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O Signo Semiótico na concepção de Charles Peirce

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O SIGNO SEMIÓTICO 
NA CONCEPÇÃO DE CHARLES SANDERS PEIRCE1 
José Fernandes da Silva 
 
A semiótica pode ser definida como teoria geral dos signos e dos sistemas de 
signos. Atualmente, o conceito de signo está relacionado com, entre outras, duas 
diferentes concepções: a do lingüista suíço Ferdinand de Saussure (1969), fundador 
da lingüística moderna e introdutor dos princípios fundamentais da semiologia, e a do 
filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1993), criador da semiótica 
propriamente dita. Em vista disso, iniciaremos este estudo falando da diferença entre 
estas duas concepções, em relação ao conceito de signo. 
 
1. O conceito de signo segundo Saussure e segundo Peirce 
A diferença básica entre as duas concepções está, principalmente, no fato de 
que, se na concepção de Saussure o conceito de signo é o do signo verbal, na 
concepção de Peirce é o do signo em geral, não importa de que espécie. Isso significa 
que, se no primeiro caso o signo é, antes de tudo, a palavra (principalmente oral), no 
segundo caso ele é qualquer coisa que representa alguma outra coisa para alguém. 
Além disso, se na concepção saussureana o signo ele é um elemento em que se 
correlacionam apenas dois outros elementos, chamados de significante e significado, 
na concepção peirceana o signo é um elemento em que se correlacionam três outros 
elementos, chamados de representamem, objeto e interpretante. 
Como ilustração do conceito de signo segundo estas duas concepções, 
podemos apresentar o seguinte diagrama: 
 
 
 
 
 
 
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Se na visão de Saussure o signo é uma unidade entre umsom verbal (ou uma 
imagem acústica) e uma ideia (ou uma imagem conceptual), o significante é este som 
verbal (ou esta imagem acústica), e o significado, esta idéia (ou esta imagem 
conceptual). E se na visão de Peirce o signo é qualquer coisa que representa alguma 
outra coisa para alguém, o representamem é esta coisa que representa, o objeto é 
esta coisa que é representada; o interpretante (que não existe na definição de signo 
elaborada por Saussure) é, por sua vez, uma terceira coisa que, surgindo na mente do 
intérprete no momento em que ele percebe aquela primeira coisa, faz com que ele a 
interprete desta maneira, como sendo de fato não uma coisa em si, mas uma coisas 
que representa uma outra coisa. 
A correlação entre os três elementos é, no entanto (como o próprio Peirce 
sempre procurou demonstrar) dinâmica e, em vista disso, devemos representá-la 
deste outro modo: 
 
 
 
 
 
Neste esquema, temos o seguinte: se A (o representamem) representa B (o 
objeto) é porque C (o interpretante) faz com que ele seja percebido e, ao mesmo 
tempo, interpretado desta maneira, quer dizer, como sendo de fato uma representação 
de B. Nesse sentido, se C (o interpretante) não existisse, A (o representamem) não 
apareceria como uma representação de B (o objeto). E a explicação para isso é 
simples: uma coisa só aparece como signo de uma outra coisa se, na mente de quem 
a percebe, surgir uma terceira coisa (vinda de experiências anteriores) a partir da qual 
a interpretação daquela primeira coisa possa ser realizada. E é justamente por isso 
que, na visão de Peirce, o signo é uma tríade, e não uma díade, como na de 
Saussure. 
 
2. Divisão dos signos em verbais e não-verbais, simbólicos, icônicos e 
indiciais 
Os signos podem ser divididos em várias categorias; mas, neste estudo, 
levaremos em conta apenas duas, consideradas como as mais importantes. A primeira 
divisão (que, na verdade, não aparece com esta denominação nas classificações de 
Peirce) baseia-se na natureza das coisas em que os signos aparecem; e, a segunda 
divisão, na natureza da relação entre as coisas em que os signos aparecem e as 
coisas que eles representam. No primeiro caso, os signos dividem-se em signos 
verbais e não-verbais; no segundo caso, em signos simbólicos, icônicos e indiciais. 
 
3. Signos verbais e não-verbais 
Os signos são verbais quando as coisas em que eles aparecem são palavras ou 
construções delas decorrentes, e podem ser de duas espécies: verbais orais e verbais 
escritos. Eles são não-verbais, quando as coisas em que eles aparecem são 
fenômenos diferentes de palavras ou construções deles derivadas, e podem ser de 
cinco diferentes espécies: visuais, auditivos, táteis, olfativos e gustativos. E já que a 
noção de não-verbal surge por oposição a verbal, podemos dizer que não-verbais são 
aqueles que, embora manifestos através de outros fenômenos, diferentes de palavras, 
o papel que desempenham é idêntico ao desempenhado pelas palavras. Quer dizer, é 
também o de meio de representação. Num texto narrativo-literário, os signos verbais 
aparecem em dois diferentes planos, que são o da escritura, constituída de signos 
verbais grafovisuais, e o da narração, constituída de signos verbais fonoauditivos; os 
não-verbais aparecem num único plano, que é o do enredo, constituído de signos 
nãoverbais figurativos ou imagéticos. 
 
3.1. Signos simbólicos, icônicos e indiciais 
a) Signos simbólicos 
Os signos são simbólicos quando a relação entre as coisas em eles aparecem e 
as coisas que eles representam é de caráter convencional e, por conseguinte, 
baseada apenas num acordo entre os sujeitos comunicantes, no sentido de que isto, 
embora não tenha nada a ver com aquilo, deve ser aceito como a sua representação. 
É com base neste fator (a convenção) que o animal cachorro pode ser representado 
não apenas pela palavra cachorro, no idioma português, mas também pelas palavras 
perro, dog, hund etc., nos idioma espanhol, inglês e sueco, por exemplo. 
b) Signos icônicos 
Os signos são icônicos quando a relação entre as coisas em que eles aparecem 
e as coisas que eles representam é de caráter imitativo e, portanto, baseada não mais 
numa simples convenção, mas em dada semelhança entre os dois tipos de coisas, no 
sentido de que, se isto parece com aquilo, de modo que, percebendo-se isto, lembra-
se imediatamente daquilo, então a primeira coisa pode ser tomada como 
representação da segunda coisa. É com este neste segundo fator (a semelhança entre 
os dois tipos de coisas) que afigura (referente ao desenho, à fotografia, à escultura 
etc.) do animal cachorro pode ser tomada como representação do próprio animal 
cachorro; as cores verde, amarela e azul (com pintinhas brancas), que aparecem na 
bandeira de nosso país, podem ser tomadas como representações das riquezas 
vegetais e minerais nele existente, bem como do céu límpido e iluminado que, nas 
noites de estio, cobre tudo isso. 
c) Signos indiciais 
Os signos são indiciais quando a relação entre as coisas em eles aparecem e as 
coisas que eles representam é de caráter não mais convencional, nem tampouco 
imitativo, mas associativo, no sentido de que, se isto costuma vir sempre associado 
(quer dizer, junto, conectado ou vinculado) àquilo, de maneira que, percebendo-se is 
to, lembra-se imediatamente daquilo, então a primeira coisa pode ser tomada como 
representação da segunda coisa. É com base neste fator (a associatividade) que, por 
exemplo, os rastros de um cavalo podem ser tomados como representação não só das 
patas do cavalo, mas também do próprio cavalo e, inclusive, do cavaleiro que, 
possivelmente, nele vai montado, e ainda da direção que ele tomou; as nuvens que 
aparecem no céu, tornando-se paulatinamente mais escuras, podem ser tomadas 
como representação da chuva que, possivelmente, irá cair; os sons que vêm de um 
bosque situado nas proximidades da estrada por onde vamos passando podem ser 
tomados como representações da cachoeira que, certamente, ali existe;o cheiro que 
vem dos fundos de uma casa não muito distante do local por onde estamos 
transitando podem ser tomado como representação do jantar que, sem dúvida, ali está 
sendo servido; o sabor do cafezinho que, quando estamos de visita a uma casa, nos é 
trazido lá da cozinha, pode ser tomado como representação da habilidade (ou 
inabilidade) da cozinheira. 
 
 
Bibliografia 
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica e Filosofia. Introdução, seleção e tradução 
de Octanny Silveira da Mota e Leonidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix, 1993. 
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. Tradução de Antônio 
Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein, prefácio de Isaac Nicolau Salum. São 
Paulo: Cultrix, 1969.

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