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Estudos Dirigidos Fundamentos de Antrolpologia

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL - UNINTER
CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL – EaD
ROTEIRO DE ESTUDOS DIRIGIDOS
Disciplina: Fundamentos de Antropologia
Olá Pessoal, 
Para contribuir com seus estudos para as provas, montamos este roteiro de estudos dirigido, que apresenta as principais ideias trabalhadas nas aulas, mas isto não significa que este deve seu ser o único material a ser estudado para as provas, também é preciso assistir as vídeo-aulas, pois as questões são elaboradas com base em todos estes materiais. 
Vamos lá!? 
Pode-se dizer que há correlações entre o início da sociologia e da antropologia, em especial, identifica-se aspectos comparáveis entre as teorias antropológicas do evolucionismo e a definição da Lei dos três estados, formulada por Auguste Comte. Sabe-se que o evolucionismo social está pautado na ideia de desenvolvimento linear da espécie humana, no qual todas as sociedades passariam pelos mesmos estágios de desenvolvimento: primitivismo, barbárie e civilização. O primitivismo estaria relacionado à sociedades tribais, na época interpretadas como sociedades sem estado, moralidade incipiente e reguladas por superstições dada a falta de conhecimento técnico ou científico. Sociedades primitivas, por exemplo, teriam a magia como forma equivocada de controlar fenômenos naturais. A barbárie, com algum desenvolvimento, já possuía estado e regras sociais mais aprimoradas, ao passo que o modelo de civilização se referia precisamente à sociedade industrial europeia do século XIX. 
Nesse sentido, a lei dos três Estados formulada por Comte dialoga diretamente com o evolucionismo que orientou as primeiras décadas da antropologia. Primeiramente os três Estados aparecem como que encadeados linearmente: do teológico ao positivo. Ora, o Estado Teológico seria regulado por crenças em seres espirituais e no mundo sobrenatural como um artifício para a compreensão dos fenômenos naturais; o Estado metafísico estaria ordenado por princípios filosóficos nos quais a ideia de subordinação do homem pela natureza é eliminada e, por fim, o Estado Positivo, seria o mais evoluído, uma vez que estaria pautado na observação direta dos fenômenos, os quais seriam explicados por “testes sistemáticos de teorias”. 
Sobre o principal problema em pensar a humanidade como constituída por três grandes estágios de desenvolvimento (selvageria, barbárie e civilização) vimos que: embora os evolucionistas tenham tido o mérito de pensar a humanidade em termos de sua unidade, a ideia de um desenvolvimento histórico e linear traz problemas sérios para o entendimento da diferença. Em primeiro lugar, desconsidera que as sociedades são plurais e, portanto, possuem histórias e desenvolvimento presentes em uma lógica cultural própria. Em segundo, a ideia de desenvolvimento linear da sociedade remete a uma perspectiva etnocêntrica, ou seja, pautada nos valores do pesquisador. O problema é que a ideia de história linear não alcança uma perspectiva verdadeiramente antropológica: a de compreender o outro em seus próprios termos 
O termo Cultura foi utilizado pela primeira vez por Edward Tylor, e descrevia a cultura como: “conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, o costume e toda a demais capacidade ou hábito adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade” (Tylor, Primitive Culture, 1871).  
Nota-se que para Tylor a cultura é um elemento totalizante, englobando várias relações e costumes presentes na vida social. Seu conceito de cultura aponta para uma relação entre indivíduo e sociedade, posto que a cultura é um conjunto de elementos socialmente adquiridos. Entretanto, ao trabalhar com a ideia de totalidade, não fica claro de que maneira essa totalidade é dada. A ideia de relações entre diferentes elementos de uma sociedade emergiria apenas com o funcionalismo e sua busca por compreender a totalidade de relações e suas funções dentro de uma sociedade ou grupo social. Ao mesmo tempo, caberia à escola norte-americana, cujo Boas é o precursor, enfatizar a relação entre totalidade e indivíduo. Conhecida como Escola de Cultura e Personalidade, os norte-americanos irão se debruçar sobre os processos de transmissão cultural tendo como foco os processos de aprendizado. 
A cultura não é algo estático e passa por processos de mudanças culturais. Algumas dessas mudanças são fruto de descobertas e impactam diferentes esferas de uma sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que o surgimento da sociologia e da antropologia são fruto de uma cadeia de eventos que gerou transformações profundas na sociedade europeia. Ambas são um consequência das mudanças promovidas pelo expansionismo europeu. As raízes da antropologia são vinculadas às Grandes Navegações, pelo despertar de uma necessidade crescente de se entender aqueles povos radicalmente diferentes. Reflexões determinantes para a emergência de correntes filosóficas, como o iluminismo e a ascensão do conceito de homem, nada mais do que estabelecer a unidade da espécie humana. As transformações decorridas das Grandes Navegações foram tão profundas que propiciaram o surgimento do sistema capitalista e de produção industrial. O capitalismo promoveu mudanças profundas: reestruturando a divisão do trabalho, as tecnologias de produção, a distribuição espacial etc. Tais mudanças promoveram a consolidação de uma ciência social, preocupada em compreender aspectos da vida social, não do ponto de vista filosófico, mais científico, tratando fatos sociais como coisas, exteriores e anteriores ao indivíduo.
O kula, um sistema de trocas a princípio cerimonial, foi um elemento privilegiado para Malinowski compreender diferentes elementos da cultura trobriandesa: vida econômica, parentesco, religião, magia. Em outras palavras, a partir do kula, Malinowski pode estabelecer as relações entre esses diferentes elementos. 
Sabe-se que, ao romper definitivamente com o evolucionismo, o funcionalismo estabeleceu duras críticas à este pensamento, em especial ao método. Uma das críticas do funcionalismo foi devido ao caráter comparativo e à chamada história conjectural. Ao estabelecer o trabalho de campo como método por excelência do conhecimento antropológico, a perspectiva universalista como presente no evolucionismo foi abandonada. Interessava compreender o porque as pessoas de uma sociedade fazem o que fazem, ou seja, qual o sentido de suas ações e instituições. Deste modo, tudo teria uma função e, como tal, só poderia ser compreendida em relação com outros elementos daquela sociedade. A ideia de isolar um determinado elemento para compará-los a elementos semelhantes de outras sociedades foi considerada análise especulativa da realidade, pois, já havia uma resposta pronta: a superioridade da civilização europeia. Outro aspecto é que o funcionalismo considera que a totalidade social deve ser compreendida tal como ocorre no momento em que foi estudada (observada). Funda-se a ideia de presente etnográfico, uma oposição clara a ideia de história linear tratada pelo evolucionismo. 
O dia do índio foi estabelecido para comemorar a data histórica de 1940, quando lideranças indígenas das américas se reuniram para discutir seus direitos. Atualmente, o dia, celebrado em 19 de abril, é comemorado nas escolas, onde crianças se pintam e fazem atividades recreativas. Entretanto, o dia do índio, na maioria das vezes vem como algo estereotipado, encarnando uma perspectiva propriamente etnocêntrica. Na maioria das vezes o que se comemora é um índio genérico, um estereótipo que remete ao indígena de 500 anos atrás. Reproduz-se a visão segundo a qual qualquer incorporação de elementos da nossa sociedade implica em perda de identidade indígena. Não se discute na escola os processos de conquista, normalmente tratados mais como um “encontro” harmonioso entre culturas. Além disso, fala-se da incorporação da cultura do índio pela sociedade branca, uma cultura genérica, desconsiderando a multiplicidade de sociedades indígenas existentes nopaís. 
O estruturalismo não representou uma ruptura com o funcionalismo, ao contrário, é possível identificar vários pontos convergentes entre as duas teorias. Estruturalismo e funcionalismo se assemelham em três aspectos principais; a ênfase na sincronia, ou seja, nos elementos e aspectos culturais daquela sociedade; a procura de compreender os fenômenos sociais como um todo; e a opção por uma visão sistêmica na qual as relações existentes entre as sociedades são enfatizadas. 
No Brasil, há uma tendência em transformar relações impessoais em pessoais, principalmente no mundo da rua, que, de saída é inóspito ao brasileiro. Em situações onde nos vemos frente a frente com uma situação impessoal (mundo da rua), muitas vezes procura-se por brechas para estabelecer relações pessoais. São estabelecidas algumas estratégias, como o famoso “você sabe com quem está falado?”. Ao utilizar essa frase, aciona-se ao mesmo tempo a ênfase nas distinções sociais, ou seja, uma posição privilegiada e o fato dessa pessoa estar respaldada por uma rede de relações que a protege. 
É possível compreender a desigualdade de gênero a partir das oposições entre casa e rua definida por DaMatta: Como espaços conceituais, a casa e a rua colocam cada coisa em seu lugar. Nesse sentido, o espaço doméstico (da casa) foi socialmente estabelecido como um espaço feminino; ao passo que a rua é um espaço masculino por excelência. Nesse sentido, a rua não é um espaço onde a mulher “deva” estar, não é à toa que a expressão “mulher da rua” em oposição à “moça de família”. O termo mulher da rua é depreciativo, mas significa que no fundo a mulher que se aparta da proteção da casa está potencialmente sujeita a todo o tipo de agressões. Essas são justificadas em termos inconscientes: quantas mulheres vítimas de violência sexual são consideradas culpadas, o que se expressa em comentários como: “mas o que ela estava fazendo na rua uma hora dessas”; “por que ela estava com essa roupa? Ela estava procurando”. 
Tendo como base a teoria sobre a existência no Código Penal brasileiro, que prevê prisão especial para pessoas com curso superior, de Roberto DaMatta. A prisão especial só é possível em um regime desigual, hierárquico, onde cada um ocupa seu lugar na sociedade. A prisão especial não é reservada a todos, mas àqueles que desfrutam de uma posição privilegiada dentro da sociedade, nesse caso, o maior nível de escolaridade.
Recentemente um jornalista afirmou que “o regime de cotas raciais (política afirmativa) foi responsável por instituir o racismo no Brasil”. Muitas pessoas contrárias à implantação da política de cotas utilizam esse argumento. A ideia de relação harmoniosas entre as raças implica na ideia de integração destas à sociedade brasileira. Por integração entende-se ausência de exclusão. Ao colocar as cotas em questão, a partir de uma valoração positiva do conceito de raça, o discurso da igualdade de condições é dissolvido para que relações históricas de dominação e exclusão venham à tona.
Citando Peter Berger, um renomado pensador, Michaliszym afirma que “a sociedade e o lugar social por nós ocupado determina o que fazemos e como somos” (2012:88). A meritocracia, ao contrário, prevê que os esforços individuais são fundamentais para o sucesso do indivíduo na sociedade moderna. Autores como Morin apontam para um jogo entre condições materiais e subjetividades, mostrando que o homem não está totalmente preso às suas condições materiais. O indivíduo pode movimentar-se dentro da sociedade, no entanto, o jogo entre individual e social proposto por Morin muito se afasta da noção de meritocracia. Na meritocracia, o sucesso depende exclusivamente da vontade individual, é uma ideologia do nosso tempo que, em parte, ajuda a sustentar desigualdades e sistemas de dominação. As condições materiais, posição e papel social do indivíduo são elementos determinantes que compõem sua trajetória.
Alguns movimentos sociais, como os hippies e punks, ficaram conhecidos como sendo “contraculturais”. Entretanto, ao definirmos cultura, sempre falamos que a sociedade está organizada segundo um conjunto de regras, normas, valores pré-estabelecidos. A cultura não é algo estático, mas em permanente transformação, nesse sentido, a contracultura é um movimento possível. Mudanças sociais podem decorrer do contato entre culturas diferentes e processos de dominação, mas podem ocorrer internamente, alimentadas por movimentos sociais, reflexões intelectuais que, com o passar do tempo, podem promover mudanças sociais profundas. 
O antropólogo Clifford Geertz fez o seguinte comentário sobre a história de Tarzan: “homens sem cultura não seriam selvagens inteligentes atirados à sabedoria cruel de seus instintos animais; nem seriam eles os bons selvagens do primitivismo iluminista (...). Eles seriam monstruosidades incontroláveis, com poucos instintos úteis e sem nenhum intelecto” (Geertz: A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora. 1989: 61). A socialização tem como objetivo transformar um indivíduo biológico em um ser social, processo que se inicia desde a primeira infância. Nesse sentido, a aquisição de cultura pode ser entendida como uma ferramenta fundamental para o funcionamento humano. 
Os conceitos de desigualdade e diferenciação social são distintos, mas possuem elementos que permitem certo nível de articulação. O termo diferenciação social está relacionado a papéis e posições sociais distintas no interior da sociedade, categorias etárias e de gênero são bons exemplos. O conceito de desigualdade social está associado a divisão desigual de bens e de acesso à serviços ou espaços sociais. São processos de dominação e subordinação. Ocorre que muitas vezes processos de diferenciação social servem de base ou aporte para o estabelecimento de desigualdades sociais. 
A pesquisa de campo consiste em transformar a experiência subjetiva do etnógrafo em um dado objetivo sobre a realidade observada. A interpretação da sociedade é realizada a partir de um processo de imersão na sociedade do outro, realizado pelo antropólogo. A experiência da pesquisa de campo é solitária e depende da trajetória utilizada pelo etnógrafo ao longo de sua trajetória de pesquisa, portanto, abarca um nível de subjetividade. A transformação de uma experiência subjetiva em um dado objetivo remete às etapas da pesquisa de campo: observação, seleção de informações e sistematização da realidade. Ao concluir a pesquisa etnográfica, o antropólogo deve afastar-se da sociedade estudada, produzindo um segundo distanciamento e, assim, observar os fatos de forma objetiva. 
O surgimento da Antropologia foi marcado pelo estudo das sociedades ditas primitivas, ou seja, estudava-se sociedades distantes do pesquisador. Com o tempo, foi desenvolvido um interesse de pesquisar também a sociedade do pesquisador. Atualmente, a antropologia pesquisa realidades muito próximas à realidade diária do antropólogo, como torcidas de futebol, processos políticos e até mesmo o cotidiano de cientistas. Como explicar esse leque diverso de atuação do antropólogo? A grande ferramenta da antropologia é o método etnográfico: a produção de aproximações e distanciamentos da realidade do pesquisador e da realidade observada. Os movimentos do trabalho de campo descritos por Roberto Cardoso de Oliveira (ver, ouvir e escrever) permitem ao etnógrafo observar diferentes grupos, até mesmo aqueles mais próximos, desde que ele tenha um olhar distanciado. 
Os fatores étnicos e raciais influenciam diretamente a mobilidade social mesmo em sociedades teoricamente igualitárias são: As determinações econômicas são vinculadas a preconceitos étnicos, que se traduzem em uma forma de exclusão. Verifica-se que nos Estados Unidos ou no Brasil a mobilidade dessas etnias só foi possível com a implantação de políticas públicas de inclusão social, que passam pela ação afirmativa e mesmo a criminalização de práticas de racismo. 
A ideia de “valência diferencial entre os sexos” formulada por Françoise Héritierconsiste na ideia de que o corpo e as diferenças físicas entre homens e mulheres são a base para produção de reflexões simbólicas sobre o masculino e o feminino. As diferenças entre masculino e feminino são universais e, desse modo, a desigualdade é uma base lógica estruturante das sociedades. 
Ainda hoje é recorrente a ideia de que a completude da mulher só se realiza com a maternidade. Uma das discussões dos estudos feministas é a associação da mulher às suas características biológicas: menstruação, menopausa, maternidade etc. Para alguns autores, como Héritier, trata-se de atribuir sentido simbólicos a distinções que estão no plano biológico. Muitas mulheres, inclusive, reproduzem a ideia de que a plenitude feminina pode ser encontrada apenas com a maternidade. Afirmação que vem de encontro à perspectiva de Bourdieu, segundo o qual, as próprias mulheres reproduzem o sistema de dominação pautados na distinção entre masculino e feminino. Outros autores criticam esse ponto de vista, afirmando que a associação da mulher a status atribuídos, ou seja, aqueles dados a priori (como a maternidade) é base para a desigualdade social. 
Ao tratar da homossexualidade à luz das relações de gênero, foi possível perceber não apenas que as pessoas constroem múltiplas identidades sexuais, mas também que a própria sociedade brasileira está organizada sob uma multiplicidade de categorias de gênero. Os estudos sobre homossexuais evidenciaram que no Brasil há uma série de categorias que classificam níveis ou nuanças da masculinidade e feminilidade. Categorias como bofe, gay, bicha, maricas, por exemplo, expressam níveis distintos de pensar masculinidade: o bicha seria o mais afeminado; ao passo que o bofe representaria a masculinidade extrema. Há variações da percepção dessas categorias em diferentes regiões, organizadas a partir da oposição entre passivo (feminino) e ativo (masculino). Ao comparar as diferenças entre travestis e transexuais é possível ainda observar que os sujeitos, à medida em que constroem seus corpos, também operam e constroem suas identidades de gênero. 
A lei Maria da Penha, promulgada em 2009, foi um marco no combate a agressão e violência doméstica. Entretanto, outras dimensões precisam ser articuladas à criminalização da violência para a produção de mudanças de comportamento. Apenas a criminalização da violência, ou seja, a repressão não basta para combater processos de violência. Vários estudos, no intuito de entender a lógica da violência, procuraram se distanciar da oposição vítima/algoz e compreender quais as representações e discursos por trás dessas ações. Vários autores mostraram que a questão se relacionava com a construção de valores em torno das masculinidades e feminilidades, na qual a primeira, em uma sociedade de patriarcal, é tida como superior. Entender como a violência é produzida é um aliado poderoso para o combatê-la. 
Sobre o conceito de raça, vimos que este serviu como uma das bases para processos de exclusão e dominação de povos inteiros. Este mesmo conceito é utilizado para o estabelecimento de políticas afirmativas e movimentos sociais. Pois a raça se consolidou historicamente como categoria classificatória, os movimentos sociais, em especial o movimento negro, sempre dialogaram com esse conceito. Com o passar do tempo, a “raça” se tornou expressão de identidades culturais diferenciadas. Também foi assumido como política de estado para atribuição de direitos a minorias. Ao se transformar em categoria para ação afirmativa, longe de reproduzir velhas discriminações, a “raça” passa a expressar um reconhecimento histórico de violências produzidas. 
Atualmente disputas entre populações tradicionais e pecuaristas/latifundiários evidenciam na grande mídia o pedido pelo reconhecimento de terras indígenas e comunidades quilombolas. No Brasil, a política de reconhecimento associa a identidade étnica ao território, ou seja, devem existir elementos que associem a história e a cultura daquele grupo ao território pleiteado. O reconhecimento da identidade étnica não pode ser construído de forma arbitrária, sua legitimidade está em acioná-lo dentro de um estoque de elementos históricos e culturais pré-existentes e compartilhados pelo grupo. Além disso, a identidade étnica não se estabelece exclusivamente no interior do grupo é dada na fronteira entre grupos ou destes com as sociedade abrangente. Deste modo, há elementos indentitários que são mutuamente reconhecidos pelos grupos. (OBS: As relações históricas e culturais entre os grupos também devem ser levadas em consideração para o reconhecimento dos territórios).
Observe a seguinte declaração, dada em 21/09/2015, pelo deputado federal Fernando Furtado: “Lá em Brasília, o Arnaldo viu os índios tudo de camisetinha, tudo arrumadinho, com flechinha, tudo um bando de viadinho. Tinha uns três que eram viado, que eu tenho certeza, viado. Eu não sabia que tinha índio viado, fui saber naquele dia em Brasília. Então é desse jeito que tá. Como é que índio consegue ser viado, ser baitola e não consegue produzir? Negativo”. A declaração do deputado reforça a ideia de fronteiras de exclusão, ou seja, quando é produzida uma imagem depreciativa do outro para colocá-lo à margem da sociedade. Na declaração, o deputado deprecia duplamente a imagem dos movimentos indígenas ao vincular a categoria índio à classificações de gênero típicas da sociedade patriarcal e, ao associar, indiretamente a ideia de índio à desocupado, já que ele ¨¨não consegue produzir”. Neste sentido, o índio é depreciado quando à ele são atribuídos valores morais e sexuais depreciativos. Da mesma forma, aflora a ideia de que homossexuais constituem uma identidade de gênero minoritária.
O termo “mulato” é uma categoria ambígua e contraditória: ao mesmo tempo em que é utilizada e divulgada comercialmente pelos meios de comunicação em massa; seu uso é criticado pelos militantes dos movimentos negros”. No sistema racial brasileiro, há uma classificação racial gradual que vai do branco ao negro; do branco ao índio. Nesse sentido, o mulato seria uma categoria intermediária. Celebrado pela grande mídia, a ideia de mulato reforça a ideologia de integração das raças ou de democracia racial brasileiro. Nem sempre o mulato foi celebrado: nas teorias raciais do começo do século, o mulato representava uma degenerescência do brasileiro, um ser hibrido que evocava o pior da raça branca e da raça negra. Com o passar do tempo, a valorização de atributos culturais formadores das três raças, a imagem do mulato passou a ser representada como símbolo de brasilidade e de uma cultura genuína. O movimento negro, como se sabe, associa elementos históricos e culturais, reforçando o contexto histórico em que a categoria de mulato foi criada. Cabe ao movimento negro reconhecer a si mesmo como grupo minoritário e, ao criticar veementemente o uso da categoria mulata, denuncia a falsa democracia racial brasileira. 
De que forma é possível associar o fato da população negra ainda hoje ocupar os extratos mais baixos da sociedade (baixa renda, menores salários, níveis mais baixos de escolaridade etc.) com o histórico das construções raciais no Brasil? A desigualdade social no Brasil ainda é um reflexo da maneira como o pensamento social brasileiro foi construído. A existência de uma hierarquia social através da gradação de cores indiretamente evoca o fato de que cada um tem que estar no seu lugar. O negro tem o lugar dele, aquele que pertence aos extratos sociais mais baixos. Desse modo se produziu espacial e socialmente uma exclusão recorrente do negro, reduzindo seu acesso à outros níveis sociais. 
Recentemente, houve uma polêmica em torno da proposta de incluir a discussão de gênero nas escolas: movimentos sociais se mobilizam à favor; ao passo que muitas pessoas se mostraram contrárias e mesmo preocupadas com a proposta. O preconceito tem uma base cognitiva afetiva e inconsciente. Desse modo, a proposta de estabelecer a discussão de gênero nas escolas mexeu com valores muito enraizadose pouco discutidos da sociedade brasileira: as representações e categorias sociais. O preconceito também é construído sobre um determinado sistema de valor, que nesse caso demonstra que o termo gênero é entendido como a produção do liberalismo sexual já na primeira infância. A reação da sociedade é um dos principais motivos pelo qual a discussão de gênero era importante de ser efetuada na escola, como uma contribuição para a desconstrução de preconceitos e discriminações. 
Uma das perguntas do ENEM de 2015 teve como proposta discutir a condição histórica da mulher, houve vários protestos sobre a questão que girava em torno da famosa frase de Simone de Beauvoir “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Um dos protestos mais incisivos sobre a questão veio dos vereadores de Campinas (SP), que ao aprovar uma moção de repúdio à referida questão. Um dos vereadores justificou sua indignação da seguinte forma: “Eles estão querendo empurrar goela abaixo da população o que está no Enem. Nos posicionamos de maneira contrária. A grande maioria é favorável à lei da natureza: homem é homem e mulher é mulher". Ou seja: Há uma reprodução do discurso que vincula à mulher aos seus atributos biológicos: maternidade, fluídos corporais etc. O grande problema neste discurso: 1) é que a desigualdade de sexo (pois, o vereador não está se referindo ao conceito de gênero) é dada a priori no plano da natureza; 2) desconsidera que a condição da mulher é historicamente construída.
O registro de casos de bebês com microcefalia aumentou no Brasil entre 2015 e 2016, grande parte dos casos ocorridos em Pernambuco. Também nesse estado são notórios os casos de mulheres, mães de bebês com microcefalia, abandonadas pelos companheiros. O caso associa diferentes fatores, sobretudo estigma e relações de gênero. O estigma, como descreveu Goffman, pode estar associado a características inscritas no corpo, nesse caso, à malformação do bebê. O estigma tem como consequência o isolamento ou a exclusão do outro. A exclusão provocada pelo estigma ganha reforço ao se sobrepor ao modo pelo qual as noções ligadas ao papel de homem e mulher operam no país: a ligação dos pais com os filhos é mais rarefeita, pois, considera-se que é a mulher, e não o homem, que está obrigada aos cuidados com o filho. A vinculação da mulher com os cuidados da criança associa-se à construção da ideia de feminino e ao espaço social por ela ocupado. A relação entre paternidade e cuidados com a criança pode ser melhor avaliada, inclusive na legislação que prevê apenas 1 semana de licença paternidade. Alguns dos estudos feministas afirmam que apenas quando o homem está mais presente na esfera doméstica as desigualdades entre os sexos é minimizada. 
Circulam nas redes sociais afirmações sobre a emergência de “heterofobias” ou de “racismo inverso”, que seriam incitados pelo fortalecimento dos movimentos sociais. Heterofobias e racismo inverso são discursos dominantes que procuram, no limite, reforçar diferenças e não promover igualdades. Um ponto fundamental para afirmar a inexistência dessas categorias é que preconceitos e ações discriminatórias são frutos de relações de poder estabelecidas, ou seja, promovidas por grupos dominantes. 
No século XVI, Montaigne refletiu sobre o canibalismo entre Tupinambás da seguinte forma: “Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade, mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos, mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos conterrâneos” (MONTAIGNE apud LARAIA, 2002). A reflexão de Montaigne partiu de um costume estranho a sua cultura e até mesmo considerado bárbaro, para produzir uma crítica sobre sua própria sociedade. Tratava-se de um exercício de RELATIVISMO CULTURAL, pois, ao refletir sobre o canibalismo tupinambá, o filósofo produziu um ESTRANHAMENTO de sua própria sociedade. Nesse sentido, o filósofo se afastou de concepções etnocêntricas. 
Malinowski afirmava que a pesquisa etnográfica devia ser intensa, promovendo uma imersão na realidade do outro. O tempo para a realização do trabalho deveria ser prolongado, somente assim o pesquisador poderia 1) se afastar dos conceitos e noções de sua própria sociedade; 2) entender as múltiplas dimensões que compõem esta realidade; 3) perceber as relações existentes entre diferentes instituições e esferas sociais. 
Sabe-se que o etnocentrismo é uma forma de olhar o mundo a partir de sua própria sociedade e a ideia de relativismo cultural como seu oposto. No entanto não podemos afirmar que o relativismo por si mesmo é a melhor forma de ver o mundo. Embora o relativismo cultural seja uma resposta interessante ao etnocentrismo, ele não deve ser tomado como única atitude possível. Há que ser cauteloso com a ideia de relativismo, assim como etnocentrismo, quando utilizado em casos extremos, pode chegar a justificar atrocidades, usando como desculpa a ideia de que “eles fazem isso porque a cultura deles é assim”.
Faça um exercício propriamente antropológico, deixando suas opiniões e visões de mundo de lado. Considerando o debate em torno da relação entre igualdade e categorias de gênero, pense sobre a questão da legalização do casamento gay. Polêmico não??? A legalização do casamento gay prova o embate entre concepções de gênero, por um lado, e a discussão em torno da liberdade de direitos, por outro. Há uma vinculação entre relações de gênero e o lugar das relações afetivas na sociedade. Parte da sociedade brasileira considera que relações legítimas reconhecidas pelo estado estão restritas ao par homem/mulher, pois relações de gênero aparecem aqui vinculadas à identidade biológica. Ou seja, neste caso nota-se que há um padrão ideal de união conjugal. Do lado dos movimentos LGBT, a legalização da união homoafetiva está na luta por igualdade de direitos sociais. Equidade de direitos sociais está no âmago da história do ocidente, sendo um processo contínuo para construção de espaços democráticos. 
Com certa frequência são vinculados na grande mídia pessoas estacionando em vagas preferenciais para deficientes: Sabe-se que um dos tipos de estigma mencionados por Goffman está associado à deficiência ou às marcas corporais evidentes. O estigma não apenas marca aquele que o carrega negativamente, ele produz uma exclusão do sujeito. O excluído é também um invisível, por esse motivo, as pessoas ocupam esses lugares não percebem as demandas dos deficientes.
As discussões sobre a igualdade, tem um ideal a atingir: A universalização do acesso à educação figura como elemento importante para se aproximar do ideal de igualdade de oportunidades. Décadas atrás, quando o ensino era reservado a poucos segmentos sociais, a escola operava como mecanismo de exclusão social. Entretanto, não é possível afirmar que a universalização da educação pode por si mesma promover a igualdade. Se movimentos sociais e políticas públicas avançam para promover igualdade, um movimento contrário é a tendência para a construção de instrumentos de diferenciação. 
Para Durkheim, os fatos sociais possuíam três características, eram anteriores, exteriores e produziam coerção sobre o indivíduo. Durkheim entendida que havia uma ligação entre indivíduo e sociedade, uma vez que os fatos sociais eram produzidos fora da esfera individual. A ideia de anterioridade dos fatos sociais pode ter similaridade com a transmissão da cultura de uma geração para outra. A coerção mencionada por Durkheim pode ter associação aos valores e normas que o indivíduo é socializado
Pessoal tudo que foi até aqui, é só um recorte das principais ideias trabalhadas ao longo das seis aulas. Para melhor se preparar para a prova, veja também todos os materiais disponibilizados na rota de estudos!!!
Bons estudos!!!

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