vale a pena 
acreditar. 
 
Ao Marcelo, por toda sua disposição e ajuda prestada. Meu muito 
obrigada. 
 
Ao Sr. Adroaldo, pelo auxílio prestado na realização dos ensaios. 
 
Ao Prof. Reginaldo, pela ajuda na elaboração da análise estatística, 
sem você seria mais complicado. 
 
Ao Prof. Dr. Fabio Herrmann Coelho de Souza, pela ajuda e sugestões 
para a realização deste trabalho 
 
Ao Sr. Flavio de Almeida Zanotta, por toda ajuda e disposição 
prestadas na manipulação da fórmula da resorcina. Meu muito obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta tese é apresentada sob forma de dois artigos. O primeiro foi 
realizado com o objetivo de conhecer de que maneira os cirurgiões dentistas 
clínicos gerais e os especialistas tratam os dentes submetidos a tratamento 
endodôntico e que são portadores de perfurações e, concomitantemente, de 
analisar qual é a situação da saúde bucal da população brasileira. Para isso, foi 
realizado um questionário respondido por cirurgiões dentistas especialistas e 
clínicos gerais, sendo a abordagem qualitativa com perguntas abertas e 
fechadas. Para se realizar o levantamento da situação atual da saúde bucal da 
população brasileira, foram utilizados os dados fornecidos pelo Ministério da 
Saúde (Data SUS). As próprias Diretrizes da Política Nacional de Saúde dizem 
que a assistência pública odontológica no Brasil tem-se restringido quase que 
completamente aos serviços básicos e, ainda assim, com grande demanda 
reprimida. Os dados mais recentes indicam que, no âmbito do SUS, os serviços 
odontológicos especializados correspondem a não mais que 3,5% do total dos 
procedimentos clínicos odontológicos. Percebeu-se que a formação 
odontológica tem-se revelado insuficiente e inadequada para fazer chegar a 
saúde bucal à maioria da população, já que infelizmente é muito acanhado o 
impacto social dos programas públicos. Ainda que a clínica privada possa 
suprir as necessidades individuais com qualidade técnica reconhecida, há um 
grande desafio em termos de abrangência entre o que é ensinado nos cursos 
de odontologia e a universalização do atendimento odontológico à realidade 
brasileira. O segundo artigo avaliou, in vitro, a resistência à fratura de molares 
tratados endodonticamente pela técnica da resinificação e com perfuração na 
região de furca. Foram utilizados 40 dentes molares humanos, extraídos e 
selecionados para o experimento, que foram divididos em quatro grupos. Essa 
divisão foi feita da seguinte forma: no grupo I foram executadas perfurações 
bem no centro do assoalhoda câmara pulpar e seladas com MTA, após tal 
procedimento foi colocada uma base de cimento de ionômero de vidro 
modificado por resina e depois restaurado com Resina Composta; o grupo II foi 
restaurado com Cimento de Ionômero de Vidro modificado por resina, mais 
Resina Composta; no grupo III os dentes só foram restaurados com Resina 
Composta; e, por fim, no grupo IV foram colocados pinos de fibra de vidro da 
marca Angelus® nos canais de maior volume e restaurados com base de 
cimento de Ionômero de Vidro modificado por resina e Resina Composta (a 
resina é a Filtek Z350, 3M ESPE e o Ionômero de Vidro modificado por resina 
foi o Vitrimer, 3M ESPE). Os corpos de prova foram submetidos ao Teste de 
Resistência à Compressão, onde uma máquina de ensaio universal da marca 
Pantec® (modelo Versat 502) foi acionada com uma célula de carga de 500 
Kg/f a uma velocidade de 5mm/min até ocorrer a fratura do conjunto 
dente/restauração. Os dados obtidos foram computados e submetidos à 
análise estatística para interpretação dos resultados, sendo utilizada a 
observação de variância e comparados através do teste de Tukey, podendo-se 
concluir que os dentes do grupo I e IV apresentaram maior resistência à fratura, 
com valores significativos em relação ao grupo II e III. A restauração de resina 
 
 
composta pode ser considerada uma alternativa restauradora para dentes 
molares submetidos a tratamento endodôntico e com perfuração na região de 
furca. 
 Palavras-chave: 
 artigo 1: saúde bucal, promoção de saúde, formação odontológica. 
 artigo 2: tratamento endodôntico, perfuração, furca, resistência de materiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This thesis is introduced under two articles form. The first was realized 
with the purpose of knowing which way experts and general practitioner dentists 
had been treated teeth submitted to endodontic treatment carrier perforation. 
The aim was also to analyze the position of brazilian people buccal health. A 
questionary was made to be answered by experts and general practitioner 
dentists using qualitative approach with closed and opened questions. To make 
lifting of real position from brazilian people buccal health, we used provided 
data from Health Ministry ( DATA SUS ). The own guidelines of health national 
politics says that the odontological public attendance has been restricted almost 
completely for basic services with great repressed prosecution. In the SUS 
scope, recent data have showed that expert odontological services do 
reciprocate to 3,5% of total odontological clinical proceedings. The 
odontological forming has been improper and insufficient to give buccal health 
to majority of people. Unfortunately, it has made little impact of public programs. 
Even private clinic may supply individual needs with recognized quality 
technique, there is a big challenge between what has been taught in dentistry 
courses and the universality of odontological attendance for brazilian realness. 
The second article assessed, in vitro, fracture resistance of endodonticaly 
treated molars by resinificate resin technique with perforation in the furcation 
region. 40 molars human teeth were selected and divided in 4 groups. Group 1 
was made perforations closed to the middle of pulp chamber floor and sealed 
with MTA. Further it was put a base with glass ionomer cement modified by 
resin and restored with composite resin. Group 2 was restored with glass 
ionomer cement modified by resin plus composite resin. Group 3 only was 
restored with composite resin. Group 4 was placed fiberglass pins mark 
Angelus in the canal having bigger content and further restored with a base of 
glass ionomer cement modified by resin and composite resin ( Filtek Z 350, 3M 
ESPE resin and Vitrimer, 3M ESPE glass ionomer modified by resin ). Proof 
bodies were submitted to compression and resistance test. An universal trial 
machine mark Pantec ( Versat 502 model ) was placed in action with a load cell 
of 500kg/f speed until occurring the tooth/restoration fracture. Data were 
computed and submitted to statistical analyze for results interpretations and 
variance analyze so compared through Tukey test. It is possible to conclude 
that the teeth of groups 1 and 4 presented bigger resistance to fracture with 
significant values if compared to groups 2 and 3. The restoration with composite 
resin can be considered a restorative alternation to endodontic treatment having 
perforation in the furcation region. 
Key-words: 
Article 1: buccal health- health promotion- odontologic forming 
Article 2: endodontic treatment- perforation- furcation- materials resistance 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO 
 
 9 
ABSTRACT 
 
12 
SUMÁRIO 
 
14 
APRESENTAÇÃO 
 
16 
ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA 18 
 
REFERÊNCIAS 
 
35 
PROPOSIÇÃO 
 
40 
ARTIGO 1 
 
ARTIGO 2 
 
42 
 
60 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
78 
ANEXOS 80 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
A elaboração de teses estruturadas na forma de artigos é uma tendência 
atual. Observada nos cursos de pós-graduação, tem por objetivo um maior 
aproveitamento científico dos trabalhos, uma vez que estão prontos para serem 
publicados. Assim, esta tese é composta por dois artigos, dentre os quais se 
destaca o segundo, objetivo principal do estudo. 
A restauração dos dentes tratados endodonticamente é uma tarefa que 
desafia os cirurgiões dentistas há muitas décadas, pelas peculiaridades que a 
mesma apresenta, normalmente associadas às grandes perdas de estrutura 
dentária. 
A idéia da realização do primeiro artigo surgiu de questionamentos 
metodológicos importantes para a realização do segundo. Isso porque, para 
facilitar a discussão e a relevância do estudo, muitas dúvidas foram surgindo e 
muitas perguntas foram feitas. Devido à divergência da literatura e às 
diferenças encontradas entre os cirurgiões dentistas clínicos gerais e os 
especialistas, na aplicação do tratamento dado ao dente tratado 
endodonticamente e com perfuração, surgiu a idéia do questionário. Somado a 
isso, os dados obtidos através de um levantamento social acerca da população 
brasileira, serviram como estímulo para que o artigo fosse escrito. Dessa 
forma, o objetivo do primeiro artigo foi abordar um tema que possa levar à 
reflexão e à tomada de atitudes que venham a beneficiar os indivíduos para 
que estes tenham melhores condições de saúde bucal. 
De maneira geral, a população está preocupada em preservar a saúde 
de seus dentes e o tratamento endodôntico é uma maneira de preservar a 
saúde, pois possibilita restabelecer os dentes a sua função no sistema 
estomatognático, evitando a sua perda precoce. Com todos esses dados nas 
mãos, desenvolveu-se a idéia principal desta tese, encontrada no segundo 
artigo, que teve por objetivo avaliar, in vitro, se a resina composta como 
material restaurador é capaz de devolver resistência, forma e função aos 
dentes tratados endodonticamente e com perfuração na região de furca, o mais 
semelhante possível a um dente hígido.ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA 
 
A cavidade de acesso ao canal radicular tem como função fornecer uma 
via não obstruída ou retilínea ao forame apical. Apesar das variações na 
configuração anatômica dos vários dentes, a câmara pulpar está localizada no 
centro da coroa e o sistema pulpar está localizado no longo eixo do dente. O 
tratamento do canal radicular, assim como alguns procedimentos da clínica 
odontológica, está, algumas vezes, associado com situações adversas, 
indesejáveis e imprevisíveis (chamadas coletivamente de acidentes de 
procedimento). A falta de atenção com o grau de inclinação apical de um 
dente, em relação aos outros dentes adjacentes, e com o osso alveolar, pode 
resultar em socavamento ou perfuração da coroa e da raiz em vários níveis. Os 
acidentes, tais como remoção excessiva da estrutura dentária ou perfuração, 
ocorrem durante tentativas de localização de canais ou como resultado direto 
da capacidade de se atingir um acesso direto aos canais radiculares 
(VINHOLES, BUSATO; 2000). 
O conhecimento dos fatores etiológicos dos acidentes de procedimentos 
é essencial para que sejam prevenidos. Além disso, os métodos de 
diagnóstico e tratamento, bem como os efeitos de tais acidentes sobre o 
prognóstico, devem ser entendidos. É imperioso salientar que a melhor arma 
para se evitar as falhas e acidentes é a prevenção, mas mesmo assim podem 
surgir falhas e complicações, algumas vezes previstas e outras totalmente 
inesperadas. Por isso, deve-se considerar que as técnicas e os homens, 
mesmo com o conhecimento, são falíveis e as falhas e acidentes podem 
acontecer. Portanto, caso ocorra o acidente, deve-se procurar a melhor solução 
possível para manter a integridade e a saúde do paciente(VINHOLES, 
BUSATO; 2000). 
As perfurações radiculares, iatrogênicas ou não, representam uma 
complicação ao tratamento endodôntico, tornando o prognóstico obscuro 
(HARRIS, 1976). A comunicação artificial da câmara pulpar com o periodonto é 
produzida comumente, tanto por desgaste excessivo e inoportuno da câmara 
pulpar e/ou canal radicular, como também pelo emprego de instrumentos 
endodônticos, especialmente os rotatórios, e por processos de reabsorção ou 
cárie (SINAI, 1977). 
20 
 
A perfuração do assoalho da câmara pulpar, durante o tratamento 
endodôntico, é um acidente que pode provocar a perda do dente. Quando 
ocorre a comunicação da câmara pulpar com o sulco gengival, além de 
inevitável comunicação, o epitélio juncional pode migrar para apical. Ambos os 
fatores podem prejudicar ou impedir o reparo (MORAES, 2002). 
A maioria dos autores é unânime ao afirmar que o prognóstico está 
diretamente relacionado com a localização, tempo, tamanho, grau da injúria 
periodontal e do material obturador. A maioria dos casos envolvendo a 
bifurcação resulta em um processo inflamatório como resposta à injúria pela 
perfuração do assoalho da câmara pulpar durante o preparo endodôntico. A 
identificação exata do dano aos tecidos periodontais, ao redor dos dentes 
multirradiculares, justifica-se pelo fato de apresentarem prognóstico sombrio 
quando há envolvimento da bifurcação. O diagnóstico precoce favorece o 
tratamento, enquanto que o não reconhecimento significa a evolução da 
destruição periodontal. Nesses casos, a perda da inserção e a reabsorção do 
osso alveolar condicionarão o aparecimento de defeitos ósseos angulares ou 
horizontais. Luebke (1964) destaca o potencial de vedação marginal que o 
material obturador da perfuração deve possuir para isolar o sistema de canais 
radiculares do meio periodontal para obter-se o reparo da lesão. 
A perfuração de furca guarda para si o pior prognóstico de todas as 
outras, devido à proximidade do epitélio juncional e à possibilidade de migração 
deste, criando uma bolsa periodontal, tornando ainda menores as chances de 
reparação da região (KAKEHASHI et al, 1965), pois uma intensa inflamação 
dos tecidos periodontais inviabiliza a recuperação do dente. O tratamento 
endodôntico atua somente na porção radicular dos dentes, restando o 
problema da restauração coronária para os mesmos voltarem ao sistema 
estomatognático com sua função e estética (LEONARDO et al., 1997). 
 Logo, torna-se imperativo que os dentes portadores de perfuração de 
assoalho da câmara pulpar, que apresentem as condições necessárias para 
atingir o sucesso da terapia (selamento da perfuração e tratamento 
endodôntico propriamente dito), sejam mais tarde restaurados, voltando a 
exercer suas funções estéticas, funcionais e/ou fisiológicas. 
 Segundo Paiva e Antoniazzi (1991), a endodontia tem apresentado um 
índice de sucesso muito alto, já que os dentes com necessidade de tratamento 
21 
 
endodôntico apresentam um prognóstico favorável em 95% dos casos. Para 
que o prognóstico de elementos dentários com necessidade endodôntica seja 
positivo, é necessário um correto tratamento restaurador. Sendo assim, tem-se, 
atualmente, um prognóstico favorável no que tange à longevidade dos dentes 
endodonticamente tratados, isso obviamente se, após a terapia endodôntica, 
os mesmos forem corretamente restaurados, tanto sob aspectos fisiológicos 
quanto morfológicos (LEONARDO et al., 1997; HELING, et al., 2002). 
A restauração dos dentes tratados endodonticamente, tanto provisória 
quanto permanente é crucial para o sucesso do tratamento, pois a restauração 
provisória deve fornecer um bom selamento coronário para impedir a 
contaminação bacteriana. A restauração final também deve fornecer um bom 
selamento coronário só que permanente, proteger a estrutura dentária 
remanescente, bem como restaurar a sua forma e devolver sua função. 
A necessidade de uma restauração cuidadosa é refletida no fato de que 
dentes tratados endodonticamente desenvolvem mais problemas ou são 
perdidos com maior freqüência graças às dificuldades na restauração e nem 
tanto por insucesso no tratamento do canal radicular propriamente dito. Hoje, 
portanto, com os avanços na terapia endodôntica e o aumento da expectativa 
de vida dos pacientes, os dentes despolpados mantêm-se em função oclusal e 
estética por muito mais tempo que outrora. O tratamento endodôntico tem 
preservado dentes que, de outra forma, estariam irremediavelmente perdidos. 
Existe uma idéia muito difundida e geralmente apresentada pelos 
pacientes de que os dentes com tratamento endodôntico tornar-se-iam mais 
quebradiços quando comparados aos vitais. Tal idéia se justifica pelo fato de 
que, dentes com grandes destruições, causada por cáries, ou por trocas 
contínuas de restaurações, ou ainda por tratamentos endodônticos, têm uma 
perda estrutural considerável, a qual deixaria o dente mais propenso à fratura, 
ou até mesmo à outra perfuração. 
Revisando a literatura, concorda-se com Scurria et al. (1995), quando 
dizem que existe um grande número de pesquisas sobre as restaurações de 
dentes despolpados, porém o custo e a complexidade de determinadas 
técnicas têm feito com que os clínicos ainda optem pela simples restauração do 
remanescente, de forma quase empírica ou então os tratando como se vitais 
fossem, o que tem levado a inúmeros insucessos sejam esses fraturas ou 
22 
 
falhas de selamento, que diminuem a longevidade esperada do elemento 
dental em questão. 
 A odontologia restauradora, em vista do apresentado, tem almejado uma 
técnica simples, menos onerosa, eficaz e eficiente de repor tais dentes à 
função e estética, fazendo com que as falhas sejam minimizadas e os 
sucessos presentes nos tratamentos endodônticos estendam-se à odontologia 
restauradora, uma vez que para este êxito ser verdadeiro depende desta 
também. 
Conforme Stock (1996), muito se tem pesquisado e escrito a respeito da 
restauração de dentes endodonticamente tratados.Isso se deve ao fato de que 
dentes com tratamento endodôntico, geralmente, apresentam danos extensos, 
requerendo “maneiras novas e engenhosas” para restaurá-los. 
O questionamento de como e com qual material se restaurará os dentes, 
após endodontia, tem sido baseado nas preocupações com as alterações 
físicas e mecânicas que a estrutura dental apresenta, em função da remoção 
do órgão pulpar (CONCEIÇÃO et al., 2000). 
 Por exemplo, Scurria et al., em 1995, fizeram um levantamento sobre a 
forma como os dentistas americanos executam suas restaurações em dentes 
não vitais (tais dados foram obtidos através de uma pesquisa de epidemiologia 
executada com 654 dentistas, em 45 estados americanos, entre junho de 1990 
e maio de 1991). Os autores relatam que os tratamentos endodônticos subiram 
de 6,2% dos procedimentos gerais em odontologia, em 1975, para 8,2% em 
1989. Ao final dessa pesquisa, verificaram que os procedimentos restauradores 
nesses dentes eram executados das seguintes formas: 
 A) dentes anteriores - 67% restaurações convencionais (com pinos -
15%, sem pinos- 52%) e 33% coroas protéticas. 
 B) pré-molares - 50% restaurações convencionais (com pinos -11%, sem 
pinos- 39%), 50% coroas protéticas. 
C) molares - 54% restaurações convencionais (com pinos -10%, sem 
pinos- 44%), 46% coroas protéticas. 
 Alguns autores, como Bindslev e Mjör (1993), já comprovaram em 
estudos clínicos que procedimentos restauradores vão gerar procedimentos 
restauradores maiores e mais complexos. Já Mjör (1981) e Elderton (1983) 
afirmam que as restaurações não são muito duráveis e normalmente terão de 
23 
 
ser substituídas, contudo sem definição certa quanto ao período que tal troca 
se fará necessária. 
 Sabe-se, também, que se a prevenção pudesse preceder a endodontia e 
a dentística operatória, talvez este tratamento cirúrgico fosse mínimo ou quase 
inexistente. Portanto, hoje, dever-se-ia ter como principais objetivos a 
prevenção e a promoção de saúde bucal, para assim alcançar sua 
preservação. 
 É de grande importância que o profissional, antes mesmo de tentar 
restaurar um dente despolpado, entenda as alterações ocorridas nos mesmos. 
Alterações essas que os tornam diferentes sob o ponto de vista restaurador, 
estético e funcional. 
A maioria dos autores afirma que a dentina dos dentes não vitais pouco 
ou nada difere da dentina dos dentes com vitalidade mantida (FUSAYAMA, 
MAEDA, 1969; LEWESTEIN, GRAJOWER, 1981; HUANG, SCHILDER, 
NATHANSON, 1992; SEDGLEY, MESSER, 1992; YANG, RIVERA, WALTON, 
1995; CHRISTENSEN, 1996). 
Huang, Schilder, Nathanson (1995) afirmam que a dureza da dentina, 
por si só, em dentes despolpados seria aumentada, diminuindo, porém, sua 
flexibilidade. 
Observando-se as diferenças quanto ao conteúdo líquido (possível 
desidratação que sofreria a dentina após endodontia) pode-se citar Papa, Cain 
e Messer (1994), os quais relatam que a diferença entre a presença de líquido 
na dentina dos dentes com e sem vitalidade seria de menos de 1%, mais 
precisamente de 0,25%. 
Embora as observações das características físicas e mecânicas, as 
quais, praticamente, não demonstram diferenças significativas entre dentes 
vitais e não vitais, tem-se, ainda, como já citado, a afirmação de que os dentes 
despolpados são mais acometidos de fraturas, clinicamente, do que os dentes 
vitalizados (GUTMANN, 1992). Tal conclusão “empírica’’ poderia ser mais bem 
explicada com a mudança do prisma da busca, passando-se a relacionar 
também a “friabilidade” da perda estrutural causada pelo acesso endodôntico e 
pela instrumentação dos canais. 
Alguns autores relatam que não é somente a remoção do teto da câmara 
pulpar, mas também a própria instrumentação do canal radicular que levariam 
24 
 
a uma perda da estrutura dental, deixando o dente mais suscetível à fratura 
subseqüente à restauração (REEH, DOUGLAS, MESSER, 1989; PAIVA, 
ANTONIAZZI, 1991; SORNKUL, STANNARD, 1992). Pode-se, por fim, 
acrescentar o trabalho de Reeh, Douglas e Messer (1989), os quais afirmam 
que o tratamento endodôntico faz com que o dente perca em torno de 5% de 
sua resistência. 
Desde sempre se questionou a melhor maneira de se restaurar dentes 
endodonticamente tratados (TRABERT, CAPUTO, ABOU-RASS, 1978; 
STANDLEE, CAPUTO, HANSON, 1978; SIRIMAI, RIIS, MORGANO, 1999). 
Dentes muito debilitados por destruição causada por cárie ou por contínua 
troca de restaurações ou, ainda, por tratamento endodôntico, geram uma perda 
estrutural considerável, o que deixaria o dente mais propenso à fratura (VALE 
1959; FISCHER et al., 1975; MONDELLI et al., 1980; WATTS, WILSON e 
BURKE, 1995). 
A partir de 1955, com o desenvolvimento da técnica do condicionamento 
ácido (BUONOCORE, 1955), o processo de restauração do tecido dentário 
perdido passou por uma grande transformação. A adesão conseguida às 
estruturas dentárias fez com que os conceitos restauradores se alterassem e 
fosse buscada uma maior manutenção do tecido sadio, oferecendo alternativas 
mais conservadoras dentro dos princípios restauradores. 
Em 1980, Mondelli et al., estudando a resistência à fratura em dentes 
humanos com cavidades preparadas, observaram que quanto mais a dentina e 
o esmalte eram removidos, menor era o esforço requerido para a fratura dos 
dentes. Nessa pesquisa, os dentes mais resistentes foram aqueles com 
preparo de classe I mais estreitos, pois à medida que se aumentava o istmo da 
cavidade, diminuía-se a resistência destes. Verificaram, ainda, que estes 
preparos de classe I reduziam em menor grau a resistência dos dentes que os 
preparos de classe II MO ou OD e com mesma largura de istmo, resultado esse 
devido à perda das cristas marginais, as quais seriam responsáveis por boa 
parte da resistência, tanto que cavidades classe II MOD apresentavam ainda 
menor resistência. 
Blaser et al. (1983) também compararam a resistência à fratura em 
dentes com cavidades envolvendo as faces mesial, distal e oclusal com 
diferentes dimensões. O resultado dessa pesquisa demonstrou que a 
25 
 
profundidade da cavidade tem uma influência significativamente maior na 
diminuição da resistência à fratura que a largura da cavidade. 
Navarro et al. (1983) executaram um trabalho com situações 
semelhantes as já apresentadas, porém, em um dos grupos, foi executada a 
remoção do teto da câmara pulpar e a resistência desses ficou 90% menor que 
a dos dentes hígidos, sendo a carga exigida para fraturar os dentes sem 
preparo de 175,35 Kgf. e 21,15 Kgf. a necessária para gerar a fratura dos sem 
teto de câmara pulpar. 
Oliveira, Denehy e Boyer (1987) compararam a resistência à fratura de 
pré-molares endodonticamente tratados com diferentes materiais e técnicas 
restauradoras. Observaram que dentes restaurado com compósitos e 
condicionamento ácido, após a fratura normalmente, apresentavam resina junto 
ao esmalte e necessitavam de uma carga maior para que ocorresse a falha, o 
que seria clinicamente mais interessante. Os autores ainda afirmam que o 
esforço apresentado pela resina composta era presente mesmo em preparos 
cavitários maiores. Nessa pesquisa, os dentes restaurados com amálgama de 
prata foram os menos resistentes. 
 Após estudarem a resistência à deformação de cúspides de pré-
molares debilitados por preparos cavitários sob cargas não destrutivas, Reeh, 
Douglas e Messer (1989) observaram que os dentes restaurados com 
amálgama de prata sofreram as maiores deformações, o que poderia equivaler 
a uma menor resistência, se comparado aos demais grupos dessa pesquisa, 
isto é, dentes íntegros, dentes despolpados com restauração metálica fundida 
e proteção de cúspides, resina composta com condicionamento ácido total e 
resina composta com condicionamento ácido somente em esmalte. 
 Em 1994, Hernandez et al., avaliaram a fratura de dentes humanosatravés de restauração com diferentes materiais em cavidades com paredes 
remanescentes de espessura padronizada. Os resultados demonstraram que 
dentes restaurados, com sistema adesivo hidrofílico e resina composta, 
apresentam uma maior resistência à deflexão quando comparados àqueles 
sem aplicação do sistema adesivo. 
 Ausiello et al. (1997), estudaram a resistência à fratura de pré-molares 
superiores, onde foram confeccionadas cavidades MOD e tratamento 
endodôntico. Para restaurar estes preparos cavitários, foram utilizados: uma 
26 
 
marca de amálgama de prata em combinação com sistemas adesivos; três 
marcas de cimento de Ionômero de Vidro e uma resina composta em 
combinação; e três grupos com resinas compostas e adesivas. Os resultados 
demonstraram que as resinas compostas, com seus respectivos sistemas 
adesivos, forneceram resistência à fratura compatível com a do controle (dente 
hígido). 
Steele e Bradford, em 1999, relatam que um dente não pode ser 
considerado endodonticamente tratado até que tenha sido restaurado. Tendo 
em vista que as características físicas dos dentes não vitais são muito 
semelhantes às dos dentes vitais, acreditam esses autores que a maior 
suscetibilidade à fratura se deve à extensa perda estrutural. Nessa pesquisa in 
vitro de resistência, os autores confirmaram que o acesso endodôntico custa 
uma pequena perda de resistência no dente, visto que dentes com cavidades 
complexas do tipo MOD apresentariam em torno de 50% menos resistência do 
que os dentes não preparados. Ainda sugerem que qualquer tipo de 
restauração aumentaria a resistência do dente, porém, nunca aos patamares 
dos dentes intactos. Os autores acreditam e citam no corpo do trabalho que o 
ensaio executado poderia ser criticado, pois se baseia em forças fisiológicas, 
levando em consideração que as forças que fraturam os dentes, algumas 
vezes, não são as fisiológicas e, sim, as patológicas. 
 O tratamento restaurador em dentes com essas condições de fragilidade 
tem melhores resultados de resistência, normalmente, quando restaurados sob 
a forma de procedimentos indiretos com a presença de pinos metálicos e 
coroas com cobertura total (LOVDAHL, NICHOLLS, 1977; FRAGA et al., 1998). 
De acordo com os autores que defendem esta técnica, o conjunto pino/coroa 
tem como objetivos proteger o remanescente dentário contra a fratura, 
melhorar a retenção da peça, distribuir o estresse gerado pelos esforços 
mastigatórios, além de possuir longo controle clínico, sendo assim um método 
tradicional e com sucesso comprovado (SHEETS, 1972; STANDLEE, 
CAPUTO, HANSON, 1978; SORENSEN, MARTINOFF, 1984; MORGANO, 
1996). 
 Pode-se citar o trabalho de Rosen (1961), em que este procurou 
estabelecer diretrizes para a correta reconstrução de dentes fragilizados. 
Através de uma revisão da literatura, o autor alerta para o risco de fratura em 
27 
 
dentes fragilizados e recomenda procedimentos que os reforcem, indicando a 
confecção de núcleos metálicos fundidos e coroa protética prevenindo, assim, 
a fratura e aumentando a longevidade do trabalho. 
 Trabert et al., (1978), afirmam que o alargamento do canal radicular para 
receber pino deve ser o mais conservador possível, provendo o espaço 
estritamente necessário para o mesmo, pois, com isso, a possibilidade de 
fratura radicular ficaria extremamente diminuída. 
A procura por técnicas mais conservadoras gerou o aparecimento dos 
chamados pinos pré-fabricados, confeccionados em diferentes materiais, para 
que sejam utilizados em diferentes tipos de restaurações de dentes tratados 
endodonticamente. O desenvolvimento das técnicas adesivas, para 
restaurações e cimentação, fez com que o uso de tais pinos tivesse um impulso 
muito grande, pois essa associação mostrou-se extremamente vantajosa para 
o profissional, por sua previsibilidade e facilidade de execução (DURET et al., 
1990; SIDOLI et al., 1997). 
 Yettram, Wright e Pickard, em 1976, analisaram a distribuição das 
tensões em dentes naturais e restaurados com coroas protéticas, sob cargas 
verticais e oblíquas, através de modelos matemáticos denominados modelos 
finitos. Os autores concluíram que a remoção do esmalte e a colocação de uma 
coroa protética resultaram em distribuição de tensões semelhantes às 
apresentadas pelo próprio esmalte. 
 Com certeza a perda de estrutura dentária é um fator inerente ao 
tratamento endodôntico. Com o intuito de que o canal fique bem instrumentado, 
é removida uma grande quantidade de tecido dentário mineralizado, o qual 
deverá ser reposto com materiais restauradores com propriedades físicas 
semelhantes as dos tecidos dentários (DURET et al,1990; SORENSEN et al, 
1988). 
Diante da situação econômica que nosso país enfrenta hoje, para a 
grande maioria da população, a saúde oral não é prioridade, uma vez que 
grande parte do salário do brasileiro é gasto com alimentação, moradia, 
educação e, por último, com a saúde. Logo, é necessário que sejam 
encontradas alternativas econômicas e acessíveis de tratamentos 
restauradores, como são as restaurações diretas, pois elas necessitam menos 
tempo para serem confeccionadas, dispensam a fase de laboratório e seu 
28 
 
custo é mais baixo, fazendo com que aquelas pessoas que não possuem 
recursos para pagar uma restauração indireta ou mesmo uma coroa de 
porcelana tenham alternativas de tratamentos economicamente mais 
acessíveis e ainda mantendo a exigência estética e funcional que os pacientes 
querem em suas restaurações. Nos últimos tempos, a endodontia tem 
alcançado um alto grau de sucesso, cujo índice situa-se em torno de 90%, 
apesar disso o que o clínico geral encontra é um pouco desolador, já que os 
dados disponíveis mostraram que a eficácia do tratamento endodôntico situa-
se em um patamar inferior, estabelecido em torno de 46%, quando realizado 
por profissional não especializado. 
O tratamento dos canais radiculares e principalmente do grupo de 
molares requer do profissional que se dedica a esta prática um alto grau de 
qualificação, habilidade e conhecimento científico. Além disso, o alto custo do 
equipamento, material e instrumental faz com que, de uma forma geral, 
somente seja realizado em clínica particular e por profissionais especialistas 
em endodontia, fazendo com que uma pequena faixa da população seja 
beneficiada com o tratamento. 
Segundo De Deus (1992), a execução do tratamento convencional dos 
canais radiculares tem sido um dos grandes entraves na prática da odontologia 
comunitária, principalmente quando se tratam de comunidades carentes de 
recursos. Passada mais de uma década, o quadro pouco mudou, uma vez que 
grande parte da população brasileira não possui condições de ter acesso ao 
consultório privado, este estudo pode proporcionar uma facilidade nesse 
acesso da população ao tratamento endodôntico, pois o material em questão é 
de baixo custo operacional e de fácil manipulação, reduzindo o tempo 
operatório e, conseqüentemente, diminuindo o índice de dentes perdidos. 
Portanto, quase que em sua totalidade, o uso da resorcina como material 
obturador é voltado para a área social, possibilitando sua utilização em postos 
de saúde, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e até mesmo em consultórios 
particulares. 
A endodontia consiste em um campo da odontologia responsável pela 
prevenção, tratamento de agressões ao órgão pulpar, além de suas 
repercussões nos tecidos periapicais. Em casos de pulpectomia, o preparo do 
canal radicular visa à remoção do tecido orgânico e à criação de condições 
29 
 
morfológicas e dimensionais, a fim de que se possa proceder a uma correta 
obturação. Já quanto as necropulpectomias, além de remover os restos 
teciduais, dar forma e dimensões, cabe ainda ao preparo a responsabilidade de 
eliminar ou reduzir o número de microrganismos presentes no sistemade 
canais radiculares. 
O reconhecimento das dificuldades para modelar corretamente o canal 
radicular tem provocado o aparecimento de um grande número de técnicas que 
recheiam e avolumam os textos especializados, entre as quais se destacam a 
tradicional ou clássica, a escalonada e as no sentido coroa-ápice. Qualquer 
que seja a técnica selecionada para modelar o canal é importante lembrar que 
o êxito desse procedimento está alicerçado em alguns procedimentos básicos 
que devem ser cuidadosamente obedecidos. Entre eles, salientam-se a 
seleção adequada dos instrumentos, a determinação e a manutenção do 
comprimento de trabalho para modelagem (SOARES; GOLDBERG, 2002). 
 O preparo biomecânico é realizado através da instrumentação dos 
canais radiculares, complementado pela irrigação e aspiração, com soluções 
anti-sépticas nos casos de necropulpectomias e, principalmente, com função 
de limpeza mecânica, nas biopulpectomias. A irrigação e a aspiração 
consistem em se fazer passar um líquido através das paredes do canal, com a 
finalidade de remover restos pulpares, raspas de dentina conseqüentes da 
instrumentação, microrganismos e outros detritos. Essa limpeza permite melhor 
ação dos medicamentos tópicos, no caso de tratamento de dentes despolpados 
e infectados, como também um contato perfeito do curativo de demora com o 
coto pulpar e os tecidos vivos do sistema de canais radiculares, no caso de 
dentes com vitalidade. Essa fase do tratamento contribuirá, também, para que 
haja um melhor contato da substância obturadora com as paredes do canal 
radicular. Em suma, a irrigação e a aspiração buscam: limpeza, desinfecção e 
lubrificação do conduto radicular (LEONARDO; LEAL, 1998). 
A obturação do canal radicular consiste no preenchimento do canal, de 
forma completa e hermética, tanto no seu comprimento, como em largura, a fim 
de garantir, com mais segurança, a reparação biológica do periápice. É a 
sagração do tratamento, pois perpetua o estado de desinfecção conseguido 
durante o preparo químico-mecânico (ALVARES, 1991). 
30 
 
A obturação do canal radicular pode ser realizada na mesma sessão em 
que se conclui a modelagem. Entende-se, no entanto, que essa conduta não 
pode ser desempenhada por quem não tem a necessária experiência clínica. A 
obturação endodôntica deve preencher tridimensionalmente o canal modelado, 
além de assegurar um ótimo selamento em todas as dimensões, bloqueando 
as comunicações, sejam apicais ou laterais, do canal com o periodonto 
(SOARES; GOLDBERG, 2002). 
Uma das mais importantes finalidades da obturação é selar os 
canalículos, ramificações e união cemento-dentina-canal, estruturas estas 
suscetíveis à permanência de microrganismos, com o objetivo de impedir a 
passagem dos mesmos que, porventura, tenham escapado da terapia 
endodôntica, proliferando-se e voltando a irritar a região periapical. O que 
também se almeja das obturações dos canais radiculares é que elas não 
interfiram e, se possível, até estimulem o processo de reparo apical e 
periapical, que deve ocorrer após as intervenções endodônticas (LEONARDO; 
LEAL, 1998). 
As discrepâncias morfológicas dos instrumentos entre si, entre 
instrumentos e cones de guta-percha, somadas à variada anatomia dos canais 
radiculares criam grandes dificuldades para obturação do sistema desses 
canais com um único material. É assim que a obturação, para atingir o 
preenchimento tridimensional, necessita da guta-percha complementada pelo 
cimento endodôntico. A finalidade do cimento é ocupar os espaços entre a 
guta-percha e as paredes do canal radicular, assim como aqueles entre os 
próprios cones de guta-percha. Os cimentos endodônticos e os materiais de 
obturação em geral, devem cumprir uma série de requisitos, entre os quais se 
destacam: fácil aplicação no canal, boa estabilidade dimensional, 
impermeabilidade e aderência, bom escoamento, adequada radiopacidade, 
inalteração da cor do dente, ação antimicrobiana, suscetibilidade de remoção 
parcial ou totalmente e biocompatibilidade. Assim, até que estudos propiciem o 
aparecimento ou a confirmação da existência do material ideal, a obturação 
poderá ser realizada com um material que – por suas propriedades físicas, 
químicas e biológicas – propicie a obturação, condições para que ela atinja os 
seus objetivos (SOARES; GOLDBERG, 2002). 
31 
 
Além da existência de um grande número de técnicas para preparo do 
canal, também são muitas as técnicas de obturação, ora adequadas ao 
material usado, ora de acordo com as condições do canal em tratamento. 
Todavia, todas têm objetivos comuns: reunir qualidade com praticidade. Dentre 
todas as técnicas a da Condensação Lateral da Guttapercha, por sua 
simplicidade, baixo custo, é a mais utilizada universalmente (ALVARES, 1991). 
Na China, a partir de 1958, os dentistas foram encorajados a propor 
inovações que pudessem oferecer serviços dentários adequados e que 
alcançassem um maior número de pessoas, com o objetivo de obter 
procedimentos simplificados, diminuindo assim o tempo operatório, melhorando 
a saúde e salvando o maior número possível de dentes. Para atender às 
finalidades propostas, um grupo de dentistas da Faculdade de Estomatologia 
do Colégio Médico de Pequim propôs a Técnica da Resinificação, cujos 
estudos técnicos foram aperfeiçoados mais tarde, durante os anos 60, com o 
objetivo de alcançar uma técnica de tratamento simples e efetivo, desde então 
adotada por muitos dentistas na China. 
Os introdutores da técnica de resinificação explicam que a resina 
fenólica se apresenta em forma líquida quando introduzida nos canais 
radiculares, tornando-se sólida após polimerização. Como líquido, pode 
penetrar nos canalículos dentinários, canais acessórios, assim como nos 
canais curvos e/ou atresiados. Durante o endurecimento a resina pode 
preencher e selar tanto os canalículos como o canal principal. Durante esse 
tempo, o tecido pulpar residual no canal, pode ser “resinificado”, isto é, 
embebido pela resina, tornando-se assim inofensivo, de modo que os dois 
juntos (resina + tecido pulpar residual) sirvam como material obturador do canal 
radicular e permanecendo com propriedades anti-sépticas. 
A resina fenólica não é simplesmente um material de obturação, mas 
também um material terapêutico multifuncional (TSAO, TSAI-FANG, 1984). 
Com esta terapia é desnecessário remover toda a polpa infectada, limpar e 
alargar o canal, desinfetar o canal ou obturar o canal principal com qualquer 
outro material, podendo ser os passos incorporados em um único, ganhando 
tempo, bem como diminuindo o custo operacional, a resina fenólica custa R$ 
20.00 reais um frasco com 30ml. Resumindo, é possível evitar muitas 
complicações comuns da terapia convencional do canal radicular, tais como 
32 
 
perfuração acidental, fratura de instrumentos, trauma aos tecidos apicais 
através da instrumentação e da passagem forçada de bactérias, através do 
forame, durante a preparação mecânica. 
O método utilizado para a terapia resinificante é a seguinte: remoção da 
cárie e abertura da câmara pulpar, remoção do teto e do tecido pulpar 
coronário e penetração de 2/3 do canal radicular; os resíduos pulpares não 
necessitam ser removidos do terço apical, preparo até a lima de n° 25, irrigação 
e aspiração, secagem com cones de papel absorvente, preparo e aplicação do 
agente resinificante, que é obtido por meio da mistura de três soluções, na 
proporção 11:5:3 assim distribuídas: 11 gotas da solução 1; 5 gotas da solução 
2; 3 gotas da solução 3; após homogeinizada, a solução é introduzida no 
conduto com uma seringa de 3ml. Essa operação é repetida de duas a três 
vezes, de forma a garantir o melhor preenchimento do canal; a solidificação da 
solução dentro do canal deve se processar dentro de seis horas. 
A fórmula do material utilizado na Terapia Resinificante é a seguinte;solução 1: 62,0ml de formalina (38 – 40%), 12,0ml de tricresol e 6,0ml álcool. 
solução 2: 45,0g de resorcinol e 55,0ml de água destilada. 
solução 3: 1,0g de hidróxido de sódio e 2,0ml de água destilada (TSAO, TSAI-
FANG, 1984). 
Basicamente, quatro ingredientes constituem a formulação da resina fenólica: 
- A solução do Formaldeído (formalina) a 35% contém não menos de 
34,5% (p/p) e não mais de 38,0% (p/p) de formaldeído, com quantidades 
variáveis de metanol, aproximadamente de 9 – 15% (v/v) como estabilizante, 
para evitar a polimerização para paraformaldeído. Apresenta-se como um 
líquido límpido, incolor, de odor característico forte e irritante, sabor ardente e 
com pH entre 2,8 a 4,0. Se exposto ao ar oxida lentamente em ácido fórmico. É 
solúvel em água, álcool e acetona, sendo insolúvel em clorofórmio e éter e 
incompatível com amoníaco, fenóis, agentes oxidantes, proteínas e metais 
pesados; deve ser armazenado em recipientes hermeticamente fechados, 
protegidos da luz e armazenados a uma temperatura de 15-25 °C, evitando o 
contato com plástico. Trata-se de um desinfetante ativo frente a bactérias, 
fungos e vírus, mas muito pouco efetivo contra esporas. 
- O Tricresol, sendo um produto procedente do petróleo, é constituído 
essencialmente por uma mistura de o-cresol, m-cresol, p-cresol, com 
33 
 
predomínio de m-cresol, contendo também outros fenóis. Apresenta-se de cor 
amarelada, amarelo pardo, rosado ou incolor, que vai escurecendo aos poucos 
com o tempo ou se exposto à luz. Possui cheiro característico semelhante ao 
dos fenóis, é solúvel em 50 p. de água, tornando-se um líquido turvo, muito 
solúvel em álcool, clorofórmio, éter e soluções de hidróxidos alcalinos. É 
incompatível com clorpromacina; sua atividade antimicrobiana se reduz na 
presença de surfactantes não iônicos. Trata-se de um anti-séptico de amplo 
espectro com propriedades adstringentes ativo, frente a um grande número de 
bactérias, tanto gram positivas quanto gram negativas, e tricomonas (ALIAGA, 
2002). 
- O Resorcinol (resorcina) pode se apresentar como um pó cristalino, 
cristais incolores ou de cor cinza rosado-claro, que pode trocar a vermelho 
quanto exposto ao ar e à luz, de odor característico e sabor doce e depois 
amargo. É livremente solúvel em éter e glicerina e solúvel em 0,9 p. de água. 
Incompatível com ácido e éter nitroso, clorofórmio, albuminas; dá lugar a uma 
massa semilíquida ao misturar-se com cânfora, mentol, fenol e outras 
substâncias afins. Por ser oxidável e sensível à luz, é indicada a utilização de 
embalagens escuras. São usados topicamente por suas propriedades anti-
sépticas, antifúngicas, antipruríticas e esfoliativas em forma de loções, 
pomadas e cremes no tratamento de acne, caspa e seborréia (ALIAGA, 2002). 
- O Hidróxido de Sódio se apresenta como massas brancas de 
estrutura cristalina em forma de lentilha, cilindros ou placas, que absorvem 
facilmente a umidade e o dióxido de carbono transformando-se em carbonato 
sódico. É um cáustico muito potente, fortemente corrosivo em tecidos animais e 
vegetais e, devido a essa alta causticidade, é muito irritante para a pele e 
membranas mucosas (ALIAGA, 2002). 
Devido ao contraste da situação de saúde bucal no Brasil, observa-se 
um amplo crescimento de oferta de dentistas, sem uma correspondente 
melhora na condição econômica do povo. Isso acarreta uma situação 
conflitante e, por sua vez, inusitada, pois de um lado grande parte da 
população está marginalizada de qualquer tipo de atendimento odontológico e 
de outro lado há um elevado número de profissionais buscando uma 
oportunidade de trabalho. Tentando fazer frente a essa dimensão dos 
problemas de saúde bucal que afeta a população compreende-se que 
34 
 
profundas mudanças, na prática, são necessárias para a odontologia brasileira 
e baseando-se nesse quadro foi que se utilizou um método alternativo de 
tratamento endodôntico e restauração de resina direta, já que diminui o tempo 
operatório com procedimentos clínicos mais simplificados e que 
economicamente sejam menos onerosos. Tudo isso tem o objetivo de 
colaborar na indicação das mesmas e ao mesmo tempo oferecer um 
tratamento que esteja ao alcance de todos, com baixo custo e que possa 
manter com boa função ao maior número de dentes possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PROPOSIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
PROPOSIÇÃO 
 
Artigo 1: 
- Conhecer de que forma os cirurgiões dentistas clínicos gerais e os 
especialistas tratam os dentes submetidos a tratamento endodôntico e 
portadores de perfurações, 
- Avaliar, de forma geral, por meio dos dados fornecidos pelo Ministério 
da Saúde, qual é a situação da saúde bucal da população brasileira. 
 
 
 
Artigo 2: 
- Avaliar, in vitro, a resistência à compressão de dentes tratados 
endodonticamente pela técnica da resinificação com perfuração na região de 
furca e restaurados com resina composta. Analisar o padrão de fratura 
resultante em cada grupo, e observar qual apresentou o melhor prognóstico de 
reparo pós-fratura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTIGO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
Restaurar os dentes com tratamento endodôntico ou extraí-los: uma questão 
de saúde bucal? Visão geral de cirurgiões dentistas 
 
Restore the teeth with endodontic treatment or extract them: a question of oral 
health? Overview of dentists 
 
 
 
Julia Vinholes1; Airton Pozo de Mattos2; Luis Carlos da Fontoura Frasca3 
 
 
 
1. Professora do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil-
campus-Torres 
2. Professor do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil 
3. Professor do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil-
Canoas e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
 
 
 
 
 
Artigo formatado de acordo com as normas da Revista de Saúde Pública, 
classificação Capes Qualis A Nacional. 
 
 
Julia Itzel Acosta Moreno Vinholes 
Email: juvinholes@yahoo.com.br 
Endereço: Rua Gonçalves Chaves 3320/402, Bairro: Centro 
Telefones: (53) 3227-0825/ (53) 9105-4154 
 
 
 
44 
 
 
RESUMO 
 
Este estudo tem por objetivo conhecer de que forma os cirurgiões 
dentistas clínicos gerais e especialistas tratam os dentes que são submetidos a 
tratamento endodôntico e que são portadores de perfurações. 
Concomitantemente analisou-se qual é a situação da saúde bucal da 
população brasileira. Para isso, foi elaborado um questionário respondido por 
cirurgiões dentistas especialistas e por clínicos gerais. A abordagem foi 
qualitativa com perguntas abertas e fechadas. Para se realizar o levantamento 
da atual situação da saúde bucal da população brasileira, foram utilizados 
dados fornecidos pelo Ministério da Saúde (Data SUS). As próprias Diretrizes 
da Política Nacional de Saúde dizem que a assistência pública odontológica no 
Brasil tem se restringido quase que completamente aos serviços básicos e, 
ainda assim, com grande demanda reprimida. Os dados mais recentes indicam 
que no âmbito do SUS, os serviços odontológicos especializados 
correspondem a não mais que 3,5% do total dos procedimentos clínicos 
odontológicos. Assim, a formação odontológica tem se revelado insuficiente e 
inadequada para fazer chegar a saúde bucal à maioria da população, já que 
infelizmente é muito pequeno o impacto social dos programas públicos. Ainda 
que a clínica privada possa suprir as necessidades individuais com qualidade 
técnica reconhecida, há um grande desafio, em termos de abrangência, entre o 
que é ensinado nos cursos de odontologiae a universalização do atendimento 
odontológico à realidade brasileira. 
 Unitermos: saúde bucal, promoção de saúde, formação odontológica 
 
 
ABSTRACT 
 
The aim of this study was to know how general practitioner dentists and 
experts attended teeth which were submitted to endodontic treatment presenting 
perforation and also analyze the position of brazilian people buccal health. For 
this, it was realized a questionary answered by experts and general practitioners 
dentists. The approach was qualitative containing opened and closed questions, 
with the purpose of lifting the real position of brazilian people buccal health using 
several provided data from Health Ministry ( Data SUS ). The own guidelines of 
health national politics says that the odontological public attendance has been 
restricted completely for basic services with great repressed prosecution. In the 
SUS scope, recent data have showed that experts odontological services do 
reciprocate to 3,5% of the total odontological services proceedings. Odontological 
forming has improper and insufficient to give buccal health for people majority. 
Unfortunately, this had made little impact in public programs. Even private clinic 
can supply individual needs with recognized technique quality, there is a large 
challenge between what is taught in Dentistry Courses and the universality of 
odontological attendance to Brazilian realness. 
Uniterms: buccal health- health promotion- odontologic forming 
 
 
 
45 
 
 
 
 “... eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a miséria 
da existência humana”. 
Bertold Brecht 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Abordar um tema que possa levar à reflexão e à tomada de atitudes que 
venham a beneficiar os indivíduos para que tenham melhores condições de 
saúde bucal não é uma tarefa fácil. Também não se pretende criar parâmetros 
ou códigos e sim olhar a saúde bucal dentro de um contexto mais universal e 
mais humanitário, pois a importância da saúde de um ser humano é 
indiscutível. As doenças bucais mediadas pela ação da placa bacteriana estão 
entre aquelas que mais flagelam os seres humanos, afetando-lhes 
severamente o bem estar e a qualidade de vida. 
 As limitações da concepção da prática odontológica que se propõem a 
tratar dessas doenças e recuperar a saúde bucal das pessoas, dando 
equivocada ênfase aos procedimentos cirúrgicos e restauradores, têm sido 
exaustivamente denunciadas no mundo inteiro e, também, entre os 
profissionais. O cirurgião dentista deve ter uma visão clínica ampla, cuja 
autonomia e responsabilidade proporcionem saúde e bem estar ao seu 
paciente. Surpreende que a odontologia tenha passado tantos anos sem se dar 
conta de que a “extensão para prevenção” que Black propunha era 
contraditória, pois preconizava a remoção antecipada de tecidos sadios para 
evitar que estes viessem a sofrer um ataque da doença no futuro e que a 
limpeza mecânica, praticada pelas próprias pessoas, nunca reuniu um corpo de 
evidências clínicas aceitáveis para comprovar que tivesse capacidade de 
interferir de maneira importante com a prevalência da cárie. 
Segundo Wilkinson (1996) a idéia de promover saúde tem-se tornado 
uma força vital no novo movimento de saúde pública, no qual a saúde é 
concebida também como um fenômeno social que diz respeito à qualidade de 
vida. A promoção de saúde tem sido definida como o processo que capacita a 
população a exercer e aumentar o controle sobre sua saúde, sendo relativo ao 
46 
 
bem estar individual e coletivo (OMS, carta de Otawa, 1986).2 O movimento de 
promoção de saúde veio, não para se opor, mas para preencher essa lacuna e 
propor uma abordagem mais estruturalista ao modelo biomédico, em que a 
prevenção e o tratamento das doenças, bem como a adoção de 
comportamento e estilo de vida saudável requerem medidas de foro ambiental, 
econômico, sócio-cultural e legislativo para sua efetivação (OMS, Carta de 
Ottawa; 1986). A promoção de saúde implica um processo mais abrangente e 
contínuo, que envolve prevenção, educação e a participação de diferentes 
setores da sociedade na elaboração de estratégias que permitam a efetividade 
da educação para a saúde. Dessa forma, a promoção transcende as atividades 
e as decisões individuais para tornar-se uma atividade coletiva (MC DONALD, 
1998). 
De acordo com os preceitos da Carta de Ottawa, para se alcançar um 
estado real de saúde são necessários vários pré-requisitos incluindo educação, 
renda adequada, justiça social e eqüidade. Para que esses requisitos sejam 
alcançados, o movimento de promoção de saúde tem que tornar a ação 
intersetorial uma prática mais tangível. No Brasil, assim como em vários países 
da América Latina, onde prevalecem as desigualdades socioeconômicas, a 
promoção da saúde ainda tem pequena participação no desenvolvimento social 
e econômico do país. 
Em nosso país, devido à política econômica de concentração de renda, 
somente 4% da população, ou seja, aqueles que ganham acima de 10 salários 
mínimos, têm acesso à clínica particular. Para o restante da população, a 
odontologia oferece uma resposta mutilatória, ou seja, a extração apresentada 
como a prevenção de mal menor. Deve-se ressaltar que esta solução não é 
dirigida ao problema em si, mas a sua manifestação (dor) é, portanto, uma 
alternativa que não recupera a saúde e sim a agrava. 
O projeto SB Brasil (Condições da Saúde Bucal da População Brasileira) 
publicado pelo Ministério da Saúde (2005) relatou que, em média, uma criança 
brasileira de 3 anos ou menos já possui, pelo menos um dente com experiência 
de cárie dentária e que aos 5 anos este número aumenta para 3 dentes 
atacados, cujo índice aumenta nas regiões Norte e Nordeste. As faixas etárias 
 
2
 Organização Mundial da Saúde, Carta de Otawa; 1986 (primeira Conferência Internacional 
em Promoção de Saúde sediada em Otawa - Canadá que resultou nesta carta). 
47 
 
de 12 e 15 a 19 anos apresentam, respectivamente, em média 2,8 e 6,2 dentes 
com experiência de cárie, sendo que esta media é menor nas regiões Sudeste 
e Sul e as mais elevadas foram encontradas nas regiões Nordeste e Centro-
Oeste. No que se refere aos adultos, a média aumenta para 20,1 dentes. Deste 
grupo, 30 milhões de pessoas nunca foram ao dentista, sendo que 75% delas 
têm entre 65 e 74 anos. 
No Brasil, apenas 55% dos adolescentes têm todos os dentes. Entre os 
adultos, a falta de dentes afeta 54% da população e 10% dos idosos. Ao todo, 
são 30 milhões de brasileiros desdentados. Destes, oito milhões precisam de 
prótese dentária completa. 
Hoje, no Brasil, 45% da população não têm acesso a escovas de dente e 
13% dos adolescentes nunca foram ao dentista. No caso dos adultos, o índice 
é de 3% e chega a 6% entre os idosos. Na última década, embora nosso país 
tenha avançado muito na prevenção e no controle da cárie em crianças, a 
situação dos adolescentes, adultos e idosos está entre as piores do mundo. 
Mesmo entre as crianças, problemas gengivais e dificuldades para conseguir 
atendimento odontológico persistem. Todos esses dados são de uma pesquisa 
sobre saúde bucal, feita pelo Ministério da Saúde nos anos de 2002 e 2003 
(Ministério da Saúde, 2005). O trabalho mostrou que é alta a média nacional de 
dentes cariados, obturados e perdidos, e que a população tem pouco acesso a 
serviços odontológicos públicos. 
Para mudar esse quadro, o Governo Federal criou a Política Nacional de 
Saúde Bucal, Brasil Sorridente3, a qual reúne uma série de ações em saúde 
bucal, voltadas para cidadãos de todas as idades. Até o lançamento do Brasil 
Sorridente, em 17 de março de 2004, apenas 3,3% dos atendimentos 
odontológicos feitos pelo SUS correspondiam a tratamentos especializados. A 
porcentagem maior era de procedimentos mais simples, como extraçãodentária, restauração, pequenas cirurgias e aplicação de flúor. 
O Programa Brasil Sorridente está destinado a distribuir dois milhões de 
kits com escovas de dente e creme dental, para 500 mil alunos da rede pública. 
Com um investimento governamental orçado em R$1,2 bilhões, o programa 
prevê a construção de 354 centros odontológicos, com laboratórios, em 
 
3
 http://bvsms.saúde.gov.br/bvs/publicações/política_nacional_Brasil_sorridente.Pdf; acesso 
5/07/08 
48 
 
municípios estratégicos e deve entregar cerca de 560 consultórios para as 
equipes de saúde bucal do Programa Saúde da Família. 
Com a implantação do Brasil Sorridente, o número de equipes de saúde 
bucal deve dobrar. Em 2003 eram seis mil equipes e a meta do programa é ter 
16 mil pessoas trabalhando na área. Outro objetivo é levar a fluoretação a 
todos os municípios que têm estações de tratamento e distribuição de água, 
mas que ainda não utilizam o flúor. Segundo o Ministério da Saúde, essa 
medida é simples e barata, uma vez que a adição de flúor na água encanada 
custa apenas R$ 1 por habitante/ano e é capaz de reduzir em até 60% a 
incidência de cárie dentária. Atualmente, somente 70 milhões de brasileiros 
têm acesso a esse benefício. 
Em 2001, eram extraídos 8,6 milhões de dentes permanentes. Em 2007, 
o número caiu para 6,44 milhões. Em relação aos dentes de leite, o número 
reduziu de 4,73 para 3,91 milhões no mesmo período (Data SUS)4. 
Segundo Gilberto Pucca5, coordenador do programa Brasil Sorridente, 
desde 2002, cerca de dois milhões de dentes deixaram de ser extraídos. Para 
ele este é um importante indicador de saúde, que demonstra a melhoria da 
qualidade na atenção à saúde bucal no país. As Diretrizes da Política Nacional 
de Saúde, em seu capítulo de “Ampliação e Qualificação da Atenção 
Secundária e Terciária”, afirmam que a assistência pública odontológica no 
Brasil tem se restringido quase que completamente aos serviços básicos e, 
ainda assim, com uma grande demanda reprimida. Os dados mais recentes 
indicam que no âmbito do SUS, os serviços odontológicos especializados 
correspondem a não mais que 3,5% do total dos procedimentos clínicos 
odontológicos. 
A prática odontológica que tenha como ideologia a promoção e a 
manutenção de saúde bucal dependerá da nossa capacidade de organizar e 
levar os novos referenciais ao maior número possível de dentistas. Essa nova 
modalidade de atenção odontológica deverá ainda ser capaz de oferecer um 
tratamento restaurador e protético com bases mais científicas e racionais, 
comprometida, também, com a função e a estética. 
 
4
 DATASUS.GOV.BR 
5
 Saúde.gov.br 
49 
 
Atualmente sabe-se que a endodontia vem sofrendo constantes 
evoluções técnicas e científicas, o que faz com que a taxa de sucesso no 
tratamento venha aumentando. Porém, sabe-se que a terapia é 
fundamentalmente biológica, mas depende, também, de fatores técnicos. 
Para Mezzomo (1999) a natureza dinâmica da ciência modifica 
conceitos, posturas e hábitos do ser humano, à luz de novas descobertas. Isso 
também acontece na odontologia, onde o conceito científico e a tecnologia 
disponível determinam o modelo sobre o qual se alicerça a prática 
odontológica. Já para Omais e Yassumoto, (2001, p.499) “a odontologia deve 
estar direcionada para as atuais necessidades do indivíduo”. Quando se fala 
em odontologia integrada numa equipe multidisciplinar, trata-se o paciente 
como um todo e não apenas a cavidade bucal. 
As ações de saúde, tanto educativas quanto curativas, visam propiciar 
ao indivíduo o mais alto grau de saúde, bem como permitir uma melhor 
qualidade de vida (KRIGER et al., 1999). Mesmo quando a saúde não pode ser 
alcançada e mantida, a predisposição ao progresso da doença deve ser o 
objetivo do atendimento odontológico moderno. As capacidades de cooperação 
do paciente no tratamento global determinam o conteúdo do tratamento 
corretivo, além de melhorar a estética e a função. Para cada paciente o sistema 
de acompanhamento deve ser planejado individualmente, além disso, esse 
tratamento envolve o controle regular de promoção de saúde feita durante a 
fase da terapia curativa (LINDHE et al.,1999). 
Weine (2000) professa que, à medida que os dentistas se 
conscientizarem de que o dente natural funciona mais satisfatoriamente do que 
qualquer substituição descobrirão que vale a pena fazer esforços adicionais 
para manter os dentes com problemas endodônticos. Na prática da 
odontologia, o papel da endodontia alcançou, durante a década passada, uma 
esfera maior, apesar de vários fatores terem contribuído para isso, tendo-se 
como fundamento principal o alto índice de sucesso que o tratamento 
endodôntico tem alcançado. 
A endodontia é extremamente positiva porque a porcentagem de 
sucesso adquirida provavelmente é uma das melhores encontrada em qualquer 
uma das especialidades da odontologia. Tal porcentagem tem sido responsável 
pela aceitação do tratamento pelos clínicos gerais, conscientes do importante 
50 
 
papel que o dente tratado endodonticamente tem para o desempenho da suas 
funções dentro da cavidade oral. 
Segundo Glickman (1997), a experiência e a pesquisa em evolução 
levam ao avanço de materiais, técnicas e tecnologias que possibilitam 
melhores tratamentos e serviços, favorecendo o sucesso em longo prazo. A 
confiança integral nas técnicas tradicionais e a resistência às mudanças 
restringem ou impedem que as mentes se espacem, o que é essencial para 
que o profissional compreenda novos conceitos, novos produtos e novas 
terapias. 
Independente disso, o clínico deve reconhecer que, apesar de toda essa 
tecnologia que chega ao mercado odontológico, nada deve tirar sua atenção 
aos detalhes, nada deve superar os princípios biológicos básicos. Portanto, 
nada substitui o conhecimento e a habilidade do profissional. 
Hoje, todos os procedimentos, em suas variações, têm tirado a 
odontologia da “era da amputação”, introduzindo-a na “era do acréscimo”, na 
qual a prática clínica envolve as disciplinas tradicionais de saúde e função. As 
cavidades são preparadas lançando mão de conceitos mais conservadores, 
removendo-se apenas o tecido irreversivelmente comprometido, a fim de 
conseguir sua geometria e mecânica, considerando as características físicas, 
químicas, mecânicas e biológicas do material a ser utilizado. 
Este estudo tem por objetivo conhecer de que forma os cirurgiões 
dentistas clínicos gerais e os especialistas tratam os dentes que são 
submetidos a tratamento endodôntico e que são portadores de perfurações. 
Ao mesmo tempo, procura saber qual é a situação da saúde bucal da 
população brasileira. 
 
METODOLOGIA 
 
Neste estudo foi utilizado o método de pesquisa qualitativa, que é 
empregado quando se procura entender o contexto sobre um fenômeno. Tal 
método propicia um conhecimento aprofundado de um evento e possibilita a 
explicação de comportamentos, possibilitando o uso de outras técnicas de 
coleta que complementem ou evidenciem novos fatos que possam emergir. 
51 
 
Para o levantamento de dados, utilizou-se um questionário, enviado por 
correio eletrônico. Junto ao questionário estava o Termo de Consentimento 
Livre e Esclarecido, em que o entrevistado era informado dos objetivos da 
pesquisa e de sua participação, sendo-lhes asseguradas a privacidade e a 
confidencialidade de suas identidades. O instrumento de coleta de dados era 
constituído por perguntas abertas e fechadas, as quais procuravam saber de 
que forma são tratados os dentes que sofreram perfuração na região de furca. 
A população de estudo foi constituída, no total, de 15 especialistas em 
endodontia do Estado do Rio Grande do Sul e 15 clínicos gerais, cujas 
informações foram obtidas através

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