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QUÍMICA GERAL AULA 1 Prof. Arion Zandoná Filho Conversa Inicial Olá, seja bem-vindo à disciplina de Química Geral. Nesta aula, abordaremos três temas que envolvem a energia dispersa pelo Universo e sua reestruturação na forma de matéria. Vamos compreender as ciências químicas (orgânica e inorgânica), entendendo como a energia se desenvolveu por acumulação, continuidade ou ruptura. Avaliaremos paradigmas modernos, relacionando o desenvolvimento científico com a transformação da matéria. Proporcionaremos conhecimentos básicos da química atomística, através dos estudos das propriedades da matéria. Abordaremos desde o início do Universo até as teorias mais aceitas atualmente sobre a constituição da matéria. Apresentaremos conceitos mecânicos e quânticos da matéria e suas partículas formadoras. Siga as nossas aulas e faça seus estudos e exercícios utilizando nosso livro-base, disponível na Biblioteca Virtual! Para saber mais sobre os temas que serão abordados hoje, assista ao vídeo de introdução que está disponível no material on-line. Contextualizando As engenharias utilizam conceitos físicos e químicos associados para gerar bens de consumo à nossa sociedade. Mecanismos de conversão da matéria (mássico e volumétrico) de várias classes de compostos químicos fornecem subsídios para os estudos mais específicos das propriedades físicas, química e energéticas da matéria. Disciplinas aplicadas às Engenharias, como ciência dos materiais, aplicam esses conhecimentos no dia a dia. O entendimento da matéria, suas aplicações industriais e suas propriedades no microcosmo auxiliam no desenvolvimento de tecnologia e conversão de matérias-primas em produtos e bens de consumo. Assista ao vídeo a seguir, analise e inicie sua compreensão sobre o átomo e o comportamento da energia e da matéria ao seu redor. https://www.youtube.com/watch?v=qId2dtsFWGU Formas de Energia e Matéria Pesquise: O que é Energia? Vem do grego, no qual εργος (ergos) significa "trabalho". Sabemos que tudo que existe no universo é alguma forma de energia. Ela está ao nosso redor e pode ser dividida em radiante e mecânica. Ou ainda: ■ Energia eletromagnética: responsável pelo arranjo atômico em eletrosfera e núcleo. Domina a repulsão e atração entre as cargas elétricas. É a luz e radiações de ondas compridas como as do rádio até microondas, RX e raios gama. ■ Energia da gravidade: é a força de atração entre partículas de matéria. É a fraca no mundo subatômico, mas parece a dominante em escala cósmica. Essas energias provêm de fontes primárias ou secundárias. As primárias são aquelas que são encontradas na natureza, como o sol, a água (dos rios e dos mares), os ventos, a madeira, o gás natural, o carvão mineral, o petróleo. Enquanto que as secundárias são aquelas que surgem depois que as primárias são transformadas, como a gasolina, o diesel, a energia elétrica. As fontes primárias de energia podem ser divididas em dois grupos: a. Renováveis: aquelas que se renovam. Significa que elas não se esgotam, porque estarão sempre sendo geradas de novo, de acordo com o ciclo da natureza. Exemplos: o sol, os ventos, a matéria orgânica, o calor da Terra, os rios e correntes de água doce, os mares e oceanos. b. Não renováveis: são aquelas que com o uso ao longo do tempo se esgotam. Isso porque, apesar de serem criadas pela Natureza, demoram muitos e muitos anos para se formar. A civilização moderna tem consumido a energia dessas fontes em altíssima velocidade e quantidade, não permitindo o tempo necessário para a Natureza repor o que foi consumido. Exemplos: biomassas, carvão mineral, petróleo, gás natural. O homem também classifica as fontes de energia conforme seu acesso: 1. Solar; 2. Elétrica; 3. Hidroelétrica; 4. Química; 5. Eólica; 6. Nuclear, dentre outras. Essas mesmas energias também podem ser chamadas de Energias Renováveis: a. Solar (térmica e voltaica); b. Vento; c. Águas (doce e salgada); d. Biomassa (madeiras...); e. Geotérmica; f. Hidrogênio. (Vídeo disponível no material on-line.) Conceito Matéria A energia nasce com o espaço e tempo e o Universo começa a tomar forma com o Big Bang, que é o marco humano dessa expansão das energias. A teoria do Big Bang ("Grande Explosão") define que o Universo surgiu a partir de uma explosão primordial. Essa explosão ocorreu em função da grande concentração de massa e energia. Segundo os mais recentes cálculos, a idade do universo é calculada entre 13 a 15 bilhões de anos quando houve a grande explosão e, naquele momento, foram criados o tempo e o espaço. Há liberação de energia em níveis incríveis: ao redor de 3 bilhões de graus Celsius. Logo após a explosão de uma bola de matéria compacta, densa e quente, com um volume aproximadamente igual ao volume do nosso sistema solar. Essa explosão desencadeou uma série de eventos cósmicos, formando as Galáxias, as Estrelas, os Corpos Planetários e eventualmente, a vida na Terra. Leitura Obrigatória Faça uma leitura dos subitens 2.1, 2.2 e 2.3 (págs. 31 a 39) do livro desta disciplina e leia com atenção os exercícios resolvidos. Então, do que é formada a matéria? Ao analisarmos o termo matéria devemos ter em mente duas vertentes de conhecimento: uma química e outra física. Tentaremos em poucas palavras demonstrar como a visão microscópica da matéria passou inicialmente por conceitos macroscópicos e, neste século, tomou uma orientação microcósmica tentado ser explicada por físicos. Os elementos químicos se formaram durante os primeiros vinte minutos após o Big Bang, os nêutrons e prótons pelo calor inicial de dez bilhões de graus até os três segundos. Energia puríssima num grande concentrado de massa compacta de partículas que originaram os átomos. A explosão ocorre a quinze bilhões de anos com uma violência inimaginável, liberando tanta energia, que ainda hoje o Universo continua expandindo-se à velocidade próxima à da luz. Nesses cruciais segundos do começo, estabeleceram-se as leis da Física, porque todas as leis naturais e imutáveis que regem o Universo e tudo quanto existem nasceram nesses breves momentos com o Big Bang. A energia e temperaturas atingiram todos os níveis máximos, mas de imediato começaram a arrefecer e logo começaram a gerar partículas primordiais de matéria, tais como os quarks. Nesses segundos de vida do Universo, grandes colisões de energia originaram turbulências de sublime criação, ora regressavam ao estado de energia pura ou, de repente, se tornavam partículas nesse escaldante e impenetrável plasma, produzindo interação resultante das colisões que originaram os primeiros núcleos à formação de átomos. A temperatura reduziu e houve a formação (aglomeração) de átomos. Trezentos mil anos se passaram e o cosmos estavam se formando, os elétrons começaram a girar em volta de um núcleo para formar os átomos, por exemplo: 80% de hidrogênio e 20% de hélio. A poeira cósmica foi se criando inundada por átomos de hidrogênio, que se aglutinavam em regiões distintas e uma parte deles se atraia por ação gravitacional. Aumentava a pressão e a temperatura. Quanto mais massivo maior o campo gravitacional e maior calor. Na fusão nuclear de hidrogênio se transformando em hélio, de hélio ao lítio, depois carbono, oxigênio e até o ferro. Do ferro em diante só pode se formar nas explosões de estrelas massivas (as supernovas), nas quais, além da compressão no momento da explosão, há o espalhamento dessas novas matérias para o espaço.Tudo que vemos ou sentimos ao tato, nada mais é do que luz condensada. Toda matéria do universo é luz. Então, somos feitos de luz que oscila e vibra, e a matéria são ondas no mesmo conceito. Para compreender, estudar e modificar a matéria teremos que antecipadamente conhecermos e manipularmos a ENERGIA. Ostwald (1902), em Naturphilosophie, propôs o conceito de “energia”: “Tudo o que sabemos acerca do mundo externo podemos representá-lo sob a forma de proposições sobre a energia existente, e o conceito de energia revela-se como sendo, sob todos os aspectos, o mais geral que a ciência produziu até agora”. Fonte: home.arcor.de Teorias Atômicas Demócrito e Leucipo, filósofos gregos, muitos séculos antes de Cristo, lançaram a ideia de que a matéria era constituída de partículas extremamente pequenas, que chamaram de átomos, palavra de origem grega que significa indivisível (a=não, tomo= parte). Eles imaginavam que ao se dividir um pedaço de ferro, continuamente, em partes cada vez menores, seriam obtidas partículas que não poderiam mais ser subdivididas, as quais denominaram átomos de ferro. Segundo estes, a matéria não era contínua, mas, sim, formada de átomos indivisíveis. Experiências realizadas a partir de 1898 e que se estendem até nossos dias, revelam que o átomo é divisível, ou seja, formado por outras partículas ainda menores. Aristóteles dizia que toda a matéria do universo se compunha dos quatro elementos básicos: terra, ar, fogo e água. E que esses elementos atuavam através de duas forças: gravidade, tendência da terra e da água para afundar; e volatilidade, tendência do ar e do fogo para subir. Essa divisão dos conteúdos do universo em matéria e força ainda é usada atualmente. Acreditava também que a matéria fosse contínua, isto é, poder-se-ia dividir uma porção de matéria em porções cada vez menores sem qualquer limite: nunca se chegaria a um grão de matéria que não se pudesse dividir mais. Durante séculos a disputa continuou sem qualquer comprovação real para um ou outro lado, mas, em 1803, o químico e físico inglês John Dalton apontou para o fato de que componentes químicos, sempre combinados em determinadas proporções, poderiam ser explicados pelo agrupamento de átomos que formam unidades chamadas moléculas. Entretanto, a disputa entre as duas escolas de pensamento só foi finalmente resolvida em favor dos atomistas, nos primeiros anos deste século. Uma das peças importantes da evidência física foi determinada por Einstein. Num trabalho escrito em 1905, poucas semanas antes do famoso tratado sobre a relatividade restrita, Einstein mostrou que o que era chamado movimento browniano - movimento irregular e casual das pequenas partículas de poeira suspensas num líquido - poderia ser explicado como o efeito dos átomos do líquido colidindo com as partículas de poeira. Naquela época já existiam suspeitas de que esses átomos não eram, afinal de contas, indivisíveis. Alguns anos antes, um membro do conselho do Trinity College, em Cambridge, J. J. Thomson, demonstrará a existência de uma partícula de matéria, chamada elétron, com massa inferior a um milésimo daquela do átomo mais leve. Utilizou uma instalação bastante parecida com o tubo de imagem de uma moderna televisão: um filamento de metal incandescente liberou os elétrons e, porque eles têm carga elétrica negativa, um campo elétrico pôde ser usado para acelerá-los em direção a uma tela revestida de fósforo. Quando atingiam a tela, focos de luz eram gerados. Logo se percebeu que esses elétrons deveriam estar vindo de dentro de átomos e, em 1911, o físico inglês Ernest Rutherford finalmente demonstrou que os átomos da matéria têm uma estrutura interna: são formados por um núcleo extremamente pequeno, carregado positivamente, em torno do qual gira certo número de elétrons. A dedução se fez a partir da análise da maneira pela qual as partículas a – partículas positivamente carregadas, liberadas pelos átomos radioativos – são desviadas ao colidirem com átomos. No início se pensou que o núcleo do átomo fosse formado por elétrons de diferentes números de partículas positivamente carregadas, chamadas prótons (da palavra grega que significa "primeiro"), porque se acreditava ser a unidade fundamental da qual a matéria se formava. Entretanto, em 1932, um colega de Rutherford em Cambridge, James Chadwick, descobriu que o núcleo continha outra partícula, chamada nêutron, com quase a mesma massa que o próton, mas sem carga elétrica. Chadwick recebeu o prêmio Nobel por causa de sua descoberta e foi eleito mestre do Gonville and Caius College, em Cambridge. O átomo podia, então, ser considerado como constituído por três espécies de partículas elementares: o próton, o elétron e o nêutron. Até vinte anos atrás se pensava que os prótons e os nêutrons fossem partículas "elementares", mas experimentos em que prótons colidiam com outros prótons ou elétrons em alta velocidade indicavam que eram, de fato, formados por partículas ainda menores. Essas partículas foram chamadas de quarks, pelo físico Murray Gell- Mann, do California Institute of Technology, que recebeu o prêmio Nobel em 1969 por seu trabalho sobre o assunto. A origem do nome é uma citação inexplicada da expressão de James Joyce: "Três quarks para Muster Mark!" A palavra “quark”, supõe-se, deveria ser pronunciada como “quart”, mas com um k no final em lugar do t, usualmente utilizada para rimar com “lark" ("cotovia"). É preciso enfatizar que estes termos não passam de rótulos; os quarks são muito menores que o comprimento da onda de luz visível. Um próton ou um nêutron é formado por três quarks, sendo os do próton dois up (para cima) e um down (para abaixo), e os do nêutron dois down e um up. Podemos criar partículas formadas pelos outros quarks (strange, charmed, bottom e top), mas todos estes apresentam massa muito maior e se decompõem muito rapidamente em prótons e nêutrons. Já que o comprimento da onda de luz é muito maior do que o tamanho de um átomo, não se pode esperar "olhar" para as partes de um átomo da maneira comum. Precisamos utilizar alguma coisa com um comprimento de onda muito menor. A mecânica quântica nos diz que todas as partículas são, de fato, ondas e que quanto mais alta a energia da partícula, menor o comprimento da onda correspondente. Assim, a melhor resposta para nossa pergunta depende de quão alta seja a energia da partícula que temos à nossa disposição, porque isso determina a pequenez da escala que devemos usar. Essas energias da partícula são usualmente medidas em unidades chamadas elétrons-volt. Nos experimentos de Thomson com elétrons, ele usou um campo elétrico para acelerar os elétrons. A energia que um elétron capta de um campo elétrico de 1 volt é o que se denomina 1 elétron-volt. No século XIX, quando as únicas energias de partículas cujo uso era conhecido eram as baixas energias de uns poucos elétrons-volt gerados por reações químicas, como a combustão, pensava-se que os átomos eram a menor unidade. No experimento de Rutherford a partícula a tinha energia de milhões de elétrons-volt. Mais recentemente, aprendemos a usar campos eletromagnéticos para obter energia de partículas, primeiro de milhões e depois de bilhões de elétrons-volt. E assim ficamos sabendo que as partículas que pensávamos serem "elementares" há vinte anos são, de fato, formadas por partículas ainda menores. Poderão estas, à medida que atingirmos energias mais altas, por sua vez, provar ser formadas por partículas menores ainda? Certamente é possível, mas existem arrazoados teóricos quenos fazem acreditar que atingimos o conhecimento sobre os blocos de construção definitivos da natureza, ou, pelo menos, que estamos muito próximos dele. Utilizando a dualidade onda/partícula, tudo no universo, incluindo luz e gravidade, pode ser descrito em termos de partícula. Esses elementos apresentam uma propriedade chamada spin, que pode ser entendido se imaginarmos as partículas como pequenos piões girando em torno de um eixo. Entretanto, esse artifício pode ser ilusório, uma vez que a mecânica quântica nos informa que as partículas não têm eixos bem definidos. Na verdade, o que o spin de uma partícula nos diz é com o que ela se parece, vista de diferentes posições. Uma partícula de spin 0 é como um ponto: parece a mesma, vista de todas as direções. Por outro lado, uma partícula de spin 1 lembra uma seta: mostra-se diferente se vista de direções diferentes. Só se obterá a mesma feição se a submetermos a uma volta completa de 360 graus. Uma partícula de spin 2 assemelha-se a uma seta com duas pontas: parece igual se girada em semicírculo (180 graus). Da mesma forma, quanto mais alta a rotação da partícula, menor fração da volta completa será necessária para que ela pareça a mesma. Tudo isso é muito consequente, mas o fato notável é que existem partículas que não se assemelham, mesmo quando submetidas a uma volta completa; são necessárias duas voltas! Tais partículas são ditas possuidoras de spin 1/2. Todas as partículas conhecidas no universo podem ser divididas em dois grupos: as de spin 1/2, que formam a matéria no universo, e as de spin 0, 1 e 2, que, como veremos adiante, dão origem às forças entre as partículas de matéria. Estas obedecem ao que é chamado de princípio da exclusão, descoberto em 1925 pelo físico austríaco Wolfang Pauli (que por isso mereceu o prêmio Nobel em 1945). O princípio da exclusão de Pauli afirma que duas partículas semelhantes não podem existir no mesmo estado; ou seja, não podem ter ambas a mesma posição e as mesmas velocidades dentro dos limites estabelecidos pelo princípio da incerteza. A compreensão adequada do elétron e de outras partículas de spin 1/2 não se deu antes de 1928, quando foi elaborada uma teoria por Paul Dirac, mais tarde eleito para o Conselho Lucasiano de Professores de Matemática em Cambridge (no mesmo cargo que Newton ocupou). A teoria de Dirac foi a primeira do gênero a se demonstrar consistente em relação à mecânica quântica e à teoria da relatividade especial. Explicava matematicamente por que o elétron tem spin 1/2, ou seja, por que ele não parece o mesmo se for girado uma volta inteira, mas apenas se for girado dois círculos completos. Previu também que o elétron deveria ter um par, um antielétron ou pósitron. A descoberta do pósitron, em 1932, confirmou a teoria de Dirac, levando-o a receber o prêmio Nobel de física em 1933. Sabemos agora que toda partícula tem uma antipartícula, em relação à qual ela pode se anular (no caso das partículas portadoras de força, as antipartículas são as próprias partículas). Poderia existir um “antimundo” e “antipessoas”, feitas de antipartículas. Entretanto, se você encontrar seu antieu, não aperte a mão dele, pois vocês desapareceriam ambos num grande foco de luz. A questão de porquê parece haver muito mais partículas do que antipartículas à nossa volta é extremamente importante e voltaremos a ela no capítulo sobre atomística. Na mecânica quântica, as forças ou interações entre as partículas da matéria são todas, supostamente, carregadas pelas partículas de spin inteiro 0, 1 ou 2. O que acontece é que uma partícula de matéria, tal como um elétron ou um quark, emite uma partícula portadora de força. A retração dessa emissão altera a velocidade da partícula da matéria. A partícula portadora de força, então, colide com outra partícula de matéria e a absorve. Essa colisão altera a velocidade da segunda partícula, exatamente como se tivesse havido uma força entre as duas. É uma propriedade importante das partículas portadoras de força o fato de não obedecerem ao princípio da exclusão. Significa, portanto, que não existe limite para as trocas que podem ser efetuadas, dando origem, assim, a uma força forte. Entretanto, se as partículas portadoras de força tiverem massa elevada, será difícil gerá-las e trocá-las ao longo de uma grande distância. Assim, as forças portadoras terão apenas um pequeno alcance. Por outro lado, se as partículas portadoras de força não tiverem massa própria, as forças terão amplo alcance. As partículas portadoras de força trocadas entre partículas de matéria são chamadas partículas virtuais porque, diferentes das partículas "reais", não podem ser diretamente identificadas por um detector de partículas. (Vídeo disponível no material on-line.) Teorias Quânticas e Relatividade A física moderna levantou uma série de questões muito sérias, concernentes não só a problemas estritamente físicos, como também relacionados ao mérito das ciências naturais exatas e à natureza da matéria. Tais questões levaram o físico a reconsiderar os problemas filosóficos que pareciam estar definitivamente resolvidos no estreito quadro da física clássica. Dois grupos de problemas foram novamente colocados em pauta pela descoberta de Planck. Um deles se refere à essência da matéria, à velha questão dos filósofos gregos de como é possível reduzir a princípios simples a variedade e a multiplicidade dos fenômenos que envolvem a matéria e assim torná-los inteligíveis. O outro diz respeito a um problema epistemológico que, desde Kant em particular, foi suscitado várias vezes: até onde é possível objetivar as nossas observações da natureza. Na teoria quântica, o problema do fundo objetivo dos fenômenos surgiu numa forma nova e muito surpreendente. Tal questão pode, por conseguinte, ser também retomada a partir das ciências naturais modernas. A lei da radiação de Planck difere de modo bem característico das leis da natureza previamente formuladas. Ela prova pela primeira vez que há escalas na natureza e que fenômenos em diferentes graus de grandeza não são necessariamente do mesmo tipo. Poucos anos após a descoberta de Planck, já se compreendera o significado da "segunda constante de medida". A teoria da relatividade restrita de Einstein deixou claro aos físicos que a velocidade da luz não descrevia a propriedade de uma substância especial "éter" suporte de propagação da luz, que nela estava envolvida uma propriedade de espaço e do tempo, ou seja, uma propriedade geral da natureza não relacionada de modo algum a objetos particulares ou coisas na natureza. Pode-se considerar a velocidade da luz como uma constante da natureza. Nossos conceitos intuitivos de espaço e de tempo podem ser aplicados somente àqueles fenômenos que envolvem pequenas velocidades com respeito à velocidade da luz. Depois de aclarada a estrutura matemática da teoria da relatividade restrita, tornou-se logo possível, na primeira década deste século, analisar o significado físico dessas relações matemáticas. As muitas discussões em torno da teoria da relatividade evidenciaram conceitos profundamente arraigados que impediram a compreensão da teoria, mas as objeções foram rapidamente superadas. Era muito mais difícil de compreender as relações físicas ligadas à existência do quantum de ação de Planck. Segundo um artigo de Einstein de 1918, parecia provável que as leis da teoria quântica implicavam relações estatísticas. Mas a primeira tentativa de estudar a natureza estatística das leis da teoria quântica foi realizada em 1924 por Bhor, Kramers e Slater.As relações entre os campos eletromagnéticos e as descontínuas, isto é, sob forma de quantum, absorção e emissão de átomos, como foram postulados por Planck, foram interpretadas da seguinte maneira: o campo das ondas eletromagnéticas determina apenas a probabilidade segundo a qual um átomo absorverá ou emitirá energia luminosa por quanta no espaço em consideração. O campo magnético não era mais tido como um campo de força que atuasse sobre a carga elétrica do átomo e provocasse o movimento: o campo determina apenas a probabilidade de ocorrência da emissão ou absorção. Mais tarde verificou-se que tal interpretação não era de todo exata pouco depois foram formuladas corretamente por Born. Este trabalho continha o conceito decisivo de que as leis da natureza determinam não a ocorrência de um evento mas a probabilidade de um evento verificar-se, e que a probabilidade deve estar ligada a um campo de onda que obedeça a uma equação de onda matematicamente formulável. A concepção de que os eventos não estão determinados de modo peremptório, mas a possibilidade ou tendência para que um evento ocorra apresenta uma espécie de realidade, uma certa camada intermediária de realidade, meio caminho entre a realidade maciça da matéria e a realidade intelectual ou imagem. Na teoria quântica moderna, tal conceito assume nova forma; é formulado quantitativamente como probabilidade e sujeito a leis da natureza que são expressas matematicamente. Tal introdução de probabilidade correspondia, a princípio, a uma situação muito próxima da encontrada nas experiências com fenômenos atômicos. A mecânica quântica obteve também confirmação exata em experimentos que possibilitaram uma evidencia quantitativa. As partículas elementares são, pois, as formas fundamentais que a sustância energia deve assumir a fim de converter-se em matéria, e tais formas básicas precisam de algum modo ser determinadas por uma lei fundamental exprimível em termos matemáticos. Se concebermos que existe tal formulação simples, a equação fundamental da matéria deverá conter, juntamente com duas constantes, velocidade da luz e quantum de ação de Planck, pelo menos uma outra constante similar de medida, já que as massas das partículas elementares, por razões puramente dimensionais, só podem provir da equação fundamental introduzindo mais uma. Não mais consideramos forças e campos de força como diferentes da matéria; sabemos que esses conceitos devem fundir-se num só. Na verdade, dizemos que uma área de espaço está livre de matéria (denominadas vácuo), se não houver nada presente exceto um campo gravitacional. Todavia, isso não ocorre na realidade, pois mesmo longe no universo há luz estelar, e isto é matéria. Além do mais, segundo Einstein, gravidade e massa são análogos e, por conseguinte, não são separáveis um do outro. Em segundo lugar, essa imagem da realidade material é hoje mais vaga do que foi por muito tempo. Max Planck descobriu, há mais de cinquenta anos, que a energia pode ser transmitida apenas em quantidades indivisíveis de tamanho definindo-as quanta. Todavia, como Einstein logo depois provou a identidade da massa e da energia, somos obrigados a afirmar para nós mesmos que as menores partículas de matéria, os átomos ou corpúsculos, que de há muito conhecemos e cuja existência é hoje demonstrada em inúmeras experiências, são exatamente os quanta de energia e, por assim dizer, pré-datando a descoberta de Planck em mais de dois mil anos. (Vídeo disponível no material on-line.) Veja a cronologia dos fatos: 450 a.C. – Leucipo A matéria pode se dividir em partículas cada vez menores. 400 a.C. – Demócrito Considerado o pai do atomismo grego. Denominação do átomo como a menor partícula de matéria. 60 a.C. – Lucrécio Autor do poema De Rerum Natura, através do qual foi consolidado o atomismo de Demócrito. 1661 – Boyle Autor do livro Sceptical chemist, no qual defendeu o atomismo e deu o primeiro conceito de elemento com base experimental. 1808 – Dalton Primeiro modelo atômico com base experimental. O átomo é uma partícula maciça e indivisível. O modelo vingou até 1897. 1834 – Faraday Estudo quantitativo de eletrólise, através do qual surgiu a ideia da eletricidade associada aos átomos. 1874 – Stoney Admitiu que a eletricidade estivesse associada aos átomos em quantidades discretas. Primeira ideia de quantização da carga elétrica. 1879 – Crooks Primeiras experiências de descarga elétrica a alto vácuo. 1886 – Goldstein Descargas elétricas em gases à pressão reduzida com cátodo Descoberta dos raios canais ou positivos. 1891 – Stoney Deu o nome de elétron para a unidade de carga elétrica negativa. 1895 – Röentgen Descoberta dos raios X. 1896 – Becquerel Descoberta da radioatividade. 1897 – Thomson Descargas elétricas em alto vácuo (tubos de Crookes) levaram à descoberta do elétron. O átomo seria uma partícula maciça, mas não indivisível. Seria formado por uma geleia com carga positiva, na qual estariam incrustados os elétrons (modelo do pudim de passas). Determinação da relação carga/massa (e/m) do elétron. 1898 – Casal Curie Descoberta do polônio e do rádio. 1900 – Max Planck Teoria dos quanta. 1905 – Einstein Teoria da relatividade. Relação entre massa e energia (E=mc2). Esclarecimento do efeito fotoelétrico. Denominação fóton para o quantum de energia radiante. 1909 – Millikan Determinação da carga do elétron. 1911 – Rutherford O átomo não é maciço nem indivisível. O átomo seria formado por um núcleo muito pequeno, com carga positiva, onde estaria concentrada praticamente toda sua massa. Ao redor do núcleo ficariam os elétrons, neutralizando sua carga. Este é o modelo do átomo nucleado, um modelo que foi comparado ao sistema planetário, onde o Sol seria o núcleo e os planetas seriam os elétrons. 1913 – Bohr Modelo atômico fundamentado na teoria dos quanta e sustentado experimentalmente com base na espectroscopia. Distribuição eletrônica em níveis de energia. Quando um elétron do átomo recebe energia, ele salta para o outro nível de maior energia, portanto mais distante do núcleo. Quando o elétron volta para seu nível de energia primitivo (mais próximo do núcleo), ele cede a energia anteriormente recebida sob forma de uma onda eletromagnética (luz). 1916 – Sommerfeld Modelo das órbitas elípticas para o elétron. Introdução dos subníveis de energia. 1920 – Rutherford Caracterização do próton como sendo o núcleo do átomo de hidrogênio e a unidade de carga positiva. Previsão de existência do nêutron. 1924 – De Broglie Modelo da partícula-onda para o elétron. 1926 – Heisenberg Princípio da incerteza. 1927 – Schrödinger Equação de função de onda para o elétron. 1932 – Chadwick Descoberta do nêutron. A mesma HISTÓRIA segundo a Teoria Quântica 1900- Max Planck O físico alemão anuncia que a energia não é absorvida ou gerada em um fluxo contínuo, mas em pequenos pacotes, os quanta (plural de quantum, quantidade em latim). Em 1905, Einstein propõe que a luz também é composta por pacotes de energia. A palavra fóton, que designa o quantum de luz foi introduzida em 1926 pelo norte-americano Gilbert Lewis (1875-1946). 1905- Albert Einstein E=mc2: a relatividade restrita O físico alemão demonstra que nada pode ultrapassar a velocidade da luz no vácuo (300 mil quilômetros por segundo) e que a energia(E) corresponde ao produto da massa (m) pelo quadrado da velocidade da luz (c). Essas conclusões, no entanto, pressupõem os mesmos princípios da mecânica newtoniana – propostos pelo físico e matemático inglês Isaac Newton. 1913 – O átomo de Bohr A teoria quântica do físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) propõe um novo modelo para a estrutura do átomo. Nela, os elétrons (partículas com carga elétrica negativa) giram em torno do núcleo atômico, formado por prótons. 1915/16 – A relatividade geral Einstein demonstra que a gravidade dos corpos deforma no espaço e o tempo ao seu redor e que a mecânica de Newton não serve para descrever fenômenos físicos relativos a dimensões muito maiores que a do sistema solar. O espaço de três dimensões e de linhas retas é substituído pelo espaço-tempo quadridimensional curvado pela gravidade. 1917 – O universo em expansão Com base na relatividade geral, o holandês Willem De Sitter (1872- 1934) propõe que o universo deve estar em expansão. Em 1929, o norte- americano Edwin Hubble (1889-1953) calcula a distância entre galáxias e reforça essa hipótese, propondo o Big Bang (explosão que teria originado o Universo). Einstein já havia proposto que o universo seria estático, admitindo posteriormente que esse foi o "maior erro" que ele cometera. 1919 – A curvatura comprovada A hipótese da deformação do espaço pela gravidade é comprovada experimentalmente por uma expedição de pesquisadores, inclusive por Einstein, em Sobral, no Ceará, durante um eclipse solar. A observação de estrelas demonstrou que os raios de luz "entortaram" ao passar perto do sol. Einstein se torna uma celebridade mundial. 1923/24 – Louis-Victor de Broglie O físico francês mostra a dualidade da partícula. O elétron apresentava características tanto de um corpúsculo quanto de uma onda eletromagnética. Nasceu, assim, a chamada dualidade onda-partícula. 1927 – Werner Heisenberg O princípio da incerteza em 1925 inaugurou a mecânica quântica ao aplicar a teoria de Planck ao comportamento dos elétrons – propõe o seu princípio da incerteza. Ele provou matematicamente que é impossível medir com precisão a posição e a velocidade de uma partícula subatômica no mesmo instante. Para Einstein essa impossibilidade era um problema da teoria e não da natureza. 1928 – Paul Adrien Maurice Dirac O físico britânico (1902-1984) prevê a existência de antimatéria. Em 1930, nos EUA, Robert Oppenheimer (1904-1967) propõe a existência do pósitron (antimatéria do elétron, de carga positiva), que é descoberto em 1932 em experimento do norte-americano Carl Anderson (1905-1991). 1931 – Os buracos negros O indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995) demonstra que as estrelas podem entrar em colapso devido a sua própria gravidade, originando grandes concentrações de massa com gigantesca atração gravitacional, capazes de engolir tudo ao seu redor, inclusive a luz. Esses "raios cósmicos", cuja possibilidade já havia sido apontada em 1916 pelo alemão Karl Schwarzschild (1873-1916), são denominados buracos negros em 1967 por John Wheeler, dos EUA. 1935 – Os "wormholes" e as viagens no tempo Einstein e Nathan Rosen publicam um estudo sobre a possibilidade de dois buracos negros se conectarem, Iigando regiões extremamente distantes do espaço-tempo. Conhecidos como "wormholes" (buracos de minhoca) ou pontes de Einstein-Rosen, essas conexões teoricamente permitiriam viagens através do tempo, segundo o estudo de 1988 de Kip Thorne, dos EUA. 1935 – O "gato" de Schrödinger Erwin Schrödinger, em 1926, elaborou uma equação de onda que descrevia o comportamento dos elétrons. Propõe que, do modo como estava formulada, a mecânica quântica era inconsistente, não descrevia a realidade física e levava a paradoxos. Denominado "gato de Schrödinger", o experimento mostrava, sob determinadas circunstâncias, o animal vivo e morto ao mesmo tempo. 1965 – O reforço do Big Bang Arno Penzias e Robert Wilson, dos laboratórios Bell, nos EUA, reforçam a teoria do Big Bang ao descobrir acidentalmente uma radiação durante testes de um equipamento. Essa radiação de fundo, que teria banhado o universo em seus primórdios devido ao processo de formação de átomos, conforme previsto por George Gamow em 1948, foi detectada diretamente em 1992 pelo satélite Cobe dos EUA. 1975- Stephen Hawking Surpreende os físicos ao demonstrar que os buracos negros são capazes de emitir partículas, como se fossem corpos quentes. A proposta inspirada em formulações da mecânica quântica feitas por Richard Feynman (1918-1988), dos EUA, surpreende os físicos. Aos poucos é aceita como um grande passo rumo a uma gravitação quântica. 1982 – A prova do non-sense Uma série de experimentos coordenados pelo francês Alain Aspect mostra que o microuniverso dos átomos e das moléculas não obedece à "lógica" que orienta a física do mundo macroscópico. 1995 – O "gato" aparece Chris Monroe, David Wineland e colaboradores, do instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, em Boulder (EUA), reproduzem em laboratório uma variação do experimento do "gato de Schrödinger ". Um átomo de berílio ocupou dois lugares ao mesmo tempo, representando o gato vivo e morto na proposição de Schroedinger. 1997 – O teletransporte Pesquisadores da Universidade de Innsbruck (Áustria) conseguem reproduzir o estado quântico de um fóton em outro a um metro de distância. A experiência, com base no "paradoxo" EPR, demonstra a possibilidade de transportar corpos, de modo análogo ao representado na série "Jornada na Estrelas" para transportar tripulantes de uma nave para a superfície de planetas. 1997 – Wei Cui, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA) e os pesquisadores Wan Chen e Shuang N. Zhang, O arrastamento do espaço-tempo detecta buracos negros arrastando o espaço-tempo ao seu redor, confirmando previsão feita pelos físicos austríacos Joseph Lense e Hans Thirring em 1918. Leitura Obrigatória Acesse a Biblioteca Virtual e faça uma leitura dos subitens 2.1, 2.2 e 2.3 (págs. 31 a 39) do livro Química, a Ciência Central, de Brown, Lemay, Bruce e Burdge. Estude com atenção os exercícios resolvidos. Para conhecer mais sobre o assunto, assista aos vídeos disponíveis a seguir: https://youtu.be/esreyoKP1sc https://www.youtube.com/watch?v=qId2dtsFWGU https://www.youtube.com/watch?v=HmUxFLa0m0Q (Vídeo disponível no material on-line.) Síntese Muito bem! Chegamos ao final dos estudos da primeira aula de Química Geral. Hoje aprendemos um pouco mais sobre as formas de energia e matéria e as teorias atômicas. Esse conteúdo é muito importante para o seu futuro profissional, portanto, esperamos que tenha feito bom proveito de seus estudos! Até a próxima aula! Referências BROWN, T.L. LEMAY, H. E., BURSTEN, B. E. E BURDGE, J. R. Química, a ciência central. São Paulo: Pearson, 2005. HAWKING, S. Uma breve história do tempo. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.
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