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Trabalho de campo em uma empresa do comércio

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1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho apresentaremos a abordagem estruturalista, a qual abrange uma maneira de conduzir a organização, diferente das que os clássicos se baseavam. “Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o homo economicus e a Teoria das Relações Humanas, o homem social, a Teoria Estruturalista focaliza o homem organizacional, ou seja, o homem que desempenha papéis em diferentes organizações.” (CHIAVENATO, 2002, p. 58). Através do Estruturalismo as organizações passam a se preocupar com o ambiente externo, entendendo que ele pode influenciar diretamente no desenvolvimento organizacional.
A estrutura da organização que antes era apenas racional ou mecânica passa a ter uma nova visão, podendo ser natural ou orgânica. O relacionamento passa a ser mais informal e, começam a surgir os problemas, chamados por muitos de conflitos. Esses conflitos que surgem são tratados de maneira que não venha trazer prejuízos para a empresa, pois ela tenta solucioná-lo de uma maneira amigável, por meio de conversas, e busca possíveis alternativas para amenizar a situação.
Utilizando-se de meios estruturalistas, a empresa desenvolve novos métodos de controle e funcionamento gerencial, adquirindo resultados satisfatórios tanto para a empresa quanto para seus colaboradores.
Esse trabalho visa constatar se a teoria vista em sala de aula é posta em prática na empresa pesquisada, se ela é usada como um auxílio para seu desenvolvimento e se o resultado obtido é positivo para a mesma.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ABORDAGEM ESTRUTURALISTA
 É considerada uma teoria de transição das teorias tradicionais para as modernas ou contemporâneas. Pode ser definida como um desdobramento da Burocracia numa tentativa de englobar a Abordagem Clássica e a Escola de Relações Humanas, fazendo uso dos principais aspectos dessas duas teorias. A abordagem Estruturalista analisa a organização de uma forma ampla, pois a considera um sistema social aberto, grande por possuir muitas atividades e complexo, por ter um funcionamento que envolve muita tecnologia, máquina equipamentos etc.
Segundo Chiavenato (2002, p.54) “O estruturalismo preocupa-se com o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a interdependência das partes e o fato de o todo ser maior que a simples soma das partes são características básicas do estruturalismo.”
De acordo com Kwasnicka (1989, p.107) “Ao estudarmos a organização sob a ótica estruturalista estamos necessariamente fazendo uma análise globalizante de todos os fatores que compõe o todo organizacional. Mais que isso, estamos reconhecendo a integração e interdependência desses fatores.” Segundo esta mesma autora, outro aspecto importante do estruturalismo é a influência que esses fatores exercem uns sobre outros, pois a partir disso surge a necessidade de reconhecer a existência de um ambiente onde eles se inserem. 
A relação com o ambiente externo, enfatizado pelo estruturalismo, pode ser percebida no modelo de Katz e Kahn.
Ambiente
 
 Entrada Organização Saída
 
 
 Retroação ou feedback
Isso nos demonstra que a empresa para funcionar busca recursos no ambiente, os processa e os devolve para o ambiente em forma de produtos ou serviços, e por isso é necessário a preocupação com o todo.
2.2 ABORDAGEM MÚLTIPLA 
Como nos diz Chiavenato (2002, p.55) “Os estruturalistas viam a sociedade moderna e industrializada, como uma sociedade de organização, das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer.”
A partir do estruturalismo surge uma visão múltipla da organização, a qual inclui organização formal e informal, a importância da relação com o ambiente externo, a estrutura natural ou racional, a necessidade de conhecer os diferentes enfoques organizacionais, os seus níveis e a tomada de decisões.
A organização formal é constituída por regras, regulamentos com uma estrutura hierárquica bem definida, a comunicação ocorre de forma vertical, ou seja, de cima para baixo. Isso faz com que ocorra previsibilidade do comportamento humano, porém regula-se a convivência entre as pessoas. Facilita a administração da organização, mas faz com que as pessoas fiquem restritas a normas e regras sem poderem conviver diretamente com seus colegas e até mesmo com seus chefes, coisas que são indispensáveis para alguns setores dentro da organização. 
A organização informal faz referência às relações interpessoais que são desenvolvidas espontaneamente entre as pessoas que compõem a organização, os quais trabalham em equipe e são amigos. A comunicação ocorre de forma horizontal, focalizando as pessoas e suas relações.
Na abordagem múltipla a organização apresenta três níveis. O nível técnico é responsável pelas operações e é constituído por supervisores e executores. O nível gerencial constituído por gerentes e chefes que têm a função de planejar. Os diretores e altos funcionários fazem parte do nível institucional e estratégico o qual toma decisões. Cada nível dentro da organização apresenta suas diferentes responsabilidades.
Quanto ao modelo estrutural da organização, pode ser racional ou mecanicista, a qual é constituída por um sistema fechado com ênfase nos aspectos internos e no controle, garantindo a certeza e a previsibilidade dos fatos. Ela também pode ser natural ou orgânica, caracterizada por um sistema aberto, que possui uma interdependência com o ambiente e uma visão focalizada sobre o sistema, prevalece à expectativa de incerteza e imprevisibilidade.
As recompensas utilizadas dentro da organização é um incentivo aos colaboradores, de modo que eles passam a trabalhar a favor da organização. Elas podem ser sociais e materiais como, por exemplo: salários, posição, uma promoção de cargo, reconhecimento, entre outras.
2.3 OS CONFLITOS
São espécies de oposições, interação antagônicas, que podem ocorrer entre duas ou mais pessoas. Para os estruturalistas os conflitos são responsáveis pelas mudanças e pelo desenvolvimento da organização. Porém ele só gera mudanças e provoca inovação, à medida que as soluções para esses conflitos são alcançadas.
O conflito quando não for analisado na busca de solucioná-lo pode gerar perdas para a organização, tais como abandono de emprego, aumento de acidentes etc. Os mais comuns dentro da organização são: coordenação racional e comunicação livre; autoridade administrativa e especialização profissional.
Segundo Kwasnicka (1989.p.109) “Para solucionar esses conflitos e tornar a organização mais eficaz, Blau e Scott propõem uma mudança organizacional, a partir da análise dos grupos formais e informais, do sistema de comunicação, de liderança e dos mecanismos de controle organizacional”.
3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
3.1 DADOS DA EMPRESA
	A empresa Leve Confecções possui 28 lojas localizadas no estado do Paraná, sendo a sede localizada na cidade de Francisco Beltrão, as quais atuam no ramo de confecções e varejo, tendo como principais produtos: confecções; cama, mesa e banho; e calçados. 
São muitos os fornecedores que abastecem o estoque das lojas, devido à diversidade de marcas dos produtos que são por ela comercializados, dentre as quais podemos citar a marca Santista, Teka, Coca - Cola, Pepsi – Cola, Empório, Olympikus, entre outras. Seus principais concorrentes são todas as demais lojas que atuam neste mesmo ramo.
	Existe uma grande variedade de clientes atendidos pela empresa, pois devido à disponibilidade de diversos produtos e preços razoáveis, as pessoas se sentem atraídas pelas ofertas e consideram os preços acessíveis para todas as classes sociais, e também os produtos são para todas as idades, que vai desde bebê até a terceira idade, para todos os gostos e bolsos.
3.2 MULTI ABORDAGEM DA EMPRESA
	Através da análise dos dados obtidos por meio da entrevista com o gerente da Empresa Leve Confecções Donizete de Souza, percebe-se que a organização possui uma abordagem
extremamente estruturalista. Para ele o ambiente externo é essencial, pois quando você decide por “instalar” uma empresa em algum lugar, a primeira coisa a fazer é pesquisar e analisar o ambiente externo, para saber se vai ser viável ou não, e se existe uma demanda no local pelos produtos que a empresa está disposta a ofertar. 
	A empresa funciona por meio de um sistema natural/orgânico e seu funcionamento está diretamente ligado ao meio externo, é uma relação de interdependência onde um depende do outro. Ele ainda ressalta que o quê lhes mantêm empregados é o cliente e não o dono da empresa, pelo simples fato de que é o cliente que faz com que as mercadorias saiam da empresa e que o capital entre na mesma, e para que os clientes se sintam bem na empresa é criado um ambiente agradável que deixe o mesmo satisfeito tanto com o atendimento, quanto pela qualidade dos produtos.
	O padrão informal é predominante na empresa, o gerente está sempre no ambiente de vendas recepcionando os clientes e tendo um contato direto com as 22 vendedoras que atuam na loja, as quais possuem liberdade para dar descontos até uma taxa pré-determinada, e após isso encaminham diretamente para o gerente. O setor financeiro é o único que apresenta uma organização mais formal, com regras e padrões, o qual é indispensável para se obter o controle das operações financeiras da loja.
Donizete nos fala que não existe empregado, nem funcionário dentro da empresa, existe sim colaboradores, que estão ali dispostos a realizar o seu trabalho a fim de beneficiar a si próprios e a empresa, um processo conhecido como “duplo benefício”, onde empresa e colaborador saem ganhando.
	Esses colaboradores recebem recompensas salariais e também sociais, salariais quando atingem ou passam determinada meta, recebendo comissões de acordo com seu desempenho, e sociais quando apresentam um bom trabalho durante o mês, sendo então reconhecidas como funcionária do mês, ou como dizia o gerente: colaboradores do mês, com direito ao nome acompanhado de sua fotografia, exposta em um quadro pendurada na parede da loja para quem quiser ver.
	Toda a empresa que preze por seu trabalho, contém alguma estratégia para chamar a atenção de seu público alvo, e com a Leve Confecções não poderia ser diferente. Segundo o gerente a empresa aposta muito na mídia local, são várias as rádios que anunciam seus produtos, assim como alguns canais de televisão, sem falar que o próprio gerente visita algumas dessas emissoras de rádio para dar seu depoimento sobre as novidades da loja para seus interessados, com a intenção de lhes chamar a atenção, para que assim venham visitar o seu estabelecimento e quem sabe adquirir os seus produtos.
	A comunicação dentro da empresa é uma comunicação aberta, onde o gerente não dá somente ordens cobrando por resultados, além disto, ele está sempre disposto a ouvir as opiniões de seus colaboradores, a fim de buscar a inovação, não necessariamente dos produtos comercializado pela loja, pois eles compram o que está na moda, mas sim da qualidade do atendimento aos clientes, a interação com o público e também o companheirismo entre colegas de trabalho, fortalecendo assim o espírito de equipe.
	Para Donizete dentro da empresa todos são iguais com funções diferentes, ninguém é superior nem inferior a ninguém, todos de uma maneira ou outra contribuem para o bom andamento dos negócios, e isso vai desde a moça que limpa o chão, até o presidente da organização, sem distinção de cargos ou de pessoas.
	A Leve como toda e qualquer empresa passa por algum tipo de conflito, principalmente em relação aos clientes e a empresa, pois os clientes têm em mente todos os seus direitos, porém desconhecem os seus deveres, agora com o Código de Defesa do Consumidor ficou muito mais fácil para os clientes exigirem os seus direitos, que quando realmente existem devem ser respeitados, no caso da compra de uma peça que esteja com defeito de fábrica, por exemplo, mas por outro lado o cliente deve estar ciente das suas atitudes perante a empresa, evitando ofender ou desprezar algum atendente ou exigir que troquem peças que não esteja nos padrões de troca da empresa, pois quem troca as mercadorias é a fábrica que produz e não eles que estão ali como meros vendedores de mercadorias exportadas.
	A empresa procura se relacionar bem com o ambiente externo, pois é dali que vêm seus produtos por meio dos fornecedores, é ali que estão seus principais concorrentes os quais não podem tratar de maneira imoral, e é ali que estão seus clientes e consumidores, os quais devem ser tratados de uma maneira educada, amigável, para que assim saiam satisfeitos com a mercadoria adquirida, e possivelmente possam retornar ao estabelecimento.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o que se aprendeu na teoria em sala de aula, sobre o Estruturalismo e a sua Abordagem Múltipla, percebe-se qual é a melhor maneira que pode ser utilizada pelo gerente para administrar a empresa, usando novos métodos e analisando-a como um todo, relacionando-se informalmente com seus funcionários, aceitando uma comunicação de baixo para cima, ouvindo opiniões de melhorias que contribuirão para o crescimento da empresa.
Ao abordar a empresa através de uma conversa com o gerente, pode-se perceber que dentro desta organização a teoria, referente ao Estruturalismo, está sendo totalmente aplicada no dia-a-dia da organização. O gerente explicou a maneira como tratar seus funcionários, que são muito bem treinados, onde podem expor suas idéias e opiniões e quanto se contrata novos funcionários, eles podem trazer novas idéias para a organização a qual trabalha com um sistema aberto e informal, onde se busca motivar e dar premiações para os funcionários que ultrapassem sua cota de venda. O gerente ainda afirma que a empresa não tem funcionários e sim colaboradores.
Percebe-se também a importância do ambiente externo, pois devido à empresa estar relacionada ao ramo de vendas, o seu crescimento depende principalmente dos seus clientes, que segundo o gerente, são os que os mantêm empregados.
Por meio da análise dos dados obtidos através da conversa com o gerente, pode-se notar a importância de se estudar a teoria, pois ela pode auxiliar a administração frente às necessidades e problemas dentro das organizações, além de melhorar o funcionamento da mesma.
	REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, Idalberto, Teoria Geral da Administração. 6ª. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
CARVANTES, Geraldo, Teoria Geral da Administração. 4ª. Ed. Porto Alegre: AGE, 2003.
KWASNICKA, Eunice, Teoria Geral da Administração: uma síntese. 2ª. Ed. São Paulo: Atlas, 1989.

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