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Ação Penal - 2013

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1 
Da Ação Penal 
(Artigos 24 a 62 do Código de Processo Penal) 
 
1. Conceito: é o direito de se invocar a prestação jurisdicional para a solução de uma lide-penal. É 
o direito público subjetivo a um provimento do órgão jurisdicional sobre a lide penal onde se 
pede a aplicação do Direito Penal objetivo. Para Vicente Grecco Filho: “o direito de ação é o direito 
subjetivo público de pleitear ao Poder Judiciário uma decisão sobre uma pretensão” (Manual de 
Processo Penal, p.93). O nosso ordenamento jurídico contempla a possibilidade de tanto o 
Ministério Público, como o ofendido em alguns casos, iniciar o processo penal (ação penal privada). 
Deste modo, podemos dizer que a ação penal é o direito concedido a parte legítima de se acionar o 
Estado Judiciário e pleitear uma tutela jurisdicional penal. É através da ação penal que se exerce o 
direito de punir. De fato, trata-se de instrumento pelo qual o Estado-Administração busca, por 
intermédio de seu representante ou pela vítima, a imposição de uma sanção para o agente que 
pratica ato tipificado como crime ou contravenção na legislação penal pátria. 
 
2. Características da Ação Penal: a ação penal possui as seguintes características: 
 Direito público: porque exercido contra um ente público, que é o poder judiciário. De fato, 
embora seja usual (e errado) afirmar que “entrou com uma ação contra Sicrano” (sic), verdade é 
que o direito de ação exercido contra o Estado-Juiz e não contra determinada pessoa. Para melhor 
esclarecermos esta situação, traz-se aqui a lição de Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini 
Grinover e Cândido Rangel Dinamarco: “Caracteriza-se a ação, pois, como uma situação jurídica de 
que desfruta o autor perante o Estado, seja ela um direito (direito público subjetivo) ou um poder. 
Entre os direitos públicos subjetivos, caracteriza-se mais especificamente como direito cívico, por 
ter como objeto uma prestação positiva por parte do Estado (obrigação de dare facere, praestare): 
a facultas agendi do indivíduo é substituída pela facultas exigendi. Nessa concepção, que é da 
doutrina dominante, a ação é dirigida apenas contra o Estado (embora, uma vez apreciada pelo 
juiz, vá ter efeitos na esfera jurídica de outra pessoa: o réu, ou executado). Nega-se, portanto, ser 
ela exercida contra o adversário isoladamente, contra este e o Estado ao mesmo tempo, ou contra 
a pessoa física do juiz” (Teoria Geral do Processo, p.252). 
 Subjetivo: pois se refere ao direito que a pessoa tem de exigir algo. Seu titular pode exigir do 
Estado-Juiz a prestação jurisdicional 
 Determinado: porque é instrumentalmente ligado a um fato concreto. Ingressa-se no Poder 
Judiciário, pedindo algo específico. 
 Autônomo: não depende da existência efetiva do direito material invocado. O direito de ação 
não se confunde com o direito objetivo material que ampara a pretensão em juízo. A ação penal 
possui vida própria. A ação tem um conteúdo próprio e totalmente diverso do direito material a que 
esta ligado. Entende-se como sendo o destinatário da ação não o sujeito passivo, mas sim, o 
Estado, representado pelo órgão judiciário, a quem se endereça o pedido sobre a pretensão. 
 Específico: apresenta um conteúdo, que a pretensão que se deduz em juízo. 
 Abstrato: O direito de ação é abstrato, na medida em que independe do resultado final do 
processo, de que o autor tenha ou não razão, ou de que obtenha ou não êxito no que pretende 
 
2 
 
3. Classificação da ação penal: 
Com base no sujeito que a promove ou classificação subjetiva : neste caso, podemos dizer 
que a ação penal é: a) pública (quando promovida por um órgão do Estado, que pertence a 
Administração. No Brasil este órgão é o Ministério Público) e b) privada (quando promovida, de 
forma excepcional, pelo ofendido, seu representante legal ou seus sucessores). Fique claro, porém, 
que a terminologia não modifica o caráter da ação, que é sempre pública porque toda ação tem 
como sujeito passivo o Estado e em um de seus polos existe atividade de direito público. 
 Por sua vez, a ação penal pública subdivide-se em incondicionada e condicionada. Diz-se 
incondicionada quando, para promovê-la, o Ministério Público independe da manifestação da 
vontade de quem quer que seja. Condicionada, nos casos em que, embora a titularidade da ação 
seja sempre do Ministério Público, dispositivos legais específicos condicionam o exercício desta à 
representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça (CP, art. 102, § 1º). A regra geral 
é ser incondicionada a ação pública. A condicionada representa exceção. 
 A ação de iniciativa privada também se subdivide em duas espécies: ação de iniciativa 
exclusivamente privada e ação subsidiária da pública. A primeira compete exclusivamente ao 
ofendido, ao seu representante legal ou sucessor. Na segunda, a titularidade compete a qualquer 
das pessoas citadas, sempre que o titular da ação penal pública – o Ministério Público - deixar de 
intentá-la no prazo da lei (Const. art. 5º, inc. LIX; CPP, art. 29, e CP, art. 100, § 3º). 
 
4. Condições da Ação: são condições que o autor está obrigado a observar para exercer o direito 
de ação. Assim define Hidejalma Muccio: “...por condições da ação, se deve entender as condições 
a que o autor está obrigado, por lei, a observar para exercer o direito de ação. Aos requisitos, 
portanto, exigidos por lei para o exercício da ação penal, que possibilita o conhecimento do pedido 
pelo Juiz, que o julga na sentença, fundado ou infundado, procedente ou improcedente, dá-se o 
nome de condições da ação...” (Curso de processo penal, vol I, p.399). Na mesma toada é a lição 
de Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco: “Embora 
abstrato e ainda que até certo ponto genérico, o direito de ação pode ser submetido a condições 
por parte do legislador ordinário. São as denominadas condições da ação (possibilidade jurídica, 
interesse de agir, legitimação ad causam), ou seja, condições para que legitimamente se possa 
exigir, na espécie, o provimento jurisdicional” (Teoria Geral do Processo, p.255). 
 A ação deve sempre objetivar uma providência juridicamente possível, só podendo ser 
exercida por quem de direito, devendo o autor ter interesse na lide e interesse em se valer dos 
órgãos jurisdicionais. Somente preenchidas estas condições é que o Estado poderá dizer, ao final, 
se procede ou não o pedido. 
 As condições da ação podem ser genéricas e específicas. 
 Genéricas: são as condições indispensáveis para o exercício de qualquer ação. 
 Específicas: são as condições que podem ou não ser exigidas, sendo que se previstas em lei, 
deverão ser observadas; caso contrário não. 
 São condições genéricas: 
 
3 
 Possibilidade jurídica do pedido: o Direito penal só sanciona a conduta que anteriormente 
previu como infração penal. Princípio da nullum crimen, nulla pone sine parevia legi O pedido é 
impossível, não se podendo instaurar ação penal se o fato narrado na denúncia não constituir crime 
– artigo 43, I, CPP – no mesmo sentido, não se pode pedir a imposição de pena a caso que não 
possui correspondência legal como sendo crime. 
 Legitimatio ad causam: é a pertinência subjetiva da ação. A ação penal somente poderá ser 
intentada pelo seu titular (Ministério Público ou o ofendido) em relação a quem, em tese, praticou o 
ato ilícito. Evidentemente, que falta legitimação quando a denúncia imputa crime à testemunha, à 
menor, à parlamentar em gozo das imunidades. A legitimidade é assim positiva e negativa. 
 No caso de ação penal pública, a ação é promovida pelo Estado, que possui o direito de 
punir. É o Ministério Público quem promove a ação, decorrendo sua legitimidade daCF (artigo 129, 
inciso I, da CF). Na ação penal privada, por razões de política criminal, o Estado concede ao 
ofendido ou seu representante legal, a competência para a promoção da ação. No caso o ofendido 
ou seu representante, postula em nome próprio, direito alheio. É a chamada substituição 
processual ou legitimação extraordinária. 
 Caso não preencha estas condições, a ação penal não poderá se iniciar, devendo ser 
rejeitada a denúncia ou queixa (Artigo 43, inciso III, do CPP). Confira o seguinte exemplo: 
“QUEIXA-CRIME OFERECIDA POR PREFEITO MUNICIPAL EM FUNÇÃO DO EXERCÍCIO DO CARGO. 
HIPÓTESE DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA, MEDIANTE REPRESENTAÇÃO. 
ILEGITIMIDADE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. DEFERIMENTO DO WRIT. Se a ação penal é 
pública condicionada e o ofendido a inicia mediante queixa, falta-lhe legitimidade para agir na 
persecução punitiva, pela ausência de uma das condições da ação, devendo tal peça vestibular ser 
rejeitada com fulcro no art. 43, III, do Código de Processo Penal. HC. 0.019.936-4. Relator: Des. 
MOACYR PITTA LIMA.” 
 Interesse de agir: dois aspectos podem ser analisados neste caso: a necessidade e a 
adequação. O primeiro é no sentido de que é vedado impor sanção penal com as próprias mãos, 
razão pela qual sempre haverá interesse em se acionar o Estado-Juiz para imposição de uma 
sanção penal, havendo, portanto, necessidade de propositura de ação penal. A adequação é no 
sentido de que a ação penal deverá ser adequada para a solução do problema, o que no nosso 
ordenamento é regra. Assim se daria o preenchimento deste pressuposto pela simples ocorrência 
de uma infração penal. 
 Ocorre que a melhor doutrina moderna vem adotando que somente haverá interesse de 
agir se existirem indícios razoáveis acerca da autoria e prova da materialidade. Não é necessária 
prova certa e definitiva, mas sim indícios. Deverá uma ação penal ser lastreada em inquérito 
policial ou outros documentos. É o que se chama de justa causa para a promoção da ação penal. 
 A ação penal proposta sem qualquer lastro probatório, seja em inquérito policial ou outros 
documentos, deve ser rejeitada por falta de legítimo interesse, pois o autor será carecedor da 
ação. Visa proteger o status dignatis da pessoa acusada. Confira: “TRANCAMENTO DE AÇÃO 
PENAL. INEXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL. ACUSAÇÃO SEM BASE NA REALIDADE. FALTA DE JUSTA 
CAUSA. EXTENSÃO DE JULGADO. DEFERIMENTO DA ORDEM. Imputando ao paciente fato 
inoperante para o resultado, o aditamento não fundamentado em elementos sérios, idôneos, 
 
4 
indiferente à realidade do processo, constitui abuso de poder do Ministério Público, sanável 
mediante a garantia constitucional do habeas-corpus. H.C. 188/89. Relator: Des: RAYMUNDO 
VILELA.” 
 Condições específicas da ação penal são àquelas condições previstas apenas para 
aquela ação que está sendo proposta. São condições que são exigidas em apenas alguns casos. 
São sempre exigidas por lei, não sendo confundidas com as condições genéricas da ação penal (são 
decorrentes da teoria geral do processo). Sem a presença destas condições, não é possível se 
intentar a ação penal. Recebem o nome de condições de procedibilidade ou de perseguibilidade. 
Ex: a representação do ofendido ou do representante legal; requisição do Ministro da Justiça; 
certidão de trânsito em julgado da sentença que por motivo de erro ou impedimento anulou 
casamento (artigo 236 do Código Penal); laudo de constatação de natureza da substância 
entorpecente (art.22, § 1º). 
 Não preenchendo estes requisitos, que são analisados após a análise das condições 
genéricas da ação, a denúncia ou queixa serão rejeitadas (artigo 43, III, in fine, do CPP). 
 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA E AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
1. Classificação: segundo o art. 100 do CP, que traça diretrizes básicas sobre a classificação da 
ação penal, esta pode ser ação penal pública ou ação penal de iniciativa privada. A pública se 
divide em incondicionada ou condicionada a representação do ofendido/representantes ou 
sucessores ou a requisição do Ministro da Justiça. Para melhor memorização, destaca-se a lição de 
Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco: A privada, 
ao seu turno, divide-se em exclusiva, personalíssima e subsidiária da pública. Assim, temos: 
 
à requisição do MJ à representação
condicionada incondicionada
pública
exclusiva subsidiária da púb. personalíssima
privada
ação penal
 
 
2. Ação penal pública (noções gerais e conceito): em tese, toda a ação penal é pública, pois é 
um direito público subjetivo manifestado contra o Estado-Juiz. A divisão que se faz entre pública e 
privada, se refere à legitimidade para agir. Se promovida pelo Estado-Administração é pública; se 
promovida pela vítima ou seu representante legal, é privada. Deste modo, a ação penal pública é 
aquela que tem como titular exclusivo (legitimidade ativa) o Ministério Público (art. 129, I, da CF). 
 O titular da ação penal pública é sempre o Ministério Público. É chamado de dominus litis, 
sendo um órgão da Administração. É representado pelos Promotores de Justiça e Procuradores de 
Justiça, que pedem ao Poder Judiciário, uma providência jurisdicional de aplicação da lei penal. 
 
5 
Exercem a chamada pretensão punitiva. Trata-se de um órgão uno e indivisível (podem ser 
substituídos uns pelos outros). Deve acompanhar todos os atos do processo, funcionando não só 
como autor, mas também como custus legis, devendo velar pelo correto desenvolvimento 
processual e observância da lei. 
 A ação penal pode ser promovida com base no inquérito policial (regra geral) ou com base 
em outros documentos escritos, fornecidos por qualquer cidadão (ver artigo 27 do CPP). Estes 
documentos escritos não exigem formalidade, mas devem fornecer elementos suficientes para 
ensejar propositura de ação penal. 
 O Ministério Público tem prazo para propor ação penal (depende do tipo de ação), se não 
propor a legitimidade passa também ao ofendido - artigo 5º, LIX, da CF e artigo 100, § 3º, do 
Código Penal, e artigo 29, do CPP (ação penal privada subsidiária da pública). Admite -se também 
recurso supletivo do ofendido, caso o Ministério Público não apele contra a sentença definitiva ou 
contra impronúncia (Art. 598 e 584, § 1º, do CPP). 
 A ação penal em regra é pública, sendo que somente será privada, quando a Lei assim 
definir. Vale lembrar que, apesar de a matéria constar no rol de legitimidade exclusiva do 
Ministério Público, ante a sua inércia (não oferecimento de denúncia no prazo legal), pode o 
ofendido ou seu representante legal ingressar com ação penal de iniciativa privada subsidiária da 
pública (art. 5.º, LIX, da CF). Confira: “CRIME DE IMPRENSA - Queixa crime subsidiária - 
Oferecimento tendo em vista o fato de o Ministério Público, no decênio legal, não pedir a 
instauração de ação penal pública condicionada nem se manifestar quando ao arquivamento da 
representação - Admissibilidade - Posterior manifestação do órgão no sentido do arquivamento da 
representação que não torna o ofendido parte ilegítima para intentar ação privada - Legitimidade 
"ad causam" reconhecida - "Habeas corpus" denegado (STF) RT 647/345” 
 A ação penal pública subdivide-se em ação penal pública incondicionada e ação penal 
pública condicionada. A ação penal pública incondicionada é também chamada de plena. Já a ação 
penal pública condicionada recebe o nome de semipública ou secundária. 
 
 Ação penal pública incondicionada: é incondicionada quando o seu exercício não se 
subordina a qualquer requisito; significa que pode ser iniciada sem a manifestação de vontade de 
qualquer pessoa. Assim, o Ministério Público independe de qualquer condição para agir. Quandoo 
artigo de lei nada mencionar, trata-se de ação penal pública incondicionada. É regra no Direito 
brasileiro. 
 Ação penal pública condicionada: é condicionada quando o seu exercício depende de 
preenchimento de requisitos (condições). Neste caso, o Ministério Público para promover uma ação 
penal necessita do preenchimento de uma condição recebendo, pois, o nome de ação penal pública 
condicionada, semipública ou secundária. O exercício da ação é cometido ao Ministério Público, que 
para promovê-la deverá satisfazer uma condição. 
 A condição exigida por lei pode ser a representação do ofendido ou a requisição do Ministro 
da Justiça. Discute-se na doutrina qual a natureza destas condições, sustentando alguns autores 
que se trata de condição objetiva de punibilidade (Hélio Tornaghi). Porém, para a maioria da 
doutrina, estas condições possuem a natureza jurídica de condição objetiva de procedibilidade. Isto 
 
6 
porque o Ministério Público só pode promover a ação quando existir uma ou outra destas 
condições. 
 
2.1. Representação do ofendido: é a manifestação de vontade do ofendido ou de seu 
representante penal, no sentido de movimentar-se o jus persequandi in juditio. Trata-se, portanto, 
de ato autorizando o Ministério Público a ingressar com a ação penal respectiva. Como a regra é a 
ação penal pública incondicionada, somente será exigido tal ato quando o artigo ou as disposições 
finais do capítulo mencionar a expressão “somente se procede mediante representação”. A 
representação não exige formalidades, deve apenas expressar, de maneira inequívoca, a vontade 
da vítima de ver seu ofensor processado. Pode ser dirigida ao Ministério Público, ao Juiz de Direito 
ou a Autoridade Policial (art. 39 do CPP). Pode ser escrita (regra) ou oral, sendo que neste caso, 
deve ser reduzida a termo. 
 Três razões principais justificam a necessidade de representação: a) o bem ofendido não é 
tão grave a ponto de afetar a vida em sociedade (lesão corporal de natureza leve); b) o bem é de 
natureza íntima, sendo que a vítima deve ser consultada acerca da conveniência ou não da 
instauração da ação (crime contra a honra praticado contra funcionário público), e c) o bem 
jurídico é relevante, porém a vítima pode sofrer um mal maior com o processo -strepitus judicci-, 
razão pela qual é necessário consultá-la acerca da conveniência de se ingressar com a ação (crime 
contra os costumes, quando a vítima for pobre). 
 
2.1.2. Natureza jurídica: a representação tem natureza jurídica de condição de procedibilidade. 
Sem a representação, não há como se propor ação penal. A representação é autorização para a 
persecução penal de um fato e não de pessoas (eficácia objetiva). Seu caráter eminentemente 
processual, mas por interferir no ius puniendi do Estado, acaba por retroagir no tempo. 
 
 2.1.3. Titular do direito de representação: a representação poderá ser oferecida pelo ofendido 
ou seu representante legal. A capacidade processual penal se atinge aos 18 anos (interpretação 
extensiva do artigo 34 do CPP). Algumas situações merecem destaque: 
 Ofendido menor de 18 anos ou mentalmente enfermo: quem deverá representar é seu 
representante legal - conceito amplo (pai, mãe, tutor, curador, avós, tios, pais de criação - toda a 
pessoa a quem o ofendido incapaz esteja ligado por algum parentesco ou que o tenha sob 
dependência econômica). Se não tiver representante ou se seus interesses colidirem com os do 
representante, nomeia-se curador especial -artigo 33 do CPP aplicado analogicamente-. Curador é 
um substituto processual, pois age em nome próprio, na defesa de interesse alheio. 
 Ofendido com 18 anos ou mais e capaz: somente o ofendido. 
 Procurador: é admitido que o direito de representação seja exercido por procurador com 
poderes especiais (artigo 39, "caput", do CPP). 
 Morte ou ausência do ofendido: Nestes casos o direito de representação se transmite ao 
cônjuge (também o companheiro), ascendente, descendente ou irmão (artigo 24, par. único). Es ta 
enumeração é taxativa, não podendo ser ampliada. A ordem é preferencial (comparecendo um, 
 
7 
exclui-se os demais - aplica-se o artigo 36 analogicamente). Se uma oferecer representação, as 
outras não podem se retratar. No caso de volta do ausente, ele poderá representar. 
 Pessoas jurídicas: podem representar através das pessoas indicadas no contrato ou no 
estatuto social, ou na falta, pelos seus diretores e sócio-gerentes (artigo 37). 
 
2.1.4. Prazo: Artigo 38 do CPP - 06 meses a contar do dia em que a vítima ou seu representante 
legal veio a tomar ciência de quem é o autor do crime - (na lei de imprensa é diferente, pois conta-
se da data do fato). Não oferecida no prazo, há extinção da punibilidade (artigo 107, inciso IV, do 
Código Penal). Por ser matéria que interfere no ius puniendi do Estado, conta-se o dia do começo e 
exclui o do final, sendo ele fatal e improrrogável (contagem conforme regra do direito penal). O 
prazo é decadencial, não se suspende e nem se interrompe. 
 Menor de 18 anos ou enfermo: O prazo não corre até a maioridade ou cessação da 
enfermidade. Corre, porém, para o representante. 
 No caso dos sucessores: tem início quando um deles tomar conhecimento do autor do fato 
criminoso, sendo o prazo comum para todos (artigo 38, parágrafo único). 
 
2.1.5. Forma: não exige a lei forma especial. Basta que o ofendido ou seu representante legal 
manifeste o desejo de se instaurar o procedimento criminal contra o autor do delito de maneira 
clara. Deve conter: a) informações que possam servir a apuração do fato (artigo 39, § 2º), b) ser 
por escrito, com firma reconhecida, c) se oral ou por escrito sem firma reconhecida, deverá ser 
reduzida a termo. Feita contra apenas um dos autores da infração, a representação vale contra 
todos, ocorrendo a chamada eficácia objetiva da representação. Confira: “PROCESSO CRIME - 
Nulidade - Inexistência - Representação formulada em processo por crime de natureza sexual - 
Desnecessidade de formalidade sacramental - Representante que demonstrou o desejo de 
processar o ofensor da honra da filha - "Habeas corpus" denegado - Inteligência do art. 39 do CPP 
(TJMS) RT 545/408” 
 
2.1.6. Destinatários: A representação pode ser dirigida: 
 Juiz: neste caso, se houver elementos suficientes para a propositura da ação penal, o Juiz envia 
a representação ao Ministério Público. Se não houver elementos, envia à Autoridade Policial, 
requisitando-se inquérito policial. 
 Ministério Público: se houver elementos suficientes, já oferece denúncia. Caso contrário, 
também requisitará inquérito policial. Se entender que não há crime a ser apurado, promove o 
arquivamento das peças em juízo. 
 Autoridade Policial: instaura inquérito policial se for competente, ou se não for remete as 
peças de informação a quem seja. 
 Em todos os casos a representação deve ser feita por escrito, com firma reconhecida. Se 
ora e sem firma reconhecida, deve ser reduzida a termo. 
 
2.1.7. Retratação: segundo o art. 25 do CPP, pode o ofendido retratar-se até o oferecimento da 
denúncia. Pode haver a retratação da retratação, desde que seja fe ita dentro dos seis meses da 
 
8 
data do conhecimento da autoria. A representação não vincula o Ministério Público a ingressar com 
a ação; o Ministério Público só oferecerá a denúncia se vislumbrar a materialidade do crime e os 
indícios de autoria (poderá pedir o arquivamento do feito). Discute-se na doutrina se é possível a 
retratação da retratação (restauração da primitiva representação diante de nova manifestação da 
vítima feita antes de vencido o prazo decadencial). Capez e Tourinho não admitem a retratação da 
retratação, sob a argumentação de que ela forneceriaarma poderosa para a vítima, para fins de 
vingança. Porém, Hidejalma Muccio, compartilha nosso entendimento de que tal situação é 
possível, lecionando que: “A retratação da retratação não é vedada expressamente pela lei 
processual penal. Logo é possível. Como a retratação da retratação tem o condão de revigorar a 
primitiva representação, só pode se verificar se dentro do prazo decadencial de 06 meses, que é o 
prazo da representação, estabelecido pelo artigo 38 do Código de Processo Penal. Do contrário, 
decorrido esse prazo, opera-se a decadência do direito, e, portanto, a extinção da punibilidade do 
agente. A retirada da representação (retratação) não implica, necessariamente, em renúncia, 
apenas indica que naquele momento o processo não se mostrava oportuno ou conveniente ao 
ofendido ou ao seu representante legal, que, mais tarde, pode entender de forma diferente, e 
insistir então na primitiva representação (retratação da retratação)” (Curso de processo penal, 
vol.I, p.458). 
 
2.2. Requisição do Ministro da Justiça: trata-se de um ato administrativo, discricionário e 
irrevogável, que deve conter menção do fato criminoso e dados de identificação e qualificação da 
vítima e do autor do crime. 
 Pode ser conceituado como um ato político e discricionário pelo qual o Ministro da Justiça 
autoriza o Ministério Público a propor a ação penal pública nas hipóteses legais. Tem natureza 
jurídica de condição de procedibilidade e, como a representação, não vincula o Ministério Público a 
oferecer a denúncia (pode requerer o arquivamento). 
 A requisição é autorização para a persecução penal de um fato e não de pessoas (eficácia 
objetiva). O Ministro da Justiça não tem prazo para oferecer a requisição, quer seja, pode oferecê-
la a qualquer tempo (não se sujeita aos seis meses de prazo como na representação). 
 
2.2.1. Incidência: por também ser exceção em nosso ordenamento, é somente exigida quando 
prevista em lei, podendo-se citar: a) nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil (art. 7.º, § 3.º, “b”, do CP); b) nos crimes contra a honra cometidos contra Chefe de 
Governo estrangeiro (art. 141, I, c.c. o parágrafo único do art. 145, ambos do CP), e c) nos crimes 
de injúria praticados contra o Presidente da República (art. 141, I, c.c. o parágrafo único do art. 
145, ambos do CP e art. 26 da Lei de Segurança Nacional). 
 
2.2.2. Destinatário: neste caso, somente o Ministério Público, na pessoa de seu Procurador 
Gerla.. Porém, nada impede que seja feita à Autoridade Policial ou ao Juiz, que a recebendo a 
remeterá ao membro do Parquet. . 
 
 
9 
2.2.3. Prazo: não há prazo estabelecido para o oferecimento da representação, podendo ser feita 
a qualquer tempo enquanto não extinta a punibilidade do autor da infração. Não existe prazo 
decadencial para a requisição. 
 
2.2.4. Retratação da requisição: não é admitida pela maioria dos doutrinadores (Capez, 
Mirabette). A uma, porque a lei não contempla esta hipótese. A duas, porque se trata de um ato 
administrativo, que parte de um agente gabaritado, sendo fruto de seriedade e não fruto de 
irreflexão. Porém, alguns doutrinadores a admitem (Hidejalma Muccio e Jorge A. Romeiro). 
 
2.2.5. Vinculação: a requisição não vincula o Ministério Público. De fato, o órgão do Ministério 
Público, mesmo diante da requisição pode entender que o caso apresentado comporta 
arquivamento. Sendo assim, a requisição deve ser entendida como uma mera autorização e não 
uma imposição para o oferecimento de ação penal. 
 
2.2.6. Eficácia objetiva: a requisição é válida contra todos, embora possa ter oferecido contra 
apenas um dos autores da infração. 
 
2.3. Princípios da ação penal pública: são válidos tanto para a ação penal pública 
incondicionada como a condicionada. A única diferença é que na ação penal pública condicionada, 
deve ser observada a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça (condições 
de procedibilidade). 
 Oficialidade: o órgão encarregado da ação penal pública é oficial, isto é, é público. O Estado é 
titular do direito de punir, que só se efetiva mediante o devido processo legal, que tem início com a 
propositura de ação penal. Em regra, cabe aos próprios órgãos públicos a persecução penal, sendo 
que após séculos de evolução, concedeu-se a titularidade da ação penal ao Ministério Público. 
Exceção nos casos de ação penal privada subsidiária. 
 Obrigatoriedade ou da legalidade: uma vez verificada a ocorrência do crime, com indícios de 
autoria e prova da materialidade, não pode o Ministério Público recusar-se a dar início à ação 
penal. Dois princípios vigoram neste campo: 1) o da obrigatoriedade e 2) da oportunidade (possui 
liberdade para propor ou não ação penal, analisando critérios de conveniência e oportunidade 
administrativa). No Brasil, a regra é que vigora o princípio da obrigatoriedade. Tanto é que se for 
pedir o arquivamento, precisará expor os seus motivos, ficando sujeito ao controle pelo poder 
judiciário (controle anômalo - porque não jurisdicional), bem como pelo Procurador de Justiça 
(artigo 28 do CPP). 
 Este princípio sofreu mitigações, em face da regra do artigo 98, inciso I, da CF e a Lei n.º 
9099/95 (artigo 76). A transação penal não ofende o princípio da obrigatoriedade e da legalidade, 
porque previsto na CF e regulamentado em lei. Nestes casos, obedece -se o princípio da 
discricionariedade regrada. 
 Indisponibilidade: está prevista no artigo 42 do CPP. Uma vez oferecida a ação penal, o 
Ministério Público não pode dela desistir. Não poderá também desistir do recurso interposto Art.576 
(chamado também de princípio da indesistibilidade). Decorre do próprio princípio da 
 
10 
obrigatoriedade. Se o PJ é obrigado a ingressar com a ação penal, logo é obrigado a prosseguir 
com ela. Sofre mitigação pelo artigo 89 da Lei n.º 9099/95 (suspensão do processo). Por este 
princípio, temos que o Juiz pode condenar o acusado, mesmo que o Ministério Público tenha pedido 
absolvição do réu (artigo 385 do CPP). O órgão do Ministério Público não dispõe do conteúdo da 
relação jurídico-material. 
 Divisibilidade: muito embora alguns autores critiquem esta posição (Fernando Capez e 
Hidejlama Muccio), vigora tal princípio da ação penal pública, pois o Ministério Público pode 
oferecer denúncia em relação a alguns réus e arquivar em relação aos demais, ou optar por 
maiores colheitas de prova. Pode-se aditar a ação penal posteriormente, etc.. 
 Intranscendência: a ação penal somente pode ser proposta contra o autor da infração penal, 
não podendo abranger os responsáveis civis. A ação penal somente pode ser promovida contra a 
pessoa ou as pessoas a quem se imputa a prática da infração. 
 
3. Ação Penal Privada: é a ação proposta pelo ofendido ou seu representante legal, azo em que 
se faz presente o fenômeno da substituição processual. De efeito, o Estado-Administração é o 
titular exclusivo do direito de punir. Porém, nas hipóteses de ação penal privada, o Estado 
transfere ao particular a iniciativa da ação penal, mas não o direito de punir. O ofendido em nome 
próprio defende interesse alheio (legitimação extraordinária). Na ação penal pública, ocorre 
legitimação ordinária, porque é o Estado soberano, por meio do Ministério Público, que movimenta 
essa ação. 
 Para melhor entendermos a ação penal privada colacionamos aqui a lição de José Frederico 
Marques: “A ação penal privada é um caso de substituição processual em que o Estado transfere 
ao particular o direito de agir e de acusar, para que este promova a instauração do processo penal, 
deduzindo em juízo a pretensão punitiva nascida do fato delituoso. Como o Estado é o único titular 
do direito depunir, o ofendido ou o querelante, na ação penal privada, não invoca nenhum direito 
material seu. A pretensão punitiva deduzida em juízo tem no Estado seu titular, pelo que este 
transfere ao ofendido tão-só o direito de acusar” (Elementos de Direito Processual Penal, vol.I, 
p.323) 
 Na ação penal privada o autor se chama querelante e o réu querelado. 
 
3.1. Titularidade: em se tratando de ação penal privada terão legitimidade para ingressar com a 
mesma o ofendido, seus representantes no caso de incapacidade ou seus sucessores. Contudo, 
eles não podem ingressar diretamente com a ação, devendo, necessariamente estarem assistidos 
por advogados. Isto porque não possuem capacidade postulatória, que é a capacidade para 
praticar atos em juízo. Conforme o tipo de situação, temos: 
 Ofendido capaz: cabe a ele o exercício do direito de queixa (art. 30 do CPP). A capacidade no 
processo penal é atingida aos 18 anos. 
 Ofendido menor de 18 anos ou mentalmente enfermo: quem deverá ingressar com a ação 
penal é seu representante legal - conceito amplo (pai, mãe, tutor, curador, avós, tios, pais de 
criação - toda a pessoa a quem o ofendido incapaz esteja ligado por algum parentesco ou que o 
tenha sob dependência econômica). Se não tiver representante ou se seus interesses colidirem 
 
11 
com os do representante, nomeia-se curador especial -artigo 33 do CPP. Curador é um substituto 
processual, pois age em nome próprio, na defesa de interesse alheio. Trata-se de pessoa capaz, 
nomeada a requerimento do Ministério Público, pelo Juiz competente. Não precisa ser advogado, 
porém se não for precisará de um para ingressar com a ação penal. 
 Morte ou ausência do ofendido: nestes casos o direito de queixa se transmite ao cônjuge (e 
também ao companheiro), ascendente, descendente ou irmão (artigo 31 do CPP). Esta enumeração 
é taxativa, não podendo ser ampliada. A ordem é preferencial (comparecendo um, exclui-se os 
demais - aplica-se o artigo 36 analogicamente). Se uma oferecer queixa-crime, as outras não 
podem renunciar. No caso de volta do ausente, ele poderá prosseguir na ação penal. 
 Pessoas jurídicas: podem ingressar com a ação penal através das pessoas indicadas no 
contrato ou no estatuto social, ou na falta, pelos seus diretores e sócio-gerentes (artigo 37). 
 
3.2. Espécies de Ação Penal Privada: três são as espécies da ação penal privada, sendo elas: 
 Ação penal exclusivamente privada: é aquela proposta pelo ofendido ou seu representante 
legal e, no caso de morte do ofendido, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará 
ao cônjuge, ao ascendente, ao descendente ou ao irmão (art. 31 do CPP). 
 Ação penal privada personalíssima: é aquela que só pode ser promovida única e 
exclusivamente pelo ofendido, sendo que no caso de sua morte, a impossibilidade de seus 
sucessores ingressarem com a ação. Ex.: induzimento a erro essencial (art. 236 do CP). 
 Ação penal privada subsidiária da pública: aquela proposta pelo ofendido ou por seu 
representante legal na hipótese de inércia do MP em se manifestar no prazo legal quando da 
remessa do inquérito policial concluído. Deste modo, se o Promotor de Justiça não oferecer 
denúncia, não pedir diligências ou não requerer o Arquivamento, poderão a vítima ou seus 
representantes ingressar com ação penal privada subsidiária da pública. Encontra assento 
constitucional, tratando-se de um direito e garantia individual (Art. 5º, inciso LIX, da Constituição 
Federal). 
 
3.3. Prazo: o prazo para o oferecimento da queixa, em regra, é de seis meses a partir do 
conhecimento da autoria. Trata-se de prazo decadencial, pois seu decurso leva à extinção do 
direito de queixa. A decadência extingue o direito de ação (queixa) e o direito de representação e 
não se confunde com a prescrição, que extingue o direito de punir ou a pretensão executória. 
 A decadência é um prazo de direito material contado de acordo com o Código Penal. O 
prazo decadencial para o oferecimento da queixa interrompe-se com o seu oferecimento, e não 
com o seu recebimento. O prazo decadencial não se prorroga se terminar num domingo ou feriado, 
sendo que na sua contagem inclui-se o dia do começo e exclui-se o do fim. No caso da ação 
privada subsidiária da pública, o prazo decadencial é de 6 meses também, contudo, conta-se a 
partir do encerramento do prazo para oferecimento da denúncia. 
 A decadência do direito de queixa subsidiária não extingue a punibilidade, só extingue o 
direito de ação, podendo o Ministério Público oferecer a denúncia a qualquer tempo. A ação privada 
subsidiária da pública conserva sua parte pública. 
 
 
12 
3.4. Princípios da Ação Penal Privada: são princípios da ação penal privada 
 Princípio da conveniência ou oportunidade: o ofendido tem a faculdade e não o dever de 
propor a ação penal. É ele quem decide se deve ingressar, não sendo obrigado a tal mister. A única 
conseqüência para sua inércia é a extinção da punibilidade do autor do fato pela decadência. 
 Princípio da disponibilidade: ofendido pode desistir ou abandonar a ação penal privada. O 
perdão do ofendido depende da aceitação da outra parte. A desistência com a aceitação do 
ofendido equivale ao perdão. Outrossim, poderá ocorrer a hipótese de perempção. 
 Princípio da indivisibilidade: o ofendido é obrigado a incluir na queixa todos os ofensores. O 
ofendido não é obrigado a entrar com queixa, mas, se o fizer, é obrigado a interpor contra todos 
(art. 48 do CPP). Ainda segundo o princípio da indivisibilidade, a extinção da punibilidade alcança 
todos os querelados. 
 Princípio da intranscendência: igual ao da ação penal pública. 
 
 
3.5. Causas extintivas de punibilidade relacionadas diretamente com o direito de ação: na 
ação penal exclusivamente privada pode ainda ocorrer causas extintivas da punibilidade que são: 
 Decadência: é a extinção do direito de queixa em virtude do decurso do prazo de 06 meses, 
contados da data em que o ofendido tem conhecimento de quem seja o autor da infração ou no 
caso da ação penal privada subsidiária da pública, da data em que termina o prazo para o 
Ministério Público. No caso da ação penal exclusivamente privada, a decadência é causa de 
extinção da punibilidade. Não existe decadência nos crimes de ação penal pública condicionada à 
requisição do Ministro da Justiça. 
 Renúncia: é a manifestação de vontade do ofendido de não promover a ação penal. É ela 
incondicionada e não depende do consentimento do autor da infração. Havendo em relação a um, 
se estende aos demais (artigo 49 do CPP). Pode ser expressa ou tácita (prática de atos 
incompatíveis). A renúncia tácita pode ser provada por qualquer meio. No caso de ofendido maior 
de 18 e menor de 21 anos, o direito é autônomo, por isso a renúncia de um, não exclui a do outro. 
Ocorre sempre antes do processo, pois pressupõe o não exercício do direito de queixa. 
 Desistência: é a manifestação de vontade de não dar prosseguimento a uma ação já 
instaurada. O CPP não se refere expressamente a ela, mas é possível face ao princípio da 
disponibilidade da ação penal privada (há apenas referência no artigo 522 do CPP). Não depende 
da vontade do querelado (diverso do processo civil). 
 Perempção: é a extinção da ação penal exclusivamente privada que ocorre nas hipóteses do 
artigo 60 do CPP. Ocorrerá: a) o querelante deixa de promover o andamento do processo por mais 
de 30 dias; b) falecendo o querelante ou tornando-se incapaz, não comparece para prosseguir no 
feito, dentro de 60 dias, os cônjuges, ascendente, descendente ou irmão. Haverá perempção, 
também, no caso de ação privada personalíssima, pois o direito é intransmissível; 3) se o 
querelante deixar de comparecer a qualquer ato processualque exija sua presença, e 4) se o 
querelante deixar de pedir condenação nas alegações finais. Extinguirá também por perempção, se 
o querelante for pessoa jurídica e não deixar sucessor. Ela é decretada de ofício pelo juiz e 
independe de intimação (artigo 61 do CPP). 
 
13 
 Perdão: é a manifestação de vontade de não se aplicar à pena, a despeito da ocorrência do 
fato. Como envolve a necessidade de reconhecimento do fato, para produzir a extinção da 
punibilidade deve ser aceito, pessoalmente ou por procurador com podres especiais. Dado a um 
dos querelados, a todos se aproveita, mas não produzirá efeitos contra aquele que recusar. 
 Observações: 
a) A recusa ao perdão deve ser expressa, porque, concedido ele nos autos, o silêncio do querelado 
depois de 03 dias importa em sua aceitação. 
b) Pode haver concessão e aceitação do perdão extraprocessualmente, desde que em declaração 
assinado pelo ofendido ou querelado, conforme o caso, seu representante legal ou procurador com 
poderes especiais. 
c) Pode haver perdão tácito, se o ofendido pratica atos incompatíveis com a vontade de um decreto 
condenatório, admitindo-se dilação probatória para sua demonstração. 
d) Não se admite perdão depois de passada em julgado a sentença condenatória. (artigo 106, § 
2º). 
 
 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
1. Introdução: muito embora a jurisdição seja una, não há como deixar para um só juiz a 
possibilidade de julgar todas as causas. Por esta razão, a lei distribui a jurisdição por vários órgãos 
do Poder Judiciário. Dessa forma, cada órgão jurisdicional somente poderá aplicar o direito dentro 
dos limites que lhe foram conferidos nessa distribuição. A jurisdição, entendida como o poder de 
julgar, é dividida entre vários órgãos do Poder Judiciário. Todos eles exercem o Poder Jurisdicional, 
mas dentro de certos limites delineados em lei, derivando, daí, o conceito de competência. 
 A competência pode ser conceituada como a medida e o limite da jurisdição, dentro dos 
quais o órgão judicial poderá dizer o direito. Trata-se da delimitação do Poder Jurisdicional. 
 
2. Conceito de competência: é a medida da jurisdição, ou seja, a quantidade de jurisdição cujo 
exercício é atribuído por lei a um órgão jurisdicional ou a grupo de órgãos. Já a competência 
penal, que nos interessa, pode ser definida como o poder que tem o juiz criminal, na esfera 
criminal, de exercer sua jurisdição sobre certas matérias, sobre certas pessoas e em certo lugar; 
ou seja: "ratione personae" (em razão da pessoa); "ratione materiae" (em razão da matéria), e 
"ratione loci" (em razão do lugar). 
 Por ela, temos que um único juiz tem a possibilidade de aplicar o direito ao caso 
concreto para a solução de litígios. Trata-se, assim, do poder que o juiz tem de exercer a jurisdição 
sobre determinado conflito de interesses, surgido entre o Estado e o indivíduo, pelo cometimento 
de uma infração penal. 
 
 
14 
3. Critérios de fixação de competência: é na CF e no CPP que encontramos os critérios de 
fixação da competência dos juízes. O CPP estabelece, por exemplo, em seu artigo 69: Determinará 
a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
 A doutrina procurou sistematizar estes critérios legais. Assim, definiu que a fixação de 
competência é um procedimento lógico de concretização, na qual, seguindo os vários critérios 
estabelecidos, chega-se ao juiz competente para tanto. 
 Na lição de Mirabete dois elementos importantes concretizam a competência 
processual penal. 
 O primeiro deles é a causa criminal, quando a competência é fixada tendo em vista a 
natureza do litígio, ou seja, de acordo com a causa a ser julgada. Tal competência recebe o nome 
de material. 
 O segundo elemento se refere aos atos processuais a serem praticados, quando a 
competência é dividida de acordo com as fases do processo, ou o objeto do juízo, ou, ainda, o grau 
de jurisdição. Tal competência recebe o nome de funcional. Observa-se, porém, que a 
competência material antecede a competência funcional (Processo Penal, p.162). 
 
3.1. Competência material: tradicionalmente, a competência material vem distribuída em 
razão de 03 critérios: 
 Ratione materiae: estabelecida em razão da natureza do crime praticado (em razão da 
matéria). O juiz pode conhecer unicamente determinadas causas, que são previstas pelas leis, em 
especial de organização judiciária. Ex: art. 69, III, do Código de Processo Penal. 
 Ratione personae: estabelecida de acordo com as qualidades das pessoas incriminadas. 
Verifica-se, aqui, à qualidade da pessoa do réu, ou seja, do autor da infração. Com base no autor 
da infração, firma-se a competência do julgador. Ex: Art. 69, VII, do Código de Processo Penal. 
 Ratione loci: a competência resta estabelecida conforme o local em que foi praticado ou 
consumou-se o crime, ou o local da residência do seu autor. Ex: Art. 69, I e III. 
 
3.2. Competência funcional: como já visto anteriormente, o processo, em seu aspecto 
procedimental, pode ser visto como uma série de atos encadeados. De regra, todos estes atos são 
praticados por um único juiz. Porém, é comum que atos processuais, ainda que em único processo, 
sejam praticados por juízes diversos. Surge, aí, a necessidade de outros critérios fixando a 
 
15 
competência dos vários juízes, conforme as funções (daí o nome competência funcional) que 
exercem no processo. A doutrina distingue tal situação em 03 aspectos: 
 Fases do processo: a princípio o juiz tem competência sobre todas as fases do processo. 
Contudo, ela pode ser dividida conforme a fase em que ele se encontra. Um exemplo ocorre nos 
crimes de competência do Júri, no qual um juiz conduz a instrução do processo, sendo que outro se 
destina o seu julgamento. Ocorre, também, quando o juiz que sentenciou não é o mesmo que 
participa da para a execução da pena. 
 Objeto do processo: neste caso temos que as questões que se apresentam à julgamento 
podem ser decididas por um ou outro órgão jurisdicional. O júri apresenta tal peculiaridade. Ao juiz 
togado incumbe decidir as questões de direito que se apresentam no decurso do julgamento, 
inclusive lavrando a sentença condenatória ou absolutória, além de fixar a pena. Aos jurados 
compete a decisão acerca da existência do crime, da imputação da autoria, bem como acerca das 
qualificadoras, dos privilégios, das atenuantes, bem como as questões envolvendo exclusão de 
ilicitude ou de culpabilidade. 
 Graus de jurisdição: por este critério tem-se que a competência é deferida aos órgãos 
jurisdicionais inferiores e os superiores, sendo que estes últimos geralmente decidem em grau de 
recurso. 
 
4. Competência absoluta e competência relativa: pode-se dividir a competência em: 
 Competência absoluta: é aquela que não admite modificação. No processo penal se refere a 
competência fixada pelos critérios ratione personae e ratione materiae, bem como todos os casos 
de competência funcional. No caso de desobediência da regra estabelecida há uma nulidade 
absoluta. 
 Competência relativa: se refere aqueles casos regidos pelo critério ratione loci. No caso de 
desobediência da regra, há uma nulidade relativa. 
 
5. Distribuição de competências no direito brasileiro: em se tratando de competência 
processual penal, tem-se que no Brasil encontramos essa distribuição de competências tanto na 
CF, como no CPP. Há, ainda, regras de distribuição de competências nas Constituições Estaduais. 
 
5.1. Concretização da competência: no caso real, parase definir qual o juiz irá julgar um 
determinado caso penal, de início tem-se que procurar qual “jurisdição” aquele caso esta afeito. 
Como sabido, há no Brasil jurisdições que se dá o nome de especiais (Militar, Eleitoral e do 
Trabalho) e outras que se dão o nome de comum (federal e estadual). Assim, é preciso saber se o 
caso será julgado por um ou por outra, adotando-se critérios previstos tanto na CF, como no CPP. 
 
5.2. O lugar da infração: definida a justiça, é necessário firmar, dentro do território do país, o 
foro competente para processar e julgar o feito. O Brasil é dividido territorialmente, daí a 
necessidade de se definir o local onde será julgado o caso. 
 Em se tratando de Justiça Federal Comum a divisão é feita em seções judiciárias. 
 Em se tratando de Justiça Estadual Comum a divisão é feita em comarcas, 
 
16 
 Deste modo, tem-se as seguintes regras para se definir a seção judiciária ou comarca 
competente para julgamento. 
 
5.2.1. Regra Geral: competência pelo lugar da infração (art. 69, I, do CPP): a competência será 
determinada pelo lugar em que se consumou a infração penal, sendo irrelevante que a prisão 
tenha ocorrido em outro local (CPP, art. 70). 
 No caso de tentativa, onde foi praticado o último ato executório. 
 Na Justiça Federal, que em regra não tem sede em todas as comarcas e distritos, mas 
geralmente nas capitais e grandes cidades, a competência pelo lugar da infração é resolvida nas 
leis de organização judiciária próprias. 
 Tratando-se das hipóteses de crimes à distância, ou seja, aqueles em que as condutas 
e a consumação ocorrem em territórios diferentes, serão aplicados os §§ 1º e 2º do Código de 
Processo Penal, que dispõem: 
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a 
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último 
ato de execução. 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será 
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou 
devia produzir seu resultado. 
 
 Para estes casos, verifica-se que o CPP adotou o critério da ubiqüidade, sendo que para 
dar competência a órgãos judiciários nacionais, fixou-se como lugar do crime, tanto o lugar da 
conduta (no caso do § 1º), como do resultado (no caso do § 2º). 
 No caso de ser incerto o limite entre duas ou mais “jurisdições” (comarcas ou distritos), 
ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou 
mais jurisdições, a competência será firmada pela prevenção (artigo 70, §3º). 
 Nos casos de crimes continuados ou permanentes, praticados em território de duas ou mais 
jurisdições, a competência será também firmada pela prevenção (art. 71). 
 
Observações 
 
 Observação 1: o Código de Processo Penal adotou a teoria do resultado para fixar onde 
ocorreu o crime. É diferente do critério adotado pelo Código Penal no qual o critério adotado foi 
o da ubiqüidade. A escolha do local da infração como regra para determinação da 
competência visa atender os fins da lei penal, no que toca a prevenção geral, servindo como 
exemplo para os membros da sociedade, que tomam conhecimento acerca do cometimento da 
infração penal e da punição dada ao seu infrator. Ademais, é no local da infração onde podem 
ser colhidas as provas com mais facilidade. 
 Observação 2: A jurisprudência fixou alguns entendimentos contrários a regra do Código de 
Processo Penal visando uma melhor colheita de provas. Assim, temos que no Homicídio 
 
17 
doloso consumado o foro competente será o do local da ação e não do resultado1, pois, 
dessa forma, o réu será julgado pelos seus pares, além de facilitar a produção de provas, pois 
as testemunhas que não residem na mesma comarca onde se processa a ação não têm 
obrigação de comparecer. 
 Observação 3: no caso de estelionato mediante a emissão de cheque sem fundo (art. 171, § 
2.º, VI, do CP), o crime se consuma quando o banco sacado recusa o pagamento. O foro 
competente será o do banco sacado que recusou o pagamento do cheque (Súmulas n. 521 do 
STF e n.º 244 do STJ). 
 Observação 4: no caso de crime falimentar, o julgamento se dará no local onde se decretou a 
falência (art. 183 da Lei n.º 11.101/05). 
 Observação 5: no caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a Lei n.º 9.099/95 
inovou, dispondo em art. 63, que será competente o lugar em que foi praticada a infração 
penal. 
 
5.3.2. Exceções: 
1ª) Domicílio ou residência do réu: quando desconhecido o lugar da infração, a competência 
recairá sobre o local do domicílio ou da residência do réu (art. 72). Tem-se aqui o chamado o 
chamado foro subsidiário, pois é utilizado quando não se conhece o local da infração. 
 Se este tiver mais de uma residência ou domicílio: aplica-se a prevenção (art. 72, §1º); 
 Se não tiver residência nem domicílio certo, competente será o juiz que primeiro tomar 
conhecimento dos fatos (art. 72, §2º). 
 
Observação 
 Discute-se na doutrina se o legislador processual penal distinguiu os conceitos 
de domicílio ou residência. Conforme se verifica da redação do artigo 72, o legislador mencionou os 
dois conceitos. Em razão disto, alguns doutrinadores, entre eles Hélio Tornaghi sustenta que em 
face da ordem legal, o critério principal do artigo é o do domicílio, sendo que falhando este haverá 
o subsidiário, que é o da residência. Contudo, tem predominado o entendimento de que, para 
efeito de fixação do foro do processo penal, não há hierarquia entre domicílio e residência do réu, 
podendo se optar por um outro. 
 Deste modo, tendo o réu só residência este será o foro competente. Se tiver só 
domicílio, é aí que deverá ser conhecida a infração penal. Já se tiver os dois, sem qualquer 
preferência, poderá ser tanto o domicílio, como a residência, o foro competente. 
 
2ª) Foro de eleição: sendo caso de ação privada exclusiva, o querelante poderá escolher (critério 
optativo) entre o lugar da infração e o domicílio ou residência do réu (art. 73). 
 
1 HABEAS CORPUS – CRIME DE HOMICÍDIO – COMPETÊNCIA RATIONE LOCI – AUTO DE PRISÃO EM 
FLAGRANTE – HOMOLOGAÇÃO POR JUÍZO DIVERSO DO LOCAL ONDE A VÍTIMA FOI ATINGIDA – 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO – ORDEM CONCEDIDA – A regra de competência a ser 
obedecida, nos crimes de homicídio doloso, reza que é competente o foro do local onde ocorreu a ação e 
deveria produzir-se o resultado, e não o local onde o referido resultado efetivamente se concretizou. (TJMT – 
HC 4.796/00 – Classe I – 09 – Alta Floresta – 1ª C.Crim. – Rel. Des. Rondon Bassil Dower Filho – J. 
21.03.2000) 
 
18 
 
 
5.4. Conexão ou continência: nos arts. 76 a 82 do CPP encontram-se normas sobre a 
competência por conexão e continência. Verifica-se que tais regras não determinam a fixação 
da competência, mas são motivos para sua alteração, atribuindo-se a um juiz ou juízo a 
competência para apuração de uma infração penal que seria de outro. 
 Deste modo, embora a princípio a cada infração penal caiba um processo, por razão de 
economia, bem como em razão da segurança jurídica, pode ocorrer que duas infrações penais 
sejam apuradas num único processo, surgindo os casos de conexão e continência. Haverá, 
assim, um só julgamento unitário. 
 No caso de conexão e continência interessa saber qual é o juiz atraente, ou seja, aquele 
que, em detrimento dos outros, atraíra o julgamento de outras causas criminais, afora a sua, para 
si. 
5.4.1. Conexão: o art. 76 do CPP estabelece quando a competência será determinada pela 
conexão. Haverá conexão quando existir um liame subjetivo (entre as pessoas)ou objetivo 
(entre os delitos) unindo duas ou mais infrações penais. Nesse caso, as ações serão reunidas e 
julgadas em conjunto, simultaneus processus. 
 Distingue-se a conexão material ou substantiva, onde há várias infrações penais 
ligadas por laços circunstanciais, havendo conexão entre as próprias infrações penais (art.76, I e 
II), e a conexão processual ou instrumental, onde não há nexo entre as infrações, mas a prova 
de uma delas ou de qualquer circunstância elementar influi na de outra. 
 A conexão material ou substantiva, ao seu turno, pode ser: 
 Intersubjetiva: está prevista no artigo 76, inciso I, que prevê 03 hipóteses: 
 Por simultaneidade: duas ou mais infrações praticadas ao mesmo tempo, por diversas 
pessoas reunidas. 
 Por concurso: duas ou mais infrações são praticadas por várias pessoas em concurso, ainda 
que em circunstâncias diversas de tempo e lugar. 
 Por reciprocidade: duas ou mais infrações são praticadas por diversas pessoas, umas contra 
as outras (crime de rixa, por ex.). 
 
 Objetiva ou lógica: quando várias infrações tiverem sido cometidas, sendo uma delas para 
facilitar a execução de outra (conexão objetiva teleológica), ou para ocultar, garantir 
vantagem ou impunidade de outra (conexão objetiva consequencial). 
 Estão previstas no inciso II, do art. 76. 
 Já a conexão instrumental ou probatória está prevista no artigo 76, inciso III, azo em 
que se fixa a competência de um juiz apenas quando a prova de uma infração influir na prova da 
outra. Ocorre aqui o que chamamos de prejudicialidade homogênea. 
 
 
 Por simultaneidade 
 
 
19 
 
 Intersubjetiva Por concurso 
 
 
 Conexão Material 
 Por reciprocidade 
 
 Teleológica 
 
 Objetiva 
 Conseqüencial 
Conexão 
 
 
 
 Instrumental ou probatória 
 
 
5.4.2. Continência (art. 77 do CPP): há continência quando uma coisa está contida em outra, 
não sendo possível a separação. No processo penal configura-se continência quando uma 
demanda, diante de seus elementos (partes, causa de pedir e pedido) esteja contida em outra. 
Haverá continência quando: 
 Duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (concurso de agentes – art. 
29 do CP), praticada eventualmente em lugares diversos ou por uma pessoa que goza de foro 
por prerrogativa de função e outra não. Haverá, assim, unidade de processo e julgamento, 
muito embora, em princípio, houvesse Juízos ou juízes diversos para cada um dos participantes 
do ilícito. É chamada de continência subjetiva. 
 Houver concurso formal, aberratio ictus e aberratio delicti (continência objetiva). 
 
5.4.3. Foro Prevalente: o art. 78 do CPP determina qual o foro prevalente em caso de conexão 
e continência: 
I – Competência do Júri e de outro órgão da jurisdição comum prevalecerá a 
competência do Júri. Ocorrendo, porém, conexão/continência entre o crime eleitoral e doloso 
contra a vida, os processos serão julgados separadamente, não haverá a reunião de processos, 
pois a competência de ambos é fixada na CF/88. 
 
II – Concurso de jurisdições de mesma categoria: 
 Prepondera o local da infração à qual for cominada pena mais grave (reclusão > detenção > 
prisão simples. Se a pena máxima for igual, usa-se a que tem a maior pena mínima); 
 Sendo iguais as penas, prevalece o local onde foi praticado o maior número de crimes; 
 Se nenhum desses casos fixar a competência, utiliza-se o critério da prevenção. 
 
20 
 
III – Concurso entre jurisdições diversas: prevalece a mais graduada. Assim, temos: 
 Tribunal de Justiça e Juiz singular – prevalece o Tribunal de Justiça. 
 Se a conexão for entre crime de competência da Justiça Estadual e da Justiça Federal, 
prevalece esta, nos termos da súmula n.º 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e 
julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando 
a regra do art. 78, II, ‘a’, do CPP”. 
IV – Concurso entre Jurisdição Comum e Jurisdição Especial (militar e eleitoral): 
prevalecerá a especial. Nota-se que embora a Justiça Federal não seja especial, ela prevalece 
quando em confronto com a Justiça Estadual (Sumula 122 do STJ). 
 
5.4.4. Separação de processos: há situações em que o legislador, mesmo diante da conexão e 
continência existente, houve por bem em separar o julgamento. Assim, pode ocorrer que os 
processos serão separados de forma obrigatória ou facultativa, mesmo havendo conexão e 
continência quando: 
 Separação obrigatória: não serão reunidos os processos para julgamento em conjunto nos 
casos do art. 79 do CPP: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar: no concurso entre jurisdição comum e 
militar, o civil e julgado pela justiça comum e o militar pela Justiça militar. Observa -se que a 
Justiça Penal Militar Federal compete julgar militares e civis juntos. Esta separação somente se 
dará quando ocorrer crimes militares praticados por militares estaduais e civis. Nesse caso haverá 
separação obrigatória. 
 II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores (justiça da infância e 
da juventude): no concurso entre crime de competência da jurisdição penal e ato infracional de 
competência do Juízo da Infância e da Juventude, há também separação dos processos, em razão 
da inimputabilidade do menor de 18 anos, que fica sujeito as medidas sócio-educativas ou medidas 
de proteção previstas no ECA. 
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, 
sobrevier o caso previsto no art. 152. 
 Tem-se também que sobrevindo doença mental a um dos co-réus, o processo também 
cindirá, ficando suspenso em relação a ele. 
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido 
que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
 A regra aqui se refere na hipótese de julgamento pelo Tribunal do Júri ou na hipótese do 
artigo 366 do CPP. 
 
 Separação facultativa: o art. 80 do CPP determina os casos em que a separação dos 
processos é facultativa (a escolha do juiz), apesar da conexão e continência: 
I - se as várias infrações forem praticadas em diferentes condições de tempo e lugar; 
II- se excessivo o número de acusados ou para evitar o prolongamento do tempo de 
prisão provisória; 
 
21 
III - se por outro motivo relevante o Juiz julgar conveniente a separação (o Juiz tem 
discricionariedade para determinar isso). 
 Nestes casos, cabe ao magistrado aquilatar a conveniência da separação. Nota-se que a 
enumeração é meramente exemplificativa, pois havendo interesse da Justiça, possibilita -se esta 
separação, para o melhor desenvolvimento dos processados. 
 
5.4.5. Perpetuação da Competência (Perpetuatio Jurisdicionis – art. 81 do CPP): como 
verificado a vis atractiva, efeito principal da conexão e continência, desloca para a competência de 
um mesmo julgador os crimes conexos aos de sua competência. Se o Juiz ou o Tribunal absolver 
ou desclassificar o crime de sua competência, continuará competente para o julgamento das 
demais infrações. É a regra do artigo 812. Ex.: concurso de agentes – Promotor de Justiça e 
estagiário cometem estelionato. Os dois serão julgados pelo Tribunal de Justiça – vis atractiva. Se 
o Promotor for absolvido, o estagiário continua a ser julgado pelo Tribunal de Justiça. 
 Exceção: no Júri, se o Juizdesclassificar, impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que 
exclua a competência do Júri, remeterá o processo ao Juiz competente (art. 81, par. ún., do 
CPP3). 
 
5.4.6. Avocatória (artigo 82 do CPP): pode ocorrer que mesmo apesar da conexão ou 
continência, sejam instauradas dois ou mais processos. Visando a economia probatória, determina 
a lei a correção de tal fato, determinando-se que a autoridade prevalente deve avocar os processos 
que corram perante outros juízes, reunindo-os todos no processo ao seu cargo. Porém, se já 
houver sentença definitiva, isto é, julgamento de mérito, a unificação dos processos se dará 
posteriormente, na execução, para efeitos de soma ou unificação das penas a ser feita pelo Juiz da 
Execução. 
 
5.5. Art. 83, CPP – Prevenção: concorrendo dois Juízes, igualmente competentes, fixa-se a 
competência pela prevenção. Ocorre a prevenção quando um dos Juízes anteceder aos outros na 
prática de algum ato do processo ou medida referente a este, ainda que anterior ao oferecimento 
da denúncia ou queixa. 
 Deste modo, temos como prevenida ou preventa a competência de um juiz quando ele 
se antecipa a outro, também competente, porque praticou algum ato ou ordenou alguma medida 
do processo, mesmo antes do oferecimento da denúncia ou queixa. 
 Como ato ou fatos que tornam prevento o foro ou o juízo anteriores ao oferecimento da 
denúncia/queixa podemos citar: a) a decretação da prisão preventiva, b) a concessão da fiança, c) 
o reconhecimento de pessoas ou coisas, d) pedido de explicações em juízo, nos crimes contra a 
honra previstos no art. 144 do CP e art. 25 da lei nº 5250/67 (lei de imprensa). Praticando estes 
 
2 Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua 
competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que descla ssifique a infração 
para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. 
3 Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a 
desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, 
remeterá o processo ao juízo competente. 
 
 
22 
atos, não haverá posterior distribuição dos autos de inquérito, que serão encaminhados ao juiz que 
os praticou. Far-se-á, no caso, o registro de distribuição por dependência. 
 A prevenção se impõe como critério necessário para a fixação da competência pela 
impossibilidade dos demais critérios (local da consumação da infração, local de domicílio ou 
residência do réu, etc.), resolvendo casos concretos, ocorrendo nos seguintes casos: 
 Por ser desconhecido o local exato da consumação do delito (art. 70, § 3º, do CPP); 
 Por ausência de elemento determinante do foro supletivo (art.72, § 2º, do CPP); 
 Pela presença de mais de um dos elementos que fixam o foro supletivo (art. 72, § 1º, do CPP); 
 Pelo fato da infração se consumar em mais de um lugar – crime permanente ou infração 
continuada- se houver envolvimento de mais de uma jurisdição (art.71 do CPP); 
 Pela necessidade da reunião de processos em face da conexão; 
 Pela previsão de foro especial (art.91 do CPP). 
 Saliente que prevenção não se confunde com litispendência , posto que a prevenção é 
critério de determinação de competência e pode ocorrer antes de ser o litígio ser levado a juízo. Já 
a litispendência é a situação do litígio desde a propositura da ação até o trânsito em julgado da 
sentença. 
 Existem alguns fatos, porém, que realizados antes do oferecimento da denúncia/queixa, 
não previnem a jurisdição, como o pedido de habeas corpus, a decretação da prisão temporária 
pelo Juiz Corregedor da Polícia Judiciária, a remessa de cópia de auto de prisão em flagrante etc. 
 
5.5. Prerrogativa de Função (art. 84, CPP): por este critério a competência é fixada em razão 
da pessoa, tendo em vista a dignidade do cargo e não a do indivíduo que a exerce. Esta espécie 
de competência recebe o nome, também, de foro privilegiado. Tal critério de fixação não fere o 
princípio da igualdade, pois estabelecesse preferência não em razão da pessoa, mas em razão 
de sua função. O foro por prerrogativa visa preservar a independência do agente político, o 
exercício de sua função, e garantir o princípio da hierarquia. Isto porque determinadas pessoas 
exercem cargos e funções de especial relevância para o Estado, devendo ser processados por 
órgãos superiores, de instância mais elevada. 
 
Observações 
 Observação 1: Pela nova redação dada ao artigo 84 pela Lei n.º 10.628/02 – A competência 
por prerrogativa de função, relativa a atos administrativos do agente, prevalece ainda que o 
inquérito ou ação judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função pública. 
Ocorre que o STF, em ação direta de inconstitucionalidade, julgou inconstitucional tal 
dispositivo. 
 Observação 2: não importa em que unidade da federação foi praticada a infração penal, a 
competência continua sendo a do Tribunal que tem competência para julgá-lo. 
 Observação 3: A competência pela prerrogativa de função abrange também pessoas que não 
gozam de for especial, sempre que houver concurso de pessoas, conforme previsão dos arts. 
77, I e 78, III, do CPP. Porém, rejeitada a inicial acusatória contra a pessoa que goza de foro 
privilegiado, a competência para o julgamento dos demais retorna para o 1º grau de jurisdição. 
 
23 
 
6.5.1. Tribunais competentes para o julgamento: 
 Supremo Tribunal Federal (artigo 102 da Constituição Federal) - todas as infrações 
penais (crimes e contravenções) e em crimes eleitorais praticados por: 
 Presidente e Vice-Presidente da República; 
 Ministros de Estado; 
 Ministros de Tribunais Superiores e Tribunal de Contas da União; 
 Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica; 
 Parlamentares federais; 
 Agentes diplomáticos; 
 Procurador-Geral da República. 
 Advogado-Geral da União (embora não relacionado no art. 102 da CF/88, entende-se que seu 
cargo tem a mesma hierarquia dos Ministros de Estado) 
 
 Superior Tribunal de Justiça (artigo 105 da Constituição Federal) todas as infrações 
penais, salvo nos crimes eleitorais praticados por: 
 Governador; 
 Desembargadores; 
 Membros do Tribunal Regional Federal, Tribunal Regional Eleitoral e do Trabalho, Tribunal 
Superior Eleitoral, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas do Município, Ministério 
Público da União que oficiem perante Tribunais. 
 
 Tribunal Regional Federal (artigo 108 da Constituição Federal ) todas as infrações 
penais, salvo nos crimes eleitorais, praticados por: 
 Juízes Federais da área de sua jurisdição; 
 Juízes do Trabalho; 
 Juízes Militares; 
 Membros do Ministério Público da União; 
 Prefeito Municipal, nos crimes de competência da Justiça Federal. 
 
 Tribunal Regional Eleitoral compete julgar os crimes eleitorais praticados por: 
 Juízes Federais e Estaduais; 
 Membros do Ministério Público da União e dos Estados; 
 Prefeitos, nos crimes eleitorais. 
 
 Tribunais de Justiças tem competência para julgar: 
 Juízes de Direito; 
 Juízes da Justiça Militar Estadual e Juízes de Alçada; 
 Membros do Ministério Público Estadual, salvo nos crimes eleitorais; 
 Prefeitos Municipais. 
 
 
24 
 A Constituição Estadual de São Paulo estabelece foro especial no Tribunal de Justiça 
para: 
 Vice-Governador; 
 Deputado Estadual; 
 Secretário de Estado; 
 Procurador-Geral de Estado – PGE; 
 Comandante-Geral da Polícia Militar; 
 Delegado-Geral. 
Observação:Todas essas autoridades, se cometerem crime federal, serão processadas no TRF. 
 
 Tribunal de Justiça Militar tem competência para julgar em crimes militares – Constituição 
Estadual de São Paulo: 
 Comandante-Geral da Polícia Militar; 
 Chefe da Casa Militar. 
 
5.5.3. Prerrogativa de função e “exceção da verdade”. 
 Prevê o art. 85 do CPP: 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a 
Constituição sujeita à jurisdição do STF e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o 
julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. 
 Pela redação deste artigo fica estabelecido o for por prerrogativa de função para pessoas 
que originariamente dele não gozam, mas são vítimas de crimes contra a honra por parte daquele 
que tem foro especial. 
 Deste modo, a ação movida por pessoa que goza de foro por prerrogativa de função contra 
o autor de ofensa a sua honra, o processo tramita perante a justiça comum. Porém, oposta a 
exceção da verdade (espécie de defesa em que o acusado propõe a demonstrar a verdade da 
imputação, visando elidir sua conduta), o juízo competente para apreciá -la, bem como a ação 
penal da qual ela se originou, será o determinado conforme o foro pela prerrogativa de função. Dá -
se aqui a prorrogação e competência do foro especial. 
 Nota-se que são somente os crimes de calúnia e difamação (aqui como exceção) que 
permitem, em hipóteses previstas em lei, a exceção da verdade, não cabendo ela no crime de 
injúria. Assim, o art. 85 não é aplicado a esta última figura. 
 Na exceção da verdade proposta em ação penal por crimes de calúnia e difamação 
intentada por quem o foro por prerrogativa de função, cabe ao juízo comum decidir sobre sua 
admissibilidade ou não. Caso decida ser ela admiss ível, fará a remessa dos autos ao foro por 
prerrogativa de função do ofendido. Julgada eventualmente improcedente a exceção da verdade, a 
ação penal prosseguirá no juízo de origem, já que não há mais razão para sua permanência, na 
superior instância. 
 
Sujeitos Principais 
Juiz Penal 
 
25 
(Artigos 251 a 256 do Código de Processo Penal) 
 
1. Juiz Penal: é o agente estatal, o órgão estatal, dotado de Poder Jurisdicional, que se destina 
dirimir conflitos. Na lição de Edílson Mougenot Bonfim o juiz é o sujeito processual imparcial, que 
terá como função precípua a condução do processo e o julgamento do pedido de tutela jurisdicional 
que lhe é dirigido pelo autor da demanda. Integra a relação processual em posição de destaque 
acima dos interesses das partes, como intermediário da relação entre elas (op. cit., p.372). A rigor, 
o juiz não é o sujeito processual, mas sim o Estado-Juiz, em nome do qual ele atua. O juiz é quem, 
no caso concreto, diz qual é o direito substancial aplicável. A característica que mais sobressai a 
este sujeito é a imparcialidade. 
 O Juiz é, portanto, o sujeito imparcial, o órgão técnico, monocrático ou colegiado, que 
substituindo a vontade das partes, irá dizer o direito. É importante observar que o juiz só age 
mediante provocação (órgão inerte), entretanto, uma vez adequadamente provocado, não pode 
declinar do poder-dever de entregar a prestação jurisdicional (princípio da inafastabilidade da 
jurisdição – art.5 º, XXXV, da Constituição Federal). 
 
2. Acesso à carreira: no Brasil o acesso à magistratura de 1º grau ocorre através de concurso 
público de provas e títulos. Já o acesso aos Tribunais ocorre de forma diferente, pois estes são 
compostos tanto por juízes de carreira vindos do primeiro grau, como por membros do Ministério 
Público e da advocacia. 
 Há, ainda, outros critérios de composição. No caso do Supremo Tribunal Federal, os onze 
ministros que o compõem foram escolhidos pelo Presidente da República, após aprovação do 
Senado Federal. Nota-se que para compor este órgão, não é necessário ser magistrado, mas sim 
ser maior de 35 anos e menor de 65, devendo ter notável saber jurídico e reputação ilibada. 
 
3. Capacidades: para que possa exercer jurisdição em um caso concreto, o magistrado deve ter: 
 Capacidade subjetiva: que se divide em: 1) funcional ou in abstracto (existência de 
requisitos pessoais para ingressar na magistratura, como, por exemplo, ser bacharel em direito; 
estar no gozo de seus direitos civis e políticos, etc.) e 2) especial ou em concreto (que significa 
não ser suspeito ou impedido para decidir a causa no caso concreto). A capacidade subjetiva 
pode ser, portanto, desdobrada em: a) abstratamente considerada: o juiz é o bacharel em 
direito, que ingressou no concurso público, tendo tomado posse e sido nomeado, e b) 
concretamente considerada: é o fato de possuir uma capacidade especial, não tendo nenhum 
impedimento, incompatibilidade e suspeição. 
 As situações de impedimento são objetivas e proíbem o juiz de exercer jurisdição no 
caso concreto. Por terem caráter objetivo, caso sejam violados, ter-se-á a ocorrência de 
nulidade absoluta. A lei tem por presunção absoluta que o juiz será parcial quando atuar nas 
situações de impedimento. Tem-se aqui a proibição de exercer jurisdição. As hipóteses estão 
elencadas no artigo 252 do Código de Processo Penal em numerus clausus e não podem ser 
aumentadas, não cabendo interpretação analógica ou extensiva. 
 
 
26 
Art. 252 - O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério 
Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; 
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como 
testemunha; 
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, 
sobre a questão; 
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, e consangüíneo ou afim em linha reta ou 
colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 
 
 Já as hipóteses de incompatibilidade surgem em razão de vínculo de parentesco 
existente entre os componentes de órgãos jurisdicionais colegiados e estão previstos no art. 253 
do Código de Processo Penal. 
 
Art. 253 - Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem 
entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, 
inclusive. 
 
 Existe previsão de hipóteses de incompatibilidade, ainda, no art.462 do Código de Processo 
Penal, que trata da incompatibilidade entre jurados. 
 Por fim, as hipóteses de suspeição, possuem em regra caráter subjetivo e geram, 
eventualmente, nulidade relativa, devendo ser demonstrado o prejuízo para o reconhecimento da 
eiva. 
 
Art. 254 - O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer 
das partes: 
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por 
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; 
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, 
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das 
partes; 
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Observações: não há suspeição por amizade íntima ou relacionamento, entre juiz, promotor e 
advogados da comarca e nem se considera aconselhamento da parte a natural troca de opiniões 
técnicas de teses jurídicas, ainda que relacionada

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