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EA D As Corridas e a Marcha Atlética 2 1. OBJETIVOS • Compreender e classificar as corridas. • Reconhecer as fases da corrida e compreender a biome- cânica das mesmas. • Entender e relacionar as diferentes corridas e seu local de disputa. • Compreender a Marcha Atlética. • Compreender e reconhecer as corridas como manifesta- ção natural dos movimentos do ser humano. 2. CONTEÚDOS • Descrição geral das corridas. • Biomecânica das corridas. • Classificação das corridas. © Atletismo48 • Corridas de revezamento. • Steeple Chase. • Cross Country. • Marcha Atlética. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Para um melhor aproveitamento do estudo da unidade, é interessante que o aluno realize uma leitura preliminar de modo a identificar termos e palavras desconhecidos e, caso seja necessário, recorra a um dicionário em bus- ca do entendimento. 2) Busque entendimento nos termos explicitados no Glos- sário e busque relacioná-los ao Esquema de Conceitos- -chave. 3) Busque ampliar e aprofundar seus conhecimentos teó- ricos buscando ler os livros da bibliografia indicada. Dis- cuta com seus colegas e tutor seus achados e entendi- mentos. 4) Realize as atividades propostas e atente para as suges- tões e curiosidades apresentadas. Isto pode ser de gran- de valia para seu conhecimento. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Iniciaremos agora o estudo das provas de Atletismo. Dare- mos início a este estudo apresentando, nesta unidade, as provas de corrida e a Marcha Atlética. Dentre as provas de corrida temos as provas de pista, que são entendidas como as provas efetivamente realizadas na pista (raias). Há também as provas de rua, como a maratona, e as provas disputadas no campo (Cross-Country) e em montanhas. 49 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Neste primeiro momento, faremos uma descrição geral da corrida, estudando suas fases e biomecânica. A seguir, apresen- taremos a classificação das corridas e iniciaremos um estudo um pouco mais detalhado acerca das mesmas. Iniciaremos o estudo das provas com as provas rasas de velocidade, meio-fundo e fun- do. A partir de então, estudaremos as Corridas com Barreiras, as Corridas de Revezamento, Steeplechase (3.000m com obstáculos), Cross-Country e, por fim, a Marcha Atlética. Devemos ter em mente que a corrida se apresenta como uma manifestação natural dos movimentos do ser humano, tal como o andar, e é empregada desde a era paleolítica. Como vimos anteriormente, os homens da era paleolítica se valiam da corrida, por exemplo, na busca por alimentos ou então para fugir de um possível predador. A corrida, tal como o andar então, é a manifestação natural dos movimentos do ser humano quando este pretende se deslocar ou seja, ir de um ponto a outro. No entanto, a diferença entre o andar e o correr é que este é realizado em maior velocidade, apre- sentando a fase aérea, que se dá em decorrência da sucessão de saltos que estão presentes na mesma. 5. DESCRIÇÃO GERAL DAS CORRIDAS Para que melhor possamos compreender a corrida, devemos entender que a mesma apresenta 4 fases distintas. Fase de contato O contato do corredor com o solo é realizado com o terço anterior do pé (antepé, metatarsos). Nessa fase, a perna busca o contato com o solo de uma forma natural, ocorrendo a semiflexão dos joelhos, como você pode ver na Figura 1. © Atletismo50 Fonte: Camargo e Silva (1978, p. 35). Figura 1 Contato. Fase de apoio O apoio é iniciado tão logo ocorra a tomada do contato com o solo, sendo realizado com o terço anterior do pé, como observa- do na Figura 2. Ocorrerão variações na forma de contato, especial- mente com a amplitude da região que apoia (toca) o solo durante esta fase e dependendo da velocidade da corrida desenvolvida. Fonte: Camargo e Silva (1978, p. 36). Figura 2 Apoio. Fase de impulsão A impulsão se dá em decorrência da extensão do pé (tornozelo) e do joelho da perna de apoio. Esta ação impulsiona o corredor para 51 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética frente e para cima. Veja, na Figura 3, que este impulso é auxiliado pela ação da perna livre e dos braços. É nesta fase que se dá a aceleração. Fonte: Camargo e Silva (1978, p. 37). Figura 3 Impulsão. Fase de suspensão (fase aérea) A fase de suspensão, ou simplesmente fase aérea, tem seu início tão logo o corredor perde o contato com o solo em decor- rência da impulsão, como observado na Figura 4. Neste momento ocorre a elevação e queda do centro de gravidade, ou seja, ele des- creve uma parábola em decorrência do "salto", ocorrendo, tam- bém uma desaceleração. Fonte: Camargo e Silva (1978, p. 38). Figura 4 Suspensão. © Atletismo52 De um modo geral, a Biomecânica das corridas se apresenta de modo similar, ou seja, o padrão de movimentos é semelhante, ocorrendo pequenas variações dependendo da velocidade a ser desenvolvida. Grosso modo, pode-se detalhar a Biomecânica da corrida como segue: 1) tronco: de um modo geral, deve ser mantido ereto, em uma posição confortável. Dependendo da velocidade da corrida, como citado anteriormente, pequenas varia- ções no seu posicionamento ocorrerão; 2) braços: independente da velocidade empregada, sua movimentação deverá ser realizada no sentido antero- posterior, com flexão do cotovelo de modo que braço e antebraço formem um ângulo aproximado de 90 graus. De acordo com a velocidade, a amplitude da movimen- tação e do ângulo de flexão do cotovelo apresentará pe- quenas variações. A movimentação dos braços é impor- tante para o auxílio do equilíbrio do corredor; 3) apoio dos pés: como apresentado anteriormente nas fa- ses da corrida, o apoio é realizado com o terço anterior do pé (antepé; metatarsos), com o centro de gravidade sendo colocado sempre à frente do pé. Dependendo da velocidade empregada na corrida, a área de apoio será menor ou maior e, assim, o calcanhar estará mais afasta- do ou mais próximo do solo; 4) olhar: colocando a cabeça em uma posição de equilí- brio, o mesmo deve estar sempre voltado para frente, evitando olhares para os lados ou para trás, o que pode acarretar prejuízos tanto para a velocidade quanto para a direção da corrida; 5) grupos musculares: os músculos dos membros inferio- res são aqueles que atuam com maior intensidade. No entanto, temos também a atuação dos músculos dos membros superiores e do tronco. Aqueles que não atu- am diretamente nos movimentos da corrida, por exem- plo, da bochecha, devem permanecer descontraídos. 53 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética 6. CLASSIFICAÇÃO DAS CORRIDAS De acordo com o percurso a ser percorrido e, por consequ- ência, sua duração, as corridas podem ser classificadas em: • Corridas de Velocidade; • Corridas de Meio-Fundo; • Corridas de Fundo. As corridas também podem ser classificadas como rasas ou não. As corridas rasas são aquelas em que os atletas não devem ultrapassar nenhum obstáculo ou não portam nenhum tipo de im- plemento. As Corridas de Velocidade são aquelas realizadas em "raias marcadas", ou seja, são provas balizadas ou raiadas. Isso significa que elas devem ser iniciadas e terminadas na mesma baliza ou raia. O atleta deve iniciar a prova e permanecer durante todo o seu percurso em sua raia. São provas de velocidade as corridas de 100m, 200m e 400m rasos; as provas de revezamento 4x100m e 4x400m que, em de- corrência do transporte do bastão, deixam de serem consideradas corridas rasas, e as Corridas com Barreiras (100m; 110m e 400m) que, em decorrência da existência das barreiras, também não são consideradas como provas rasas. As provas de 800me 1.500m rasos são consideradas provas de meio-fundo. São consideradas Corridas de Fundo todas as provas iguais ou acima da marca de 3.000m. Neste rol podemos citar como exemplo os 5.000m, 10.000m, a maratona, a ultramaratona etc. Estudadas a descrição geral das corridas, sua biomecânica e classificação, estamos prontos para iniciarmos o estudo um pouco mais aprofundado das mesmas. © Atletismo54 Mais uma vez, voltamos a salientar que as regras aqui abor- dadas são gerais para o desenvolvimento da prova. Sugerimos que para um entendimento pormenorizado das competições, em de- corrência da especialização do treinamento, objetivando a parti- cipação em competições, você deverá fazer uso do livro de regras do Atletismo. 7. CORRIDAS DE VELOCIDADE Como vimos anteriormente, as provas de velocidade são as de 100m, 200m, 400m rasos, as provas de revezamento e as Corri- das com Barreiras. E, embora entendamos que as provas de reve- zamento e as Corridas com Barreiras sejam também classificadas como Corridas de Velocidade, nesse primeiro momento iremos abordar somente as provas de 100m, 200m e 400m, ou seja, as corridas rasas. Isso se dá porque as Corridas de Revezamento e com barreiras apresentam algumas peculiaridades e serão abor- dadas em separado. Dentre as provas de corrida, a de 100m é aquela de maior velocidade e consagrada, também, como a de maior emoção. Aqui temos a consagração dos indivíduos, homens e mulheres, mais rápidos do planeta. Nesta prova, a velocidade pode chegar a 44 km/h (12,22 metros por segundo). Disputada inicialmente em pistas de grama ou "cinzas" de carvão com uma distância de 91,44m (100 jardas) e corrida em linha reta, está presente desde a primeira edição dos Jogos Olím- picos da Era Moderna, representa a mais pura expressão da velo- cidade humana, tendo como primeiro medalhista olímpico o esta- dunidense Thomas Burke que marcou o tempo de 11,8s. Segundo a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), William McLaren da Inglaterra havia cumprido esta mesma distância em apenas 11s. Hoje o recorde olímpico pertence ao jamaicano Usain Bolt, com o tempo de 9,69s, obtido nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A velocidade máxima alcançada pelo atleta foi de 43,9 km/h. 55 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Percorrendo os primeiros 50 m da prova (0 – 50m), em 5,6s, Bolt apresentou a mesma performance obtida em testes pelo Vectra 2.0 com câmbio automático Este mesmo atleta é o detentor do recorde mundial (9,58s), obtido em 2009. Donald Lippincott, em 1912, foi o primeiro a ter seu tempo registrado e vê-lo a entrar para as estatísticas da IAAF, criada no mesmo ano. Seu tempo foi de 10,6s. No Brasil, o primeiro recorde reconhecido pela CBAt foi de 10,8s, de Gil de Souza, em 1925. De acordo com a IAAF, antes de 1887, os corredores larga- vam em pé, quando Charles H. Sherrill fez pequenos buracos na pista para colocar seus pés e iniciava a corrida agachado, utilizada até hoje, porém, com variações. Não mais se utilizam buracos na pista e sim blocos de partida para o apoio dos pés. Os 200m eram corridos em linha reta nos Estados Unidos até aproximadamente 1960. Esta é talvez a mais antiga das provas, pois se parece com o stadion praticado na Antiguidade. Presente nos jogos olímpicos da modernidade desde 1900, teve um grande domínio dos estadunidenses. O primeiro atleta olímpico a ter sua vitória documentada foi, como já mencionado, Korebus de Elis e, desse modo, este foi então o primeiro vencedor desta prova. De acordo com a CBAt, os 400 m é uma prova, tal qual os 200m, presente nas Olímpiadas da Antiguidade. Na ocasião, cha- mada de duplo stadion ou diaulus. O primeiro recorde registrado para esta prova é o do inglês Henry Harrison que, em 1861, mar- cou o tempo de 50,5s para a distância de 440 jardas (402,33m). Já a IAAF registrou o primeiro recorde em 1912, cujo tempo de 48,2s foi obtido pelo estadunidense Charles Reidpath. O britânico Eric Liddell teve sua trajetória retratada reforçando a lenda britânica nessa modalidade. O filme Carruagens de Fogo (Charriots of Fire) foi premiado com o Oscar de melhor filme em 1981. Em Paris, 1924, Eric disputaria a prova dos 100m, porém por questões religiosas abdicou da disputa e competiu, então, nos 200m e 400m conseguindo o terceiro lugar e o recorde olímpico respectivamente. © Atletismo56 É importante lembrar que as corridas de 100m são feitas em linha reta, enquanto as de 200m representam meia volta em uma pista de Atletismo. Assim sendo, o trecho percorrido apresenta uma curva e uma reta, e as de 400m correspondem a uma volta completa na pista. Isso significa que os mesmos percorrem duas curvas e duas retas. Os atletas da prova de 100m largam um ao lado do outro em decorrência do percurso todo ser disputado em linha reta. As par- tidas das provas de 200 e 400m são realizadas em curva e os atle- tas destas provas têm suas saídas escalonadas, ou seja, os mesmos são posicionados de forma que, por percorrerem uma ou duas curvas, 200m e 400 m respectivamente, os mesmos percorram a mesma distância independente da raia (baliza) em que estiverem posicionados. Esse ajuste no posicionamento dos atletas de forma escalonada, apesar de transmitir a impressão de favorecimento àqueles atletas que estão à frente é realizado em decorrência do raio da curva, o que poderia fazer com que o atleta da raia externa tenha que percorrer uma distância maior até a chegada caso os mesmos fossem posicionados lado a lado. Biomecânica das Corridas de Velocidade 1) O tronco: com uma grande inclinação nas passadas ini- ciais, ele aproxima-se da vertical ao atingir a velocidade máxima. A inclinação ideal é de aproximadamente 75°. 2) A movimentação e o posicionamento dos braços: o co- tovelo deve estar flexionado de modo que braço e ante- braço formem um ângulo aproximado de 90°, e seu mo- vimento deve ser realizado no sentido anteroposterior, auxiliando no controle do equilíbrio do corredor. 3) O apoio dos pés: o apoio deve ser realizado com o ter- ço anterior do pé (antepé; metatarsos), com o centro de gravidade sendo colocado sempre à frente do pé. 4) O olhar: direcionado sempre para frente, mantendo a cabeça em uma posição de equilíbrio. Nas Corridas de 57 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Velocidade, olhares para trás ou para os lados podem prejudicar a velocidade e a direção da corrida. 5) Os grupos musculares: semelhante ao apresentado anteriormente, os músculos que atuam com maior in- tensidade são os dos membros inferiores. Há também a atuação dos músculos dos membros superiores e do tronco, devendo haver descontração dos músculos não envolvidos nos movimentos necessários à corrida. Nas corridas podemos observar algumas fases. Em especial nas provas de 100m e 200m, temos estas etapas bem definidas: a saída, o trecho inicial, o percurso e o trecho final. A saída corresponde à partida (0,00 metros) e o trecho inicial refere-se à fase de aceleração que, nos caso das provas de 100m e 200m, correspondem a 30 – 50m e 30 – 60m respectivamente. Esse é o momento em que o atleta busca desenvolver e alcançar a sua maior velocidade. O percurso corresponde à manutenção da aceleração e compreende os espaços entre 30/50m a 70/90m e 30/60m a 160/180m para a prova dos 100m e 200m rasos. Uma vez que os atletas alcançaram sua maior velocidade, é nesse perí- odo que os mesmos tentarão mantê-la. O trecho final compreende os últimos metros da corrida e está associado a um decréscimo na velocidade (desaceleração). É importante ressaltar que, atual- mente, tem sido solicitado aos atletas buscarem a manutenção da velocidade até a ultrapassagem da linha de chegada. Saída e chegada nas provas de velocidade Nasprovas de velocidade, o tipo de saída utilizado é deno- minado de saída baixa, como o da Figura 5, sendo obrigatória a utilização do bloco de partida (ou bloco de saída). São 3 os tipos de saída baixa: • curta; grupada ou americana; • média; • longa ou americana longa. © Atletismo58 Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 29). Figura 5 Suspensão. O bloco de partida da Figura 6 é um equipamento que auxilia o corredor durante a partida, oferecendo apoio a este. Dependen- do do tipo de saída utilizado, seus apoios para os pés (tacos) são ajustados. Figura 6 Bloco de partida. Na saída curta, os pés estão afastados um do outro por uma distância de 20 a 24 cm. Essa distância aumenta para 35 a 40cm e 45 a 50cm para a saída média e longa respectivamente. Não deve- mos nos esquecer do fator adaptação. Uma forma prática para o posicionamento do bloco de partida, uma vez que este sofre influ- ência da adaptação, seria posicionar os tacos de partida a dois e três pés atrás da linha de partida respectivamente. Ao se posicionarem no bloco de partida, os atletas colocam no taco da frente sua perna de impulso, pois este será o primeiro apoio do corredor e, assim, o atleta se beneficiará de uma maior "explosão". Uma vez posicionados no bloco de partida, os atletas devem posicionar suas mãos atrás da linha de partida. 59 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética A chegada Para a chegada o atleta deverá estar mais ou menos inclina- do, variando esta postura, é claro, em decorrência das condições da prova (velocidade, distância percorrida etc.). O regulamento para as corridas, de uma forma geral, prevê que seja considerado o posicionamento do tronco para a definição da chegada (colocação/ordem de chegada). Das formas de chega- da mais utilizadas, temos a chegada com inclinação do tronco à frente, com a inclinação do tronco à frente e lançamento dos bra- ços para trás, e inclinação do tronco para frente com sua rotação. Veja exemplos na Figura 7. Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 33). Figura 7 Chegada. Vozes de comando para as provas de velocidade As vozes de comando são, como o próprio nome diz, os co- mandos dados aos atletas para que estes se posicionem, se prepa- rem e iniciem sua corrida. São elas: © Atletismo60 • às suas marcas ou lugares: os atletas devem se aproximar e se posicionar em seus respectivos blocos de partida; • prontos: os atletas devem se preparar para o início da corrida. Nesse momento ocorre a elevação do quadril (os atletas "perdem um dos cinco apoios") e ocorre um dese- quilíbrio para frente; • tiro: os atletas iniciam a corrida propriamente dita. 8. CORRIDAS DE MEIO-FUNDO As provas de 800m e 1.500m são consideradas provas de meio-fundo. Apesar de conhecida na Antiguidade, pois faziam parte dos Jogos Istmios, Nemeus e Panatenáicos, a corrida de 800m não fa- zia parte da programação olímpica. Era conhecida como "Hippios", uma vez que sua distância era aparentemente correspondente à distância aproximada da corrida de cavalos (740m), vindo daí sua denominação. Esta é uma prova que demanda velocidade e resistência de velocidade. Com distância de aproximadamente meia milha (804,67m), foi corrida pela primeira vez por profissionais na In- glaterra por volta de 1830. Fazendo parte do programa olímpico desde 1896 para homens, a mesma passou a ter disputas femi- ninas em 1928. Porém, em decorrência da falta de treinamento específico para a prova, muitas das atletas desmaiavam tão logo cruzavam a linha de chegada. Assim, apresentando-se como uma experiência traumática, a mesma foi retirada do programa olímpi- co e só retornou em nos Jogos de Roma em 1960. A prova de 1500m originou-se no continente europeu em pistas de 500m, e tornou-se um evento clássico de meia distância. Nos primeiros Jogos Olímpicos da modernidade, muitos dos cor- redores de 1.500m também participaram da prova de 5.000m. O 61 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética finlandês Paavo Nurmi tornou-se campeão olímpico, em 1924, dos dois eventos, tendo um espaço de 50 minutos entre eles. Biomecânica das Corridas de Meio-fundo 1) O tronco: a inclinação do tronco, nas provas de meio- -fundo, é menos acentuada do que nas provas de veloci- dade. Isso se dá em decorrência da velocidade desenvol- vida, que é menor naquela prova. 2) A movimentação e o posicionamento dos braços: com um ângulo formado entre o braço e antebraço inferior a 90°, sua movimentação deve, também, ser realizada no sentido da corrida, ou seja, no sentido anteroposterior, auxiliando, desse modo, o equilíbrio do corredor. Seus ombros estarão mais baixos comparados à prova de ve- locidade. 3) O apoio dos pés: semelhante às provas de velocidade, o mesmo deve ser realizado com o terço anterior dos pés, com o centro de gravidade sempre a frente do pé dian- teiro. O calcanhar do pé de apoio estará mais próximo ao solo e o calcanhar da perna livre estará também mais baixo quando estes são comparados às suas posições nas provas de velocidade. 4) O olhar: semelhante às provas de velocidade, o mesmo deve ser sempre voltado para frente, com a cabeça em uma posição de equilíbrio. Nessas provas, dependendo da condição que se apresente, podem ocorrer olhares laterais ou para trás. Cuidado deve ser tomado para que os mesmos não ocorram em demasia, prejudicando, as- sim, o desenvolvimento da corrida. 5) Os grupos musculares: semelhante ao descrito nas situ- ações anteriores. Saída e chegada nas provas de meio-fundo Diferentemente das provas de velocidade, a saída utilizada nas provas de meio-fundo é a saída alta. Nesse tipo de saída os atletas saem em pé. © Atletismo62 A chegada é realizada de modo semelhante ao das provas de velocidade, com variações ocorrendo conforme as circunstâncias da prova. Vozes de comando para as provas de meio-fundo As vozes de comando e suas ações para as provas de meio- -fundo são: • às suas marcas ou lugares: os concorrentes se aproximam da linha de saída; • tiro: os atletas iniciam a corrida. 9. CORRIDAS DE FUNDO São consideradas Corridas de Fundo todas as provas iguais ou acima da marca de 3.000m. Estas provas guardam grande se- melhança com corridas praticadas por mensageiros de guerra na Antiguidade, quando estes deviam percorrer grandes distâncias para levar mensagens à tropa ou ao comandante. Como citado anteriormente, a origem ou a inspiração para a criação da maratona se dá em decorrência de um fato, embora careça de comprovação histórica, datado de 490 a.C. na batalha de Maratona. Em decorrência do avanço das tropas persas com facilidade, comandantes do exército grego enviavam corredores em busca de apoio para a guerra, fato este que surtiu efeito. A ajuda foi enviada e os gregos venceram a batalha. Com o intuito de informar Atenas da vitória, o comandante Milcíades envia, partindo da cidade de Ma- ratona até Atenas, um de seus soldados, Pheidippides, que deu sua vida por essa informação. Conta-se que, após percorrer distância pouco superior a 40km e chegar a seu destino, o mesmo foi capaz somente de comunicar a vitória para em seguida morrer. Como uma lenda que atravessa gerações, esta história motivou e fortaleceu a presença da maratona em competições ao redor do mundo. 63 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Embora, ao estudarmos as diferentes provas de fundo de modo isolado, possamos verificar que, em alguns momentos, es- tas têm sido apresentadas, de um modo geral, como criações re- lativamente recentes, é possível também encontrar referências de que as mesmas podem ter sua origem remontada a mais tempo. De acordo com a história apresentada no site da CBAt, por exem- plo, os 5.000m tem sua origem tambémna Antiguidade. A primei- ra referência a essa prova remete a 15ª Olímpiada (720 a.C.) e se chamava "dolichos" tendo como inspiração as proezas dos men- sageiros militares Dromokerykes ou Hemerodromoi, encarregados de levar mensagens e instruções por grandes distâncias, em espe- cial, em períodos de guerra. Esta "discrepância" pode se dar em decorrência do número de provas classificadas como Corridas de Fundo e isso pode, então, representar somente uma variação geral da análise em conjunta das mesmas. Essas corridas, de acordo com Vieira e Freitas (2007), são verdadeiras provas de fogo em que o atleta deve colocar em prati- ca alguns recursos como resistência, força e estratégia. Atletas como Hannes Kolehmainen, Paavo Nurmi, Emil Zá- topek, Kenenisa Bekele, Haile Gebrselassie, Paul Tergat e Paula Radcliffe são alguns dos nomes que ficaram marcados na história das provas de fundo. Mais recentemente, um brasileiro também ficou marcado para a história das provas de fundo em Jogos Olím- picos. Apesar de não ter conseguido o campeonato olímpico, pois fora atrapalhado durante o percurso e, assim, teve seu desempenho prejudicado, terminando na terceira posição, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima foi agraciado com a medalha Pierre de Coubertin. A mais conhecida das provas de fundo ou, no mínimo, das corridas de rua, a maratona é uma invenção de um amigo de Pierre de Coubertin, Michel Bréal, que propôs uma adaptação da lenda do mensageiro Pheidippides, fazendo parte do programa olímpi- co desde 1896, tendo seu percurso seguido a rota de Maratona a Atenas, percorrido por Pheidippides, tendo este recebido diversas homenagens. © Atletismo64 Entre 1896 e 1904, a distância da maratona girou em torno dos 40km, tendo sido estabelecida a distância de 42,195km em 1908 e permanecendo assim desde então. Situações das mais curiosas envolveram esta prova duran- te competições olímpicas. De atletas que competiram descalços e ganharam a prova, passamos por atletas que competiram durante a noite, pegaram carona em carro, caíram pelo meio do caminho, foram agredidos (VIEIRA; FREITAS, 2007), até atletas que injetaram sulfato de estricnina, de acordo com o site da IAAF. O Brasil teve um recordista mundial da maratona. Ronal- do da Costa, em Berlim no ano de 1998 registrou o tempo de 2h06min05s. Ele ainda teve fôlego para das cambalhotas ao fim da prova. Biomecânica das Corridas de Fundo 1) O tronco: a inclinação do tronco, nas provas de fundo, é menos acentuada do que nas provas de velocidade e de meio-fundo, uma vez que a velocidade desenvolvida é menor nessa prova. 2) A movimentação e o posicionamento dos braços: com pequena angulação entre braço e antebraço e reduzida amplitude de movimentação, esta deve, também, ser re- alizada no sentido da corrida, ou seja, no sentido antero- posterior, auxiliando, desse modo, o equilíbrio do corre- dor. Há uma maior descontração muscular, comparado às provas de velocidade e meio-fundo. 3) O apoio dos pés: semelhante às provas de velocidade e de meio-fundo, o mesmo deve ser realizado com o terço anterior dos pés, com o centro de gravidade sempre à frente do pé dianteiro. O calcanhar do pé de apoio esta- rá mais próximo ao solo e ocorrerá, desse modo, o con- tato total da planta do pé com o solo, caracterizando a chamada Fase de Descanso. O calcanhar da perna livre estará também mais baixo quando estes são compara- dos às provas de velocidade. Ele estará em altura próxi- ma à do joelho da perna de apoio;. 65 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética 4) O olhar: como nas provas anteriores, deve estar sempre dirigido para frente, com a cabeça em uma posição de equilíbrio. Os olhares para os lados e para trás podem ocorrer, em especial na maratona. Os cuidados a serem tomados são os mesmos citados para as provas de meio- -fundo. 5) Os grupos musculares: semelhante ao descrito nas situ- ações anteriores. Saída e chegada nas provas de fundo De modo semelhante à saída utilizada nas provas de meio- -fundo, nas provas de fundo a saída utilizada é a saída alta. A chegada é realizada de forma semelhante às formas de chegada utilizadas nas provas de velocidade e meio-fundo, com variações ocorrendo a depender das circunstâncias da prova. Vozes de comando As vozes de comando e suas ações para as provas de fundo são semelhantes às vozes de comando para as provas de meio- -fundo: • às suas marcas ou lugares: os concorrentes se aproximam da linha de saída; • tiro: os atletas iniciam a corrida. 10. SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA (GERAL) PARA AS COR- RIDAS Neste tópico, estamos nos referindo a "sequência pedagó- gica geral", pois entendemos que a mesma pode ser utilizada não só para as provas rasas estudadas até aqui, mas também para as demais provas de corrida que iremos abordar na sequência de nosso estudo. O fato de apresentarmos a mesma aqui e não ao fim da unidade se deve ao fato de que, nas demais provas de cor- © Atletismo66 rida, como as Corridas com Barreiras e Corridas de Revezamento, iremos também apresentar uma sequência pedagógica um pouco mais específica para a prova. A sequência pedagógica corresponde a ações utilizadas de modo ordenado e coerente, representando um encadeamento su- cessivo de processos com um objetivo dado. Em se tratando do ensino/aprendizagem/treinamento no Atletismo, uma sequência pedagógica refere-se a uma sequência de processos (atividades) que deve ser desenvolvida obedecendo a uma sequência lógica e coerente. Como exemplo para uma sequência pedagógica geral para as corridas, podemos, de acordo com Oliveira, Alves e Barbosa (2002), citar: 1) realização de jogos de estafetas; 2) executar corridas curtas, realizando algumas tarefas como trocar de lugar com o companheiro; 3) exercícios de coordenação como Dribling, Skiping, An- fersen e Hopserlauf; 4) realizar a saída variando sua forma (sentado, deitado, com estímulo visual, sonoro etc.); 5) praticar várias formas de chegada; 6) realizar a correção dos movimentos; 7) praticar atividades para a melhora da coordenação dos movimentos de braços e pernas; 8) atividades que trabalham o ritmo; 9) realizar o treinamento propriamente dito para a prova específica. De acordo com os autores, é importante que você não se prenda aos exercícios aqui apresentados. Você pode e deve criar novos exercícios. Este é mais um de nossos objetivos. Esperamos que ao final você seja capaz de criar situações de aprendizagem/treinamento de forma independente. 67 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética 11. RESUMO DOS TÓPICOS REGULAMENTARES Nesta seção, apresentaremos um resumo geral dos tópicos regulamentares. Como dito anteriormente, apresentaremos um resumo porque não acreditamos ser este o momento para o es- tudo aprofundado das regras, situação esta pertinente a cursos de formação de árbitros. No entanto, ressaltamos a importância des- te conhecimento, ao menos básico, para o desenvolvimento ade- quado da modalidade. Você pode e deve também fazer a utilização do Livro de Regras. As regras também podem ser verificadas nos sites da IAAF e CBAt. A seguir, apresentamos um resumo geral das regras do Atle- tismo. No entanto, na sequência de nossa unidade, apresentare- mos novos resumos regulamentares que são específicos para as Corridas com Barreiras e de revezamento. As principais regras são as listadas a seguir: 1) Os atletas podem competir descalços ou calçados, seja em um ou nos dois pés. 2) Os calçados não podem ser construídos de modo que ofereça qualquer vantagem adicional (incorreta, injusta) aos atletas. 3) A direção das corridas realizadas em pista deve ser de modo que o lado esquerdo do atleta esteja voltado para a parte interna da pista (sentidoanti-horário). 4) Em todas as provas corridas em raia marcada (balizadas/ raiadas), os atletas devem permanecer na mesma desde a saída até a chegada. 5) Ao abandonar voluntariamente a pista ou a corrida, o competidor não mais poderá retornar à prova. 6) Qualquer atleta que empurrar ou obstruir outro atleta, impedindo sua progressão, estará sujeito a desqualifica- ção. 7) Os blocos de partida devem ser utilizados, obrigatoria- mente, em todas as provas até 400m. © Atletismo68 8) Exceto nas provas combinadas, qualquer atleta que co- meter uma saída falsa (largar antes do comando de par- tida) deverá ser desqualificado. 9) A partida é dada pela detonação de um revólver ou dis- positivo semelhante (mais utilizado atualmente). 10) A classificação dos atletas será realizada de acordo com a ordem que os mesmos ultrapassarem a linha de chega- da, tendo como referência para este julgamento o tron- co. 11) As Corridas de Meio-fundo e fundo são corridas em raia livre (sem raia marcada), exceto a corrida de 800m que é balizada até o fim da primeira curva da primeira volta. 12) Sinal de aviso de início de última volta deve ser dado no momento em que o atleta líder da prova dá início a essa volta. 13) Nas provas de velocidade, os atletas têm suas saídas es- calonadas e, nas provas de meio-fundo e fundo, os mes- mos partem a partir de uma linha traçada em curva. Es- ses recursos são utilizados para que os atletas percorram a mesma distância até a linha de chegada. Estudamos até este momento a classificação das corridas, a descrição geral, a biomecânica, as vozes de comando e apresenta- mos um resumo das regras. É importante salientar que os aspectos técnicos (descrição geral, biomecânica e os aspectos regulamentares anteriormente descritos) são também aplicados nas Corridas de Revezamento e nas Corridas com Barreiras que serão abordadas a seguir. Optamos por realizar esta divisão porque acreditamos que essa divisão geral e o posterior estudo de aspectos técnicos especí- ficos de cada uma das provas possam favorecer seu entendimento. 12. CORRIDAS COM BARREIRAS Esse é um evento moderno (variação da prova de 100 jardas) que, de acordo com o site da IAAF, surgiu na Inglaterra, por volta 69 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética de 1830, quando as barreiras utilizadas eram compostas por toras de madeira enterradas no solo. Em 1864 a distância foi alterada para 120 jardas (109,72m), corrida com 10 obstáculos. Em 1888, os franceses adicionaram 28cm e a prova passou a 110m. A técnica utilizada no início era rudimentar, com os atletas realizando saltos desajeitados e, em 1895, as barreiras fixas foram substituídas por estruturas mais leves. Estas sofreriam alterações novamente, em 1935, de modo que a base em "T" passasse a ser em "L" de modo que diminua/elimine o risco de lesão do barreiris- ta ao tomar contato com a barreira. O primeiro grande barreirista foi Alvin Kraenzlein, dos Esta- dos Unidos da América, que criou uma nova técnica que, em 1920, foi apurada pelo canadense Earl Thomsom, que se tornou o pri- meiro barreirista a correr abaixo dos 15s. A primeira corrida femi- nina foi realizada em 1926 e a distância da prova foi de 80m. Como nas provas rasas de velocidade, nas Corridas com Bar- reiras a velocidade é um fator de grande importância. No entanto, outro fator de grande importância envolvido nesta prova é o equi- líbrio. É uma prova de corrida com uma grande exigência técnica, pois o competidor deve aliar, como dito anteriormente, velocidade e equilíbrio, uma vez que, além de correr, o atleta deve ultrapassar um total de 10 barreiras. Nas Corridas com Barreiras o atleta deve saltar sobre elas, de modo que ele altere o mínimo possível seu ritmo natural de corri- da. Na verdade, em virtude da necessidade de que a transposição da barreira seja o mais rasante possível, alguns autores, técnicos, atletas etc., preferem a utilização da nomenclatura "ultrapassa- gem" da barreira, pois o termo "salto" poderia significar uma ação de impulsão vertical maior por parte do atleta, o que, caso ocorra, pode prejudicar a performance do mesmo. Presente nos Jogos Olímpicos desde 1896 (corrida com 9 bar- reiras) e 1900, as provas oficiais masculinas são as de 110m e 400m respectivamente. Para as mulheres, as distâncias oficiais são 100m © Atletismo70 e 400m e estão presentes no programa olímpico desde 1932 e 1984. Essa prova exige grande preparação técnica e seus especia- listas, em especial os das provas masculinas, deveriam ser elemen- tos de boa estatura, velozes, possuidores de boa flexibilidade e rit- mo. Tecnicamente, as Corridas com Barreiras são divididas em duas fases, que são: 1) A transposição da barreira – esta, por sua vez, é dividida em três fases: a) ataque; b) transposição; c) recepção (pode também ser chamada de queda ou caída). 2) Corrida entre as barreiras. As Corridas com Barreiras podem também ser divididas, di- daticamente, em: 1) saída; 2) ataque à barreira; 3) transposição da barreira; 4) recepção (queda ou caída); 5) passos intermediários; 6) trecho final de corrida; 7) chegada. 100m e 110m com barreiras A saída A saída das provas com barreiras é realizada de modo seme- lhante ao das provas de velocidade, utilizando os blocos de parti- da. O trecho inicial da corrida deve ser realizado com velocida- de e com passadas relativamente grandes Da saída até a primeira barreira, os atletas podem utilizar de 7 a 8 passos, sendo que os 71 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética atletas que utilizam 7 passos são aqueles de maior estatura e que, em decorrência, apresentam maior amplitude de passada. Em de- corrência do número ímpar de passos da saída até a barreira, estes atletas devem fazer a inversão da perna que é colocada na frente no bloco de partida (perna de impulsão), colocando-a no taco de trás. Isto se dá devido ao fato de que o ataque à barreira dever ser realizado com a perna contrária a perna de impulsão. Caso isso ocorra, a primeira passada é realizada com a perna de impulso, sendo as seguintes sempre ímpares. O ataque à barreira Como citado anteriormente, o ataque à barreira deve ser re- alizado com a perna contrária à de impulso. Para a realização do ataque, a perna deve ser lançada (direcionada) e o joelho proje- tado para frente, elevando-o e estendendo-o em seguida. Veja na Figura 8. No momento do ataque, ocorrem ligeira inclinação e flexão do tronco. Os braços também apresentam movimentos específi- cos, e estes podem ser realizados da seguinte forma: • lançamento do braço contrário à perna de ataque em di- reção ao pé da perna de ataque (direção contrária); • lançamento dos dois braços à frente. • uma forma mista em que o braço correspondente à perna de ataque não vai totalmente para trás porém, não acom- panha o movimento completo do braço contrário à perna de ataque. Um erro de iniciantes bastante comum nesta prova é apro- ximar-se em demasia das barreiras. Ao acontecer isso, prejudica- -se a transposição da mesma, fazendo surgir um salto para cima, quando o ideal seria um ataque (salto) o mais horizontalizado pos- sível. Bons barreiristas realizam o ataque "de longe" e a distância aproximada para tal está entre 6 e 8 pés. © Atletismo72 Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 52). Figura 8 Ataque à barreira e início da transposição. A transposição das barreiras A transposição da primeira barreira é de grande importância, uma vez que aqui se inicia uma cadeia de movimentos que irá se repetir ao longo da prova, pois o princípio técnico para a transpo- sição (equilíbrio aéreo, pontos de impulsão e de queda, e a veloci- dade de passagem) é o mesmo para todas as barreiras. Durante a transposição dabarreira, a perna de trás (perna de impulsão) deve ultrapassar a barreira, sendo puxada para cima com um movimento "arredondado" e abrindo-se lateralmente (abdução). O joelho deve estar direcionado para frente e a "pon- ta" do pé deve estar voltada para cima, havendo a necessidade de grande mobilidade na articulação do quadril, a fim de que o atleta ultrapasse a barreira o mais próximo possível. Ou seja, a transpo- sição da barreira deve ser o mais rasante possível, tendo a perna de impulsão que ultrapassar a barreira aberta e flexionada. É neste 73 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética momento que aparece a posição que caracteriza o barreirista. Ob- serve a Figura 9 a seguir. Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 52). Figura 9 Transposição e queda. A recepção, caída ou queda A finalização da transposição da barreira, ou seja, a recep- ção, dever ser realizada com o abaixamento da perna de ataque. O que isso significa? Queremos dizer com isso que a perna de ataque deve buscar o solo o mais rápido possível, estando ainda o barrei- rista com o quadril atrás da barreira. A recepção deve ser realizada próxima à barreira (aproximadamente 4 pés). Com um movimento arredondado, o joelho da perna de impulso é levado para frente e para cima, preparando-se para o primeiro passo após a recepção. Atenção: a recepção deve ser realizada com o terço anterior do pé (semelhante ao contato da corrida com velocidade) de for- ma breve, devendo o tronco não estar inclinado para trás neste momento. © Atletismo74 Os passos intermediários A corrida entre as barreiras é chamada de passos intermedi- ários e estes são em número de 3. Característica marcante desses passos é que os mesmos são crescentes e relativamente maiores do que os passos apresentados pelos velocistas em se tratando de iniciantes. Barreiristas experientes tendem, de modo geral, a diminuírem o terceiro passo, para não se aproximarem demasia- damente da barreira. Essa ação causa o adiantamento do centro de gravidade, auxiliando a realização do ataque. Para auxiliar no processo de aprendizagem, pode-se sugerir que o aluno/atleta conte os passos a partir da queda da seguinte forma, "queda, um, dois, três e novo ataque". O trecho final de corrida e a chegada Após a ultrapassagem da última barreira resta ainda um tre- cho de corrida a ser realizado, que se assemelha ao final das Corri- das de Velocidade, o mesmo ocorrendo com a chegada. 400m com barreiras Salvo alguns detalhes, o que se aplica as provas de 100m e 110m com barreiras também se aplica a prova dos 400m. Sua saída é semelhante à saída da prova dos 400m; entre as barreiras o número de passos realizados é maior que nas provas de 100m e 110m, uma vez que a distância entre as barreiras é maior. Os melhores barreiristas realizam aproximadamente 13 passadas. Em decorrência do número de passos utilizados entre as bar- reiras, os atletas devem saber atacar a barreira tanto com a perna direita quanto com a esquerda, diferente do que ocorre com as provas de 100m e 110m. O ataque com a perna esquerda no trecho em curva é reco- mendado por apresentar as seguintes vantagens: o barreirista per- manece correndo na parte interna da pista, de modo que a perna de impulso passe totalmente por sobre a barreira e; por ser em curva, há inclinação do tronco para o interior e, assim, o ângulo formado entre o tronco e a coxa do barreirista pode ser maior. 75 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética O ex-atleta norte-americano Edwin Moses é considerado o maior nome da história na prova de 400m com barreiras. Bicam- peão olímpico, o atleta venceu 122 disputas sendo 107 delas de forma consecutiva em um período de 10 anos. Ele também que- brou o recorde mundial por quatro vezes. Sequência pedagógica para as Corridas com Barreiras Como exemplo para uma sequência pedagógica geral para as corridas, podemos, de acordo com Oliveira, Alves, Barbosa (2002), citar: 1) transpor as barreiras andando sem se preocupar com a definição da perna de impulso e sem a realização de pas- sos intermediários; 2) semelhante ao exercício anterior, utilizar, um, dois e após três passos intermediários com baixa velocidade; 3) apoiado em uma parede ou no companheiro, realizar o movimento da perna de impulso (o movimento "arre- dondado" na transposição da barreira); 4) em pé, ao lado da barreira, com o pé da perna de ataque no solo, realizar a movimentação da perna de impulso por sobre a barreira; 5) realizar o exercício anterior com pequena corrida; 6) sem as barreiras, simular a corrida com ataque, a queda, os passos intermediários; 7) realizar a corrida completa com a utilização das barreiras. Resumo dos tópicos regulamentares para as Corridas com Bar- reiras A seguir, apresentamos um resumo geral das regras para as Corridas com Barreiras: 1) as distâncias oficiais para o masculino adulto são de 110m e 400m e para o feminino adulto, de 100m e 400m. 2) são 10 as barreiras existentes em cada raia, independen- te da distância da prova; 3) as distâncias relacionadas às barreiras, nas provas de 110m e 400m, são respectivamente: © Atletismo76 a) da linha de saída até a primeira barreira: 13,72m e 45m; b) entre as barreiras: 9,14m e 35m; c) da última barreira até a linha de chegada: 14,02m e 40m. 4) as distâncias relacionadas às barreiras, nas provas de 100m e 400m são respectivamente: a) da linha de saída até a primeira barreira: 13,00m e 45m; b) entre as barreiras: 8,50m e 35m; c) da última barreira até a linha de chegada: 10,50m e 40m; 1) todas as corridas são disputadas em raias marcadas; 2) o competidor que passar o pé ou perna abaixo ou ao lado da parte superior da barreira durante a ultrapassa- gem ou ultrapassar uma barreira fora de sua raia ou se, deliberadamente, derrubar uma barreira com a mão ou o pé será desqualificado. 3) quedas da barreira que não sejam entendidas como pro- positais não causarão a desqualificação do atleta. Para o estabelecimento de recorde mundial, as barreiras de- vem estar de acordo com as especificações que seguem: • as barreiras devem ser construídas de metal ou outro ma- terial adequado, com uma barra horizontal no topo que deve ser de madeira ou outro material adequado, que deve ser pintada com faixas brancas e pretas ou qualquer outra cor fortemente contrastante e que também se dis- tinga do ambiente; • as dimensões da barreira são apresentadas na Figura 10 a seguir; • a altura padrão para as barreiras nas provas adultas são, conforme o Quadro 1: 77 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Quadro 1 Altura padrão para as barreiras nas provas adultas. Distância Masculino Feminino 100m 0,838m 110m 1,067m 400m 0,914m 0,762m Fonte: Vieira e Freitas (2007, p. 50). Figura 10 Barreira. © Atletismo78 13. CORRIDAS DE REVEZAMENTO Em um esporte com característica eminentemente individu- al, as provas de revezamento são a exceção, representado a única forma de competição em equipe do Atletismo. Em meio a divergências quanto à sua origem, podemos ob- servar as seguintes descrições: 1) as provas de revezamento têm sua origem na antigui- dade, descendendo das corridas com tochas, a "Lampa- dodromia", uma corrida disputada por equipes em ho- menagem à deusa Atena, que tinha como vencedora a equipe que acendesse a fogueira presente no altar de Prometeu; 2) a corrida de revezamento teve sua origem baseada na entrega de correspondências em uma época em que muitas coisas eram realizadas a pé ou por meios de transporte precários, em que um carteiro cansado era substituído por outro até que a correspondência fosse entregue; 3) de acordo com o site a IAAF, a corrida derevezamento nasceu nos Estados Unidos por volta de 1880, em uma simulação das corridas de caridade, organizadas por bombeiros nova-iorquinos que transportavam uma flâ- mula vermelha por 300 jardas. A corrida de revezamento é uma corrida em que cada parti- cipante de uma equipe de 4 atletas percorre ¼ da distância total, conduzindo um bastão, que deverá ser passado para o próximo atleta, o qual iniciará seu percurso, caracterizando, assim, o reve- zamento. Este bastão deve ser passado de mão em mão. Oficialmente temos, para o masculino e para o feminino, as seguintes distâncias: 4x100m e 4x400m. O primeiro número indica o número de competidores e o segundo a distância a ser percorri- da por cada um dos atletas. 79 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética A pista (saídas e zonas de passagem) As saídas para as provas de 4x100m e 4x400m são realizadas em curva e escalonadas, ambas utilizando os blocos de partida. As zonas de passagem correspondem ao local determinado para que ocorra a passagem do bastão. Caso a passagem seja rea- lizada fora desta, a equipe será desqualificada. Para a prova de 4x100m, as zonas de passagem do bastão estão localizadas uma em cada curva, sendo esta prova totalmente balizada, ou seja, todos os atletas devem desenvolver seu percurso nas suas respectivas raias. Na prova de 4x400m as zonas de revezamento estão localiza- das em posição semelhante à linha de chegada, exceto a primeira zona de passagem (passagem do bastão do primeiro para o segun- do corredor), que está localizada próxima ao escalonamento para a prova dos 800m. Esta prova é balizada até o final da primeira curva da segunda volta. Estilos e formas de passagem do bastão A princípio, são dois os estilos de passagem do bastão: • Não visual: o atleta que irá receber o bastão não deve olhar para trás. • Visual: o atleta olha para trás para visualizar o bastão. Nestes dois estilos de passagem do bastão existem duas for- mas, ascendente e descendente, que podem ser realizadas com tro- ca de mãos, para facilitar a passagem do mesmo. É importante lem- brar que o bastão deve ser seguro por uma de suas extremidades, de modo que a maior parte de seu comprimento fique à frente da mão. Isso facilitará a passagem do bastão para o próximo corredor. Passagem não visual A passagem não visual é característica da prova de 4x100m e favorece a manutenção da velocidade e, por ser uma passagem © Atletismo80 não visual, a responsabilidade maior no momento da passagem (transferência) do bastão é do atleta que chega e que precisará passar o bastão para seu companheiro sem que ocorra diminuição da velocidade e com o menor movimento lateral possível do bas- tão. Ao corredor que vai receber o bastão cabe partir com velo- cidade para se manter na frente de seu companheiro e, indepen- dente do modo de entrega, deverá manter sua mão de modo que a mesma represente um alvo imóvel facilitando a passagem. Passagem visual Passagem característica da prova de 4x400m, não se exige, nesta prova, grande velocidade na passagem (transferência) do bastão, visto que o corredor, ao se aproximar do seu trecho final de corrida, está bastante cansado. Assim, a responsabilidade da passagem do bastão é do corredor que parte e este não pode ini- ciar sua corrida cedo demais, para se afastar do corredor que se aproxima. Passagem ascendente (por baixo) com troca de mãos Por não ser a mais eficiente, esta passagem é a menos utili- zada; no entanto, é aconselhada para iniciantes que, após adqui- rirem experiência em revezamentos, poderão iniciar a pratica das outras formas. Esta passagem é considerada ascendente em decorrência do movimento realizado pelo corredor, que entrega o bastão que, no ato da passagem, no movimento de ida do seu braço para frente ele, o estende e coloca o bastão na mão do companheiro de bai- xo para cima. Neste momento, o atleta que irá receber o bastão deve estar com seu braço estendido para trás e para baixo e com a mão formando a letra "V" (dedos unidos com exceção do polegar que deverá estar afastado), voltada para baixo em direção ao solo. Nesse caso, a palma da mão deve ficar voltada para trás, ou seja, o polegar do corredor estará voltado para o corpo do atleta. 81 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Assim, a ponta livre do bastão ficará para trás e isso obrigará o corredor a trocar o bastão de mãos, a fim de que a ponta livre passe para frente, de modo que facilite a passagem de bastão para o atleta seguinte, conforme você pode observar na Figura 11. Com o avanço da técnica e com a intenção de evitar a troca de mãos, o atleta que vai receber o bastão pode, simplesmente, realizar uma rotação do braço, de modo que a palma da mão, ao invés de ficar voltada para trás ele, fique voltada para frente, colo- cando o polegar voltado para fora. Sendo isso realizado, não será necessária a troca de mãos. Passagem descendente (por cima) Nesta passagem, o atleta que irá receber o bastão deve es- tender seu braço para trás a fim de posicionar a palma de sua mão para cima, conforme a Figura 11A. Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 42). Figura 11 Passagens do bastão (A) descendente; (B) ascendente. O atleta que passará o bastão deverá estender o braço no momento de retorno do mesmo, ou seja, quanto o estiver movi- mentando para trás. © Atletismo82 O atleta que recebe o bastão deve ter a certeza de que, inde- pendentemente da forma de passagem do bastão, deverá manter a estabilidade de sua mão, evitando movimentos oscilatórios. Em decorrência desta movimentação, em alguns momentos, o atleta poderá ter os dois braços posicionados atrás, em decorrên- cia da movimentação normal do braço contrário. Para evitar essa situação e a possibilidade de influência prejudicial no rendimento da corrida, esse tempo pode ser reduzido ao levar a mão para trás no momento exato da aproximação do companheiro. Essa situa- ção pode também ocorrer com o atleta que irá passar o bastão, embora o mesmo esteja observando o braço do seu companheiro e pode estender seu braço apenas no momento de entrega. Não há uma determinação com relação à forma de passa- gem do bastão (estilo e forma) e à prova a ser utilizada. Entretanto, parece haver preferência por algumas formas em detrimento de outras em algumas provas. Por exemplo, parece haver uma prefe- rência pela passagem não visual, ascendente na prova de 4x100m. Equipes profissionais normalmente apresentam como carac- terística na passagem do bastão na prova de 4x100m como segue: 1) O primeiro atleta que, por correr em curva, parte com o bastão em sua mão direita, permitindo que o mesmo corra na parte interna da raia. Lembra que já abordamos o tema "raio da curva"? 2) O segundo atleta, que por correr em linha reta, pode permanecer na parte externa da raia, recebe o bastão na mão esquerda. 3) O terceiro corredor, tal como o primeiro, corre em curva e, por haver a necessidade deste permanecer na parte interna da raia, irá receber o bastão com a mão direita. 4) O quarto corredor, por também correr em linha reta, re- cebe o bastão com sua mão esquerda. Essa sequência de passagens de bastão favorece também o desenvolvimento da corrida dos atletas, uma vez que pode dimi- nuir o risco de "atropelamentos", caso ocorra algum erro com o 83 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética atleta que está iniciando sua corrida. No entanto, atenção deve ser dada para não ultrapassar a raia "vizinha" e prejudicar os demais competidores correndo o risco de a equipe ser desqualificada. Marca de controle A marca de controle serve como referência para que o cor- redor que irá receber o bastão inicie sua corrida de modo que a passagemdo bastão possa ser realizada no terço final (local ideal) da zona de passagem, aproveitando ao máximo a velocidade do atleta que parte e do atleta que está chegando. Normalmente medida em pés e dependente do nível de trei- namento da equipe, considerando a velocidade final do atleta que chega e do potencial de aceleração do atleta que parte, em geral, estas marcas variam de 15 a 30 pés. Equipes que apresentam menores velocidades tendem a uti- lizar marcas de controle menores, no entanto, equipes de alto nível tendem a utilizar marcas maiores que, apesar do maior risco que oferecem com relação a erros na passagem do bastão, consideran- do a zona de passagem, são mais eficientes quanto ao rendimento. Revezamento 4x100m Essa é uma prova de grande exigência técnica, especialmen- te quanto à passagem do bastão propriamente dita, que deve ser realizada com grande velocidade, necessitando muita prática (trei- namento) e a criação de situações favoráveis para cada grupo de atletas. Como dito anteriormente, não existe, a rigor, uma forma me- lhor ou pior do que outra, pois a adequação das mesmas depende das circunstâncias da equipe e da prova. No entanto, recomenda- -se que a passagem do bastão nessa prova seja realizada sempre às cegas (passagem não visual). Uma vez que o atleta que chega passe pela marca de con- trole, o atleta que irá receber deve iniciar sua corrida, que deve, © Atletismo84 desde o início, ser a mais rápida possível. Este não deverá mais olhar para trás. Revezamento 4x400m A velocidade do atleta que chega para entregar o bastão na prova de 4x400m é relativamente menor em comparação com a velocidade do atleta na prova de 4x100m, e isso caracteriza uma diferença substancial entre essas provas. Isto faz com que a pas- sagem do bastão seja diferente. Outra diferença importante entre as provas é que na segunda (passagem do segundo para o terceiro corredor) e terceira (passagem do terceiro para o quarto corredor) passagens, os atletas estarão correndo em raia livre. Diferente do que ocorre na prova de 4x100m, a passagem do bastão nos 4x400m é sempre visual, devendo a passagem ser realizada, preferencialmente, da direita para a esquerda, a fim de diminuir a possível interferência de corredores de outra equipe, e favorecendo, ainda, maior segurança do atleta que irá receber o bastão. Este terá seu campo visual voltado para a borda interna da pista. Em decorrência da forma como o atleta distribui seu percur- so em termos de velocidade, sua velocidade de chegada poderá apresentar variações. Assim, por poder existir a aproximação de atletas adversários, o atleta que irá receber o bastão pode de for- ma decisiva tirar o bastão da mão atleta que chega, já que o mes- mo, em decorrência de uma prova desgastante, pode não mais ter o controle para uma movimentação coordenada e enérgica para a realização da passagem. No Atletismo, costuma-se dizer que o bastão foi arrancado da mão do companheiro. Erros mais frequentes De acordo com Oliveira, Alves, e Barbosa (2005), como erros mais frequentes nas provas de revezamento, podemos citar: 85 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética 1) O atleta que irá receber o bastão parte cedo demais e, assim, o atleta que chega não consegue alcançar o mes- mo para realizar a passagem dentro da zona de passa- gem; 2) O atleta que irá receber o bastão parte tarde demais e, assim, corre o risco de se chocar com o corredor que chega ou de ser alcançado antes de alcançar sua maior velocidade; 3) O corredor que irá receber o bastão pode estar numa posição incorreta (os pés não estão voltados para a dire- ção do percurso, o quadril está torcido); 4) No momento de receber o bastão, as posições dos bra- ços estão incorretas e prejudicam o ritmo da corrida; 5) O atleta que irá receber o bastão, após partir, volta-se para olhar para trás. Como segurar o bastão na largada Como em toda prova de Corrida de Velocidade, o primeiro atleta realiza a saída baixa normalmente e de posse do bastão. Os maiores problemas residem na posse do bastão e em su- portar o peso do corpo com as mãos. São 4 as alternativas possí- veis para segurar o bastão durante a partida: 1) Sendo ele seguro de encontro à palma da mão e com todos os dedos apoiados no solo; 2) Com o polegar e o indicador apoiados no solo, os outros 3 dedos (médio, anelar e mínimo) prendem o bastão; 3) Com o polegar, o dedo mínimo e o indicador apoiados no solo, o bastão deve ser preso pelos outros dois dedos (anelar e médio); 4) Seguro pelo dedo médio, os outros quatros dedos ficam apoiados no solo. Sequência pedagógica para as Corridas de Revezamento Como exemplos de uma sequência pedagógica geral para as provas de revezamento, podemos, de acordo com Oliveira, Alves e Barbosa (2002), citar: © Atletismo86 1) dispostos em coluna, os alunos/atletas devem passar o bastão de trás para frente de acordo com a forma esco- lhida, em um primeiro momento parados, e, em segui- da, realizar esta mesma movimentação andando; 2) semelhante ao exercício anterior, realizar a mesma mo- vimentação de passagem do bastão, mas com uma cor- rida de baixa velocidade; 3) em duplas realizar uma corrida simulando a marca de controle; 4) em duplas simular uma corrida utilizando a marca de controle e a passagem do bastão; 5) realizar a corrida completa. Também na iniciação, como forma de incutir nos alunos/ atletas o conceito de revezamento, podem ser realizados jogos de estafetas com cumprimento de alguns objetivos, por exemplo: dividir os alunos em grupos e, dispostos em coluna, o aluno da frente deve correr até determinado local, tirar seu tênis e voltar para a fila. Ao retornar toca a mão do próximo aluno da fila e este inicia sua corrida até o local pré-determinado e também retira o seu tênis e retorna a fila repetindo o ciclo até que todos tenham completado a tarefa. Não se esqueça de que citamos aqui somente alguns exem- plos e de que você pode e deve criar, adaptar e reestruturar ativi- dades pata o desenvolvimento das provas. Resumo dos tópicos regulamentares para as Corridas de Reveza- mento A seguir apresentamos um resumo geral das regras para as Corridas de Revezamento: 1) Como em todas as corridas realizadas em raias marca- das, cada atleta deverá manter-se em sua raia do início ao fim, exceto no revezamento 4x400m que deverá ser corrida em raia marcada até o fim da primeira curva da segunda volta. 87 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética 2) Um atleta não será desqualificado, caso seja forçado ou empurrado por outro, correndo, por isso, fora de sua raia, não obtendo nenhuma vantagem. 3) A zona de passagem deve ter 20m de comprimento e a linha central será o seu centro. 4) As linhas centrais para a primeira passagem na prova de 4x400m serão as linhas utilizadas para a partida dos 800m e, para as demais passagens, a linha central será a linha de saída/chegada. 5) Nas provas de 4x100m é permitido ao atleta iniciar sua corrida a partir de uma distância não superior a 10 me- tros fora de sua zona de passagem. 6) Aos atletas da prova de 4x400m não será permitida a partida fora de da zona de passagem. 7) Os atletas que percorrerão a terceira e quarta parte da corrida na prova de 4x400m serão, sob direção do árbi- tro, colocados em sua posição (da parte interna da pista para fora), de acordo com a ordem de suas equipes ao completarem os 200m. 8) O bastão deve ser um tubo liso oco, circular e feito de madeira, metal ou outro material rígido em peça única. Com comprimento entre 28 – 30 cm e 12 cm a 13 cm de circunferência, deve pesar, no mínimo, 50 gramas. O bastão deve ser colorido, para tornar-se facilmente visí- vel. 9) O bastão deve ser carregadopor todo o percurso e, se deixado cair, o atleta que o fez deverá recuperá-lo. Para isso o atleta pode abandonar sua raia, desde que a dis- tância a ser percorrida não diminua e também não pre- judique outro atleta. 10) A passagem do bastão deve ser realizada dentro da zona de passagem. A passagem se inicia quando o bastão é tocado pela primeira vez pelo atleta que irá recebê-lo e termina quando o bastão estiver somente em suas mãos. 11) Para a passagem do bastão, somente a posição do bas- tão é considerada dentro da zona de passagem, não im- portando a posição do corpo dos atletas. © Atletismo88 12) Não é permitido o uso de qualquer substância que pro- picie melhor "pegada" do bastão. 13) Após o recebimento/passagem do bastão, os atletas de- vem permanecer em suas raias ou zonas, para não pre- judicar outros competidores. 14. 3.000M COM OBSTÁCULOS (STEEPLECHASE) De acordo com a IAAF, este evento surgiu a partir de uma aposta entre estudantes de Oxford em 1850 e imitavam as corridas com cavalo. A distância era de 2 milhas (3.218 m) e possuía barrei- ras, obstáculos e riachos que deveriam ser ultrapassados em um campo aberto. Em 1879, foi trazido para competições inglesas de pista e, em 1900, tomou parte em competições olímpicas nas distâncias de 2.500m e 4.000m. Em 1904, foi disputada na distância de 2.500m e, em 1908, foi disputada com distância de aproximadamente 2 milhas. Ao longo do tempo, além das diferentes distâncias, eram utilizados também diferentes números de obstáculos e, em 1954 a IAAF então padronizou a disputa para a pista de 400m (VIEIRA e FREITAS, 2007), com quatro obstáculos simples com 0,914m e 0,762m de altura e 3,94m de largura para homens e mulheres, res- pectivamente, e um fosso com água medindo 3,66m de largura e 70cm de profundidade em sua parte mais próxima ao obstáculo que o antecede, e diminui em direção ao seu final. Este obstáculo é semelhante aos anteriores. A barra superior dos obstáculos deve ser pintada de listras brancas e pretas ou que tenha cores vibran- tes. Distribuídos ao longo da pista, estes cinco obstáculos devem ser ultrapassados a cada volta. Europeus e norte-americanos dividiram a hegemonia nas primeiras edições dos Jogos Olímpicos. Todavia, a partir do fim dos 89 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética anos 1960, atletas africanos, em especial os quenianos, passaram a ter o domínio da prova. Como exemplos desse desenvolvimento dos quenianos podemos citar Kipchoge Keino campeão em Muni- que, 1972 e Moses Kiptanui, recordista mundial e vice-campeão em Atlanta, 1996. Nesta edição dos jogos, os quenianos ocuparam três das quatro primeiras colocações (VIEIRA e FREITAS, 2007). Nos Jogos Olímpicos, essa prova ficou restrita a competições masculinas até o ano de 2008, quando então passou a figurar en- tre as disputas femininas. De acordo com Barros e Dezem (1990), tecnicamente, pode- mos descrever os 3.000m com obstáculos em quatro fases: 1) corrida; 2) passagem dos obstáculos simples; 3) abordagem e passagem do fosso; 4) trecho final. A corrida Nesta prova, emprega-se corrida semelhante à utilizada pe- los corredores de meia e longa distância, sendo necessária a ma- nutenção da regularidade da corrida durante todo o percurso. A passagem dos obstáculos simples Os obstáculos possuem a mesma altura das barreiras para a corrida de 400m e isto faz com que estas duas provas tenham alguns aspectos semelhantes. Ao se aproximar do obstáculo é necessário aumentar a velo- cidade de corrida e, preferencialmente, realizar a ultrapassagem do mesmo de forma semelhante à ultrapassagem feita pelo barrei- rista, com um pouco mais de altura para maior segurança. Nos 3.000m com obstáculos, semelhante ao que ocorre na prova de 400m com barreiras, é necessário que o atleta saiba ata- car tanto com a perna direita quanto com a esquerda, em decor- © Atletismo90 rência de alterações que podem vir a ocorrer durante o percurso, tal como a alteração no comprimento das passadas, o que pode fazer com que o ataque deva ser realizado em um momento com uma perna e em outro com a perna contrária. Embora a passagem ideal deva ser realizada semelhante à passagem das barreiras, ou seja, sem o apoio dos pés, há também a possibilidade da realização da ultrapassagem com o apoio dos pés sobre o obstáculo, uma vez que este pode proporcionar apoio para impulso devido à sua construção Veja a Figura 12 a seguir. Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 67). Figura 12 Passagem do obstáculo com apoio. Esta passagem é muito utilizada por atletas iniciantes e por atletas que não são especialistas, ou em situações circunstanciais da prova. Esta forma prejudica a passagem e contribui para a que- bra do ritmo de corrida, representando perda de tempo para o cumprimento da distância. Ao realizar o apoio, o atleta deve man- ter a flexão do joelho, para não elevar seu corpo além do necessá- rio. Caso isto não ocorra, a perda de tempo será ainda maior. A abordagem e a passagem do obstáculo com fosso A passagem do fosso é sempre realizada com o apoio. Estando o corredor a aproximadamente 15 a 20 metros de distância do fosso, o atleta deve acelerar sua corrida e realizar o impulso com sua perna mais forte. Nesse momento, a perna de ataque é levada flexionada em direção ao obstáculo, buscando o apoio. Após este apoio, deve realizar um forte impulso para frente, 91 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética de modo que o corredor consiga evitar o fosso, realizando a queda fora da água e já no plano da corrida. Fazendo isso, ele evita a re- sistência da água e a rampa de subida existente no fosso. Observe na Figura 13. Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 67). Figura 13 Passagem do fosso. Trecho final Assim que o atleta ultrapassa o último obstáculo, ainda há uma distância a ser percorrida, e esta deve ser percorrida com a maior velocidade possível. Sequência pedagógica para os 3.000m com obstáculos Como exemplo de uma sequência pedagógica geral para a corrida de 3.000m com obstáculos podemos citar: 1) utilizar os mesmos exercícios utilizados para a corrida com barreiras, tendo estas a altura determinada para a prova; 2) uma vez que o aluno/atleta tenha domínio da coordena- ção da passagem, realizar o mesmo sobre os obstáculos; 3) para a passagem do fosso, utilizar um plinto com peque- na altura e um colchão de ginástica ou outro local que permita a realização de queda e, com pequena corrida de aproximação e pequeno salto, apoiar-se no plinto com o pé de ataque e realizar o impulso com um salto para frente; 4) aumentar gradualmente a altura do plinto e das distân- cias de corrida e queda; © Atletismo92 5) após o domínio razoável da coordenação da passagem (execução) e queda por parte do aluno/atleta, iniciar as atividades diretamente com obstáculo e fosso. Resumo dos tópicos regulamentares para os 3.000m com obstá- culos A seguir, apresentamos um resumo geral das regras para os 3.000m com obstáculos. 1) São 4 obstáculos simples e 1 fosso com água, devendo ser realizados durante a prova 28 saltos sobre obstácu- los simples e 7 saltos sobre o fosso. 2) Em todas as voltas, o salto sobre o fosso deve ser o quar- to. 3) O fosso com água, incluindo o obstáculo, deverá ter 3,66m de comprimento e de largura. A água deve estar ao nível da pista e na extremidade próxima ao obstáculo deve ter profundidade de 50 – 70 cm. O obstáculo do fosso deve estar firmemente preso ao solo. 4) Os competidores devem saltar ou atravessar a água, sendo que aquele que passar por fora dos obstáculos ou passar a perna ou pé por um dos lados do obstáculo será desqualificado. 15. CORRIDAS CROSS-COUNTRY De acordo com o site da IAAF, o Cross-Country começouna Inglaterra, tendo o primeiro campeonato inglês sido disputado em 1876. Esta prova, no entanto, foi considerada nula, porque todos os 32 corredores saíram do percurso. Internacionalmente, a modalidade teve suas competições iniciadas em 1898, com uma disputa entre França e Inglaterra e, em 1903, teve início o Campeonato Internacional. O Cross-Country cresceu ao longo dos anos, em especial após 1973, quando passou a ser dirigido pela IAAF e o campeonato passou a se chamar Cam- peonato Mundial de Cross-Country. 93 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Esta é uma corrida realizada em campos e matas evitando as estradas. Os competidores enfrentam as mais variadas situações de terreno e devem atravessar riachos, saltar obstáculos naturais, correr por lamaçais entre outras. Em decorrência do local de com- petição, o percurso deve ser bem demarcado. As distâncias para as disputas são de 12km para os homens e 8km para as mulheres. Resumo dos tópicos regulamentares para as corridas Cross-Country É difícil estabelecer uma regulamentação rígida para a padroni- zação mundial dessa prova, em decorrência da grande variedade de condições em que a prova é praticada ao redor do mundo. Em espe- cial se considerarmos as condições climáticas e as estações do ano. As regras para essa prova devem ser entendidas como um guia e um incentivo, de modo que seja possível o desenvolvimento da prova em diversos países. O percurso para a prova deveria ser desenhado em área de floresta coberta, se possível, por grama, com obstáculos naturais. Uma volta do percurso deve ter entre 1.750m e 2.000m e, caso necessário, uma pequena volta pode ser adicionada para ajustar as distâncias. Os obstáculos naturais devem ser utilizados. Contudo, obstá- culos muito altos, fossos profundos, subidas ou descidas perigosas que possam implicar uma dificuldade além do objetivo da compe- tição devem ser evitados. As vozes de comando para a partida são as mesmas utiliza- das para as provas de meio-fundo e fundo, ou seja, aos seus luga- res e o tiro (sinal de partida). Água ou outro refresco deve estar disponível aos atletas no início e no final da corrida e, caso as condições climáticas justifi- quem, deve haver estação de bebida/esponja (posto de hidrata- ção) a cada volta. © Atletismo94 16. MARCHA ATLÉTICA A tradição dos "lacaios" ingleses dos séculos 12 e 13, que alternavam corrida e caminhada para acompanhar seus donos em longas viagens, inspirou as competições de caminhada na Inglater- ra por volta dos anos 1775 e 1800. As provas duravam 24 horas ou 6 dias, por exemplo. Em 1866, foi introduzida a prova de 7 milhas no campeonato inglês e, em 1908, passou a figurar no programa olímpico com dis- putas apenas para os homens. Sua distância passou por alterações ao longo desse período e hoje são disputadas provas de 20km e 50km. As mulheres passaram a participar de disputas de Marcha em 1992 na distância de 10km, prova esta que se repetiu em 1996. A partir de 2000, foi introduzida a distância de 20km e esta perma- nece como a única distância a ser disputada pelas mulheres nos Jogos Olímpicos. A Marcha Atlética nada mais é que uma progressão por pas- sos que devem ser executados, de tal modo que o competidor mantenha contato permanente com o solo. Isto obriga o pé que vai à frente a tocar o solo antes que o pé de trás deixe de fazer contato com ele. O joelho da perna que avança deve estar estendido pelo menos por um instante enquanto toca o solo, estando a perna de sustentação preferencialmente na posição vertical. Esta mecânica de movimento causa uma movimentação intensa dos quadris, que é, no mínimo, curiosa, porém de grande importância técnica. Para melhor entendimento e estudo da prova, a Marcha Atlética pode ser tecnicamente dividida em: • ação das pernas; • postura do tronco e posicionamento do quadril; • ação dos ombros e braços. 95 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética Ação das pernas A passada completa caracteriza bem a ação das pernas. A perna que está atrás e totalmente assentada inicia a ação de im- pulso do corpo para frente por meio de uma ação de "rolamento", que passa do calcanhar para a ponta do pé. Aplicando maior pressão ao solo, esta ação irá proporcionar uma boa amplitude de passada. Esta ação de "rolamento" executada pela perna de trás, após passar pela posição vertical, fará com que a perna da frente, es- tando totalmente estendida, entre em contato com o solo pelo calcanhar devendo o pé estar direcionado para frente. Quando do assentamento da perna da frente no solo, é possível observar a extensão do joelho da perna de trás e neste momento fica carac- terizada a fase de duplo apoio. A postura do tronco e o posicionamento dos quadris Para facilitar a manutenção do contato com o solo, deverá haver uma pequena inclinação do tronco. É necessário que o marchador tenha boa mobilidade do qua- dril, pois dessa mobilidade depende a movimentação dos mesmos. O assentamento dos pés, que é realizado quase que na mesma linha (como se andasse sobre uma corda), causa o deslocamento do quadril de um lado para o outro e para cima e para baixo, o que acaba por facilitar o trabalho das pernas. Nesse momento, obser- vamos a báscula do quadril, movimento bastante característico e como dito anteriormente, curioso do quadril. A ação dos ombros e braços Em decorrência do posicionamento dos pés e da ação do quadril, os ombros irão trabalhar mais elevados, ocorrendo um movimento oscilatório que irá acompanhar a movimentação dos quadris, ocasionado uma aproximação dos eixos do quadril e dos ombros. © Atletismo96 Os braços trabalharão flexionados e a velocidade de deslo- camento e o tamanho das passadas irá determinar se eles estarão mais baixos ou mais elevados. Este movimento auxiliará no ritmo das passadas. Quanto mais rápido for o deslocamento do atleta, maior será a flexão dos braços. Na Figura 14 a seguir, podemos observar as diferentes ações do atleta durante a Marcha. É possível observar a ação das pernas, da postura do tronco e o posicionamento do quadril, bem como da ação dos ombros e braços. Fonte: Barros e Dezem (1990, p. 74). Figura 14 A Marcha Atlética. Sequência pedagógica para a Marcha Atlética Algumas das atividades para a introdução da Marcha Atlética que podemos citar são: 1) jogar pega-pega, sendo proibido tanto ao pegador quan- to a quem foge correr. Só será permitido caminhar; 2) o mesmo jogo pode ser realizado utilizando as marca- ções de uma quadra poliesportiva; 3) Para praticar a báscula do quadril (oscilação lateral), o aluno/atleta deve colocar um pé à frente do outro, como se estivesse andando sobre uma corda e movimentar o quadril lateralmente, ora para um lado ora para o outro; 97 Claretiano - Centro Universitário © U2 - As Corridas e a Marcha Atlética 4) como referência para a marcha com colocação de um pé a frente do outro, pode-se utilizar as raias (linhas de- marcatórias) da pista de Atletismo, primeiro parado e, depois, caminhando. Resumo dos tópicos regulamentares para as provas de Marcha Atlética 1) Os atletas podem ser advertidos com cartão amarelo quando, na opinião de qualquer árbitro, não for capaz de definir a Marcha Atlética em sua forma de progres- são. Um atleta não pode receber duas advertências do mesmo árbitro. 2) Um atleta pode receber um cartão vermelho quando um árbitro observar visível perda de contato com o solo ou flexão dos joelhos em qualquer parte da prova. Ao pro- ceder as advertências (cartão amarelo ou vermelho), o árbitro deve, imediatamente, comunicar o fato ao árbi- tro chefe. 3) Quando um atleta recebe três cartões vermelhos de di- ferentes árbitros, o mesmo será desqualificado.
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