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Fundamentos de Ondulatória Onda: É o resultado de uma perturbação imposta à um meio material ou não (vácuo), que se propaga com uma determinada velocidade V através deste. Qualquer onda pode ser caracterizada pela oscilação de uma ou mais variáveis físicas propagando-se através do espaço, como por exemplo, no caso das ondas sonoras a pressão é a variável física que oscila. A luz também tem seu aspecto ondulatório, e neste caso, as variáveis que oscilam são os vetores campo elétrico e magnético. Característica Principal dos Fenômenos Ondulatórios: Uma onda tem a propriedade de transmitir energia de um ponto a outro, sem que haja o transporte de matéria. 1. Classificação das Ondas: As ondas podem ser classificadas segundo alguns critérios: quanto à natureza; quanto à direção da propagação; quanto à relação entre a direção da oscilação e da propagação; quanto à duração da propagação e quanto ao seu deslocamento em relação ao meio de propagação. a) Quanto à Natureza Dependendo das características do meio em que se propagam, as ondas podem ser classificadas em mecânicas e eletromagnéticas (não mecânicas). a.1) Ondas Mecânicas As ondas mecânicas somente se propagam em meios elásticos, como é o caso das ondas na água, ondas em cordas, ondas sonoras, etc. O distúrbio nesses meios é transmitido de um ponto a outro com as partículas do meio vibrando apenas ao redor de suas posições de equilíbrio sem contudo, se deslocarem juntamente com a onda. a.2) Ondas Eletromagnéticas (Não-Mecânicas) As ondas eletromagnéticas dispensam a presença do meio material para a sua propagação, como é o caso da luz (radiação visível), que atravessa o espaço interestelar onde não existe 1 matéria (vácuo). Exemplo: luz, microondas, rádio, TV, ultravioleta, infravermelho, raios-X, raios γ , etc. Ao conjunto de todas as radiações dá-se o nome de ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO. As ondas luminosas ou ESPECTRO VISÏVEL, estão localizadas entre 4.000 Å e 7.000 Å ao passo que as ondas sonoras (mecânicas) só são percebidas por nós, quando pertencem à uma faixa de freqüência compreendida entre 20 Hz e 20.000 Hz (região esta, determinada para um grupo de indivíduos otologicamente normais, com idades variando entre 18 e 25 anos). Uma representação do ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO pode ser visto na figura abaixo b) Quanto à Direção de Propagação São classificadas como unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais. b.1) Unidimensionais São aquelas que propagam-se ao longo de uma única direção. Exemplo: Onda numa corda. 2 b.2) Bidimensionais São as que propagam-se em um plano (duas direções). Exemplo: ondas concêntricas formadas pela queda de uma pedra em um tanque de água. b.3) Tridimensionais São as que propagam-se no espaço, isto é, em todas as direções. Exemplo: ondas sonoras; ondas eletromagnéticas. c) Quanto à Direção de Oscilação Nesse caso, podemos classificá-las em transversais e longitudinais. c.1) Ondas Transversais 3 Onda transversal sendo criada em uma mola Demonstração do movimento oscilatório de uma partícula no meio - no caso, a água. Repare que a partícula não é "arrastada" horizontalmente pela onda, permanecendo no mesmo lugar. Caso a oscilação (perturbação) seja perpendicular à direção de propagação, a onda é dita transversal, como no caso das ondas eletromagnéticas, nas quais, as oscilações dos vetores campo elétrico e campo magnético acontecem em direções perpendiculares à direção de propagação, conforme pode ser visto na figura abaixo: 4 c.2) Ondas Longitudinais Caso a oscilação seja paralela à direção de propagação, a onda é dita longitudinal, como é o caso das ondas sonoras e das oscilações em uma mola. Comparação entre uma onda longitudinal e uma onda transversal 5 d) Quanto à Duração da Oscilação São classificadas como solitárias (pulso) ou como uma sucessão contínua de ondas (trem de ondas). O pulso e o trem de ondas tem um princípio e um fim e, portanto, apresentam uma perturbação de extensão limitada. d.1) Pulsos Um pulso é produzido por um "puxão" em uma corda tensionada. d.2) Trem de ondas Vários "puxões" em seqüência na corda tensionada, conduzem à um trem de ondas. Caso os "puxões" sejam periódicos, produz-se um movimento periódico em cada partícula da corda, havendo por conseguinte a produção de uma sucessão contínua de ondas. e) Quanto ao seu Deslocamento Podem ser progressivas ou estacionárias. a) Progressivas São ondas que movimentam-se em relação à um referencial de observação no meio. Podem movimentar-se em um sentido tomado como positivo, neste caso é chamada de progressiva mesmo, ou caminhar no sentido arbitrado como negativo, sendo considerada como retrógrada. b) Estacionárias São geradas quando duas ondas (de mesmas características) caminhando em sentidos opostos, encontram-se. As ondas estacionárias caracterizam-se também por ter os pontos do meio material oscilando com a mesma freqüência exceto nos nós que estão sempre em repouso. As ondas produzidas no interior de uma flauta são estacionárias ao passo que as produzidas na fala são progressivas. 6 2. Elementos de uma Onda Todas as ondas podem ser caracterizadas por um conjunto de parâmetros físicos. Tais parâmetros podem manter-se invariáveis ao longo da propagação da onda ou não. São eles: a) Amplitude (A) - altura máxima da oscilação, contada a partir da linha de base. Usualmente medida em metros (m). A amplitude está relacionada com a quantidade de energia transportada pela onda. b) Comprimento de Onda (λ) – é a distância (medida horizontalmente) percorrida pela onda em uma oscilação completa. Uma oscilação completa inclui sempre um semi-ciclo positivo e um semi-ciclo negativo. Dessa forma, podemos também dizer que, um comprimento de onda equivale à distancia entre duas cristas sucessivas ou dois vales sucessivos. c) Período (T) - é o tempo gasto para que a onda execute uma oscilação completa, ou seja para que a distância percorrida pela onda seja de um comprimento de onda. É medido em segundos (s). 7 d) Frequência (f) - é o número de oscilações que a onda executa por unidade de tempo. Se o tempo for medido em segundos, a frequência estará expressa em hertz (Hz). A frequência é característica da fonte que gerou a onda e não da onda propriamente dita. A frequencia mantém-se inalterada (constante) durante a propagação da onda. e) Velocidade (v) – é a "rapidez" com que a onda se desloca em um determinado meio. Para o mesmo meio, a velocidade é sempre constante. É medida em metros por segundo (m/s). f) Relações Matemáticas f.1) Frequência e Período: a freqüência é inversamente proporcional ao período, isto é: f = 1/T f.2) Velocidade, Frequência e Comprimento de Onda: como a velocidade de propagação é constante para um determinado meio, o movimento é uniforme, portanto: V = distância / tempo Quando uma onda se propaga em um meio, ela percorre uma distancia d igual ao seu comprimento de onda, num intervalo de tempo igual a seu período. Assim, V = λ/Τ, ou ainda, V = λ.f f.3) Velocidade de Propagação de Ondas Transversais em Cordas Tensionadas: as cordas tensionadas (esticadas) nos permitem observar claramente a propagação das ondas mecânicas transversais. Seja uma corda de massa M e comprimento L. Podemos observar que durante a propagação da onda, a velocidade V depende da densidade linear da corda µ (µ = M/L) e da força tensora (força de esticamento) ao qual ela está submetida. Esta dependência é conhecida como RELAÇÃO DE TAYLOR e é definida, matematicamente como: µ Fv = 3. Reflexão de Ondas Transversais em Cordas A análise da reflexão de pulsos ou de ondas tranversais nas extremidades de cordas deve ser dividida em duas partes: a) Extremidades Fixas: 8 O pulso gerado, à medida que passapelos pontos da corda, faz cada um deles subir e descer. No entanto, quando esse pulso atinge uma extremidade fixa (uma parede, por exemplo) e tenta movê-Ia, esta, pela 3a. Lei de Newton (Princípio da Ação e Reação), reage sobre a corda, gerando um pulso refletido invertido em relação ao pulso incidente. Diz-se, então, que o pulso refletido está em oposição de fase em relação ao pulso incidente, pois, se o pulso incidente provoca um sobe-e-desce, o refletido provoca um desce-e-sobe. Para entender melhor esse fenômeno, observe a seqüência ao lado. b) Extremidades Livres: A extremidade livre pode ser idealizada por um anel leve, que pode deslizar sem atrito ao longo de uma haste. Para entender melhor como ocorre esse fenômeno, observe a seqüência ao lado: Quando o pulso atinge o anel, ele sobe e desce, e o pulso é refletido sem inversão. Dizemos, então, que o pulso refletido está em fase com o pulso incidente, pois tanto um como o outro provoca um movimento de sobe-e- desce. Tal fato é facilmente aceitável, pois se alguém executasse no anel um movimento de sobe-e-desce seria gerado um pulso que se propagaria para a esquerda com as mesmas características do pulso refletido. 4. Superposição de Pulsos em Cordas A superposição de duas ou mais ondas de mesma natureza provoca no local da superposição uma perturbação resultante igual à "soma" das perturbações individuais de cada onda. Em uma corda tensa fica mais fácil visualizar esse fenômeno. Assim, considere uma corda esticada, disposta horizontalmente. Nas suas extremidades vamos produzir dois pulsos de mesma largura e amplitudes 9 diferentes: A1 e A2. O resultado da superposição depende da forma como esses pulsos foram originados. Devemos, então, considerar duas situações: a) Pulsos em Fase No instante da superposição dos pulsos, em fase, observamos que cada ponto da corda na região de superposição apresenta uma elongação x, igual à soma das elongações x1 e x2 que cada pulso produziria nesse ponto, se lá chegasse sozinho. É evidente que a crista resultante tem uma amplitude igual à soma das amplitudes individuais dos pulsos. A esse tipo de superposição de pulsos (em fase) dá-se o nome de interferência construtiva. É importante observar que após a superposição os pulsos continuam suas propagações normalmente, como se nada tivesse acontecido. Esse fato justifica-se pelo Princípio da Independência da Propagação Ondulatória. Observe a sequência ao lado: b) Pulsos em Oposição de Fase 10 No instante da superposição dos pulsos, em oposição de fase, observamos que cada ponto da corda na região de superposição apresenta uma elongação x, igual à diferença das elongações x1 e x2 que cada pulso produziria nesse ponto se lá chegasse sozinho. É evidente que a crista resultante tem uma amplitude igual à diferença das amplitudes individuais desses pulsos. A esse tipo de superposição de pulsos (em oposição de fase) dá-se o nome de interferência destrutiva. Também nesse caso, após a superposição os pulsos continuam suas propagações normalmente, como se nada tivesse acontecido. Vale o Princípio da Independência da Propagação Ondulatória. Assim, após a superposição, temos: 5. Superposição de Ondas Periódicas A onda resultante da superposição de duas ondas periódicas é obtida pelos mesmos conceitos usados para os pulsos do item anterior. Abaixo vemos um exemplo de interferência construtiva. As ondas A e B, de mesma .freqüência e em concordância de fase, superpõem-se, resultando a onda C. 11 Interferência Construtiva Abaixo temos um exemplo de interferência destrutiva. As ondas A e B, de mesma freqüência, mesma amplitude e em oposição de fase, superpõem-se, resultando a onda C, de amplitude nula. Essa superposição de ondas periódicas pode apresentar dois efeitos de particular interesse: o batimento e as ondas estacionárias. a) Batimento O fenômeno ondulatório denominado batimento é obtido pela superposição de ondas periódicas de freqüências ligeiramente diferentes e de mesma amplitude. A primeira figura mostra a superposição de duas ondas de freqüências ligeiramente diferentes e amplitudes iguais. A segunda figura mostra a onda resultante dessa superposição. Note que a onda resultante da figura tem amplitude variável periodicamente, apresentando pontos de máxima intensidade (interferência construtiva) e pontos de mínima intensidade (interferência destrutiva). Dá-se a denominação de batimento a essa variação gradual e periódica de amplitude da onda resultante. Também entende-se por batimento, cada conjunto de vibrações que vai de um mínimo até outro mínimo consecutivo. É possível demonstrar que a freqüência da onda resultante é dada pela média aritmética entre as freqüências das ondas que se superpõem: b) Ondas Estacionárias Conforme visto anteriormente, o fenômeno ondulatório denominado ondas estacionárias é a configuração resultante da superposição de duas ondas idênticas que se propagam na mesma direção e em sentidos opostos. Esse fenômeno é mais facilmente observado com ondas em cordas, apesar de poder ocorrer também com outros tipos de onda. Para melhor entendimento, vamos considerar uma corda esticada e duas ondas idênticas propagando-se em sentidos opostos. 12 Podemos observar na figura que existem pontos da corda que não vibram, ocorrendo neles permanente interferência. destrutiva. Esses pontos são denominados nós ou nodos de deslocamento. Note, ainda, os pontos da corda representados por tracejado, que vibram com amplitude igual a 2A. Nesses pontos, ocorre permanente interferência construtiva, sendo, por isso, denominados ventres, antinós ou antinodos de deslocamento. Como esses nós e esses ventres não se propagam, permanecendo sempre nos mesmos locais da corda, a configuração resultante recebe a denominação de onda estacionária. É importante observar que a distância entre dois nós consecutivos ou entre dois ventres consecutivos é sempre λ/2, onde λ é o comprimento de onda de cada uma das ondas que se superpõem. A figura acima mostra os quatro primeiros modos de vibração de uma corda com comprimento L, presa pelas extremidades. O primeiro modo (modo mais simples) de vibrar uma corda chama-se modo fundamental ou primeiro harmônico. Temos nesse caso: LLL 2 1 2 2 1 =⇒=⇒= λλλ Sendo v a velocidade de propagação das ondas na corda e lembrando que v = λ.f, temos: L vffLv 2 2 =⇒= Ffrequência fundamental de vibração da corda ou primeiro harmônico Para o segundo harmônico teremos: v L ffLv fvcomoLL 2 2 2 2 ,. 2 2 2 2 =⇒= ==⇒= λλλ Para o terceiro harmônico, v L ffLv fvcomoLL . 2 3 2 3 ,. 2 3 2 3 =⇒= ==⇒= λλλ Observe que a ordem do harmônico (1, 2, 3...n) aparece sempre no numerador. Dessa forma, podemos generalizar escrevendo a seguinte expressão para as frequências de vibração: v L nf 2 = Lembrando ainda que a velocidade de uma onda transversal que se propaga em cordas é dada pela relação de Taylor, podemos reescrever a equação acima como: 13 µ F L nf 2 = 6. O Fenômeno da Ressonância a) Transmissão de Energia em uma Onda Já vimos que uma carreira de pedras de dominó separadas entre si por um pequeno intervalo, caem em seqüência quando a primeira pedra é derrubada. Neste caso há uma transmissão de energia de uma peça a outra sem que elas se desloquem. Semelhante acontecimento ocorre no transporte de energia de uma onda progressiva em que cada ponto do meio transmite a vibração para o seguinte. Assim sendo, a transmissão de energia por uma onda progressiva é feita no sentidode sua própria propagação. No caso das ondas estacionárias, não há transmissão de energia. No caso das ondas eletromagnéticas, a transmissão de energia também é feita no sentido de sua própria propagação. Ao contrário das ondas mecânicas que, para se propagarem, dispersam sua energia para que as partículas do meio vibrem ao redor de suas posições de equilíbrio, o vácuo não possui matéria para que as ondas eletromagnéticas transmitam a energia através dela. A transmissão da energia é feita então, através do armazenamento de energia no interior da região de influência dos campos eletromagnéticos. b) Fenômeno da Ressonância Todos os corpos vibram segundo uma determinada frequência que lhes é característica e que depende do material do qual é constituído e da forma como os átomos estão estruturados no corpo. À essa frequência damos o nome de frequência fundamental. Quando uma fonte gera uma vibração periódica (ou onda) cuja frequência é muito próxima da frequência fundamental de um corpo, a energia transmitida pela onda é progressivamente absorvida pelo corpo, fazendo com que este oscile com amplitudes cada vez maiores, até que sua estrutura venha a romper-se (caso de oscilações livres). Este fenômeno é muito conhecido e pode ser exemplificado desde as oscilações de uma estrutura simples como um balanço, até as impressionantes oscilações de estruturas mais complexas como pontes e viadutos. A oscilação do vão central da Ponte que liga o Rio à Niterói, provocada por ventos fortes é bem conhecida, e felizmente, não chega a comprometer a estrutura de concreto. A mesma sorte não teve a ponte pênsil de Tacoma, Washington, em 1940. Quatro meses após ser aberta ao público, entrou em oscilação por 40 minutos, quando a estrutura de concreto não suportando mais as tensões impostas, partiu-se na frente dos olhos estupefatos da população da cidade e de dois cinegrafistas da época. 14
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