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Renata Azevedo – 2017 PEDIATRIA CARDIOPATIAS CONGÊNITAS Definição: são malformações estruturais do coração ou dos vasos intratorácicos, que apresenta real ou potencial importância funcional. Incidência: 2 a 10/ 1000 RN vivos. As cardiopatias são as anomalias congênitas com maior prevalência ao nascimento. Etiologia: multifatorial (infecções, doenças ou uso de drogas, associados a fatores genéticos). Mais comuns: CIV, CIA, PCA suspeição clínica: ausculta cardíaca, palpação abdominal, cianose, resposta a estímulos, movimentação espontânea, padrão respiratório, . Afastar causas de potencial de agravo. CIRCULAÇÃO FETAL Veia umbilical (sangue oxigenado que veio da placenta) → ducto venoso → veia cava inferior→ átrio direito → forame oval → átrio esquerdo (aqui o sangue muito oxigenado vindo da placenta se mistura com o sangue pouco oxigenado que esta voltando do pulmões) → artérias pulmonares ( onde há o ducto arterial que comunica as artérias pulmonares com a artéria aorta para não sobrecarregar os pulmões e permitir que o ventrículo direito se fortaleça para sua total capacidade funcional no nascimento) CONDIÇÃO CARDIOPATIA TRISSOMIA 21 – SD DE DOWN DSAV*, CIV, CIA, T4F, CoA SÍNDROME DE TURNER VALVA AÓRTICA BICÚSPIDE, CoA TRISSOMIA 18 – SD EDWARDS CIV/ PCA/ CIA TRISSOMIA 13 – SD PATAU CIV/ PCA/ CIA SÍNDROME ALCOÓLICO FETAL DEFEITOS SEPTAIS SÍNDROME DE MARFAN DEFEITOS VALVARES, AMEURISMA E DISSECÇÃO DE AORTA FREQUÊNCIA DAS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIV 35-30% CIA 6-8% PCA 6-8% COARCTAÇÃO DE AORTA 5-7% TETRALOGIA DE FALLOT 5-7% ESTENOSE PULMONAR 5-7% ESTENOSE AÓRTICA 4-7% TGA 3-5% Renata Azevedo – 2017 TRANSIÇÃO CIRCULAÇÃO FETAL PARA NEONATAL Quando a criança nasce acontece algumas alterações no processo de circulação sanguínea, sendo elas: aeração pulmonar e aumento PO2 Diminuição resistência vascular pulmonar Retirada da placenta levando a obliteração do ducto venoso e aumento RV periférica Ou seja agora a resistência vascular pulmonar torna-se menor que a RV periférica Reversão do shunt pelo canal arterial (agora é esquerda-direita, e antes era direita-esquerda). O canal (ducto) arterial se torna ligamento arterioso. aumento do VE (parede e massa) Persistência do canal arterial é ocorrência comum em recém-nascido pré-termo, Renata Azevedo – 2017 principalmente com idade gestacional inferior a 30 semanas. Salientando, que o esperado é que haja um fechamento funcional do canal nas primeiras 12 horas de vida e o fechamento anatômico ocorrem em até 21primeiros dias de vida. Obs.: coarctação da aorta(que pode causar também diferença entre os pulsos dos MMSS e MMII). CIANOSE A cianose pode ser central e periférica. Causada por um shunt (mistura) de sangue venoso com arterial. Central:É a coloração azul-arroxeada da pele/mucosas(ex: boca). Ocorre quando há uma saturação de oxigênio de aproximadamente 80% e redução de hemoglobina no sangue – cianose não é visível em paciente com anemia –. Periférica: cianose de mãos e pés. Teste da Hiperoxia: No teste compara-se PaO2 em ar ambiente e após oferta de O2 a 100% por 5/10 minutos. Se a cianose for consequência de pneumopatia: PO2 irá aumentar em 20-30mmHg ou a saturação de O2 em 10% do valor inicial. Se a cianose for consequência de cardiopatia: Elevação da PO2 (em valor inferior á 20 mmHg) e da SAT O2 (aumenta mas com valor menor que 10% do valor inicial). TESTE DO CORAÇÃOZINHO Barato, indolos e não invasivo. O que é? O teste é uma Oximetria de pulso que deve ser feita nas primeiras 24 horas. Membro superior direito e em qualquer um dos membros inferiores. especificidade 99% sensibilidade 75% Comunicação interventricular (CIV) Comunicação interatrial (CIA) Persistencia do canal arterial (PCA) Renata Azevedo – 2017 CARDIOPATIAS CONGÊNITAS: CIANÓTICAS E ACIANÓTICAS Acianóticas Podem ser por sobrecarga de volume ou por sobrecarga de pressão Sobrecarga de volume: Doenças que podem levar a essa sobrecarga: CIA – CIV – DSAV – PCA; Mecanismo: Shunt esquerda-direita QC: Insuficiência cardíaca (taquipneia, BAN, esforço respiratório); na compensação pode haver dilatação. Síndrome de Eisenmenger que evolui com aumento da resistência vascular pulmonar, inversão fluxo e cianose. Lesões regurgitantes, miocardiopatias Sobrecarga de pressão: OBSTRUÇÃO DA SAÍDA VENTRICULAR – estenose valva pulmonar ou aórtica, coarctação de aorta. Mecanismo: obstrução do fluxo de saída QC: Débito cardíaco se mantém (manifestações sutis de IC) e ocorre compensação > hipertrofia > dilatação e Insuficiência cardíaca. CIANÓTICAS Podem ser por hipofluxo ou hiperfluxo pulmonar Hipofluxo pulmonar ACIANÓTICAS CIANÓTICAS CIA – comunicação interatrial Tetralogia de Fallot (obstrução saída de VD, Dextroposição de aorta, defeito do septo AV e hipertrofia de VD) CIV- comunicação interventricular Transposição de grandes artérias Drenagem anômala parcial das veias pulmonares Drenagem anômala total das veias pulmonares Defeito do septo atrioventricular Atresia tricúspide Coarctação de aorta Renata Azevedo – 2017 T4F – atresia tricúspide – atresia pulmonar com septo íntegro Mecanismo: obstrução de fluxo pulmonar somado ao shunt direita- esquerda (FOP, CIA, CIV) Na obstrução grave a circulação pulmonar pode depender da PCA HIPOFLUXO? Sangue não passa no pulmão para ser oxigenado Hiperfluxo pulmonar TGA, VENTRÍCULO ÚNICO, TRUNCUS ARTERIOSUS Mecanismo: conexão ventrículo-arterial anormal ou por mistura total do sangue venoso sistêmico e pulmonar dentro do coração ____________________________________ DOENÇAS CARDIOPATIAS ACIANÓTICAS POR SOBRECARGA DE VOLUME Comunicação interatrial (CIA): Tipos: Ostium secundum (fossa oval) – 50-70%, Ostium primun – 30%, Seio venoso– 10%. História natural: CIA ostium secundun (QS) (< 3mm – 100% fechamento espontâneo até 18meses; > 8mm raramente fecha. CIA tipo seio venoso e Ostium primum (QP) não apresentam fechamento espontâneo. SHUNT E-D: leva ao aumento do volume na circulação pulmonar (Qp:Qs - 2:1); Anatomia/fisiologia: Aumento de VD, AD e artéria pulmonar. VE e aorta normais Quadro Clínico (QC): assintomático ou discreto. Desdobramento amplo e fixo de B2 – sopro sistólico mais audível em borda esternal esquerda média e alta. Diagnóstico: RX TÓRAX, ECG (sobrecarga VD), Ecocardiograma Tratamento: fechamento cirúrgico ou percutâneo (pctes sintomáticos, aumento VD) CIV Tipos: Perimembranosa (70%) ; Muscular (5-20%); Subarterial (5- 30%) Fisiopatologia : a magnitude do shunt é determinada pelo tamanho da CIV. Renata Azevedo – 2017 QC: Pequena: (diâmetro < 0,5cm) – CIV RESTRITIVA; assintomáticos, sopro holossistólico rude com frêmito, mais em BE esquerda baixa. Grande: (>1cm) – CIV NÃO RESTRITIVA – iguala pressões entre VD e VE. Pode haver hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca, pnm de repetição, sopro menor. Hiperfonese de B2 pela hipertensão pulmonar Diagnóstico: rx – cardiomegalia e aumento da trama vascular pulmonar; ECO. Tratamento: Se os defeitos forem pequenos: fechamento espontâneo ou conduta expectante. Quando recorrer à cirurgia? Em qualquer idade cujo tratamento clínico (vasodilatadores) não previne prejuízo de crescimento e sintomas; ou 6-12meses – defeitos grandes com hipertensão pulmonar; ou após 24 meses – se relação Qp:Qs > 2:1. Drenagem Anômala Parcial das Veias PulmonaresFisiopatologia: Retorno de uma ou mais VP levando sangue oxigenado para veias cavas, AD ou seio coronário QC: Achados clínicos compatíveis com CIA RX: síndrome de CIMITARRA – Drenagem para VCI, com formação de sombra em crescente densidade vascular em borda cardíaca direita. Defeito do Septo Atrioventricular Fusão incompleta do coxim endocárdico na vida fetal Defeito contiguo do septo atrial e ventricular , com valvas AV anormais Renata Azevedo – 2017 CARDIOPATIAS ACIANÓTICAS POR SOBRECARGA DE VOLUME Coarctação De Aorta Fisiopatologia: Estreitamento da aorta – justaductal é a mais comum. Pode ser discreta (adulto) ou grave/ hipoplasia de arco transverso (infantil). Pode haver associação com valva aórtica bicúspide. QC:hipoperfusão em MMII, diferença de PA entre membros superiores e inferiores (maior); diferença da amplitude de pulsos entre membros superiores e inferiores. Diagnóstico: RX( com congestão pulmonar); ecocardiograma tratamento: Graves: infusão de prostaglandina , intervenção cirúrgica. Após período neonatal – manejo clínico da congestão até estabilidade clínica cirurgia imediata: em crianças maiores CARDIOPATIAS CIANÓTICAS RELACIONADAS A HIPOFLUXO PULMONAR TETRALOGIA DE FALLOT Fisiopatologia: desvio anterior do septo infundibular em relação ao septo interventricular. Obstrução do trato de saída do VD – alteração da valva pulmonar ou estenose subvalvar, bem como Defeito septo ventricular, Dextroposiçaõ de aorta ,Hipertrofia de VD . QC: Obstrução leve – FALLOT ROSA /sopro sistólico ejetivo, baqueteamento digital/ cócoras Obstrução grave – cianose ao nascer que piora com o fechamento do canal arterial CRISES HIPERCIANÓTICAS OU HIPOXÊMICAS – primeiros 2 anos de vida. Diminuição súbita do fluxo pulmonar; ocorrem ao acordar ou após o choro. Diagnóstico: Rx – sinal do tamanco holandês, diminuição vascularização pulmonar; Ecocardiograma. Renata Azevedo – 2017 Tratamento: Casos graves neonatal: pgE1 + BLALOCK- TAUSSIG (aumento do fluxo pulmonar –shunt sistêmico pulmonar. Casos menos graves: controle e cirurgia no primeiro ano. Propanolol diminui crises de hipóxia CARDIOPATIAS CIANÓTICAS RELACIONADAS A HIPERFLUXO PULMONAR TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES ARTÉRIAS Fisiopatologia: Aorta emerge do VD e Arteria pulmonar do VE = circulação em paralelo; FOP e PCA permitem a mistura das circulações ao nascimento; 50% tem CIV associado QC: Cardiopatia cianótica mais comum do RN (t4f pode não ter cianose nas primeiras semanas ou meses) Septo IV intacto: cianose e taquipneia com fechamento do canal arterial; sem sopro, cianose. Com CIV: cianose menos intensa, sopro holossistólico. Clinica de insuficiência cardíaca. Diagnóstico: Rx: com CIV – cardiomegalia e vascularidade pulmonar aumentada; e se sem CIV – mediastino estreitado, vascularidade pulmonar normal ou pouco aumentada. Tratamento: PGE1 (Alprostadil) Ou, SEPTOSTOMIA ATRIAL POR BALÃO (RASHKIND) – mistura de sangue entre VE e VD JATENE – CORREÇÃO CIRÚRGICA nas primeiras 2 semanas de vida Atresia Tricúspide Manifestação clínica e radiológica variável de acordo com o fluxo pela valva pulmonar Tratamento Renata Azevedo – 2017 Se,Atresia pulmonar PGE1 Se Artéria pulmonar normal com hiperfluxo pulmonar Tratamento da ICC CASO CLÍNICO 1 Ser humaninho com 5 dias de vida, apresenta-se com cansaço e cianose desde a 1ª semana de vida. SpO2= 75% FC 170bpm PA 65/45mmhg B2 hiperfonética em AP; Sem sopros Pulsos com amplitude reduzida Enchimento capilar 5’’ Exames laboratoriais: acidose metabólica, leucócitos 25.000, plaquetas 90.000 CONEXÃO ANÔMALA TOTAL DE VEIAS PULMONARES Conexão anômala total das veias pulmonares forma obstrutiva tem como Tratamento: Otimização da ventilação e oxigenação (O2 pode ser oferecido) Correção dos distúrbios metabólicos e ácido-básico Renata Azevedo – 2017 Drogas vasoativas para manter PA sistólica adequada Dopamina, epinefrina Uso de PGE 1 (para manter fluxo sistêmico pelo canal arterial) Cateterismo intervencionista nos casos de obstrução por CIA restritiva ou compressão extrínseca no trajeto venoso Cirurgia de emergência :Nos casos de conexão infradiafragmática MEDIDAS GERAIS PERTINENTES NOS CASOS DE SUSPEITA DE CARDIOPATIA CONGÊNITA Redução Demanda Metabólica Regulação da temperatura; Redução do trabalho respiratório; Fracionamento das dietas; Balanço hídrico e calórico; Dieta enteral após estabilização Adequada Perfusão Tecidual e Transporte de O2 com redução Pós carga e melhora da contratilidade Corrigir anemia; Adequar volemia e ritmo cardíaco; Suporte farmacológico (Inotrópicos, diuréticos, vasodilatadores) CONSTRIÇÃO DUCTAL FETAL E A INGESTÃO DE POLIFENÓIS Recentemente identificamos que uma dieta materna com o consumo de alimentos ricos em polifenóis (anti-inflamatórios naturais), tais como: chás caseiros, chimarrão, chocolate amargo, café passado, derivados de uva, laranja, bergamota, frutas vermelhas, maçã e óleo de oliva, desencadeiam no feto efeito semelhante ao uso materno de medicações anti-inflamatórias não hormonais (AINH). A ação dos AINH e dos polifenóis decorre da inibição da síntese de prostaglandinas, efetuada mediante inativação da ciclo-oxigenase impedindo a Renata Azevedo – 2017 transformação do ácido aracdônico em prostaglandina. A Constrição Ductal decorrente da baixa síntese de prostaglandina é reversível ao ser afastado o agente causador (AINH e polifenóis), especialmente no diagnóstico precoce. Com o aumento da idade gestacional o ducto torna-se mais sensível a fatores constritores, demonstrando incidência elevada de constrição ductal após a 31ª semana de gestação, sendo infrequente antes da 27ª semana. ECOCARDIOGRAMA FETAL Possibilita o diagnóstico de defeitos cardíacos antes do nascimento. A grande maioria dos bebês com cardiopatia ( 90%) não possuem fatores de risco que possam ser identificados. A avaliação cardíaca do feto pelo especialista faz com que a grande maioria das cardiopatias sejam diagnosticadas antes do nascimento. Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que o ecocardiograma fetal seja realizado como rotina , e atualmente muitos obstetras e serviços de atendimento à gestante incluíram este exame na rotina do pré-natal. A melhor fase para realizar a ecocardiografia fetal é entre 20 a 28 semanas. A maioria das cardiopatias congênitas graves podem necessitar de tratamento ainda na fase neonatal Indicações maternas de ecocardiograma Fetal: Cardiopatias congênicas na família; Diabetes materno; Lupus eritematoso; Idade materna avançada; Infecções virais ou parasitárias maternas; Uso materno de substâncias teratogênicas CASOS CLINICOS Renata Azevedo – 2017 Renata Azevedo – 2017
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