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Resenha: "Questões Fundamentais da Sociologia", Georg Simmel. Georg Simmel foi um dos responsáveis pela consolidação da sociologia na Alemanha, e por criara o que se chamaria de micro-sociologia. Para Simmel, o objeto da "ciência da sociedade" não era a vida dos indivíduos, mas sim a realidade formada a partir delas. Com destaque no livro Questões fundamentais da Sociologia, de 1917, uma espécie de resumo de suas principais ideias, Simmel apresenta sua concepção da sociologia. O eixo central do livro se dá a partir da discução entre a relação individuo x sociedade. Simmel aponta zonas de atrito, disjunções, diferenças de níveis entre a esfera do indivíduo: a subjetividade, o eu, a personalidade, suas motivações, impulsos, vida pessoal, representações individuais e fatos psicológicos; e sociedade: determinações exteriores, relação com a disparidade, com os imperativos sociais, nível da estrutura, do sistema, da impessoalidade. A então "ciência da sociedade" teria como tarefa estudar determinadas dimensões ou aspectos dos fenomenos que seriam encontrados nos diferentes contextos humanos a partir do processo de abstração, eliminando as existencias individuais que estão imersos na complexa realidade social tornando então possível compara-los. Caracterizando a reflexão sociológica, traz três ideias fundamentais: a de distância (em que os objetos de analise podem ser vistos por diferentes angulos), a de sociação (formas ou modos pelos quais os atores sociais se relacionam.) e a dos principais problemas da sociologia. Este último, referindo-se ao método sociológico, é dividido em Sociologia Geral (refere-se à noção de que a realidade não pode ser apreendida em sua imediaticidade), Sociologia Formal, ou pura ("conteídos objetivos" que ainda não são sociais para si mesmos, de tipo sensorial, espiritual, técnico ou psicológico.) e Sociologia Filosófica (leva em consideração a sociedade como um fato, é o estudo dos seus aspectos epistemológicos e metafísicos). Simmel sustenta diversos dualismos, não somente entre individuo x sociedade. Partindo do momento em que a Sociologia começa a estudar sobre o processo de socialização e a vida em grupo, surge o questionamento sobre a vida individual x vida social, suas diferenças e semelhanças. Simmel ressalta que apesar da sociedade ser iminente ao individuo, o mesmo não se resume a ser integrante do grupo social. Cada individualidade ao se contrapor a individualidade do outro acabaria por resultar em caracteristicas unicas. Na contramão disso, há a ideia de semelhança onde aparece o conceito de "massa", esta considerada inferior onde, apesar de sua capacidade de produzir manifestações nobres, se formularia a partir do "todo", abrindo mão da particularidade do individual e sendo guiada pelo impulso ao invés de pela reflexão. Entretanto, ambas são principios essenciais do desenvolvimento externo e interno do ser humano. Outro embate citado por Simmel é a de busca, tanto por parte da sociedade quanto do individuo, por autonomia e liberdade. Tendo como cenário inicial o século XVIII, desenvolve a ideia de que os individuos deviam se livrar das amarras sociais. Em seguida, Simmel apresenta a concepção de individualidade do século XIX, onde passa a abordar o conceito de individualidade inspirado na tradição teórica do Socialismo, mostrando não somente que aquela ideia do século anterior de conjunção entre igualdade e liberdade não só era irrealizavel, como entraria em outro ponto de discução: a contradição entre elas. A igualdade pressupõe uma socialização de todos os meios de produção, enquanto esbarra na livre concorrencia, na liberdade de todos competirem contra todos. O pensamento ético de Simmel é conduzido a partir dessa divisão entre o social e o humano configurando, por conseguinte, em uma "análise do individuo". Porém essa busca do individuo por se livrar das amarras sociais não querendo mais ser visto como posse da sociedade , não deve ser vista como uma força anti-social, pois só a partir dela seria possivel buscar nas formas sociais modos de extinguir "sua força e excelencia", e o "trabalho sobre si mesmo".
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