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Módulo 8 - Pragmática

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MÓDULO 8 - PRAGMÁTICA
MÓDULO 8 - PRAGMÁTICA
A Pragmática estuda e analisa o uso concreto da linguagem, centralizando a abordagem em seus usuários(as) na prática linguística. Estuda ainda as condições que governam essa prática.
 
Pode ser apontada como a ciência do uso linguístico, cuja preocupação é antes com a Linguagem do que com a Língua.
Pinto (2007) sintetiza os aspectos, mais relevantes de três reconhecidas correntes dos estudos pragmáticos.
 
	PRINCIPAIS CORRENTES PRAGMÁTICAS
	 
 
O Pragmatismo Americano è
	desenvolvido por W. James & Morris sob forte influência dos estudos semiológicos de Charles Peirce, enfatiza a inclusão do sujeito na construção do sentido e desconstrói (relativiza) a noção clássica de Verdade.
 
	 
 
Os estudos dos Atos de Fala è
	influenciados pela Filosofia da Linguagem (Wittgenstein) e alavancados por Jonh L. Austin, enfatiza a performatividade da linguagem, cuja definição estaria diretamente relacionada à ação e interação.
 
	 
 
Os estudos da Comunicação è
	que integram ambos os interesses teóricos anteriores, mas acrescentam ainda o interesse pelas questões sociais e históricas em que priorizam as relações sociais, de classe, de gênero, de raça e de cultura.
 
 
 
O grupo de pesquisadores que investiga os estudos da comunicação se caracteriza por uma fusão dos interesses das duas vertentes anteriores:
 
¨Utiliza métodos descritos na análise dos atos de fala, na comunicação;
 
¨Trabalha com uma renovação das orientações do pragmatismo americano acerca da relativização do conceito de verdade.
Pinto aponta o autor Jacob Mey (1987 apud PINTO op cit) como um dos grandes questionadores dessas regras, pondo em cheque a garantia de sucesso no ato de fala promovido pela tal cooperação comunicativa.
 
Para Mey, os estudiosos da pragmática atuais apostam no conceito de comunicação como trabalho social, realizado com inclusão dos conflitos das relações sociais entre homem/mulher, aluno/professor, brancos/negros, judeus/anti-semitas etc que aparecem no funcionamento linguístico (o sexismo marcado na linguagem!), nem sempre prezando pela tal cooperatividade comunicativa.
“Assim, pragmatistas dos estudos da comunicação, preocupados/as em debater os conflitos sociais que são também linguísticos [entendem que, por exemplo] conflitos entre homens e mulheres podem ser identificados linguisticamente
se se considera a linguagem como um trabalho social pleno de conflitos sociais. Qualquer tentativa de descrição da comunicação que exclua aspectos sociais é considerada inócua e ineficiente para a pesquisa pragmática. A linguagem não é, portanto, meio neutro de transmitir idéias, mas sim constitutiva da realidade social. Não sendo a realidade social um conceito abstrato, mas o conjunto dos atos repetidos dentro de um sistema regulador, a linguagem é sua parte presente e legitimadora, e deve ser sempre tratada nesses termos”. (PINTO, op cit, p.63).
 
 
Conforme Gazdar (1979, apud LEVINSON, 2007, p.14):
“[...] a pragmática tem como tópico os aspectos do significado das enunciações que não podem ser explicados por referência direta às condições de verdade das sentenças enunciadas. Grosso modo
Pragmática = significado – condições de verdade”.
Tal definição pode, a princípio, causar confusão. Certamente, a semântica é, por definição, o estudodo significado em sua totalidade e, sendo assim, como pode haver algum resíduo para compor o assuntoda pragmática? Mas precisamos notar aqui que a definição de semântica como o estudo do significado é na verdade tão simplista quanto a definição da pragmática como o estudo do uso da língua.
Alguns problemas com essa definição:
• as pressuposições trazem sempre desencadeadores do nível da semântica, porém, tomam umconhecimento de mundo como verdade e, além disso, alguns dos componentes do significado sãoinferências anuláveis;
• as implicaturas convencionais mostram que as inferências são semânticas, pois não mudam como contexto, já que são convencionalizadas;
• o significado semântico da sentença pode não ser igual ao significado pragmático: o enunciado“Maria é um gênio” pode significar excelência intelectual de Maria ou ironicamente significarmediocridade intelectual de Maria;
• dêixis: fora os dêiticos convencionalizados que não mudam de sentido em outro contexto (Bomdia!), a maioria são elementos semânticos, com baixa densidade sêmica, e que só adquiremsignificado no contexto;
• há ainda alguns enunciados que não são sentenças: “Oh!”, “hum, hum”, “Sshhhh” etc.
De acordo com o autor, outra dificuldade enfrentada para a fixação de um escopo para a pragmáticaé que ele carece de alguma caracterização explícita da noção de contexto.  O que se poderia designar então por contexto? Essa resposta parece ser muito ampla e complexa.
Inicialmente, poderemos apenas selecionar questões que são relevantes cultural e linguisticamente na produção e interpretação dos enunciados. Mas o que seria (ou não) relevante? Levinson registra alguns aspectos levantados por Lyons, Ochs e Bar-Hillel a serem considerados:
• conhecimento do papel e do status do falante ou receptor;  
 • crenças e suposições dos usuários da língua a respeito de cenários temporais, espaciais e sociais;
• o contexto pragmático é uma imprecisão quase que completa, já que parece não haver teoria disponível para prever a relevância de tais traços.
. o conhecimento da localização espacial e temporal;
• o conhecimento do nível de formalidade;
• o conhecimento do nível deformalidade (código, estilo, canal, variedade escrita ou falada);
• o conhecimento do tema adequado;
• o conhecimento do campo (registro de uma língua).
• ações passadas, presentes e futuras (verbais ou não verbais);
• o estado do conhecimento e da atenção dos participantes da interação social em questão.
• a lista de aspectos contextuais relevantes (dêixis, pressuposição, implicaturas, atos de fala) são, na verdade, uma orientação, não uma definição.
• quanto à compreensão linguística, compreender uma enunciação é decodificar todo o significado pretendido pelo falante no que diz respeito às suas inferências comunicadas intencionalmente.
Pragmática é o estudo da habilidade que têm os usuários da língua de combinar sentenças com os contextos nos quais elas se tornam adequadas.
Condições de Felicidade/Adequação”
relacionam-se às circunstâncias cooperativas do discurso, no sentido de que quando alguém afirma alguma coisa, implica que acredita nela; quando alguém faz uma pergunta, comunica a implicatura de que deseja sinceramente uma resposta e, quando alguém promete fazer x, comunica a implicatura de que pretende sinceramente fazer x etc. (LEVINSON, op. cit., p. 131).
 
LEVINSON, C. S. Pragmática. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
PINTO, J. P. Pragmática. IN. MUSSALIM, F. & BENTES, A. Introdução à Linguística – Domínios e Fronteiras. 7ed. São Paulo: Cortez. Vol.2., 2007.

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