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teorico II atualizado

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Teoria Geral do Processo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Norma Processual, Jurisdição e Competência
• Introdução
• Fontes do Direito Processual
• Eficácia da Lei Processual no Espaço
• Eficácia da Lei Processual no Tempo
• Interpretação e Integração da Lei Processual
• Jurisdição
• Competência
• Considerações Finais
 · Nesta Unidade, iremos aprender como a norma processual pode ser 
criada, bem como quais são as regras específicas que regulam a sua 
eficácia no tempo e no espaço. Também iremos verificar como ela deve 
ser interpretada e quais os mecanismos de integração aplicáveis a ela.
 · Em seguida, vamos conhecer a forma como a jurisdição está 
organizada, inclusive no plano internacional.
 · Por fim, vamos conhecer o que é a competência e como ela afeta o 
papel da jurisdição.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Olá, aluno(a)!
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema 
“A Norma Processual, Jurisdição e Competência”. Então, procure ler, com 
atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. 
Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; 
por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor tutor. 
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra no ambiente mais interativo 
possível, na pasta de atividades você também encontrará as atividades de 
Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. 
Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado.
ORIENTAÇÕES
Norma Processual, Jurisdição 
e Competência
UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
Contextualização
A Grande Estrutura do Poder Judiciário e a Necessidade de Regras 
de Gestão desse Sistema
Com a passar do Curso, cada vez mais os alunos conhecem detalhes sobre 
o funcionamento do Poder Judiciário brasileiro. Ele possui órgãos superiores 
(tribunais) e órgãos inferiores (os juízes). 
Há órgãos especializados em áreas determinadas do Direito (Justiça Eleitoral, 
Militar e Trabalhista) e aqueles que atuam na grande maioria dos litígios (a chamada 
Justiça Comum). Há órgãos da Justiça Federal e órgãos da Justiça Estadual.
Ou seja, são tantos os órgãos que se faz necessário estabelecer uma forma 
coerente e racional de divisão de trabalho entre eles.
Para começarmos a entender como ocorre essa divisão de tarefas, a chamada 
“competência”, é necessário saber um pouco mais sobre a jurisdição e também 
detalhes sobre as normas processuais.
6
7
Introdução
O Direito Processual é o ramo do Direito Público que trata da atividade 
jurisdicional do Estado, sendo que também rege as outras formas de solução de 
conflitos, em especial, a arbitragem e a mediação.
Para compreendermos um pouco mais sobre a jurisdição, é necessário conhecer 
como as normas processuais são formadas e interpretadas. 
Em seguida, iremos tratar da jurisdição e da competência.
Fontes do Direito Processual
Nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, compete à União 
legislar sobre Direito Processual:
Constituição Federal
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho;
Considerando as características de nosso sistema normativo e, em especial, o 
comando constitucional acima transcrito, temos que:
 · O Código de Processo Penal (CPP) deve ser considerado uma lei 
ordinária federal. Assim, se houver a criação de uma nova norma desse 
tipo ou qualquer alteração no código atualmente existente, somente pode 
se dar por força de uma lei ordinária federal .
 · Entrou em vigor em 2016 o novo Código de Processo Civil (CPC), que foi 
criado pela Lei n.º 13.105, de 16 de março de 2015. Com o seu início de 
vigência, foi revogado o CPC anterior, que foi instituído pela Lei nº 5.869, 
de 11 de janeiro de 1973 . Como esse Código é uma lei ordinária federal, 
somente por meio de outra lei desse tipo poderá ocorrer a sua alteração.
Importante!
O atual Código de Processo Penal (CPP) foi criado pelo Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de 
outubro de 1941, quando ainda estava vigente a Constituição de 1937. Nesse período, 
normas desse tipo eram criadas com o uso de decretos-leis, espécie normativa 
inexistente em nosso atual sistema jurídico. Como o atual CPP, em quase a sua 
totalidade, guarda compatibilidade como a Constituição Federal de 1988, falamos que 
ele foi recepcionado, passando a ter o status de lei ordinária, razão pela qual qualquer 
alteração nele inserida se faz por essa espécie de norma.
Você Sabia?
7
UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
Destacando o seu papel como norma mais importante da jurisdição civil, o CPC 
se inicia com a seguinte disposição:
CPC
Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado 
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na 
Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as 
disposições deste Código.
Também deve ser destacada a competência concorrente da União e dos 
Estados para legislar sobre “procedimentos em matéria processual” – inciso XI do 
artigo 24 da Constituição Federal. Nesse particular, define a doutrina que, aqui, 
está estabelecida a competência para tratar de procedimentos administrativos de 
apoio ao processo.
Deve ser ainda acrescentada a competência da União e dos Estados para elaborar 
as suas leis de organização judiciária que, como indica o nome, irá definir quais 
são os órgãos judiciais em cada um desses membros da Federação, tendo também 
essa norma o condão de estabelecer elementos que são utilizados na fixação da 
competência desses órgãos.
Em nosso sistema jurídico, as principais fontes formais do Direito Processual são:
 · Constituição Federal;
 · Leis;
 · Tratados e Convenções internacionais;
 · Regimentos Internos de Tribunais.
As últimas duas fontes devem ser destacadas.
Nosso país é signatário de vários Tratados e Convenções Internacionais 
que apresentam regras e princípios processuais, os quais, após o processo de 
internalização, podem ser aplicados na solução de litígios que são apresentados ao 
Poder Judiciário.
Por fim, os tribunais, para regular diversas situações internas de sua estrutura, 
editam regimentos internos, os quais acabam por tratar de algumas questões 
processuais relacionadas a processos e recursos de suas competências.
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9
Efi cácia da Lei Processual no Espaço
As leis processuais obedecem ao Princípio da Territorialidade, ou seja, é a 
lei processual nacional, em especial o Código de Processo Civil e o Código de 
Processo Penal, que deve ser aplicada aos processos nos quais atua a jurisdição de 
nosso país.
Nesse sentido, encontramos as disposições do artigo 13 do Código de Processo 
Civil e o artigo 1º do Código de Processo Penal:
Código de Processo Civil
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, 
ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções 
ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
Código de Processo Penal
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro [...]
Efi cácia da Lei Processual no Tempo
A lei processual está sujeita à regra geral de vigência de leis no tempo, a qual 
está prescrita no caput do artigo 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro, ou seja, a lei, após entrar em vigor, somente será revogada por outra lei 
posteriormente editada:
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que 
outra a modifique ou revogue. [...]
Na sucessão de leis processuais no tempo, ou seja, quando uma lei processualrevoga uma lei processual anterior, devemos aplicar as seguintes regras:
 · A nova lei processual deve ser imediatamente aplicada aos processos em curso;
 · Os atos processuais praticados na vigência da lei anterior continuam válidos.
Nesse sentido, dispõe o artigo 2º do Código de Processo Penal que:
Código de Processo Penal
Art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
9
UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
No Código de Processo Civil, as questões intertemporais estão dispostas, 
particularmente, no seu artigo 14:
Código de Processo Civil
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente 
aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as 
situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Interpretação e Integração 
da Lei Processual
A lei processual segue as mesmas regras e princípios das leis em geral em relação 
à sua interpretação e integração, ou seja, aqui deve ter plena aplicação o disposto 
nos artigos 4º e 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro:
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se 
dirige e às exigências do bem comum.
Seguindo a mesma linha indicada na Lei de Introdução às Normas do Direito 
brasileiro, estabelece o artigo 8º do CPC que:
Código de Processo Civil
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais 
e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade 
da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a 
legalidade, a publicidade e a eficiência.
Também ao tratar da interpretação e integração de normas processuais, 
estabelece o artigo 3º do Código de Processo Penal a possibilidade da interpretação 
extensiva, da analogia e dos princípios gerais do Direito:
Código de Processo Penal
Art. 3º - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
10
11
Jurisdição
Considerações Iniciais
Um dos elementos caracterizadores de um Estado é a sua soberania, sendo que 
dela decorre a jurisdição.
Jurisdição é uma das funções estatais que decorre da soberania do Estado, 
mediante a qual este:
 “substitui os titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, 
buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça” (CINTRA, 
GRINOVER, & DINAMARCO, 2012, p. 155).
Como decorrência da jurisdição, o Estado pode decidir imperativamente sobre 
as pretensões a ele apresentadas, bem como impor suas decisões às partes que 
estão em conflito.
Seguindo os ensinamentos da escola processual italiana, a jurisdição, pelo seu 
aspecto jurídico, apresenta os seguintes elementos caracterizadores:
 · Caráter substitutivo;
 · Escopo de atuação do Direito;
 · Lide;
 · Inércia; e
 · Definitividade.
Vamos ver cada uma dessas características.
Características da Jurisdição
Caráter Substitutivo
Quando as partes apresentam à jurisdição suas pretensões, esta passará a atuar 
em substituição às atividades daquelas, pois não caberá aos litigantes definir como 
o conflito deve ser resolvido, pois essa missão caberá ao Estado-Juiz.
Assim, não são as partes em litígio que definem qual delas tem sua pretensão 
amparada pelo Direito, bem como não cabe a qualquer delas invadir a esfera jurídica 
da outra para executar a decisão anteriormente proferida. Tudo isso se dará por 
atuação da jurisdição.
A característica essencial da jurisdição (...) é a substitutividade, porque o 
Estado, por uma atividade sua, substitui a atividade daqueles que estão 
em conflito na lide, os quais, aliás, estão proibidos de ‘fazer justiça com 
as próprias mãos’, tentando satisfazer pessoalmente pretensão, ainda que 
legítima (GRECO FILHO, 2010, p. 202).
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UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
Como essa atividade estatal atua por meio de pessoas físicas, ou seja, o juiz e 
seus auxiliares, a participação delas somente pode ocorrer se houver a garantia de 
imparcialidade, sob pena de não haver legitimidade da atuação da jurisdição.
Escopo de Atuação do Direito
Um dos mais importantes objetivos na atuação da jurisdição é fazer com que 
os conflitos intersubjetivos sejam solucionados, sendo que o critério a ser utilizado 
para isso é a aplicação das normas de direito material.
Vamos ver um exemplo dessa situação:
José, proprietário de uma casa, resolve locá-la para Pedro, sendo lavrado 
um contrato com fiel obediência das disposições legais que tratam do assunto. 
Dois meses depois, o locador se arrepende do negócio e avisa Pedro que ele 
tem quinze dias para sair da residência. Pedro, para garantir seu direito de 
permanecer no imóvel, ingressa com uma ação judicial. 
Qual é o critério que o juiz deverá utilizar para resolver esse litígio?
O juiz irá verificar o que estipulam as normas legais (direito material) sobre o 
assunto, sendo que, nesse caso, há uma importante regra, no artigo 4º da Lei 
de Locações (Lei n.º 8.245/91), que estipula que “Durante o prazo estipulado 
para a duração do contrato, não poderá o locador reaver o imóvel alugado. 
[...]”. Será com base nessa norma que a lide será resolvida.
Dessa forma, por intermédio da jurisdição, as normas de direito material que 
não foram espontaneamente observadas e que, por isso, causaram o litígio, são 
reafirmadas. O juiz, em sua decisão, irá declarar, expressamente, qual é a norma 
de direito material que deve regular a relação entre as partes.
Lide
A jurisdição não se presta a realizar uma função consultiva, pois somente pode 
atuar se estiver caracterizada lide.
Lide (...) é o conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos 
interessados e pela resistência do outro. Ou, mais sinteticamente, lide é o 
conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida (SANTOS, 
2010, p. 9).
Sem que haja a caracterização do litígio, não cabe ao Estado, por intermédio da 
jurisdição, imiscuir-se nas relações que não são conflituosas.
12
13
Inércia
São as partes em conflito que devem buscar a jurisdição, nunca o contrário. A 
jurisdição deve permanecer inerte, somente podendo atuar se houver a provocação 
das partes em litígio.
Isso faz com que o juiz não tenha o poder de iniciar o processo (ne procedat 
iudex ex officio), sendo que essa iniciativa cabe ao autor, ficando sempre sujeita à 
sua vontade (nemo iudex sine actore).
Se o juiz agisse sem ter sido provocado pelas partes em conflito, ele 
estaria psicologicamente comprometido com o resultado, o que prejudicaria 
a sua imparcialidade.
Além disso, não podemos perder de vista que a atuação da jurisdição deve 
buscar a pacificação dos conflitos intersubjetivos. Se o juiz agisse sem provocação, 
ele poderia gerar um conflito ao invés de pacificá-lo.
Há, contudo, situações excepcionais em que o juiz pode atuar de ofício. Nessas 
exceções, há fundadas razões de ordem pública que justificam a quebra desse 
princípio. No atual Código de Processo Civil, podemos indicar como situações em 
que isso ocorre a arrecadação judicial dos bens vagos (art. 738) e dos bens que 
fazem parte da herança jacente (art. 744):
Código de Processo Civil
Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz 
em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à 
arrecadação dos respectivos bens.
[...]
Art. 744. Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz 
mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhes-á curador na forma 
estabelecida na Seção VI, observando-se o dispostoem lei.
Uma vez que o autor tenha apresentada a lide à jurisdição, a inércia deixa de 
existir, cabendo ao juiz determinar a realização dos atos processuais, bem como a 
adoção de outras medidas para que todas as etapas estipuladas no direito processual 
sejam vencidas até o final do processo. A essa iniciativa do juiz para que haja o 
avanço do processo chamamos de “Princípio do Impulso Oficial”.
Importante!
Cabe ao autor apresentar a demanda em juízo, não podendo o juiz instalar, de ofício, a 
relação processual (Princípio da Inércia da Jurisdição); porém, uma vez apresentada a 
lide para a jurisdição, ao juiz incumbe fazer com que todas as etapas do processo sejam 
efetivadas, sem que haja injustifi cadas delongas (Princípio do Impulso Ofi cial).
Importante!
13
UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
Sobre esses aspectos, encontramos no Código de Processo Civil a seguinte disposição:
Código de Processo Civil
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por 
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Em razão do Princípio do Impulso Oficial, a inércia das partes pode acarretar a 
preclusão e a extinção do processo sem que haja decisão de mérito:
Código de Processo Civil
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
I. o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência 
das partes;
II. por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor 
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
(...)
Definitividade
Ao final do processo, a decisão proferida pelo juiz, se houver uma apreciação 
do mérito do litígio, tornar-se-á definitiva, não podendo mais ser alterada – por 
vontade das partes, pela vontade do juiz ou de qualquer outra pessoa.
[...] o poder, a função e a atividade jurisdicional têm o caráter de 
definitividade, isto é, ao se encerrar o desenvolvimento legal do processo, 
a manifestação do juiz torna-se imutável, não admitindo revisão por outro 
poder (GRECO FILHO, 2010, p. 202)
Essa característica faz com que haja sempre um ponto final de qualquer litígio, 
pois a decisão tornar-se-á imutável, ou seja, será formada a coisa julgada.
Coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos de uma sentença, em virtude 
da qual nem as partes podem repropor a mesma demanda em juízo 
ou comportar-se de modo diferente daquele preceituado, nem os juízes 
podem voltar a decidir a respeito, nem o próprio legislador pode emitir 
preceitos que contrariem, para as partes, o que ficou definitivamente 
julgado (CINTRA, GRINOVER, & DINAMARCO, 2012, p. 160).
14
15
A essência da preclusão, para Chiovenda, vem a ser a perda, extinção 
ou consumação de uma faculdade processual pelo fato de se haverem 
alcançado os limites assinalados por lei para o seu exercício” (THEODORO 
JÚNIOR, H.Curso de direito processual civil. v. 1. 56.ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. p. 1103).
É o que ocorre, por exemplo, se o juiz estipular que parte tem cinco dias para 
juntar um determinado documento aos autos – se ela não o fizer no prazo assinalado, 
não poderá fazê-lo posteriormente em razão da preclusão.
Espécies de Jurisdição
Ao mesmo tempo em que a doutrina ressalta que a jurisdição é una (pois 
decorre da soberania estatal), ela estabelece algumas classificações com o objetivo 
de facilitar o estudo e melhorar a compreensão da estrutura de competência dos 
diversos órgãos jurisdicionais (juízes e tribunais).
Jurisdição Penal e Jurisdição Civil
Há diferentes áreas de atuação da jurisdição, voltadas às diversas áreas do direito 
material. Dessa forma, temos processos que tratam de pretensões penais, civis, 
trabalhistas, empresariais e tributárias, entre outras.
Nessa linha, é corriqueiro que, na competência dada a determinado órgão 
jurisdicional, haja uma divisão, quanto à atuação, entre juízes que têm competência 
penal e juízes com competência não penal.
Com base nisso, podemos dividir a jurisdição em duas grandes áreas:
 · Jurisdição Penal: é aquela afeta às lides de natureza penal;
 · Jurisdição Civil (ou Cível): é aquela afeta a todas as demais áreas de 
direito material.
Observando-se a forma como é organizado o Poder Judiciário nacional, podemos 
constatar que jurisdição penal é exercida pelos seguintes órgãos:
 · Justiça Comum estadual e federal;
 · Justiça Militar estadual e federal;
 · Justiça Eleitoral.
Dessa forma, podemos dizer que 
somente a Justiça do Trabalho não 
exerce a jurisdição penal.
15
UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
Por outro lado, os órgãos que exercem a jurisdição civil são os seguintes:
 · Justiça Comum estadual e federal;
 · Justiça Militar estadual;
 · Justiça Eleitoral;
 · Justiça do Trabalho.
Jurisdição Comum e Jurisdição Especial
Em decorrência do Princípio do Juiz Natural (estabelecido pelas disposições 
contidas nos incisos XXXVII e LIII do artigo 5º de nossa Constituição Federal), 
todos os órgãos jurisdicionais têm expressa previsão em nosso texto constitucional, 
que também se preocupa em estabelecer o âmbito de suas competências.
Para alguns órgãos jurisdicionais, o constituinte procurou dar uma competência 
voltada a um determinado ramo de direito material. Assim sendo, em razão dessa 
especificação, dizemos que esses órgãos atuam na chamada jurisdição especial. 
Esses órgãos são os seguintes:
 · Justiça Eleitoral;
 · Justiça do Trabalho;
 · Justiça Militar federal e estadual.
Em relação aos processos eleitorais e trabalhistas, bem como aos processos 
administrativos, devemos destacar a possibilidade de aplicação do Código de 
Processo Civil, de forma supletiva ou subsidiária:
Código de Processo Civil
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, 
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão 
aplicadas supletiva e subsidiariamente.
Os demais órgãos, ou seja, aqueles que exercem a jurisdição sobre as demais 
áreas do direito material integram a chamada jurisdição comum. Integram esse tipo 
de jurisdição:
Importante!
 O inciso XXXVII do artigo 5º da Constituição Federal tem a seguinte redação “não haverá 
juízo ou tribunal de exceção”.
 A redação do inciso LIII do artigo 5º da Constituição Federal é a seguinte: “ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” 
Importante!
Dessa forma, podemos dizer que 
somente a Justiça Militar federal 
não exerce a jurisdição civil.
16
17
Os demais órgãos, ou seja, aqueles que exercem a jurisdição sobre as demais 
áreas do direito material integram a chamada jurisdição comum. Integram esse tipo 
de jurisdição:
 · Justiça Federal;
 · Justiça Estadual.
Jurisdição Inferior e Jurisdição Superior
Decorre do Princípio do Duplo Grau de Jurisdição a necessidade de que, na 
estruturação dos órgãos jurisdicionais, alguns deles apreciem inicialmente os 
processos e outros tenham competência para julgar recursos decorrentes de 
decisões anteriormente proferidas.
Assim, os órgãos que apreciam inicialmente o processo formam a chamada 
jurisdição inferior, sendo esta exercida pelos juízes de primeira instância.
Já os tribunais que reapreciam os recursos decorrentes da inconformidade das 
partes em litígio em relação a decisões proferidas pela jurisdição inferior exercem 
a chamada jurisdição superior.
O mais comum é que esses recursos sejam julgados por tribunais de segundo 
grau (Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Tribunais Regionais do 
Trabalho), os quais formam a chamada segunda instância.
Por outro lado, muito embora os tribunais tenham preponderante função 
revisora das decisões proferidas pelos juízes de instâncias inferiores, em algumas 
situações, a Constituição Federal e as leis processuais lhes atribuem competência 
para, inicialmente, processar e julgar litígios que lhes são apresentados.Ou seja, 
nesses casos, os tribunais não terão função recursal, pois serão os primeiros órgãos 
a apreciar a lide. A isso chamamos de competência originária do tribunal.
É o que ocorre, entre outros exemplos, quando o Superior Tribunal de Justiça 
aprecia, originariamente, crimes praticados por Governadores de Estado e do 
Distrito Federal – alínea “a” do inciso I do artigo 105 da Constituição Federal:
Constituição Federal
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, 
[...]
17
UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
Limites da Jurisdição
Nosso texto constitucional estabelece a impossibilidade de a legislação afastar a 
jurisdição na apreciação de lesões a ameaças de direito:
Constituição Federal
Artigo 5º [...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito
Com redação semelhante, temos essa mesma disposição no caput do artigo 3º 
do Código de Processo Civil:
Código de Processo Civil
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
[...]
Limites Internos
A Constituição Federal de 1988 estabelece uma única limitação interna para a 
atuação de nossa jurisdição, a qual se refere à impossibilidade do Poder Judiciário 
apreciar questões referentes à disciplina e às competições desportivas antes de 
esgotados os recursos da chamada Justiça Desportiva:
Constituição Federal
Artigo 217
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às 
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça 
desportiva, regulada em lei
Importante!
É importante destacar que esses órgãos da Justiça Desportiva não integram a estrutura 
do Poder Judiciário e nem seus membros são magistrados.
Importante!
Limites Internacionais
Os limites internacionais da jurisdição brasileira são estipulados por nossa 
soberania com a preocupação de ser importante a convivência de nosso país com 
os diversos Estados nacionais, bem como por critérios de conveniência e viabilidade.
Essas limitações são impostas pelas normas internas de cada Estado, sendo que 
não há grande interesse em aumentar exageradamente a área de abrangência de 
sua jurisdição para fora de seu território.
18
19
[...] o legislador não leva muito longe a jurisdição de seu país, tendo 
em conta principalmente duas ponderações ditadas pela experiência 
e pela necessidade de coexistência com outros Estados soberanos: a) 
a conveniência (excluem-se os conflitos irrelevantes para o Estado, 
porque o que lhe interessa, afinal, é a pacificação no seio da sua própria 
convivência social); b) a viabilidade (excluem-se os casos em que não 
será possível a imposição da autoridade do cumprimento da sentença) 
(CINTRA, GRINOVER, & DINAMARCO, 2012, p. 175) – destaquei.
Como decorrência dessas limitações, o legislador brasileiro estabeleceu os limites 
internacionais da jurisdição brasileira no artigo 12 da Lei de Introdução às Normas 
do Direito brasileiro, ou seja, podem ser propostas ações judiciais em nosso país:
 · quando o réu for domiciliado no Brasil;
 · se a obrigação tiver que ser cumprida em nosso país;
 · se o litígio tiver, por objeto, imóvel aqui situado.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu 
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
§ 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações 
relativas a imóveis situados no Brasil.
[...]
No Código de Processo Civil, essas questões estão disciplinadas nos artigos 21 
a 23, que seguem, em grande parte, as linhas da Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro:
Código de Processo Civil
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as 
ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada 
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e 
julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de 
bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver 
domicílio ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição 
nacional.
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UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
As hipóteses dos artigos 21 e 22 do Código de Processo Civil se referem a ações:
 · Em que a jurisdição do Estado Brasileiro poderá atuar;
 · Essas normas indicam hipóteses em que também é possível que a ação 
possa ser proposta em jurisdição de outro país, desde que haja essa 
possibilidade na legislação estrangeira.
Assim, são hipóteses denominadas de jurisdição concorrente, ou seja, poderá 
atuar a jurisdição brasileira ou a jurisdição de um Estado estrangeiro, sem que, para 
o sistema jurídico brasileiro, haja qualquer nulidade ou defeito.
Situação diversa ocorre nas hipóteses do artigo 23 do Código:
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de 
qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de 
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no 
Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou 
tenha domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, 
proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Nas situações descritas no artigo 23 do Código de Processo Civil, somente a 
jurisdição brasileira poderá atuar, não se reconhecendo em nosso país qualquer 
efeito para eventuais decisões ou medidas judiciais que tratem desses temas. Nessas 
situações, falamos em jurisdição exclusiva.
Outra questão bastante importante refere-se à impossibilidade de caracterização 
da litispendência em relação a ações judiciais em trâmite em nosso país e aquelas 
que correm no exterior:
Código de Processo Civil
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz 
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça 
da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em 
contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
[...]
As ações são identificadas por três elementos: as partes, a causa de pedir e o 
pedido. Esses elementos possuem, entre outras funções, a de impossibilitar que 
duas ações idênticas sejam apreciadas pelo Poder Judiciário.
Diante da constatação de que há duas ações idênticas, estando ambas em curso, 
estará caracterizada a litispendência, devendo o juiz extinguir o processo sem 
resolução do mérito (art. 485, inciso V, do Código de Processo Civil), ou seja, ele 
não chegará a apreciar o pedido formulado pelo autor.
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Devemos destacar, igualmente, que a jurisdição internacional penal é delimitada 
pelo âmbito de aplicação no espaço da lei penal brasileira.
Portanto, quando o direito penal brasileiro for aplicado, também será 
aplicada a legislação processual penal brasileira e sempre atuará um órgão 
jurisdicional nacional.
A definição da aplicação da lei penal brasileira no espaço encontra-se nos artigos 
5º a 7ºdo Código Penal:
Código Penal
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e 
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território 
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou 
a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como 
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente 
ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-
se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a 
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado.
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II. os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
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UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, 
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do 
concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a 
pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, 
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro 
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no 
parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Jurisdição Voluntária e Jurisdição Contenciosa
Pelo que já estudamos, podemos constatar que todo litígio apresenta, 
intrinsecamente, uma animosidade, uma relação jurídica contenciosa.
Decorre dessa premissa que a jurisdição carrega em si a ideia de conflito. Sendo 
assim, falamos de jurisdição contenciosa.
Há, contudo, certas situações em que os juízes são chamados, em razão da 
lei, a participar de relações em que essa contraposição de interesses não existe. 
Nesses casos, não há propriamente o exercício do poder jurisdicional, mas mera 
administração pública de interesses privados. Assim, por não haver a aplicação da 
jurisdição propriamente dita, falamos em jurisdição voluntária.
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Para parte da doutrina, esse 
nome jurisdição voluntária é de 
todo impróprio, pois não existe o 
exercício do poder jurisdicional, 
mas uma atividade administrativa 
desempenhada pelos juízes.
Alguns doutrinadores afirmam que, na jurisdição voluntária, também 
denominada graciosa ou administrativa, não vislumbramos a presença 
de partes, mas de interessados, nem de processo, mas tão-somente de 
procedimento, que se apresenta como um minus em relação ao primeiro 
(MONTENEGRO FILHO, 2010, p. 49).
Um exemplo de jurisdição voluntária ocorre quando um casal com filhos 
incapazes, de forma consensual, resolve se divorciar. Em situações como esta, fica 
muito clara a intenção do legislador em realizar o direto acompanhamento estatal 
desse importante ato da vida pessoal dos interessados; contudo, não podemos falar 
na existência de uma lide que precise ser resolvida pelo Poder Judiciário.
Também há jurisdição voluntária na abertura, registro e cumprimento de 
testamentos e codicilos; na arrecadação de bens da herança jacente e na interdição, 
entre outros diversos exemplos.
Competência
Em razão do Princípio da Aderência , em todos os litígios havidos em nosso 
território, sempre deve haver um órgão jurisdicional que possua o poder de apreciar 
o conflito que lhe está sendo apresentado.
Segundo esse princípio, a jurisdição, por ser uma expressão da soberania 
do Estado brasileiro, em regra, somente pode ser aplicada a fatos havidos em 
nosso território. Dessa forma, em todo o território nacional há sempre um órgão 
jurisdicional competente para apreciar litígios que nele ocorram.
Por outro lado, até mesmo por razões de racionalização e organização 
na prestação dessa importante função pública, seria inconcebível que os juízes 
pudessem apreciar litígios de todas as naturezas (penais, tributários, previdenciários, 
empresariais etc.) havidos em qualquer parte de nosso território. 
Isso demonstra a necessidade de se estipular uma área material e territorial de 
aplicação da jurisdição de cada um desses órgãos. A essa estipulação chamamos 
de competência:
A competência, portanto, é o poder que tem um órgão jurisdicional de 
fazer atuar a jurisdição diante de um caso concreto. Decorre esse poder 
de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo 
critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de 
serviço (GRECO FILHO, 2010, p. 204).
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UNIDADE Norma Processual, Jurisdição e Competência
As principais fontes para a determinação da competência de cada órgão 
jurisdicional são as seguintes:
 · Constituição Federal;
 · Leis processuais;
 · Lei de Organização Judiciária nacional e estaduais.
Seguindo o proposto por Vicente Greco Filho, a definição da competência dos 
órgãos jurisdicionais é realizada, em geral, pela verificação de uma série de etapas:
1ª Etapa
É necessário verificar se a jurisdição brasileira pode atuar no litígio.
Como vimos acima, em se tratando de jurisdição civil, essas situações estão 
tratadas nos artigos 21 e 22 (hipóteses de atuação concorrente da jurisdição do 
Estado brasileiro), bem como no artigo 23 (hipóteses de atuação exclusiva da 
jurisdição brasileira), todos do Código de Processo Civil.
2ª Etapa
Deve ser verificado se o litígio se enquadra na competência originária de algum 
tribunal, pois essa forma de competência deflui diretamente do texto da Constituição 
Federal ou das Constituições Estaduais (neste último caso, em razão de delegação dada 
por aquela), excluindo a possibilidade de atuação de qualquer outro órgão jurisdicional.
3ª Etapa
É preciso verificar se a lide está afeta a uma das Justiças Especiais (Militar, 
Eleitoral ou Trabalhista), as quais possuem competência ditada pela Constituição 
Federal e por outras leis que regulamentam suas disposições.
4ª Etapa
Não estando enquadrada na competência de nenhuma Justiça Especializada, a 
lide deverá ser apreciada pela Justiça Comum, Federal ou Estadual.
Inicialmente, devemos verificar se há competência da Justiça Comum Federal, nos 
termos do artigo 109 da Constituição Federal. Se não houver enquadramento em 
nenhuma das hipóteses lá apresentadas, a competência será da Justiça Comum Estadual.
5ª Etapa
Sendo da competência da Justiça Comum – federal ou estadual – será necessário 
definira competência territorial (denominada “competência de foro”), ou seja, em 
que seção judiciária ou comarca deverá ser proposta a ação.
Seção judiciária é a denominação utilizada na Justiça federal para a divisão 
do território nacional, considerando a competência dos juízes federais (da Justiça 
Comum Federal). Elas constituem unidades territoriais que delimitam o exercício da 
jurisdição pelos Juízes Federais.
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Em seu artigo 110, caput, a Constituição Federal estabelece, que “cada Estado, 
bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária, que terá por sede a 
respectiva capital, e varas localizadas segundo o disposto em lei”.
Dessa forma, inicialmente, a Justiça Federal somente tinha suas sedes nas 
Capitais; contudo, posteriormente, foram criadas Varas Federais em cidades do 
interior, razão pela qual, dentro da mesma unidade federativa, foi necessário criar-
se uma subdivisão, para se delimitar a atuação dos juízes federais, nascendo o 
conceito de Subseções Judiciárias.
Com isso, por exemplo, na Seção Judiciária de Minas Gerais há, em razão 
da existência de varas federais na Capital e em cidades do interior, as Subseções 
Judiciárias, que estabelecem o âmbito territorial de atuação desses magistrados.
Já Comarca é o nome dado à área territorial de competência de um juiz de 
direito (da Justiça Comum Estadual).
O critério para a determinação da competência territorial está, em geral, definido 
no Código de Processo Civil e no Código de Processo Penal.
6ª Etapa
Por fim, poderemos nos deparar com a possibilidade de que, em uma mesma 
seção judiciária ou comarca, haja mais de um juiz com a mesma competência 
material.
Nesses casos, a definição da competência, normalmente, é realizada pela 
distribuição ou por especialização de assuntos afetos a determinadas varas judiciais.
Devemos destacar que esse procedimento de verificação da competência pode 
sofrer algumas variações em razão de especiais características de algumas leis 
processuais.
Considerações Finais
Com os elementos apresentados nesta aula podemos avançar no estudo da 
Teoria Geral do Processo e conhecer a estrutura do Poder Judiciário brasileiro, 
bem como entender como se desenvolve a atividade jurisdicional diante de um 
litígio que é apresentado à sua apreciação.
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UNIDADE 
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Constituição Federal
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
Código de Processo Penal
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm
Código de Processo Civil
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
Lei dos Juizados Cíveis e Criminais
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm
Lei n.º 9.307/96, que trata da arbitragem
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm
Lei n.º 13.140/15, que trata da mediação
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm
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Referências
CINTRA, A., GRINOVER, A.; DINAMARCO, C. Teoria Geral do Processo. 
28.ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
GRECO FILHO, V. Direito Processual Civil Brasileiro. 23.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2013. v.1.
MONTENEGRO FILHO, M. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do 
processo e processo de conhecimento. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2015. v 1.
SANTOS, M. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 27.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010. v.1
THEODORO JÚNIOR, H. Curso De Direito Processual Civil. 56.ed. Rio de 
Janeiro: Forense. 2015. v.1
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Outros materiais