Seja Premium

Tradução

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Epidemiologia e Serviços de Saúde - Aedes aegypti: histórico do controle no Brasil
Introdução
A dengue tem se destacado entre as enfermidades reemergentes e é considerada a mais importante das doenças virais transmitidas por artrópodos, sendo também a mais comum e distribuída arbovirose no mundo. A dengue manifesta-se, clinicamente, sob duas formas principais: a dengue clássica (também chamada febre de dengue) e a forma hemorrágica, ou febre hemorrágica de dengue (FHD), às vezes com síndrome de choque de dengue (FHD/SCD). Desde o início dos anos 70, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está envolvida, de maneira bastante ativa, no desenvolvimento e na promoção de estratégias de tratamento e controle da doença.
A dengue é transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti seu principal vetor. O Aedes aegypti é encontrado, principalmente, no meio urbano, colonizado em depósitos de armazenamento de água e pequenas coleções temporárias. O Aedes albopictus é, nos dias de hoje, um vetor de importância secundária na Ásia, mais associado à transmissão em meio rural ou semi-urbano. Ambas as espécies pertencem ao subgêneroStegomyia, para o qual, recentemente, foi proposto status genérico. Estas autoras decidiram empregar a nomenclatura mais usada, tradicionalmente. Outros mosquitos desse gênero também podem transmitir dengue, embora sem grande importância epidemiológica.
A reemergência de epidemias de dengue clássica e a emergência da febre hemorrágica de dengue são alguns dos maiores problemas de Saúde Pública da segunda metade do século XX. Para tanto, têm concorrido as mudanças demográficas e o intenso fluxo migratório rural-urbano, que geraram um crescimento desordenado nas cidades, ausência de boas condições de saneamento básico e, como consequência, a proliferação do vetor. Vários surtos têm sido informados, em todos os cinco continentes. A distribuição geográfica da febre de dengue é mundial e envolve países tropicais e subtropicais.
Por muito tempo, a dengue e a febre hemorrágica de dengue constituíram problemas restritos aos países do Sudeste Asiático e da Oceania. Somente a partir da década de 1980, a doença disseminou-se pelas Américas.
A incidência de dengue tem aumentado nas últimas décadas. A doença ocorre em mais de 100 países e expõe mais de 2,5 bilhões de pessoas ao risco de contraí-la nas áreas urbanas, periurbanas e rurais dos trópicos e subtrópicos. A dengue é endêmica na África, nas Américas, no Leste do Mediterrâneo, no Sudeste Asiático e no Oeste do Pacífico. Apesar de a maioria dos casos ocorrer no Sudeste Asiático e no Oeste do Pacífico, há um crescente aumento na incidência de dengue e dengue hemorrágica nas Américas. Até a década de 70, somente nove países registraram epidemias de FHD. Em 1995, esse número havia aumentado mais de quatro vezes. Se em 1950, eram notificados, em média, 900 casos de FHD por ano, no período de 1990 a 1998, eles eram mais de 500 mil. Em 1998, um total de 1,2 milhões de casos de dengue e FHD foram reportados à OMS, com 15.000 mortes.
 
Dengue nas Américas e no Brasil
No ano de 2003, foram notificados cerca de 483 mil casos de dengue nas Américas, dos quais, aproximadamente, dez mil eram de dengue hemorrágica. Mais de 250 mil casos foram provenientes do continente Sul-americano, onde, apesar de a Região Andina notificar um número em torno de 50 mil casos, nela se concentram 80% dos casos de dengue hemorrágica.
No Brasil, a dengue apresenta um padrão sazonal, com maior incidência de casos nos primeiros cinco meses do ano, período mais quente e úmido, típico dos climas tropicais.
Faz-se referência à dengue no Brasil desde o ano de 1846. O presente estudo, entretanto, pretendeu discutir apenas as epidemias recentes no País, uma vez que o histórico da dengue no Brasil foi revisado por Teixeira e colaboradores em publicação de 1999.
Na segunda metade do século XX, a partir de 1986, a dengue adquiriu importância epidemiológica, quando irrompeu a epidemia no Estado do Rio de Janeiro e a circulação do sorotipo 1, que logo alcançou a Região Nordeste. Dessa forma, a dengue se tornou endêmica no Brasil, intercalando-se epidemias, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos, em áreas anteriormente indenes. No período entre 1986 e 1990, as epidemias de dengue se restringiram a alguns Estados das Regiões Sudeste (Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais) e Nordeste (Pernambuco, Alagoas, Ceará e Bahia).Em 1990, a introdução de um novo sorotipo – DEN-2 –, também no Rio de Janeiro, agravou a situação da doença no Estado.
Epidemiology and Health Services - Aedes aegypti: control history in Brazil
 Introduction
 Dengue has distinguished between the reemerging diseases and is considered the most important viral diseases transmitted by arthropods, and also the most common and distributed arbovirus in the world. Dengue manifests itself clinically in two main forms: classical dengue (also called dengue fever) and the hemorrhagic form, or hemorrhagic fever (DHF), sometimes with dengue shock syndrome (DHF / DSS) . Since the early 70s, the World Health Organization (WHO) is involved in a very active way in the development and promotion of strategies for treatment and disease control.
Dengue fever is transmitted by Aedes mosquitos, being its main vector Aedes aegypti. Aedes aegypti is found mainly in urban areas, colonized in water storage tanks and small temporary collections. Aedes albopictus is, these days, an array of secondary importance in Asia, more associated with the transmission in rural or semi-urban areas. Both species belong to subgêneroStegomyia for which it has recently been proposed generic status. These authors decided to use the nomenclature used more traditionally. Other mosquitoes of this kind can also transmit dengue, although without great epidemiological importance.
The reemergence of dengue fever epidemics and the emergence of hemorrhagic dengue fever are some of the major public health problems of the second half of the twentieth century. Therefore, have contributed demographic changes and the intense rural-urban migration, which generated a disorderly growth in cities, lack of good sanitation conditions and, as a consequence, the vector proliferation. Several outbreaks have been reported in all five continents. The geographic distribution of dengue fever is worldwide and involves tropical and subtropical countries.
 For a long time, dengue and dengue haemorrhagic fever were problems restricted to countries in Southeast Asia and Oceania. Only from the 1980s, the disease has spread throughout the Americas.
The incidence of dengue has increased in recent decades. The disease occurs in more than 100 countries and has more than 2.5 billion people at risk of contracting it in urban, peri-urban and rural areas of the tropics and subtropics. Dengue is endemic in Africa, the Americas, the Eastern Mediterranean, Southeast Asia and the Western Pacific. Although the majority of cases occur in Southeast Asia and the Western Pacific, there is an increasing incidence of dengue and dengue hemorrhagic fever in the Americas. Until the 70, only nine countries reported DHF epidemics. In 1995, that number had increased more than four times. In 1950, were reported on average 900 cases of DHF per year from 1990 to 1998, they were more than 500 thousand. In 1998, a total of 1.2 million cases of dengue and DHF were reported to WHO, with 15,000 deaths.
Dengue in the Americas and Brazil
 In 2003, were reported about 483,000 cases of dengue in the Americas, of which approximately ten thousand were hemorrhagic dengue. More than 250 thousand cases were from the South American continent, where, despite the Andean notify a number of around 50 000 cases, it is concentrated 80% of cases of dengue hemorrhagic fever.
 In Brazil, dengue has a seasonal pattern, with the highest incidence of cases in the first five months of the year, warmer and wetter period, typical of tropical climates.
Reference is made to dengue in Brazil since the year
1846. This study, however, intended only to discuss the recent epidemics in the country, since the history of dengue in Brazil has been reviewed by Teixeira et al in 1999 publication.
 In the second half of the twentieth century, from 1986, dengue acquired epidemiological importance, when the epidemic broke out in the state of Rio de Janeiro and the circulation of serotype 1, which soon reached the Northeast. Thus, dengue has become endemic in Brazil, interspersing epidemics, usually associated with the introduction of new serotypes in previously unaffected areas. Between 1986 and 1990, dengue epidemics were restricted to some states of the southeast (Rio de Janeiro, Sao Paulo and Minas Gerais) and Northeast (Pernambuco, Alagoas, Ceará and Bahia). In 1990, the introduction of a new serotype - DEN-2 - also in Rio de Janeiro, aggravated the disease situation in the state.