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APOSTILA CONSTITUCIONAL II

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AULAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL II
DIREITO DE NACIONALIDADE
	Nacionalidade é o vínculo jurídico que liga a pessoa a um determinado Estado. Aí, elas passam a ter o Estado como referência. Todos aqueles que não sejam nacionais são considerados estrangeiros.
	A Constituição Federal de cada país é que determina a nacionalidade.
Espécies:
	1 - Nacionalidade Primária – (art. 12,I) é aquela que se obtém pelo nascimento. Existem dois critérios básicos para adquirir esta nacionalidade:
Jus solis – critério de estabelecimento é o lugar em que a pessoa nasce. Adotado no Brasil.
Jus sanguinis – o que importa é o sangue, a filiação.
Em princípio, existem pessoas que podem ter várias nacionalidades primárias. São os polipátridas. Ex.: filho de alemão e italiana que nasce no Brasil possui três nacionalidades.
	Existem também os apátridas ou heimatos que são pessoas que não possuem qualquer vínculo jurídico com o Estado. Ex.: brasileiro e paraguaia que tem filho na Itália.
	Hoje em dia, no Brasil, utiliza-se também o jus sanguinis. Isso para que filhos de brasileiros nascidos no exterior possam adquirir a nacionalidade brasileira quando vierem morar no Brasil.
	O art. 12, I, a, b, c, descreve as formas de aquisição da nacionalidade primária:
- critério do jus solis – nascimento no território nacional. (navios e aviões com bandeira brasileira e dentro do espaço de domínio brasileiro navios e aviões oficiais)
- critério do jus sanguinis + fato de vir morar no Brasil. A pessoa pode optar pela nacionalidade brasileira, desde que venha residir no Brasil. Foi modificada pela EC 3/94.
2 - Nacionalidade Secundária – é aquela que se obtém por ato voluntário. É a naturalização. Essa nacionalidade implica a perda da nacionalidade primária, em regra.
O art. 12, II, a, b, c descreve as formas de se adquirir a nacionalidade secundária:
- naturalização ordinária (art. 12,II,a) – pela lei existem duas possibilidades: para os de origem de países de língua portuguesa e para os demais.
- naturalização extraordinária (art. 12,II,b) – qualquer estrangeiro que resida ininterruptamente há mais de 15 anos, não tenha condenação penal e requeira a naturalização.
Vale ressaltar que a nacionalidade é matéria constitucional, portanto, não pode lei ordinária traçar critérios para se adquirir nacionalidade.
Diferenças entre brasileiros natos e naturalizados:
Art. 5o , LI – o brasileiro naturalizado pode ser extraditado por crime cometido antes da naturalização.
Art. 12, § 3o – impossibilidade de brasileiros naturalizados concorrerem a cargos públicos. Somente os brasileiros natos podem.
Art. 89, VII – o brasileiro naturalizado não pode fazer parte do Conselho da República.
Art. 222 – referente à necessidade de ser nato ou naturalizado há mais de 10 anos, para poder adquirir propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão.
Diferenças entre nacionais e estrangeiros:
Art. 5o , XV – direito à locomoção no território nacional em tempo de paz.
Art. 5o , LXXIII – o brasileiro pode propor ação popular, que só pode ser proposta por um cidadão, e só é cidadão quem vota; o estrangeiro não vota, logo, não pode propor ação popular.
Art. 14, §§ 2o e 3o - o estrangeiro não pode votar, nem ser votado. Não pode participar dos negócios do Estado. O brasileiro pode.
Art. 37, I – o estrangeiro não pode ocupar cargo público, somente brasileiro.
Art. 176, § 1o - a exploração de recursos minerais só poderão ser feitas por empresas nacionais.
Perda e Reaquisição da nacionalidade:
Perda – quando se adquire nacionalidade secundária (salvo em alguns casos – art. 12, §4o ,II, a, b) ou por sentença judicial cancelando a naturalização.
Para (re)adquirir a nacionalidade, em tese, existem três formas:
- através de um pedido de naturalização.
 - Lei 818/49 que possibilita ao Presidente da República, através de decreto, declarar retorno de naturalização a quem a perdeu, seja ela primária ou secundária.
- se a perda ocorreu na hipótese do art. 12, § 4, I , pode ser readquirida por ação recisória, até dois anos depois de transitar em julgado da sentença que cancelou a naturalização.
Obs.: quando se opta pela nacionalidade americana por força de vontade, por exemplo, perderá a nacionalidade, no entanto se a lei americana considerá-lo americano por ser filho de tal, neste caso não perderá a nacionalidade brasileira. Exemplo típico destes casos são filhos de italianos.
DIREITOS POLÍTICOS
	A CF traz um capítulo sobre esses direitos, que em sentido estrito, seriam um conjunto de normas que regula a atuação da soberania popular (art. 14 a 16). – José A.Silva.
	Rosah Russomano os define no mesmo sentido: “visualizados em sua acepção restrita, encarnam o poder de que dispõe o indivíduo para interferir na estrutura governamental, através do voto.”
	Não devem ser confundidas nacionalidade e cidadania, aquela é vínculo ao território estatal por nascimento ou naturalização; esta é status ligado ao regime político. Cidadania, qualifica os participantes da vida do Estado, é atributo das pessoas integradas na sociedade estatal, atributo político decorrente do direito de participar no governo e direito de ser ouvido pela representação política. Cidadão, no direito brasileiro, é aquele que seja titular dos direitos políticos de votar e ser votado e suas conseqüências. Nacionalidade é conceito mais amplo do que cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só o titular da nacionalidade brasileira pode ser cidadão.
 Deve-se observar que nem todo nacional é um cidadão e que os estrangeiros não tem direitos políticos. Exemplo é a ação popular, que serve para defender os patrimônios público, histórico-cultural e a moralidade administrativa, e só pode ser proposta pelo cidadão.(art. 5o, LXXIII) – (art. 29, XIII, iniciativa popular de competência municipal) – (art. 61, §2o – iniciativa popular).
O Plebiscito e o Referendo são consultas feitas ao cidadãos, a primeira feita antes (de um ato qualquer, a fim de legitimá-lo), a segunda é feita depois, sob pena de não valer a modificação se a população for contra. (art. 14, I e II – Art. 18, §4o ).
Os direitos de cidadania adquirem-se mediante alistamento eleitoral na forma da lei. É feito mediante a qualificação e inscrição da pessoa como eleitor perante a Justiça Eleitoral. A qualidade de eleitor decorre do alistamento, que é obrigatório para os brasileiros de ambos os sexos maiores de dezoito anos e facultativo para os analfabetos, maiores de setenta e maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (art. 14, §1o , I e II). Não são alistáveis como eleitores os estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório (art. 14, § 2o).
Modalidades de Direitos Políticos
A característica principal dos direitos políticos é a de votar e ser votado, isto possibilita falarmos em direitos políticos ativos e passivos, sem que isso constitua divisão entre eles. Os direitos políticos ativos cuidam do eleitor e sua atividade; os direitos políticos passivos referem-se aos elegíveis e eleitos.
Existe outra modalidade que não deve ser confundida com a primeira, que se podem denominar direitos políticos positivos e negativos, o primeiro diz respeito às normas que asseguram a participação no processo político eleitoral, votando e sendo votado, envolvendo, portanto, as modalidades ativa e passiva. O segundo grupo constitui-se de normas que impedem essa atuação e tem seu núcleo nas inegibilidades.
As instituições fundamentais dos direitos políticos positivos são as que configuram o direito eleitoral, tais como o direito de sufrágio, com seus dois aspectos: ativo e passivo; os sistemas e procedimentos eleitorais.
Direito de Sufrágio – José A. Silva – “é o direito subjetivo de natureza política que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal. Decorre diretamente do princípio
de que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente – art. 1o , § único).”
Formas de Sufrágio
- Universal (quando se outorga o direito de votar a todos os nacionais de um país, sem restrições derivadas de condições de nascimento, fortuna ou capacidades especiais)
	Quanto à extensão
 
 - Censitário (depende da qualificação econômica)
 - Restrito 
 - Capacitário (baseia-se nas condições intelectuais)
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- Igual (adotado no Brasil, dá o direito de voto para todos, com igualdade de condições, no sentido de que cada pessoa tem o seu único voto, pois cada cidadão tem o mesmo peso político)
Quanto à igualdade
- Múltiplo (o indivíduo vota várias vezes em circunscrições diferentes, pois tem algum tipo de relação com essas circunscrições. Ex.: Inglaterra até 1948)
	- Desigual - Plural (pessoa vota várias vezes na mesma circunscrição)
 - Familiar (o eleitor é o pai, que dispõe de um ou mais votos em função do número de membros da sua família)
	
	O direito de sufrágio exerce-se praticando atos de vários tipos, no que tende à sua função eleitoral, o voto é um ato fundamental de seu exercício, que se manifesta também como ato de alguma função participativa: plebiscito e referendo.
	O voto é, pois, distinto do sufrágio, este é o direito político fundamental nas democracias políticas. Aquela emana desse direito. É sua manifestação no plano prático. Constitui seu exercício.
	Voto é direito público subjetivo, pois deriva do direito de sufrágio, numa função social (na medida e que traduz o instrumento de atuação da soberania popular) e um dever (dever social, pois sendo necessário que haja governantes designados pelos votos dos cidadãos, o indivíduo tem o dever de manifestar sua vontade através do voto).
	Deve ser sincero e autêntico para garantir o verdadeiro desejos dos eleitores.
	
	Características do Voto
	Personalíssimo, pois só o seu titular pode votar.
	Livre, vota-se em quem quiser, pois tem que haver liberdade de escolha.
	Secreto, o eleitor tem a garantia do sigilo e do conteúdo que estiver em sua cédula.
	Direto, os eleitores escolhem, por si, sem intermediários, os seus representantes e governantes.
	Elegibilidade
	Se refere à capacidade eleitoral passiva, à capacidade de ser eleito. Tem elegibilidade, portanto, quem preencha as condições exigidas para concorrer a um mandato eletivo. Consiste, pois, no direito de postular a designação pelos eleitores a um mandato político no Legislativo ou no Executivo.
	Para que alguém possa concorrer a uma função eletiva, é necessário que preencha certos requisitos gerais, denominados condições de elegibilidade, e não incida em nenhuma das inegibilidades.
	A CF arrola no art. 14, §3o , as condições de elegibilidade.
	Sistemas Eleitorais
	São os procedimentos utilizados para a eleição dos candidatos aos cargos eletivos. O conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinadas a organizar a representação do povo no território nacional. Conjuga técnicas, como a divisão do território em distritos ou circunscrições eleitorais, o método de emissão de voto, e os procedimentos de apresentação de candidatos e de designação dos eleitos de acordo com os votos emitidos. Forma com o sistema de partidos os dois mecanismos de coordenação, organização, instrumentação e expressão da vontade popular na escolha dos governantes.
	O Brasil adota dois sistemas eleitorais:
Majoritário - a representação cabe ao(s) candidato(s) que obtiverem a maioria (absoluta ou relativa) dos votos. É adotado para os Chefes do Executivo e Senadores.
Proporcional – por ele, pretende-se que a representação, em determinado território, se distribua em proporção às correntes ideológicas ou de interesse integradas nos partidos políticos concorrentes. Este sistema suscita os problemas de saber quem é considerado eleito e qual o número de eleitos por partido. É adotado para os Deputados e Vereadores.
Art. 29, IV.
 - por maioria simples - quem ganha é quem faz “mais votos” nas cidades de até 200.000 eleitores – (senadores e prefeitos)
Sistema Majoritário
- por maioria absoluta – aplicada para Presidente, Governadores e Prefeitos de cidades com mais de 200.000 eleitores (art. 29, II – art. 77, §2o).
	Direitos Políticos Negativos
	São determinações constitucionais que, de uma forma ou de outra, importem em privar o cidadão do direito de participação no processo político e nos órgãos governamentais. São negativos precisamente porque consistem no conjunto de regras que negam, ao cidadão, o direito de eleger, ou de ser eleito, ou de exercer atividade político-partidária ou de exercer função pública.
	Compõem-se, portanto, das regras que privam o cidadão, pela perda definitiva ou temporária (art. 15 – a mais comum é a descrita no inciso III), da totalidade dos direitos políticos de votar e ser votado, bem como daquelas regras que determinam restrições à elegibilidade do cidadão, em certas circunstâncias: as inelegibilidades (art. 14, §4o)
A inelegibilidade afeta somente o direito de ser eleito, porém, não tira o direito de votar. Pode ser absoluta ou relativa, a primeira implica impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo, a segunda constitui restrições à elegibilidade para determinados mandatos em razão de situações especiais em que, no momento da eleição, se encontre o cidadão.
A perda (definitiva) e suspensão (temporária) dos direitos políticos retira todo e qualquer direito de votar, ser votado, participar de plebiscitos e referendos.	
A reaquisição dos direitos políticos perdidos em razão da perda da nacionalidade brasileira, só pode ocorrer se o indivíduo readquirir novamente a nacionalidade, então, ficará obrigado a novo alistamento eleitoral, reavendo, assim, seus direitos políticos.
A reaquisição dos direitos políticos suspensos acontece quando cessa a causa da suspensão. No caso de suspensão por improbidade administrativa, o tempo de suspensão ou suas condições de cessação há de constar da decisão que a aplicou, de modo que, ressarcido o erário, decorrido o prazo ou cumpridas as condições estabelecidas, o indivíduo recuperará seus direitos políticos. 
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
	Direitos Constitucionais são vantagens, prerrogativas em face do Estado ou outro indivíduo, que ele pode exigir. É dado pela norma constitucional.
	Garantias Constitucionais são os meios que o Estado dá aos indivíduos para que os direitos não sejam violados, ou até mesmo, que sejam restabelecidos quando houver uma violação. A garantia, geralmente, não traz vantagem para o indivíduo, ela em si não tem aplicação se não houver ameaça aos direitos. Ex.: habeas corpus.
	Princípio da Legalidade
	Este princípio é nota essencial do Estado de Direito. É, também, por conseguinte, um princípio basilar do Estado Democrático de Direito, porquanto é da essência do seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na legalidade democrática. Nesse sentido que se deve entender a assertiva de que o Estado, ou o Poder Público, ou os administradores não podem exigir qualquer ação, nem impor qualquer abstenção, nem mandar tampouco proibir nada aos administradores, senão em virtude da lei. (art. 5o , II).
	O princípio da legalidade não deve ser confundido com o princípio da reserva legal, o primeiro significa a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador. O segundo consiste em estatuir que a regulamentação de determinadas matérias há de fazer-se necessariamente por lei formal, com participação do legislativo (excluída a medida provisória).
Princípio da Proteção Judiciária
	É também chamado de princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, constitui, em verdade, a principal garantia dos direitos subjetivos.
	Divide-se em três:
Monopólio judiciário do controle jurisdicional – o art. 5o , XXXV, declara: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito. A primeira garantia que o texto revela é a de que cabe ao Poder Judiciário o monopólio (só ele tem a competência de dirimir) da jurisdição. A segunda consiste no direito de invocar a atividade jurisdicional sempre que se tenha lesado ou simplesmente ameaçado um direito, individual ou não. Observa-se que o Judiciário é um órgão inerte, só vai atuar se procurado.
Princípio da Ação e Defesa – O art. 5o , XXXV, consagra o direito de invocar a atividade jurisdicional, como direito público subjetivo. Não se assegura aí apenas o direito de agir, o direito de ação. Invocar a jurisdição para a tutela de direito é também direito daquele contra quem se age, contra quem se propõe a ação. Garante a plenitude da defesa, agora mais incisivamente assegurada no inciso LV do mesmo artigo.
Direito ao devido Processo Legal – vem arrolado no art. 5o , LIV. Combinado com o direito de acesso à Justiça (art. 5o , XXXV) e o contraditório e a plenitude da defesa (art. 5o , LV), fecha-se o ciclo das garantias processuais. Garante-se o processo, não se referindo a um simples procedimento, mas a formas instrumentais adequadas, a fim de que a prestação jurisdicional, quando entregue ao Estado, dê a cada um o que é seu, segundo os imperativos da ordem jurídica. E isso envolve a garantia do contraditório, a plenitude do direito de defesa, a isonomia processual e a bilateralidade dos atos procedimentais.
Princípio da Estabilidade dos Direitos Subjetivos
	Refere-se à sucessão de leis no tempo e a necessidade de garantir a segurança jurídica. Importante condição da segurança jurídica é a certeza que os indivíduos têm de que as relações havidas sob o império de uma norma perdurem quando esta seja substituída.
	A lei é feita para vigorar e produzir seus efeitos para o futuro. Seu limite temporal pode ser nela mesma demarcado ou não. Seu texto, às vezes, delimita o tempo durante o qual ela regerá a situação fática prevista. Outras vezes ela é feita para regular situação transitória, decorrida a qual perde vigência, e consequentemente, a eficácia.
	O mais comum é que uma lei só perca o vigor quando outra a revogue expressa ou tacitamente. Se a lei revogada produziu efeitos em favor de um sujeito, diz-se que ela criou situação jurídica subjetiva, que poderá ser um simples interesse, um interesse legítimo, a expectativa de direito, um direito condicionado, um direito subjetivo. Este último é garantido jurisdicionalmente, ou seja, é um direito exigível na via jurisdicional. Recebe, assim, proteção direta, pelo que seu titular fica dotado do poder de exigir uma prestação positiva ou negativa.
	A realização efetiva desse interesse juridicamente protegido, chamado de direito subjetivo, não raro fica na dependência da vontade do seu titular. Diz-se que o direito lhe pertence, já integra seu patrimônio, mas ainda não fora exercido. Mesmo que uma lei nova revogue aquela em que o direito subjetivo se consolidou, este não é atingido e transforma-se em direito adquirido, porque era exercitável e exigível segundo a vontade de seu titular. O art. 5o , XXXVI consagra: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
	Se não era direito adquirido no momento em que entra em vigor a nova lei, mas expectativa de direito, não se transforma em direito adquirido porque sobre ele a lei nova incide imediatamente.
	Observa-se que contra a Constituição não existe direito adquirido. Já no caso de Emenda Constitucional há duas correntes: para a maioria da doutrina a EC não pode prejudicar o direito adquirido, mas no STF já existem decisões contrárias: “não há direito adquirido contra texto constitucional, resulte ele do Poder Constituinte Originário ou do PC Derivado” – Relator Moreira Alves.
	Ato Jurídico Perfeito – necessário que ele tenha agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei. É aquele que sob o regime da lei antiga se tornou apto para produzir os seus efeitos pela verificação de todos os requisitos a isso indispensável. É perfeito ainda que possa estar sujeito a termo ou condição.
	Coisa Julgada – decisão irrecorrível, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário e que se torna lei entre as partes.
Direito à Segurança
	São limitações colocadas à disposição do indivíduo pela CF, para defesa dos seus direitos fundamentais.
	Divide-se em:
Segurança do domicílio – art. 5o, XI consagra o direito do indivíduo ao aconchego do lar com a sua família ou só, quando define casa como o asilo inviolável do indivíduo. O objeto da tutela não é a propriedade em si, mas o respeito à personalidade, de que a esfera privativa e íntima é aspecto saliente, assim, até onde exerça-se atividade profissional fechada ao público é considerado como “casa”. A segurança aparelhada neste inciso consiste na proibição de na casa penetrar sem consentimento do morador, a não ser em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Segurança das comunicações pessoais – trata-se de garantia constitucional que visa assegurar o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas e telefônicas (art. 5o , XII), que são meios de comunicação interindividual, formas de manifestação de pensamento de pessoa a pessoa. Garantia também do sigilo das comunicações de dados pessoais, a fim de proteger a esfera íntima do indivíduo. Abriu-se excepcional possibilidade de interceptar comunicações telefônicas, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer (só para crimes com pena de reclusão) par fins de investigação criminal ou instrução processual. Vale como prova a gravação da conversa feita por um dos interlocutores, e é crime se feita por terceiro. – Observar Lei 6538/78 – Art. 10 que arrola as excepcionais situações que não constitui violação de correspondência.
Segurança em matéria penal – constitui de garantias que visam tutelar a liberdade pessoal. Figura no art. 5o , XXXVII a XLVII, LXXV. Essas garantias penais protegem o indivíduo contra atuações arbitrárias, e podem ser consideradas nos quatro grupos:
1 – Garantias Constitucionais Penais
a) garantia de inexistência de juízo ou tribunal de exceção (art. 5o , XXXVII), acolhe-se aí o princípio do juiz natural, pré-constituído, pelo qual é vedada a constituição de juiz ad hoc para o julgamento de determinada causa; admite-se, porém, o foro privilegiado, mas apenas os indicados pela própria CF, como o Prefeito que é julgado no Tribunal de Justiça (art. 29, X), etc.
b) garantia de julgamento pelo tribunal do júri nos crimes dolosos contra a vida (art. 5o, XXXVIII) e ainda assim com as garantias subsidiárias da plenitude de defesa, sigilo das votações dos jurados e da soberania do veredicto.
c) garantia do juiz competente (art. 5o, LIII e LXI), segundo o qual ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente e nem preso senão por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo flagrante delito e nos casos de transgressão militar ou crime militar definidos em lei. Se o juiz não for competente, a sentença pode ser decretada nula.
 2 – Garantias Criminais Preventivas
anterioridade da lei penal (art. 5o, XXXIX), de acordo com a qual não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
garantia da irretroatividade da lei penal, salvo quando beneficiar o réu. (XL)
garantia de legalidade e da comunicabilidade da prisão (LXII, LXV, LXIV) o preso tem o direito de ser assistido pela sua família e por seu advogado, ter preservada sua integridade
física; tendo o direito de ficar calado. A antiga presunção de que “quem cala, consente”, não tem mais valia, hoje em dia quem cala não diz nada. A prisão deve ser legal, caso contrário pode o juiz relaxar a prisão, que deverá ser avisada aos familiares e ao juiz, senão a autoridade policial sofre sanções penais por abuso de autoridade. Não cabe contraditório dentro do inquérito policial, mas o preso pode indicar o advogado.
 
 3 – Garantias relativas à aplicação da pena
individualização da pena (XLVI), ou seja, a aplicação da pena deve ajustar-se a situação de cada imputado.
personalização da pena (XLV), a pena não passa da pessoa do delinqüente, salvo a possibilidade de extensão aos sucessores e contra eles executadas, nos termos da lei, da obrigação de reparar o dano e da decretação de perda de bens, até o limite do valor do patrimônio transferido.
proibição da prisão civil por dívida, salvo no caso de depositário infiel e alimentante inadimplente (LXVII)
proibição de certos tipos de penas (XLVII), de morte (salvo nos casos de guerra declarada), de caráter perpétuo, trabalhos forçados, de banimento e cruéis.
 4 – Garantias da Presunção da Inocência
		Segundo as quais ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (LVII) e o Estado deve indenizar o condenado por erro judiciário, assim como aquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença (LXXV).
		Existe uma discussão sobre aquele que está com a prisão preventiva decretada e é considerado inocente poderia pedir indenização. A maior parte da doutrina entende que não, mas já existe uma jurisprudência afirmando que deve haver indenização: “há dever de indenizar aquele que foi submetido à prisão processual e posteriormente absolvido – STJ, ementário n. 15, pg. 220)
Remédios Constitucionais
	São meios postos à disposição dos cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando sanar, corrigir, ilegalidades e abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses individuais.
Os remédios constitucionais são seis, dentre eles só o Direito de petição pode ser manejado pelo poder executivo, legislativo ou judiciário, em qualquer nível (municipal, estadual ou federal) ou qualquer órgão; os outros cinco só podem ser manejados pelo judiciário.
Direito de petição – direito que pertence a uma pessoa de invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou situação, seja para reclamar, para que tomem providência em relação à alguma irregularidade ou na defesa do interesse individual. (XXXIII). Cabe a qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica; por indivíduo ou grupos; nacionais ou estrangeiros. Mas não pode ser formulado pelas forças militares, como tais, o que não impede reconhecer aos membros das Forças Armadas ou das polícias militares o direito individual de petição, desde que sejam observadas as regras de hierarquia e disciplina. É importante frisar que o direito de petição não pode ser destituído de eficácia, não pode a autoridade a quem é dirigido escusar pronunciar-se sobre a petição.
	Todas as pessoas podem pedir ao poder público informações que lhes sejam proveitosas. Direito de obtenção de informações de órgãos públicos, desde que não sejam imprescindíveis à segurança do Estado. Direito do particular, relatar ao poder público, sobre determinada ilegalidade, mas o poder reconhece ou não a ilegalidade, não podendo exigir que seja tomada as devidas providências. Em caso de sigilo fiscal, sigilo de privacidade, não pode o poder público ceder o que for requisitado. (XXXIV, a, b)
2) Habeas Corpus (LXVIII) – é um instrumento de proteção à liberdade de locomoção do indivíduo dentro do território nacional ou para fora dele contra atos ilegais ou abuso de poder praticado por agentes públicos. Pode ser preventivo (quando se acha iminente, prestes a ocorrer, e ter seu direito ameaçado, salvo conduto, deve se provar a ameaça contra o indivíduo, se provada é dado o habeas corpus, deve ser específico em relação ao processo)ou repressivo (já teve seu direito de locomoção violado)
Pode ser proposto por qualquer pessoa, pelo próprio interessado, ou por qualquer um que o represente; pode até ser feito em nome de terceiro sem que este esteja sabendo.
O impetrado pode ser qualquer pessoa, autoridade ou particular, (ex. contra prisão ilegal, ficar retido no hospital por não pagar a conta, contra síndico que reprime o direito de locomoção).
Sempre que o direito de ir e vir estiver iminente de privação ou ameaça do direito de locomoção, cabe o habeas corpus.
Contra o hospital e o síndico é em 1º grau, depois de aberto o processo, o habeas corpus é ajuizado em 2º grau; contra ilegalidade de prisão, quando o juiz não fundamentar as decisões, basicamente é usado contra decisões do juiz no tribunal.
O habeas corpus aceita pedido de liminar, se houver perigo na demora, antecipando a decisão final, antecipando seus efeitos.
O relaxamento da prisão é feito em 1º grau, mais rápido que o habeas corpus, se indeferido, entramos com o habeas corpus, em instância de 2º grau.
Não cabe o habeas corpus em caso de prisão militar disciplinar (art. 142,§2o), pois preza-se a hierarquia existente dentro das Forças Armadas. Neste caso o habeas corpus só caberia para questionar a legitimidade da pessoa que ordenou a prisão (ex.: o único que pode ordenar a prisão é o comandante, mas quem o faz é um sargento), observe-se que não é questionado o motivo da prisão, mas o ato.
É o mais antigo direito, remonta do ano de 1.215 (Inglaterra). Em 1.891 ingressou na Constituição brasileira.
3) Mandado de Segurança (LXIX) – é usado para proteger os demais direitos não amparados pelos habeas corpus ou habeas-data diante da realização ou da iminência de ato ilegal ou abuso de poder praticado por autoridade ou agente público. Também pode ser preventivo (ameaça de violação do direito) ou repressivo (quando o direito já foi violado). A CF permite mandados de segurança coletivos, impetrados por partidos políticos com representação no Congresso, organizações sindicais e demais entidades de classe ou por associações legalmente constituídas há pelo menos um ano.(LXX)
Visa proteger todos os direitos líquidos e certos (independente de prova para sua demonstração, não precisa produzir perícia, testemunha; é comprovado de plano, diferente por exemplo, do reconhecimento como filho; a prova deve ser documental.)
Só cabe contra ato de autoridade, ou pessoa investida, delegada pelo poder público. Em caso de particular contra particular, não há o uso do mandado de segurança. Comporta concessão de liminar. Também é admitido contra ato judicial, quando prejudica a parte, mas de regra é usado contra atos administrativos, tem sido usado quando o juiz não concede a liminar.
Não tem natureza pecuniária, não tem efeitos patrimoniais pretéritos ao próprio mandado de segurança; somente restabelece os direitos violados. Seu julgamento é mais rápido, tem preferência em relação aos outros processos.
Não é admissível pedir prova pericial, testemunhal no mandado de segurança. Não há condenação em honorários advocatícios (da parte que perdeu à parte que ganhou); deve ser interposto pelo advogado.
Impetrado por apenas uma pessoa, onde o seu benefício visa a uma coletividade de pessoas, valerá para os membros que fazem parte daquela associação, do sindicato, da categoria.
Pode ser impetrado sem autorização dos seus associados, (o que diz o inc. XXI do art.5º, não é aplicado ao mandado de segurança coletivo), podendo os representantes ajuizarem o mandado de segurança; seu objetivo é beneficiar a coletividade. Ninguém pode pleitear direito alheio em nome próprio.
A doutrina defende que os associados, independente da época que se associaram, se beneficiem do mandado de segurança (corrente majoritária), mas existe doutrinadores que acham que aquelas pessoas que não eram associadas na época em que se entrou com o mandado,
não teriam direito de se beneficiar dele.
O mandado de segurança não cabe para requerer direitos patrimoniais pretéritos (funcionário público demitido injustamente, fica quatro meses sem trabalhar e depois é readmitido, não recebendo os salários passados. Para recebê-los não poderá entrar com mandado, terá que ser outra ação). Neste mesmo sentido que a Copel ou Sanepar não podem cortar luz ou água por uma conta não paga a um ano atrás por exemplo.
(Obs. Somente o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa não habilitada.)
4) Habeas Data (LXXII) – é destinado a assegurar o direito à informação sobre dados pessoais constantes em registro e bancos de dados governamentais ou de caráter público ou para retificar estes dados. Pode ser usado sempre que os responsáveis por esses bancos de dados se recusarem a fornecer informações pessoais aos próprios interessados.
Não é possível impetrar habeas data para ter conhecimento de dados de outra pessoa, mas é possível requerer o habeas data para verificar, por exemplo, o SPC, SERASA, etc.
Para pedir o habeas data o impetrante precisa comprovar que tentou obter a informação primeiro através de via administrativa, se o pedido for negado ou não fornecida a informação em 15 dias, aí sim, cabe o habeas data.
5) Mandado de Injunção (LXXI) – individual ou coletivo, serve para assegurar o exercício de direito previsto na CF mas ainda não regulamentado. Cabe ao juiz elaborar uma norma para o caso concreto, permitindo o exercício do direito.
É proposto normalmente contra autoridade faltosa. Uma das suas características é que não é julgado em 1a instância, mas diretamente pelo STF (art. 102, I, q).
Somente pode ser proposto contra norma constitucional que necessita de complementação legislativa, nunca contra a norma constitucional de eficácia plena ou contra ato normativo infra-constitucional já existente e que regulamente certa matéria.
O STF entende que ao Judiciário não é dado suprir a lacuna legislativa, nem ordenar ato concreto de satisfação do direito reclamado. Na verdade, o Judiciário declara a insconstitucionalidade da omissão, cientificando o órgão competente.
Posição mais atual, garante o uso de ação indenizatória no caso da omissão não ser suprida em prazo assinalado pelo STF.
O mandado de injunção tem, portanto, por finalidade realizar concretamente em favor do impetrante o direito, liberdade ou prerrogativa, sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o seu exercício. Não visa obter a regulamentação prevista na norma constitucional, não é função do mandado de injunção pedir a expedição de norma regulamentadora, pois ele não é sucedâneo de ação de insconstitucionalidade por omissão.
6) Ação Popular (LXXIII) - seu objetivo é a proteção do patrimônio público, histórico, cultural, do meio ambiente e da moralidade administrativa diante de um ato lesivo, imoral ou ilegal. Pode ser impetrado por qualquer cidadão (entenda-se, aquele que vota) brasileiro.
Proposta por “cidadão”, deriva do direito republicano, patrimônio público; deve ser ajuizado pelo cidadão acompanhado pelo seu advogado.
Aquele que não é cidadão do local, não pode ajuizar ação popular contra o poder público do município, somente contra bens do Estado ou da União, mas há alguns que entendem que se pode fazê-lo em qualquer parte do território nacional.
Se menor de idade, deve ser assistido pelo seu representante, podendo o eleitor passar a procuração ao advogado.
Se o autor perder a ação não paga nada, ou seja, fica isento do ônus da sucumbência, salvo se ajuizou de má-fé. Isto estimula a população a controlar qualquer ato ilegal que estiverem presenciando. 
* * * * *
	Existem três formas de limitações ao poder do Estado: rol de direitos e garantias constitucionais; distribuição do poder a determinados órgãos (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário); e finalmente, o exercício do poder em função do território do Estado (formas de Estado).
As formas de Estado são: 
Estado Unitário
Estado Autonômico
Estado Federal
J.H. Meirelles Teixeira define Estado Unitário: “de um modo geral podemos dizer que nos encontramos em face de um Estado Unitário, quando a constituição delega todo o poder governamental ao governo nacional, que poderá criar tantas subdivisões e delegar-lhes tais poderes que entenda adequados, mudando, alterando os seus limites e os seus poderes por lei ordinária e a seu bel prazer.
Nos Estados Unitários os poderes dos entes locais (departamentos, municipalidades, etc) dependem exclusivamente da atitude do legislativo ordinário do poder central, ao passo que no Estado Federal, as prerrogativas dos entes locais (estados, municípios) pairam acima da vontade do Estado central, pois são garantidos por uma constituição rígida.”
Os constitucionalistas dizem que o Brasil foi um Estado Unitário de 1824 a 1889, e de 1967 a 1988 foi um Estado federativo teoricamente, pois na prática, era um Estado Unitário.
Federação é a união de entidades políticas autônomas, indissolúvel, sob texto constitucional rígido que preveja repartição de competências (conceito clássico). Os Estados-membros possuem autonomia política, têm poderes constituintes decorrentes e podem seguir a sua própria constituição.
Existem federações que permitem a solubilidade (Canadá).
O Estado Federal tem origem nos Estados Unidos, pois originariamente eram treze colônias independentes que transformaram-se em uma confederação, pois tinham objetivos comuns, mas, esta experiência não deu certo, era necessário que cada colônia abrisse mão de um pouco de sua soberania, em favor de um poder central, que teria poder sobre todas as colônias, agindo em favor delas quando o assunto fosse comum a todas, quando a matéria a ser tratada fosse de interesse regional, ou seja, de uma só colônia, esta seria responsável.
Entre o Estado Unitário e o Federal existe um terceiro: o Estado Autonômico, que é composto por regiões autônomas. Nele o poder central não tem à sua mercê a existência e amplitude da descentralização. A repartição de competências é inscrita no próprio texto constitucional. As regiões autônomas podem ser suprimidas por reforma constitucional e não possuem poder constituinte decorrente, já que sua organização é sempre aprovada por lei nacional. No Estado Federal as entidades federativas possuem poder constituinte decorrente e o pacto federativo é intocável.
Soberania é um poder que não encontra nenhum outro acima dele na esfera internacional, e nenhum outro que lhe esteja, nem mesmo, em igual nível na ordem interna. Todos os Estados (Unitário, Federal e Autonômico) possuem soberania.
A União não tem soberania, ela é uma pessoa jurídica formada pelos estados membros, que exercerá em nome do Estado, a soberania.
Autonomia é a margem de discrição que goza a entidade política, para decidir sobre seus negócios, mas sempre delimitada esta margem, pelo Direito Constitucional.
A União, os Estados, DF e municípios são autônomos, pois atuam forçosamente dentro de um quadro jurídico, definido pela CF.
A autonomia é uma área de competência circunscrita pelo direito, enquanto que, a soberania não encontra qualquer espécie de limitação jurídica.
Alexandre de Morais arrola algumas Características da Federação:
descentralização político-administrativa constitucionalmente prevista
autonomia financeira prevista na CF para que os Estados não fiquem na dependência de poder central. Esta característica, somada com a anterior, representam a repartição de competência.
Existência de órgão constitucional encarregado do controle da constitucionalidade das leis, para que não haja invasão de competências. No caso do Brasil, o órgão é o STF.
Constituição rígida que não permita a alteração da repartição de competências por intermédio de legislação ordinária.
Existência de órgão que dite a vontade dos membros da federação (senado). Todas as entidades políticas têm o mesmo peso.
Nacionalidade
única para todos os nascidos no território da federação. Art. 19, III, CF.
Possibilidade de intervenção federal (afastamento total ou parcial das prerrogativas inerentes ao poder legislativo, executivo ou judiciário, dependendo qual deles seja o alvo da intervenção). Pode acontecer sempre que haja perigo ao Estado ou ameaça à constituição. Art. 34, CF.
Possibilidade de criação, fusão e desmembramento dos estados membros, respeitada sempre, a integridade do território nacional.
No caso de federação tradicional, uma característica é a indissolubilidade. Art. 1o . impossibilidade de transformação do pacto federativo de forma tendente a transformar o Estado Federal em Unitário.
 	Confederação é a união de Estados soberanos através de tratado. Os Estados não perdem a sua soberania e podem desligar-se da confederação a qualquer tempo. As decisões confederais precisam de aprovação de leis internas de cada Estado confederado, para que possa ter aplicação em seu território.
Organização do Estado Brasileiro (arts. 18 a 43 CF)
A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil, compreende, como se vê do Art. 18, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A CF aí quis destacar as entidades que integram a estrutura federativa brasileira: os componentes do nosso Estado Federal.
Os territórios não são considerados como componentes da federação. No Brasil, não existem mais territórios, mas a CF reconhece a possibilidade de sua criação, se isto acontecer, serão classificados como autarquias, uma simples descentralização administrativo-territorial da União, quando os declarar integrantes desta (art. 18, § 2o).
Formação dos Estados
Os Estados constituem instituições típicas do Estado Federal. São eles as entidades-componentes que dão a estrutura conceitual dessa forma de Estado.
Não há mais como formar novos Estados, senão por divisão de outro ou outros. A CF prevê a possibilidade de transformação deles por incorporação entre si, por subdivisão ou desmembramento quer para se anexarem a outros, quer para formarem novos Estados, quer, ainda, para formarem territórios federais, mediante aprovação da população diretamente interessada (é aquela que vai ser afetada, a emenda 15/98, diz que a Estado mãe também deve ser consultado.), através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas (art. 18, § 3o e art. 48, VI).
Não Existe possibilidade jurídica, de uma separação de Estado membro, da Federação, há punição contra movimentos de separação (indissolubilidade da Federação).
Vedações Constitucionais de Natureza Federativa 
O art. 19 contém vedações gerais dirigidas à União, Estados, DF e Municípios. Visam o equilíbrio federativo.
No inciso I deste artigo, encontramos que, em função da natureza laica (não tem religião oficial) do Estado brasileiro, é inadmissível que qualquer de suas entidades autônomas federativas estabeleça cultos religiosos ou igrejas ou subvencione-os, com isto está sendo preservada a igualdade entre as religiões existentes no país.
Em função da liberdade de cultos e religiosa, é proibido também, embaraçar o funcionamento de cultos ou igrejas ou com eles ou seus representantes manter relações de dependência ou aliança, possibilitada a colaboração de interesse público (quando a entidade religiosa pratique uma atividade que deveria estar sendo prestada pelo Estado – hospital mantido por entidade religiosa), na forma de lei (lei da entidade federativa envolvida – federal, municipal ou estadual).
O inciso II diz respeito à credibilidade dos documentos públicos, ou seja, de que entidade públicas forem os documentos, eles fazem prova, valem formal e materialmente perante outra
No inciso III encontramos outro grupo de vedações, que prende-se mais estritamente ao princípio federativo da unidade de nacionalidade de todos os brasileiros, qualquer que seja o Estado ou Município de seu nascimento, bem como o princípio de paridade entre as entidades da federação. A vedação de criar distinções entre brasileiros coliga-se com o princípio da igualdade.
O art. 150, VI, “a” também traz uma vedação; uma imunidade recíproca em matéria constitucional, ou seja, a União, os Estados, o DF e os municípios estão proibidos de instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. Observe-se que só se refere aos impostos diretos (IPTU). Os impostos indiretos (aqueles embutidos no preço da mercadoria) podem ser cobrados. (IPI).
Repartição de Competência
José A. Silva define competência: “faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões.”
O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades componentes do Estado federal é a predominância de interesse, segundo o qual à União caberão matérias e questões de predominante interesse geral, nacional; aos Estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos municípios concernem os assuntos de interesse local.
 A Constituição dos EUA relata (enumera) tudo o que compete a União, e o que não cabe a União, cabe aos Estados Membros.
 Constituição do Canadá, cabe aos Estados Membros enumerarem suas competências, e as remanescentes (sobra), cabe a União.
Outras Constituições enumeram competências exageradas para União, ou para os Estados Membros, (Índia, Venezuela).
A repartição de competência é feita de duas formas básicas: a repartição vertical e a horizontal.
Realiza-se a repartição vertical de competência quando se distribui igual matéria legislativa entre a União e Estados ou, entre a União, Estados e Municípios. Fixa-se, então, o que se designa de “condomínio legislativo”, no qual os círculos menores (Estados e Municípios) atuam apenas em caráter subsidiário, no pertinente a matérias determinadas atribuídas à competência da União.
A repartição horizontal se realiza quando se inseri estas ou aquelas matérias no âmbito de atuação desta ou daquela entidade federada, delimitando as fronteiras normativas do Estado federal. Chama-se repartição horizontal porque separa as competências, como se separasse setores no horizonte governamental.
A nossa CF adota as duas técnicas, mas nota-se, ao comparar a constituição atual com as anteriores, que houve uma verticalização da competência.
Primeiro, a competência pode ser separada em dois grandes grupos: competência legislativa (elaborar as leis) e competência material (retirando a elaboração de leis, trata do restante: competência administrativa, em relação a saúde, arrecadar impostos, realizar serviço público). Estes dois grandes grupos podem ser classificados da seguinte maneira:
Quanto à forma:
Expressa - vem enumerada, escrita na C.F. como sendo próprias de uma ou mais entidades federativas. (arts. 21, 22 23, 24).
Remanescente ou Reservada – é a competência que sobra para uma entidade, após a enumeração da competência das outras entidades. O que não for expressamente atribuído a uma entidade, é entendido como competência. Art. 25, § 1º.
Residual – competência que sobra para uma entidade depois de distribuídas todas as competências, a todas as entidades. Art. 154, I, matéria tributária (se um novo imposto for implantado, obviamente não estará previsto na CF e sua competência será da União).
Implícita ou Resultante – são instrumentais ao atingimento das finalidades expressamente enumeradas. Referem-se à prática de atos ou atividades razoalvelmente considerados necessários para o exercício dos poderes expressos. Na CF atual não existe este tipo de competência. Ex.: em uma constituição anterior não havia competência expressa sobre a expulsão de estrangeiros do país; seria ilógico, que esta competência fosse dada a um Estado ou Município; entendeu-se que em decorrência da soberania da União, está implícito que é de competência dela esta matéria.
Quanto à extensão
Exclusiva – é dada como sendo de uma entidade
política, com a exclusão de todas as demais. Não pode ser delegada. (art. 21)
Privativa – é aquela enumerada como própria de uma entidade, mas com possibilidade de delegação às outras entidades. (art. 22, § único)
Comum ou Paralela – é a possibilidade de atuação das entidades políticas em pé de igualdade, sem que haja hegemonia entre elas, e sem que o exercício da competência de uma entidade exclua a competência da outra (Art. 23)
Concorrente – é a possibilidade de disposição acerca da mesma matéria por mais de uma entidade federativa, cabendo a primazia da União no que tange a fixação de normas gerais. (art. 24)
Suplementar – correlativa da competência concorrente. Poder de formular normas que desdobrem o conteúdo de princípios de normas gerais que supram a ausência ou omissão destas. (art. 24, §§§ 2o, 3o e 4o)
QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES
Discorra sobre os direitos políticos, abordando o direito de sufrágio, voto e suas características, sistemas eleitorais e perda e suspensão dos direitos políticos. (Vale 4 pontos)
Qual a diferença entre Habeas Corpus e Mandado de Segurança? (2 pontos)
Diferencie a competência privativa da competência exclusiva e, competência expressa da competência remanescente. (2 pontos)
O que é princípio do juiz natural? E o que é o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional? (2 pontos) 
***
Discorra sobre o direito de nacionalidade, explicitando no que consiste, a forma de sua obtenção, as discussões possíveis entre nacionais brasileiros e os casos de perda e reaquisição. (4 pontos)
O que é princípio da soberania dos veredictos do tribunal do júri? E o princípio da legalidade? (2 pontos)
Diferencie autonomia e soberania. (2 pontos)
O que é princípio do monopólio da jurisdição pelo judiciário (também chamado de princípio da inafastabilidade jurisdicional) ? (2 pontos)
***
Faça uma dissertação sobre os direitos políticos negativos. (4 pontos)
É possível a interposição de mandado de injunção contra a falta de regulamentação de norma constitucional de eficácia plena? (2 pontos)
Diferencie Estado Unitário de Estado Autonômico. (2 pontos)
Explique o que é competência implícita e competência concorrente. (2 pontos)
UNIÃO
“União é pessoa jurídica de Direito Público Interno, com capacidade política, que ora se manifesta em nome próprio (no âmbito interno), e ora se manifesta em nome da Federação no âmbito externo (em tratados, convenções, qualquer “negócio” que envolva outros países ). Excepcionalmente, quando decreta intervenção federal, estado de sítio ou de defesa, atuará internamente em nome da Federação. 
A União é a entidade federal formada pela reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica de Direito Público interno, autônoma em relação às unidades federadas (ela é unidade federativa, mas não é unidade federada) e a que cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro. Estado federal, com o nome de República Federativa do Brasil, é o todo, ou seja, o complexo constituído da União, Estados, DF e Municípios, dotado de personalidade jurídica de Direito Público internacional.
O Estado federal é que é a pessoa jurídica de Direito internacional. Na verdade, quando se diz que a União é pessoa jurídica de Direito internacional, não está se dizendo bem, mas quer-se referir a duas coisas: as relações internacionais do Estado federal realizam-se por intermédio de órgãos da União, integram a competência desta, conforme dispõe o art. 21, incisos I a IV; os Estados federados não têm representação nem competência em matéria internacional, nem são entidades reconhecidas pelo Direito Internacional, são simplesmente de direito interno. Assim, não podem os Estados Membros celebrarem tratados, somente a União poderá fazê-lo, pois detêm a soberania.
Diversa é a situação quando encaramos a União sob o prisma do direito interno, pois neste caso, é titular de direitos e sujeito de obrigações. Está sujeita, como qualquer pessoa, à responsabilidade pelos atos que pratica por seus órgãos e agentes e pode ser submetida aos Tribunais, como órgãos jurisdicionais do Estado. Como tal, tem seu domicílio na Capital Federal (art. 18, § 1o ). Todavia, para fins processuais, a CF estabelece regras de foro especiais conforme seja autora ou ré (art. 109, §§ 1o a 4o).
Observa-se que a União não tem soberania, ela é uma pessoa jurídica formada pelos estados membros, que exercerá em nome do Estado Federal, a soberania.
Competências da União
Dispõe de:
competência material exclusiva (art. 21)
competência legislativa privativa (art. 22)
competência comum com os Estados, DF e Municípios (art. 23)
competência legislativa concorrente com os Estados, e DF sobre temas especificados (art. 24).
A União não possui competência suplementar e nem reservada (remanescente). Possui competência em matéria reservada, que é expressa e residual (art. 154 – referente a imposição de impostos que não estejam previstos). 
Quando se tratar de cobrança de taxas e tributos de melhoria, estes podem ser cobrados pelos Estados membros e Municípios, pois neste caso a competência é concorrente (art. 24).
Bens da União
Os bens públicos são classificados como:
- Bem de Uso Comum – não afetados a utilização especial, estando aberto ao público (ex. praças, etc.);
- Bens Dominiais – Integram o patrimônio das entidades públicas, não tem afetação ao uso público ou específico, ( terras devolutas, terreno penhorado de particular por falta de pagamento ).
- Bem Especial - Utilidade afetada a um fim específico ( Prefeitura, DRF).
* A desafetação normalmente deve ser feito por lei.
O art. 20 da CF estatui que são bens da União:
I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos. ( aqueles que estão em seu nome, e aqueles que podem sobrevier ).
II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. ( terras devolutas são as que nunca pertenceram a ninguém, ou se passado a particular, não foi cumprido os encargos, voltando à União, pois não cumpriu a obrigação imposta; se não se enquadrar nesses requisitos, serão dos Estados Membros – Art. 26, IV ).
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II. ( bens do Estado – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros ) pertencem a União, e podem ser vendidos através de licitação, ( ex. Ilha Acaray ).
V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva. (plataforma continental, é o subsolo, terreno abaixo da mar, até a zona abissal – quando termina o subsolo marítimo – ou até 200 milhas.) 
VI – o mar territorial. (12 milhas no mar territorial, de 12 a 200 milhas é considerada zona econômica de exploração exclusiva ).
VII – os terrenos da marinha e seus acrescidos. ( 33 metros da maré média, para dentro do mar ).
VIII – os potenciais de energia hidráulica. ( exploração de energia hidráulica ).
IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo. (art. 176)
X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos.
XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º. É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás
natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivos territórios, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. ( refere-se ao pagamento de Royaltes, exemplo seria aqueles referentes à Itaipu, há o pagamento aos Municípios afetados pela represa do rio ).
§ 2o A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Intervenção Federal
Consiste em medida excepcional de supressão temporária da autonomia de um determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional, e que visa à unidade e preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, Estados, do DF e dos Municípios.
A União, em regra, somente poderá intervir nos Estados-membros e no DF, enquanto que os Estados somente poderão intervir nos Municípios integrantes de seu território.
Note-se, portanto, que a União não poderá intervir diretamente nos municípios, salvo se existentes dentro de Território Federal (art. 35, caput).
Esse ato extremado e excepcional de intervenção na autonomia política dos Estados-membros ou do DF, pela União, somente poderá ser consubstanciado por decreto do Presidente da República (art. 84, X); e no caso de intervenção municipal, pelos governadores de Estado. É, pois, um ato privativo do Chefe do Poder Executivo. Observa-se que se não houver decreto, não haverá intervenção.
No art. 34 encontramos as hipóteses em que pode ocorrer a intervenção federal.
Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I – manter a integridade nacional;
II – repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra. ( ex. PM do Paraná atuar em São Paulo, salvo se houver acordo ).
III – pôr termo a grave comprometimento da ordem pública. (impedir badernas, que causem problema à ordem pública ).
IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação. ( Legislativo, Executivo e Judiciário ).
V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial. ( quando não é cumprida a lei );
VII – assegurar a observância dos requisitos princípios constitucionais (*) – Se não observados entra-se com uma ADIN interventiva.
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração públicas, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações de serviços públicos de saúde.
(*) Princípios Constitucionais sensíveis são aqueles clara e indubitavelmente mostrados pela CF, os apontados, enumerados. São sensíveis em outro sentido, como coisa dotada de sensibilidade, que, em sendo contrariada, provoca reação, e esta, no caso, é a intervenção nos Estados, exatamente para assegurar sua observância. Estão enumerados no art. 34, VII, e constituem o fulcro da organização constitucional do país.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
I – no caso do art. 34, IV, de solicitação (entenda-se pedido) do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição (leia-se, por uma ordem) do STF, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário.
II – no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do STF, do STJ ou do TSE.
III – de provimento, pelo STF, de representação do Procurador Geral da República, na hipótese do art. 34, VII. (ADIN interventiva)
IV – de provimento, pelo STJ, de representação do Procurador Geral da República, no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 1o O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas (que pode anular ou não a decretação de intervenção)
§ 2o Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. (Ex. vencimento de mandato)
Nas hipóteses de intervenção espontânea, em que o Presidente verifica a ocorrência de determinadas hipóteses constitucionais permissivas da intervenção, ouvirá os Conselhos da República (art. 90, I) e o de Defesa Nacional (art. 91, § 1o, II), que opinarão a respeito. Após isso, poderá discricionariamente decretar a intervenção no Estado-membro.
Observa-se que não é possível o controle jurisdicional (ao Judiciário caberá controlar apenas os aspectos formais da interevenção) sobre os motivos da intervenção. Este controle é político (cabe ao Legislativo), e deve ser realizado pelos representantes do povo ( Câmara dos Deputados) e dos próprios Estados (Senado), a fim de garantir a excepcionalidade da medida; submetendo-se, pois, o decreto à apreciação do Congresso Nacional no prazo de vinte e quatro horas, que deverá rejeitá-lo ou, mediante decreto legislativo, aprovar a intervenção federal. Caso o Congresso Nacional não aprove a decretação da intervenção, o Presidente deverá cessá-la imediatamente, sob pena de crime de responsabilidade (art. 85, II).
Nas hipóteses previstas no art. 34, VI e VII, o controle político será dispensado, conforme expressa precisão constitucional, e o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade (art. 36, § 3o).
	Quadro Geral
ESTADOS MEMBROS
Surgiram no Brasil em 1.889 com a República, as províncias passaram a ser chamadas de Estados Membros.
É um ente política, pessoa de Direito Público interno dotado de autonomia e componente da Federação.
A CF assegura autonomia aos Estados federados que se consubstancia na sua capacidade de auto-organização, de autogoverno e de auto-administração (art. 18, 25 e 28).
Auto- organização é a capacidade de fazerem suas próprias leis e regerem-se por elas.(art. 25)
Autogoverno é a capacidade de escolherem seus governantes e a possibilidade deles de gerirem o negócio do Estado de acordo com os interesses e peculiaridades locais. (característica retirada quando da intervenção)
Auto-administração é a possibilidade do Estado manter e administrar os serviços públicos de interesse local.
Poder Constituinte Estadual
Os Estados são regidos também por sua própria constituição, que só é possível porque os Estados estão munidos de um Poder Constituinte Decorrente, que nasce do Poder Constituinte Originário. Este é fonte da CF, é poder supremo, soberano; aquele é apenas autônomo e deve obedecer os princípios constitucionais estabelecidos (aqueles que limitam a autonomia organizatória dos Estados membros e Municípios, isto é, revelam previamente a forma de sua organização social, econômica e política). Ex.: art. 61, §1o, II.
No Brasil, o Constituinte Estadual sempre se exprimiu
por via de Assembléia Constituinte Estadual. Quando assim não se procedeu, foi porque a CF, proveniente de movimento autoritário, determinara que os Estados reformassem seus Constituições para adaptá-las àquela (CF 67), ou, ainda, mandara que suas disposições se incorporassem ao direito constitucional dos Estados (CF 69).
A CF de 88, nesse ponto, não previu a convocação de Assembléias Constituintes com poderes especiais para elaborarem suas constituições. Por ela, a Assembléia Nacional Constituinte reconheceu às Assembléias Legislativas, eleitas com ela em 1986, poderes constituintes, para elaborar a Constituição do Estado (ADCT, art. 11 - Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.)
Competências dos Estados Membros
Ordinariamente são as remanescentes ou reservadas (art. 25, §1o). Existem também:
comuns (art. 23)
concorrentes (art. 24)
suplementares (art. 24, § 2o)
expressas – em matéria tributária (no caso de impostos). Quando tratar-se de imposição de taxas e melhorias é concorrente.
Autoridades Próprias
São membros dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, escolhidos dentro do Estado membro. São eles:
- Governador – eleito por membros do Estado.
- Deputado Estadual – eleito por membros do Estado.
- Juizes – autoridades locais, concursados dentro do Estado Membro.
Poder Legislativo Estadual
A Assembléia Legislativa é o órgão do Poder Legislativo estadual, que, nos Estados é unicameral. Compõem-se de Deputados, representantes do povo do Estado, eleitos diretamente pelo sistema proporcional, para um mandato de 4 anos.
O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 36, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze (Art. 27). Exemplo, será de 24 o número de Deputados Estaduais se existirem 8 Deputados Federais. Mas, se a representação de determinado Estado, na Câmara Federal, for de 42 Deputados, o número de Deputados Estaduais terá 36 mais quantos forem os Deputados Federais eleitos acima de 12: ou seja, extraiam-se 12 de 42 e some-se o resultado a 36, ter-se-á 36 + (42-12) = 66.
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º. Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidade, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas;
§ 2º. A remuneração dos Deputados Estaduais será fixada em cada legislatura, para a subseqüente, pela Assembléia Legislativa, observado o que dispõe os arts. 150, II, 153, III, e 153, par.2º.,I, na razão de, no máximo, 75 % daquela estabelecida, em espécie, para os Deputados Federais;
§ 3º. Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos;
§ 4º. A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.
Poder Executivo Estadual
É exercido pelo Governador do Estado, eleito para um mandato de 4 anos, por sufrágio universal e voto direto e secreto em eleição que se realize 90 dias antes do término do mandato de seu antecessor. (art.77). Seus secretários detêm cargos de confiança.
Os impedimentos do Governador decorrem da natureza de suas atribuições, assim como ocorre com o Presidente, independentemente de previsão especificada na Constituição do Estado. Art. 28, 38 e 37, XVI.
Poder Judiciário Estadual
O constituinte estadual é livre para estruturar sua Justiça, desde que preveja o Tribunal de Justiça como órgão de cúpula da organização judiciária estadual, crie os juizados especiais e a justiça de paz, designe juiz de entrância especial com competência para dirimir litígios agrários e mantenha o tribunal do júri (arts. 93, III; 96, I e II, 98 e 125). Poderá criar ou não Tribunal de Alçada, criar ou não Justiça Militar, por proposta do Tribunal de Justiça, descentralizar seu sistema judiciário com tribunais de segunda instância em regiões do interior.
A Justiça estadual compreende, tribunais de segunda instância e juizes de primeira. O Tribunal de Justiça compõem-se de desembargadores em número e atribuições determinados na constituição de cada Estado. Os Tribunais de Alçada, se houver, compõem-se de juizes.
Intervenção nos Municípios
A intervenção estadual nos municípios tem a mesma característica de excepcionalidade da intervenção federal, pois a regra é a autonomia do município e a exceção é a intervenção em sua autonomia política, somente nos casos taxativamente previstos na CF (art. 35), sem qualquer possibilidade de ampliação pelo legislador estadual. Por ser ato político, somente o governador do Estado pode decretá-la, dependendo da hipótese do art. 35, IV, de ação julgada procedente pelo Tribunal de Justiça.
Trata-se de intervenção de ofício nos casos dos incisos I, II, e III, e de provimento do Tribunal de Justiça no caso do inciso IV.
Cada Estado Membro diz como se procede a intervenção do Estado no Município, devendo ocorrer somente nos casos do art. 35, acarretando, se não seguido esses requisitos, uma ação de inconstitucionalidade.
Não poderá o Estado intervir em Municípios que não mais faça parte da jurisdição.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino;
IV – o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
MUNICÍPIOS
A CF consagrou o município como entidade federativa indispensável ao nosso sistema federativo, integrando-o na organização político-administrativa e garantindo-lhe plena autonomia, como se nota nos arts. 1o, 18, 29, 30 e 34, VII, c.
A autonomia municipal, da mesma forma que a dos Estados-membros, configura-se pela tríplice capacidade de auto-organização, autogoverno e auto-administração.
Dessa forma, o município auto-organiza-se através de sua Lei Orgânica Municipal e, posteriormente, por meio da edição de leis municipais; autogoverna-se mediante a eleição direta de seu prefeito, vice-prefeito e vereadores, sem qualquer ingerência dos Governos Federal ou Estadual; e auto-administra-se, no exercício de suas competências administrativas, tributárias e legislativas, diretamente conferidas pela CF.
Art. 29. O município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da câmara municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
I – eleição do Prefeito, do Vice Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo País;
II – eleição do Prefeito e do Vice Prefeito até noventa dias antes do término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores. (majoritário absoluto).
III – posse do Prefeito e do Vice Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
IV – números de Vereadores proporcional a população do Município, observando os seguintes limites:
a) mínimo de nove
e máximo de vinte e um nos Municípios de até um milhão de habitantes. (é o caso do Foz do Iguaçu, que tem 21 Vereadores)
b) mínimo de trinta e três e máximo de quarenta e um no Municípios de mais de um milhão e menos de cinco milhões de habitantes;
c) mínimo de quarenta e dois e máximo de cinqüenta e cinco nos Municípios de mais de cinco milhões de habitantes.
V – remuneração do Prefeito, do Vice Prefeito e dos Vereadores fixada pela Câmara Municipal em cada legislatura, para a subseqüente, observado o que dispõem os arts. 37, XI; 150, Par. 2º, I; (a Emenda Constitucional n.º 19 modificou este dispositivo, onde os atuais Vereadores previam o salário dos Vereadores Subseqüentes, hoje não ocorre mais isso).
VI – a remuneração dos Vereadores corresponderá a, no máximo, 75% (setenta e cinco por cento) daquela estabelecida, em espécie, para os Deputados Estaduais, ressalvado o que dispõe o art. 37, XI; (que diz que nos Municípios o salário será regulado pelo salário do Prefeito, não podendo ganhar mais do que o Prefeito, e receber 75% do salário dos Deputados Estaduais).
Existem 3 regras, 3 tipos de tetos salariais:
1º - receber 75% do salário de um Deputado Estadual;
2º - salário equivalente ao do Prefeito, não podendo ganhar mais que o Prefeito;
3º - se os salários consumirem mais de 5% da receita do Município, será pago o equivalente aos 5%.
VII – o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de 5% (cinco por cento ) da receita do Município;
VIII – inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; (tem imunidade material, não podendo serem condenados por crimes contra a honra, salvo se estiverem fora de sua circunscrição – onde poderão ser condenados -; há entendimentos de que se ele não estiver exercendo sua função, ele perderá sua imunidade, podendo ser processado, por isso é de fundamental importância que ele esteja exercendo sua função); a imunidade é dada ao parlamentar para que ele não seja coagido, e possa dar sua opinião livremente.
Cabe respectivamente a Assembléia Legislativa, Câmara Federal e o Senado, decidirem se os Deputados Estaduais, Deputados Federais e os Senadores poderão ser processados por crimes comuns.
IX – proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e, na Constituição do respectivo Estado, para os membros da Assembléia Legislativa (art. 54. Dispõe sobre impedimentos para os Vereadores, Deputados Estaduais e Federais, Senadores, de firmarem contrato com a Administração Pública. As proibições são para Secretarias Municipais, e não para agentes concursados)
X – julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça, (o Prefeito será julgado perante o TJ pelo crime que cometeu – pena criminal - , mas o processo civil indenizatório correrá no local onde se deu o crime. O Prefeito não vai ao júri, e sim ao TJ. Ao STF cabe julgar os crimes de descaminho, contrabando)
XI –organização das legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
XII – cooperação das associações representativas no planejamento municipal;
XIII – iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através da manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado (deve haver uma margem de 5% do eleitorado, para apresentação de projeto de lei, para que haja iniciativa popular; os vereadores podem ou não aceitar (aprovar) o projeto de lei )
XIV – perda do mandato de Prefeito, nos termos do art. 28, § Único, (perda do mandato, se, assumir outro cargo ou função na Administração Pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público em observado o disposto no art. 38, I, IV e V).
Competências dos Municípios
exclusiva (art. 30, I)
suplementar (art. 30, II)
comum (art. 23)
 
Art. 30. Compete aos Municípios:
I – legislar sobre assuntos de interesse local (interesse do Município, para se saber se o interesse é local, será estudado na CF. sobre de quem seja esse interesse)
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (editar normas específicas para os municípios, acolhendo normas da União, Estados, tendo que se adequar a essas normas)
III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; (a competência tributária é expressa na Constituição Municipal, são elencados exclusivamente nas matérias de impostos, e são matérias concorrentes em relação a taxas de contribuição de melhorias).
IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; (podem criar distritos, observada a Constituição Estadual)
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial. (organiza a prestação de serviços de transporte coletivo, sanepar, indiretamente, através de concessão; aos servidores públicos federais, transporte coletivo internacional, ex. BR – PY –AG, os tratados internacionais, cabe a União elaborar as taxas/tarifas). 
VI – manter com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré escolar e de ensino fundamental;
VII –prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle de uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; (controlar a legislação predial, loteamento, zona do subsolo, altura máxima dos prédios em zona urbana, tamanhos e formas dos terrenos, etc.)
IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual
 
A lei federal não revoga lei municipal ou estadual quando estão tratando da mesma matéria. Aquela só trata da matéria até um certo limite, e a determinação das competências garante que não haja invasão de competências. Quando, por exemplo, uma lei federal manda cobrar tarifa de R$ 1,00 e a lei municipal manda que se cobre R$ 1,50, aquela não revogará está que ficará apenas suspensa. (art. 24, § 4o).
Observa-se porém, que a CF pode revogar lei estadual ou municipal, pois é a lei suprema, e é sobre ela que se funda todo o ordenamento jurídico.
O Poder Legislativo Municipal tem a incumbência de legislar e fiscalizar as Contas Públicas do Município.
A Câmara Municipal é o órgão do Poder Legislativo local, e tem suas atribuições discriminadas pela lei orgânica do respectivo município.
A sua função legislativa é exercida com a participação do Prefeito, e por meio dela se estabelecem as leis municipais, e se cumpre, no âmbito local, o princípio da legalidade a que se submete a Administração.
A sua função fiscalizadora é de grande relevância, tanto que é prevista na CF, e no Projeto, que declara que a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios será exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo, com auxílio do Tribunal de Contas do Estado (órgão auxiliar do Poder Legislativo) ou do Conselho ou Tribunal de Contas do Município, se houver. A atividade fiscalizadora da Câmara efetiva-se mediante vários mecanismos, tais como pedido de informações ao Prefeito, convocação de auxiliares diretos deste, investigação mediante comissão especial de inquérito, tomada e julgamento das contas do Prefeito, observando-se que só por voto de dois terços de seus membros pode ela rejeitar o parecer prévio do Tribunal de Contas competente.
Nota-se que o município não tem Poder Judiciário.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

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