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Administrativo módulos I e II Baldacci

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DIREITO ADMINISTRATIVO
PARTE I
@BaldacciRoberto
DIREITO ADMINISTRATIVO
MATERIAL:
Federal / Procuradoria: José dos Santos Carvalho
Estadual / Técnico / Analista / Advogado Público: Maria Silvia Zanela de Pietro / Diogo Figueiredo.
I – PARTE GERAL
- Direito Administrativo Constitucional: Estado divide suas funções administrativas.
- Conceito Funcional
Estado é um determinado povo delimitado em seu território gozando de soberania. Soberania é a capacidade de autodeterminação do povo em seu território.
ESTADO: autodeterminação decorre do exercício de um conjunto de funções (funções constitucionalizadas). Funções podem ser:
TÍPICAS DE SOBERANIA: constituem poderes. (Função judiciária, legislativa, executiva – função tripartite de Montesquieu ).
INDEPENDENTES CONSTITUCIONAIS: não integram nenhum dos 3 poderes (MP/defensoria/Tribunal de contas). → São fundamentais ao modelo de administração.
EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO
1) MODELO EUROPEU MEDIEVAL / MODELO PATRIMONIALISTA
Neste modelo, a coisa pública e o interesse público pertenciam e se confundiam com aquilo privado do soberano (integrava seu patrimônio). A estrutura administrativa de poder não era voltada nem para o povo, nem para o Estado, mas para a satisfação pessoal do soberano (que além de personificar o Estado, também chefiava a igreja, pois o Estado era confessional e a religião se confundia com a política).
Esta fase é conhecida pelo bordão “o Estado sou eu” e pelo:
1- NEPOTISMO 
Principais cargos e funções do Estado reservado para parentes do soberano, independentemente de mérito e não acessível aos demais.
2- CLIENTELISMO 
As contratações do Estado são sempre dirigidas aos amigos e familiares do soberano, independentemente de qualidade.
3- FISIOLOGISMO 
Como o Estado pertence ao soberano, todas as contratações e compras são definidas para aquele que ofereceu a melhor vantagem pessoal ao soberano.*
*No mundo, o fisiologismo foi até o século XVIII e no Brasil até o final de século XIX, principalmente durante a política do café com leite, marcado no período Marechal Deodoro na República Velha (1989).
2) MODELO BUROCRÁTICO
Com o fim do absolutismo, conforme a introdução do iluminismo, o Estado e o poder deixam de pertencer ao soberano e passam a ter personalidade e representação própria.
O interesse e a coisa pública pertencem ao Estado e, portanto, a estrutura administrativa de poder é voltada ao próprio Estado.
- CARACTERÍSTICAS: déficit público, máquina pública inchada e pesada, ineficiência e ausência de serviço público para o povo.
A burocracia prevê que o poder é exercido mediante a lei e obedecendo a lei, instituindo o princípio da estrita legalidade.
Como somente lei passa a autorizar o Estado, o modelo burocrático extingue, em tese, o nepotismo, fisiologismo e clientelismo.
No Brasil, foi oficialmente instituído por Getúlio Vargas e vigorou até 1997.
3) MODELO ATUAL / GERENCIAL / GERENCIALISTA / NOVA GESTÃO
É o modelo atual de “todo mundo esclarecido”. Em 1979 o governo britânico de Margareth Thatcher redirecionou todo Estado para atender e satisfazer o povo – o interesse e a coisa pública passam a pertencer ao povo e o Estado é o mero gestor.
O Estado deve ser mínimo e eficiente, e o bom gestor público não é mais aquele que apenas administra a coisa pública, passando a ser aquele que bem atende e satisfaz o povo.
No Brasil, foi instituído pela EC 19 (reforma administrativa). Para introduzir este modelo que o principio da eficiência passa a ser expresso.
*Este modelo traz para dentro da administração pública os fundamentos da administração privada, que é voltada para o cliente, instituindo assim, a defensoria pública no Brasil que é órgão estatal sustentado pelo dinheiro público, defendendo carentes contra até mesmo o próprio Estado (como SAC e ouvidoria privada).
REGIME JURÍDICO:
Regime Jurídico da administração
Regime Jurídico administrativo
Conceito: Regime Jurídico é um determinado conjunto de normas e princípios jurídicos que irão reger com exclusividade uma determinada relação jurídica, afastando a incidência de outras normas e princípios, ainda que aparentemente mais favoráveis.
Obs.: Princípio jurídico é norma e está acima da lei: o princípio jurídico tutela um relevante valor social. A lei vem regular direitos e obrigações para atender este relevante valor social. Logo, a lei deve corresponder ao princípio. 
Há hierarquia entre os princípios: os princípios maiores são aqueles expressamente previstos na CF (ex.: art. 37, caput, CF), ou decorrem da constituição implicitamente (tal como supremacia e indisponibilidade do interesse público).
*O artigo 111 do Constituição Estadual de São Paulo prevê como expressos todos os princípios implícitos da CF. 
**PRINCÍPIOS SUPRAPOSITIVOS: são aqueles relativos aos direitos fundamentais reconhecidos pela sociedade - não precisam estar escritos e estão acima de todo ordenamento escrito - até mesmo acima da constituição. 
REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO 
Indica a qual regime o ente administrativo estará sujeito (público ou privado).
REGIME PRIVADO X REGIME PÚBLICO:
A.1) REGIME PRIVADO: é o conjunto de normas e princípios comuns (infraconstitucionais) que irão reger relações jurídicas que envolvam apenas interesses privados.
*Interesses privados: são em regra disponíveis, admitindo renúncia, transação, etc. Neste regime, a lei tem preceito normativo NEGATIVO ou PROIBITIVO, pois a lei vem excluir faculdades de agir que o particular tinha até então (o particular faz tudo, exceto o que a lei proíba). Imperando, portanto, a autonomia da vontade.
A.2) REGIME PÚBLICO: é o conjunto de normas e princípios constitucionalizados, previstos ou decorrentes da CF, que virão reger com exclusividade as relações jurídicas que envolvam interesses públicos e coletivos.
*Como regra geral, interesses públicos e coletivos são indisponíveis e não admitem renúncia ou transação, e a omissão em atendê-los responsabiliza a administração pública (teoria da culpa anônima do Estado) e também o administrador (improbidade; prevaricação).
Neste regime, o preceito normativo é positivo ou permissivo, pois a lei vem autorizar formas de agir que o Estado não tinha até então (o Estado só pode fazer o que a lei autorizar - art. 37, CF). Imperando, portanto, a obrigatoriedade do cumprimento da lei, independentemente da manifestação pessoal da vontade. 
A.3) ADMINISTRAÇÃO DE REGIME PÚBLICO
I) TODOS os órgãos da administração direta são SEMPRE de regime público (não existe órgão da administração direta de regime misto ou privado).
II) TODAS as autarquias de todos os tipos são sempre de regime público (não existe autarquia de regime privado ou misto).
III) EM REGRA, fundações e associações públicas são de regime público.
A.4) ADMINISTRAÇÃO DE REGIME PRIVADO
Obs.: Segundo a CF, todos que integram o Estado estão sujeitos a certas obrigações de regime público, em função do modelo gerencial que manteve os mecanismos de controle introduzidos pelo modelo burocrático, tal como licitação, prestação de contas, obrigatoriedade de concurso e teto remuneratório. Logo, não existe ente estatal integralmente sujeito ao regime privado.
I) TODAS as empresas públicas e sociedades de economia mista serão sujeitas ao regime privado, aplicado as demais empresas privadas concorrentes, conforme o artigo 173, CF.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitose obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
*Para parte da doutrina, o regime é misto em função da incidência das obrigações burocráticas do regime público.
II) Excepcionalmente, fundações públicas e associações públicas poderão adotar em estatuto regime privado, tal como a “Fundação Casa”, “PROCON”, etc. Estas são excepcionalmente de regime misto, preponderando o regime privado.
B) REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
O interesse público é sempre supremo ao privado, bem como indisponível. A administração pública sujeita ao regime público tem a competência para os interesses públicos e coletivos.
Logo, deverão gozar maiores poderes e faculdades de agir, pois o interesse público que defendem é sempre supremo em relação aos interesses privados. 
Em compensação, terão maiores deveres e obrigações de agir, pois os interesses públicos são indisponíveis. 
Assim, maiores poderes constituirão PRERROGATIVAS PÚBLICAS ESPECIAIS e maiores obrigações irão constituir SUJEIÇÕES PÚBLICAS ESPECIAIS.
Regime administrativo é, portanto, o conjunto de prerrogativas e sujeições decorrentes da supremacia e indisponibilidade do interesse público.
PODERES ADMINISTRATIVOS
Para corrente clássica, as prerrogativas e sujeições do regime administrativo eram instrumentalizadas nos princípios e poderes administrativos. 
Para corrente moderna alemã, prerrogativas e sujeições estão “instrumentalizadas” nos princípios administrativos (princípios são ferramentas). Prerrogativas e sujeições são “materializadas” através do exercício dos poderes administrativos.
CLÁSSICOS:
Poder hierárquico;
Poder disciplinar;
Poder normativo;
Poder de polícia;
DOUTRINA MODERNA:
Poder de autotutela; 
Poder de império;
Poder discricionário;
Poder vinculado;
 
PODERES CLÁSSICOS:
1- PODER HIERÁRQUICO
- Exercício das atribuições jurisdicionais: não existe hierarquia entre os membros do poder judiciário (ministros / desembargadores / juiz titular / juiz substituto), uma vez que a CF atribui a todos os membros as mesmas prerrogativas e sujeições (poderes horizontais).
Para o exercício das atribuições constitucionais o judiciário e o legislativo são poderes horizontais, pois a constituição confere a todos as mesmas prerrogativas e sujeições. Exemplo: o exercício constitucional da prestação jurisdicional investe todos os membros do judiciário nas mesmas prerrogativas e sujeições – não há hierarquia entre ministro, desembargador e juiz.
Todos na estrutura do Estado são investidos na função administrativa, ainda que na forma de uma função atípica – neste sentido, existe hierarquia administrativa na estrutura do Poder Judiciário. O juiz titular da vara além de exercer a investidura constitucional para a prestação jurisdicional também está investido na função administrativa, sendo o chefe a autoridade máxima da vara que titulariza. O juiz quando não está presidindo ou julgando demandas, administra a vara e o cartório dando ordens nos agentes administrativos, organizando e ditando as normas administrativas daquela vara, etc. 
	Com a aprovação da Reforma do Judiciário pela EC 45/2004, cria-se uma hierarquia parcial entre o STF e todos os demais órgãos do Poder Judiciário, uma vez que suas decisões sobre matéria constitucional, quando aprovadas como súmulas, nos termos do art. 103-A, introduzindo na CF, terão efeito vinculante para todos. O mesmo ocorrerá com as decisões definitivas proferidas em ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (art. 102, §2º).
O mesmo ocorre com o Poder Legislativo: todos os parlamentares são investidos pela constituição nas mesmas prerrogativas e sujeições para o exercício do mandato parlamentar. E, assim como no judiciário, os membros do legislativo também são investidos atipicamente em funções administrativas. Ex.: eles são membros de comissões, integram equipes administrativas, presidem órgãos administrativos, etc.
Já no Poder Executivo que exerce de forma típica a função administrativa haverá, em regra, hierarquia – a estrutura é vertical composta por níveis sobrepostos aos quais a lei distribui competências distintas que serão dotadas de maiores ou menores prerrogativas e sujeições.
 
 	RELAÇÕES HIERÁRQUICAS - quando uma estrutura verticalizada estiver instruída com competências distintas surgirão duas relações funcionais próprias da administração:
 	 	a) Relação de hierarquia: aquele que ocupa nível superior gozará de maiores prerrogativas em relação a seus agentes subordinados e as 3 “prerrogativas hierárquicas” mais importantes são:
 	 	 	a.1) O superior tem o poder de rever e controlar de ofício os atos e decisões de seus subordinados (é o exercício da autotutela administrativa), para verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de suas obrigações, podendo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenientes ou inoportunos, seja ex officio, seja mediante provocação dos interessados, por meio de recursos hierárquicos.
 	a.2) O superior edita as normas de funcionamento interno da estrutura que preside (atos ordinatórios / atos normativos). Exs.: portarias, avisos, circulares, ordens de serviço.
 	a.3) O superior tem poder de dar ordens de acatamento obrigatório.
“Tem também o poder de aplicar sanções em caso de infrações disciplinares; o de avocar atribuições, desde que estas não sejam da competência exclusiva do órgão subordinado; o de delegar atribuições que não lhe sejam privativas”. 
 	b) Relação de subordinação: aquele que ocupa nível inferior está submetido a uma grande sujeição administrativa – o dever funcional de obediência (subordinado não pode questionar, recusar e nem deixar de cumprir ordem superior sob pena de “insubordinação hierárquica” que é prevista tanto na CLT quanto no estatuto do servidor como infração grave punível com demissão).
*O subordinado não está sujeito ao dever de obediência no caso da ordem manifestamente ilegal (é a ordem da qual não haja dúvida objetiva de sua ilegalidade – a ordem conflita diretamente com o texto da lei).
*Subordinado que cumpre intencionalmente a ordem manifestamente ilegal responde de forma SOLIDÁRIA.
 
2- PODER DISCIPLINAR
É uma decorrência natural do Poder Hierárquico: este é na verdade um “poder-dever” – o chefe ou superior deve apurar e punir infrações administrativas e funcionais cometidas por seus subordinados.
*Na omissão o superior poderá responder por:
- Infração funcional e/ou improbidade;
- Crime de prevaricação;
- Crime de condescendência criminosa;
	O poder disciplinar é discricionário, o que deve ser entendido em seus devidos termos. A administração não tem liberdade de escolha entre punir e não punir, pois, tendo conhecimento de falta praticada por servidor, tem necessariamente que instaurar o procedimento adequado para sua apuração e, se for o caso, aplicar a pena cabível. Não o fazendo, incide em crime de condescendência criminosa (art. 320, CP) e em improbidade administrativa (art.11, inciso II da Lei 8429/92).
A discricionariedade existe, limitadamente, nos procedimentos previstos para apuração da falta, uma vez que os Estatutos funcionais não estabelecem regras rígidas como as que se impõe na esfera criminal. O Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo determina, no art. 310 que “não será declarada a nulidade de nenhum ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial, ou, diretamente, na decisão do processo ou sindicância”.
Além disso, a lei costuma dar à Administração o poder de levar em consideração, na escolha da pena, a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o serviço público.
Discricionariedade existe também com relação a certas infrações que a lei não define; é o caso do “procedimento irregular” e da “ineficiência do serviço”, puníveis com pena de demissão, e da ”falta grave”, punívelcom suspensão; são expressões imprecisas, de modo que a lei deixou à Administração a possibilidade de enquadrar os casos concretos em um ou outra dessas infrações.
Nenhuma penalidade pode ser aplicada sem prévia apuração por meio de procedimento legal, em que sejam assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
 
3- PODER NORMATIVO / REGULAMENTAR
É a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para complementar* as leis e permitir a sua efetiva aplicação, por meio de decretos e regulamentos (atos de regulamentação de primeiro grau).
A prerrogativa é complementar a lei; não pode, pois, a Administração alterá-la a pretexto de estar regulamentando. Se o fizer, cometerá abuso de poder regulamentar, invadindo a competência do legislativo. Por esta razão, o art. 49, V, da CF, autoriza o Congresso Nacional a sustar atos normativos que extrapolem os limites do poder de regulamentação.
São atos de natureza derivada, uma vez que somente é exercido à luz de lei preexistente (as leis constituem atos de natureza originária / primária, emanando diretamente da Constituição).
Nesse aspecto, é importante observar que só se considera poder regulamentar típico a atuação administrativa de complementação de leis, ou atos análogos a elas. Daí seu caráter derivado. Há alguns casos, porém, que a constituição autoriza determinados órgãos a produzirem atos que, tanto como as leis, emanam diretamente da Carta e têm natureza primária; ex. art. 103-B da CF (conferiu ao CNJ atribuição para regulamentar a própria CF, sendo assim, autônomos e de natureza primária). 
	Poder regulador x Poder regulamentar (tradicional) fenômeno da deslegalização, pelo qual a competência para regular certas matérias se transfere da lei (ou ato análogo) para outras fontes normativas por autorização do próprio legislador diante da especificidade da matéria a ser tratada: a normatização sai do domínio da lei para o domínio de ato regulamentar (sujeito a limites). Ex.: criação de normas técnicas pelas agências reguladoras.
CONTROLE DOS ATOS DE REGULAMENTAÇÃO 
- Controle exercido pelo Legislativo sobre o executivo - Art. 49 V: 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
- Controle Judicial: 
Ato regulamentar contra legem controle de legalidade (ato x lei);
Ato regulamentar contra a constituição, sem que haja lei a deva subordinar-se = ato normativo autônomo controle de constitucionalidade pela via direta Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (art.102, §1º, CF) / Ação Direta de Inconstitucionalidade (???).
Quando da ausência de norma regulamentadora mandado de injunção.
 Decreto do executivo que contraria a constituição é inconstitucional?
O chefe do executivo é investido em poder normativo ou regulamentar extraordinário – principalmente conforme art. 84, incisos IV e VI.
Harmonização constitucional: o artigo 5º, inciso II (princípio da legalidade privada) define que a apenas lei pode instituir direitos e obrigações – a lei é a fonte originária.
Os decretos e regulamentos relativos a direitos e obrigações são aqueles do artigo 84 inciso IV e estes são fontes derivadas, pois sempre dependerão de uma prévia lei que determine aquele direito ou obrigação.
Quando decreto ou regulamento derivado de lei violar a constituição não será inconstitucional, pois antes de colidir com a constituição, estará violando a lei da qual deriva e, portanto é apenas ilegal. Por ser apenas ilegal, não pode ser atacado diretamente por ADIn.
*Havendo ADIn proposta contra a lei da qual o decreto ou regulamento derivam será possível “puxar” o decreto ou regulamento derivado para dentro da ADIn – é a inconstitucionalidade por arrastamento também chamada de reverberação normativa. (Conseqüências naturais da aplicação da ordem jurídica – não é necessário constar expressamente na ADIn).
 Decretos e regulamentos autônomos: O artigo 84, inciso VI autoriza o chefe do executivo a editar decretos e regulamentos autônomos que não dependem de previa lei para serem editados.
Estes não podem regular direito nem obrigações e servem apenas para o chefe do executivo organizar a estrutura da administração. Ex.: mediante decreto autônomo o chefe do executivo pode extinguir Cargos que estejam vagos ou vazios.
Obs.: o decreto autônomo extinguindo cargo é uma exceção ao princípio da paridade da forma. Por este princípio a forma para extinguir algo deve ser obrigatoriamente a mesma usada para criá-lo – somente lei cria cargo, porém, excepcionando a paridade da forma, lei ou decreto poderão extinguir cargos.
Quando decreto ou regulamento autônomo conflitar com o texto da constituição, será inconstitucional e, portanto, poderá ser diretamente atacado por ADIn.
*Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) (Decreto autônomo) 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Pergunta: Decreto do executivo pode ser anulado por inconstitucionalidade mediante ADIn?
Decretos derivados de lei não podem, pois são meramente ilegais e não comportam ADIn, podendo ser reflexamente anulados por inconstitucionalidade por arrastamento. Já decretos autônomos podem ser anulados diretamente por ADIn, pois serão inconstitucionais quando conflitarem com a constituição.
"Impugnação de resolução do Poder Executivo estadual. Disciplina do horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, consumo e assuntos análogos. Ato normativo autônomo. Conteúdo de lei ordinária em sentido material. Admissibilidade do pedido de controle abstrato. Precedentes. Pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade, o ato normativo subalterno cujo conteúdo seja de lei ordinária em sentido material e, como tal, goze de autonomia nomológica." (ADI 3.731-MC, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJ de 11-10-2007.)
"Ação direta. Portaria 796/2000, do ministro de Estado da Justiça. Ato de caráter regulamentar. Diversões e espetáculos públicos. Regulamentação do disposto no art. 74 da Lei federal  8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ato normativo não autônomo ou secundário. Inadmissibilidade da ação. Inexistência de ofensa constitucional direta. Eventual excesso que se resolve no campo da legalidade. Processo extinto, sem julgamento de mérito. Agravo improvido. Votos vencidos. Precedentes, em especial a ADI 392, que teve por objeto a Portaria  773, revogada pela Portaria  796. Não se admite ação direta de inconstitucionalidade que tenha por objeto ato normativo não autônomo ou secundário, que regulamenta disposições de lei." (ADI 2.398-AgR, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 25-6-2007, Plenário, DJ de 31-8-2007.) No mesmo sentido: Rcl 8.273-AgR, rel. min.Teori Zavascki, julgamento em 17-10-2013, Plenário, DJE de 12-11-2013
“Arguição de descumprimento de preceito fundamental: distinção da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade. O objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental há de ser ‘ato do Poder Público’ federal, estadual, distrital ou municipal, normativo ou não, sendo, também, cabível a medida judicial ‘quando for relevante o fundamento da controvérsia sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição’.” (ADPF 1-QO, rel. min. Néri da Silveira, julgamento em 3-2-2000, Plenário, DJ de 7-11-2003.)
4 – PODER DE POLÍCIA 
Quando o Poder Público interfere na órbita do interesse privado para salvaguardar o interesse público, restringindo direitos individuais,atua no exercício do poder de polícia.
- Propriedade;
- Atividade econômica; 
 
 CADE
- Atividade financeira;
Intervenção 
O fundamento do poder de polícia é o princípio da predominância do interesse público sobre o particular, que dá à administração posição de supremacia sobre os administrados.
Conceito moderno: o poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público.
Conceito legal: art. 78, CTN
  Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
        Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
A constituição prevê em cláusula pétrea um conjunto de direito individuais protegidos e soberanos; porém, a mesma constituição contrapõe estes direitos a um conjunto de interesses públicos, ex.: direito de propriedade X função social da propriedade. 
Este “conflito aparente” de preceitos constitucionais é resolvido pela teoria da convivência das liberdades públicas atribuído à professora Ada Pellegrini Grinover, também conhecida como “teoria da relativização dos direitos” – No Brasil não existe direito individual absoluto (deverão estar subordinados aos interesses coletivos).
Compete à administração conduzir esta relativização dos direitos através do poder de polícia e havendo conflito entre direito individual e interesse público maior, o poder de polícia permite que a administração CONDICIONE ou até REDUZA direitos individuais para garantir finalisticamente a supremacia do interesse público.
Na prática, o poder de polícia é o poder de intervenção estatal na propriedade (servidões; limitações; desapropriações; etc.), no domínio e atividade econômica (combate ao abuso de poder econômico; atividade regulatória do CADE – conselho administrativo de defesa econômica; etc.), intervenção nos serviços e atividades financeiras (regulação pelo banco central; controle de tarifas pelas agencias reguladoras; política de juros do banco central; etc.). 
É a mais relevante prerrogativa do regime administrativo! 
		- Art. 5º - direitos individuais – protegidos + soberanos
CF					X
		- Interesses públicos
Teoria da convivência das liberdades públicas (Ada Pellegrini):
O estado pode extinguir ou cancelar direitos através do poder de polícia?
NÃO. Não é permitido extinguir direitos por poder de polícia, pois a intervenção decorrente deste poder é efetiva e direta (não depende da esfera judicial, nem de processo administrativo), e para perda de direitos a constituição sempre exige devido processo com contraditório e ampla defesa na esfera judicial ou na esfera administrativa. 
Exemplo: o direito de propriedade rural é “condicionado” na constituição (produtividade rural obrigatória) e aquele que não a cumpre tem o direito de propriedade “reduzido” – a propriedade é convertida em indenização. 
Obs.: as expropriações não indenizadas, tal como propriedade rural flagrada com culturas ilícitas ou flagrada com trabalho escravo (crime de plágio) ou ainda bens usados em narcotráfico são expropriados após condenação judicial – esta expropriação não é poder de polícia, mas sim pena acessória por condenação judicial. 
Remuneração e contraprestação:
É legítima a cobrança de taxa pelo Poder Público competente, desde que a entidade exerça efetivamente o Poder de Polícia.
Certas fiscalizações de polícia não são nem divisíveis (são fiscalizações exercidas ou prestadas a todos indistintamente) e nem mensuráveis (são serviços prestados de mesma forma e intensidade a todos), tal como fiscalizações pela polícia militar, corpo de bombeiros, etc. Logo, não são contraprestacionais – o usuário não remunera diretamente por este serviço (são serviços remunerados indiretamente através dos impostos). 
Já outras fiscalizações de polícia, tal como para obtenção de licenças ou alvarás, o serviço será divisível (a fiscalização é prestada a pessoa determinada) e será mensurável (certas licenças e alvarás são mais complexas e exigentes do que outras, exemplo, alvará sanitário para um açougue é mais complexo que um alvará para banca de jornal) – estas são fiscalizações contraprestacionais – o usuário remunera diretamente, pagando taxa tributária (art. 77, CTN).
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Competência e delegação: Lei + Direito Público;
Somente lei pode instituir competências para o exercício do poder de polícia e esta competência só pode recair sobre ente estatal de direito público interno (são as pessoas políticas – união, estados, DF, municípios; autarquias de todos os tipos, incluindo agencias reguladoras e também fundações públicas, tal como o PROCON; e também associações públicas;).
Este poder pode ser delegado dentro da própria entidade estatal em desconcentração administrativa (delegação do superior para o subordinado em decorrência da relação de hierarquia), sendo, portanto, uma delegação válida, desde que não haja expressa proibição para aquela fiscalização específica. 
O STF e o STJ admitem uma outra forma de delegação – a delegação externa por descentralização institucional ou geográfica: o ente político de direito público competente por lei para aquela fiscalização delega mediante lei parte das atribuições para outro ente estatal de direito público. Exemplo: competência da união delegada por lei para uma autarquia federal – descentralização institucional; ou ainda competência fiscalizatória de trânsito conferida aos estados pode ser em parte delegada por lei aos municípios respeitando os limites legais (delega atividade executória desde que exercida diretamente pelo município (Obs.: o STJ autorizou tanto fiscalizar, como também aplicar a multa). Essa é a descentralização geográfica, de ente político para ente político. 
*A doutrina e a jurisprudência só não admitem a delegação do poder em si para uma pessoa de direito privado. O ente público pode delegar atos meramente fiscalizatórios (meramente materiais), mas não a expressão do poder. Exemplo, empresa privada pode fazer a fotografia de trânsito remetida ao estado que irá convertê-la ou não em multa.
Por conseguinte, será inválido o ato de polícia praticado por agente de pessoa federativa que não tenha competência constitucional para regular a matéria e, portanto, para impor a restrição.
Da mesma forma, só pode ter-se por legitimo o exercício da atividade administrativa configuradora do poder de polícia se a lei em que se fundar a conduta da Administração tiver lastro constitucional. Se a lei for inconstitucional, ilegítimos serão os atos administrativos que, com fundamento nela, se voltarem a uma pretensa tutela do interesse público, materializada no exercício do poder de polícia. Só há, portanto, poder de polícia legítimo na medida em que legitima é a lei que lhe dá suporte.
Ainda, o Poder de Polícia, sendo atividade que, em algumas hipóteses, gera competência concorrente entre pessoas federativas, rende ensejo à sua execução em sistema de cooperação calcado no regime de gestão associada, como o autoriza o art. 241 da CF. Nessas hipóteses, os entes federativos interessados firmarãoconvênios administrativos e consórcios públicos para atenderem aos objetivos de interesse comum.
CONCEITO GERAL – Poder de policia é, portanto, o poder de fiscalização geral do Estado que recai sobre todos de forma ininterrupta e inevitável exercida por ente de direito público para evitar que alguém invoque direito individual em prejuízo ao interesse coletivo.
*ATRIBUTOS – Este poder é exercido conforme atributos públicos especiais e os mais importantes são:
Imperatividade: como regra, a administração não depende nem da concordância e nem da participação dos particulares para impor, exigir e executar seus atos e decisões de polícia (o poder é exercido de forma unilateral).
Autoexecutoriedade: como regra, a administração não depende do judiciário para decretar, exigir e executar seus atos e decisões de polícia (como regra, não se exige devido processo e a administração exerce este poder independente de contraditório e ampla defesa). 
Limite da autoexecutoriedade: para parte da doutrina a autoexecutoriedade possui limite – havendo prévia lei, a administração pode sem prévia manifestação do judiciário: instituir novas obrigações; exigir que todos obedeçam; autuar aquele que resiste ou viola; cobrar o valor decorrente desta autuação.
Não havendo o pagamento espontâneo pelo autuado, encerra a autoexecutoridade e a administração deverá inscrever o valor daquele crédito em certidão de dívida ativa que só pode ser cobrada judicialmente através de execução fiscal.
Discricionariedade: oportunidade + conveniência. 
O exercício deste poder está em regra vinculado ao juízo de oportunidade e conveniência privativo do administrador – fiscalizar ou não e a decisão de mérito desta fiscalização vai decorrer da oportunidade e conveniência para o interesse público. O juízo de mérito ninguém mexe, nem o judiciário nem o legislativo, pois integra freios e contrapesos e se alguém se manifestar, viola independência e separação dos 3 poderes. 
É admissível pela doutrina o controle judiciário de atos decorrentes do poder discricionário para evitar-se excessos ou violências da Administração em face de direitos individuais. O que se veda ao judiciário é agir como substituto do administrador, porque estaria invadindo funções que constitucionalmente não lhes são atribuídas.
*Exceção: a fiscalização para concessão de alvarás/licenças é vinculada à lei – o particular que preenche requisitos da lei tem direito adquirido ao seu alvará que não pode ser recusado pela administração.
Coercitividade / Coercibilidade: todas as formas de fiscalização ou limitação prevêem sanção sobre aquele que descumprir (em regra é a multa administrativa) e autoriza o estado a empregar sua força pública.
*É preciso que a Administração tenha cautela na sua atuação, nunca se servindo de meios mais enérgicos que os necessários à obtenção do resultado pretendido pela lei. Não havendo proporcionalidade entre a medida adotada e o fim a que se destina, incorrerá a autoridade administrativa em abuso de poder e ensejará a invalidação da medida na via judicial, inclusive através de mandado de segurança.
NATUREZAS DE POLÍCIAS:
Administrativa: é aquela que exerce o poder de polícia através dos órgãos da administração direta e pessoas jurídicas de direito público da administração indireta. 
É uma fiscalização de natureza preventiva (reprimindo somente após prévia fiscalização) que recai sobre pessoas em suas relações jurídicas com outras pessoas com bens ou com direitos em relação a todos os ilícitos (ex.: ambiental; sanitário; de consumo; penal;). 
Judicial: auxilia a justiça criminal realizando perícias, prisões, conduções coercitivas, etc.
Exercida exclusivamente por órgãos da administração direta, sempre de forma repressiva, somente sobre pessoas e apenas para ilícitos penais. Policia judiciária é a policia civil e seus departamentos. 
Policia federal é a única mista, e todo o resto, polícia administrativa.
A linha de diferenciação está na ocorrência ou não de ilícito penal. Com efeito, quando atua na área do ilícito puramente administrativo (preventiva ou repressivamente), a polícia é administrativa. Quando o ilícito penal é praticado, é a polícia judiciária que age.
A primeira se rege pelo Direito Administrativo, incidindo sobre bens, direitos ou atividades; a segunda, pelo direito processual penal, incidindo sobre pessoas.
Outra diferença: a polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (polícia civil e militar), enquanto a polícia administrativa se reparte entre diversos órgãos da Administração, incluindo, além da própria polícia militar, os vários órgãos de fiscalização aos quais a lei atribui esse mister, como os que atuam nas áreas da saúdem educação, trabalho, previdência e assistência social.
*Sanção de polícia: é o ato punitivo que o ordenamento jurídico prevê como resultado de uma infração administrativa, suscetível de ser aplicado por órgãos da Administração. Deve observar o princípio da legalidade (somente lei pode instituir tais sanções com a indicação das condutas que possam constituir infrações administrativas). Exemplo de sanções: multa; inutilização de bens privados; interdição de atividades; embargo de obra; cassação de patentes; proibição de fabricar produtos, etc.
Se o ato sancionatório de policia não tiver propiciado ao infrator a oportunidade de rechaçar a acusação e de produzir as provas necessárias às suas alegações, estará contaminado de vício de legalidade, devendo ser corrigido na via administrativa e judicial.
OBSERVAÇÕES:
 Art. 1º da Lei 9.873/99
Art. 1o  Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1o  Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
§ 2o  Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
 Súmula n. 645 STF - É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
 Súmula n. 646 STF - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
 Súmula 19 STJ - A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
 Súmula n. 127 STJ - É ilegal condicionar a renovação da licença de veiculo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado.
 Súmula 312 STJ - No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.
 Súmula 434 STJ - O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do débito.
 Súmula 467 STJ - Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.
QUADRO COMPARATIVO
	PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (Hely L. Meireles)
Cf. livro de questões
	PODER VINCULADO
	“é aquele que o Direito Positivo – a lei – confere à Administração Pública para prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização.”
	PODER DISCRICIONÁRIO
	“é o que o Direito concede à Administração, de modo explícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo.”
	PODER HIERÁRQUICO
	“é o que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores dos seuquadro de pessoal.”
	PODER DISCIPLINAR
	“é a faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.” 
	PODER REGULAMENTAR
	“é a faculdade de que dispõe os Chefes do Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos) de explicar a lei para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei.” 
	PODER DE POLÍCIA
	“é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em beneficio da coletividade ou do próprio Estado.”
PODERES DA CORRENTE MODERNA:
A) PODER DE AUTOTUTELA: 
A administração tem poder de rever de ofício (independente de requerimento ou provocação) seus próprios atos e decisões – o próprio agente que pratica ou decreta o ato tem esta faculdade. E o superior hierárquico tem em regra o dever. Quando o ato ou decisão for considerado ilegal a própria administração anula com efeitos retroativos e, quando a administração entender que o ato “perdeu o mérito” (o ato se tornou inoportuno ou inconveniente) a administração “revoga o ato” com meros efeitos futuros.
B) PODER DE IMPÉRIO OU PODER EXTROVERSO: 
A administração atua de forma unilateral, impositiva e coercitiva – em regra não depende nem da concordância e nem da participação dos particulares para agir.
C) PODER DICRICIONÁRIO: 
Certos atos administrativos não possuem na lei todos os elementos e pressupostos necessários para a sua prática – são atos com elementos em branco ou indefinidos na lei que para serem praticados, deverão ser motivadamente preenchidos. 
*O preenchimento do elemento em branco ou indefinido é privativo do administrador e este poder discricionário de reenchimento integra os sitema de freios e contrapesos (checks and balances). Este é o poder discricionário. 
D) PODER VINCULADO: 
O administrador tem o poder-dever de cumprir tudo aquilo que a lei impõe e determina sob pena de responsabilização. 
ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO
ESTRUTURA
(Quem)
(Sentido subjetivo / orgânico)
Órgãos (P. Político – União, Estados DF e Municípios)
PJE (autarquias; fundações; empresas; sociedades de economia mista; 
E
(uno)E funcional
FUNÇÕES 
(O que faz)
(Sentido material / objetivo)
Típicas de soberania
: Judiciários; Legislativo; Executivo;
Independentes
: MP; DP; TCU.Povo
Território
Soberania
Para o critério funcional o Estado é: um determinado povo delimitado em seu território gozando de soberania. 
Logo, o Estado é um ente uno constituído por duas naturezas de entidades em sua estrutura que estarão sempre afetas a determinadas funções estatais: 
a) Entes da estrutura (quem): a estrutura física do Estado é composta ou por ÓRGÃOS (que são meros núcleos de competências) que integrando pessoas políticas constituirão a administração direta ou são compostos por PESSOAS JURÍDICAS ESTATAIS (autarquias, fundações, empresas e sociedades) que integram a administração indireta. 
b) Funções (o que faz): cada entidade da estrutura estará afeta por lei ao exercício de funções típicas ou atípicas cumprindo as atribuições estatais. 
São funções típicas de soberania aquelas que constituem os 3 poderes do Estado (legislativo, executivo e judiciário). E, são ainda funções independentes aquelas próprias do Ministério Público, da Defensoria Pública e do Tribunal de Contas. 
Assim, por exemplo, o Congresso Nacional é um órgão que, por integrar a pessoa política da união, integra a administração direta, e está afeto às funções típicas do Poder Legislativo. 
Já o TRT é um órgão que integra a pessoa política da União sendo, portanto, da administração direta federal e está afeto à funções típicas do Poder Judiciário.
O Fundo de Previdência dos Magistrados é uma fundação que é uma pessoa jurídica estatal integrando, portanto, a administração indireta estadual.
DICA: Para definir a qual função a entidade é ligada, basta identificar quem nomeia o dirigente e qual é a fonte orçamentária das receitas – neste fundo de previdência o dirigente é nomeado pelo Desembargador Presidente do TJ e as receitas para o custeio da entidade estão incluídas no orçamento do judiciário estadual – logo, esta fundação está afeta a funções atípicas do Poder Judiciário.
A) É possível a criação de uma autarquia da administração indireta no Poder Judiciário?
Não tem impedimento, basta que haja prévia lei. Ex.: centro de estudos da magistratura. 
B) Existe órgão da administração direta no Poder Legislativo?
Sim, Congresso, Câmara, Gabinetes, CCJs. 
C) A quem pertence o prédio do TST?
O prédio do TST é bem público da união em afetação especial ao judiciário.
O Judiciário é composto por uma estrutura administrativa de órgãos e pessoas jurídicas que estão orientados para promover o exercício da função jurisdicional de investidura constitucional de um pequeno grupo de agentes (magistrados), também com um grande número de agentes administrativos exercendo atipicamente funções administrativas para promover o funcionamento deste poder. 
Da mesma forma é o Poder Legislativo: é uma grande estrutura administrativa orientada para o funcionamento típico das atribuições legislativas exercidas por um pequeno número de agentes políticos investidos constitucionalmente num mandato parlamentar, tendo ainda um grande número de agentes administrativos no exercício da função atípica administrativa para promover o funcionamento deste poder. 
Já o executivo possui uma grande estrutura administrativa inteiramente voltada para as atribuições administrativas do Poder Executivo (logo, o executivo exerce de forma preponderante a função administrativa). 
Um pequeno grupo de agentes políticos exercem as atribuições de Governo (define os planos políticos para o funcionamento de toda a máquina pública. Exemplos de “planos de governo”: PAC Fome Zero; Bolsa Família; Pátria Educadora;) com um grande número de agentes administrativos que irão executar concretamente estes planos de governo. 
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
“Inicialmente, cumpre lembrar que a função administrativa abarca a prestação dos serviços públicos essenciais à vida em coletividade, bem como o controle das atividades privadas e a execução de obras públicas. A prestação se serviços públicos pode ser feita diretamente pelos entes federativos ou, em determinadas situações, podem se transferidas a particulares ou entidades especializadas criadas no âmbito da própria Administração Pública, responsáveis pela execução destas atividades na busca do interesse público.
CONCENTRAÇÃO (prestação centralizada do serviço): Situação em que as atividades são exercidas diretamente pelos entes políticos; a prestação é feita diretamente pelos entes federativos, de forma que a União, Estados, Municípios e DF executam atividades diretamente, por meio de seus agentes e órgãos (entes da ADMINISTRAÇÃO DIRETA / CENTRALIZADA). 
DESCONCENTRAÇÃO: É a distribuição interna de competências entre órgãos e agentes de uma mesma pessoa jurídica (da Administração Direta) como forma de garantir uma maior especialização. No bojo de uma mesma pessoa jurídica, os entes públicos devem providenciar uma divisão interna de competências. A desconcentração se pode dar em razão da matéria, quando, por exemplo, se criam ministérios executando, cada um deles, atividades diversas, em razão da hierarquia ou em razão da territorialidade.
DESCENRALIZAÇÃO*: É a transferência dos serviços pela Administração Direta a pessoas jurídicas diversas. Poderá ser feita mediante a transferência na prestação de serviços públicos a PARTICULARES, por meio de contratos de concessão ou permissão de serviços públicos. Como também, pode ser executada com a transferência na prestação do serviço a pessoas jurídicas criadas pela própria Administração Pública, especializadas na execução daquela atividade (ADMINISTRAÇÃO INDIRETA – autarquias; empresas públicas;fundações públicas; e sociedades de economia mista). 
*Espécies de descentralização: 
	OUTORGA
	a) transferência da execução e titularidade do serviço público a outra entidade;
b) feita somente às pessoas jurídicas de direito público integrantes da Administração Indireta, especializadas na execução destas atividades.
c) é realizada mediante lei específica que cria as entidades.
	DELEGAÇÃO
	a) transferência da execução dos serviços públicos, sendo a titularidade mantida sob custódia do Estado.
b) feita às entidades de direito privado da administração direta (empresas públicas e sociedades de economia mista) ou a particulares.
c) realizada mediante contrato, quando a transferência se dá a particulares e mediante lei, quando se dá aos entes da Administração Indireta de direito privado.
ADMINISTRAÇÃO:
A CF não prevê que o Legislativo seja exercido pelo Presidente do Congresso Nacional e nem que o Judiciário seja exercido pelo Presidente do STF – em ambos os casos os Poderes são exercido por todos os agentes políticos investidos num mandato parlamentar e na jurisdição respectivamente. 
*Porém, a CF determina que o Poder Executivo seja exercido na esfera federal pelo Presidente da República concentrando nele todas as competências e atribuições constitucionais – esta é a regra ou princípio da concentração.
Obs.: Serviços Essenciais são sempre objeto de delegação direta, por isso são chamados de serviços de prestação direta ou prestação centralizada (que é aquela em que o competente por lei para prestar o serviço, também é o prestador).
A execução, nesse caso, apesar de centralizada (serviço centralizado é aquele prestado pela pessoa estatal competente) pode ser desconcentrada (serviço desconcentrado é aquele prestado pela pessoa estatal competente, porém cuja execução tenha sido delegada internamente de um superior para seu subordinado).
Obs.2: Serviços relevantes podem ser de prestação direta ou prestação centralizada, mas também podem ser de prestação indireta ou prestação descentralizada (nestes serviços a execução é delegada da pessoa estatal competente para outra pessoa distinta, seja pública ou privada, sem qualquer relação de hierarquia).
1) ADMINISTRAÇÃO DIRETA: 	
A partir de uma lei de desconcentração são criados NÚCLEOS ADMINISTRATIVOS de competência que, integrando uma pessoa política (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), constituem a Administração Direta. 
Estes núcleos de competência já foram considerados representantes do Poder Central (Teoria da Representação) e também já foram considerados “mandatários do poder central” (Teoria do Mandato) – ambas as teorias estão superadas. 
Atualmente, estes núcleos administrativos são considerados ÓRGÃOS do Estado conforme a “Teoria do Órgão”, segundo o professor Otto Gierke. 
“*A divisão em órgãos visa garantir uma maior eficiência e especialização na exercício da atividade pública, sendo admitida a divisão em órgãos dos entes da Administraçao Direta e também da Administração Indireta, desde que sejam entidades de direito público, como é o caso das autarquias e fundações públicas de direito público)”.
 São os pontos principais da TEORIA DO ÓRGÃO (TEORIA DA IMPUTAÇÃO): 
a) O órgão não possui personalidade jurídica própria (órgão não é alguém, ele integra o corpo de alguém). 
“Órgãos públicos são constituídos por pessoas físicas, as quais formam e exteriorizam a vontade da pessoa jurídica, de tal modo que os agentes, quando manifestam sua vontade, é como se assim fosse a vontade do Estado, não sendo, portanto, vontades distintas.
*A doutrina brasileira contempla a teoria da institucionalização que dispõe que, não obstante não tenham personalidade jurídica própria, determinados órgãos, em virtude de sua atuação, podem ganhar vida própria, por conta de sua história existencial. Como por exemplo o exército brasileiro que exerce função estatal de defesa da soberania nacional e que reconhecidamente é titular de bens e pode atuar na vida jurídica mediante celebração de contratos e prática de atos administrativos. Essa posição doutrinária não depende de lei e se configura uma das manifestações de costume como fonte do Direito Administrativo.
*Apesar de não possuírem, em nenhuma situação, personalidade jurídica própria, determinado órgãos públicos gozam de capacidade processual ativa, tais como os órgãos independentes e autônomos. Nesses casos, terão capacidade postulatória para agirem judicialmente, em nome próprio. 
Pode-se citar como exemplos a competência conferida ao Ministério Público e à Defensoria Pública para proporem ações civis públicas. É que eles agem em defesa de prerrogativas institucionais e sua capacidade decorre sempre da legislação aplicável. 
STJ – AgRg no REsp 700136/AP j.24.08.10 “Este Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão segundo a qual os Tribunais Federais, Estaduais ou de Contas, por integrarem a Administração Pública Direta e por não possuírem personalidade jurídica, mas, apenas, judiciária, somente poderão estar em juízo, excepcionalmente, para a defesa das prerrogativas institucionais, concernentes à sua organização e ao seu funcionamento (...)”.
b) Por não possuir personalidade jurídica, o órgão não possui patrimônio próprio, art. 98 e 99 do CC – os bens usados por órgãos são de domínio das pessoas políticas que integram e estão afetados por lei para o uso especial e privativo do órgão.
Obs.: Não é o órgão que reclama posse e domínio e nem que defende posse e domínio, mas somente a pessoa política; 
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”.
Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. PARÁGRAFO ÚNICO: Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado”.
c) Órgão não exerce e nem assume em nome próprio direitos ou obrigações (órgão não compra, não vende, não contrata e não realiza licitações ou concursos públicos – cabe sempre a pessoa política cumprir esses procedimentos no interesse dos órgãos). 
d) Órgão não atua por iniciativa ou vontade própria – como todos os órgãos da administração direta são sempre de Direito Público, devem obrigatoriamente cumprir suas leis de competência – órgãos deverão sempre cumprir a vontade do Estado sobre eles imputada por lei – é a TEORIA DA IMPUTAÇÃO VOLITIVA*, também do professor Otto Gierke, segundo a qual o Estado imputa a sua vontade através de lei e quando o órgão age é na verdade o Estado que esta agindo. ÓRGÃOS SÃO IMPESSOAIS e não respondem por danos que causam (é sempre a pessoa política que irá responder).
e) Órgão por não ter personalidade jurídica, não têm capacidade processual para serem autor ou réu em qualquer demanda. 
Obs.: Para o STF, excepcionalmente o Órgão pode sozinho impetrar mandado de segurança contra outro, desde que seja para defender atribuição constitucional (logo, nem todo órgão impetra Mandado de Segurança, mas somente aqueles com atribuição constitucional própria). 
1.1) Estruturação ou Organização dos Órgãos:
Os órgãos da administração direta estão sujeitos a subordinação hierárquica e, portanto, estão em regra organizados verticalmente em 4 níveis de competências, que são:
a) Órgãos Independentes: são aqueles que detém independência administrativa, ou seja, são órgãos que encabeçam cada estrutura ou poder. Não estão subordinados a qualquer outro órgão ou poder, ou seja, se encontram no topo da hierarquia daquelePoder estatal, se sujeitando somente ao controle que é exercido entre os Poderes estruturais do Estado. Têm origem constitucional e representam cada um dos Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário). Suas atribuições são exercidas por agentes políticos.
Ex.: No Poder Executivo, o órgão independente é a presidência da república. 
Cabe aos órgãos independentes a definição do plano político de atuação daquela estrutura ou poder. Exemplo, no executivo, a atribuição da Presidência da República são os planos de governo (PAC; bolsa família; fome zero, etc.).
b) Órgão Autônomo: são aqueles politicamente subordinados aos órgãos independentes e diretamente subordinado aos seus agentes, formando o 1º ESCALÃO DE PODER.
Ex.: no poder executivo são os ministérios (união) e órgãos equiparados (presidência de banco central). 
Cabe aos órgãos autônomos o planejamento das políticas definidas pelos órgãos independentes, gozando de AUTONOMIA ADMINISTRATIVA e FINANCEIRA, são órgãos diretivos, com funções de coordenação e planejamento, tem orçamento próprio para gerir o exercício da sua atividade. Ex.: o ministro da infraestrutura planeja com autonomia as obras que ele pretende para cumprir o PAC e o valor orçamentário que ele precisará para cumprir isso.
c) Órgãos Superiores: são aqueles desprovidos de independência política. São órgão integramente subordinados aos órgãos autônomos (eles recebem ordens diretas dos órgãos autônomos).
Compete a esses órgãos a mera coordenação para implementação das políticas já planejadas. Possuem apenas poder de direção e controle sobre assuntos específicos da sua competência, não tem autonomia, não tem independência, dependem de controle de uma chefia mais alta, mas ainda conservam o poder de decisão, no que tange aos atos praticados no exercício de suas atividades.
Ex.: Secretaria da Receita Federal, Secretaria do Meio Ambiente, Delegacia da Receita Federal, Delegacia do Meio Ambiente, Delegacias do Trabalho, Procuradorias, auditorias, chefia.
d) Órgãos Subalternos: são os órgãos mais simples da estrutura, também desprovidos de independência política e autonomia administrativa e financeira, com reduzido poder de decisão, que estão subordinados a todos os órgão acima (todos dão ordens ao subordinado). 
Os órgãos subalternos são meros órgãos de execução de atividades administrativa. 
Ex.: Auditor da Receita, Procurador do Estado. 
Obs.: MINISTÉRIO PÚBLICO, DEFENSORIA PÚBLICA e TRIBUNAL DE CONTAS são órgãos, mas não integram a estrutura verticalizada dos 4 níveis vistos acima, pois são considerados ORGÃOS INDEPENDENTES CONSTITUCIONAIS.
São órgãos, pois são diretamente criados por lei, sempre regidos pelo regime público e desprovidos de personalidade jurídica própria. 
São independentes, pois não estão subordinados a qualquer outro órgão ou poder e gozam da prerrogativa constitucional para definirem as próprias políticas (NESTES 3 órgãos ninguém manda).
São constitucionais, pois não integram qualquer um dos 3 poderes e são de criação e funcionamento obrigatórios segundo a Constituição. 
Obs.: Em função da independência funcional, o Ministério Público e a Defensoria Pública gozam de capacidade processual extraordinária para propor com autonomia ação coletiva na defesa de interesse público.
1.2) Atribuição e funções típicas do Tribunal de Contas da União:
a) O TCU, que possui estrutura complexa, tem como principal atribuição aplicar concretamente a lei de ofício para defender e garantir interesses públicos e coletivos, tais como, defesa dos cofres públicos (dinheiros públicos geridos por entes públicos ou privados); defesa do patrimônio histórico e público, incluindo o meio ambiente que é bem público federal; TCU também tutela a moralidade administrativas
b) O TCU tem estrutura e funcionamento orgânico de Tribunal Superior: 
A Constituição Federal equipara o TCU ao STJ, conferindo a ele as mesmas prerrogativas e regras de funcionamento orgânico; e seus agentes são escolhidos por nomeação e são vitalícios a partir da posse com as mesmas prerrogativas e equiparações dos Ministros do STJ. 
c) TCU previsto no capítulo do Poder Legislativo: 
A CF (art. 72 e seguintes) obriga todo poder, ente e pessoa administrativa a constituir dentro de sua estrutura um órgão técnico de controle financeiro INTERNO – esse órgão de controle interno não substitui o Tribunal de Contas, pois não julga e nem sugere providencias ou punições – é apenas um órgão “sensível” que fiscaliza e acompanha os gastos, os pagamentos e a execução orçamentária daquele órgão ou ente. Ao identificar irregularidades, deverá comunicar ao respectivo Tribunal de Contas sob pena de responsabilização. 
Cabe ao Tribunal de Contas exercer, então, o CONTROLE EXTERNO financeiro e orçamentário de todos os entes que integram os Estado.
As contas do chefe do Executivo não estão sujeitas a esta regra, pois não são prestadas ao Tribunal de contas e nem julgadas por ele – são prestadas ao Legislativo e julgadas pelo Legislativo. 
Quando o Legislativo recebe estas contas, em primeiro encaminha ao Tribunal de Contas para análise técnica e expedição de parecer (em regra no prazo de até 60 dias, passando para até 180 dias nas contas dos pequenos municípios) e, quanto não expede o parecer, o Tribunal de Contas não entra em recesso. 
*O Brasil expressamente adota as normas internacionais de Accountability – normas de governança financeira que obrigam na prestação de contas com responsabilidade e responsabilização (= Responsividade). A lei de responsabilidade fiscal (Lei Complementar 101/00) é a norma interna de Accountability (ela que atribui a responsividade fiscal).
Nas esferas Federal e Estadual o parecer é OPINATIVO – o Legislativo é livre para concordar ou contrariar sem a necessidade de motivar. 
Na esfera Municipal o parecer é VINCULANTE e só pode ser contrariado desde que seja previamente derrubado por votação qualificada de 2/3.
São 4 os resultados do parecer emitido: 
Aprovação simples;
Aprovação com ressalvas – são inconsistências e irregularidades formais na demonstração das contas exigindo a retificação.
Reprovação – as contas estão formalmente erradas, indicando a ocorrência de possível ilícito, não comportando simples retificação (exige, em regra, processo de apuração contábil política – foi apenas 1 vez na história e há 2 séculos atrás).
Reprovação das contas da Dilma – 2015**Reprovação com responsabilização – o Tribunal de Contas em devido processo legal (contraditório e ampla defesa com decisão motivada) processou e julgou a ocorrência de graves crimes fiscais, encaminhando ao legislativo a reprovação das contas, a decisão motivada de condenação e a indicação da aplicação de punição prevista em lei.
*PEDALADAS FISCAIS 2015: Nas contas de 2015 do Governo Federal foram identificadas, processadas e julgadas 3 irregularidades fiscais graves previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal e na Lei 1.079/50 dos Crimes de Responsabilidade do Presidente da República com “Crimes Político-Administrativos”. 
Quando as contas estão regulares, ocorre a prestação anual ou a tomada anual de contas. Quando há indícios de irregularidade aquele órgão de controle interno comunica o Tribunal de Contas e este realiza uma auditoria fiscal, indicativa de ilícito, chamada TOMADA DE CONTAS ESPECIAL (esta pode ocorrer a qualquer tempo e quantas vezes necessária). 
Durante o exercício de 2015 o TCU em tomada de contas especial identificou 3 possíveis crimes fiscais: 
O Governo Federal abriu crédito adicional suplementar que é um empréstimo de curto prazo para cobrir momentânea insuficiência de caixa sem a obrigatória autorização legislativa prévia; 
Estouro nos limites gerais de endividamento corrente nas contas federais (a CF e Resoluções do Senado fixam os limites máximos de endividamento que o governo pode assumir e o limite é rígido – 60%); 
Fraude na demonstração do saldo corrente: o Governo Federal maquiou estas operações deixando de repassar receitas obrigatórias para os entes da administraçãoindireta, mantendo assim, de forma abusiva, um grande saldo na conta corrente – levando as instituições financeiras federais (principalmente o Banco do Brasil) a conceder empréstimos para o próprio Governo Federal – o que é expressamente proibido pelo art. 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta maquiagem contábil é chamada de “Pedalada Fiscal”, que ilude os auditores para esconder os outros dois crimes fiscais acima.
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.
        Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.
Respeitando o devido processo legal, o TCU concedeu prazo de defesa para o governo e, em seguida, em dilação probatória comprovou material e contabilmente os 3 crimes investigados, proferindo decisão de mérito que foi objeto de defesa e questionamento no STF.
*Este é o primeiro motivo pelo qual o Tribunal de Contas está previsto no capítulo do Poder Legislativo – por ser um órgão técnico que auxilia na análise das contas do Chefe do Executivo.
O segundo motivo que coloca o TCU no capitulo do Poder Legislativo é que cabe ao Poder Legislativo tomar as contas do Tribunal de Contas (logo, o legislativo toma as contas do Chefe do Executivo e do Tribunal de Contas) – e, para obrigar o TCU a prestá-las a CF criou um mecanismo orçamentário de controle: a verba orçamentária do TCU pertence somente ao TCU, mas é liberada na lei orçamentária anual dentro do orçamento do Poder Legislativo. Logo, o Poder Legislativo só libera o acesso ao orçamento anual do TCU depois que ele formalmente prestar suas contas anuais.
Obs.: Por paralelismo principiológico, esta regra da CF é de reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais e, São Paulo e Rio de Janeiro reproduziram em suas leis orgânicas municipais as mesmas regras e previsões.
2. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA:
O Chefe do Executivo tem a competência para propositura da lei de delegação externa dos serviços e atribuições do Executivo considerado de relevante interesse.
Esta é uma delegação externo chamada de descentralização administrativa que irá criar diretamente as AUTARQUIAS e autorizar a criação das FUNDAÇÕES PÚBLICAS, das EMPRESAS PÚBLICAS e das SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. 
*Ao contrário dos órgãos da administração direta: 
Estas pessoas possuem personalidade jurídica própria;
Possuem patrimônio próprio;
Exercem em nome próprio direitos e obrigações (compram, vendem, contratam e licitam em nome próprio);
Não estão sujeitos a subordinação hierárquica e não são considerados impessoais (respondem pessoalmente pelos danos que causam).
2.1) Autarquias
As autarquias são diretamente criadas por lei de propositura do Chefe do Executivo e, portanto, não admite nem depende de estatuto e nem de contrato social e, portanto, a lei criadora deverá regular por inteiro a autarquia. 
As autarquias prestam serviços propriamente públicos que são sem finalidade lucrativa e sem natureza econômica. 
*Todas as autarquias são sempre de regime público próprio da pessoa política à qual esteja vinculada e, portanto:
a) Podem ser diretamente convertidas por lei em órgãos, passando à integrar a administração direta (de mesma forma, o órgão pode ser convertido em autarquia diretamente por lei);
b) Podem titularizar em nome próprio poder de polícia (logo, poder de polícia é titularizado por lei por pessoas políticas – união, estados, DF e municípios – e autarquias e fundações públicas);
c) Conforme art. 98 do Código Civil, todos os bens das autarquias constituem patrimônio público e, portanto, são impenhoráveis, não oneráveis e imprescritíveis (não estão sujeitos a usucapião), e para serem alienados devem ser previamente desafetados e submetidos a licitação (bens imóveis de autarquias federais exigem ainda autorização presidencial para serem vendidos).
*d) As autarquias integram a Fazenda Pública.
Fazenda Pública: todos os entes estatais de direito público (pessoas políticas, autarquias e fundações) integram a “Fazenda Pública” que é um conjunto de prerrogativas e regras de proteção ao interesse público primário. Logo, são regras que preservam a supremacia do interesse público sobre o privado e são indisponíveis. (Obs.: a autarquia não pode renunciar prerrogativa da Fazenda Pública). As principais vantagens da Fazenda Pública são: 
Gozam de imunidade tributária recíproca – União, estados, DF e municípios não cobram impostos uns dos outros e nem de suas autarquias e fundações. Imunidade é hipótese de não incidência tributária prevista constitucionalmente. Esta é uma norma de eficácia plena na classificação de José Afonso da Silva. 
São credoras privilegiadas: autarquias podem inscrever seus devedores diretamente em certidão de dívida ativa que goza das presunções relativas de certeza e liquidez constituindo assim título executivo extrajudicial (não precisam atravessar ação de conhecimento para constituir título executivo judicial). 
Obs.: A CDA é executada por ação de execução fiscal (Lei 6.830) que é uma forma de execução mais célere e mais vantajosa para o credor. 
São devedoras privilegiadas. Art. 100 da CF – integrantes da fazenda pública ao sofrem execução comum do Código de Processo Civil – só sofrem execução forçada através do art. 100 da CF que regula dois regimes distintos conforme o valor executado: 
a) Regime de ofício requisitório: quando ente da Fazenda Pública sofrer condenação judicial transitada em julgado de pequeno valor* - farão o pagamento em dinheiro sempre em curto prazo (30 a 60 dias).
*Para a CF é pequeno valor para a esfera federal a condenação até 60 salários mínimos. Estados e municípios podem regular seus próprios limites ou adotar a previsão constitucional: para estados e DF 40 salários mínimos e para municípios 30 salários mínimos.
Trâmite: o credor apresenta ao juiz da condenação sua planilha de cálculos de liquidação do valor que pretende executar e, em seguida, o juiz intima o ente publico devedor para pagamento ou oposição de embargos quando discordar do valor (embargos de execução é ação autônoma que vai suspender a ação de execução, julgada por sentença com sucumbência). 
O pagamento é feito expedindo para o credor um RPV requisitório de pequeno valor. 
b) Regime de precatórios: para condenações acima do pequeno valor, o regime de execução é diferente – o juiz da condenação encaminha os autos para o desembargador presidente que obrigatoriamente deverá organizá-los por ordem cronológica. 
Em seguida, o desembargador presidente manda fazer a verificação da regularidade e da natureza do crédito em execução: 
- Credor executando créditos fiscais de qualquer natureza (tributos pagos indevidamente ou à maior) constituirão precatório fiscal (precatório tributário). 
- Credor cobrando demais créditos, tais como dívidas não pagas pelo Estado, indenizações, verbas orçamentárias não repassadas, etc. constituirão precatório comum. 
- Credor cobrando créditos remuneratórios de qualquer natureza que deixou de receber do Estado constituirão o precatório alimentar ou alimentício sujeito a tramitação extraordinária: 
São organizados em ordem cronológica própria que terá prioridade para pagamento sobre a ordem cronológica geral dos precatórios fiscais e dos comuns (eles furam a fila).
*O idoso e o portador de moléstia grave (definida em lei) terão o direito de receber antecipadamente em dinheiro até 3 vezes o limite de RPV. Exemplo: na esfera federal idoso está cobrando 210 salários mínimos em precatório alimentar – antecipará 180 salários mínimos em dinheiro imediatamente, fracionando seu precatório para receber os 30 salários mínimos restantes através da ordem cronológica de precatórios alimentares (não precisa renunciar o crédito excedente!!).
Obs.: A EC 62 chamada de “Emenda do Calote”havia alterado diversas regras sobre os precatórios e posteriormente o STF decretou a inconstitucionalidade da maioria destas alterações. Hoje, as principais regras de precatórios são: 
A atualização do valor do precatório segue as mesmas regras e índices de atualização da dívida ativa (taxa celic).
O credor é livre para ceder ou alienar seus precatórios a qualquer um – independente de prévia autorização do ente público devedor (a transferência do precatório só surtirá efeitos quando o novo credor apresentar os recibos e comprovantes de transferência perante o ente público devedor).
A união pode pagar espontaneamente precatórios devidos por estados e municípios passando a ser credora destas outras pessoas políticas.
O precatório pode ser fracionado, principalmente: para o credor de precatório alimentício, idoso ou portador de moléstia grave poder antecipar ate 3 vezes o RPV em dinheiro e no caso de litisconsórcio ativo multitudinário a grande condenação é fracionada conferindo a cada credor a execução do seu próprio precatório. Caso a fração de um dos credores seja de pequeno valor, não receberá por RPV, mas sim por precatório, pois a dotação orçamentária considera apenas o valor total da condenação.
Não pagamento: quando o ente público devedor deixar de pagar o precatório na data prevista estará sujeito a 3 naturezas de sanções: a) o dirigente da entidade responderá por (crime de responsabilidade); b) o ente público devedor não poderá obter empréstimos, nem garantias prestadas por outros entes públicos e não poderá receber (transferências voluntárias – as pessoas políticas podem, voluntariamente, financiar obras e serviços umas das outras); c) a pedido do credor, poderá ser decretado o SEQUESTRO das rendas públicas do ente devedor.
O desembargador presidente que violar a ordem cronológica dos precatórios estará sujeito a crime de responsabilidade e processo no CNJ.
Pagamento: o desembargador presidente expedirá uma ordem judicial para que o devedor inclua aquele precatório no orçamento – expedindo a ordem até primeiro de julho o precatório é inscrito no orçamento do próximo ano e expedindo após primeiro de julho, o precatório é inscrito no exercício posterior ao seguinte. 
O STF julgou inconstitucional o pagamento por leilão de precatórios e também os pagamentos por parcelamento especial e hoje o pagamento é exclusivamente por ordem cronológica.
TIPOS DE AUTARQUIAS
As autarquias estão divididas em 2 grandes grupos:
a) Autarquias comuns: são aquelas que prestam serviços públicos próprios do Estado, porém, de natureza comum, tais como o INSS e o INCRA.
Como todas as demais autarquias estão sujeitas à obrigação de licitar, concursar agentes, prestar contas ao Tribunal de Contas e respeitar as restrições do funcionalismo público, tais como proibição de cumulação de cargos e funções, salvo as exceções constitucionais, respeito ao teto de remuneração e remuneração padrão por vencimento, entre outros.
Os agentes previamente concursados estarão sujeitos ao estatuto do servidor civil, gozando de estabilidade após o estágio de 3 anos (a estabilidade só é quebrada por processo disciplinar por infração grave, processo simples por ineficiência, processo simples por excesso de despesas públicas, conforme art. 169 da CF ou ainda por processo judicial transitado em julgado).
O dirigente é nomeado sem concurso nem eleição prévia (e deste modo, destituível a qualquer tempo sem processo, nem motivação – destituição ad nutum).
b) Autarquias especiais ou autarquia de regime especial:
	b.1) Prestadoras de serviços especiais constitucionais – possuem estrutura , prerrogativas e regras próprias e especiais que não são aplicadas às demais autarquias. Cada uma terá regras e estrutura próprias definidas por sua lei de criação. 
Principal exemplo: CADE – conselho administrativo de defesa econômica. Esta autarquia exerce o poder de polícia econômica pelo Estado fiscalizando, impondo o condicionamento ou até a restrição para o exercício da atividade econômica e intervindo no domínio econômico pare reprimir quem cometa abuso de poder econômico (tais como concorrência desleal e fraude ao consumidor).
Na estrutura, o CADE é composto por 4 órgãos especiais:
Tribunal administrativo: é o órgão máximo do CADE, colegiado, composto por 7 conselheiros, indicados pelo Presidente da República e aprovados e empossados pelo Senado (logo, a cassação administrativa do conselheiro é realizada pelo Senado).
Superintendência geral: (é como se fosse o Ministério Público, pois) cabe a superintendente geral conduzir e produzir provas no contencioso econômico por “crimes” (ilícito administrativo) econômicos, atua de ofício para defender interesses indisponíveis do mercado (principalmente o direito de livre iniciativa econômica e livre concorrência de mercado) e toma a proposta de “delação premiada econômica” chamada programa de leniência, porém cabe ao tribunal administrativo aprovar e homologar.
 Centro de estudos econômicos: este órgão é presidido por um “economista chefe” que promove estudos e emite pareceres para o superintendente geral e para os conselheiros explicando novas figuras de ilícitos econômicos reconhecidas em outros tribunais (de outros países) e também realizando estudos para normatizar administrativamente usos e costumes econômicos internacionais para que sejam observados no mercado interno.
Procuradoria federal especializada;
b.2) Autarquias de ensino público de nível superior (USP, Unicamp, Unifesp, UENP) e de fiscalização de profissões regulamentadas (Conselho regional de farmácia; conselho federal de odontologia, CREA) 
Estas são autarquias com maior autonomia administrativa pois, em regra, não estão sujeitas a tutela ou supervisão ministerial. Prestam serviços públicos específicos e gozam de flexibilidade na especialização (tem autonomia para explorarem serviços correlatos). 
Seus agentes são concursados, porém, em rega, assinam contrato de trabalho regido pela CLT. Estes são destituídos mediante processo simples com decisão motivada.
*Dirigentes – são previamente eleitos pela classe ou categoria e depois nomeados pelo chefe do executivo; logo, só podem ser destituídos mediante processo com decisão motivada (não são destituíveis ad nutum).
b.3) Agências reguladoras
São as autarquias especiais dotadas de maior autonomia e até independência política. 
Com a quebra do monopólio dos serviços públicos de natureza econômica estes serviços passaram a ser privatizados conforme art. 175 da CF. O Estado mantém a titularidade exclusiva do serviço e privatiza a sua exploração, fixando as metas de qualidade e eficiência que deverão ser obrigatoriamente alcançados pelo explorador, as metas de investimento obrigatório na infraestrutura pública que serão exigidos dos concessionários e a modicidade e equilíbrio da tarifa pública que as concessionárias poderão cobrar.
Cabe às agencias reguladoras a fiscalização sobre concessionárias e demais exploradoras de serviços privatizados para que respeitem todas estas regras.
As agências reguladoras funcionam como tribunal administrativo, para processar, julgar e punir concessionárias e exploradoras de serviços públicos (e as decisões técnicas destes tribunais só podem ser revistas pelo judiciário quando ilegais e a corrente majoritária não admite que a decisão judicial substitua a decisão técnica da agência reguladora – ou seja, o judiciário anula, mas não substitui). Também funciona como ente regulatório expedindo os atos reguladores que disciplinam as regras de exploração privada dos serviços privatizados. E, ainda, controlam a tarifa que poderá ser cobrada autorizando aumentos ou obrigando reduções para manter a “modicidade da tarifa”. 
Apesar de a CF exigir a edição de uma “lei geral” das agências reguladoras esta lei ainda não foi editada e todas as agências reguladoras criadas seguem o modelo ou padrão das 3 primeiras agências reguladoras criadas no Brasil através de Emenda Constitucional (são chamadas de “agências reguladoras constitucionais”): ANP (agência

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