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DISCIPLINA: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS AULA 4 Prof.ª Carolina Walger 2 INTRODUÇÃO O trabalho é a maior expressão transformadora do homem. Sem ele não teríamos invenções, descobertas e formas diferentes de produzir; em síntese, o progresso e a geração de riqueza. O novo paradigma é agregar valor. E é neste novo conceito que aponta o trabalho como uma atividade mais agradável, desafiadora e recompensadora, necessitando de um ambiente físico que ofereça condições, para desempenhar as atividades com segurança, conservando sua saúde dos funcionários e priorizando a sua qualidade de vida. Nesta aula sobre retenção de pessoas, entraremos em um mundo onde é necessário entender as condições físicas, psicológicas, sociais e materiais que caracterizam o ambiente de trabalho. Tudo está inter-relacionado, por isso é importante entender os conceitos de segurança, higiene, ergonomia, processos psicossociais, qualidade de vida no trabalho (QVT), estresse. Esses conhecimentos o conduzirão a entender e verificar como, hoje, o processo de reter pessoas está intimamente relacionado às condições físicas e sociais que o gestor irá encontrar no seu lugar de trabalho. Considerando as significativas mudanças no mercado de trabalho, que se torna, muitas vezes, mais complexo, rápido e turbulento a cada dia, e tendo em conta a eminente busca por uma melhor qualidade de vida por parte dos trabalhadores de todos os níveis, fica a cada instante mais evidente a necessidade de as organizações cuidarem de seus talentos, bem como empreenderem esforços no sentido de captar, desenvolver e reter o capital humano. Afinal, qual é o segredo para a retenção de talentos? Um dos caminhos é ter um ambiente de trabalho que seja considerado excelente para os funcionários. A qualidade de vida no trabalho é um assunto muito abordado no atual ambiente das organizações e é um fator de grande importância na retenção de novos talentos e manutenção dos talentos já existentes. 3 Tornar os ambientes mais agradáveis, saudáveis e seguros é um objetivo que demanda conhecimento e necessidade por parte dos gestores e das empresas. Vamos, então, começar... e lembre-se: de todas as formas, você vivenciará ou já vivenciou todos os aspectos que de forma conceitual trabalharemos nessa aula. Assista ao primeiro vídeo com da professora Carolina no material on-line! Lá você terá mais detalhes da aula de hoje! CONTEXTUALIZANDO A maior parte da vida de uma pessoa é passada na organização onde trabalha. Significa que além de sua casa, é na a empresa que você passa a maior parte do tempo, onde surgem relações, problemas, planos, frustrações e doenças. É necessário, por isso, entender o que significa, por exemplo, higiene e segurança no trabalho, suas relações, sua dinâmica com a prática diária e as consequências de não observá-las. Podemos arriscar a dizer que sem condições físicas, psicológicas, ambientais e sociais, se torna difícil ou não é possível a prática profissional. Pense na sua empresa e em outras muitas e perceba a importância dos temas que vamos tratar. Boas condições de trabalho são necessárias para o desempenho do profissional do funcionário. 4 Administrar pessoas implica em responsabilidades legais e morais. Ou seja, é necessário assegurar que o local de trabalho esteja livre de riscos que, em algum momento, possam pôr em perigo a segurança física e/ou psicológica dos trabalhadores. É importante oferecer condições de trabalho que evitem prejuízos que acarretam custos à empresa e insatisfação e desmotivação por parte dos funcionários. O ambiente de trabalho deve proporcionar condições favoráveis para que as condições físicas e psicológicas dos trabalhadores sejam preservadas, evitando impactos físicos e/ou emocionais que reduzam substancialmente a produtividade. Problematização Minimizar as condições perigosas nos processos produtivos depende, principalmente, de saber identificar os fatores de risco que podem ocasionar acidentes e, consequentemente, atrasos na produção. Aproveite a oportunidade e inicie sua preparação como gestor responsável. O quadro a seguir apresenta uma classificação de riscos. Observe seu ambiente de trabalho e liste os fatores de risco nele existentes, classificando-os como no quadro. Riscos físicos Riscos químicos Riscos biológicos Riscos ergonômicos Agora, responda: o clima organizacional da empresa, do local de trabalho, a hostilidade entre as pessoas, as queixas contínuas e baixos salários aumentam o risco de acidentes? Anote suas impressões e, depois, compare-as com este direcionamento da professora! Dentre as variáveis que afetam o clima organizacional de uma empresa, a segurança, as condições do trabalho e um bom ambiente de trabalho colaboram com a satisfação e as expectativas das pessoas. 5 Quando se consegue criar um bom clima, há um aumento da eficácia e consequentemente de produtividade. Isso é fruto das políticas e ações da organização, em consonância com as necessidades dos funcionários, proporcionando a satisfação de suas necessidades, sua segurança, equipamentos apropriados, e direcionando seus comportamentos. Confira as considerações da professora Carolina quanto a esta questão que acabamos de ver... No material on-line! HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO Breve histórico da segurança no trabalho: mundo e Brasil Vamos entender a importância destes conceitos e suas aplicações. Para isso é importante conhecer brevemente a história da segurança no trabalho, no Brasil. De acordo com Pereira (2001), a saúde dos trabalhadores em um posto de trabalho é resultado das conquistas obtidas com as leis trabalhistas. Grande parte das primeiras indústrias não apresentava condições mínimas de garantia à saúde do trabalhador, pois eram localizadas em imensos galpões, armazéns velhos, com pouca iluminação, ventilação deficiente e sujeira. O tema da saúde do trabalhador ganhou força e importância com a Revolução Industrial. O foco dos empregadores era o lucro a qualquer preço, e com esse intuito ofereciam aos operários as mínimas condições de trabalho (PEREIRA, 2001). Pereira (2001) explica que alguns fatores levam a acreditar que os altos índices de acidentes de trabalho eram ocasionados em função de: Postos de trabalho inadequados e deficientes; Ferramentas utilizadas de maneira imprópria e/ou em más condições; Extensas jornadas de trabalho; Ausência de pausas para descanso; Falta de treinamento para execução das tarefas; Ritmos excessivos de produtividade, dentre tantas outras causas. 6 Desses fatores surgiu a necessidade de criar leis para proteger a saúde e o bem- estar do trabalhador. A primeira lei de proteção aos trabalhadores foi aprovada em 1802, na Inglaterra. À medida que os empregadores perceberam a relação entre o aumento da produtividade e as melhores condições de trabalho, passaram a dar mais atenção a essa causa, de modo que outros benefícios surgiram lenta e gradativamente. Um movimento em prol da saúde tornou-se necessário nas fábricas, surgindo, então, a figura do médico do trabalho, cujo papel era adotar medidas preventivas ocupacionais por meio de exames médicos admissionais e periódicos (PEREIRA, 2001). Em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com a finalidade de promover a melhoria das condições de trabalho,bem como garantir os direitos ao trabalhador. Em 1950, estruturou-se um comitê misto da OIT com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que aprovou uma resolução definindo as primeiras funções da medicina do trabalho; promover e manter o alto nível de bem-estar físico, mental e social do trabalhador em todas as profissões e auxiliar a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem à sua tarefa. Contudo, somente entre 1953 e 1959 a OIT, atualmente vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), aprovou a necessidade da operação da medicina do trabalho no âmbito ocupacional. Dessa forma, foram definidas as ações e os serviços que os médicos dessa especialidade deveriam prestar aos empregadores e empregados (PEREIRA, 2001). De acordo com Pereira (2001), o Brasil, na condição de país colonizado, e com desenvolvimento tecnológico tardio, preocupou-se com a saúde do trabalhador a partir do surgimento de epidemias como febre amarela, cólera e peste, que matou dezenas de trabalhadores, ocasionando prejuízo para a economia da época. É durante o ciclo do café que ocorre a divisão internacional do trabalho e a saúde pública volta-se para o combate das epidemias. A classe trabalhadora dá início aos movimentos sociais de luta por seus direitos, organizando-se em greves, como as de 1907, 1912, 1917 e 1920. 7 Em decorrência dessas manifestações e da insatisfação da classe, foram surgindo leis objetivando a regulamentação da questão da higiene e segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho, assim como o surgimento do primeiro médico de fábrica, no Brasil. Lei n. 3.724/19 – compreende a intervenção do Estado nas condições de trabalho no Brasil. Decreto n. 16.027/23 – cria o Conselho Nacional do Trabalho para Previdência Social. Decreto n. 19.433/30 – cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, tendo como área de atuação a Higiene e a Segurança do Trabalho, conforme o artigo 200 da Constituição Federal de 1988. Em 1934 criou-se a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho. Em 1943 houve a implantação do Código de Legislação Trabalhista – CLT, o qual vem regulamentar todas as normas trabalhistas determinando os direitos e deveres de empregador e empregado, não só no que diz respeito à segurança do trabalho, como também à jornada de trabalho, salário, previdência social, aposentadoria. Decreto-lei n. 7.036/44 – institui o seguro obrigatório ao trabalhador acidentado e a constituição de comissão interna para representar os trabalhadores no que concerne a higiene e segurança no trabalho, em empresas com mais de 100 (cem) empregados. HIGIENE DO TRABALHO Segundo Chiavenato (2010), a higiene do trabalho pretende garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro: Refere-se a um conjunto de normas e procedimentos que visa proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas. Relaciona-se com o diagnóstico e a prevenção das doenças ocupacionais a partir do estudo e controle de duas variáveis, o homem e o seu ambiente de trabalho. 8 Relaciona-se também com a busca de condições de trabalho saudáveis e higiênicas. Há vários fatores de risco que afetam o trabalhador no desenvolvimento das suas tarefas diárias. De acordo com o site, Portal da Educação, os principais tipos de risco ambiental que afetam os trabalhadores de um modo geral, estão separados em: Riscos físicos Os fatores físicos do ambiente de trabalho interferem diretamente no desempenho de cada trabalhador e na produção obtida pelo que se justifica a sua análise com o maior cuidado. Riscos químicos Substâncias químicas, utilizadas nos processos de produção industrial, são lançadas no ambiente de trabalho através de processos de pulverização, fragmentação ou emanações gasosas. Essas substâncias podem apresentar se nos estados sólido, líquido e gasoso. Riscos biológicos Relacionam-se com a presença de microrganismos no ambiente de trabalho, como bactérias, vírus, fungos, bacilos, etc., normalmente presentes em alguns ambientes de trabalho, como hospitais, laboratórios de análises clínicas, coleta de lixo, indústria do couro, tratamento de efluentes líquidos. 9 Riscos ergonômicos Verifica-se, algumas vezes, que os postos de trabalho não estão bem adaptados às características do operador, quer quanto à posição da máquina com que trabalha, quer no espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais que utiliza nas suas funções. Trataremos o tema da ergonomia e o porquê da sua necessidade mais adiante. Conhecendo os riscos e todas suas consequências, é importante saber e ter em conta os principais aspectos de higiene do trabalho que estão relacionados, de acordo com Chiavenato (2010, p. 471) com: Ambiente físico de trabalho Iluminação: luminosidade adequada para cada tipo de atividade Ventilação: remoção de gases, fumaça e odores desagradáveis, assim como o afastamento de possíveis fumantes; utilização de máscaras Temperatura: manutenção de níveis adequados de temperatura Ruídos: eliminação de ruídos, utilização de protetores de ouvido Conforto: ambiente agradável e aconchegante Ambiente psicológico de trabalho Relacionamentos humanos agradáveis Atividade agradável e motivadora Estilo de gestão democrática e participativa Eliminação de possíveis fontes de estresse Comprometimento pessoal e emocional 10 Aplicação de princípios de ergonomia Máquinas e equipamentos adequados às características humanas Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico humano Saúde ocupacional Ambiente facilitador das relações interpessoais Melhoria da produtividade Redução de absenteísmo, acidentes, doenças e rotatividade Um ambiente de trabalho agradável facilita as relações interpessoais, melhora a produtividade e reduz acidentes. Contudo, os riscos de saúde como riscos físicos e biológicos, tóxicos e químicos, assim como condições estressantes de trabalho, podem provocar riscos de acidentes no trabalho, o que leva as empresas e os gestores a pensar e implantar e praticar ações que cuidam da segurança e da saúde dos funcionários. Segurança no trabalho Para Wachowicz (2009), a segurança no trabalho pode ser entendida como o conjunto de medidas que adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, as doenças ocupacionais, em como proteger a integridade e a capacidade laboral. A segurança no trabalho está relacionada com a prevenção de acidentes e com a administração de riscos ocupacionais. Sua finalidade é profilática, no sentido de antecipar-se para que os riscos de acidente sejam minimizados. Além disso, as condições de segurança, higiene e saúde no trabalho constituem o fundamento material de qualquer programa de prevenção de riscos profissionais e contribuem, na empresa, para o aumento da produtividade com diminuição dos acidentes. Ainda nos conceitos, vejamos que aspectos envolvem a segurança no trabalho: Prevenção de acidentes Prevenção de incêndios Prevenção de roubos 11 Mais adiante, vamos ver cada um deles, mas, por hora, é importante conhecer o que significa acidente, dentro do tema que estamos estudando. O National Safety Council define acidente como uma ocorrência em uma série de fatos que, semintenção, produz lesão corporal, morte ou dano material. Essas definições consideram o acidente como um fato súbito, inesperado, imprevisto e não premeditado. Os acidentes de trabalho são classificados em: Acidente sem afastamento Após o acidente a pessoa continua trabalhando e sem qualquer sequela ou prejuízo considerável. Acidente com afastamento O acidente impede que a pessoa continue suas atividades: Incapacidade temporária Incapacidade parcial permanente Perda de qualquer membro ou parte do mesmo Redução da função de qualquer membro ou parte do mesmo Perda da visão ou redução funcional de um olho Perda da audição ou redução funcional de um ouvido Quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas que resultem em redução de menos de três quartos da capacidade de trabalho Incapacidade permanente total Provoca a perda total em caráter permanente da capacidade de trabalho. Basicamente, existem duas causas principais de acidentes: Condições inseguras São as principais causas dos acidentes de trabalho: Equipamento sem proteção Equipamento defeituoso Procedimentos arriscados em máquinas ou equipamentos Armazenamento inseguro, sobrecarregado Iluminação deficiente ou imprópria 12 Ventilação imprópria (temperatura elevada ou muito baixa; Condições física ou mecânicas inseguras constituindo-se em zonas de perigo) Atos inseguros As pessoas causam acidentes. Os atos inseguros das pessoas são: Carregar materiais pesados inadequadamente Trabalhar a velocidades muito rápidas ou muito lentas Utilizar esquemas de segurança inoperantes Usar equipamentos inseguros e usá-los inadequadamente Não usar procedimentos seguros Subir em escadas ou degraus depressa Distrair, negligenciar, brincar, arriscar, abusar etc. É fundamental reduzir a possibilidades de acidentes dentro da empresa. As condições inseguras e os atos inseguros – certas características pessoais – causam acidentes que colocam em perigo a segurança dos funcionários. Prevenir acidentes é função e missão de todos. Leitura obrigatória Complete seus estudos sobre higiene e segurança do trabalho lendo: ”A importância dos programas de segurança na empresa”. p. 32 a 36 Segurança e Higiene do trabalho (Organizador: Celso Augusto Rossete). São Paulo: Perarson. Coleção Bibliografia Universitária Pearson, 2014. Saiba Mais Assista ao vídeo: Pato Donald – Como sofrer um acidente de trabalho: https://www.youtube.com/watch?v=Jc7WU9ku8Ko Sobre este tema de estudos, assista também ao vídeo da professora Carolina, que está no material on-line! 13 SAÚDE NO TRABALHO Segundo Chiavenato (2010), uma maneira de definir saúde é a ausência de doenças. Contudo, os riscos de saúde no desenvolvimento das atividades profissionais, como riscos físicos e biológicos, tóxicos e químicos, bem como condições estressantes de trabalho podem provocar riscos no trabalho. O ambiente de trabalho em si também pode provocar doenças. Esta definição prioriza as relações entre corpo, mente e padrões sociais. A saúde de uma pessoa pode ser prejudicada por doenças, acidentes ou estresse emocional. Com este panorama, é importante que os gestores assumam também a responsabilidade de cuidar do estado geral da saúde dos funcionários, incluindo logicamente seu bem-estar psicológico. Um funcionário competente, mas em depressão e ou com baixa autoestima, pode ser tão improdutivo como um funcionário que está doente ou hospitalizado. A Lei n. 24/94 instituiu o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, que exige: Exame médico pré-admissional; Exame médico periódico; Exame de retorno ao trabalho (no caso de afastamento superior a 30 dias); Exame de mudança de função – transferência; Exame médico demissional (15 dias antes do desligamento). Além destes exames exigidos por Lei, o Programa de Medicina Ocupacional realiza também: Programas de proteção à saúde dos funcionários; Palestras de medicina preventiva; Elaboração do mapa de riscos ambientais; Relatório anual e arquivos de exames médicos com avaliação clínica; Exames complementares, visando a qualidade de vida dos funcionários e maior produtividade da organização. 14 Empresas interessadas em um bom desempenho de seus funcionários preocupam-se em criar programas de saúde ocupacional, garantindo, dessa forma, um alto rendimento profissional; assim como afastam de sua administração o aumento dos afastamentos por doença, aumento de custos de seguro, aumento de absenteísmo, rotatividade e baixa produtividade. Um programa de saúde ocupacional deve seguir as seguintes etapas: Estabelecimento de um sistema de indicadores, onde constem estatísticas de afastamento e doenças; Desenvolvimento de sistemas de relatórios médicos; Desenvolvimento de procedimentos e regras para prevenção médica; Recompensa aos gestores pela administração eficaz no que se refere à saúde ocupacional. Qual é o papel da ergonomia para a saúde? No Tema 1, conhecemos os riscos ergonômicos. Estes profissionais contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, 15 produtos, ambientes e sistemas dentro da organização, de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. Em agosto de 2000, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA) adotou a seguinte definição considerada oficial: “A ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema.” Fonte: Abergo. A adoção aumenta a eficiência humana no momento em que se tomam decisões que marcam caminhos, para a correção das ações ou uso de equipamentos, causadores de acidentes ou doenças físicas ou mentais. O campo de atuação da ergonomia é extenso, abrangendo tudo que fazemos e que nos rodeia, desde a disposição do mobiliário e dos materiais de um pequeno escritório, até a planta do mais alto edifício ou parque industrial, passando por detalhes, como altura de mesas, cadeiras, formato de tesoura, ruído e temperatura de ambientes e uma infinidade de fatores que podem dificultar ou facilitar a vida das pessoas (IIDA, 2003). O objetivo prático da ergonomia é efetuar as adaptações do lugar de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários e de tudo o necessário para o exercício da função a fim de evitar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. A ergonomia preocupa-se também, com as condições gerais de trabalho, tais como iluminação, ruídos e temperatura do local, que geralmente são conhecidas como agentes causadores de males na área de saúde física e mental. O importante é que através do estudo das situações procura-se traçar os caminhos para a correção, no sentido de aumentar a eficiência humana através de dados que permitam que se tomem decisões lógicas. De maneira geral, os domínios de especialização da ergonomia são: 16 Ergonomia física Inclui o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde. Ergonomia cognitiva Refere-se aos processosmentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Ergonomia organizacional Concerne à otimização dos sistemas sociotécnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Muitas empresas já buscam a melhoria da qualidade do trabalho dos empregados e estabelecem uma série de programas como forma de incentivar a saúde do trabalhador. Nas grandes cidades e áreas mais industrializadas, os gestores conscientes dos futuros problemas estão investindo e colocando em prática estes programas. Preocupam-se também em realizar estudos sobre as vantagens da ergonomia para a melhoria da produção nas suas organizações. Se por um lado, o uso da ergonomia pode sugerir maior gasto, por outro representa uma economia para a empresa e como consequência, a melhoria da saúde do trabalhador e da sociedade. Estresse no trabalho Para Chiavenato (2010), estresse é um conjunto de reações físicas, químicas e mentais de uma pessoa decorrente de estímulos ou estressores que existem no ambiente; é uma condição dinâmica que surge quando uma pessoa é confrontada com uma oportunidade, restrição ou demanda relacionada com o que ele deseja. O estresse é a soma de perturbações orgânicas e psíquicas provocadas por diversos agentes agressores, tais como traumas, emoções fortes, fadiga, exposição a situações conflituosas e problemáticas. 17 A falta de perspectiva no trabalho de progresso profissional e a insatisfação pessoal, não somente derrubam o bom humor das pessoas como também provocam estresse no trabalho. Existem duas fontes principais de estresse no trabalho... interaja com a imagem e conheça: Causas ambientais Envolvem uma variedade de fatores externos e contextuais que podem conduzir ao estresse no trabalho. Por exemplo: programação de trabalho intensivo, falta de tranquilidade no trabalho, insegurança no trabalho, fluxo interno de trabalho e o número e natureza dos clientes internos a serem atendidos. Causas pessoais Envolvem uma variedade de características individuais que predispõem ao estresse. Cada pessoa reage sob diferentes maneiras na mesma situação aos fatores ambientais que produzem o estresse. O estresse no trabalho produz sérias consequências, tanto para o trabalhador como para a organização, tais como. Leitura Obrigatória Acesse a obra a seguir e leia as páginas 94 a 105: WACHOVICZ, Marta Cristina. Segurança, saúde e ergonomia. Curitiba: Ibpex, 2007. Você anda estressado? Quer descobrir quanto? Acesse e faça o teste: http://www.ismabrasil.com.br/testes/teste-seu-nivel-de-stress Não perca esta oportunidade, assista ao vídeo “Saúde e Segurança do Trabalho - Faça a Escolha Certa”... é uma interessante animação. https://www.youtube.com/watch?v=wu5v7MK_Ey8 Sobre este tema de estudos, assista também ao vídeo da professora Carolina, você confere lá no material on-line! 18 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) 1. É possível ter qualidade de vida no trabalho? 2. Ela proporciona uma maior participação por parte dos funcionários? 3. Existe alguma relação entre QVT e eficácia organizacional? 4. Um programa de QVT busca uma organização mais humanizada que proporciona condições de desenvolvimento de desenvolvimento pessoal e profissional? Acreditamos que poderá responder a todos estes questionamentos ao final deste tema, e entenderá a importância da prática da QVT nos processos produtivos da empresa. A expressão Qualidade de Vida no Trabalho foi cunhado por Louis Davis, na década de 1970. Para ele, o conceito de QVT refere-se à preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas atividades. ”A QVT responde a duas necessidades: dos trabalhadores, que reivindicam bem-estar e satisfação no trabalho, e das organizações, que precisam potencializar a produtividade e a qualidade.” (CHIAVENATO, 2010). 19 Para Wachowicz (2007), a QVT é uma forma de pensar a respeito das pessoas, do trabalho e da organização, tendo em vista o impacto do trabalho sobre os indivíduos e a eficácia organizacional. Para a autora, a QVT é uma compreensão abrangente e comprometida das condições de vida no trabalho, que inclui: Aspectos de bem-estar; Garantia de saúde e segurança física, mental e social; Capacitação para realizar tarefas com segurança; Bom uso da energia pessoal. O conceito de QVT implica em profundo respeito pelas pessoas. Para atingir níveis elevados de qualidade e produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas, que participem ativamente nos trabalhos que executam e que sejam recompensadas adequadamente pelas suas contribuições. O quadro a seguir mostra os prejuízos que pode ter um trabalhador pela ausência de QVT e os benefícios gerados pela prática da QVT: Ausência de QVT - Falta de disposição para o trabalho - Sofrimento e depressão - Relacionamento interpessoal comprometido - Redução da performance no trabalho - Adoecimento físico, mental e emocional - Aumento de absenteísmo, rotatividade e acidentes - Elevada imposição de normas - Conflito de valores Componentes da QVT - Satisfação com o trabalho executado - Possibilidade de futuro na organização - Relacionamento dentro da equipe e da organização - Reconhecimento pelos resultados Ambiente psicológico e físico de trabalho: - Participação ativa na organização - Liberdade na tomada de decisões 20 - Benefícios auferidos - Salários - Liberdade Modelos de QVT Entre os principais indicadores de QVT, podemos encontrar os modelos de Nedler e Lawer, o modelo de Hackman e Oldhan e o modelo de Walton. Vejamos a seguir os principais componentes dos modelos de QVT e seus autores... Modelo de Nadler e Lawler Participação nas decisões Reestruturação do trabalho Recompensas Ambiente de trabalho Modelo de Hackman e Oldhan Variedade de habilidades Identidade da tarefa Significado da tarefa Autonomia Retroação do próprio trabalho Retroação extrínseca Inter-relacionamento Modelo de Walton Compensação justa e adequada Condições de segurança e saúde Utilização e desenvolvimento de capacidades Oportunidade de crescimento contínuo e segurança Integração social Constitucionalismo Trabalho e espaço total de vida Relevância social da vida no trabalho 21 Para ampliar seus conhecimentos sobre a necessidade da QVT e os perigos latentes, não só para os trabalhadores, mas também para as organizações, com o desconhecimento ou ausência dela, leia os ”Modelos de QVT” propostos nas páginas 196 a 200 da obra a seguir: Leitura Obrigatória WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOZA, Mariana. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Assista ao vídeo “Qualidade de vida no trabalho”: https://www.youtube.com/watch?v=qoxW13XryFM Sobre este tema de estudos, assista, no material on-line, também ao vídeo da professora Carolina. MOTIVAÇÃO NO TRABALHO O homem se realiza naquilo que faz, e aquilo que faz realiza-o! Você, como está encarando o trabalho? Como castigo, como obrigação, como meio de vida, como condição para ser gente, como forma de ser cidadão do mundo e agenteda história? Entender o trabalho como fonte de humanização e de realização pessoal é um dos objetivos deste tema. Sem trabalho não há cidadania. Trabalho? Para quê? Por quê? Fazemos essas perguntas visando entender a necessidade do trabalho nas nossas vidas, ao mesmo tempo que queremos identificar o significado dele no nosso dia a dia. O trabalho sempre ocupou um lugar importante na vida das pessoas. É através dele que nos realizamos ou não. 22 A relação que se pode fazer entre trabalho e existência capitaliza a constante necessidade do homem de transformar a natureza. É pelo trabalho que evoluímos, mesmo que em alguns momentos fosse limitado pelas condições socialmente estabelecidas. Por estes motivos, é primordial que a pessoa esteja motivada para realizar seu trabalho, e essa motivação se manifesta pela orientação do funcionário para realizar com agilidade e rigor as suas tarefas e continuar na sua execução até conseguir o resultado previsto ou esperado. São três os componentes na motivação: 1. Intensidade (esforço despendido) 2. Direção (qualidade do esforço) 3. Persistência (tempo do esforço) Entende-se, desta forma, que a motivação é o processo de esforco para atingir um objetivo. Mas de nada adianta a intensidade do esforço se não for direcionado corretamente. A qualidade do esforço se vê comprometida quando a direção não é a correta, ou não é identificada a direção para atingir um objetivo, resolver um problema ou tomar uma decisão. A capacidade de persistência é outro dos fatores importantes da motivação. São os obstáculos, as decisões equivocadas e os erros na produção que, em algum momento da vida do trabalhador, podem interferir na motivação dos trabalhadores. A motivação do indivíduo é dele exclusivamente ou pode ser despertada por outras pessoas? Acompanhe o quadro das Teorias endógenas e exógenas. Perceba a relação que existe entre elas. Você acha que elas se complementam? Teorias Endógenas 1. Arousal/Atividade/Energia Pressuposto fundamental: processos internos (estados fisiológicos e afetivos) mediatizam o impacto das condições de trabalho sobre o desempenho. 23 2. Expectativas-valência Pressuposto fundamental: as pessoas são motivadas a trabalhar quando acreditam que serão capazes de obter e realizar o que elas esperam do trabalho. 3. Equidade Pressuposto fundamental: as pessoas são motivadas pelas necessidades de receber tratamento equitativo. 4. Atitude Pressuposto fundamental: indivíduos com atitudes favoráveis ao seu trabalho e à sua organização serão mais motivadas na execução das suas tarefas. 5. Intenção/Metas Pressuposto fundamental: o desempenho individual é determinado pelas metas das pessoas. 6. Atribuição e Autoestima Pressuposto fundamental: a motivação é maior quando as causas do desempenho são percebidas como sendo estáveis e internas e a autoestima do indivíduo é elevada. Teorias Exógenas 1. Motivos/Necessidades Pressuposto fundamental: as pessoas possuem tendências inatas ou adquiridas a buscar certos estímulos e evitar outros. 2. Incentivos/Recompensas Pressuposto fundamental: características da situação do trabalho levam o trabalhador a associar determinadas formas de comportamento com a recompensa. 24 3. Reforço Pressuposto fundamental: as pessoas são motivadas a trabalhar bem quando o bom desempenho é seguido de consequências positivas. 4. Metas/Objetivos Pressuposto fundamental: as pessoas apresentam melhor desempenho quando as metas desafiadoras, específicas e atraentes. 5. Recursos pessoais e materiais Pressuposto fundamental: condições de trabalho que facilitam a obtenção das metas são fonte de motivação. 6. Grupo e fatores sociais Pressuposto fundamental: as pessoas apresentam melhor desempenho quando a organização e os colegas facilitam a execução do trabalho e reconhecem o bom desempenho. 7. Sistema sociotécnico Pressuposto fundamental: a motivação aumenta quando, no sistema de trabalho, existe harmonia nas condições de funcionamento pessoal, social e técnico. Que contribuição as teorias endógenas oferecem à elaboração de ações motivadoras dentro da empresa? Segundo Katzel e Thompson (1990), elas explicam a dinâmica da motivação, mas são as teorias exógenas que sugerem ações que podem ser feitas para mudar a motivação no trabalho. Na prática, as teorias endógenas, que lidam com as motivações dos funcionários, ficam no nível teórico, e são as teorias exógenas que fornecem os elementos de base para definir os programas de motivação para o trabalho, pois estas lidam com as características do trabalho, que podem ser modificadas por agentes externos, tais como oportunidades de promoção, condições de trabalho ou enriquecimento da tarefa. 25 Apesar da eficiência dos motivadores deduzidos a partir de diversas teorias exógenas, pode acontecer que, em uma situação determinada, eles não respondam às expectativas e às metas dos trabalhadores de uma organização. Pense em você e na empresa na qual você trabalha ou em alguma em que já tenha trabalhado... quais eram os fatores endógenos que geravam motivação e quais eram os fatores exógenos que favoreciam a motivação? Insatisfação no trabalho É importante identificar as causas de insatisfação no trabalho. O esquema a seguir mostra diferentes aspectos que incentivam por diversas causas o “não se sentir satisfeito” com o trabalho que está desempenhando ou por descontentamento pelo salário. Também são causas de insatisfação: Conflitos; Um líder em dissonância com a equipe; Um ambiente de trabalho com riscos de acidentes pela falta de segurança; Uma cultura organizacional onde as pessoas não são reconhecidas. 26 Ser infeliz no emprego é mais comum do que parece, especialmente se o mercado está aquecido e novas oportunidades costumam bater à porta. Mas, nem sempre, a pessoa insatisfeita vai dar ouvidos à tentação da mudança, seja por causa de um salário difícil de ser equiparado, um benefício oferecido pela empresa ou pela visibilidade do cargo ocupado em grandes multinacionais, por exemplo, são fatores que costuma “amarrar” a pessoa ao emprego, mesmo estando desmotivado. Nesse caso, se a decisão é permanecer, como fazer para que o fardo não seja tão pesado? Um caminho possível é a automotivação. A estratégia consiste em desenvolver um olhar mais criativo sobre o ambiente de trabalho, pois quando estamos desmotivados tendemos a olhar para o próprio umbigo. É preciso buscar oportunidades ao redor. Comece refletindo que nem tudo é ruim... identificar exatamente o que provoca a sua insatisfação pode ser o ponto de partida para adotar medidas pontuais para combatê-la. A seguir, veja cinco dicas para lidar com a insatisfação no trabalho. 1. Converse com colegas e desenvolva novas formas de realizar tarefas e atingir os objetivos da organização; se entraves burocráticos do dia a dia atrapalham não só o seu desempenho, mas também o de outros profissionais, apresente um projeto para a modernização do sistema que beneficie toda a equipe. 2. Não generalize a insatisfação; busque pontualmente o que o desagrada e defina estratégias específicas para lidar com cada aspecto negativo. Se for uma determinada tarefa, por exemplo, considere a possibilidade de delegá-la. 3. Se o seu superior imediato é o problema, abra o jogo para ele ou para instâncias queestejam acima do seu chefe. A própria empresa pode cogitar que você seja direcionado para outro departamento ou informar que ele está para ser transferido. 4. Lembra do sonho de exercer uma atividade que requeira uma atitude criativa mais acentuada? Talvez seja o momento de correr atrás dessa 27 oportunidade, e ela pode estar algumas salas ou mesas ao lado. Não feche os olhos para novos desafios em seu emprego atual. 5. Se a situação ficar insustentável e você decidir que sairá da empresa, tome essa atitude antes que seu desempenho despenque a um nível assombroso e sua imagem profissional fique desgastada. Ela é o seu maior patrimônio. Pese o custo da sua decisão, e saiba até que ponto vale a pena sacrificar o prazer e a realização no trabalho em nome de vantagens externas. Leitura obrigatória Leia as páginas 148 a 162, sobre Causas situacionais da satisfação no trabalho: WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOZA, Mariana. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Saiba Mais Assista ao vídeo “Motivação no trabalho: os 3 principais motivos da infelicidade no trabalho”: https://www.youtube.com/watch?v=BXCmjWvmXTI Agora assista ao vídeo da professora Carolina no material on-line! PROCESSOS PSICOSSOCIAIS NO TRABALHO Há evidências muito difundidas, e que você conhece graças aos meios de comunicação, de que o estresse e os transtornos de ansiedade têm crescido nos últimos tempos, o que diminui a saúde e o bem-estar das pessoas. Muitos, por desespero, buscam as drogas e o álcool para ajudar a suportar as pressões. Genericamente, pode-se dizer que todas as situações citadas anteriormente, assim como as injustiças sociais e a degradação do ambiente, são consequências psicossociais da evolução político-econômica-social e tecnológica, tão incisivas em este momento. 28 Analise o mapa mental a seguir. Nele você terá uma visão rápida do todo: processos psicossocias, organização e interação humana, como pilares importantes na saúde e na produtividade empresarial. Fonte: adaptado de Zanelli, Silva e Tolfo (2011). De acordo com Zanelli, Silva e Tolfo (2011), uma possível definição da expressão “processo psicossocial” nos levaria às interações e às variáveis psicológicas e sociais do indivíduo. Estas variáveis podem ser recebidas de forma positiva ou negativa, afetando todos os membros, e se evidenciam quando se manifestam verbalmente, expressando temores, valores, atitudes e ações. Estes aspectos são um incentivo a ser geradores de mudança para obter o controle de suas vidas e ter consciência das razões, causas e consequências do que se deseja fazer. 29 Felizmente, cada vez mais, as empresas têm levado em consideração a importância dos processos psicológicos, que acontecem a nível dos trabalhadores que conformam a organização, assim como dos processos psicossociais, que se originam nos grupos de trabalho. Estes aspectos são tão importantes como os aspectos financeiros da organização, e surgem entre as pessoas e os grupos que trabalham na organização, sendo o resultado direto do entorno, da estratégia e o desenho da organização (ZANELLI, SILVA E TOLFO, 2011). Saiba mais sobre estes elementos agora: Entorno Dentro de um nível macro, encontra-se o entorno. Entende-se que uma organização forma parte de um contexto socioeconômico e cultural multifacético com o qual relaciona-se. A organização é influenciada e influencia na conformação da realidade. Estratégia Num segundo nível, encontramos a estratégia, ou seja, a resposta que uma organização deve dar ao entorno no qual se desenvolve, em termos de fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças. Para enfrentar essas demandas é necessário saber com quais recursos se conta para fazer-lhes frente. Desenho da organização Em terceiro lugar, é necessário ter em conta o desenho da organização, em termos de tecnologia, estrutura organizacional e sistemas de organização, trabalho, gestão e desenvolvimento do Recurso Humano. A análise destes fenômenos envolve características que superam os níveis pessoal, grupal, organizacional e macrossocietário. Existe, então, uma intrincada combinação, em amplo sentido, das variáveis pessoais e sociais, em relação a promoção e otimização dos recursos vinculados à melhoria das tarefas, do ambiente social, estilos de liderança, aspectos ergonômicos, prevenção de acidentes, qualidade de vida, e com a cultura e dimensões gerais da organização (políticas, estratégias e tecnologia, entre outras). 30 De acordo com as fontes do International Labour Office (1984), os aspectos psicossociais nas organizações dizem respeito às interações que ocorrem no ambiente de trabalho, ao conteúdo do trabalho, ao suporte organizacional, às competências do funcionário, às necessidades, à cultura e valores, à relação entre o trabalho e outros aspectos da vida pessoal, como a família. Por conseguinte, os aspectos psicossociais podem influenciar a saúde, o desempenho e a satisfação no trabalho. Podemos deduzir que existe uma íntima relação entre os indicadores de QVT de Walton (estudados no tema 3 desta aula), e os aspectos psicossociais relacionados ao trabalho. Fatores psicossociais geradores de estresse Podem estar presentes no ambiente do trabalho e envolvem aspectos de organização, administração e sistemas de trabalho e qualidade das relações humanas. Por isso, o clima organizacional de uma empresa vincula-se não somente a sua estrutura e às condições de vida da coletividade do trabalho, mas também a seu contexto histórico, com seu conjunto de problemas demográficos, econômicos e sociais. Assim, o crescimento econômico da empresa, o progresso técnico, o aumento da produtividade e a estabilidade da organização dependem também dos meios de produção, das condições de trabalho, dos estilos de vida, do nível de saúde e bem-estar de seus trabalhadores. Na atualidade, produzem-se aceleradas mudanças tecnológicas nas formas de produção, as quais, consequentemente, afetam os trabalhadores em suas rotinas de trabalho, modificando seu entorno laboral e aumentando o aparecimento ou o desenvolvimento de enfermidades crônicas pelo estresse. Vejamos, então, com o surgimento dessas doenças, que tipo de riscos psicossociais sofrem os trabalhadores: 31 As mudanças significativas que ocorreram no mundo laboral, nas últimas décadas, resultaram em riscos emergentes no campo da segurança e saúde no trabalho e levaram – além de riscos físicos, químicos e biológicos – ao surgimento de riscos psicossociais. De fato, a insegurança no emprego, a necessidade de ter vários empregos e a intensificação do trabalho podem gerar estresse profissional e colocar em risco a saúde dos trabalhadores. Os riscos psicossociais englobam as características das condições de trabalho e, sobretudo, da sua organização, que afetam a saúde das pessoas através de mecanismos psicológicos e fisiológicos. Manifestam-se através de problemas como o absentismo, a rotação de pessoal, o estresse ou os defeitos de qualidade que, em conjunto, representam importantes custos tanto em termos de saúde para as pessoas como económicos para a empresa. Quando ocorre desequilíbrio entre as interações a seguir, aparece o risco de origem psicossocial: 32 Riscos psicossociaisrelacionados com a tarefa: Conteúdo e significado do trabalho O trabalhador sente que a tarefa desenvolvida não é útil para a sociedade em geral nem lhe oferece a possibilidade de aplicar e desenvolver os seus conhecimentos e capacidades. Carga de trabalho As exigências do trabalho superam a capacidade do sujeito para responder às mesmas (sobrecarga) ou, pelo contrário, a realização das tarefas apresenta poucas exigências ao trabalhador (infracarga). Autonomia A falta de autonomia (ex.: impossibilidade de controlar a duração e distribuição das pausas, impossibilidade de influir na ordem das tarefas, etc.) traz menor envolvimento do trabalhador na organização, afetando a sua motivação, gerando insatisfação e reduzindo o seu rendimento no trabalho. Grau de automatização Na maioria dos processos automatizados, a organização e o ritmo de trabalho dependem do equipamento, limitando a tarefa do trabalhador a uma série de operações rotineiras e repetitivas. Pode ocorrer igualmente um empobrecimento das relações pessoais e das possibilidades de comunicação com outros trabalhadores, aparecendo o risco de isolamento. 33 Riscos psicossociais relacionados com a organização do tempo: Duração e distribuição do horário de trabalho Impossibilidade de recuperação física e mental do organismo humano, decorrente da realização de um horário de trabalho contínuo e excessivo (superior a 8 horas diárias). Horário por turnos As mudanças de horário provocam uma série de consequências relacionadas com a redução da atividade mental e da capacidade de atenção/reação, e com o equilíbrio nervoso e a fadiga, juntamente com alterações do sono, repercutindo-se a nível familiar e social. Descansos e pausas A distribuição das pausas está relacionada com o tipo de horário, a possibilidade de flexibilidade do mesmo e, sobretudo, com o tipo de tarefa realizada. Na organização do período de trabalho, deve-se promover a realização de intervalos para descanso, de duração não inferior a uma hora nem superior a duas, de modo que o trabalhador não preste mais de cinco horas de trabalho consecutivo. Riscos psicossociais relacionados com a estrutura: Definição da tarefa A incerteza/ambiguidade/indefinição do modo de realização das tarefas associadas a determinado posto de trabalho pode colocar o trabalhador em situações contraditórias ou de indecisão e geradoras de estresse. Estrutura da hierarquia Conhecer a estrutura da empresa e o lugar que cada um ocupa na mesma é importante para o desenvolvimento, tanto dos trabalhadores como da própria empresa. 34 Canais de informação e comunicação A informação que o trabalhador precisa conhecer, tanto para desempenhar adequadamente a sua função como para trabalhar sem riscos para a sua segurança e saúde, deve ser transmitido de forma clara e simples e deve chegar a todo o pessoal. Relações entre departamentos e trabalhadores As boas relações entre os diferentes departamentos da empresa e entre os próprios funcionários contribuem para a melhoria do ambiente de trabalho e da produtividade. Desenvolvimento profissional A falta de possibilidades de promoção pode provocar a perda de interesse por tudo aquilo não relacionado com a rotina diária e, por outro lado, uma formação inadequada para o desempenho dos trabalhos constituem fontes de estresse. Sistema de recompensas ou compensações A interação entre um esforço elevado e um baixo nível de recompensas (instabilidade profissional, falta de perspectivas de promoção, falta de respeito e reconhecimento, etc.), a longo prazo, representa a situação de maior risco para a saúde. É importante monitorar e melhorar constantemente os ambientes de trabalho no nível psicossocial, a fim de criar empregos de qualidade e assegurar o bem-estar dos trabalhadores, o que contribui para a prevenção de riscos psicossociais. Leitura Obrigatória Acesso a Biblioteca Virtual, pelo ÚNICO, e leia as páginas 118 a 122, sobre Trabalho, qualidade de vida e promoção de saúde: ZANELLI, José Carlos. Interação humana e gestão: a construção psicossocial das organizações de trabalho. São Paulo: Casa do psicólogo, 2008. 35 Saiba Mais Assista ao vídeo “Gestão do estresse e dos riscos psicossociais no trabalho”: https://www.youtube.com/watch?v=bMIwfXgBImk Assista esta reportagem sobre a influência de fatores psicossociais no trabalho: http://g1.globo.com/ma/maranhao/bom-dia-mirante/videos/t/edicoes/v/palestra- fala-sobre-influencia-de-fatores-psicossociais-no-trabalho/3580255/ Não esqueça do vídeo da professora Carolina, que fala sobre esse tema! Está lá no material on-line! TROCANDO IDEIAS É importante saber usar as informações e os conhecimentos obtidos através do desenvolvimento dos temas estudados e aplicá-los em situações concretas. Por isso, no Fórum, responda a seguinte questão, explicando claramente sua posição: A satisfação no trabalho e o aumento da produtividade relacionam-se diretamente com a minimização das condições insalubres e perigosas nos processos do trabalho? Através dos temas estudados, você pensa que tem perfil para ser um gestor de RH? Como analisa as principais atitudes que as pessoas que trabalham em grupo manifestam dentro de um contexto de trabalho? É possível modificar as atitudes no ambiente profissional? NA PRÁTICA Baterias Máxima Gabriela Passos herdou de seu pai a Baterias Máxima, fabricante de baterias para carros e pilhas de pequeno porte. Como presidente da organização, Gabriela procurou conhecer mais profundamente os negócios e o esquema de produção da empresa. 36 Os relatos de gerentes e funcionários a deixaram preocupada com as condições internas de trabalho, consideradas insalubres e perigosas, fruto de trabalho direto com produtos químicos – ácidos e chumbo, que geram como consequências: Riscos de acidentes de gravíssimos; Doenças profissionais irrecuperáveis; Reclamações trabalhistas por periculosidade; Ações criminais por doenças e acidentes graves. Além disso, o custo das indenizações era extremamente alto e implicava grandes perdas para a organização. Por outro lado, eram vidas humanas que estavam em jogo naqueles processos judiciais. Gabriela pediu ajuda para o Gestor de RH. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3 ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2010 (Adaptado). Como você procederia no lugar da Gabriela? Resolução do Caso Você, como gestor, é o responsável pelas soluções aos problemas organizacionais. Então, é importante: Analisar a situação da empresa com relação às condições de trabalho perigosas e insalubres; Identificar as condições de risco que devem ser eliminadas; Propor ações pontuais e procedimentos para melhorar e reduzir a possibilidade de acidentes, minimizando as condições perigosas e incentivando o uso de equipamentos de proteção individual; 37 Desenvolver um processo para a criação de uma equipe de Segurança no Trabalho (CIPA). Não esqueça de colocar: INPUT Informações que entram PROCESSO Dinâmica do mesmo OUTPUT Informações, ações que saem Para tanto, você vai precisar recorrer aos seguintes assuntos estudados: Conceitos de H&S Tipos de risco Acidentes Causas dos acidentes Classificação dos acidentes Diferentes ambientesde trabalho Qualidade de Vida no Trabalho Satisfação e processos psicossociais. As possíveis ações que você, como gestor de RH, pode propor são: Contratar médicos do trabalho, para verificar o estado de saúde dos funcionários; Localizar as principais áreas de risco dentro a empresa e minimizar as condições perigosas, incentivando o uso de EPIs; além de reformar as instalações internas da empresa para reduzir os perigos; Reduzir o impacto dos ácidos utilizados na elaboração dos produtos, adquirindo e usando adequadamente equipamentos de trabalho, reduzindo, com isso, o impacto ambiental, por meio da reutilização dos detritos dentro de um programa de Responsabilidade Social; Organizar uma equipe de Segurança do trabalho (CIPA) para reduzir os acidentes de trabalho. 38 Criar um fundo de ajuda para os funcionários que adquiriram doenças graves durante a prática do seu trabalho. Veja no vídeo que está no material on-line os comentários da professora Carolina sobre este estudo de caso prático. SÍNTESE Estudamos nesta aula temas importantes na formação de um gestor. A modernidade organizacional trouxe à tona uma série de indagações que estão sendo assumidas pelos novos gestores. Foram apresentados aspectos importantes para que os trabalhadores possam desempenhar suas funções, dentro de um ambiente seguro, tanto físico como psicológico. As reflexões e considerações conceituais feitas ao longo do desenvolvimento dos temas de estudo destacam a importância do trabalho para que se possa entender a grande variedade de fatores envolvidos, para que seja produtivo e realizador. É prioritário saber e entender que o bom desempenho do trabalhador está permeado por um conjunto de condições materiais, sociais, psicológicas e culturais. Os assuntos que estudamos explicitam, principalmente, as ações que devem ser assumidas no âmbito organizacional, através de seus gestores, para que o funcionário resgate seu papel de cidadão responsável e inteligente, frente a responsabilidade do trabalho. Só desta forma surgirá um homem consciente de suas potencialidades, transformador através de suas competências e habilidades dos processos e dos resultados, como fruto de seu desempenho profissional. 39 Espera-se que você, como gestor, obtenha, através da assimilação dos conteúdos, uma certa autonomia intelectual para fazer as análises, sínteses e aplicações pertinentes. É importante perceber que os conceitos de segurança e higiene do trabalho estão intimamente relacionados, e que é necessário entendê-los, hoje, conhecendo e valorizando os avanços obtidos através da história. A prevenção de acidentes está em consonância com as instalações físicas da empresa, os equipamentos usados e também com o clima organizacional, que é importante para evitar acidentes pelo comprometimento psicológico e/ou relacional dos trabalhadores. Na prática, você quem tem que analisar e tomar decisões encima dos conhecimentos adquiridos. Lembra-se do levantamento de riscos possíveis na sua empresa? Agora assista os comentários finais da professora Carolina, lá no material on-line! Até a próxima aula! 40 REFERÊNCIAS CARVALHO, L. M. Educação corporativa e desempenho estratégico. Revista de Administração FACES Journal, v. 13, n. 3, p. 66-85, 2014. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. FREIRE, D. A. L. Treinamento e Desenvolvimento em Recursos Humanos: encenando e efetivando resultados. Curitiba: Intersaberes, 2014. KNAPIK, J. Gestão de Pessoas e Talentos. Curitiba: Intersaberes, 2011. LEITE, N. R. P.; ALBUQUERQUE, L. G. A estratégia de gestão de pessoas como ferramenta do desenvolvimento organizacional. Revista Ibero-Americana de Estratégia, v. 9, n. 1, p. 32-55, 2010. MARRAS, J.P. Administração de Remuneração. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. MOSCARDINI, T.; KLEIN, A. Z. Estratégias de educação corporativa e suas relações com os diferentes níveis de aprendizagem organizacional. Revista de Administração da UFSM, v. 8, n. 1, p. 89-102, 2015. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
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