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teorico III atualizado

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Teoria Geral do Processo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Organização Judiciária e Competência
• Considerações Iniciais
• A Organização Judiciária
• Competência no Direito Processual Civil
• Considerações Finais
 · Nesta Unidade, iremos aprender como se organiza o Poder Judiciário 
em nosso país, buscando entender qual é o papel de cada um de 
seus órgãos. 
 · Esse conhecimento é essencial para que possamos entender um 
pouco mais sobre a jurisdição, bem como para que possamos avançar 
no estudo da competência.
 · Como veremos, a competência possui importante regramento 
constitucional e na legislação processual civil, razão pela qual iremos 
estudar essas regras e princípios nesta Unidade.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema: 
“A Organização Judiciária e a Competência”.
Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o 
material complementar. 
Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; 
por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. 
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo 
possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de 
Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. 
Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado. 
Por favor, estude todos com atenção!
ORIENTAÇÕES
Organização Judiciária e Competência
UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Contextualização
Em que Tribunal ou Vara Judicial uma ação deve ser proposta?
O exercício da jurisdição exige que ela seja provocada, ou seja, diante da 
impossibilidade de o juiz, de ofício, buscar os conflitos que existem na Sociedade 
para que eles sejam resolvidos, existe a necessidade de que as pessoas envolvidas 
no litígio apresentem essas demandas para que elas sejam solucionadas.
Em geral, a apresentação das lides à jurisdição é uma tarefa realizada por 
intermédio dos profissionais do Direito.
Há dezenas de tribunais em nosso país e centenas de Varas Judiciais. Assim, em 
primeiro lugar, você, já como um novo profissional do Direito, precisa conhecer 
esses órgãos judiciais.
Em seguida, é necessário aprender como deve ser definida a competência em 
casos concretos.
Com isso, você deu um importante passo para saber mais sobre a sua nova profissão!
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7
Considerações Iniciais
Já conhecemos o que é a jurisdição e vimos que, de forma concreta, ela atua por 
meio de órgãos judiciais, juízes e tribunais.
Outro ponto importante de nosso estudo é a necessidade de se organizar, 
de forma eficiente e racional, o trabalho de cada um desses órgãos, o que se 
denomina competência.
Chegou o momento de conhecer, com detalhes, a forma como o Poder Judiciário 
brasileiro está organizado e, em seguida, iremos ver como o Direito Processual 
Civil estabelece a competência dos diversos órgãos que atuam na Justiça Comum.
A Organização Judiciária
A jurisdição é um dos importantes poderes do Estado e atua por meio de órgãos 
jurisdicionais, ou seja, juízes e tribunais. Há diversos órgãos desse tipo; alguns 
atuam em áreas específicas, dedicando-se a lides fundadas em setores específicos 
do direito material (órgãos da jurisdição especial), e outros atuam nas demais áreas 
desse direito (órgãos da jurisdição comum).
Conhecer as características e a organização judiciária brasileira é de extrema 
importância para o profissional do Direito, pois é com esses órgãos que ele irá, em 
grande parte de seu tempo, relacionar-se, durante o desempenho de suas funções. 
Além disso, esse conhecimento é de extrema importância para a definição da 
competência de cada um deles.
Em razão do Princípio do Juiz Natural, a existência prévia desses órgãos é uma 
exigência para que as lides sejam resolvidas com justiça e imparcialidade. 
Dessa forma, todos os órgãos do Poder Judiciário estão previstos em nosso texto 
constitucional. De forma esquemática, podemos representar essa organização da 
seguinte maneira:
STF
Supremo Tribunal Federal
Conselho Nacional de Justiça
STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)
TRE
(Tribunal Regional Eleitoral)
TRF
(Tribunais Regionais Federais) 
TJ
(Tribunais de Justiça) 
Juizes
Federais
Juizes de
Direito
Juizes
Eleitorais
Juizes do
Trabalho
Juizes 
Militares
TST
(Tribunal Superior do Trabalho)
TRT
(Tribunal Regional do Trabalho)
STM
(Superior Tribunal Militar)
Tribunais Militares
Figura 01
Vamos, então, conhecer os principais detalhes de cada um desses órgãos.
7
UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Supremo Tribunal Federal
O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição Federal. Assim, em 
qualquer processo em que se cogite a aplicação ou não de determinado dispositivo 
nela inserido, é esse tribunal quem tem a palavra final.
Ele é composto por onze Ministros, todos brasileiros natos, exigência imposta 
unicamente neste Tribunal - § 3º do Artigo 12 do texto constitucional.
A nomeação de seus membros é realizada pelo Presidente da República, sendo 
necessária a prévia aprovação do indicado pela maioria absoluta dos membros do 
Senado Federal.
Além dos requisitos acima apontados, exige-se que o indicado tenha “notório 
saber jurídico” e “reputação ilibada”.
A competência do Supremo Tribunal Federal é de três ordens:
 · Competências Originárias: essas causas são diretamente propostas 
nesse Tribunal, ou seja, nesses casos, ele não irá atuar na análise de 
recursos, mas irá, em primeiro lugar, julgar o litígio. Essas competências 
estão previstas no Inciso I do Artigo 102 da Constituição:
Artigo 102 Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal 
ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros 
e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, 
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e 
da Aeronáutica, ressalvado o disposto no Art. 52, I, os membros dos 
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de 
missão diplomática de caráter permanente;
d) o “habeas-corpus”, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas 
alíneas anteriores; o mandado de segurança e o “habeas-data” contra atos 
do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da 
República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, 
o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito 
Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da 
administração indireta;
8
9
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 30.12.04)
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o 
coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam 
sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate 
de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da 
autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causasde sua competência originária, 
facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta 
ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos 
membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou 
indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e 
quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer 
outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora 
for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da 
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas 
Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais 
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho 
Nacional do Ministério Público [...]
 · Competência para julgar recursos ordinários: nestes casos, previstos no 
inciso II do Artigo 102 da Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal 
poderá apreciar recursos, sobre matéria de fato e de direito, em relação a 
julgados anteriormente proferidos por outros órgãos do Poder Judiciário:
Artigo 102 [...]
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o “habeas-corpus”, o mandado de segurança, o “habeas-data” e o mandado 
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se 
denegatória a decisão;
b) o crime político;
9
UNIDADE Organização Judiciária e Competência
 · Competência para julgar recursos extraordinários: neste caso, o 
Supremo Tribunal Federal irá apreciar questões constitucionais em relação 
a decisões anteriormente decididas por outros órgãos do Poder Judiciário.
Artigo 102 [...]
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única 
ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face 
desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Nesse recurso, visando a evitar que o Supremo tenha de se manifestar em 
questões banais e de pequena importância social, foi estabelecida a necessidade 
de ser demonstrada a repercussão geral das questões constitucionais discutidas 
no processo.
Esse Tribunal também pode editar as chamadas súmulas vinculantes. As 
súmulas representam o entendimento do Tribunal que as editou, sobre determinada 
matéria. Elas nunca vincularam as instâncias inferiores; contudo, nas súmulas 
vinculantes, a situação é diferente. 
O chamado “efeito vinculante” se aplica aos demais órgãos do Poder Judiciário 
e à Administração Pública e estabelece a obrigatoriedade de acatamento da 
interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal para a questão que é objeto de 
seu texto.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após 
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a 
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em 
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública 
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como 
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei [...]
Note que, além das súmulas vinculantes, o Supremo Tribunal Federal também 
edita súmulas normais, ou seja, aquelas não vinculantes.
10
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Conselho Nacional de Justiça
O Conselho Nacional de Justiça foi criado pela Emenda Constitucional n.º 
45/2004. Ele não é propriamente um órgão jurisdicional, mas sim um órgão 
responsável pelo controle externo do Poder Judiciário. 
Esse controle externo não se destina a rever decisões judiciais, mas sim o controle 
da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos 
deveres funcionais dos juízes.
Ele é composto por quinze membros, com idades entre 35 e 65 anos, 
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela 
maioria absoluta do Senado Federal, com mandato de dois anos, sendo admitida 
uma única recondução.
Desses quinze membros do Conselho, nove são magistrados. Entre eles, um 
Ministro do Supremo Tribunal Federal (que preside esse órgão) e um Ministro do 
Superior Tribunal de Justiça (que atua na função de Ministro-Corregedor). 
Além deles, há dois membros do Ministério Público (um do Ministério Público da 
União e outro do Ministério Público Estadual), dois advogados e dois cidadãos (um 
indicado pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal).
Justiça Comum
A competência da Justiça Comum é determinada de forma residual, ou seja, 
ela irá processar e julgar as causas que não estejam sob a competência da Justiça 
Especial (Trabalhista, Eleitoral e Militar).
Ela existe tanto na esfera Federal como na Estadual, sendo seu principal Tribunal 
o Superior Tribunal de Justiça.
Superior Tribunal de Justiça
O Superior Tribunal de Justiça é composto por, no mínimo, trinta e três 
Ministros, que são nomeados pelo Presidente da República – entre brasileiros 
natos ou naturalizados, com idade entre 35 e 65 anos, de notável saber jurídico 
e reputação ilibada – depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do 
Senado Federal.
A competência do Superior Tribunal de Justiça pode ser agrupada em três classes:
 · Competência originária: para decidir as questões elencadas no inciso I 
do Artigo 105 da Constituição Federal:
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Artigo 105 Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, 
e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais 
de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais 
de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais 
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros 
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério 
Público da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de 
Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou 
do próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea “a”, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua 
jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou 
da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o 
disposto no Art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não 
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da 
autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias 
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas 
de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora 
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração 
direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo 
Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da 
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur 
às cartas rogatórias [...]
Precisamos destacar, entre as competências originárias, as seguintes:
 · O Superior Tribunalde Justiça possui competência para decidir questões penais;
 · Ele tem importante participação em atos de cooperação com as jurisdições 
estrangeiras, pois é competente para homologação de sentenças 
estrangeiras e a concessão de exequatur às Cartas Rogatórias;
12
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 · A Emenda Constitucional n.º 45/2004 criou o chamado Incidente de 
Deslocamento de Competência, que desloca a competência da justiça 
comum estadual para a justiça comum federal quando houver grave 
violação de Direitos Humanos. Esse incidente tem a finalidade de assegurar 
o cumprimento de obrigações decorrentes de Tratados Internacionais de 
Direitos Humanos dos quais o Brasil seja parte; 
 · Competência para julgar recursos ordinários: em relação aos processos 
mencionados no inciso II do Artigo 105 da Constituição Federal:
Artigo 105 
(...)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os “habeas-corpus” decididos em única ou última instância pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais 
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo 
internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou 
domiciliada no País [...]
 · Competência para julgar recursos especiais: com essa competência, esse 
Tribunal terá a importante função de harmonizar a aplicação da legislação 
federal pelos tribunais, quando houver divergência de interpretação de 
lei federal, em especial, por Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais 
Federais. A ideia é diminuir a divergências e até mesmo os antagonismos 
que determinados dispositivos legais chegam a suscitar:
Artigo 105 
(...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última 
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos 
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído 
outro tribunal.
13
UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Justiça Federal 
A Justiça Comum Federal é composta por Tribunais Regionais Federais (em 
segunda instância) e pelos Juízes Federais (em primeira instância).
Há, em nosso país, cinco desses tribunais:
 · TRF da 1ª Região: está instalado em Brasília, tem competência para 
julgar as causas do Distrito Federal, de toda a Região Norte, de toda a 
região Centro-Oeste, exceto Mato Grosso do Sul, mais os Estados do 
Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais;
 · TRF da 2ª Região: com sede no Rio de Janeiro, julga causas oriundas 
desse Estado e do Espírito Santo;
 · TRF da 3ª Região: sediado em São Paulo, julga as causas desse Estado 
e do Mato Grosso do Sul;
 · TRF da 4ª Região: sediado em Porto Alegre, julga as causas afetas à 
Região Sul;
 · TRF da 5ª Região: sediado em Recife, julga as causas referentes aos 
Estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte 
e Sergipe.
A Emenda Constitucional n.º 73, de 6 de junho de 2013, criou mais quatro 
Tribunais Regionais Federais (6º ao 9º), redistribuindo a competência territorial 
de todos os tribunais desse tipo. Contudo, esses novos órgãos ainda não foram, 
efetivamente, instalados. Acrescente-se que se encontra pendente de decisão a Ação 
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5017, que questiona a iniciativa legislativa 
para a criação desses órgãos.
Cada um desses tribunais é formado, no mínimo, por sete Desembargadores 
Federais, cuja competência está descrita no Artigo 108 da Constituição Federal:
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, acrescentados os da Justiça 
Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, 
e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência 
da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes 
federais da região;
c) os mandados de segurança e os “habeas data” contra ato do próprio 
Tribunal ou de juiz federal;
d) os “habeas-corpus”, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos 
juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
14
15
Como pode ser observado na leitura do mencionado Artigo da Constituição 
Federal, esses tribunais possuem competência originária para algumas lides 
(Inciso I) e competência recursal (Inciso II), sendo que esta última se refere à 
apreciação de recursos de decisões proferidas, em primeira instância, pelos juízes 
federais e por juízes estaduais que estejam no exercício de competência própria da 
Justiça Federal.
Em primeira instância, na Justiça Comum Federal, atuam os juízes federais, cuja 
competência é definida no Artigo 109 da Constituição Federal:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública 
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou 
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas 
à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e 
Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado 
estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou 
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência 
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, 
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º 
deste Artigo;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados 
por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os “habeas-corpus”, em matéria criminal de sua competência ou 
quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam 
diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os “habeas data” contra ato 
de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos 
tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a 
execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de sentença estrangeira, 
após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a 
respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
15
UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Precisamos destacar que na primeira instância da Justiça Federal, além das Varas 
Criminais e Cíveis, há outras duas estruturas diferenciadas:
 · O Tribunal do Júri: que atua em primeira instância e tem competência 
para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida;
 · O Juizado Especial Civil e Criminal.
Justiça Estadual
Antes de qualquer coisa, devemos observar que a Justiça Comum Estadual possui 
competência residual, ou seja, irá processar e julgar aquelas causas que não são 
da competência da Justiça Especializada (Eleitoral,Trabalhista e Militar da União), 
bem como não são da Justiça Comum Federal. É a justiça comum por excelência e 
nela vamos encontrar um ramo especializado: a Justiça Militar Estadual.
Justiça Comum Estadual
O órgão máximo da Justiça Estadual é o Tribunal de Justiça, no qual os 
magistrados são chamados de Desembargadores.
Entre outras funções, cabe ao Tribunal de Justiça julgar, originariamente, as 
ações de controle concentrado de constitucionalidade de leis ou atos normativos 
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual.
Em sua função recursal, cabe ao Tribunal de Justiça julgar os recursos impetrados 
em razão das decisões proferidas pela primeira instância, a qual é composta pelos 
Juízes de Direito. 
Tal como ocorre com a Justiça Comum Federal, na Justiça Comum Estadual 
também existem o Tribunal do Júri e o Juizado Especial Civil e Criminal.
Justiça Militar Estadual
Ela é composta, na primeira instância, pelos Juízes de Direito e por órgãos 
colegiados denominados Conselhos de Justiça. 
Os recursos das decisões desses órgãos de primeiro grau são encaminhados ao 
Tribunal de Justiça daquele estado; contudo, podem ser criados os Tribunais de 
Justiça Militar Estadual. 
Para tanto, devem estar presentes os seguintes requisitos:
Esse órgão deve ser criado por lei estadual de iniciativa do Tribunal de Justiça;
O efetivo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar no estado deve ser 
superior a vinte mil integrantes.
Atualmente, somente os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande 
do Sul possuem Tribunal de Justiça Militar. Nos demais estados, como vimos, os 
recursos são julgados pelos Tribunais de Justiça.
16
17
A competência da Justiça Militar Estadual é estabelecida para:
 · Processar e julgar crimes militares praticados por militares dos estados, 
ou seja, policiais militares e bombeiros militares. Estão excluídos dessa 
competência os crimes dolosos contra a vida se as vítimas forem civis, 
hipótese em que o processo e julgamento caberá ao Tribunal do Júri;
 · Processar e julgar ações judiciais contra atos disciplinares militares, ou 
seja, a Justiça Militar Estadual possui competência cível.
Justiça Especial
Justiça Eleitoral
A característica mais marcante da Justiça Eleitoral é a de que ela é composta por 
magistrados que estão em outros ramos do Poder Judiciário e de advogados que, 
somente temporariamente, fazem parte de seus quadros.
Os órgãos da Justiça Eleitoral são: 
 · Tribunal Superior Eleitoral;
 · Tribunais Regionais Eleitorais;
 · Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais.
O Tribunal Superior Eleitoral é composto por, no mínimo, sete Ministros, 
composição mínima que é a utilizada atualmente. Esses magistrados são escolhidos 
da seguinte forma:
 · O Supremo Tribunal Federal reúne-se e, pelo voto secreto, elege três de 
seus membros para, cumulativamente, exercerem as funções de Ministros 
do Tribunal. Um deles exerce a função de Presidente e o outro a de Vice-
Presidente do Tribunal;
 · O Superior Tribunal de Justiça, igualmente pelo voto secreto, elege dois 
de seus membros, sendo que um deles será o Corregedor Eleitoral;
 · Fechando a composição desse Tribunal, o Presidente da República 
nomeia dois dos Ministros, entre seis advogados de notável saber jurídico 
e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
 · Cada estado e o Distrito Federal possuem um Tribunal Regional Eleitoral 
instalado em sua Capital, cuja composição é a seguinte:
 · Membros do Tribunal de Justiça daquele estado reúnem-se e, por votação 
secreta, elegem dois Desembargados e dois Juízes de Direito para atuarem 
nesse órgão. Um Desembargador será o Presidente e o outro o vice-
Presidente do Tribunal;
17
UNIDADE Organização Judiciária e Competência
 · Se o Estado for sede de Tribunal Regional Federal, um de seus componentes 
será escolhido para integrar o Tribunal Regional Eleitoral daquele Estado. 
Contudo, se o Estado não for sede de Tribunal Regional Federal, será 
escolhido um Juiz Federal para participar de sua composição;
 · Fechando a composição, o Presidente da República nomeará dois juízes 
entre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, 
indicados pelo Tribunal de Justiça.
Os membros do Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Regionais Eleitorais, 
salvo motivo justificado, servirão a esses tribunais por dois anos. Terminado esse 
prazo, serão substituídos por outros, respeitadas as mesmas regras de escolha que 
acabamos de ver. Nenhum deles poderá servir por mais de dois biênios consecutivos.
Interessante notar que os advogados que foram escolhidos para integrar o Tribunal 
Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais voltam a ser advogados ao 
final desse período de dois anos.
Em primeira instância na Justiça Eleitoral atuam os Juízes Eleitorais. Esses 
magistrados são Juízes de Direito que acumulam, em suas comarcas, essa função.
É importante destacar que a Justiça Eleitoral, além de competência cível (trata, 
entre outras questões, de impugnação de candidaturas, propaganda política etc.), 
também apura crimes eleitorais.
Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho é composta pelo Tribunal Superior do Trabalho, pelos 
Tribunais Regionais do Trabalho e pelos Juízes do Trabalho.
O Tribunal Superior do Trabalho tem por principal função uniformizar a 
jurisprudência trabalhista. Para tanto, julga recursos de revista, recursos ordinários 
e agravos de instrumento contra decisões de Tribunais Regionais do Trabalho e 
dissídios coletivos de categorias organizadas em nível nacional, além de mandados 
de segurança, embargos opostos a suas decisões e ações rescisórias.
Na segunda instância da Justiça do Trabalho, há vinte e quatro Tribunais Regionais 
do Trabalho, que julgam recursos ordinários contra decisões de Varas do Trabalho, 
ações originárias (dissídios coletivos de categorias de sua área de jurisdição), ações 
rescisórias de decisões suas ou das Varas e os Mandados de Segurança contra atos 
de seus juízes.
Na primeira instância, temos os Juízes do Trabalho, que atuam nas Varas do 
Trabalho, cuja competência é a de julgar os dissídios individuais.
Deve-se observar que a Justiça do Trabalho não possui competência penal.
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Justiça Militar Federal
Esse ramo do Poder Judiciário é composto pelo Superior Tribunal Militar, pelos 
Tribunais e Juízes Militares.
A Constituição Federal fala de Tribunais Militares; contudo, eles não existem, 
atualmente, na estrutura da Justiça Militar da União. 
Dessa forma, nesse ramo da justiça especializada, temos somente duas instâncias: 
a primeira, composta pelos Conselhos de Justiça, e a segunda, composta pelo 
Superior Tribunal Militar.
Na primeira instância da Justiça Militar da União, temos os Conselhos de 
Justiça, que são formados por um Juiz Auditor e quatro Oficiais das Forças 
Armadas, que são sorteados, levando em consideração o posto ou a graduação 
do réu no processo. 
A Constituição Federal define que a Justiça Militar da União é competente para 
processar e julgar os crimes militares definidos em Lei. Esses crimes são definidos 
no Código Penal Militar (Decreto-Lei n.º 1.001/69), e o processo na Justiça Militar 
é regido pelo Código de Processo Penal Militar (Decreto-lei 1.002/69).
Alguns dos crimes previstos no Código Penal Militar podem ser praticados por 
civis; dessa forma, a Justiça Militar da União pode julgá-los.
Destaca-se que a Justiça Militar da União somente possui jurisdição penal.
19
UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Competência no Direito Processual Civil
A jurisdição é uma atribuição estatal, que decorre de nossa soberania, sendo 
que a nossa legislação estabelece as situações em que a jurisdição brasileira poderá 
atuar – de forma concorrente ou de forma exclusiva.
Firmadas as hipóteses de atuaçãode nossa jurisdição, faz-se necessário entender 
em que situações poderá cada órgão judicial atuar. Para isso, precisamos conhecer 
a forma como o nosso direito processual estipula a competência de cada um dos 
órgãos do Poder Judiciário.
Com base em todos os conhecimentos, vamos aprender como o Direito 
Processual estipula a competência dos órgãos que exercem a jurisdição civil na 
Justiça Comum.
Vamos iniciar esse estudo com os conceitos de competência de foro e de juízo.
Competência de foro e de juízo
A legislação processual civil, em especial o Código de Processo Civil, utilizam 
para estipulação da competência dos órgãos jurisdicionais os conceitos de foro e 
de juízo, razão pela qual é necessário compreendê-los.
Foro se refere à área territorial em que um determinado órgão jurisdicional 
(juízo ou tribunal) exerce a sua competência. Em primeira instância, esse 
conceito corresponde:
 · Na Justiça Comum Estadual, ao conceito de Comarca;
 · Na Justiça Comum Federal, ao conceito de Seção Judiciária (ou subseção).
 · Considerando-se esses elementos, temos, por exemplo:
 · O foro do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça 
abrange todo o território nacional;
 · O foro dos Tribunais Regionais Federais abrange a totalidade da área 
dos Estados, que fazem parte de suas regiões. Assim, por exemplo, o foro 
do Tribunal Regional Federal da 3ª Região compreende o território dos 
Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul;
 · O foro dos Tribunais de Justiça equivale ao território do Estado no qual 
ele foi constituído. Dessa forma, o foro do Tribunal de Justiça de Minas 
Gerais corresponde a todo o território mineiro.
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A comarca tem área mínima de um município, sendo que essa estipulação é 
realizada pela Lei de Organização Judiciária de cada Estado.
Assim, podemos ter:
 · Comarcas que abrangem somente um município;
 · Comarcas que abrangem as áreas de vários municípios contíguos.
Já o conceito de juízo se refere a uma unidade judiciária composta pelo juiz e 
seus auxiliares, os quais exercem, em primeira instância, suas atribuições em uma 
Vara Judiciais.
Na justiça comum estadual de primeira instância, por exemplo, podemos ter:
 · Juízos que tratam de questões específicas e relacionadas a determinadas 
matérias (ratione materiae) ou que envolvam determinadas pessoas, 
como parte ou interveniente (ratione personae). Dessa forma, temos, 
entre outras, Varas de Família (que somente tratam de questões próprias 
do Direito de Família), Varas de Falência e Recuperação Judicial (que 
somente tratam de lides que envolvam a falência ou a recuperação judicial 
de empresários) e Varas da Fazenda Pública (em que uma das partes ou 
interveniente é o estado, o Distrito Federal, os Municípios etc.);
 · Juízos com competência não especializada, as chamadas Varas Cíveis.
Cabe à Lei de Organização Judiciária estipular quais são os juízos que existem 
em cada uma das Comarcas ou Seções Judiciárias, bem como se esses órgãos 
possuem ou não alguma especialização.
Juntando esses conceitos, podemos ter:
 · Comarcas que possuem um único Juízo (somente uma Vara);
 · Comarcas que possuem vários Juízos (várias Varas).
Com essas informações podemos responder à seguinte pergunta:
Em que lugar uma pessoa deve propor uma determinada ação?Exp
lo
r
Tratando-se de uma ação que deva ser apresentada para a Justiça Comum, para 
responder a essa pergunta, no âmbito da primeira instância, precisamos:
 · Verificar qual é o foro competente: para tanto precisamos conhecer 
as regras estipuladas pelo Código de Processo Civil para definir em que 
Seção Judiciária ou Comarca essa ação deva ser proposta;
 · Em seguida, é necessário verificar qual é o juízo competente. Para 
tanto, podemos nos deparar com duas possibilidades:
 · No foro (Seção Judiciária ou Comarca) somente há um juízo de primeira 
instância. Assim, ele será o competente para apreciação da ação;
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
 · No foro (Seção Judiciária ou Comarca), há vários juízos de primeira 
instância: aqui será necessário verificar na Lei de Organização 
Judiciária em quais ações cada um poderá atuar.
Competência absoluta e relativa
O atual Código de Processo Civil estabelece duas modalidades de competência: 
absoluta e relativa.
Essa diferenciação leva em consideração a possibilidade de a competência 
sofrer ou não algum tipo de alteração, em especial, em razão de eventual facilidade 
para as partes.
Absoluta é competência insuscetível de sofrer modificação, seja pela 
vontade das partes, seja, pelos motivos legais de prorrogação (conexão 
ou continência). Trata-se de regra fixada em atenção ao interesse público.
Relativa, ao contrário, é a competência passível de modificação por 
vontade das partes ou prorrogação oriunda da conexão ou continência, 
porque atende principalmente ao interesse particular (THEODORO 
JÚNIOR, 2015, p. 205)
Em especial, no Código de Processo Civil de 1973 (lei atualmente revogada), os 
critérios estabelecidos para a fixação da competência eram baseados no:
 · Critério relativo ao valor atribuído à causa;
 · Critério relativo à matéria discutida na causa ou às pessoas que devem 
figurar como partes ou intervenientes;
 · Critério territorial;
 · Critério funcional ou hierárquico.
Ainda que não seja tão explícito, esses mesmos critérios foram adotados no 
atual Código de Processo Civil, razão pela qual precisamos conhecer um pouco 
mais sobre eles.
As competências relativas ao valor atribuído à causa e à matéria (ratione 
materiae) e as pessoas intervenientes ou que devem ser partes (ratione personae):
 · Não são tratadas pelo Código de Processo Civil;
 · Esse assunto é tratado pelas Leis de Organização Judiciária para estipular, 
dentro de uma mesma Comarca, qual é o juízo competente.
Também deve-se destacar que a competência ratione personae é utilizada 
pela Constituição Federal especialmente quando trata da competência da Justiça 
Comum Federal (como veremos a seguir).
A competência territorial é definida segundo critérios estipulados pelo Código 
de Processo Civil e com ela chegaremos ao foro competente.
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A competência hierárquica ou funcional identifica quando um Tribunal 
pode apreciar eventuais recursos ou as hipóteses em que se caracterizam as 
suas competências originárias. Aqui também temos algumas situações em que 
uma ação deve ser destinada a um determinado juízo em razão da existência 
de outra ação anteriormente ajuizada e que com ela guarda alguma ligação 
(conexão ou continência).
Já a competência relativa ao valor da causa possibilita que a Lei de Organização 
Judiciária estabeleça esse critério para definir o juízo competente. É o que ocorre na 
Comarca de São Paulo, na qual a Lei de Organização Judiciária estipula que ações 
até 500 salários mínimos devam tramitar nas Varas Cíveis dos Foros Regionais e 
acima desse valor nas Varas Cíveis do Foro Central.
Sobre a competência absoluta e relativa, Humberto Theodoro Júnior ainda 
acrescenta que:
São relativas, segundo o Código, as competências que decorrem do valor 
e do território (Art. 63) e absolutas a ratione materiae, ratione personae 
e funcional (Art. 62) (2015, p. 205).
As competências absolutas:
 · São de ordem pública; assim, não podem ser modificadas pelas partes;
 · Podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz e, se ele não o fizer, podem as 
partes apresentar essa questão a qualquer tempo.
As competências relativas:
 · São criadas no interesse das partes. Assim, elas podem ser modificadas 
em razão de eventual interesse demonstrado no caso concreto. Isso se dá 
por prorrogação, pela eleição de foro, pela conexão e pela continência;
 · Não pode ser declarada de ofício pelo juiz. 
Súmula 33 do Superior Tribunal de Justiça
A incompetência relativa não pode serdeclarada de oficio.
 · Se o réu não alegá-la no momento adequado (no prazo para a co ntestação), 
não poderá mais fazê-lo. Essa inércia acarreta a prorrogação da competência 
do juiz que recebeu a ação.
Lembre-se que, no âmbito da Justiça Comum, os passos que precisamos seguir são 
os seguintes:
• Verificar se a ação deve ser proposta na Justiça Comum Federal ou na Justiça 
Comum Estadual;
• Em seguida, verifi car qual é o foro competente – nesse caso, vamos utilizar as regras de 
competência territorial estabelecidas no Código de Processo Civil;
• Por fi m, havendo mais de um juízo no foro (seção Judicial ou Comarca), é necessário 
verifi car qual é o juízo competente, de acordo com as regras estipuladas pela Lei de 
Organização Judiciária.
Ex
pl
or
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
 Perpetuação da competência
Esse assunto também é conhecido como perpetuatio jurisdictionis, sendo 
previsto no Artigo 43 do Código de Processo Civil:
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da 
distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado 
de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem 
órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
O dispositivo é claro ao estabelecer que a competência do órgão jurisdicional 
é firmada no momento em que a petição inicial é registrada ou distribuída (este 
último caso ocorre quando há mais de um juízo que poderia, inicialmente, 
receber a ação).
Com isso, são irrelevantes para a competência do órgão jurisdicional posteriores 
modificações de fato ou de direito que ocorrerem durante o processo:
 · Mudanças em situações de fato: é o que ocorre, por exemplo, se a 
competência foi firmada pelo local de domicílio do réu e ele se muda no 
curso do processo. Isso não altera a competência do juízo;
 · Mudanças em situações de direito: é o que ocorre, por exemplo, se o 
autor vier a falecer durante o trâmite do processo. Isso não causa qualquer 
alteração na competência do órgão jurisdicional.
 · A única exceção apontada pelo Código de Processo Civil se dá na extinção 
do órgão ou a modificação de sua competência absoluta:
 · A extinção acarreta a remessa dos processos para o órgão que irá sucedê-lo;
 · Situação diferente ocorre na modificação da competência absoluta. 
É o que ocorreria no seguinte exemplo: na Comarca de Ilha Bonita há 
várias varas da Justiça Comum estadual, sendo que uma delas possui 
competência para tratar de dois assuntos: Família e Falência. Ocorre, 
contudo, que o aumento da população fez crescer a demanda em 
relação a esses dois assuntos. Assim, é realizada a modificação da Lei de 
Organização Judiciária do Estado, sendo criada uma nova Vara somente 
para tratar de falências naquela comarca:
 · A antiga Vara somente passa a se dedicar a lides que envolvem 
Direito de Família, deixando de ter competência para tratar dos 
processos de falência.
 · A nova Vara terá competência para tratar de falência, recebendo 
todos os processos que tratavam desse assunto na Comarca.
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Competência da Justiça Comum Federal
A competência da Justiça Comum Federal está estipulada no Artigo 109 da 
Constituição Federal, sendo que nela há matéria criminal e cível.
Em relação às questões cíveis, os critérios adotados são fundados na qualidade 
das pessoas que participam do processo ou na matéria que nele deve ser discutida.
Dentre as hipóteses de natureza cível, deve ser destacada a hipótese mencionado 
no Inciso I, que trata da participação da União, suas autarquias e empresas públicas 
como partes ou intervenientes no processo, exceto quando a questão envolver:
 · Falência (e a recuperação judicial);
 · Acidentes do trabalho;
 · Questões afetas ao direito eleitoral ou trabalhista.
Nessas exceções: 
 · Nas duas primeiras hipóteses, a ação deve ser proposta na Justiça 
Comum Estadual; 
 · Na última, na Justiça Especializada.
Destaque-se que essas hipóteses são todas de competência absoluta. Para se 
estabelecer o foro competente para essas ações, é necessário verificar o disposto 
nos parágrafos do Artigo 109 da Constituição Federal:
Art. 109 
(...)
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção 
judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção 
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o 
ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, 
ainda, no Distrito Federal.
Assim:
 · Se a União propõe uma ação contra qualquer pessoa, deverá fazê-lo na 
seção judiciária em que essa pessoa tem domicílio (foro competente);
 · Se qualquer pessoa apresenta à jurisdição uma ação contra a União, o 
foro competente é o do domicílio do proponente da ação.
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Regulando esse dispositivo, estabelece o Código de Processo Civil que:
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que 
seja autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta 
no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou 
a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.
Regras para definição do foro competente no Código de Processo Civil
Trazendo à colação as explicações de Marcus Vinicius Rios Gonçalves, temos:
As principais regras de competência de foro formuladas pelo CPC estão 
nos arts. 46 a 53.
A regra geral é a prevista no Art. 46, caput, do CPC. Os arts. 48, 49 e 
50 constituem apenas explicações dessa norma geral, que institui o foro 
comum.
Já os arts. 47, 51, parágrafo único, 52, parágrafo único, e 53 constituem 
exceções, os chamados foros especiais (GONÇALVES, 2016, p. 128)
Regras do foro comum
A regra do Artigo 46, caput, em que se estabelece o chamado “foro comum”, 
é a seguinte:
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens 
móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu [...]
Essas ações podem tratar de assuntos variados, tais como obrigações, contratos, 
responsabilidade civil etc.
Aqui cabem os seguintes destaques:
 · Essa regra geral deve ceder ante a presença, no caso concreto, de uma 
regra específica;
 · A definição de domicílio é dada pelos Artigos 70 a 78 do Código Civil;
 · Por se tratar de um critério territorial, essa regra cria uma forma de 
competência relativa.
Os parágrafos do Artigo 46 apenas detalham situações específicas ligadas à 
essa regra:
Art. 46 [...]
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de 
qualquer deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser 
demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
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§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será 
proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do 
Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão 
demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de 
sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
Decorrem da regra do Artigo 46, caput, as disposições dos Artigos 48, 49 e 50 
do Código de Processo Civil.
O Artigo 48 trata do foro competente para inventários, partilhas, arrecadações, 
cumprimento de disposições de última vontade, impugnação ou anulação de 
partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu. 
Nesse caso, o processo deve tramitar no foro do autor da herança:
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o 
competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento 
de disposições de última vontade, a impugnaçãoou anulação de partilha 
extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o 
óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, 
é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens 
do espólio.
No caso do ausente, a ação deve ser proposta no foro de seu último domicílio 
(Artigo 49).
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu 
último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a 
partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
Já as ações contra incapaz devem ser propostas no foro do domicílio do seu 
representante ou assistente (Artigo 50):
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de 
domicílio de seu representante ou assistente.
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Regras do foro especial
Foro de situação dos imóveis em ações reais imobiliárias
Essa hipótese é tratada no Artigo 47 do Código de Processo Civil, que possui a 
seguinte redação:
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente 
o foro de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de 
eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, 
servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da 
coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
Sobre essa regra, vamos destacar as seguintes situações:
 · A definição de bens imóveis está prevista nos Artigos 79 a 81 do Código Civil, 
e os direitos reais estão enumerados no Artigo 1.225 desse mesmo código;
 · Embora a posse não figure entre os direitos reais, a regra fixada no caput 
do Artigo 47 é a ela aplicável em razão do disposto no seu § 2º;
 · Esta regra é de competência absoluta. Contudo; se a ação não recair 
sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação 
de terras e de nunciação de obra nova, é admitida a estipulação de um 
foro de eleição – ou seja, nessa exceção, a regra é de competência relativa.
Foro para ações de divórcio, separação, anulação de casamento e 
reconhecimento ou dissolução de união estável
Essa questão está disciplinada no inciso I do Artigo 53 do Código de Processo Civil:
Art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e 
reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio 
do casal;
[...]
Neste caso, para a definição do foro competente, há as seguintes possibilidades:
 · Se houver filhos incapazes, a ação deve ser proposta no domicílio do guardião 
desse incapaz. É o que ocorre, por exemplo, se há uma separação de fato e a 
mãe permanece com a guarda (ainda que de fato) dos filhos menores;
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 · Se não há filhos incapazes, a ação deve ser proposta no foro do último 
domicílio do casal;
 · Contudo, se nenhum deles reside nesse mesmo foro, a ação deve ser 
proposta no foro do domicílio do réu.
 · Trata-se de hipótese de competência relativa.
Foro para ações de alimentos
Essa questão é tratada pelo inciso II do Artigo 53 do Código de Processo Civil:
Art. 53 [...]
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se 
pedem alimentos;
Nesse caso, trata-se de uma ação em que alguém (alimentando) pede alimentos, 
em razão de sua necessidade pessoal. O Código estipula que o foro competente é 
o de domicílio ou residência do alimentando.
Essa mesma regra vale se a ação de alimentos estiver cumulada com ação de 
investigação de paternidade.
Súmula 1 do Superior Tribunal de Justiça
O foro do domicilio ou da residência do alimentando e o competente 
para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a 
de alimentos.
Trata-se de hipótese de competência relativa.
Foro para ações em desfavor de pessoa jurídica
Essa hipótese está descrita nas alíneas “a”, “b” e “c” do inciso III do Artigo 53 
do Código de Processo Civil.
Art. 53 [...]
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa 
jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou 
associação sem personalidade jurídica;
Nesse caso, a ação deve ser proposta no foro da sede dessa pessoa jurídica.
Uma situação cada vez mais comum se refere a pessoas jurídicas que não possuem 
sede em nosso país. Nesse caso, a ação deve ser proposta no foro de sua agência 
ou sucursal. Se, contudo, a sociedade ou a associação não possuir personalidade 
jurídica, a ação deve ser apresentada no foro onde ela exerce suas atividades.
Aqui também temos hipóteses de competência relativa.
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Foro para ações de inadimplemento de obrigação
O assunto é tratado pela alínea “d” do inciso III do Artigo 53 do Código de 
Processo Civil.
Art. 53 
(...)
III - do lugar:
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir 
o cumprimento;
Se o autor exige o cumprimento de uma obrigação, tal como a entrega de um 
determinado bem comprado por uma indústria de outro fabricante, a ação deve ser 
proposta no local onde essa obrigação deveria ser satisfeita.
Se o autor busca outras consequências derivadas do inadimplemento, tal como 
uma indenização, a ação deve ser proposta no foro comum – Artigo 46.
Por ser baseada em um critério territorial, trata-se de uma hipótese de 
competência relativa.
Foro para ações fundadas no Estatuto do Idoso
As ações fundadas em direito atribuído pelo Estatuto do Idoso – Lei n.º 
10.741/03 devem ser propostas no foro de residência do idoso. Nesse estatuto, o 
idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
Devemos destacar que não se trata de uma regra aplicável a todas as ações que 
envolvem idosos, mas somente àquelas que buscam direitos estipulados nessa norma:
Art. 53.
(...)
III - do lugar:
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no 
respectivo estatuto;
Trata-se de uma regra de competência relativa.
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Foro para ação de reparação de danos causados por serventia notarial 
ou de registro
Essa hipótese está prevista na alínea “f” do inciso III do Artigo 53 do Código de 
Processo Civil:
Art. 53
(...)
III - do lugar:
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação 
de dano por ato praticado em razão do ofício;
Nesse caso, a ação deve ser proposta no foro onde se localiza a sede da serventia.
Trata-se de uma regra de competência relativa.
Foro para ações de reparação de dano e em que for réu administrador ou 
gestor de negócios alheios
Nesses casos, previstos no inciso IV do Artigo 53 do Código de Processo Civil, 
a ação deve ser proposta no lugar do ato ou fato que gerou o litígio.
Art. 53.
(...)
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
Se, contudo, a ação reparatória dos danos tiver como fundamento a prática de um 
delito (crime) ou danos sofridos em razão de acidente de veículos, inclusive aeronaves, 
a ação deverá ser proposta no domicílio do autor ou no foro do local onde os fatos 
geradores ocorreram (Inciso V do Artigo 53 do Código de Processo Civil).
Art. 53.
(...)
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação 
de dano sofrido em razão de delito ou acidentede veículos, inclusive 
aeronaves.
Aqui, mais uma vez, temos a competência estabelecida por critérios territoriais; 
sendo assim, classificada como relativa.
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Foro nas ações que envolvam os Estados ou o Distrito Federal
O Artigo 52 do Código de Processo Civil trata das hipóteses de ações 
propostas pelos Estados ou pelo Distrito Federal ou em desfavor dessas pessoas 
de direito público.
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que 
seja autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação 
poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do 
ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital 
do respectivo ente federado.
Quando o Estado ou o Distrito Federal forem autores da ação, a competência 
do foro segue a regra geral, ou seja, será competente o foro de domicílio do réu.
Contudo, se eles forem demandados, a ação pode ser proposta:
 · No foro de domicílio do autor;
 · No foro onde ocorreu o ato ou fato que originou o litígio;
 · No foro da situação da coisa;
 · No foro da Capital da Unidade federativa.
Por ser baseada em critérios territoriais, essa competência é relativa.
Regras para definição do juízo competente
Definido o foro competente, podemos nos deparar com as seguintes situações:
COMARCA COM UM ÚNICO JUÍZO
Vamos imaginar uma comarca denominada “Comarca de São Pedro”, que 
possui uma única vara judicial para apreciar questões cíveis:
COMARCA DE SÃO PEDRO
VARA JUDICIAL ÚNICA 
Nesse caso, se, ao utilizarmos as regras para definição do foro competente, 
chegarmos a essa comarca, automaticamente já saberemos qual é o juízo 
competente, ou seja, será o juízo da Vara Judicial Única da Comarca de São Pedro.
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COMARCA COM JUÍZOS ESPECIALIZADOS E JUÍZOS NÃO ESPECIALIZADOS
Vamos ver agora o que acontece quando tivermos uma Comarca com um juízo 
especializado e um juízo não especializado:
COMARCA DE SÃO JOÃO
VARA CIVIL
VARA DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES
Se após aplicarmos as regras de competência de foro chegarmos à Comarca de 
São João, será necessário verificar qual é o juízo competente. Dessa forma:
 · Se a ação tratar de um litígio que envolva o Direito de Família ou o 
Direito das Sucessões, o juízo competente é o da Vara da Família e das 
Sucessões da Comarca de São João;
 · Se o litígio se referir a qualquer outro tipo de questão cível, o juízo 
competente é o da Vara Cível da Comarca de São João.
COMARCA COM MAIS DE UM JUÍZO ESPECIALIZADO OU MAIS DE UM JUÍZO CÍVEL
Se as regras de competência de foro nos levarem para a Comarca de Santo 
Antônio, podemos nos deparar com várias possibilidades:
COMARCA DE SANTO ANTONIO
1ª VARA CIVIL
2ª VARA CIVIL
1ª VARA DA FAMÍLIA
2ª VARA DA FAMÍLIA
VARA DAS SUCESSÕES
 · Se a ação versar sobre um litígio que envolva o Direito das Sucessões, o 
juízo competente é o da Vara das Sucessões da Comarca de Santo Antônio;
 · Se a ação versar sobre Direito de Família, será necessário aplicar o critério 
da distribuição, ou seja, haverá um sorteio que designará como competente, 
por exemplo, a 2ª Vara da Família da Comarca de Santo Antônio;
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
 · Agora, vamos supor que na 1ª Vara Cível da Comarca de Santo 
Antônio está em curso um processo falencial movido pela Pedro e Paulo 
Distribuidora Ltda. em desfavor da Padaria Bom Pão Ltda. Ocorre que, 
posteriormente, a empresa Desentupidora Belém Ltda. também ingressa 
com uma ação em que requer a falência da mesma padaria. Nesse caso, 
diante da existência de um processo em trâmite, a nova ação deve ser 
distribuída para a mesma 1ª Vara Cível da Comarca de Santo Antônio, 
em razão do critério funcional.
Importante!
Vale destacar que em todas essas situações que envolvem a competência de juízo estamos 
diante de hipóteses de competência absoluta.
Importante!
Competência dos Juizados Especiais Cíveis
O Juizado Especial Civil foi criado pela Lei n.º 9.099/95 com a finalidade 
de processar e julgar com maior celeridade ações cíveis de menor complexidade. 
Posteriormente, foram criados:
 · Juizados Especiais Cíveis no âmbito da Justiça Federal pela Lei n.º 
10.259/01;
 · Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito 
Federal, dos Territórios e dos Municípios pela Lei n.º 12.153/09.
Em relação às ações regidas pela Lei n.º 9.099/95, a competência material dos 
Juizados Especiais está firmada no Artigo 3º da Lei:
Art. 3º - O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, 
processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, 
assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no Art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao 
fixado no inciso I deste Artigo.
[...]
Nessas hipóteses, o autor pode escolher propor a ação perante o Juizado 
Especial ou perante uma Vara Cível comum, situação em que devem ser obedecidas 
as regras de competência de foro definidas no Artigo 4º da Lei n.º 9.099/95:
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Art. 4º - É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado 
do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça 
atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, 
filial, agência, sucursal ou escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para 
reparação de dano de qualquer natureza.
Parágrafo único - Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no 
foro previsto no inciso I deste Artigo.
Tendo o autor optado por apresentar a ação no Juizado Especial, a competência 
deste é absoluta, mesmo quando baseada em critérios territoriais.
Em relação aos Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal e da Fazenda 
Pública, não existe opção do autor para a apresentação da ação, havendo, da mesma 
forma, competência absoluta desses órgãos judiciais para atuar nas demandas que 
lhe são próprias.
Modifi cação da competência relativa
A competência absoluta não pode ser alterada pela vontade das partes, pois se 
baseia em critérios de ordem pública.
Situação diversa ocorre nas hipóteses em que ficar configurada a competência 
relativa do órgão jurisdicional, podendo a modificação se dar por prorrogação, 
eleição de foro, conexão e continência.
Prorrogação da competência
Se o autor apresentar a ação em órgão judicial que não possui competência para 
aquela demanda e sendo essa incompetência relativa, poderá o réu, na primeira 
oportunidade que tem para se manifestar nos autos, ou seja, na contestação, alegar 
essa situação.
Se não o fizer, a competência daquele órgão será prorrogada e ele poderá, 
regularmente, processar e decidir o litígio.
Nos termos da Súmula 33 do Superior Tribunal de Justiça, não pode o juiz 
declinar de sua competência de ofício, isto é, sem a provocação do réu.
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UNIDADE Organização Judiciária e Competência
Eleição de foro
As partes, em geral nos contratos, podem estipular um foro específico onde 
eventuais ações decorrentes dessa relação jurídica podem ser ajuizadas.
Dessa forma, como essa eleição somente se baseia em critérios territoriais (as 
partes escolhem o foro), ela é admissível. Observe que as partes não podem eleger 
o juízo competente, pois as regras de juízo são de competência absoluta.
O Artigo 63 do Código de Processo Civil estabelece que essa eleição somente é 
possível se estivermos tratando de situações afetas ao Direito das Obrigações.
Conexão e continência
A conexão e a continência são situações em que o legisladordeterminou que 
ações semelhantes devam ter julgamento conjunto, principalmente para que não 
haja decisões conflitantes.
A apuração dessa semelhança se dá com base nos chamados elementos 
identificadores de uma ação:
 · Partes;
 · Causa de pedir;
 · Pedido.
 · As partes identificam, em especial, o autor e o réu que estão 
integrados na relação processual;
 · A causa de pedir se relaciona aos fundamentos fáticos e jurídicos 
que sustentam a ação. É o que ocorre, por exemplo, em uma ação 
indenizatória fundada em um acidente de trânsito em que o veículo 
do autor acabou sendo danificado (fundamento fático). O autor, ao 
apresentar a lide à jurisdição, alega como fundamento de sua pretensão 
os Artigos 927 e seguintes do Código Civil (fundamento jurídico);
 · O pedido é providência que o autor da ação busca junto à jurisdição. 
No exemplo acima, a condenação do réu, para que ele seja obrigado 
a efetuar o pagamento dos prejuízos decorrentes do acidente.
Dessa forma, sobre conexão, segundo o Código de Processo Civil:
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for 
comum o pedido ou a causa de pedir.
Já a continência ocorre na situação descrita no Artigo 56:
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver 
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por 
ser mais amplo, abrange o das demais.
Considerações Finais
Com essas informações você, como futuro profissional do Direito, poderá, de 
forma correta, apresentar uma demanda em juízo.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Constituição Federal:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
Código de Processo Penal:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm
Código de Processo Civil:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
Lei dos Juizados Cíveis e Criminais: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm
- Lei n.º 9.307/96, que trata da arbitragem: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm
- Lei n.º 13.140/15, que trata da mediação: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm
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Referências
CINTRA, A.; GRINOVER, A.; DINAMARCO, C. Teoria Geral do Processo. 
28.ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
GONÇALVES, M. Direito processual civil esquematizado. 7.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016
GRECO FILHO, V. Direito processual civil brasileiro. 23. ed. São Paulo: Saraiva. 
2013. v.1.
MONTENEGRO FILHO, M. Curso de direito processual civil: teoria geral do 
processo e processo de conhecimento. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2015. v.1.
SANTOS, M. Primeiras linhas de direito processual civil. 27.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010.
THEODORO JÚNIOR, H. Curso de direito processual civil. 56.ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2015.
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UNIDADE

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