Buscar

Dação em Pagamento e novação

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
DAÇÃO EM PAGAMENTO
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Teoria Geral das Obrigações. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
*
*
 É um acordo de vontades entre credor e devedor, por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo prestação diversa da que lhe é devida, para exonerá-lo da obrigação.
 
 Art. 356 CC
 
 Ex: Entrega um veiculo no lugar de um prestação pecuniária.
*
*
■ Elementos Constitutivos
 1- Existência de uma dívida;
 2- Animus solvendi;
 3- Diversidade de prestações oferecida em relação a divida originária.
 
 Atenção!!!!
 Não se exige coincidência entre o valor da coisa recebida e o quantum da dívida, nem que as partes indiquem um valor. Pode o credor receber o valor superior ou inferior ao montante da dívida, em substituição a prestação devida.
*
*
 
 ■ Natureza Jurídica
 É forma de pagamento indireto. Não constitui novação objetiva, nem se situa entre os contratos. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. 
 Art. 357 CC
*
*
 ■ Disposição Legal
 - Art. 357 CC
 Quando a prestação consiste na entrega de dinheiro e é substituída pela entrega de um objeto, o credor não o recebe por preço certo e determinado, mas sim, como satisfação do credito.
 No entanto se for fixado o preço da coisa cuja a propriedade e posse se transmitam ao credor, o negocio será regido pelos princípios da compra e venda, especialmente os relativos a eventual anulação ou nulidade e os atinentes aos vicio redibitórios e a interpretação. Neste caso a dação não converte-se em compra e venda, mas apenas regula-se pelas normas que a disciplinam.
*
*
 - Art. 358 CC
 A dação em pagamento nessa hipótese, sob a forma de entrega de título de crédito, destina-se a extinção imediata da obrigação, correndo o risco de cobrança por conta do credor.
 Se, no entanto a entrega do titulo for aceita pelo credor não para a extinção imediata da dívida, mas para facilitar a cobrança do seu crédito, a dívida se extinguirá à medida que os pagamentos do titulo forem sendo feitos. 
*
*
 - Art. 359 CC
 Se quem entregou o bem diverso em pagamento não for o verdadeiro dono, o que aceitou tornar-se-á evicto. A quitação ficará sem efeito e perderá este o bem para o legítimo dono, restabelecendo-se a relação jurídica originária. O debito continuará a existir na forma convencionada.
*
*
 
NOVAÇÃO
*
*
 É a criação de uma obrigação nova para extinguir uma anterior. É a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira.
 Ex: ocorre quando o pai , para ajudar o filho, procura o credor deste e lhe propõe substituir o devedor, emitindo novo titulo de crédito. Se o credor concordar, emitido o novo titulo e inutilizado o assinado pelo filho, ficará extinta a primitiva dívida, sendo esta substituída pelo pai.
*
*
■ A Novação Possui Duplo Conteúdo: extintivo e gerador
 A novação cria uma nova relação obrigacional para extinguir uma anterior. Sua intenção é criar para extinguir.
 A novação é um modo extintivo não satisfatório, uma vez que a obrigação não se extingue. Ao credor é garantido outro direito de crédito ou passa a exercê-lo contra outra pessoa.
 A novação tem natureza contratual, uma vez que deriva de um acordo de vontades dos interessados, jamais por lei.
*
*
■ Requisitos da Novação
 1- Existência de obrigação anterior: consiste na existência de obrigação jurídica anterior, visto que a novação visa uma substituição.
 A obrigação a ser novada deve obrigatoriamente existir e ser válida.
 
 Art. 367 CC
*
*
Obrigações Nulas ou Extintas: não se pode novar o que não existe ou que já existiu mas encontra-se extinto.
Obrigação Anulável: pode ser objeto de novação, pois tem existência enquanto não rescindida judicialmente. Sendo confirmada, interpreta-se a substituição como renúncia do interessado ao direito de pleitear a anulação.
*
*
Obrigações Naturais: sendo válida como qualquer outra obrigação cível, bem como válido o seu pagamento, como caráter satisfatório, embora não exigível, não há empecilho justificável para a novação, mas é necessário o livre acordo celebrado entre credor e devedor. O que justifica a novação não é a exigibilidade e sim a possibilidade de cumprimento do credito. 
 
Obrigação Prescrita: a doutrina majoritária não vê obstáculos na novação de dívidas prescritas, que é dotada de pretensão e pode ser renunciada .
*
*
*
*
 
 2- A constituição de nova obrigação: constitui-se uma nova dívida para extinguir e substituir a anterior. 
 
 3- O animus novandi: é imprescindível que o credor tenha a intenção de novar, pois importa renúncia ao crédito e aos direitos acessórios que o comportam.Quando não manifesta expressamente, deve resultar de modo claro e inequívoco das circunstancia que envolvam a estipulação. Na dúvida entende-se que não houve novação, pois esta não se presume.
 Art. 361 CC
*
*
■ Espécies de Novação
 - Novação Objetiva: ou real, dá-se quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior.
 Art. 360, I, CC 
 Ex: quando o devedor não estando em condições de saldar a dívida em dinheiro, propõe ao credor que aceite a substituição da obrigação por prestação de serviço.
 Para que se configure a novação faz-se mister o animus novandi, sob pena de caracteriza-se uma dação em pagamento. 
*
*
- Novação Subjetiva: quando promove a substituição dos sujeitos da relação jurídica 
a) passiva (Art. 360, II CC): quando novo devedor sucede o antigo, ficando este quite com o credor.
A novação subjetiva por substituição do devedor pode ser efetuada:
- Independentemente do consentimento do devedor; Art. 362 CC
- Por ordem ou com o consentimento do devedor: havendo um novo contrato onde todos os interessados participam, dando o seu consentimento.
Ex: o pai pode substituir o filho na divida por este contraída com ou sem o consentimento deste.
*
*
 b) ativa (Art. 360, III CC): quando em virtude de obrigação nova , outro credor é substituído ao antigo ficando o devedor quite com o credor.
 Ex: A deve a B, que de igual importância deve a C. Por acordo dos três, A pagará diretamente a C, sendo que B se retirará da relação jurídica. Extinto ficará o crédito de B em relação a A, por ter sido criado o de C em face de A (substituição do credor) 
*
*
 - Novação Mista: decorre da fusão das duas primeiras espécies e se configura quando ocorre ao mesmo tempo mudança do objeto da prestação e dos sujeitos da relação jurídica obrigacional.
 Ex: o pai assume a dívida do filho (mudança de devedor), mas com condição de pagá-la mediante prestação de determinado serviço (mudança do objeto)
*
*
ATENÇÃO !!!!
 Para a caracterização da Novação Subjetiva, não basta que haja substituição dos sujeitos da relação jurídica, é imprescindível a criação de uma nova relação obrigacional, sob pena de configura-se uma cessão de créditos ou assunção de dívida.
 
*
*
■ Efeitos da Novação
 a) O principal efeito consiste na extinção da primitiva obrigação, substituída por outra;
 b) A novação extingue os acessórios e garantias da dívida sempre que não houver estipulação em contrário;
 Art. 364 CC
 c) Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca e a anticrese se os bens dados em garantia pertencerem a terceiros que não foi parte na novação.
 Art. 364, 2º parte CC 
 d) A nova obrigação não tem nenhuma vinculação com a anterior, senão a de força extintiva.
*
*
 
COMPENSAÇÃO
*
*
 É o meio de extinção de obrigação entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos os credores são simultaneamente devedor um do
outro.
 A compensação é modo indireto de extinção das obrigações.
 Ex: Se Carlos é credor de Jose da importância de R$ 100.000,00. Posteriormente Jose torna-se credor de Carlos pela mesma quantia, as duas dívidas extinguem-se automaticamente, dispensando o duplo pagamento.
 Art. 368 CC
*
*
■ Espécies de Compensação
 a)Total: se a compensação atingir todo o valor da dívida, ou seja, os valores são iguais nas duas obrigações.
 b) Parcial: se a compensação satisfazer apenas parte da dívida, nesta os valores são desiguais.
 Na compensação parcial há uma espécie de desconto: abatem-se até a concorrente quantia. O efeito extintivo estende-se aos juros, ao penhor, às garantias fidejussórias e reais, à clausula penal e os efeitos de mora, pois, cessando a dívida principal, cessam da mesma forma seus acessórios e garantias. 
 
 
*
*
■ Tipos de Compensação
 a) Legal: quando decorre da lei, independente da vontade das partes.Opera-se automaticamente de pleno direito.
 Uma vez declarada a compensação legal judicialmente, seus efeitos retroagirão à data em que se estabeleceu a reciprocidade das dívidas.
 Requisitos:
 a) Reciprocidade dos Créditos: ou seja, entre as mesmas partes, o devedor de uma obrigação tem de ser credor da outra e vice-versa.
*
*
ATENÇÃO!!!!
 O terceiro não interessado, embora possa pagar em nome e por conta do devedor, não pode compensar a dívida com eventual crédito que tenha em face do credor.
 Abre-se exceção em favor do fiador, que é terceiro interessado, ao permitir que alegue em seu favor a compensação que o devedor poderia arguir perante o credor ( Art. 371, 2º parte CC).
*
*
 b) Liquidez e Exigibilidade da Dívida (Art. 369 CC)
 A compensação somente poderá ser feita de valores certos e determinados, expressos por uma cifra.
 Para que possa ser exigível a compensação legal é essencial que as dívidas estejam vencidas, pois somente assim as prestações podem ser exigidas
 
 
*
*
 c)Fungibilidade das Prestações (dividas da mesma natureza)
 As prestações devem ser fungíveis entre si, ou seja, da mesma natureza, ou ainda homogêneas. Assim dívida em dinheiro somente se compensa com dinheiro.
 O objeto da compensação deve ser coisas do mesmo gênero e qualidade.
 Art. 370 CC
*
*
b) Convencional: É a que resulta de um acordo de vontades, incidindo em hipóteses que não se enquadram na compensação legal. As partes passam a aceitá-la, dispensando alguns requisitos.
 A compensação convencional situa-se no âmbito da autonomia privada. Por acordo de vontades as partes suprem a falta de um ou mais requisitos, ajustando a compensação.
 A compensação convencional pode resultar da vontade de apenas uma das partes como, por exemplo, do credor da dívida vencida, que é reciprocamente devedor da dívida vincenda, pode abrir mão do prazo que o beneficia e compensar uma obrigação com outra, ocorrendo nesse caso compensação facultativa.
*
*
c)Judicial:é a determinada pelo juiz, nos casos em que se acham presentes os pressupostos legais.
A compensação Judicial não é reconhecida unanimemente pela doutrina.
 
■ Diversidade de Causas
Em regra a diversidade de causas não impede a compensação das dívidas, mas existem algumas exceções, onde a compensação não poderá ser feita:
1- Se provier de esbulho, furto ou roubo (origem ilícita);
2- Se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
3- Se uma for coisa não suscetível de penhora.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais