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Terapia Familiar Sistêmica - BRUSCAGIN, C. B. - Revista Psicoterapias, 2010.

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Claudia 0. Bruscagin 
A terapia familiar sist6rnica1 a diferenqa 
de outras abordagens, n3o tem um 'pain (ou 
uma "mae"), um teorico principal considerado 
seu fundador. Ela foi sendo desenvolvida por 
varios pesquisadores e clinicos - ao mesmo 
tempo e em diferentes lugares - que depois 
foram tornando contato com os trabalhos 
uns dos outros, conhecendo-se e aprenden- 
do juntos. 0 interessante e que os precur- 
sores da abordagem, apesar de atuarem de 
rnodos diversos e em diferentes lugares dos 
Estsdos Unidos, pais onde esse movimento 
se iniciou, tinham concep~des muito pr6xi- 
mas sobre familia e buscavam forrnas muito 
semelhantes de trabalhar com ela. 
A abordagem baseia-se na ideia de que 
os comportamentos de urna pessoa devern 
ser compreendidos no context0 da familia. 
Esta e entendida corno o conjunto de pessoas 
que se relacionam por lacos de parentesco 
e/ou afetivos. E urna forma de trabalhar que 
busca novos caminhos para uma melhor 
convivencia entre os membros do grupo 
familiar. Tem ainda urn carater preventivo, 
na medida em que traz a tona - e valoriza 
- os recursos da propria familia, os quais 
muitas vezes n5o s5o usados na resolucio 
dos problemas e das crises por causa do 
desconhecimento de suas possibilidades. 
A terapia familiar sistemica tarnbem 
visa o autoconhecimento dos membros da 
familia, de que rnodo funcionam e estabele- 
cem as relacdes entre si, oferecendo-lhes 
novas compreens6es que os libertam para 
que possam escolher melhor corno se re- 
lacionar, se comunicar e conviver para o 
pleno crescimento. b 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sist6mice 
A familia nao e so 
urn grupo de-pessoas 
que convivem; cada 
uma delas tem uma 
serie de regras, 
codigos e simbolos 
que the s8o proprios 
b Para tanto, faz uso de bases te6ricas de 
outros canlpos aldm das provenientes da 
psicologia. Desse modo, a terapia familiar 
sistCmica niio tem origem nas teorias da per- 
sonalidade ou do inconsciente, mas se utiliza 
das oriundas da fisica, engenharia e biologia 
a fim de compreender as relat6es na familia. 
E o caso da teoria sistCmica do biblogo aus- 
triaco Karl Ludwig von Bertalanffjr (1901- 
1972), que parte do principio de que todo 
e qualquer organism0 t um sistema, o que 
implica a existincia de uma ordem dinlmi- 
ca entre virios componentes e processos em 
mlitua interasio. Quando aplicada estrutu- 
ra familiar, v&-se que ela apresenta principios 
identificados com as propriedades presentes 
nos sistemas, dentre as quais se destacam as 
de auto-organizasio, autorrenovasio e auto- 
transcendtncia. 
Essa linha terapeutica busca compreender 
a pessoa nio somente na sua dimensio indi- 
vidual, abordando o plano intrapsiquico, isto 
6 seus processos mentais na relagso consigo 
mesma, mas tambtm na sua dimensio social, 
num plano interpsiquico, tomando o sujeito 
em sua relag50 com o outro, Isso porque o 
ser humano t um ser social, nascido em uma 
familia que k parte de uma familia extensa, 
a qual, por sua vez, esti inserida numa co- 
munidade compreendida no interior de uma 
sociedade e no mundo. E em cada urn desses 
diferentes contextos que recai o foco da tera- 
pia familiar sistCmica, 
A familia niio t apenas um grupo de pes- 
soas que convivem. Cada uma delas tem uma 
strie de regras, c6digos e simbolos que Ihe siio 
pr6prios. Seri que voc& consegue identificar 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistgmica 
algumas caracteristicas que siio peculiares B 
sua familia? Um determinado jeito de olhar 
que significa algo? Palavras que sio enten- 
didas sb pelos seus membros? Uma comida 
especial que era a especialidade da sua bisav6 
depois de sua av6, e se tornou a da sua mie? 
Trabalhar com familias em terapia fami- 
liar t muito diferente do que se faz no atendi- 
mento individual, 0 terapeuta familiar preci- 
sa estar atento a todas as pessoas ao mesmo 
tempo - um casal apenas ou uma familia de 
tr&s, quatro ou sete pessoas, com adultos, 
adolescentes e criangas de diferentes idades, 
todos reunidos numa mesma sala para serem 
atendidos, ouvidos e compreendidos. 
Diante disso, t necessirio prestar atengiio 
na linguagem verbal, falar de uma forma que 
seja acessivel e compreensivel a todos os pre- 
sentes, sobretudo i s crianps. Elas ' t amb~m 
devem ser ouvidas, pois ngo estgo ali como 
meros espectadores; aldm disso, muitas vezes 
sentem-se na berlinda, especialmente quando 
sio objeto das conversas dos adultos que fa- 
zem relatos negativos a respeito delas. 
4 linguagem corporal tambdm conta mui- 
to: quem comega a relatar, a quem se dirige a 
fala, quem olha para quem antes de falar, que 
lugares os membros da familia ocuparam ao 
se sentar na sala, quem parece distante, quem 
esti mais envolvido. 0 terapeuta familiar pro- 
cura observar qua1 o "idioma" dessa familia: 
se existem c6digos que excluem os que niio 
entendem, se h i jarg6es, se os seus membros 
aceitam a entrada e a participa~so do terapeuta 
para, juntos, encontrar recursos e alternativas 
para as quest6es que os preocupam. 
A terapia familiar tambdm difere da de 
grupo. Se nesta as pessoas niio se conhecem, 
naquela se d i o inverso, estio bastante fami- 
liarizadas umas com as outras; a familia tem 
uma longa hist6ria de convivtncia, e seus 
membros c o n t i n M o juntos por muito tem- 
po. No grupo terapCutico, t mais ficil falar de 
certas coisas porque as pessoas sso estranhas, 
ao contririo do que acontece na farnilia. 
Aliis, o terapeuta tern de ser cuidadoso 
porque, apesar de os membros familiares terem 
intimidade, nio k tudo que pode ser totalmen- 
te verbalizado, nem de qualquer forrna. Uma 
vez dito, ngo h i como voltar at&, e as pessoas 
da familia, lferentemente das do grupo de 
terapia, voltario para a mesma casa, dormirso 
na mesma carna ou quarto e seguirio sua vida 
juntos uns com outros. Se no grupo terapCuti- 
co uma pessoa pode sair e nunca mais voltar, 
na familia isso n b C possivel. 
Familias sso grupos de pessoas intimas, 
que compartilharn histbrias, crengas, mitos, 
defesas e pontos de vista. Seus membros nio 
se relacionam democraticamente, ngo sgo to- 
dos iguais (par mais que algumas miies ado- 
rem dizer que sirn ...), h i uma herarquia (que 
t necesshia), diferentes gerag6es se relacio- 
nando e influindo-se mutuamente. A familia 
precisa ser compreendida como tal, e, assim 
sendo, o caminho i vt-la como um sistema. 
UM POUCO DE HISTORIA 
0 movimento da terapia sisttrnica familiar 
surgiu nos Estados Unidos no p6s-guerra, 
quando o pais vivia as consequ2ncias da Se- 
gunda Guerra Mundial, da Guerra da Coreia 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistemica 
e da bomba athmica. Nesse momento, houve, 
de mod0 geral, um aumento na coes2o e no 
envolvimento familiar; ao mesmo tempo que 
o governo ampliou as verbas para as pesqui- 
sas em sahde mental, que vivia um period0 
de questionamento sobre as teorias psicodid 
nlmicas, psicanaliticas e behavioristas, Isso 
porque os atendimentos nessas linhas niio se 
mostravam efetivos, sobretudo, para ajudar 
as popula@es menos favorecidas, bem como 
os pacientes esquizofrCnicos e delinquentes. 
Gra~as a verbas destinadas para pesquisa 
pelo governo arnericano, psiquiatras (muitos 
deles com forma~so psicanalitica) e pesqui- 
sadores comeCararn a estudar o universo de 
pacientes esquizofr&nicos, observando suas 
interas6es com as m k s e, de mod0 geral, as 
rela~bes do grupo familiar ao qua1 eles per- 
tenciam. Uma das primeiras descobertas 
deles relacionava-se ao fato de que o que se 
pensava ser uma doen~a de uma pessoa tinha, 
na verdade, um sentido na sua familia ou no 
seu grupo social. 
Em virias situa~6es percebeu-se que, 
quando um esquizofi6nico melhorava, outro 
membro familiar "adoecia"; ou entiio, quando 
o paciente voltava para a fa&, ele pr6priopiorava e era reinternado. Era como se os com- 
portamentos sintomiticos, em grande parte, 
mantivessem o equilibria interno da farnilia e 
funcionassem como elementos homeostaticos, 
como vieram a ser chamados posteriormente. 
No inicio da dtcada de 50, o psiquiatra 
americano Don Jackson (1920-1968) docu- 
mantou o efeito dramatic0 que a psicoterapia 
podia ter sobre a vida de outros membros 
da familia e a esse respeito escreveu o artigo 
~escobnu-se que 
as mesmas leis que 
regem os sistemas 
abertos, como os 
bioloaicos. ~odem ser 
J , 
aplicadas abs familiares 
"Suicide'; publicado na edic$o 191 da revista 
Scientific American (19%). Jackson, entre ou- 
tros casos, relatou o de uma mulher com de- 
press20 cujo marido, ii medida que ela melho- 
rava com o tratamento, se queixava ao mtdico 
da piora dela. E assim foi progressivamente: 
conforme ela se recuperava, o marido se dese- 
quilibrava a olhos vistos, a ponto de perder o 
emprego e, por fim, suicidar-se, Jackson pre- 
sumiu que a estabilidade dele estava ligada i 
fragilidade da esposa. 
0 terapeuta americano Augustus Y. Napier, 
no livro Befamily crucible - ?he intense ex- 
perience offamily therapy (1978)) escrito em 
coautoria com Carl Whitaker (1912-1995) 
em 1978, relata a hist6ria do inicio da terapia 
familiar, que teve lugar num grande hospital 
psiquiitrico. Um grupo de pesquisadores 
que atuavam com os internos da instituiqiio 
interessou-se em observar o comportamen- 
to dos esquizofrCnicos, Nesse trabalho, os 
psiquiatras perceberam que, quando a m5e 
de determinado paciente o visitava, ele apre- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sist6mica 
sentava grande perturbaqso comportamental 
nos dias subsequentes. 
Diante disso, passaram a observar o que 
ocorria entre mse e filho quando se encon- 
travam. Para surpresa deles, viram que o pa- 
ciente, em vez de ficar desligado, preso ao seu 
mundo, como esperado, estava fortemente 
envolvido numa intrincada e perturbada for- 
ma de comunicaq50 com a miie. 0 padr5o co- 
municacional assim descoberto foi mais tarde 
denominado duplo vinculo, 
Nesse tip0 de interaqso, a comunica@o 
ocorre em dois niveis, um verbal e um nio 
verbal, e suas mensagens sio conflitantes, Por 
exemplo, no encontro com o filho a m2e o cha- 
mava para vir abraq6-la, mas, quando ele partia 
em dire~5o dela, ela se afastava; nas vezes em 
que ele conseguia abraqi-la, o corpo materno 
se enrijecia como se n5o quisesse o abraqo. Se 
o filho fizesse qualquer coment5rio sobre sua 
percepqio de sentir-se rejeitado, iniciava-se 
uma longa discussgo de~~ualificadora de seus 
sentimentos e percep$6es, colocando-o numa 
posiqiio de ser mal-agradecido ou agressivo, o 
que o levava a sentir-se culpado, Ou seja, quer 
ele respondesse de um mod0 ou de outro B 
aqio da mze, ele estaria errado. 
A partir de entfio e durante algum tem- 
po, as mses passaram a ser responsabilizadas 
pela doenCa dos filhos, mas depois os pesqui- 
sadores clinicos lembraram que esses pacien- 
tes tinham um pai e tambCm poderia haver 
algo na relaqgo entre eles. Descobriram entiio 
que nas familias de pacientes e~~uizofrdnicos 
os pais se mostravam distantes e separados 
dos filhos, o que permitia um envolvimento 
excessivo da mhe com a crianqa. 
Dando prosseguimento is suas observa- 
$ties, os pesquisadores notaram que entre o 
casal existiam dificuldades conjugais de longa 
data e os epis6dios psic6ticos dos filhos.esta- 
vam relacionados aos cidos de conflitos pa- 
rentais. 0 s pais iniciavam uma batalha entre 
eles, e, conforme esta ia se intensificando, o 
filho comeqava a apresentar sintomas psic6- 
ticos. 0 s pais, entso, deixavam os desenten- 
dimentos de lado para cuidar do enfermo, o 
que parecia rnanter a bomeostase, ou seja, a 
estabilidade familiar, por um periodo. 
Outra importante descoberta desses tra- 
balhos foi que a melhora substantial do pa- 
ciente, com a remiss50 de seus sintomas sem 
alteraq6es sigruficativas nos padr6es da fa- 
milia, era acompanhada do adoecimento de 
outro membro familiar, 0 s pesquisadores 
passaram, entiio, a ver a familia de outros in- 
gulos e a incorporar todos os membros nas 
ent~vis tas corn o paciente. 
kraqas a essas-e outras pesquisas, come- 
cou-se a g n s a r a fa& de forma diferente: 
w 
como um p u p o de individuos dotado de pa- 
- - 
dr6es de organiza$io e funcionamento, estru- 
tura, regras e objetivos prhprios 3 
SISTEMA FAMILIAR 
A familia foi vista de forma mais global, 
e o respaldo te6rico para essas ideias foi en- 
contrado nos trabalhos do criador da & 
-1 d o s m Bertalanffv. Isso quando 
se entendeu que as mesrnas leis que regem os 
sistemas abertos, como os hico-quimicos e 
os biol6gicos estudados por ele, podiam ser 
aplicadas aos familiares. Bertalanffy abordou 
os grupos sociais como organismos, sistemas 
abertos em interaqiio com o ambiente. 
Diferentemente dos fechados (niio vivos), 
o sistema vivo manttm-se em troca continua 
de substhcias com seu meio. Por exemplo, ao 
respirar, inspiram s oxighio e expirarnos di6- 
xido de carbono. & sistema vivo faz mudan- 
qas no pr6prio comportamento baseado nas 
informaq6es que recebe do seu meio ambiente. 
Esse mecanismo, chamado feedback, permite 
que o sistema mude sua atividade, estrutura e 
direqiio, para poder atingir seus objetivos, J i os 
n5o vivos, como as miquinas, embora tambtm 
hncionem por meio defeedbacks, s6 podem 
fad-lo quando hrigidos por seres humanos, & Sk&XW.k, POlZUltQ, CQEl$UQ 2 
glementos em interaciiq,'formado por subsis- 
temas separados por fronteiras. Dessa forma, 
a familia t definida como um sistema, na me- 
dida em que funciona como tal, sendo os sub- 
sistemas os indviduos que estiio em interak2o 
(por exemplo, o subsistema parental: forma --> o 
pelos pais, e o fraterno, pelos irmios); nele, as 
particularidades dos individuos niio explicam 
o compordmento de todos. Assim, a anAlise 
de uma familia niio t de mod0 algum a soma 
das anilises de seus membros. 
As caracteristicas gerais dos sistemas 
abertos podem ser encontradas tambtm no 
familiar. Siio elas: 
Globalidade: 0 s sistemas comportam-se 
como um todo coeso. Assim, se uma das par- 
tes se modificar, as demais mudam igualmen- 
teBor exemplo, caso a miie comece a estudar 
ou o pai perca o emprego, todos os membros 
da familia serio afetados pela s i tua~io e, 
sistemica, a familia e 
definida muito mais 
pelos padrBes das 
suas relaqaes que 
pelas caracteristicas 
dos individuos 
diante disso, precisam promover mudanqas 
para se adaptar. 
Nko somatividde: Um sistema niio pode 
ser considerado a soma de suas partes. Trans- 
formando-se a relaqiio entre elas, muda-se todo 
o hncionamento. Ou seja, s6 podemos com- 
preender as pessoas levando em conta os con- 
textos interacionais nos quais elas hncionam. 
@omeortase: 8 o process0 de autorregula~go 
que manttm a estabilidade do sistema e preser- 
va seu hncionamento diante das mudanga3 
Por exemplo, se uma crianqa tem crise de asma 
toda sexta-feira, esse sintoma pode estar asso- 
ciado ao fato de que, nos finais de semana, os 
pais (que vivem uma relaqiio conflituosa) teriam 
mais tempo juntos e, consequentemente, briga- 
riam. Com a i r r u p ~ b da crise de asma, o casal 
conjugal (quer hzer, nos seus papkis de marido e 
mulher) evita discutir, enquanto o casal parental 
(que exerce os paptis de pais da crianqa) se une 
para atender o filho com problema. 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar s isthica 
46 
PSICOTERAPIAS 1 Terapia familiar sistQmica 
Morfogi!nese: Trata-se de uma caracte- 
ristica dos sistemas abertos que absorvem 
inputs do meio e mudam sua organizaqiio; au- 
totransformam-se. Portanto, esse conceit0 se 
opde B h o m e o s t a s 2 ~ familia tem um grande 
potencial de mudanqa, seja em sua estrutura, 
seja em suafuncionalidade, podendo adqu&ir 
uma configura~io nova e qualitativamente di- 
ferente da anterior. 
- - 
Circularidade: A interaqio entre os ele- 
mentos do sistema C c i r c u l a ( ~ influencia B, 
que k influenciado por A e por C, que, por sua 
vez, o t por A, e assim sucessivamente), e nio 
linear (A causa B, sem que B tenha nenhuma 
aqlo sobre A), 
&ehoalimenta@o ou feedback: E uma 
caracteristica do sistema que assegura o seu 
funcionamento circular. 0 s mecanismos de 
feedback garantem a circulaqiio da informaqiio 
entre os componentes do sistema. Hi dois ti- 
pos dele: 
- Feedback negativo, que reduz as pertur- 
baqges, permitindo ao organism0 diminuir 
o desvio e voltar ao estado de equilibrio. O u 
seja, mantkm a homeostase. 
- Feedback positivo, que amplia os desvios, 
favorecendo o desenvolvimento, a aprendiza- 
gem e a evoluqiio do sistema. Ou seja, promo- 
ve a morfogsnesJ 
&uijinalidade: Nos sistemas abertos, di- 
ferentes condiq6es iniciais geram o mesmo 
resultado, e diversos resultados podem ser 
obtidos pela mesma"causa" ou e v e n 3 
No enfoque sist$mico, a familia t compre- 
endida como urn sistema aberto, em que cada 
individuo contribui de forma interdependen- 
te para a configuraqso dela, assim como molda ... 
a construqiio de sew membros como pessoas 
hnicas, 0 sistema familiar esti em constante 
troca tambtm corn o seu meio: influencia-o e 
t por ele influenciado. 
A homeostase familiar, obtida por inter- 
mCdio das regras familiares, governa as rela- 
qdes. Dessa forma, o membro da familia que 
tem um problema e k trazido B terapia em 
busca de ajuda k visto como o paciente iden- 
tificado (PI) daquele grupo familiar: assume 
o papel de vitima, sacrifica-se em pro1 de um 
bem maior; estabelece o equilibria familiar, 
desse mod0 liberando . . & os demais de suas difi- 
culdades. Em contraste com ele, gragas B sua 
"debilidade", os outros aparecem como fortes, 
slos e altruistas, 
Diante disso, o terapeuta familiar procura 
aten 5 er toda a fa&, e nlo s6 aquele clien- 
te 'hoente; por entender que cada pessoa do 
grupo familiar afeta e k afetada pel0 outro, 
bem como esti envolvida no problema, sendo 
parte dele e t a m b h & soluqiio. Nessa con- 
cepqho, a - 4 definida & mais & 
&IS w r~elaq6_s: a e plas 
risticas ~ Q S indwiduos sue LC- 3 
Paralelamente ao trabalho de BertalanfTy, 
o matemitico americano & k t W k u ~ 
(1894-1964), do Institute de Tecnologia de 
Massachusetts (MIT, na sigla em inglcs), 
lanqou o livro (Xew.&ca (1948). Alkm dos 
PSICOTERAPIAS 1 Terapia familiar s is th ica 
temas de sua irea, o cientista tinha grande in- 
teresse nos referentes A filosofia e neurologia, 
entre outras disciplinas. . 
E o d u t o da interdisciplinaridade entre 
L - 
matem&tica, antropologia, psicologia, neuro- 
logia, fisica, biologia etc., a cibernktica k uma 
cicncia que trata dos processos de comunica- 
$50 e controle dos sistemas vivos e nio vivos 
(miquinas), a partir dos quais se elaboram 
os principios da informitica e da inteligzncia 
artificial. Ela estuda o mod0 como a informa- 
qio circula e se organiza, bem como a forma 
para controlar esses processos e govern&los. 
0 conceito de retroalimenta~i?~ t fundamen- 
tal nessa teoria; ele se refere B rnaneira como 
um sistema consegue a informaqio necesskia 
para efetuar suas a S 6 a 
Vejamos um exemplo de miquina ciber- 
nktica, tomando como base o computador 
e a impressora, Quando eu quero imprimir 
algo, insiro as informaqbes no computador, 
que vai encaminhi-las A impressofa para que 
execute o trabalho. Esta, por sua vez, passa- 
rA ao computador outra informag50, do tipo: 
"acabou ou atolou o papel","terminou a tinta'; 
"a impressio chegou ao fim". Em decorrtncia 
dessasnotificasbes, sou levada a uma agiio: 
colocar o papel e reiniciar a miquina, encer- 
rar a impressio etc. 
Nos seus primordios, a cibernttica era uma 
disciplina que estudava a comunicaq20 em sis- 
temas bi016~icos, sociais e artificiais. Como 
tal, ocupava-se da informaqio, e nso da ma- 
ttria e energia, podendo opera. em sistemas 
com caracteristicas fisicas muito diversas. Essa 
concepqio trouxe entendimento sobre a conti- 
nuidade entre os sistemas biologicos e sociais, 
naturais e artificiais, nos quais ocorriam os 
processos de comunicaqio. Essa &nfase na con- 
tinuidade dos sistemas entre homem e natu- 
reza esti na base de uma concepqio ecologica 
dos rocessos de comunicagio. 
utro conceito fundamental dessa teoria 
t o @ e circularidade ou recursividade. No siste- 
ma familiar, isso quer dizer que cada membro 
influencia os outros e ao mesmo tempo k in- 
fluenciado por eles. Essas influhc'as m6tuas 
constituem o dia a dia da familia. 3 
Dois grandes momentos podem ser dis- 
tinguidos no campo da cibernttica, 0 de pri- 
meira ordem, que ocorreu bem no comeso, na 
fase mais ligada B engenharia da comunicaqio 
e i s citncias da automaqiio e da cornputagio. 
E o de segunda ordem, que surgiu quando a 
cibernttica passou a tomar a si mesma como 
objeto de estudo. 
A cibernttica de primeira ordem, por sua 
vez, t a m b h se dividiu em dois momentos: 
primeira e segunda ciberndtica. A noqio prin- 
cipal era que se podia aprender objetivamen- 
te uma verdade sobre os outros e o mundo. 
Em termos de psicoterapia, isso se refletiu na 
postura dos terapeutas do periodo, que assu- 
miam uma posiqHo de experts do que deve- 
ria ser mudado na familia. Havia como que a 
ideia de urn modelo de como as familias "hn- 
cionais" deveriam ser, sendo o terapeuta seu 
condutor. As escolas terap&uticas dessa kpoca 
tinham seu foco nos processos de comunica- 
qio e intera@o entre os membros da familia, 
trabalhavam com regras e mitos familiares, 
bem como com padrdes interacionais. 
A primeira cibernttica, iniciada com a co- 
munica~iio nos sistemas e voltada para a ma- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sist@mka 
-49 - 
nutenqiio da estabilidade, focava sua atenq50 
na homeostase, Outros conceitos dessa tpoca 
incluiam a circularidade, a continuidade, o 
prop6sito e oi'sistema observado': 0 terapeuta 
planejava toda a sess50, buscava ttcnicas que 
burlassem o sintoma, cuja funqlo - assim se 
entendia - seria fazer com que o sistema niio 
mudasse. 0 terapeuta endo provocava uma 
crise para que a familia se reorganizasse mais 
funcionalmente sem precisar do sintoma. 
Ji na segunda cibernttica o foco da terapia 
passou a ser as rela@es, e niio mais o sintoma, 
dado que ele seria t lo somente um sinaliza- 
0 conceito cibernetico 
de circularidade, 
quando aplicado a 
fam'ilia, refe're-se as 
influgncias mutuas 
que ocorrem entre 
seus membros 
dor de que algo na familia n5o ia bem. A crise 
surgida dele foi sendo vista endo como par- 
te do process0 de ,mudanqa, que deveria ser 
mais ampla e profunda. 
, Na evoluc$o da primeira para a segunda 
ordem, o conceito de circularidade foi am- 
pliado, e o observador passou a ser incluido 
no fedmeno, j5 que ele C parte daquilo que 
observa, do "sistema observante". E s6 pode- 
mos conhecer nossas pr6prias construq6es 
sobre os outros e o mundo, 
Foram os trabalhos realizados na fisica 
qulntica que possibilitararn a compreen- 
sso da subjetividade da realidade. 0 &ico 
austriaco .-a, no livro Q+r&Jg 
-0, explica que, quando procuravam ob- 
servar elementos atdmicos, luz e outras for- 
mas eletromagnkticas, os fisicos notaram que 
estes tinham urn comportamento dual: ora 
como particulas, ora como ondas. Como era 
possivel que a mesma coisa pudesse ser uma 
particula e uma onda? 
A resposta a essa intrigante pergunta veio 
com a percep~so de que o comportamen- 
to desses elementos variava (entre particula 
e onda) de acordo com o que o observador 
esperava encontrar, a depender "do aparelho 
com que o elemento era forqado a interagir". 
Sero observador usava urn instrumento que 
media ondas, o elemento era percebido como 
tal, e o mesmo se aplicava ao caso das par- 
ticulas. Descobriu-se, assim,Enatureza dual 
da mattria e, o mais importante, a diferenqa 
que o observador faz no sistema que obser- 
va, uma vez que os resdtados que ele obtCm 
dependem muito do que se proptie prorurar. 
A partir desse momento, j i niio se trata de 
"urn sistema observado? mas de "urn sistema 
observante'; do quai ele f z parrg 
Com base nessas descobertas, houve uma 
mudanqa epistemol6gica nas ciCncias como 
um todo, o que tambkm se refletiu na forma 
de atendimento teraptutico. Isso porque se 
entendeu que, assim como o pesquisador or- 
ganiza uma skrie de instrumentos corn o ob- 
jetivo de encontrar respostas para a pergunta 
A intcoducao das 
ideias da cibehetica 
na terapia familiar 
foi feita por Bateson, 
que pesqulsava a 
comunica@o corn 
queformula, estando desatento para perceber 
o que n5o procura, o terapeuta tambtm obte- 
r i respostas conforme a postura que assumir 
e a d i r e ~ i o que irnprirnir ao atendimento. 
Desse modo, a cornpreens50 dos processos 
que ocorrem na terapia subjetiva seri sempre 
dependente dos valores, das experiCncias de 
vida e das crenCas do terapeuta; assim como 
das hip6tesei-que formula para cada caso. 
Sendo toda realidade subjetiva, cada pessoa 
tem a propria versgo das vivGncias, e, no caso 
da familia, as de todos os membros s5o igual- 
mente vilidas. 
Desse ponto de vista, o terapeuta deixa a 
posiqio de expert e assume a postura de faci- 
litador, cujo conhecimento t como qualquer 
o tro, estando ele livre do status privilegiado. 6 terapeuta t visto ent5o como mais um no 
sistema, No lugar de intervir, coparticipa dele, 
atuando para uma transformagso construida 
em conjunto, que conta com o inesperado e o 
im~revisivel, i medida que os sistemas pro- 
duzem a pr6pria m u d a q g 
0 desenvolvimento das ideias sisttmico- 
ciberntticas, que se estendeu para outras Areas 
do saber cientifico, fez parte de uma mudan~a 
paradigmitica que enfatizava o papel do con- 
texto para a cornpreens50 das quest6es huma- 
nas, considerando que o individuo esti sem- 
pre se relacionando, Assim, os sintomas de 
cada pessoa deixaram de ser entendidos como 
apenas dela, e passaram a ser vistos como par- 
te e produto das inter-relaq6es no interior do 
context0 em que esti inserida. 
FUNCIONAMENTO DA MENTE 
A introduqso das ideias da &axuhana 
e a - b m i k u foi feita pelo w t r o p d o p h- 
&s Gqpry Bseson (1904-1980), que tra- 
balhava com um grupo multidisciplinar em 
pgscp& sobre comunica@o com p&xs 
A . 
esquizofretucor, Ele havia entrado em con- 
tato com Wiener e sua citncia em uma strie 
de conferkncias multidisciplinares, as Macy 
Conferences, ocorridas entre 1946 e 1953, em 
Nova York. 
Por meio delas, cientistas de diversas ireas 
do conhecimento buscavam definir as bases 
para uma cikncia geral do funcionamento da 
mente humana. E uma das propostas centrais 
da mudanqa conceitual de Bateson para pen- 
sar sistemas familiares foi a definiqio de circu- 
laridade, pela qua1 a mudanqa em uma pessoa 
sempre modifica o sistema. 
Vale lembrar que na tpoca havia um cres- 
cente desencanto com o pensamento linear de 
causa e efeito usado para explicar as doen~as 
mentais; tomando como base modelos mtdi- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistPmica 
50 
PSICOTERAPIAS I Tarapia familiar s is th ica 
cos ou psicodiniimicos, eles ngo levavam em 
conta o context0 ou as relaq6es. Diante disso, 
essas ideias sistCmico-ciberntticas aplicadas 
a terapia causaram uma revolu@o na irea da 
salide mental. 
Bateson foi um grande aglutinador de 
pessoas inteligentes, carismiticas e criativas, 
provenientes de diversas ireas de conheci- 
mento, que se propuseram a estudar juntas 
e pesquisar diferentes temas relacionados a 
comunica~50. Tal intento culminou na ideia 
de que os sintomas esquizofrhicos seriam 
express6es de anglistia relacionada ao duplo 
vinculo estabelecido nas relaqdes familiares e 
deveriam ser validados como uma experihcia 
catirtica e transformativa. Lembrando, o du- 
plo vinculo se refere A comunica@o paradoxal 
da familia com o membro esquizofrtnico. 
Para que essa comunic@o ocorra algumas 
condi~6es precisam estar presentes no mod0 
como as pessoas (duas ou mais) se vinculam: 
(a) uma relaqio de longo tempo; 
(b) um vinculo estabelecido de tal mod0 
que a pessoa niio pode escapar dele; 
(c ) a comunica~io nzo pode ser comen- 
tada pela pessoa, em fun@o do parado- 
xo que cria, Por exemplo, em f u n ~ i o das 
seguintes ordens: "quero que me domine'; 
'tern que me amar"; "tem total liberdade 
para ir, n5o se preocupe se comego a cho- 
rar': obedect-las ou niio? 0 sujeito fica 
num beco sem saida, pois nio pode ques- 
tioni-las com medo do abandon0 ou do 
desprezo alheio. 
Bateson niio era terapeuta, apesar de todo 
o seu interesse nas familias; mais que o trata- 
mento, era a teoria que o encantava. Assim, 
seus maiores esfor~os estavam voltados para 
estudar a importhcia da comunica~no na 
organiza~iio familiar. Como todo grupo com 
muitas pessoas brilhantes juntas, as ideias e 
desejos dos membros comepram a entrar em 
desacordo att que, em 1962, ele se dissolveu. 
Aqueles mais interessados na pritica clinica 
se mantiveram juntos no Institute de Pesqui- 
sa Mental (MRI, na sigh em ingl&s), dirigido 
por Jackson. Bateson e outros partiram para 
outras pesquisas. 
DO LINEAR A 0 SIS~MICO 
passagem da ci6nda traditional, que 
busca obter urn conhecirnento objetivo da 
realidade, B ciCncia pbs-moderna, que incluiu 
a subjetividade na observa~o dos fencime- 
nos, deu-se em decorr6ncia de uma mudan~a 
de paradigma: de um mod0 linear de ver os 
fencimenos, como estando numa relaq50 de 
causa e efeito, a urn mod0 circular de ensri- 
10s como interdependentes um do outro. 
Segundo a psicbloga 
5 
de V a s c d . A . , n6 livro 
novo varadima da ciincia (7.0Q22, sii0 
tr&s os principais pressupostos istemol6- 
gicos do pensamento sistEmico l?' A crenqa na 
complexidade, em todos os nivels da nature- 
za; a crenCa na instabilidade do mundo, em 
process0 de t o m - s e ; a crenCa na intersub- 
jetividade como condq2o de constru~50 do 
conhecimento do m u n d g 
As diferenps na forma de pensar e agir 
na clinica, que passam pela modifica~go do 
pensamento linear ao circular, podem ser re- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sist4mica 
a) 0 foco esti no por 
que aconteceu. 
b) Parte da relag50 de 
causa e efeito: 
Estimulo -> Resposta. 
c) Ocupa-se do conteudo 
da historia. 
psicopatologia; crenp 
em condutas normais e 
anormais. 
e) Atua com as nog6es 
de normalidade x doen- 
$a e de cura. 
f) Busca explicag6es e 
foca a compreensiio. 
g) Prioriza a comunica- 
g io logico-verbal (ideias 
e pensamentos Iogicos 
formais). 
h) Tem como foco as 
queixas, os problemas e 
sintomas. 
i) Visa a manutenqio do 
padriio infantil (depen- 
dencia-independencia) 
nas relaqBes afetivas e 
de poder (inclusive na 
relac50 terapeutica). 
j) Trabalha com interpre- 
tagiio da resistencia. 
a) 0 foco e no que acon- 
teceu e como aconteceu. 
b) Trabalha com o tip0 
de relacio e a rede de 
acontecimentos. 
c) Vob-se a forma de 
relaqio e a rede de acon- 
tecimentos. 
d) Ressalta o context0 
referential; as crises 
evolutivas do desenvolvi- 
rnento hurnano d o vistas 
como naturais. 
e) Trabalha com os ' 
conceitos de saude, 
funcionalidade e disfun- 
cionalidade. 
f) Proma novas alterna- 
tivas de funcionamento e 
foca a mudan-. 
g) Usa a comunicagio 
paradoxal, irracional, 
n i o verbal e paraverbal; 
inchi o corpo com suas 
linguagens 
h) Foca as diiculdades 
(que, se ma1 adminisIra- 
das, podem se transfor- 
marem pmblernas). 
i) Visa o desenvohrimento 
do padriio adulto (au- 
tonomia) nas relagBes 
afetivas e de poder 
(inclusive na relaciio 
terapiiutica). 
j) Faz uso de intervencBes 
sWmicas: diretas, rneta- 
fbricas e paradoxais. . 
sumidas conforme o quadro a seguir: 
Ao longo do tempo, a palavra "sistema" aca- 
bou se tornando senso comum na terapia fami- 
liar, perdendo att muito do seu significado pel0 
seu uso excessivo, pela generalizaqiio e elabora- 
qio acadCmica. Embora a teoria dos sistemas 
seja a pedra firndamental na quai se baseia a te- 
rapia familiar, a dwersidade de abordagens cli- 
nicas que se desenvolverarn a partir dela indica 
as diferentes maneiras pelas quais um sistema 
familiar pode ser definido e manejado. 
Quando se trabalha clinicamente, a defini- 
$50 de um sistema pelos terapeutas depende 
do foco de aten@o dado por ele ao atendi- 
mento, bem como do que acredita ser a causa 
do problema e do mod0 como ele e a familia 
pretendem agir, Por exemplo, como veremos 
mais detalhadamente adiante, de acordo com 
o terapeuta argentino Salvador Minuchin, um 
sistema t definido de acordo corn as fronteiras 
e a organiza~io hierirquica, Para o americano 
Murray Bowen (1913-1990), tanto a defini- 
$50 do termo como a interven@o clinica ba- 
seiam-se nos conceitos de triangulaqio e grau 
de diferenciaqiio. Jay Haley (1923-2007), Clot 
Madanes e os representantes da terapia estra- 
tkgica, por sua vez, veem o sistema em termos 
de estrutura de poder. Ji o psiquiatra de ori- 
gem hhgara Ivan Boszormenyi-Nagy (1920- 
2007) aborda as lealdades em tr&s gera~bes, e 
a italiana Mara Selvini Palazzoli (1916-1999), 
na primeira fase de seu trabalho sistgmico, bus- 
cava os paradoxos sistkmicos, E assim tambkm 
o fizeram outros expoentes da terapia familiar 
como James Framo (1922-2001), Whitaker, 
Maurizio Andolfi, Gianfranco Cecchin (1932- 
2004), Peggy Papp, entre outros. 
PSICOTERAPIAS 1 Terapia familiar s is th ica 
Pensar sistemicamente 
e ver uma situaqi3o 
sob diferentes 
aspectos, buscando 
entender como o todo 
e as partes interagem 
e se rnantem 
0 importante t saber que todas as escolas 
de terapia sisttmica, independentemente de 
seu foco principal e de suas defini~6es clini- 
cas, t tm em comum a cornpreens20 e a leitura 
sisttmica, de acordo com os preceitos bisicos 
da teoria geral de sistemas. 
E n s a r sistemicamente n5o t pensar s6 em 
termos de psicoterapia, mas t uma forma de 
o terapeuta compreender o mundo e a VI&.J 
B s i r do terreno das verdades estabelecidas, 
dos dogmas, para poder levantar diferentes hi- 
pdteses, encontrar novas alternativas e trazer 
- 
A tona os ursos dos sujeitos envolvidos no 
problema.Epoder ver uma rnesma situa@o 
sob diferentes aspectos, buscando entender 
como o todo e se relacionam, inte- 
ragem e se as semelhan~as 
e as difereyas, e nPo o certo e o errado. B ver 
a realidade de uma forma holistica, ecol6gica e 
circular. Essa visso propicia formas diferentes 
de compreender a realidade na psicoterapia e 
trabalhar com ela. 
N5o A toa, os terapeutas de destaque na 
hist6ria da terapia familiar ttm origens bem 
diferentes: psiquiatria hospitalar e interpesso- 
al, movimento da assisttnda social, psicologia 
de grupos, pesquisas sobre esquizofrenia e 
aconselharnento conjugal. 
A fim de ter uma visPo geral dessa linha 
teraptutica, e tomar contato corn as ttcnicas 
mais amplarnente utilizadas, destacamos os 
perfis dos principais terapeutas e apresen- 
tamos as respectivas abordagens, usadas at6 
hoje na clinics com algumas evoluqiies. Vale 
lembrar que a terapia familiar 6 urn campo em 
constante desenvolvimento, e suas teorias e 
compreens6es continuam em h c a evoluqio, 
Hoje, ji temos as terapias famihres ditas p6s- 
modernas: construtivistas, narrativas e colabo- 
rativas que surgiram como desdobramentos 
dos trabalhos de terapia familiar sisttmica. No 
entanto, nso seriio abordadas neste texto, cen- 
trado nos autores rnais sisttmicos. 
.DlJQYOSTIW FAMILIAR .. . . 
( 
Devido 21 sua obra e As suas caracteristicas 
pessod_s,&&nK Ackermm (1908-1971) 
t tido como o mais notivel expoente da te- 
rapia familiar. &quiatra L Q ~ forma& em 
gsicandise, seu m> -r as familias 
refletiu essasua base, estando & interessado 
tanto 13-0 w e passava no d o interior 
- 
&. pessoas cm-e g h . Inovou s psicn- 
C- 
diagdstico infant;l ao introduzir a ideia do 
diagn6stico familiar para melhor compreen- 
der a problemitica da crianqa. Dai nasceu 
seu interesse nas fa&. Sua obra t vasta e 
importante, tendo ele produzido muitos tex- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar s isthica 
tos (dos 25 anos att sua morte) sobre teoria e 
tCcnica de terapia farnili?. 
Para ele, as familias demonstram uma 
apartncia de unidade, mas por tris &sso siio 
divididas emocionalmente em grupos rivais. 
Assim, existem co&zbes d i n h i a s , que po- 
dem ser entre m5e e filha contra pai e filho, i s 
vezes de uma gera~go contra outra. 
Nas sess6es fam;l;ares, Ackerman fazia 
quest50 de que todos os que vivessem sob o 
mesmo teto estivessem presentes a 6n-1 de que o 
contato emotional sigdicativo pudesse ser es- 
tabelecido, Como terapeuta era muito provoca- 
dor, incitava revelag6es e confronq6es entre os 
membros da familia; por vezes podia se mostrar 
agressivo, onipotente e exibicionista, mas qua 
coragem e criatividade para o m , mobhzar e 
ajudar realmente surtiu efeito nas fa& corn 
as quais trabahava. 
Juntamente corn Jackson criou, em 1960, 
a revista especializada Farnib P-que k a 
mais difundida na Area. AlCm disso, fundou 
a primeira Clinica de T e r a p i a k - F d a , em 
Nova York, que, depois de sua morte, passou a 
se chamar Instituto Nathan Ackerman. 
COMUNICACAO HUMANA 
Outro nome de destaque na Area t o psic6- 
logo e fil6sofo auscriaco radicado nos Estados 
U n i d o s m W&(l921-2007). Um dos 
mais influentes terapeutas do MRI, ele partici- 
pou, com Bateson, dos projetos de pesquisa so- 
bre comunicag50, cujas ideias serviram de base 
para seu livro Pragmdica da comunicap50 hu- 
mana, Nele, Watzlawick define axiomas 
Para Don Jackson, 
urn dos pioneiros 
da area; as famllias 
sao unidades 
homeostiticas que tern 
certa constincia no 
funcionamento interno 
necessArios para o estabelecimento de uma boa 
comunica@o entre duas pessoas. Se um deles, 
de alguma forma, estiver comprometido, haveri 
risco de falha na cornpreens50 da informag50. 
Sio eles: 
jJ),&o gpde MAC- Todo com- 
portamento e um tip0 de comunicagao; 
dada a inexisthcia de anticomportamen- 
tos, nio t possivel niio comunicar. 
(22Toda comunicafao tem urn conteudo e urn 
aspecto relational tal que o riltimo cfass;fica o 
primeiro, chegando-se assim a uma metacomu- 
nicagao. Isso significa que toda .comunicag50 
inclui, alkm do sipificado das palavras, mais 
informa~bes sobre a forma como o emissor 
quer ser compreenddo e como ele mesmo vC 
sua relatao com o receptor da informag50. 
&A natureza da rela@o depende da pon- 
tuayao dos parceiros nos processes de comu- 
nicaylio. Emissor e receptor estruturam o 
fluxo de comunicag~o de maneiras diferen- 
tes e assim interpretam os pr6prios com- 
portamentos durante a conversaggo como 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistihnica 
mera reaqgo ao comportamento alheio. A 
comunicagio humana nio t linear (causa 
e efeito), mas circular. 
&A comunicatso humana envolve ambas 
as modalidades: digital e analdgica. Nio 
abrange apenas palavras (c~munica~io di- 
gital), mas tambtm tudo que C ngo verbal 
(anakgica), na forma de postura, gestos, 
express20 facial, inflexio de voz, sequtn- 
cia, ritmo e cadCncia das pr6prias palavras, 
bem como qualquer outra manifestasio 
nio verbal de que o organism0 seja capaz. 
(5)A comunica@o pode ser sime'trica ou 
complementar, A depender da rela950dos 
parceiros (emissor e receptor), baseia-se 
em diferen~as ou semelhanqas. 
HOMEOSTASE FAMILIAR 
Outro dos grandes pioneiros da terapia fa- 
miliar k o ji mencionado Jackson. 0- 
.- voltou sua atenq2o ao 
tratamento, enfatizando o efeito da terapia sobre 
a fimilia. No lugar de separar o doente dela, hos- 
pitalizando-o, buscou trati-lo em conjunto com 
seus membros. Como Bateson, com quem traba- 
lhou no gApo de pesquisa, acreditava que com- 
portamento e comunicaqio erarn sinbnimos. 
Descreveu as familias como unidades ho- 
meost5ticas que m ~ t i n h a m certa consthcia 
no seu funcionamento interno. Entre seus prin- 
cipais conceitos esti o de-famib$as 
familias, como unidades, seriam resistentes ii 
mudanqa). Portm, essa noqgo, que esteve muito 
presente nos primeiros anos da terapia fami- 
liar, nil0 levava em conta as transformaq6es que 
ocorriam com as f&, no caso, as mudanqas 
relativas ao cido vital, que s50 necessIrias para 
seu desenvolvirnento saudivel, ou os eventos 
inesperados e imprevisiveis, como morte, perda 
de emprego, divbrcio. Em sua vis50, as quest6es 
fimiliares estariarn mais relacionadas i s do ca- 
sal, sendo os problemas que surgiarn com as 
criangas apenas sintomas cla relasgo marital. 
E dele tambh o conceit0 de@ p w 
- barganhas relacionais sobre os paptis a serem 
desempenhados pel0 rnarido e pela mulher, 
que n b s2o expficitos ou conscientes. E na tro- 
ca m6tua que os direitos e deveres de cada um 
serge estabelecidos. Um exernplo C a ideia pre- 
concebida de que o rnarido t a pessoa racional, 
lbgica e realista no cad , que cuida da manuten- 
$20 de tudo na casa, e a mulher, a pessoa mais 
sensivel, sonhadora, que cuida das emo96es e 
entende melhor de pessoas do que de coisas. 0 
que acontece se um nib corresponde i imagem 
esperada do outro? 
Outro pensamento importante desenvol- 
vido por Jackson refere-se Bfiotomia entre 
- os relacionamentos complementares e os si- 
mktriuw;. 0 s primeiros sio aqueles em que as 
pessoas diferem na mineira em que se ajustam 
(um subrnisso, outro dominador; um 16gic0, 
outro emotivo). 0 s sepndos baseiam-se na 
igualdade e similaridade (ambos t2m carreira 
e dividem as tare& domtsticas). 
Haley, que h k m trabalhou corn Bate- 
- que conheceu depois de graduar-se em 
comunicaqio, orientou sua terapia para reso- 
luFio de problemas. Este o convidou a parti- 
cipar do que ficou conhecido posteriormente 
como Projeto Bateson - tido como um dos 
marcos da criaqso da terapia familiar. Com 
Weakland, Jackson e William Fry, que tam- 
btm participavam desse projeto de pesquisa 
em comunica~iio, publicaram urn dos artigos 
mais importantes da Area, intitulado ".Ern di- 
de . 9, 
Foi em 1962, enquanto estava no MRI, 
em Palo Alto, Caifbmia, que Haley tornou- 
se editor fundador da revista Family Process. 
Nessa Cpoca, estabeleceu forte relacionamen- 
to profissional com o psiquiatra americano 
Milton Erickson (1901-1980), especialista 
em hipnose, cuja interessante abordagem da 
mente inconsciente como criativa e criadora 
de soluqdes influenciou fortemente o traba- 
Iho clinic0 e as propostas te6rica.s de Haley 
para a terapia familiar estratkgica. 
E m sua terapia estrattgica, Haley com- 
binava a compreensio sistCmica dos proble- 
mas e for~as humanas com uma abordagem 
pragmitica de intervenqiio. Em sua tkcnica 
teraptutid- sobre a q d ele dizia nio-~er 
uma teoria - Gfatizava estratigks criativas e 
provocativas, com tarefas para os dientes rea- 
lizarem fora da sessio. Sua Cnfase era no "aqui 2 
e agora'; e os sintomas eram compreendidos 
como resultado das tentativas da familia de 
corrigir o que consideravam como comporta- 
mentos problemiticos. 
Eua terapia ertrattgiu ti, portanto, focada 
na solu~io de problemas es ecificos. Entre 
seus principios bisicos temos: fi 
(1) o terapeuta tem o comprornisso de ali- 
H 
viar as queixas apresentadas; 
Para Bowen, outros 
dos qrandes nomes da 
are< a satlde de cada 
membro da familia e 
uma funcao do seu 
grau de diferencia@o 
dentro dela 
(2) os problemas sPo vistos como dificul- 
dades de interagio seu enfoque maior era 
nos dist6rbios d? o casal que geravam sin- 
tomas nos filhos), bem como dificuldades 
cotidanas nio resolvidas, resultantes de 
um problema estrutural do sistema; 
- 
(3) as transigbes de vida e o ciclo de vida 
. . . . G l i a r regueTem grandes mudangas nos 
relacionamentos; .-. - - - - - - .- - - 
(4) os problemas de longa duragio nem 
I - 
sempre sio indicadores de cronicidade, 
nus de persisttncia de uma dificuldade 
ma1 enfrentada; 
a resolugso de problema requer pri- 
meiramente a substituigio de padr6es de 
comportamento; 
@ a promoqio de mudan~as atravks de 
meios que funcionem mesmo que pare- 
Cam il6gicos. 
Nessa linha terapeutica, as tarefas sso da- 
das corn o objetivo de mudar o padrio com- 
portamental e d m valor mesmo que nio se- 
jam realizadas. 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistlimica 
56 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar s i s t h i c a 
57 
Por exemplo, pensemos em um casal que 
chega ao consult6rio com a queixa de que 1150 
tem relagbes sexuais h i oito anos. 0 terapeu- 
ta pode qualifici-10s como "destreinados" para 
relacionarem-se sexualmente e depois ques- 
tioni-10s sobre o que j& fizeram para tentar 
resolver essa situac+o, Pode apontar tambtm 
que precisam estabelecer mais intimidade e 
propor coisas nesse sentido: que o marido 
convide a esposa para jantar e ir ao cinema. E 
endo perguntar ao marido se ele se lembra de 
quando tinha 19 anos e foi com a namorada 
pela primeira vez ver um filme. "VocC a agar- 
rou logo na primeira vez? Tente algo como foi 
no inicio." Nessas colocagbes hi, sem dhvida, 
um toque de provocaq50 e desafio. 
PRESENCA HUMANIZADORA 
Numa tpoca em que as atengiies eram 
muito mais voltadas para o pragmatisma.das 
solugbes dos problemas familiares que para 
as pessoas da familia, a presenqa de Virginia 
Satir (1916-1988) foi humanizadora. A as- 
sistente social e cofundadora do MRI, com 
Jackson, foi uma das primeiras terapeutas a 
ver a familia toda nas sessbes. 
Ela costumava recomendar que os pais 
fossem mais afetivos e carinhosos um com 
outro e com seus filhos, mas sem deixar de 
ser firmes com eles. Seu grande interesse 
- 
era romover a autoestima de cada membro 
da P amilia, encorajando-os a deixar de lado 
suas mascaras e a expressar seus verdadeiros 
sent imento3 
Numa profissHo predominantemente mas- 
culina, Satir foi a primeira e, por um longo 
tempo, a h i c a mulher a ter proeminkncia na 
terapia farmliar, o que h e trouxe problemas 
com os colegas, que culrninaram em sua saida 
do grupo de Palo Alto. A partir de endo, de 
1964 a 1969, foi diretora do Instituto Esalen, 
em Big Sur, Calif6rnia. Seus livros, de uma 
clareza e simplicidade invejiveis, s50 usados 
por todos os terapeutas de familia. 
ABORDAGEM INTERGERACIONAL 
J i Bowen, outro dos pioneiros na area, 
desenvolveu seu trabalho sempre buscando 
fazer carninhar pari passu teoria e prftica te- 
rap2utica; att hoje, aEoria desenvolvida por 
ele t5 a mais cri osa e completa no campo 
da terapia famili 3 a exemplo de sua elabora- 
da visgo sobre a diferencia$io do"euu" na fami- 
lia. Como muito dos "hndadores" da Area, era 
psiquiatra especializado em esquizofrenia. 
Para ele,&hde de cada membro da fami- 
lia t uma h @ o do seu grau de diferenciaq50 
dentro d e a ~ s s e conceito, pedra Lndarnen- 
tal da sua t eo r ia ,Fhe as pessoas de acordo 
com o grau de fusgo ou diferenciagiio entre o 
funcionamento emocidnal e in te lec tu .~es- 
sa forrna, pode-se pensar os individuos em 
um continuun: num extremo estariam aqueles 
cujas emo$bes e intdecto se encontrariam t%o 
fusionados que suas vidas seriam dominadas 
pelas primeiras; no outro, os maisdiferencia- 
dos (mais flexiveis, adaptbeis e independentes 
emocionalmente que os seus pr6ximos). Nes- 
se caso, as pessoas MO d teriam a razHo, mas 
conseguiriam equilibrar pensamento e senti- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sisclmica 
mento; assim, em situaqdes de estresse teriam 
relativa autonomia pat;a enkentar a crise. 
Outro conceit0 fundamental da teoria 
de Bowen, anteriormente mencionado, t a 
triangulagio&triiogulo t uma configura~io 
emocional de trCs pessoas, o bloco bhico de 
qualquer sistema emocional, seja a farnilia ou 
outro grupz~rata-se, portanto, da estrutu- 
ra relacional que resulta da rea~iio emocional 
humana em combinaqso com a tendtncia de 
evitar conflitos, mesmo que ao custo de falhas 
na resolug50 de problemas. 
Por exemplo, quando, nurn casal, os par- 
ceiros vivem um momento de t e d ~ , h i uma 
tendhcia a buscar urna terceira pessoa para 
dirninuir a ansiedade, evitando assim uma 
briga maior e estabilizando a rela+o. No en- 
tanto, isso n5o ocorre nas situapks em que os 
parceiros siio diferenciados, niio d m medo do 
conflito e conseguem resolver a situa~io dire- 
tamente sem a necessidade de intermediirios 
ou neutralizadores para equilibri-la. Nesses 
casos, t mais Mcil enxergar seus virios lados, 
procurando entender a posiqiio de cada um, 
mas mantendo o foco na resolueo da questiio, 
e niio no julgarnento. Isso w b t m permite 
que as pessoas se conscientizem das pr6prias 
emogcies e controlem suas respostas. 
Sem sombra de dinida, urna das principais 
contribui#es de Bowen h i na ima de fbnna@o 
dos terapeutas, ao mostrar a imprdncia de que 
fizessem urn trabaho de c L f k f f n w na pr6- 
pria f$rr3ia, Ele dernonstrou isso aplicando em si 
mesmo a pr6pria teoria. Passou 12 anos tentando 
compreender sua fan3ia e sete ou oito anos em es- 
fbrqo ativo e direto para m0dif;ca.r sua -0 com 
ela (difkrenciar-se e nib enmr em &6es). 
A terapia experiential 
da familia, de 
Whitaker, e radical - 
e provocativa, uma 
mktura de apoio 
cordial e rasteira 
ernocional imprevisivel 
Relatada a experikncia, vkios de seus es- 
tagiirios passaram a se voltar para as pr6prias 
familias e trabalhar a diferenciaqgo deles em 
rela@o a elas. Segundo Bowen observou, eles 
se tornaram mais produtivos como terapeu- 
tas em cornparag50 Bqueles que n5o haviam 
trabalhado as pr6prias questdes. 
Nos cursos de formagso de terapeutas fa- 
miliares no Brasil, esse t um quesito obrigat6- 
rio no process0 formador, que t feito em mo- 
mentos especiais em que a familia de origem 
do terapeuta t trabalhada por intermkdio de 
ttcnicas pr6prias desenvolvidas para esse fim. 
N5o se trata de uma terapia familiar do tera- 
peuta, mas de um trabalho de autoconheci- 
mento da sua familia e questdes relativas a ela. 
A abordagem de Bowen leva o nome de 
intergeracional, dada a grande ihfase que d i 
Bs transmiss6es e repeti~des que ocorrem nas 
geraq6es familiares, ainda que de formas dife- 
rentes. Uma das tkcnicas por ele desenvolvi- 
das para melhor coletar e compseender dados 
importantes relacionados ao sistema familiar 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistemica 
multigeracional foi o que ele primeiramente 
denominou diagrama da familia, mais tarde 
chamado degenograma. Este t uma represen- 
taqio grifica multigeracional que vai altm da 
genealogia da familia; inclui relaqses, aconte- 
cimentos, vinculos e padr6es familiares. Seus 
simbolos sio sistematizados e facilmente 
compreensiveis para os terapeutas de familia 
de qualquer parte do mundo, 
ESTRESSE NECESSARIO 
Ji Whitaker, criador da terapia experien- 
cia1 da familia, desenvolveu seu trabalho com 
base na convic+o de que os preconceitos, o 
mod0 de viver e os valores dos terapeutas si0 
elementos-chave na escolha dos objetivos e 
da estratkgia terapCutica. No seu entender, 
as pessoas com problemas psicol6gicos estio 
alienadas de suas emoqdes e congeladas em 
rotinas desvitalizadas. 
Sua abordagem, radical e provocativa, 
t uma mistura de apoio cordial e rasteira 
emocional imprevisivel, buscando fazer com 
que as pessoas entrem em contato com sua 
experitncia imediata. Para ele, o estresse na 
terapia t necessirio para que haja mudanqa; 
por isso o seu jeito confrontativo, criador de 
tens6es. Whitaker costumava dizer que ni0 
tinha estrattgia para seu trabalho e que sua 
terapia era dirigida pel0 seu inconsciente. To- 
das as suas interven~des visavam maior flexi- 
bilidade e mudanqa. 
Ele foi urn dos prirneiros terapeutas a tlsar a 
coterapia para o atendimento fimhar, acreditando 
ser fundamental esse trabalho conjunto para que 
os terapeutas pudessem atuar com rnais esponta- 
neidade, sern medo de uma mntramferCncia. 
A partir de 1946, juntamente com outros 
terapeutas farniliares, Whitaker comeqou a 
ministrar conferencias duas vezes por ano, 
durante as quais os terapeutas observavam os 
atendimentos uns dos outros com as familias 
e depois discutiam os trabalhos. Em 1953, 
convidou vhios terapeutas para demonstrar 
as respectivas abordagens corn a mesma fami- 
lia enquanto os outros observavam a atuaqao, 
Essas observap5es eram sempre realizadas 
por intermCdio de espelhos unidirecionais, 
uma das caracteristicas atC hoje presentes na 
format$o de terapeutas farniliares, na qua1 se 
mostra concretamente o trabalho que k feito 
nas sess6es de terapia. 0 s terapeutas familia- 
res exibem abertamente seus atendimentos 
tanto para ensino quanto para crescimento e 
desenvolvimento pessoal. 
ESCOLA ESTRUTURAL 
Minuchin, fundador da Escola Estrutural 
de Terapia Familiai e dono de uma perso- 
nalidade carismitica, esd entre aqueles que 
combinam o rigor te6rico corn uma notbe1 
maestria dinica. Argentino de nascimento, 
emigrou para os Estados Unidos ap6s uma 
breve estada em Israel. Inicialrnente viveu em 
Nova York, transferindo-se depois para Fila- 
dtlfia, onde pvsou n dirigir n ~hi lade l~h ia 
Child Guidance Clinic. 
Uma de suas primeiras reaiza~ijes marcan- 
tes foi treinar membros da comunidade negra 
local como terapeutas familiares'paraprofissio- 
PSICOTERAPIAS 1 Terapia familiar sistihica 
nais" para prestarem primeiros socorros emo- 
cionais, sensibihzando as pessoas para fazerem 
psicoterapia em chicas do govern0 ou outras 
institui~6es. Isso porque a aceitqio de pessoas 
de fora dessa cultura e comunidade (brancos, 
de classe mtdia) era muito dificil, e eles preci- 
savam ser acessados a fim de receber os atendi- 
mentos de satide mental n e c ~ o s , 
Como caracteristica de sua forma de trei- 
nar terapeutas familiares esti a experihcia 
pritica direta, o uso constante da grava~iio das 
sessBes de terapia e a s u p e d o ao vivo. Esta 
ocorria conjuntamente corn o atendimento, 
da seguinte forma: o supervisor e uma equi- 
pe de alunos em forrnaeo assistiam B sess5o 
na sala de espelho unidirecional e a interrom- 
piam para orientar o terapeuta e redirecionar 
o atendimento quando necessirio. Em vez de 
aprenderem depois, os terapeutas o faziam na 
prAtica, durante a terapia. 
Minuchin v4 a fknilia como urn sistema 
complexo formado por subsistemas de uma 
ou mais pessoas que se agrupam por geraqso, 
sexo, interesse ou fungo. Assirn cada urn pode 
pertencer a mais de urn subsistema conforme 
os papkis que desempenha; pot exemplo, con- 
jugal (marido e mulher); parental (pai e miie); 
fiaterno (irmsos); de mulheres. Um nSo exclui 
o outro e tem tarefas distintas a curnprir. 
0 s subsistemas s50 demarcados por fi-ontei- 
ras que estabelecem as regras que definem quem 
participa e como. Elas protegem a diferenciaq20 
do sistema. As fi-onteiras podem ser rigidas, 
flexiveis ou difusas (perm&veis dernais). Nos 
extremos de fgmilias com quest6es de fiontei- 
ras temos as aglutinudas ou emaranhadas, nas 
quais a interaqso entre os membros t intensa: 
A Escola Estruturalv@ a familia como urn 
sistema complexo, 
corn subsistemas 
que se agrupam 
h i grande proximidade entre eles, mas falta di- 
ferencia+o. G o famoso "um por todos e todos 
por um", Nesse caso, nio existe privacidade ou 
individualidade, As fi-onteiras e os limites siio 
fi-acos, e todos os invadem. 0 problema de um 
k o de todos; no namoro da filha, por exemplo, 
todos "narnoram': e assim por diante. 
No outro extremo temos as familias desliga- 
das, em que n50 h i conexties fortes entre seus 
membros. Eles se relacionam muito pouco en- 
tre si, o famoso "salve-se quem puder". As fron- 
teiras-limite slo muito rigidas, ningukm sabe de 
ningukm, e muitas vezes os mernbros familiares 
s50 at6 vistos como inimigos. 
Ao longo do tempo, a familia elabora mo- 
dos de se relacionar por intermtdio de regras 
de funcionamento que, se repetidas, se transfor- 
mam nos padr6es de transaq20 que v2o formar 
sua estrutura. Muitas vezes essas regras nio siio 
explicitadas, existindo uma dinimica interna 
que leva aos acordos, os quais siio reconhecidos 
em algum nivel pela familia e funcionam como 
poderosos condutores de comportamento, 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar s is th ica 
Por exemplo, quando um filho quer di- 
nheiro para sair, ele sabe a quem deve pedir 
para conseguir, se para o pai ou a m%e, e isso 
sem nenhuma combinagso prdvia. Ou ent5o 
no que se refere aos lugares onde os mem- 
bros se sentam B mesa; cada um tem o seu, e, 
quando recebem uma visita, ela em geral nso 
toma o lugar do pai ou da mie. 
A terapia estrutural busca atingir o indivi- 
duo, mas tambdm a familia; reconhece a hrga 
do passado e o poder do presente. A fimilia 
saudivel tem uma estrutura flexivel que se ajus- 
ta as novas exigsncias B medida que seus mem- 
bros passam pelos diferentes estAgios de desen- 
volvimento dentro da familia (ciclo vital), com 
tarefas e necessidades pr6prias de cada fase. 
OUTRAS VERTENTES ' 
Outro tip0 de terapia familiar sisttmica d 
a contextual, desenvolvida por Boszormenyi- 
Nagy, a qua1 inclui o conceito de lealdades 
invisiveis, justiqa, equidade e equilibria, que 
cruzam gera~bes, 0 psiquiatra de origem 
hlingara analisava as consequ&ncias para os 
membros da familia em decorr&ncia das aq6es 
de um deles e como elas fluiam de pessoa a 
pessoa, bem como de gerag%o a geraqao. 
Como outros nomes da Area, ele de ini- 
cio trabalhou com pacientes esquizofrtnicos, 
frequentemente solicitando o compareci- 
mento, nas sessbes, dos av6s do paciente, de 
seus pais, irmsos e filhos. Ele acreditava que, 
trabalhando para balancear as lealdades e 
obrigagbes tticas entre os membros da fami- 
lia, conseguiria diminuir os sintomas, se n5o 
cud-10s. A marca de seu trabalho terapiuti- 
co foi a dimensgo ttica dos relacionamentos 
- confianqa, lealdade, justi~a -, que colocava 
no centro do process0 teraphtico. 
Andolfi, por sua vez, prop6e que na tera- 
pia seja feito urn movirnento de ir e vir entre a 
hist6ria individual de cada membro da fami- 
ha, suas vivhcias emotivas, quest6es pessoais 
e o sistema familiar. 
0 psiquiatra italiano estagiou e ensinou nos 
mais renornados centros de terapia familiar 
dos Estados Unidos. Estudou com Minuchin, 
Haley e Albert Scheflen, tendo sido fortemen- 
te influenciado por Carl Whitaker. De volta i 
Itilia fundou, altm de seu centro formador de 
terapeutas, a Sociedade Italiana de Terapia Fa- 
miliar e a revista Terapia Familiare. 
Segundo ele, o papel do terapeuta 6 ajudar 
a familia a encontrar seus pr6prios recursos 
de salide. Em seu trabalho usa muito de pro- 
vocag6es, urn conceito que para ele significa 
um comportamento intencional de desafio 
ao sistema familiar corn o objetivo de mudar 
suas regras de comportamento. 
Independenternente das diversas aborda- 
gens, os terapeutas farniliares da linha sist&- 
mica trabalham corn uma sdrie de premissas 
e conceitos bisicos nos atendimentos As fami- 
lias e casais. Entre eles esti a ideia de que as 
pessoas siio produto de seu context0 social; 
assim, qualquer tentativa de compreendC-las 
precisa incluir o conhecimento sobre suas fa- 
milias. Mais do que as forgas internas, enten- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistlmica 
de-se que s90 as interaqdes com a familia e 
seu ambiente que pariicipam mais fortemen- 
te do desenvolvimento da. personalidade. 
Diante disso, para efetivamente alcan~ar a 
mudanqa de uma pessoa, a melhor maneira t al- 
terar suas interallies farniliares. Por essa razio, 
rehe-se a farnilia toda e assim se trabalha com 
ela. Mesmo que nern todos os mernbros estejam 
presentes na sessiio, as interven$6es, perguntas 
e atividades s20 sempre feitas de mod0 que as 
interaqbes farniliares sejarn afetadas. 
Outra no950 importante k que muitos sin- 
tomas servem a uma f u n ~ f o no h b i t o fami- 
liar. Ou seja, parte-se do pressuposto de que 
os problemas de um dos membros da familia 
podem ser funcionais para o sisterna familiar, 
sendo mais bem compreenddos quanto vis- 
tos no contexto. 
A quest50 da circularidade k outro pon- 
to relevante. A partir desse conceito, os tera- 
peutas de familia pensarn os problemas e a 
psicopatologia como parte de sequzncias de 
comportamentos continuos e circulares. 
Tomando como base a ideia de padr6es mul- 
tigeracionais, os terapeutas entendem que os 
problemas niio surgem unicarnente nas intera- 
q6es atuais, mas se desenvolvem durante muitas 
geraqdes. A u&@o do genograma colabora 
para detectar padr6es multigeraaonais e ajudar 
a familia a compreender seus problemas de uma 
perspectiva longitudinal, o que acaba reduzindo 
a responsabilidade e a culpa que ela sente. 
Quando farnilia e terapeuta examinam jun- 
tos sua histdria, muitas vezes descobrem segre- 
dos, traumas, repeti@es e crises ocomdos no 
passado (is vezes muitas geraq6es atris) que 
elucidam fatos e experidncias atuais. 
Outro ponto que merece atengio t o ciclo 
de vida familiar. As familias se desenvolvem A 
medida que entram e saem de diferentes esti- 
gios vitais. A incapacidade dela de ultrapassar 
com sucesso urn deles pode deflagrar tipos de 
sequkncias circulares que eventualmente con- 
duzem a problemas. Nesse caso, em vez de 
vC-la como defeituosa, essa perspectiva cicli- 
ca nos permite reconhecs-la como paralisada 
em determinada etapa, 
A descriqiio das fases do ciclo vital surgiram 
naturalmente da necessidade dos que traba- 
lhavam com terapia familiar de entender o que 
acontecia na dinlmica das fimilias que aten- 
diarn e n50 permitia que elas fizessem a passa- 
gem de urn ciclo para outro de forma natural. 
Betty Carter e Monica McGoldrick, te- 
rapeutas de familia que estudaram e desen- 
volveram muito de seus trabalhos orientadas 
por Bowen e sua teoria, examinam o ciclo de 
vida familiar sob t r b aspectos: 
(1) estigios prediziveis do desenvolvimen- 
to familiar normal na tradicional classe 
mtdia americana, e as disputas clinicas 
quando as familias tCm problemas para 
negociar essas transa~6es; 
(2) padr6es do ciclo de vida familiar em 
transforma+o na nossa kpoca e mudangas 
naquilo que t considerado normal; 
(3) em fungiio disso, do ponto de vista cli- 
nico, a terapia deve ajudar as familias que 
descarrilaram no ciclo de vida a voltar h 
sua trilha de desenvolvimento. 
Altm desses aspectos, os ciclos de vida fa- 
miliar dividem-se em etapas: saindo de casa 
- jovens solteiros; uniao de familias no casa- 
mento: o novo casal; familias com filhos pe- 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar s is th ica 
quenos; familias com adolescentes; lanqando 
os filhos e seguindo em frente; e familias no 
est6gio tardio da vida. Essa divisso k a mais 
utilizada mundialmente na terapia familiar. 
No Brasil, percebemos que as familias niio 
funcionam no que diz respeito i s fases exa- 
tamente como as americanas; assim, Ceneide 
Cervenyprofessora e pesquisadora na Pon- 
tificia Universidade Cat6lica de SSo Paulo 
(PUC/SP) e do Nticleo de Familia e Comuni- 
dade (Nufac/SP), pesquisou as de classe mC- 
dia paulistana e propas, para a nossa realidade, 
a divisiio em quatro fases: aquisiq?io; adoles- 
cente; madura e tiltima - cada uma delas in- 
termediada por etapas de transiqiio, incluindo 
ai familias que fogem B regra. 
Ao percorrermos com a familia os virios 
contextos que englobam as etapas de seu ciclo 
de vida, temos um meio eficaz para conhecc-la 
e ajudi-la. 
APRENDIZADO PARA A VlDA 
A maior parte das familias chega ao con- 
sult6rio procurando ajuda para um de seus 
membros. Diante do terapeuta de visa0 sis- 
&mica, porkm, d m a chance de compreender 
que o problema abrange mais do que uma pes- 
soa apenas. Como todos os familiares estao de 
certa forma envolvidos, podem explorar juntos 
como se relacionam e de que maneira se co- 
municam, e tambtm perceber de que forma os 
comportamentos e atitudes se relacionam com 
o que acontece com a sua familia. Alkm disso, 
aprendem maneiras de mudar comportamen- 
tos e formas de perceber os outros, bem como 
t&m a oportunidade de tomar contato com re- 
cursos que possuem e podem utilizar niio s6 
na resolu@o da quescio at& como tambkm 
em futuras situaq6es familiares. 
As terapias farniliares n2o se prophem 
ser um process0 longo, uma vez que o ob- 
jetivo k focal, tendo em vista a resoluqio de 
problemas. Certarnente h i outros aspectos a 
levantar e trabalhar tambkm na terapia, mas 
os terapeutas creem que as familias, ao se co- 
nhecer mais, descobrir suas capacidades e re- 
cursos pr6prios, seriio capazes de fortalecer- 
se e assim estar preparadas para continuar 
seu caminho e resolver muitas de pr6ximas 
crises e problemas. 
autora 
CLAUDIA BRUSCAGIN e psichga clinica, psicoterapeu- 
ta de casais e fanSa. Mestre e doutora em psicologia 
clinica pela Pontificia Llniversidade Cat6lica (PUC-SP), 
e professora e supenfisora do curso de especializa- 
CBO em Terapia de Cabal e Farnflia do Nircleo Famflia e 
Cornunidade (Nufac), da WC-Cogeae, e pesquisadora 
nas areas de famlia, psicoterapia e religiosidade e re- 
siligncia. A autora agradece a Lana Harari e Ana V. L. 
R. Dias as sugesths dadas ao texto. 
PSICOTERAPIAS I Terapia familiar sistlmica 
r a conhec 
A cura da famla. S. Minuchin. Artes ' 
Medicas, 1999. 
A familia como modelo: 
desconstruindo a patologia. C. M. 0. 
Cerveny. Psy, 1994. 
A pragmhtica da comunicafio. P. 
Watzlawick. Cultrix, 1999. 
Atendimento sist5mico de familias 
e redes sociais (vol. 2, tomos I e 
Ill. J. Aun Gontijo, M. J. Esteves de 
Vasconcelos e S. V. Coelho. Ophicina de 
Arte&Prosa, 2007. 
Familia e ciclo vital: nossa realidade 
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Gritos e sussums, intern 
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Papai, mamse, vocl ... E eu? 
CmersaqBes terap6uticas em 
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Por t r is da mkcara familiar. M. 
Andohi. Artes Medicas, 1983. 
Terapia familiar: conceitos e 
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Terapia familiar no Brasil na ultima 
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Terapia familiar sistiimica: bases 
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CRONOLOGIA 
Family therapy: an intimate 
history. L. Hoffman. W. W. 
Norton, 2002. 
Family therapy: history, 
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Gladding, Merrill, 2002. 
Family therapy: an 
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e I. Goldenberg. Thomson 
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Sobre a reconstruqtio do 
significado: uma analise 
epistemologica e herm&utica da 
pratica clinica. M. A. Grandesso. Casa 
do Psicologo, 2000.

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