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* * * Profª. Ms. Jucimeire Ramos de S. Endo * * * ROMANTISMO O declínio da nobreza no final do séc. XVIII, assim como o surgimento de uma nova sociedade burguesa (decorrente da Revolução Francesa), de um público leitor e do avanço da imprensa dão lugar a um movimento literário inovador, o ROMANTISMO. A Alemanha, a Inglaterra e a França são o berço deste novo movimento, que colocou o sentimentalismo e o idealismo à frente do racionalismo árcade, mas foi a França que tratou de difundi-lo a outros países. * * * ROMANTISMO NA ALEMANHA Goethe assinala o início da fase romântica na Alemanha com a publicação de Os sofrimentos do jovem Werther (1774). Goethe A Literatura torna-se uma ponte para um mundo estranho, misterioso e invisível. Werther transforma-se numa espécie de paradigma de herói romântico, um jovem apaixonado que suicida-se diante de um amor não correspondido. * * * ROMANTISMO INGLÊS Na Inglaterra, Walter Scott volta ao passado medieval com Ivanhoé (1819), inaugurando o nacionalismo romântico. Walter Scott Pintura romântica Ilustração de Ivanhoé * * * LORD BYRON O poeta inglês LORD BYRON influenciou os jovens poetas românticos com pessimismo, melancolia e mistério, lançando o byronismo, tendência romântica que popularizou-se como o “mal do século” ou ultra-romantismo. * * * CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO Rejeição aos ideais clássicos (greco-romanos); Exaltação da natureza e da nacionalidade; Liberdade de criação, aversão à métrica e aos temas preestabelecidos; Sentimentalismo sob diversas manifestações: saudade, melancolia, imaginação, individualismo, religiosidade, nacionalismo,... Subjetividade; Individualismo; (...). * * * ROMANTISMO EM PORTUGAL O romantismo português surge com Almeida Garret, ao publicar o poema Camões (1825), uma espécie de biografia sentimental de Camões, no qual destacam-se características românticas, como o subjetivismo, o culto da saudade, a solidão, etc. ,trazidas de seu contato com a Inglaterra e a França. O romantismo português desenvolveu-se em meio às lutas políticas de D. Pedro, o que explica o inflamado nacionalismo da produção romântica portuguesa. Entre outros autores românticos, além de Garret, destacam-se Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Antônio Feliciano de Castilho, João de Deus e Soares Passos. * * * ROMANTISMO NO BRASIL No Brasil, o Romantismo é inaugurado com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães em 1836, próximo à Proclamação da Independência (1822), num momento de afirmação da identidade nacional. Gonçalves de Magalhães * * * TENDÊNCIAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO Indianismo e Nacionalismo – valorização do índio e da natureza; Regionalismo ou Sertanismo – ênfase no homem do interior; Mal do século ou Byronismo; Condoreirismo – a análise política e social centrada nas questões do abolicionismo, das lutas humanitárias, sentimentos de liberdade,... A problemática urbana, surgida a partir da relação indústria-operário. * * * AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS PRIMEIRA GERAÇÃO – nacionalista, indianista e religiosa. Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. SEGUNDA GERAÇÃO – marcada pelo “mal do século”, apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire. TERCEIRA GERAÇÃO – formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho político e social. A maior expressão deste grupo é Castro Alves. * * * NACIONALISMO INDIANISTA Canção do exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. De Primeiros cantos (1847) Gonçalves Dias Gonçalves Dias * * * MAL DO SÉCULO ULTRA-ROMANTISMO Álvares de Azevedo LEMBRANÇA DE MORRER No more! O never more! SHELLEY Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente. E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste passamento. Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto o poento caminheiro... Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro... (...) * * * CONDOREIRISMO A garça triste Eu sou como a garça triste Que mora à beira do rio, As orvalhadas da noite Me fazem tremer de frio. Me fazem tremer de frio Como os juncos da lagoa; Feliz da araponga errante Que é livre, que livre voa. Que é livre, que livre voa Para as bandas do seu ninho, E nas braúnas à tarde Canta longe do caminho. Canta longe do caminho. Por onde o vaqueiro trilha, Se quer descansar as asas Tem a palmeira, a baunilha. Tem a palmeira, a baunilha, Tem o brejo, a lavadeira, Tem as campinas, as flores, Tem a relva, a trepadeira, Tem a relva, a trepadeira, Todas têm os seus amores, Eu não tenho mãe nem filhos, Nem irmão, nem lar, nem flores. Castro Alves * * * NAVIO NEGREIRO fragmento Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! (...) Castro Alves * * * O ROMANTISMO EM PROSA Com a Independência em 1822, os artistas e intelectuais brasileiros empenharam-se em definir uma identidade cultural ao país. A prosa, muito mais do que a poesia procurou atingir este objetivo, valorizando os espaços nacionais e o típico brasileiro, seja através do Indianismo, do romance regional ou do plano urbano. Em síntese, temos como principais características da prosa romântica: o sentimentalismo; a valorização da natureza; o impasse amoroso; a idealização da mulher e do herói; a linguagem metafórica; as personagens planas. * * * PÉROLAS DA PROSA ROMÂNTICA * * * REALISMO O mundo de cavaleiros destemidos, de virgens ingênuas e frágeis, de bravos heróis, ou seja, a visão romântica da vida foi superada na segunda metade do séc. XIX, quando dá-se início a um movimento literário que dá lugar à razão, à realidade, trata-se do REALISMO e da sua versão ainda mais real, o NATURALISMO. * * * No plano das idéias vive-se o surgimento de inúmeras correntes científicas, no plano da ação, o mundo passa pela segunda etapa da Revolução Industrial, cujas contradições sociais começam a aparecer. A arte e a Literatura refletem essas mudanças, em lugar do egocentrismo romântico, surge um enorme interesse em descrever, analisar, e até criticar a REALIDADE. REALISMO * * * O REALISMO NO BRASIL A obra Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) de Machado de Assis dá início ao Realismo no Brasil. * * * MACHADO DE ASSIS E O REALISMO Machado de Assis foi jornalista, crítico literário e teatral, teatrólogo, poeta, cronista, contista e romancista. De sua extensa obra sobressai-se a análise do caráter e do comportamento humano, revelando-se um gênio da análise psicológica na Literatura. * * * NATURALISMO Assim como o Realismo, também o Naturalismo volta-se à realidade, porém sob uma ótica rigorosamente científica, como resultado dos avanços da biologia, da psicologia, da sociologia. Os autores naturalistas, sintonizados com o espírito científico reinante, agem tal qual estivessem em laboratórios, dissecando o comportamento humano e social, trazendo à tona temas até então nunca referenciados na Literatura, tais como patologias, desvios sociais, homossexualismo e a miséria das periferias, espaço, agora, amplamente abordado nas narrativas. * * * NATURALISMO NO BRASIL No Brasil, o Naturalismo foi inaugurado com a obra O Mulato (1881), de Aluísio de Azevedo, maior nome do movimento por aqui. * * * OBRAS NATURALISTAS ALUÍSIO DE AZEVEDO – O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço, O homem, O coruja. INGLÊS DE SOUZA – Cenas da vida amazônica, O cacaulista, O coronel sangrado, O missionário. ADOLFO CAMINHA – O bom crioulo, A normalista. MANUEL DE OLIVEIRA PAIVA – Dona Guidinha do poço.
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