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CiênciaCiência e e TecnologiaTecnologia dos dos MateriaisMateriais aula 3 – Difusão Prof. Dr. Norberto Aranha Difusão LIBERAÇÃO DE ÍONS POR PIERCINGS METÁLICOS • Piercings corporais (orelha, língua, nariz, etc): resultam em vários casos de resposta alérgica com inchaço e vermelhidão no local da perfuração, associados à dificuldade de cicatrização da ferida. • Normatização: norma ISO para materiais metálicos cirúrgicos. • Piercings de aço inoxidável: teste de resistência à corrosão por pite (geralmente as jóias apresentam intensas irregularidades na superfície). A menor resistência à corrosão por pite é associada ao acabamento superficial deficiente, o que pode induzir corrosão localizada, promovendo a liberação de íons metálicos citotóxicos e efeitos adversos no corpo humano, incluindo reações alérgicas. • Polimento: diminui consideravelmente as irregularidades superficiais. Liberação de íons por braquetes e fios ortodônticos Existe a preocupação com a liberação de íons (ferro, cromo e níquel) por braquetes de aço inoxidável, mas os fios de Ni-Ti também são fonte de níquel para os pacientes, assim como fios e bandas de aço inoxidável e aparelhos removíveis. Liberação de íons por implantes metálicos osseointegráveis Atualmente existem vários sistemas de implantes disponíveis, sendo fabricados com titânio comercialmente puro (cp) ou sua liga (Ti-6Al-4V). A dissolução da liga de titânio deve ser considerada uma fonte de metais que pode ser tóxica. O titânio cp é mais estável à corrosão do que as ligas de titânio e por isso é, freqüentemente, usado para implantes ortopédicos. Mecanismos de Difusão Difusão Intersticial: quando átomos migram de uma posição intersticial para outra vizinha. Difusão por Lacuna: é a mais comum e envolve o movimento de um átomo de uma posição normal cristalina para um sítio (ou lacuna) adjacente. Antes da difusão Após a difusão Antes da difusão Após a difusão Mecanismos de Difusão Na maioria das ligas a difusão dos intersticiais ocorre mais rapidamente que a difusão de vacâncias, pois os átomos intersticiais são menores e tem maior mobilidade. (Ex.: hidrogênio, carbono e oxigênio) Há mais posições intersticiais que vacâncias na rede, logo, a probabilidade de movimento intersticial é maior que a difusão de vacâncias. O número de átomos com energia suficiente para se mover é dado por: n/N = M (e -Q/kT) “Boltzmann” n = número de átomos com energia suficiente para difundir N = número total de átomos M = constante de proporcionalidade Q = energia de ativação (j/átomo; j/mol; cal/mol; eV/átomo) k = Constante de Boltzmann (13,8 x 10-24 joules/átomo.K) T = temperatura absoluta (Kelvin) Difusão: Energia de Ativação EQUAÇÃO DE “ARRHENIUS”: V = c (e -Q/RT) c = constante Q = energia de ativação (cal/mol); é proporcional ao número de sítios disponíveis para o movimento atômico R = Constante dos Gases (1,987 cal/mol.k) T = Temperatura (Kelvin) Velocidade de Difusão Velocidade de Difusão logV = log c- Q/R.(1/T) como log c = cte, temos: logV = cte - Q/R.(1/T) que é uma equação do tipo: Y= b + mx V = c (e -Q/RT) EQUAÇÃO DE “ARRHENIUS”: Qv = Energia de ativação p/ Volume Qcg = Energia de ativação p/ Contorno de Grão Qs = Energia de ativação p/ Superfície Difusão: Introdução Definição: Fenômeno de transporte de material através do movimento dos átomos. # Tipos de Difusão: Interdifusão (ou Difusão de Impurezas): é o processo mais comum, ocorre quando os átomos de um metal se difundem para o interior de um outro. Neste caso há variação na concentração. Autodifusão: Ocorre em cristais “puros” quando os átomos de um mesmo metal mudam de posição. Não há variação na concentração. Difusão: Introdução Para um átomo mover-se no interior da estrutura do material é necessário: Existir um sítio adjacente vazio O átomo deve possuir energia suficiente para quebrar as ligações atômicas que o une causando distorção na rede durante seu deslocamento Aumenta a temperatura as vibrações térmicas provocam o movimento aleatório dos átomos para posições de menor energia. Os movimentos atômicos podem ocorrer pela ação de campos elétrico e magnético, se as cargas dos átomos interagirem com o campo. Nem todos os átomos tem a mesma energia, poucos tem energia suficiente para difundirem. Difusão: Introdução A difusão ocorre se houver gradiente de: Concentração - Potencial - Pressão Exemplos: Dopagem em semicondutores para controlar a condutividade. Cementação (introdução de carbono em aço pelo processo de difusão) Tratamentos térmicos para Recristalização, Alívio de Tensões, Normalização (tipo de tratamento térmico), etc. Alguns processos de Soldagem. Exemplo Antes do aquecimento Após o aquecimento Cu Ni Ni Cu Cu+Ni Solução sólida Tipos de Difusão Fluxo de Difusão (J): a massa (ou número de átomos) “M” difunde através de uma área unitária de seção reta “A” de um sólido, por unidade de tempo. A “Taxa de transferência de massa” ou Fluxo de Difusão (J) é representado pela relação: [kg/m2.s ou átomos/m2.s] M = massa (ou número de átomos) A = área t = tempo Difusão em Estado Estacionário tA M J . dt dM A J 1 Difusão em Estado Estacionário Difusão em estado estacionário implica num Fluxo de Difusão (J) constante no tempo. Exemplo: Difusão, em estado estacionário, de átomos de um gás através de uma placa metálica fina. O perfil de concentração linear para este exemplo está representado pela curva de “concentração das espécies difusivas” (C) versus a “posição” (x). C 1a Lei de Fick: expressa o fluxo de difusão (“velocidade” de difusão) em função da diferença de concentração: J = - D [dC/dx] Obs.: Note que esta relação é independente do tempo O sinal “negativo” indica que o fluxo da difusão ocorre da concentração mais alta para a concentração mais baixa. D = coeficiente de difusão [cm2/s] dC/dx = gradiente de concentração em função da distância [átomos/m3] 1a Lei de Fick 1a Lei de Fick: Exercício 1 Uma placa de ferro é exposta a uma atmosfera carbonetante (rica em carbono) por um de seus lados, e a uma atmosfera descarbonetante (deficiente em carbono) pelo outro lado, a 700 oC. Se uma condição de estado estacionário é atingida, calcule o fluxo de difusão do carbono através da placa, sabendo-se que as concentrações de carbono nas posições a 5 e a 10 mm abaixo da superfície carbonetante são de 1,2 e 0,8 kg/m3, respectivamente. Suponha um coeficiente de difusão de 3 x 10-11 m2/s a essa temperatura. 1a Lei de Fick: J = - D (C/x) J = - (3 x 10-11) x [(0,8 - 1,2) / (10-2 - 5 x 10-3)] J = 2,4 x 10-9 kg/m2s O “Coeficiente de Difusão” dá uma idéia da “velocidade de difusão” Depende: da natureza dos átomos em questão do tipo de estrutura cristalina da temperatura O Coeficiente de Difusão, depende da temperatura, e é calculado pela equação: D = Do (e - Q/RT) onde: Do = constante independente da temperatura [m 2/s] Q = energia de ativação para a difusão [J/mol; cal/mol ou eV/átomo]R = cte dos gases, 8,31 J/mol.K; 1,987 cal/mol.K ou 8,62 x 10-5 eV/átomo Coeficiente de Difusão Coeficiente de Difusão D = Do (e - Q/RT) lnD = lnD0 - [Q/RT] • Sendo “D0”, “Q” e “R” constantes, a equação acima eqüivale a equação de uma reta: Y = A + Bx Coeficiente de Difusão L o g D [ m 2 /s ] 1/T [K] Coeficiente de Difusão Difusão: Efeitos da Estrutura FATORES QUE FAVORECEM A DIFUSÃO: Baixo empacotamento atômico Baixo ponto de fusão Ligações fracas (Van der Walls) Baixa densidade Raio atômico pequeno Presença de imperfeições FATORES QUE DIFICULTAM A DIFUSÃO: Alto empacotamento atômico Alto ponto de fusão Ligações fortes (iônica e covalentes) Alta densidade Raio atômico grande Alta qualidade cristalina Difusão: Efeitos da Estrutura Exemplo: Carbono em Ferro (alotropia) O coeficiente de difusão dos átomos de Carbono no Fe CCC é maior que no CFC, pois o sistema CCC tem um fator de empacotamento menor: FEACCC = 0,68 FEACFC = 0,74 ccc cfc Difusão em Estado Não-Estacionário 2a Lei de Fick: em condições de estado não-estacionário (condições transientes), o Fluxo de Difusão e o Gradiente de Concentração variam com o “tempo”. x C D xt C 2 2 x C D t C Se o coeficiente de Difusão “D” não depende de “x”, tem-se: Difusão em Estado Não-Estacionário Condições de Contorno: A equação diferencial de segunda ordem só pode ser resolvida se forem fornecidas as condições de contorno: Antes da difusão, todos os átomos do soluto em difusão estão uniformemente distribuídos, mantendo uma concentração “C0”; O valor de “x” na superfície é zero e aumenta a medida que avança-se em profundidade no sólido O coeficiente de difusão permanece constante (não muda com a concentração) “t = 0 ” imediatamente antes do início da difusão 2 2 x C D t C Difusão em Estado Não-Estacionário Exemplo: Na prática, para um sólido semi-infinito em que a concentração da impureza na superfície é mantida constante. Freqüentemente a impureza que está se difundindo é uma fase gasosa, cuja pressão parcial é mantida constante. Condições de contorno: para t = 0 C = C0 em 0 x C = Cs ( a concentração superficial constante) em x = 0 para t > 0 C = C0 em x = Difusão em Estado Não-Estacionário Uma solução da equação diferencial de segunda ordem, utilizando as condições de contorno, é dada pela relação: Cx = concentração da impureza a uma profundidade “x” após um tempo “t” Cs = Concentração dos átomos se difundindo na superfície Co = Concentração inicial D = Coeficiente de difusão t = tempo t.D.2 x erf1 CC CC 0S 0x t.D.2 x erf é a função erro de Gauss (valores tabelados!!) Difusão em Estado Não-Estacionário Perfil de concentração para a difusão em estado não-estacionário. t.D.2 x erf1 CC CC 0S 0x Difusão: Exemplo Carbonetação: Exercício 2 Função “erf”: Interpolação z erf (z) z erf (z) z erf (z) 0 0 0,55 0,5633 1,3 0,9340 0,025 0,0282 0,60 0,6039 1,4 0,9523 0,05 0,0564 0,65 0,6420 1,5 0,9661 0,10 0,1125 0,70 0,6778 1,6 0,9763 0,15 0,1680 0,75 0,7112 1,7 0,9838 0,20 0,2227 0,80 0,7421 1,8 0,9891 0,25 0,2763 0,85 0,7707 1,9 0,9928 0,30 0,3286 0,90 0,7970 2,0 0,9953 0,35 0,3794 0,95 0,8209 2,2 0,9981 0,40 0,4284 1,0 0,8427 2,4 0,9993 0,45 0,4755 1,1 0,8802 2,6 0,9998 0,50 0,5205 1,2 0,9103 2,8 0,9999 z erf (z) 0,35 0,3794 z 0,4210 0,40 0,4284 z - 0,35 0,40 - 0,35 0,4210 - 0,3794 0,4284 - 0,3794 = z = 0,392 Carbonetação: Exercício 2 (cont.) Difusão: Exercício 3 Os coeficientes de difusão para o cobre no alumínio a 500 e 600 oC são de 4,8 x 10-14 e 5,3 x 10-13 m2/s, respectivamente. Determine o tempo aproximado a 500 oC que irá produzir o mesmo resultado de difusão (em termos da concentração de Cu em algum ponto específico no Al) que um tratamento térmico a 600 oC com duração de 10 h. x2/Dt = cte Dt = cte (Dt)500 = (Dt)600 Solução: Como o resultado da difusão é o mesmo nos dois casos, ou seja, a composição em ambos os casos será igual na mesma posição “x” “x” é constante. Deste modo pode-se aplicar a relação: t500 = (Dt)600 / D500 = (5,3 x 10 -13).(10) / 4,8 x 10-14 t500 = 110,4 h Difusão: Exercício 4 Calcule o coeficiente de difusão para o magnésio no alumínio a 550 oC. Solução: D0 = 1,2 x 10 -4 m2/s Qd = 131 KJ/mol = 131000 J/mol T = 550 oC = (550 + 273) = 823 K R = 8,31 J/mol.K “Valores tabelados” D = (1,2 x 10-4) exp [ ] (8,31) . (823) 131000 D = 5,8 x 10-13 m2/s
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