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Revista Psique

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editorial
Dormir bem 
é sinal de boa saúde
Gláucia Viola, editora
O sono é para o indivíduo o mesmo 
que dar corda ao relógio.
Arthur Schopenhauer 
SH
UT
TE
RS
TO
CK
O despertador não é um item apreciado pela maioria de nós. Mas ouvir seu som após uma noite ruim piora ainda mais a situação. A sensação de ter o peso de uma rocha no corpo e areia nos olhos é desesperadora para quem precisa levantar da cama com uma energia potencial para começar um NOVO�DIA��!�PREVISÎO�Ï�CERTA��SERÉ�UM�DAQUELES�DIAS�ARRASTADOS��!lNAL��O�SONO�Ï�UM�ESTADO�QUE�
permite o descanso do cérebro para que ele se recupere e possa suprir as próximas necessidades biológicas e 
PSICOLØGICAS��-AS�lCAR�COM�A�QUALIDADE�DO�SONO�COMPROMETIDA�PODE�TRAZER�INÞMEROS�PREJUÓZOS�QUE�VÎO�MUITO�
ALÏM�DO�ESGOTAMENTO� FÓSICO��.OITES�MALDORMIDAS�AFETAM�AS�ÉREAS�EMOCIONAIS��PSICOLØGICAS�E�COGNITIVAS�DE�
qualquer pessoa. Imagine quando acomete crianças desde a primeira infância. 
1UEM�NÎO�TEM�UMA�BOA�NOITE�DE�SONO�ESTÉ�SUJEITO�A�SENTIR�SONOLÐNCIA�DIURNA�EXCESSIVA��IRRITABILIDADE�E�DI-
lCULDADE�DE�CONCENTRA¥ÎO��/�SONO�TAMBÏM�INTERFERE�NA�MANUTEN¥ÎO�DA�MEMØRIA�E�NO�BOM�FUNCIONAMENTO�
GASTROINTESTINAL��%SPECIALISTAS�EXPLICAM�QUE�DURANTE�O�PERÓODO�EM�QUE�A�PESSOA�DORME�HÉ�A�PRODU¥ÎO�DE�MUI-
TOS�HORMÙNIOS��COMO�POR�EXEMPLO�O�DO�CRESCIMENTO��5MA�ALTERA¥ÎO�
no ciclo do sono pode causar problemas metabólicos nessa área. Por 
ISSO��DORMIR�Ï�TÎO�IMPORTANTE�PARA�O�DESENVOLVIMENTO�DE�UMA�CRIAN-
¥A�QUANTO�BRINCAR�� COMER�OU�ESTUDAR��0ORÏM��ESTUDOS�DEMONSTRAM�
QUE� OS� DISTÞRBIOS� DO� SONO� INFANTIL� ESTÎO� CADA� VEZ�MAIS� FREQUENTES�
em nossa sociedade. Esse dado é ainda mais preocupante quando 
COLOCAMOS�EM�PAUTA�A�QUESTÎO�DA�APRENDIZAGEM��E�A�CONDI¥ÎO�DE�UM�
bom sono nessa fase é essencial para que o processo ocorra de forma 
saudável e adequada. 
Por isso o tema de capa desta edição da Psique Ciência&Vida 
aborda as diversas parassonias que atingem os pequenos desde mui-
TO�CEDO�E� TAMBÏM�FAZ�UM�IMPORTANTE�ALERTA��-UITAS�CRIAN¥AS�COM�
esses sintomas podem ser diagnosticadas de forma equivocada como 
PORTADORAS�DE�TRANSTORNOS�DE�APRENDIZAGEM��A�EXEMPLO�DO�4$!(��QUANDO�NA�VERDADE�SOFREM�DE�DISTÞRBIOS�
do sono. 
h¡�PRECISO�TER�CUIDADO�E�VERIlCAR�QUAL�Ï�REALMENTE�O�PROBLEMA��3E�ESSA�CRIAN¥A�ESTÉ�TENDO�UM�PADRÎO�DE�SONO�
COMPROMETIDO��ESCASSO��ALTERADO��OU�AINDA�SE�EXISTE�ALGUMA�PARASSONIA��QUE�COSTUMA�CAUSAR�OS�SINTOMAS�QUE�
PODEM�SER�CONFUNDIDOS�COM�OS�DE�4$!(v��ENFATIZA�A�PSICOPEDAGOGA�CLÓNICA�E�NEUROPSICØLOGA�#ARLA�$ANIELA�
2ODRIGUES��AUTORA�DO�ARTIGO��
$ESSE�MODO��lQUE�ALERTA�ÌS�ALTERA¥ÜES�NO�PADRÎO�DE�SONO�DOS�PEQUENOS��POIS�UMA�INDISPOSI¥ÎO�EMOCIONAL�
ou falta de atenção na aula podem estar longe de ser fricote ou dengo da idade. 
Boa leitura! 
Gláucia Viola
www.facebook.com/PortalEspacodoSaber
CAPA
sumário
58
03/05/2017 23:50:5
9
MATÉRIAS
ENTREVISTA
Especialista em business coaching, 
o canadense Brian Tracy crê 
que as emoções mais intensas 
podem gerar formas de 
eliminação de maus hábitos
SEÇÕES
06 EM CAMPO
12 IN FOCO 
14 PERFIL 
16 CIBERPSICOLOGIA 
18 PSICOPOSITIVA
20 PSICOPEDAGOGIA
22 SEXUALIDADE 
32 COACHING
34 LIVROS
50 RECURSOS HUMANOS
52 NEUROCIÊNCIA
66 DIVÃ LITERÁRIO
68 CINEMA
80 EM CONTATO
82 PSIQUIATRIA FORENSE
08 Promotor de sofrimento 
A discriminação, seja religiosa, 
de etnia ou orientação sexual, 
ainda é frequente e pode 
provocar danos graves à saúde
24
Psicanálise e o câncer
A ideia é adotar um novo 
entendimento para a realidade, 
olhando a doença para buscar 
aquilo que está escondido e latente
54
Artesanato saudável 
!�RESSIGNIlCA¥ÎO�DAS�PRÉTICAS�
manuais contribui para um 
agrupamento humano afetivo e 
para a ativação da memória 
72
IM
AG
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A 
CA
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HU
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ST
OC
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DISTÚRBIOS DO SONO 
As chamadas parassonias 
interferem na evolução da 
criança e geram grandes 
prejuízos nos aspectos 
emocionais, psicológicos e 
cognitivos 
Dossiê: PSICOPEDAGOGO 
NA EMPRESA
O universo corporativo tem aberto 
ESPA¥O�Ì�PARTICIPA¥ÎO�DO�PROlSSIONAL�
da Psicopedagogia na gestão de 
funcionários e colaboradores 
www.portalcienciaev
ida.com.br
psique ciência&vida 
 35
P
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Desenvolvimento
do CAPITAL 
HUMANO 
12
3R
F
Por Marília Maia C
osta 
Marília Maia Costa é
 especialista em Psi
copedagogia Clínic
a e Institucional. Par
ceira de negócios d
a BLP 
RH. Autora dos livro
s Recrutamento & S
eleção, Psicopeda
gogia Empresarial 
e Jogos Corporativo
s – 
,�G�
�����,�G��‚�IG�.�
��
�����I��, publicados pela 
Wak Editora.
O mundo corporat
ivo moderno 
investe cada vez m
ais na 
participação do ps
icopedagogo 
nas questões inter
nas 
referentes ao relac
ionamento 
humano, treinamen
to e 
desempenho dos f
uncionários
04/05/2017 00:07:16
35
Altruísmo nas redes sociais 
!¥ÜES�lLANTRØPICAS�PEDEM�UMA� 
leitura psicanalítica da sociedade, 
que tem o comportamento 
narcisista como padrão 28
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 5www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 5
INTELECTUALIDADE PERDIDA
REVISTA SOCIOLOGIA - EDIÇÃO 68
giro escala
A edição 68 da revista Sociolo-
gia traz um texto, cujo título é “In-
telectualidade perdida”, que aborda 
a necessidade do intelectual pro-
gressista brasileiro de desenvolver o 
trabalho de resgatar o inconsciente 
popular, história e desejo de trans-
formar o homem, o mundo e a vida. 
Af inal de contas, um dos temas que 
mais reclamam uma profunda re-
f lexão nesses tempos de maré cheia 
pós-moderna e, ao mesmo tempo, 
reacionária, diz respeito ao papel 
que cabe ao intelectual. “A f igura do 
intelectual (artista, f i lósofo, pensa-
dor), tal como criada na moderni-
dade clássica, entrou no seu ocaso”, 
af irma Beatriz Sarlo, em Cenas da 
Vida Pós-moderna . Porém, segundo 
a mesma escritora, algumas das fun-
ções reclamadas pelos intelectuais 
ainda continuam atuais, tais como: 
“a crítica daquilo que existe, o espí-
rito livre e anticonformista, o deste-
mor perante os poderosos, o sentido 
de solidariedade com as vítimas”.
Hoje, o sentido heroico atribuído 
à prática intelectual não atrai mais 
ninguém. Primeiro porque os pró-
prios empreenderam uma profunda 
revisão do elitismo explícito dos in-
telectuais do modelo clássico, bem 
como as instituições cooptaram 
esses mensageiros do conhecimen-
to imprescindível à prática do juízo 
crítico. E nas academias trabalham 
como especialistas. A ensaísta ar-
gentina tenta traçar uma linha sutil 
demarcando o exercício teórico dos 
especialistas e dos intelectuais.
A INTERNET 
E NOSSOS RELÓGIOS
REVISTA FILOSOFIA – EDIÇÃO 126
No artigo que estampa a capa da edi-
ção 126 da revista &ILOSOlA�#IÐNCIA�6IDA, 
o professor Francisco de Castro Samarino 
e Souza, graduado em História com mes-
trado em História e Cultura Política, mos-
tra como a internet ajusta nossos relógios 
criando um laço entre pessoas que sequer 
se conhecem, mas que dependem umas 
das outras para a realização das suas ati-
vidades. Para ele, desde muito cedo nos 
vemos sendo disciplinados a lidar com o 
tempo. “Na escola os horários são rígidos. 
Adaptamos nossas necessidades bioló-
gicas às demandas do tempo. Hora para 
sentir fome, hora para nos higienizarmos 
e hora para dormirmos. Não percebemos, 
mas desde muito cedo somos discipli-
nados a agir de acordo com convenções 
estabelecidas em torno dos relógios e dos 
calendários”, destaca.
Dessa forma, o autor avalia que o “ser 
moderno” representava uma ruptura com 
um passado e um presente não mais inte-
ressante aos jovens. Entretanto,a ambição 
EM�ROMPER��EM�REDElNIR�A�REALIDADE�QUE�
os circundava, ocasionava a necessidade 
DE� SE�DElNIR�UMA�DIRE¥ÎO�A� SER� SEGUIDA��
“Ser moderno”, então, acarretava na cons-
TRU¥ÎO�DE�UM�PROJETO��NA�DElNI¥ÎO�DE�UM�
hHORIZONTE�DE�EXPECTATIVAv�E�NA�REDElNI-
ção de um passado como fonte de experi-
ência. A revista disponibiliza artigos sobre 
política, ética, sociedade, comportamento 
e economia, todos elaborados por espe-
cialistas e desenvolvidos com base em 
UMA�AMPLA�VISÎO�lLOSØlCA�E�ACADÐMICA�
O LEGADO NADA LÍQUIDO DE BAUMAN, POR DENNIS DE OLIVEIRA, DA ECA
www.portalespacodosaber.com.br
O VERDADEIRO 
DESENVOLVIMENTO
Em Sala de Aula: Discuta o trabalhismo e seus desdobramentos atuais
Os aspectos que o infl uenciam e como o Estado 
pode promovê-lo, na teoria e na prática
Mundo 
na era Trump
Ações do 
novo presidente 
dos EUA podem 
TF�DPOm�HVSBS�
enormes 
paradoxos, 
B�TVSQSFFOEFS��
os reacionários 
F�B�FTRVFSEB�
Quem é 
o novo
intelectual?
Pensadores 
precisam rever 
TFV�QBQFM�
frente aos 
novos cenários 
sociopolíticos 
Política na 
modernidade
3FHSBT
�
JOTUJUVJªFT�F�
atores políticos 
DPOTBHSBEPT�
não mais 
respondem 
isoladamente 
às demandas na 
BUVBMJEBEF
LUIZ FELIPE PANELLI
A jusfilosofia e a possibilidade de gerar 
novas reflexões sobre a democracia
REFLEXÃO E PRÁTICA: A indústria cultural em meio ao colapso da globalização
ANO X No 126 – www.portalespacodosaber.com.br
�(',d­2�������35(d2�5�������
RENATO JANINE RIBEIRO
Os diversos aspectos e paradoxos presentes 
na chamada liberdade de expressão
A intensa 
sincronização 
de nossos atos 
cotidianos tornou 
a sociedade 
refém de uma 
corrida sem fim
O NOVO 
SENTIDO 
DO TEMPO
HABERMAS
O quanto a 
linguagem 
religiosa continua 
a influenciar nossa 
compreensão 
sobre as coisas 
que nos rodeiam
ÉTICA
Valores morais 
como valores 
mercantis em um 
mundo em eterna 
crise econômica 
e social
6 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
em campo 
A IRONIA DO AUTOCONTROLE
Pesquisadores da Universidade de 
Bar Ilan (Israel), em cooperação com 
a Universidade Estadual da Flórida 
(EUA) e Queensland (Austrália), 
mediram o impacto de nosso desejo 
de autocontrole em sua prática 
efetiva diante de tarefas exigentes. 
Os cientistas descobriram que as 
pessoas com um desejo mais forte 
de autocontrole achavam mais difícil 
exercê-lo quando a tarefa era difícil. 
A razão para isto, eles determinaram, 
é que quando confrontado com uma 
tarefa difícil, o desejo se traduz em 
uma sensação de que não se tem 
AUTOCONTROLE�SUlCIENTE��O�QUE�CAUSA�
BAIXA�AUTOElCÉCIA��ISTO�Ï��CREN¥A�
reduzida em nossas habilidades). E, 
subsequentemente, o desengajamento 
da tarefa em mãos. O nível de auto-
controle nos traços de personalidade 
dos participantes (sua predisposição 
intrínseca para tal) não afetou os 
achados, sendo que estes valem para 
aqueles que têm alto ou baixo índice 
desse comportamento.
YOGA E TPM
Uma revisão sistemática da literatura 
CIENTÓlCA�PUBLICADA�SOBRE�A�PRÉTICA�
de yoga e transtornos menstruais 
comuns constatou que todos os estudos 
AVALIADOS�RELATARAM�UM�EFEITO�BENÏlCO�
e sintomas reduzidos. O impacto de 
uma série de intervenções de yoga 
sobre o sofrimento menstrual associado 
a sintomas físicos e psicológicos para 
mulheres pré-menstruais é descrito em 
um artigo publicado no The Journal of 
Alternative and Complementary Medicine.
por Jussara Goyano
TER E SER
VIDA ORIENTADA POR CONSUMO PODE GERAR 
FRUSTRAÇÃO, DIZ ESTUDO
Pesquisa conduzida na Universidade de Buffalo, Estados Unidos, mostra que uma 
VIDA�BASEADA�EM�CONSUMO�E�ACUMULA¥ÎO�lNANCEIRA�PODE�SER�ALTAMENTE�FRUSTRANTE��
caso tal orientação tenha a ver com aumentar a própria autoestima. 
Segundo conclusões dos pesquisadores envolvidos, isso pode ocorrer porque 
UMA�VIDA�BASEADA�EM�SUCESSO�lNANCEIRO�PRESSUPÜE�COMPARA¥ÜES�SOCIAIS�CONSTANTES��
além de um lócus de controle externo de bem-estar que, caso seja desestabilizado, 
gera sensação de impotência e falta de controle e autonomia sobre a própria vida. 
A pesquisa envolveu 349 estudantes universitários e um grupo representativo na-
cional de 389 participantes. Voluntários responderam a uma escala de Contingência 
Financeira de Autovalor (CSW), que mostra o grau em que as pessoas baseiam sua 
AUTO�ESTIMA�NO�SUCESSO�lNANCEIRO��ALÏM�DE�PARTICIPAR�DE�UMA�SÏRIE�DE�EXPERIÐNCIAS�
EM�QUE�O�SENSO�DE�SEGURAN¥A�lNANCEIRA�DAS�PESSOAS�FOI�AFETADO�
1UANDO� SOLICITADOS� A� ESCREVER� SOBRE� UM� ESTRESSOR� lNANCEIRO�� OS� VOLUNTÉRIOS�
experimentaram uma queda em seus sentimentos de autonomia, segundo os pes-
quisadores envolvidos. Eles também não procuravam soluções para as questões 
lNANCEIRAS��QUADRO�DIFERENTE�DO�ENCONTRADO�QUANDO�OS�PARTICIPANTES�ERAM�CONVI-
dados a escrever sobre outros estressores ou entre indivíduos cuja autoestima não 
�ATRELADA�AO�SUCESSO�lNANCEIRO�
PARA SABER MAIS:
Park, L. E.; Ward, D. E.; Naragon-Gainey, K. (2017). It’s all about the money (for 
SOME	�� CONSEQUENCES� OF� lNANCIALLY� CONTINGENT� SELF
WORTH��Personality and Social 
Psychology Bulletin, n. 88, p., 589-604.
em campo
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 7
IM
AG
EN
S:
 1
23
RF
PREOCUPAÇÃO 
NA MEDIDA
PREOCUPAR-SE NÃO 
É ALGO TOTALMENTE 
NEGATIVO. ENTENDA
No artigo “4HE�SURPRISING�UPSIDES�OF�WORRYv��
publicado no periódico Social and Personality 
Psychology Compass���A�PESQUISADORA�+ATE�3WEENY�
comenta achados sobre o lado bom da preocu-
pação – ela gera um comportamento preventivo 
e protetor e um senso de planejamento que evita 
riscos e insucessos. Isso melhora corpo e mente, 
livrando-nos de emoções negativas e situações 
indesejáveis, além de melhorar as estratégias de 
SOLU¥ÎO�DE�PROBLEMAS�E�CONmITOS��
Segundo o estudo, a preocupação gera be-
nefícios quando utilizada na medida certa, não 
SENDO�BENÏlCA�QUANDO�DE�MENOS�OU�EM�DEMASIA��
Na proporção exata, ela é um motivador compor-
tamental que age positivamente, por três razões, 
segundo o artigo:
1. A preocupação serve como uma sugestão que a 
situação é séria e requer a ação. As pessoas usam 
suas emoções como fonte de informação ao fazer 
julgamentos e decisões;
2. Preocupar-se com um estressor faz com que o 
mantenhamos sob nosso foco e leva as pessoas 
à ação;
3. O sentimento desagradável de preocupação 
motiva as pessoas a encontrar maneiras de redu-
zir a sua preocupação.
Entre os efeitos danosos da preocupação em 
excesso estão transtornos como os de ansiedade, 
o burnout e a depressão, entre outros.
AR
Q
UI
VO
 P
ES
SO
AL
Jussara Goyano é jornalista e coach certificada pelo Instituto 
de Psicologia Positiva (IPPC). Atua com foco em performance 
e bem-estar. Estudou Medicina Comportamental na Unifesp. 
E-mail: atendimento@jussaragoyano.com
REDES SOCIAIS
LIKES E CHAT COM OS AMIGOS MELHORAM 
ANSIEDADE E RESULTADOS ACADÊMICOS 
Da mesma forma que as redes sociais são campo fértil para haters e dis-
seminação de bullying, é por meio desses canais que o suporte emocional 
nos chega em momentos críticos. Um grupo de pesquisadores da Univer-
sidade de Illinois investigou esse suporte on-line e concluiu que, entre estu-
dantes, ele ajuda a reduzir o nervosismo que antecede os testes acadêmicos, 
até mesmo entre indivíduos que têm altos níveis de ansiedade registrados 
em testes psicológicos. Entre as interações que mais dão resultado estão os 
comentários de apoio, likes nas postagens e mensagens privadas de amigos. 
Os resultados das provas pelas quais passaram os estudantes apoiados por 
seus amigos nas redes também tiveram incremento, segundo os cientistas.
Um exame simulado foi a situação em que voluntários do curso deCiências da Computação da universidade foram avaliados. Com o apoio via 
redes sociais, estes reduziram seus níveis de ansiedade em até 21% no teste. 
O teste em questão foi uma prova aberta, com várias soluções viáveis, em 
que os estudantes deveriam executar códigos de programação. 
Estima-se que até 41% dos estudantes sofram com esse problema antes 
e durante as provas, o que inclui medo de avaliação negativa, baixa auto 
estima e um maior número de pensamentos distrativos e irrelevantes em 
situações de teste.
O estudo em questão foi publicado no Proceedings of CHI 2017, resul-
tado da Conference on Human Factors in Computing Systems, em Denver, Es-
tados Unidos.
8 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
BRIAN TRACY
CR
ÉD
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ED
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IO
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 F
IL
M
S
Para Brian Tracy, hábitos 
são uma maneira fácil 
de reagir e as pessoas 
tendem a se sentir 
confortáveis com isso, 
indo para a chamada zona 
de conforto
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 9
Gláucia Viola é jornalista com experiência nos segmentos de saúde, ciência e psicologia. 
Jussara Goyano é jornalista com experiência nos segmentos de coaching, performance e bem-estar.
Considerado um dos principais especialistas em 
business coaching do mundo, Brian Tracy acredita que 
as fortes emoções originam objetivos que, por sua vez, podem 
funcionar como gatilhos para a superação do mau hábito
E N T R E V I S T A
T
EMAS� COMO�DESAlOS� DA� ATUALIDADE� QUE�
os líderes enfrentam, desenvolvimento 
da capacidade de liderança, plano de 
NEGØCIOS��MARKETING�ElCIENTE��MELHORES�
estratégias empresariais, alto desempenho e como 
encantar clientes fazem parte do dia a dia do cana-
dense Brian Tracy, considerado um dos principais 
especialistas em business coaching do mundo. Ele foi 
um dos convidados de honra do 4º Fórum Interna-
cional de Negócios, Liderança e Coaching, realiza-
do em São Paulo.
4RACY�DEU�INÓCIO�A�SUA�VIDA�PROlSSIONAL�ATUANDO�
no mercado de imóveis comerciais, com vendas e 
locações. Depois de se tornar diretor de operações 
da empresa em que trabalhava, acabou decidindo 
montar seu próprio negócio, como palestrante e co-
ACH�PROlSSIONAL��0ARA�ISSO��ESTUDOU�E�SE�ESPECIALIZOU�
NA�ÉREA�DE�.EGØCIOS��%CONOMIA��(ISTØRIA��&ILOSOlA�
e Psicologia, procurando aprimorar suas habilida-
des. Atualmente, com uma trajetória de mais de 
trinta anos, já teve suas palestras assistidas por mais 
de cinco milhões de pessoas, em 55 países. Além 
disso, escreveu 55 livros, que foram traduzidos em 
42 idiomas. Tracy trouxe seu conhecimento para o 
Brasil ao trabalhar com a SBCoaching, única em-
presa do país licenciada para usar sua metodologia 
exclusiva, que ajuda a desenvolver empreendedores, 
executivos, líderes e empresas.
0ARA� O� ESPECIALISTA�� UMA� DAS� PRINCIPAIS� DIlCUL-
dades encontradas pelo ser humano é criar meca-
nismos para mudar de hábitos e, em consequência, 
evoluir. “Ficamos confortáveis em fazer as coisas de 
um mesmo jeito, e é muito difícil para nós mudar, 
parar de fazer algo e começar a fazer de outra for-
ma. O caminho para desenvolver um novo hábito é 
FAZÐ
LO�EM�PEQUENAS�ETAPASv��AlRMA�
QUANTO MAIS 
AUTOMÁTICO FOR O 
HÁBITO, MAIS DIFÍCIL 
SERÁ A MUDANÇA
Por Gláucia Viola e Jussara Goyano
10 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
UMA FÓRMULA PARA AJUDAR 
A SUPERAR OS DESAFIOS
 PARA SABER MAIS 
N
o livro Sem Desculpas, Brian Tracy busca mostrar aos leitores uma fórmula 
para auxiliar as pessoas a superarem os principais desafios oferecidos 
pela vida. A questão se resume na aplicação da autodisciplina para chegar ao 
tão sonhado sucesso e à felicidade, especialmente no aspecto profissional. 
Tracy destaca aspectos como a importância de agir com integridade, além 
das melhores práticas de vendas. O autor canadense defende a necessidade 
de a pessoa assumir a responsabilidade pelo próprio contentamento e carreira 
profissional. A abordagem do Sem Desculpas elimina a conveniência dos bo-
des expiatórios, tomados geralmente por culpados pelo insucesso, e ensina 
como cuidar do próprio destino.
TRACY: Digitar… você pode digitar pa-
lavras enquanto vê TV ou durante uma 
aula, enquanto escrever à mão ativa três 
partes do cérebro. A primeira parte ativa-
da é a visual, você tem de ver o que escre-
ve. A segunda parte é a auditiva, quando 
você escreve, você repete para si; mesmo 
quando não faz nenhum ruído, você fala 
consigo mesmo quando escreve. A tercei-
ra é a cinética, quando você escreve algo, 
MOVE�lSICAMENTE�O�SEU�CORPO��!�COMBI-
nação das três requer concentração total, 
é quando não é possível fazer mais nada 
no mundo a não ser concentrar-se. É por 
isso que há uma concessão entre mão e 
cabeça. Dessa forma, escrever à mão pro-
grama imediatamente o cérebro e isso 
COME¥A�A�lCAR�AUTOMÉTICO�
A DISCRIÇÃO É UM PROBLEMA EM NEGÓCIOS 
E NA VIDA DIÁRIA. COMO NÃO CAIR NESSA 
ARMADILHA?
TRACY: As maiores armadilhas são as 
de relacionamento e as distrações ele-
trônicas, como o telefone, a campainha, 
as mensagens. A resposta nesses casos 
é desligar, principalmente desligar o te-
lefone. A segunda parte é física, quando 
se distrai conversando com pessoas e é 
necessário responder que não se pode 
conversar. É quando tentam conversar e 
a pessoa diz que não pode, pois está tra-
balhando. Assim, para-se antes que co-
mece. E assim formam-se hábitos, como 
o de desligar o computador, o celular e IMA
GE
NS
: 1
23
RF
POR QUE É TÃO DIFÍCIL ABANDONAR HÁBI-
TOS INEFICIENTES? E POR QUE É TÃO DIFÍCIL 
INICIAR A MUDANÇA?
TRACY: Em seres humanos, 90% do que 
fazemos são hábitos e eles são formados, 
muitas vezes, rápido e facilmente, e não 
são questionados. Hábitos são uma ma-
neira fácil de reagir ou responder a algo, e 
nós nos tornamos assim confortáveis com 
um hábito, indo para o que chamamos de 
zona de conforto. Ficamos confortáveis 
em fazer as coisas de um mesmo jeito, 
e é muito difícil para nós mudar, parar 
de fazer algo e começar a fazer de outra 
forma. O caminho para desenvolver um 
novo hábito é fazê-lo em pequenas etapas, 
em baby steps: nós decidimos exatamente 
como queremos nos comportar no futuro 
e desenvolvemos comportamentos consis-
tentes com o novo hábito. Se quisermos 
levantar cedo, por exemplo, e o horário 
é 7 horas, o ideal é despertar uma hora 
mais cedo, 6 horas. É aconselhável, no 
início, começar a despertar 15 minutos 
antes. Fazer isso por uma semana ou duas 
ATÏ�SE�TORNAR�UM�NOVO�HÉBITO��!O�lNAL�DE�
um mês ou dois, você acordará uma hora 
antes. Baby steps são indicados para iniciar 
um novo hábito, porque seres humanos 
não gostam de mudanças. É mais difícil 
iniciar a mudança, porque o hábito se tor-
na fácil e automático, e desenvolver um 
novo hábito requer repetição.
FALANDO EM MUDANÇA, PODEMOS DIZER 
QUE OS GATILHOS PSICOLÓGICOS PODEM 
OFERECER RECURSOS PARA A BUSCA DE 
UMA META?
TRACY: Os gatilhos psicológicos reme-
tem a emoções e claro que as emoções 
fortes são mais sólidas do que as fracas. 
A emoção sólida pode ser muito enco-
rajadora na busca por metas. Se há um 
objetivo e queremos alcançá-lo intensa-
mente, passamos pelo empoderamen-
to emocional e encontramos meios de 
superar o mau hábito. Então, uma das 
questões que devemos nos fazer nesses 
casos são: qual é o novo hábito e quais 
são as razões ou benefícios de desenvol-
ver o novo hábito? Você pode ponderar 
Ficamos confortáveis em 
fazer as coisas de um 
mesmo jeito, e é muito 
difícil para nós mudar, 
parar de fazer algo 
e começar a fazer de 
outra forma. O caminho 
para desenvolver um 
novo hábito é fazê-lo 
em pequenas etapas
as razões, avaliar os benefícios, mas as 
razões devem ser mais poderosasdo que 
o prazer obtido com o hábito antigo. En-
tão, a maneira de criar hábitos e estabe-
lecer metas é visualizar o quão melhor a 
sua vida será com o novo hábito, com a 
nova meta, e com a superação de hábi-
tos antigos. Esse mecanismo tem relação 
com os gatilhos psicológicos de cada um. 
DURANTE SUA PALESTRA NO 4º FÓRUM 
INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS, LIDERAN-
ÇA E COACHING, VOCÊ ENFATIZOU A DIFE-
RENÇA ENTRE DIGITAR METAS E ESCREVÊ-
-LAS À MÃO; POR QUE A SEGUNDA TÉCNICA 
É MELHOR PARA ATIVAR A MENTE CONS-
CIENTE E SUBCONSCIENTE?
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 11
POR QUE PSICÓLOGOS ORGANIZACIONAIS E 
COACHES EXECUTIVOS E MESMO LÍDERES E 
GESTORES FALHAM EM PROMOVER MUDAN-
ÇAS? QUAIS SÃO AS VARIÁVEIS QUE ELES 
PROVAVELMENTE NÃO LEVAM EM CONTA?
TRACY: Eu não tenho ideia. Eles são di-
ferentes. Além disso, toda pessoa é di-
ferente. É necessário ter uma pergunta 
ESPECÓlCA��Ï�COMO�UM�PROBLEMA�MÏDICO��
É como se perguntasse ao médico o que 
fazer quando se tem um problema de 
saúde, o doutor replicaria: qual problema 
médico? Então, é possível responder à 
questão sobre o que o médico deve fazer. 
Não há uma resposta para essa pergunta.
O COACHING HOJE É UM CAMPO DE ATUA-
ÇÃO E CONHECIMENTO QUE SAIU DO UNI-
VERSO CORPORATIVO E SE EXPANDE EM 
NICHOS DIVERSOS DE COACHING DE VIDA. 
MUDANÇAS SUBSTANCIAIS EM HÁBITOS DE 
VIDA NÃO SERIAM MAIS IMPACTANTES DO 
QUE PROMOVER MUDANÇAS ESPECÍFICAS EM 
NOSSA ATUAÇÃO NOS NEGÓCIOS?
TRACY: A primeira pergunta é quem vai 
para onde. Depende do indivíduo e da 
companhia para a qual ele trabalha, então 
não há uma resposta rígida. É uma per-
gunta que equivale a “com quem eu devo 
casar?”. É uma pergunta que não pode ser 
respondida, pois depende de você, dos 
pais, de alguém mais em sua vida. Assim, 
não há uma resposta pronta. Talvez a res-
posta certa para uma pessoa seja comple-
tamente oposta à de outra pessoa.
o de dizer às pessoas que está ocupado e 
que não pode falar naquele momento. E 
tudo o que se faz repetidamente se torna 
um novo hábito. Em minha companhia, 
todo mundo desliga os celulares, exceto 
por umas duas horas ao dia. Então, todo 
mundo é extremamente produtivo.
ISSO É ALGO TAMBÉM CULTURAL, NÃO? EM 
ALGUMAS CULTURAS É DIFÍCIL COLOCAR 
UM LIMITE, DIZER NÃO. NO BRASIL, POR 
EXEMPLO, EXISTE ESSA DIFICULDADE. COMO 
PROCEDER NESSES CASOS? É MAIS DIFÍCIL 
MUDAR UM HÁBITO CULTURAL?
TRACY: Nesse caso é necessário usar o de-
lay. Delay é uma técnica cross-cultural (en-
treculturas) e consiste em dizer “eu não 
posso falar com você agora, mas eu falarei 
com você mais tarde, logo que terminar 
meu trabalho”. Não é um não, é um mais 
tarde. Então, o mais tarde chega e você 
nunca mais fala com a outra parte. 
QUAIS MECANISMOS PSICOLÓGICOS CONSI-
DERA MAIS EFICIENTES PARA TRABALHAR O 
DESENVOLVIMENTO DE UM BOM LÍDER?
TRACY: Há mil livros sobre esse tópico. 
Logo, não há resposta pronta. Cada situ-
ação requer um tipo de líder. Um líder es-
tudantil é diferente de um líder do depar-
tamento de demissões, que é diferente de 
um líder nos negócios, que é diferente de 
um líder de um time esportivo. Não há 
resposta para isso.
Baby steps são 
indicados para iniciar 
um novo hábito, porque 
seres humanos não 
gostam de mudanças. 
Quanto mais automático, 
é mais difícil iniciar a 
mudança e desenvolver 
um novo requer repetição
EM BUSCA DO CICLO DO SUCESSO
 PARA SABER MAIS 
É cada vez mais frequente que pessoas competentes e inteligentes se questio-����G���G�€��������Ô��G�������������I��������‚�����G��I���G�����G��GI���
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que outros (que muitas vezes parecem bem menos capazes). Brian Tracy procura 
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�‚IG�G�G���I��‚G�hG9���������O 
Ciclo do Sucesso – Como descobrir suas reais metas de vida e chegar aonde você 
quer proporciona que o leitor constate que é exatamente a capacidade de acreditar 
em si que determina o tamanho dos objetivos que se escolhe, assim como a ener-
gia e a determinação que serão dispensadas para atingi-los e a intensidade da per-
sistência aplicada para superar cada obstáculo. Tracy busca oferecer o caminho para 
que se estabeleçam metas e as ferramentas para superar os problemas, preparando 
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é possível treinar o corpo, a pessoa pode treinar a mente e criar o ciclo do sucesso.
Um exemplo de mudança de 
hábito é para quem deseja 
acordar mais cedo. O ideal é 
começar a despertar 15 minutos 
antes do horário pretendido
12 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
in foco por Michele Müller
O medo do TÉDIO
A IMPACIÊNCIA É UMA CARACTERÍSTICA 
DA ATUALIDADE COMPROVADA EM UMA PESQUISA QUE 
REVELA QUE ESTAMOS PERDENDO A CAPACIDADE DE 
NOS ENTRETERMOS COM OS PRÓPRIOS PENSAMENTOS
GANHAMOS 
TANTAS FORMAS 
DE COMBATER E DE 
PROTEGER OS FILHOS 
CONTRA O TÉDIO 
QUE ELE SE TORNOU 
UM DESCONHECIDO, 
TEMIDO E EVITADO A 
QUALQUER CUSTO
de vivenciar os minutos de tédio. Para 
surpresa dos pesquisadores, mesmo 
entre aqueles que, antes do experi-
mento, disseram que pagariam para 
não sentir novamente o choque, um 
quarto das mulheres e dois terços dos 
homens acabaram apertando o botão 
– alguns inúmeras vezes – para esca-
par da opção aparentemente mais in-
suportável de não ter nada para fazer.
O estudo é um exemplo extremo 
de uma dif iculdade que, ao que tudo 
indica, está se acentuando. O fator 
que imediatamente associamos a isso 
é a tecnologia e suas constantes noti-
f icações, que nos colocam em alerta 
e nos oferecem pequenas e contínu-
as gratif icações. Não há dúvida de 
que os smartphones contribuem para 
tornar o tédio mais dolorido que um 
eletrochoque. Mas não são os causa-
dores dessa ânsia por estímulos – ape-
nas alimentam esse traço da natureza 
humana, privando adultos e crianças 
do exercício muitas vezes desconfor-
tável da introspecção.
O distanciamento das pessoas 
dos momentos que exigem ref lexão e 
controle sobre os próprios pensamen-
tos e das atividades que demandam 
um tempo prolongado de atenção 
concentrada é um fenômeno inegá-
vel. Estudos indicam que o tempo 
de atenção dedicado a informações 
disponíveis na rede está caindo: entre 
onze experimentos em que partici-
pantes precisavam f icar entre seis 
e quinze minutos sem acesso a ne-
nhuma distração. Em todos eles, a 
maioria das pessoas relatou uma di-
f iculdade grande em cumprir a tare-
fa. Nos experimentos feitos em casa, 
32% admitiram ter trapaceado e 
consultado o telefone ou outro apa-
relho no período em que deveriam 
estar sem distrações.
Um dos estudos da série revelou 
um resultado ainda mais surpreen-
dente e desconcertante. Nele, foi 
dada aos participantes a opção de 
apertar um botão enquanto estives-
sem sozinhos. O resultado desse ato 
seria um dolorido eletrochoque, que 
todos precisaram experimentar antes 
D
urante toda a minha infân-
cia, as férias começavam e 
terminavam com uma via-
gem de dez horas. No traje-
to até a casa da minha avó, geralmen-
te feito de carro (de ônibus demorava 
ainda mais), eu me ocupava com os 
próprios pensamentos, ilustrados pela 
monótona paisagem que via da janela 
do banco de trás. Era só o começo de 
um longo período longe de amigos e 
de estudos, em que o tempo era lento 
e permitia o exercício da comtempla-
ção, da leitura e de inf indáveis con-
versas interiores. Ficar sem ter o que 
fazer nunca era um problema.
Hoje nem consideramos fazer 
uma viagem com crianças sem levar 
um tablet ou outro eletrônico que as 
mantenham entretidas por um tempo 
razoável. Se a viagem for longa, nos 
precavemos da inquietação dos f ilhosfazendo download de seus f ilmes e jo-
gos preferidos – de preferência vários, 
para não correrem o risco de enjoa-
rem dos recursos. Ganhamos tantas 
formas de combater e de proteger os 
f ilhos contra o tédio que ele se tornou 
um desconhecido, temido e evitado a 
qualquer custo.
Desconf iados de que estamos 
perdendo a capacidade de nos entre-
termos com os próprios pensamen-
tos, pesquisadores da Universidade 
de Virgínia f izeram uma série de 
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2000 e 2015 passou de 12 segundos 
para 8.25 segundos, de acordo com 
Statistics Brain. Atualmente, apenas 
4% das visualizações em páginas da 
internet duram mais de 10 minutos – 
o tempo razoável para que um texto 
que se aprofunde um pouco em um 
determinado assunto seja lido até o 
f im. Essa impaciência provoca inevi-
táveis prejuízos na aprendizagem e na 
produtividade: o mesmo levantamen-
to mostra que, enquanto trabalham 
em seus escritórios, prof issionais 
checam seus e-mails nada menos que 
30 vezes por hora, em média.
Hoje, segundo o neurocientis-
ta Daniel Levitin, autor de A Mente 
Organizada (Editora Objetiva, 2016), 
absorvemos por dia uma quantidade 
cinco vezes maior de informações 
que há trinta anos. Sem a capacida-
de de selecionar os fatos de acordo 
com sua relevância e aplicabilidade, 
de analisá-los, ref letir e fazer asso-
ciações pertinentes, eles se mantêm 
no campo raso das ideias que não se 
transformam em conhecimento e que 
logo são apagadas. Para que tenham 
destino mais nobre e ajudem a cons-
truir sabedoria, as informações ne-
cessitam de recursos que a busca fre-
nética por novidades e estímulos está 
tornando escassos: tempo e atenção. 
Sem a prática desconfortável e 
muitas vezes entediante da ref lexão, 
até mesmo um bom livro pode resul-
tar em um ensinamento superf icial e 
impermanente. Estar sozinho e desli-
gar os aparelhos, meditar, contemplar 
a natureza ou f icar sem fazer nada são 
formas de exercitar o domínio sobre 
os próprios pensamentos e atenção. 
Mais que preparar a mente para o 
sucesso na aprendizagem, na realiza-
ção de tarefas que demandam tempo 
maior de concentração e na compre-
ensão dos eventos externos, essas prá-
ticas nos colocam em contato com o 
mundo interior. A introspecção pode 
despertar a dor da melancolia e nos 
colocar frente a frente com nossas 
fraquezas e inseguranças, mas sem 
ela jamais alcançaremos o autoconhe-
cimento – caminho único para a rea-
lização pessoal e para o sucesso em 
qualquer relacionamento.
Michele Müller é jornalista, pesquisadora, especialista em Neurociências, 
Neuropsicologia Educacional e Ciências da Educação. Pesquisa e aplica 
estratégias para o desenvolvimento da linguagem. Seus projetos e textos 
estão reunidos no site www.michelemuller.com.br
14 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
PERlL Por Anderson Zenidarci
CARRIE FISHER FOI 
DIAGNOSTICADA 
COM TRANSTORNO 
BIPOLAR, PORÉM 
USAVA OS REMÉDIOS 
PSICOFÁRMACOS COM 
ÁLCOOL E COCAÍNA, 
AGRAVANDO O 
QUADRO PSIQUIÁTRICO
A VIDA DE CARRIE FOI MAIS MOVIMENTADA QUE A MAIORIA 
DOS SEUS PERSONAGENS. COLECIONOU TRABALHOS DE SUCESSO 
E INTERNAÇÕES CLÍNICAS DECORRENTES DA DEPENDÊNCIA 
QUÍMICA E DO DIAGNÓSTICO DE BIPOLARIDADE
ESTRELA efervescente
Foi diagnosticada com transtorno 
BIPOLAR��PORÏM�USAVA�OS�REMÏDIOS�PSICO-
FÉRMACOS�COM�ÉLCOOL�E�COCAÓNA��AGRAVAN-
do o quadro psiquiátrico. Apresentava 
depressão severa e mania acentuada, era 
CICLOTÓMICA�NO�ESTADO�DE�ÊNIMO�E�HUMOR��
/� PROBLEMA� TORNOU
SE� TÎO� GRAVE� QUE� O�
DIRETOR� DE� lLMES� *OHN� ,ANDIS� QUASE� A�
demitiu de Os Irmãos Cara de Pau (1980) 
POR�SER�INCAPAZ�DE�lCAR�SØBRIA�O�SUlCIEN-
TE�PARA�lLMAR�UMA�CENA�ADEQUADAMENTE��
4ORNOU
SE�MAIS�CONHECIDA�POR� INTERPRE-
TAR�A�0RINCESA�,EIA�NA�SÏRIE�DE�lLMES�Star 
Wars, MAS� TRABALHOU� EM�MAIS�DE� ���lL-
MES�� ENTRE� ELES��Shampoo (1975), Hannah 
e suas Irmãs (1986), Harry e Sally: Feitos 
um para o Outro. (1989). Escreveu vários 
ROMANCES� SEMIAUTOBIOGRÉlCOS�� GANHOU�
ELOGIOS�POR�FALAR�PUBLICAMENTE�SOBRE�SUAS�
EXPERIÐNCIAS� E� ESCLARECER� PARA� OS� LEIGOS�
QUAIS�AS�CARACTERÓSTICAS�DA�PSICOPATOLOGIA�
QUE� POSSUÓA� E� TAMBÏM� SOBRE� SUA� TOXI-
CODEPENDÐNCIA��%RA� UMA�PESSOA� CULTA� E�
ESCLARECIDA��&OI�INTERNADA�ALGUMAS�VEZES�
EM�CLÓNICAS�DE�RECUPERA¥ÎO�PARA�DEPEN-
DENTES�QUÓMICOS��
%M�������CASOU
SE�COM�O�CANTOR�0AUL�
3IMON�� $URANTE� SEU� CASAMENTO� MALSU-
CEDIDO�� QUE� DUROU� POUCOS� MESES�� ELA�
ABORTOU�UM�lLHO�DELES��$O�SEU�SEGUNDO�
casamento, com o agente Bryan Lourd, 
TEVE�SUA�ÞNICA�lLHA�"ILLIE�#ATHERINE��/�RE-
LACIONAMENTO�DO�CASAL�TERMINOU�QUANDO�
,OURD�SE�ASSUMIU�BISSEXUAL��%LA�MANTEVE�
ALGUNS� RELACIONAMENTOS�APØS�O�SEGUNDO�
DIVØRCIO��MAS�NÎO�CASOU�NOVAMENTE��%M�
������SEU�NAMORADO�'REGORY�3TEVENS�FOI�
C
ARRIE� &RANCES� &ISHER� NASCEU�
EM�"EVERLY�(ILLS��,OS�!NGELES��
EM�������.ASCEU�ENTRE�ESTRELAS�
DE�(OLLYWOOD��lLHA�DO�CANTOR�
%DDIE�&ISHER�E�DA�ATRIZ�$EBBIE�2EYNOLDS��
1UANDO� TINHA� APENAS� DOIS� ANOS� DE� IDA-
DE��SEUS�PAIS�SE�SEPARARAM��%LA�NÎO�TINHA�
LEMBRAN¥AS�DA�FAMÓLIA�VIVENDO�JUNTA��3EU�
PAI� SE� CASOU� IMEDIATAMENTE� COM�%LIZA-
BETH�4AYLOR��hMELHOR�AMIGAv�DE�SUA�MÎE��
MAS� QUE� ESTAVA� VIVENDO� UM� RELACIONA-
MENTO�EXTRACONJUGAL�COM�SEU�PAI��&OI�UM�
ESCÊNDALO�NA�ÏPOCA��$EPOIS�ELE�TEVE�MAIS�
quatro casamentos, sempre com atrizes 
OU�CANTORAS�FAMOSAS��%DDIE�ERA�BELO��SE-
dutor, famoso e rico. Sua vida amorosa foi 
TUMULTUADA�� E� #ARRIE� VIVIA� ESSA� INCONS-
TÊNCIA�AFETIVA�DO�PAI��
Sua mãe casou-se mais duas vezes, 
TEVE� UMA� VIDA� RELATIVAMENTE� PACATA�� EM�
COMPENSA¥ÎO�O�RELACIONAMENTO�CONmITUO-
SO�DAS�DUAS�ERA�FREQUENTEMENTE�MANCHETE�
NOS� TABLOIDES� DE� FOFOCAS�� #ARRIE� SEMPRE�
FOI� CURIOSA� E� OBSERVADORA�� CHEGAVA� A� SER�
TÓMIDA�EM�MEIO�A�TANTAS�FESTAS�E�GLAMOUR�
QUE�OS�PAIS�VIVIAM��0ASSOU�A�INFÊNCIA�LEN-
DO�LITERATURA�CLÉSSICA�E�ESCREVENDO�POESIAS��
ERA� UMA� LEITORA� COMPULSIVA�� %STUDOU� NO�
Beverly Hills High School AT� OS� ��� ANOS��
quando surpreendeu a todos e debutou 
COMO�CANTORA�NA�"ROADWAY�COM�O�MUSICAL�
Irene��EM�������OBTENDO�SUCESSO�DE�PÞBLICO�
E�CRÓTICA��)NICIA
SE�AÓ�UMA�CARREIRA�MÞLTIPLA��
NO�DECORRER�DE�SUA�VIDA��ALÏM�DE�SEU�TRA-
BALHO�DE�ATRIZ�E�CANTORA��FOI�ESCRITORA��FO-
TØGRAFA��ROTEIRISTA��PRODUTORA�E�HUMORISTA��
.O� lNAL� DOS� ANOS� ������ TORNOU
SE�
VICIADA�EM�VÉRIAS�DROGAS��%LA�FALAVA�PU-
BLICAMENTE�DE�SEUS�PROBLEMAS�COM�BE-
BIDAS�ALCOØLICAS�E�DROGAS��$IZIA�QUE�ERA�
IGUAL� AO� SEU� PAI�� QUE� FAZIA� USO� DESSAS�
MESMAS�SUBSTÊNCIAS��
A atriz tinha um relacionamento difícil com a mãe 
Debbie Reynolds. Eram duas personalidades fortes, 
combativas e dominadoras. Muito iguais dentro de 
total diferença de estilo de vida 
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Anderson Zenidarci é mestre em Psicologia pela PUC-SP, supervisor e 
palestrante. Coordenador e professor do curso de Especialização em 
Transtornos e Patologias Psíquicas pela Facis, professor de pós-graduação no 
curso de Psicologia de Saúde Hospitalar na PUC-SP. Atua há mais de 30 anos 
em atendimento clínico em diversos segmentos da Psicologia, com especial 
dedicação à psicossomática, transtornos e patologias psíquicas. 
%RAM�DUAS�PERSONALIDADES�FORTES��COMBA-
tivas e dominadoras. Muito iguais dentro 
DA�TOTAL�DIFEREN¥A�DE�ESTILO�DE�VIDA��
%M�UMA�DE� SUAS� INTERNA¥ÜES� NA� CLÓ-
NICA�DE�RECUPERA¥ÎO��#ARRIE�SE�DEDICOU�A�
ESCREVER� UM� LIVRO� TENDO� A� RELA¥ÎO� DELAS�
COMO� TEMA�� #RIOU� PERSONAGENS� CLARA-
MENTE� IDENTIlCADOS� COMO� ELA� E� A� MÎE��
/�LIVRO�Memórias de Hollywood foi muito 
BEM
ACEITO�E�SURGIU�O�CONVITE�PARA�A�PRØ-PRIA�#ARRIE�ADAPTÉ
LO�PARA�O�CINEMA��&OI�
TAMBÏM�UM� SUCESSO� ESTRELADO�POR�DUAS�
DIVAS��3HIRLEY�-AC,AINE�E�-ERYL�3TREEP�
NOS�PAPÏIS�DE�MÎE�E�lLHA�RESPECTIVAMEN-
TE��%M�DEZEMBRO�ÞLTIMO��#ARRIE��AOS����
ANOS��ESTAVA�EM�TURN�INTERNACIONAL�PARA�
LAN¥AMENTO�DO�SEU�LIVRO�Diários da Prin-
cesa�� PUBLICADO�EM�������QUANDO�PASSOU�
por uma emergência medica, dentro de 
um avião no voo de Londres para Los 
!NGELES�� 2ECEBEU� TRATAMENTO� DE� EMER-
GÐNCIA�DE�PASSAGEIROS�MÏDICOS��MAS�DU-
RANTE�A�INTERNA¥ÎO�TEVE�OUTRA�PARADA�CAR-
DÓACA�E�NÎO�RESISTIU��3UA�MÎE�MORREU�UM�
DIA�DEPOIS�� AOS����ANOS�� APØS� SOFRER�UM�
DERRAME�CEREBRAL��DEVIDO�AO�ABALO�EMO-
CIONAL�PELA�MORTE�DA�lLHA��&ORAM�VELADAS�
E�ENTERRADAS�JUNTAS��0RATICAMENTE�EM�UM�
ÉPICE�DO�ROTEIRO�DA�VIDA�REAL��
0ARA�UM�RELACIONAMENTO�TÎO�DIFÓCIL��ESSA�
extrema proximidade representava a re-
LA¥ÎO�AMBIVALENTE�DE�AMOR�E�ØDIO�QUE�TI-
NHAM��3UA�MÎE�ERA�UMA�LENDA�DOS�ÉUREOS�
TEMPOS�DOS�MUSICAIS�DE�(OLLYWOOD��%RA�
ELEGANTE�� LINDA�� DISCRETA�� CLÉSSICA�� CARRE-
GOU� DURANTE� ANOS� O� ESTIGMA� DE�MULHER�
TRAÓDA�E�INJUSTI¥ADA��%RA�AVESSA�A�DROGAS��
encontrado morto na casa de Carrie, em 
UM�QUARTO�DE�HØSPEDES��,EVANTARAM
SE�
SUSPEITAS�DE�QUE�ELE�MORRERA�AO�LADO�DELA��
ENQUANTO�USAVAM�DROGAS�JUNTOS��E�APØS�A�
MORTE�O�CORPO� FOI� LEVADO�PARA�O�QUARTO�
DE� HØSPEDES� PARA� NÎO� COMPROMETÐ
LA��
MAS� NADA� FOI� COMPROVADO��/� QUE� lCOU�
PROVADO��ATRAVÏS�DE�UMA�AUTØPSIA��Ï�QUE�
ELE�MORREU�POR�UMA�OVERDOSE�DE�COCAÓNA�
e OxyContin. 
/UTRA� GRANDE� BATALHA� QUE� ENFRENTOU�
FOI�O�RELACIONAMENTO�COM�A�MÎE�$EBBIE�
2EYNOLDS�� %RAM� VIZINHAS� DE� CASA� EM�
(OLLYWOOD�� DIVIDIAM� O�MESMO� QUINTAL��
 “Sou melhor pessoa 
que atriz. E no meio 
que nasci e cresci 
acontecem mais 
situações inusitadas e 
estranhas que qualquer 
‚������������G�����
escrito” (Carrie Fisher)
Tornou-se mais conhecida por interpretar a 
+���I��G�'��G��G��\����
��‚�����Star Wars, mas 
��GHG���������G���
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16 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
ciberpsicologia Por Igor Lins Lemos
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O USO ABUSIVO DA TECNOLOGIA TEM SIDO PAUTA 
CONSTANTE NO SETTING TERAPÊUTICO E EXIGE QUE OS 
PROFISSIONAIS SE ATUALIZEM SOBRE AS ESTRATÉGIAS QUE 
PODEM SER USADAS EM CONSULTÓRIO PARA O TRATAMENTO
TÉCNICAS para 
dependências tecnológicas
riais básicos de psicoterapia cognitivo-
-comportamental para melhor compre-
ensão do texto a seguir. As estratégias 
fazem parte de um material desenvolvi-
do para uso em consultório, intitulado 
baralho das dependências tecnológicas. Estas 
são apenas algumas das possibilidades 
de intervenção com este tipo de deman-
da (Lemos, 2016).
N
esta edição serão reveladas, de 
forma diretiva, estratégias cog-
nitivo-comportamentais para 
as dependências tecnológicas. 
Em diversos momentos, nesta coluna, 
foram discutidas psicopatologias refe-
rentes ao campo tecnológico. Sugere-se, 
então, que o leitor possa ler inicialmente 
essas temáticas, já publicadas, e mate-
A primeira estratégia que deve ser 
utilizada em consultório é a psicoedu-
cação (sendo a prevenção de recaídas e 
manutenção dos ganhos a última). Nes-
SE�MOMENTO��O�PROlSSIONAL�EDUCA�O�PA-
ciente sobre o que é caracterizado como 
dependência tecnológica, quais são as 
possíveis causas (fatores etiológicos), 
as comorbidades (psicopatologias que 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 17
portamental é a elaboração de uma lista 
de vantagens e desvantagens do uso de 
tecnologia. Essa atividade auxiliará o 
PACIENTE�A�REmETIR�SOBRE�AMBOS�OS�ASPEC-
TOS� E� VERIlCAR� QUAIS� COMPORTAMENTOS�
podem ser inseridos no seu repertório de 
estratégias para combater as dependên-
CIAS� TECNOLØGICAS�� #ASO� ELE� TENHA� DIl-
culdades em acessar essas informações, 
sugira que permita deixar a sua mente 
mUIR�PARA�QUE�O�MÉXIMO�DE�DADOS�POS-
sa ser coletado. Em vários momentos o 
paciente desiste no começo da técnica, 
por isso é importante que generosamen-
te você insista.
Há também o convite de terceiros 
para atividades de lazer sem o uso de 
tecnologia. Essa atividade tem como ob-
jetivo auxiliar o paciente a sentir prazer 
e se envolver em atividades de lazer que 
não tenham ligação com o objeto de de-
PENDÐNCIA�DO�PACIENTE��0OR�lM��SUGERE-
-se que o paciente possa criar um crono-
grama de estudo/trabalho. O terapeuta 
poderá auxiliá-lo nessa construção pre-
enchendo as atividades cotidianas de 
forma organizada junto ao uso de tec-
nologia. Essa tarefa não só ajudará o pa-
ciente a controlar seu uso, mas também 
potencializará o cumprimento das obri-
gações acadêmicas e/ou de trabalho.
Existem diversas outras estratégias 
que podem e devem ser utilizadas em 
consultório, para isso é importante 
que o leitor mantenha suas pesquisas 
e estudos atualizados (aqui temos um 
recorte de técnicas). A demanda de pa-
cientes com dependências tecnológicas 
é grande, porém, infelizmente, ainda há 
UMA�SUBSTANCIAL�LACUNA�DE�PROlSSIONAIS�
preparados para intervir de forma ade-
quada com essa parcela de usuários que 
estão adoecidos.
Igor Lins Lemos é doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento 
pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em Terapia 
Cognitivo-Comportamental Avançada pela Universidade de Pernambuco (UPE). 
É psicoterapeuta cognitivo-comportamental, palestrante e pesquisador das 
dependências tecnológicas. E-mail: igorlemos87@hotmail.com
uso de tecnologia no dia. Se for possí-
vel, sugere-se a criação de uma tabela, 
onde nela será registrado o tempo apro-
ximado de uso de jogo eletrônico em 
cada turno do dia. Sabe-se que devido 
ao uso intermitente, não é possível obter 
um resultado preciso, mas quase, desse 
usufruto. 
A quarta estratégia é limitar o tem-
po de uso de tecnologia. Apesar de cada 
paciente registrar um tempo distinto de 
uso, recomenda-se uma redução para 
ATÏ�DUAS�HORAS�DIÉRIAS� �PARA�lNS�DE�EN-
tretenimento) e sem prejuízos no traba-
lho, vida acadêmica ou relacionamentos 
(para adolescentes esse tempo pode ser 
ainda menor nos dias úteis). Essa meta 
não é fácil de ser cumprida, por isso, é 
importante que se for possível um mo-
nitoramento do paciente por um pa-
rente, ou outra pessoa, esse auxílio é 
interessante. Além disso, apesar dessa 
recomendação de limitar o tempo, cada 
família apresenta um funcionamento 
distinto, então é necessário adaptar essa 
estratégia a cada modelo familiar. 
Outra intervenção amplamente uti-
lizada na psicoterapia cognitivo-com-
Referências: 
LEMOS, I. L. Baralho das Dependências Tecnológicas: Controlando o Uso de Jogos Eletrônicos, 
Internet e Aparelho Celular. Nova Hamburgo: Sinopsys, 2016.
ocorrem de maneira concomitante), os 
sintomas, os prejuízos decorrentes desse 
adoecimento e como a psicoterapia cog-
nitivo-comportamental poderá auxiliar o 
paciente nessa evolução. Nesse momento 
o psicoterapeuta torna o paciente ativo 
no processo de melhora (embasado no 
empirismo colaborativo). É essencial que 
O�PROlSSIONAL�QUE�LIDA�COM�ESSA�DEMAN-
da tenha um conhecimento básico sobre 
tecnologia: os jogos mais utilizados, os 
aplicativos de celular mais debatidos no 
cotidiano etc. É visto que compreender 
o campo tecnológico aumenta a adesão 
TERAPÐUTICA� E� TORNA� O� PROlSSIONAL� MAIS�
seguro no momento das intervenções e 
debates com o paciente. 
Uma segunda importante estratégia 
é auxiliar o paciente a abster-se de um 
APLICATIVO� OU� JOGO� ESPECÓlCO� �TEMPORA-
riamente). Comumente algum recurso 
tecnológico, para um paciente depen-
dente, é considerado como “predileto”, 
sendo nele que o indivíduo despende a 
maior parte do tempo. Nos jogos ele-
trônicos, os títulos mais mencionados 
no consultório são:League of Legends, 
DOTA 2 e Minecraft; nas redes sociais, 
Facebook, Instagram e Whatsapp. Dessa 
forma, sugere-se que, para o paciente 
diminuir seu nível de dependência, o 
elemento de maior risco na manutenção 
do transtorno deve ser reestruturado em 
relação ao tempo e frequência de uso. 
%X�� *OÎO� �NOME� lCTÓCIO	� MENCIONA� QUE�
utiliza excessivamente o jogo League of 
Legends, porém outros títulos são pouco 
jogados. Para que o paciente não tenha 
uma redução completa do seu uso de 
tecnologia (ressalto: o objetivo é sempre 
o uso moderado), é solicitado que ele 
interrompa, por ao menos uma semana, 
esse recurso tecnológico, mas não os 
outros. Após essa intervenção é possí-
vel organizar seu cotidiano e observar 
quais são os pensamentos disfuncionais, 
as emoções em desequilíbrio e os com-
portamentos inadequados relacionados 
a essa “abstinência”.
Outra intervenção possível é solicitar 
ao paciente que ele registre o tempo de 
O PROFISSIONAL 
QUE LIDA COM ESSA 
DEMANDA PRECISA 
TER CONHECIMENTO 
SOBRE OS JOGOS 
MAIS UTILIZADOS 
E OS APLICATIVOS 
MAIS DEBATIDOS PARA 
QUE HAJA ADESÃO 
TERAPÊUTICA
18 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
psicopositiva por Lilian Graziano
de cara. Embora fosse mais reservada 
nas aulas do que eu, percebi que Ana 
era inteligente, que tinha algo a dizer e 
por isso não me conformava com sua 
resistência em acompanhar meu ritmo 
de escrever artigos, fazer resenhas para 
a revista da faculdade, apresentar tra-
balhos na sessão de pôster dos congres-
sos. Incentivava-a a participar e, cada 
vez mais frustrada, observava suas reti-
cências, seu pouco entusiasmo. 
frequentam os cursos noturnos. Cho-
colate, roupa, tupperware... fazia de 
tudo para conseguir uma renda extra 
que me ajudasse a viabilizar meu so-
nho. Foi com sacrifício que terminei a 
graduação e já no ano seguinte estava 
matriculada numa pós, envolvida com 
PRODU¥ÎO� CIENTÓlCA�� CONGRESSOS� ETC��
Foi quando conheci a Ana. Bem nasci-
da, elegante, família rica... em suma, o 
oposto de mim. Ficamos amigas logo 
AO CONTRÁRIO DO QUE MUITOS PENSAM, 
NEM SEMPRE O CONFORTO É UM ALIADO. 
ÀS VEZES ELE PODE SER NOSSO PIOR INIMIGO
A
pesar do desejo, já na infân-
cia, de ser psicóloga, demo-
rei um pouco para me dar 
esse presente, de forma que 
a Psicologia foi minha segunda (e não 
primeira, como haveria de se esperar) 
graduação. Quando entrei no curso já 
ERA�MÎE� DE� DOIS� lLHOS�� COM� ALUGUEL� E�
mensalidade da faculdade para pagar, 
vivendo a realidade de muitos brasilei-
ros que, após um longo dia de trabalho, 
O perigo da 
GAIOLA DOURADA
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 19
Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão 
em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA. É professora 
universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, 
onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área. 
graziano@psicologiapositiva.com.br
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Um dia, após ouvir mais um dos 
meus sermões de engajamento, ela me 
disse que o fato de sermos ambas in-
TELIGENTES� NÎO� ERA� SUlCIENTE� PARA� SU-
plantar a profunda diferença que havia 
entre nós: escolhas. “Você é uma aluna 
brilhante porque não tem escolha”, dis-
se-me Ana com uma dureza quase ele-
gante. “Nunca lhe ocorreu que o con-
forto pode também ser uma maldição? 
Uma gaiola dourada que nos impede de 
alçar voos?” Não. Tendo crescido em 
uma família de recursos limitados, eu 
nunca havia pensado no conforto nes-
ses termos, de forma que aquela frase 
me trouxe uma nova perspectiva. Con-
TINUAMOS� AMIGAS� AT� O� lNAL� DO� CURSO��
e depois disso nossas vidas tomaram 
rumos diferentes. Nunca mais soube da 
!NA�� 0ORÏM�� DIA� DESSES�� AO� REmETIR� SO-
bre o cenário de crise econômica que 
temos enfrentado, algo me fez resgatar 
essa história de mais de vinte anos. E 
isso tem a ver com a gaiola dourada. 
Estabilidade econômica gera gaiolas 
DOURADAS�� 1UE� lQUE� CLARO� QUE� NÎO� SE�
trata de fazermos, aqui, a apologia da 
crise. Todos os esforços para a promo-
ção do crescimento econômico podem 
e devem ser empreendidos. Mas às ve-
zes, a despeito dos esforços, a crise nos 
pega de jeito: menos clientes, menos 
trabalho, desemprego. Tempos som-
brios que trazem tristeza, medo, ansie-
dade, e tantas outras legítimas emoções 
desagradáveis de sentir, sobre as quais 
não pretendo me deter neste texto. O 
VIVEMOS RECLAMANDO NÃO TER TEMPO 
PARA FAZER O QUE GOSTARÍAMOS. O PERIGO 
É QUE O SOFRIMENTO NOS PARALISE 
E NOS TORNE CEGOS PARA AS OPORTUNIDADES 
QUE A CRISE É CAPAZ DE TRAZER
perigo é que o sofrimento nos paralise e 
nos torne cegos para as oportunidades 
que a crise é capaz de trazer.
Consideremos a questão do tempo. 
Vivemos reclamando não ter tempo 
para fazer o que gostaríamos: escre-
ver um livro, fazer jardinagem ou um 
trabalho voluntário. De repente os 
clientes rareiam, o volume de trabalho 
diminui ou, por causa de uma demis-
são, vai a zero. E então o que fazemos? 
Passamos parte do tempo tentando 
resgatar os clientes e o trabalho, é cla-
ro! Mas ainda assim, enquanto eles não 
vêm, nos sobra tempo. E o que faze-
mos com ele? Nada. 
Mas felizmente há aqueles que, 
compulsoriamente expulsos da gaiola 
dourada, ousam o voo. 
De acordo com o levantamento da 
Associação Brasileira de Startups, o nú-
mero de startups no Brasil teve um cres-
cimento de 40% no período de junho de 
2015 a junho de 2016 e, de acordo com 
a mesma entidade, esse número não 
para de crescer. Isso porque, felizmen-
te, existem aqueles que, diante da perda 
de um emprego, preferem, ao invés de 
se jogar pela janela (sim, há aqueles que, 
literalmente, o fazem), se jogar no mer-
cado, aproveitando o que minha amiga 
Ana talvez chamasse de “falta de esco-
lhas” para ir atrás de seus sonhos. Sim, 
até mesmo a crise tem seu lado positivo 
e percebê-lo pode ser, mais do que uma 
questão de sobrevivência, uma oportu-
nidade para a realização. 
Gerenciamento
13º Curso de
do Stress
com certificação internacional
Congresso de Stress da ISMA-BR
(International Stress Management Association)
Fórum Internacional de Qualidade 
de Vida no Trabalho
Encontro Nacional de Qualidade 
de Vida na Segurança Pública
Encontro Nacional de Qualidade 
de Vida no Serviço Público
Encontro Nacional de Responsabilidade 
Social e Sustentabilidade
17º
19º
9º
9º
5º
20 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
psicopedagogia por Maria Irene Maluf
CALIGRAFIA digital?
A TECNOLOGIA ESTÁ CADA VEZ MAIS PRESENTE NO 
MUNDO INFANTIL E TEM GERADO POLÊMICA ACERCA DA 
ALFABETIZAÇÃO TRADICIONAL FOCADA NA ESCRITA À MÃO 
A 
cena é comum: bebês, ainda 
de fraldas, com um celular ou 
tablet em mãos, passam agil-
mente os dedinhos nas telas, 
enquanto seus olhos brilham de alegria, 
lXOS�NAS�IMAGENS�QUE�SE�SUCEDEM��$E-
pois, assistem desenhos, posteriormen-
te curtem joguinhos e, anos depois, co-
meçam a digitar as primeiras letrinhas 
nesses mesmos teclados, até porque al-
gumas escolas estimulam e muitos pais 
APROVAM�INCONTINENTE�
Hoje, para muitas crianças, a tela é 
APRESENTADA� ANTES� DO� PAPEL��5M� LUGAR�
onde o dedo faz (aparentemente) mais 
que o lápis e o prazer encontrado sem 
esforço à frente de um eletrônico pode 
ser (e geralmente é) muito maior do que 
diante de um livro, um caderno, uma 
LOUSA��.ÎO�RARO��CRIAN¥AS�PEQUENAS�PAS-
sam os dedos sobre revistas impressas 
ESPERANDO�QUE� AS� IMAGENS� MUDEM�� ¡�
uma forma de descobrir o mundo, que, 
QUANDO�NÎO�Ï�ÞNICA��Ï�ENRIQUECEDORA�
A própria internet, bem utilizada, é 
uma janela aberta para o conhecimen-
to, e a educação pode tirar muito pro-
veito desse fato, desde que se orientem 
AS�CRIAN¥AS�PARA�lLTRAREM�INFORMA¥ÜES��
SINTETIZÉ
LAS�� REmETIR� SOBRE� ELAS� ANTES�
DE�UTILIZÉ
LAS��4EMOS�ASSISTIDO�GRANDES�
projetos pedagógicos serem desenvol-
vidos por alunos de locais remotos e 
professores com poucos recursos mate-
riais que podem se cercar de riquezas 
virtuais inimagináveis por meio da in-
À luz de vários trabalhos, como ci-
taremos alguns, percebemos que a es-
crita à mão, aquela com que a maioria 
quase total dos humanos hoje vivos se 
alfabetizou, e para a qual nosso sistema 
nervoso se adaptou ao longo dos sécu-
los, pode não ser a única possível, mas 
na opinião de muitos pesquisadores de 
renome internacional parece ser o me-
LHOR�MEIO�DE�ALFABETIZA¥ÎO�
Ninguém aqui está falando de cali-
GRAlA�� LETRA�DESENHADA��A�QUESTÎO�Ï�DA�
ESCRITA�Ì�MÎO��%�NÎO�ESTAMOS�DE�FORMA�
alguma desprezando a tecnologia digi-
tal, os tablets, computadores, celulares, 
mas lhes dando o lugar de riquíssimos 
recursos pedagógicos, muito úteis se 
BEM�UTILIZADOS�
5M�EXEMPLO�IMPORTANTE�QUE�EMBA-
sa essa conclusão é o estudo da neuro-
cientista Karin James, da Universidade 
de Bloomington nos Estados Unidos, 
sobre a relação da escrita à mão com 
O�DESENVOLVIMENTO�DO�CÏREBRO� INFANTIL��
Ela separou em dois um grande grupo 
de crianças não alfabetizadas, mas já 
CAPAZES� DE� IDENTIlCAR� LETRAS� SEM� FOR-
MAR� SÓLABAS�� /� PRIMEIRO� SUBGRUPO� FOI�
treinado para copiar as letras à mão 
e o segundo para copiar no computa-
DOR�� %NTRE� OUTROS� ACHADOS�� POR� MEIO�
de ressonâncias magnéticas realizadas, 
concluiu-se que o cérebro responde de 
forma diferente nos dois tipos de apren-
dizagem e que as crianças do grupo 
que escrevem apenas à mão mostraram 
TERNET��1UANTAS�NOVIDADES�E�CURSOS�ES-
tão ali a um click!
Surgiu há algum tempo, entre al-
guns educadores, a ideia de trazer às 
escolas, mesmos às infantis, o uso de 
computadores e tablets de uma forma 
a substituírem o papel inclusive na hora 
DA� ALFABETIZA¥ÎO�� )SSO� GEROU� UMA� INl-
NIDADE�DE�DÞVIDAS�ENTRE�PROlSSIONAIS�E�
especialistas, pois embora se reconhe-
ça a importância da contribuição que a 
TECNOLOGIA�DIGITAL�NOS�TROUXE�ENQUANTO�
EDUCADORES�� PSICOPEDAGOGOS� E� AlNS��
TAMBÏM� SABEMOS� QUE� TODO� EXAGERO�
costuma trazer mais prejuízos do que 
BENEFÓCIOS� A� LONGO� PRAZO�� !� SOLU¥ÎO�
é buscar nos estudos e pesquisas sé-
rias algumas respostas que norteiem 
a aplicação desses recursos de forma 
a otimizar a aprendizagem de todas 
as crianças, com e sem problemas de 
APRENDIZAGEM��NA�ESCOLA�E�NAS�CLÓNICAS�
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 21
Maria Irene Maluf é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e 
Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de 
Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos em 
publicações nacionais e internacionais. Coordena curso de 
especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br
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PADRÜES�DE�ATIVA¥ÎO�CEREBRAL�MUITO� SI-
MILARES�AOS�DAS�PESSOAS�J�ALFABETIZADAS��
Além disso, os resultados desse es-
tudo indicam que “escrever prepara um 
sistema que facilitou a leitura quando as 
crianças começaram a passar por esse 
PROCESSOv��SEGUNDO�A�DRA��*AMES��1UAN-
TO�A�HABILIDADES�MOTORAS�lNAS�APRIMO-
radas ao escreverem à mão, o seu de-
SENVOLVIMENTO�SE�MOSTROU�BENÏlCO�EM�
VÉRIAS�ÉREAS�COGNITIVAS�
Outros pesquisadores, como Anne 
Mangen, da Universidade de Stavanger, 
Noruega, comprovaram que escrever à 
mão fortalece o processo de aprendi-
ZAGEM�� JÉ� QUE� AS� A¥ÜES�MOTORAS� FORNE-
cem um feedback�IMPORTANTE�AO�CÏREBRO��
Além disso, o tipo de esforço para escre-
ver corretamente em uma folha de pa-
PEL� � EXPRESSIVAMENTE� DIFERENTE� E�MAIS�
COMPLEXO� DO� QUE� O� DE� DIGITAR�� )NCLUSI-
VE�� EXISTE� UMA�MEMØRIA�MOTORA� NA� RE-
gião sensório motora do cérebro, criada 
quando escrevemos, o que é importante 
no processo de reconhecimento visual 
DURANTE� A� LEITURA�� h0ELO� FATO�DE�A� ESCRI-
ta à mão demorar mais que digitar em 
um teclado, o aspecto temporal também 
PODE� INmUENCIAR�NO�PROCESSO�DE�APREN-
DIZAGEMv��ACRESCENTA�A�DRA��!NNE�
0!2!�!3�#2)!.—!3��/�$%$/�&!:�-!)3�15%�/�
LÁPIS E O PRAZER ENCONTRADO SEM ESFORÇO 
À FRENTE DE UM ELETRÔNICO PARECE SER 
-5)4/�-!)/2�$/�15%�$)!.4%�$%�5-�,)62/
Não podemos esquecer, em nossas 
REmEXÜES�� QUE� UM� ASPECTO� FUNDAMEN-
tal para todas as aprendizagens é que 
o cérebro humano se desenvolve a par-
TIR�DAS�TROCAS�COM�O�MEIO��!S�CRIAN¥AS�
APRENDEM� EXPERIMENTANDO�� TOCANDO��
SENTINDO�� VIVENCIANDO�� %STAR� COM� OU-
tras crianças, brincar, falar, manipular, 
jogar fazem parte do amadurecimento 
SADIO�� .OSSO� CÏREBRO� PASSA� NATURAL-
mente por etapas de neurodesenvolvi-
mento, em que as diferentes áreas se 
desenvolvem em tempos diversos, pe-
ríodos sensíveis e críticos se sucedem 
e, se bem estimulado em meio a múl-
TIPLAS�EXPERIÐNCIAS��CRIAM
SE� INDIVÓDU-
os cognitivamente muito mais aptos a 
QUALQUER�APRENDIZAGEM�
22 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
sexualidade Por Giancarlo Spizzirri
DIVERSOS FATORES INFLUENCIAM O FUNCIONAMENTO 
SEXUAL DURANTE A GRAVIDEZ, COMO A FALTA DE 
CONHECIMENTO DAS MUDANÇAS DO CORPO E OS MITOS 
E TABUS QUE ENVOLVEM SEXO E GESTAÇÃO
Momento de 
dúvidas e incertezas 
variações hormonais durante a gravi-
dez, descreveremos algumas delas. O 
primeiro hormônio que mencionare-
mos é a gonadotrofina coriônica huma-
na, que pode ser detectada no sangue 
materno após alguns dias do início da 
gestação. Ela estimula a produção de 
progesterona e estrógenos. A progestero-
N
o consultório, é comum ouvir 
relatos de pacientes que du-
rante o período gestacional 
têm dif iculdade em enfrentar 
as alterações hormonais, a inseguran-
ça da inexperiência, a vergonha, a re-
sistência da parceria no relacionamen-
to, entre outros fatores. Muitas são as 
na é essencial durante toda a gestação, 
ela age no corpo da mulher, preparan-
do-o para a gravidez e o aleitamento. 
Além deles, começa a ser produzido o 
hormônio relaxina, que, em conjunto 
com a progesterona, ajuda na implan-
tação do feto na parede do útero, au-
xilia no crescimento da placenta, além 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 23
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Giancarlo Spizzirri é psiquiatra doutor pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) 
da Faculdade de Medicina da USP, médico do Programa de Estudos em 
Sexualidade (ProSex) do IPq e professor do curso de especialização em 
Sexualidade Humana da USP.
NÃO HÁ UMA ALTERAÇÃO ESPECÍFICA 
DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL QUE 
PROMOVA PERDA DO INTERESSE SEXUAL, E SIM 
O RESULTADO DA INTERAÇÃO DOS ASPECTOS 
BIOLÓGICOS COM OS EMOCIONAIS E SOCIAIS
nado a sentimentos de fragilidade, se-
jam eles motivados pelas dif iculdades 
emocionais pertinentes à gestação e/
ou problemas relacionais com a parce-
ria, entre outros.
Terceiro trimestre: Nessa fase, o 
parto está próximo, e consequente-
mente a ansiedade aumenta, não é 
incomum a diminuição do interesse 
sexual ocasionado pelo estresse asso-
ciado à iminência do parto; além disso, 
as mudanças físicas, mais acentuadas, 
podem acarretar dores físicas que, 
TAMBÏM�� INmUENCIARÎO� NEGATIVAMENTE�
na resposta sexual.
O acompanhamento médico é im-
prescindível durante toda a gestação.Quanto mais bem preparado esse 
prof issional estiver em relação aos as-
pectos concernentes à sexualidade de 
suas gestantes, dúvidas poderão ser 
esclarecidas e dirimidas; assim como 
orientar para que a atividade sexual 
seja interrompida, em situações que 
possam comprometer a saúde da mãe 
e/ou do feto. Muitas vezes, um acom-
panhamento psicológico pode ser im-
portante também. 
Quando não há intercorrências, 
a atividade sexual pode ser mantida 
durante a gravidez, aliado ao fato de 
que a maior produção de hormônios 
durante o período gestacional promo-
ve incremento da lubrif icação vagi-
nal. Portanto, um bom caminho a ser 
seguido pelas futuras e/ou presentes 
gestantes é o conhecimento sobre as 
alterações que seu corpo e psiquismo 
enfrentarão nesse período. A instru-
ção aliada aos aconselhamentos por 
prof issionais envolvidos com a temáti-
ca da sexualidade humana podem ser 
de grande valia para a promoção de 
uma qualidade de vida sexual satisfa-
tória durante a gestação.
namento sexual, dividiremos o perío-
do gestacional em três trimestres. 
Primeiro trimestre: Durante essa 
fase, questões como aceitação e/ou 
rejeição da gravidez poderão ser rele-
vantes e causar angústia. Sentimentos 
ambíguos em relação a esse momen-
to da vida poderão estar presentes, os 
quais, na grande maioria das vezes, 
irão repercutir na resposta sexual. Vá-
rias mulheres não notam diferença no 
desejo sexual no primeiro trimestre 
da gravidez, algumas referem, inclu-
sive, melhora no desempenho sexual; 
entretanto, outras apresentam uma 
diminuição e/ou falta do interesse se-
xual. Não podemos esquecer que as 
alterações hormonais poderão causar 
sintomas como: náuseas, vômitos, so-
nolência e até mesmo depressão, que 
também ref letirão de forma negativa 
no desempenho sexual.
Segundo trimestre: Habitualmen-
te, os temas relacionados à aceitação/
rejeição deixaram de compor o cená-
rio das gestantes (na sua maioria), é 
uma fase que várias mulheres referem 
melhora da autoestima, e, consequen-
temente, percebem-se mais felizes 
com sua aparência, o que inf luenciará 
positivamente no desempenho sexu-
al. Associado ao fato de que sintomas 
como náuseas, vômitos e sonolência 
tendem a desaparecer, o que promove 
bem-estar. Por outro lado, para outras, 
pode ocorrer diminuição do desejo se-
xual, que frequentemente está relacio-
de inibirem as contrações uterinas, 
evitando os partos prematuros. Ou-
tro hormônio relevante, que aumenta 
uniformemente durante a gravidez, é a 
prolactina – que inf luenciará na produ-
ção do leite pelas glândulas mamárias, 
assim como no aumento das mamas. 
Já o hormônio ocitocina, que aumenta 
bastante no f inal da gestação, possi-
bilitará que as contrações uterinas se-
jam ritmadas, até o nascimento, além 
de reduzir o sangramento durante o 
parto. A ocitocina também é liberada 
durante a amamentação e faz com que 
o leite f lua com mais facilidade; assim 
como ela tem importância na ligação 
afetiva entre a mãe e o bebê.
Tendo em vista o mencionado, o 
corpo da mulher passará por diversas 
mudanças durante a gravidez. Vale 
lembrar que não há uma alteração 
específ ica – durante o período ges-
tacional – que promova a perda do 
interesse sexual, e sim o resultado da 
interação dos aspectos biológicos com 
os emocionais e sociais. Por exemplo: 
a gravidez pode ser um dos momentos 
para o redimensionamento dos víncu-
los afetivos de um casal, que poderão 
inf luenciar na intimidade e na respos-
ta sexual; outro aspecto que merece 
ser lembrado diz respeito às “cren-
ças, mitos e tabus” que acompanham 
as alterações pelas quais o corpo das 
mulheres passará. Está relatado que 
mulheres com conhecimento das mu-
danças f ísicas que seu corpo enfren-
tará terão uma relação mais saudável 
com diversos elementos de sua sexu-
alidade; ainda mais quando a parceria 
estiver envolvida nesse processo. Para 
facilitar o entendimento e suas possí-
veis inf luências da gravidez no funcio-
24 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
TOLERÂNCIA
Apesar de ser considerada crime, a manifestação de discriminação, 
seja geográfica, religiosa, de etnia, aparência ou orientação sexual, 
ainda é frequente e pode provocar danos graves à saúde
Preconceito 
gera sofrimento 
PSÍQUICO
Por Sof ia Bauer 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 25
Sofia Bauer possui título de especialista em Psiquiatria pela ABP. É hipnoterapeuta, com formação na 
Fundação Milton H. Erickson, AZ, tem especialização em Psicologia Positiva, com Tal Ben-Shahar, em Nova 
York. Entre os livros lançados estão O Salto do Coração – a Cura por Meio do Amor em um Salto Quântico 
e Roteiros de Hipnoterapia, ambos publicados pela Wak Editora.
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A empatia é mãe 
das emoções 
positivas. Colocar-se 
no lugar do outro, 
sentir o que ele 
sente é fundamental. 
Até mesmo no 
trânsito é possível 
observar isso
Você já imaginou a se-guinte cena: uma crian-ça ser chamada de feia, gorda, baixa, magrela, idiota, burra, colorida, 
chocolate, ferrugem ou gigante? Será que 
alguém gosta quando recebe uma crítica 
ferrenha? Certamente que não. E com 
um adulto é diferente? Também não.
O preconceito é algo danoso à vida 
humana. Inclusive tido como ato ile-
gal, um crime. É preciso mudar isso rá-
pido, pois essa situação está tornando o 
ser humano segregado e infeliz a cada 
dia que passa.
Em princípio todo ser humano é 
bom. Não importam cor, aparência, 
intelecto, religião ou país de origem. E 
onde fica o amor? Pois é exatamente o 
amor que nutre a natureza das pessoas. 
O amor pode curar tudo. A empatia é 
mãe das emoções positivas. Colocar-se 
no lugar do outro, sentir o que ele sente 
é fundamental. Até mesmo no trânsito 
é possível observar isso. Quem já não 
deu uma fechada em alguém ou fez al-
guma “barbeiragem”? Via de regra, se 
alguém faz isso, já é rotulado de igno-
rante, ou então surge a indagação: “não 
vê por onde anda”? Será que não foi só 
um momento de vacilo, um descuido, 
um cansaço? E saímos ofendendo um 
ser humano bom. 
Todo mundo nasce amoroso e tem 
em seus princípios naturais a tendência 
a se relacionar, fazer amizades e cuidar 
do outro com carinho, como deseja ser 
cuidado. Mas o que está acontecendo 
nesse mundo? Preconceito, disputas, 
rivalidades, mau humor, brigas, guer-
ras. Por quê?
Porque parece que todo mundo 
quer o “seu mundo” como prioridade. 
Escolhe sua religião como a melhor, 
seu partido político como o melhor, 
sua cor, seu negócio etc. O ser humano 
necessita de mais amor e mais alegria. 
A vida é reabastecida por essa energia 
maravilhosa. Gentilezas e generosida-
de podem refazer a energia das pessoas.
O Butão, um país tão pequenino 
lá no Oriente, preza pelo nível de fe-
licidade interna de sua população, o 
FIB – Felicidade Interna Bruta. Não 
pelo Produto Interno Bruto (PIB), 
como nos outros países, para ver seu 
desenvolvimento.
A vida de hoje coloca as pessoas 
numa corrida desenfreada pelo consu-
mo. Todos querem ter algo mais e me-
lhor. Por isso, trabalham mais horas e se 
dedicam a TER. Deveriam se dedicar 
mais a SER, como no Butão. A vida seria 
mais prazerosa e educaríamos as crian-
ças do futuro com mais amor.
Será que ninguém vê que se estão 
criando crianças para um mal maior, 
cada vez mais com preconceitos, dife-
renças, agressividade, falta de amor e 
guerras? As crianças que se desenvol-
vem num meio amoroso e que recebem 
elogios verdadeiros de seus pais e edu-
cadores são mais fortes e resilientes às 
dificuldades do futuro.
A autoestima se baseia no amor 
próprio. Num primeiro momento ela 
vem de fora. Vem dos pais que aben-
çoam com seu amor e carinho, que 
dizem que amam seu filho, que o tra-
tam bem. A criança deve crescerrece-
bendo elogios em suas habilidades, em 
suas conquistas. Desde a mais básica, 
como conseguir balbuciar as primeiras 
palavras, bater palmas, entender o sig-
nificado das coisas. Isso ainda em seu 
primeiro ano de vida.
E segue assim. Recebendo elogio 
porque andou sozinha, comeu com as 
próprias mãos, tomou banho sozinha, 
deu o laço no sapato, andou de bicicleta 
com rodinha, sem rodinha, aprendeu a 
escrever seu nome etc. Uma criança 
que recebe elogios e carinho se abas-
tece de autoestima primária. Enxerga 
a si mesma através do amor e cuidados 
dos pais. Ela se vê como especial e quer 
mais elogios. Pois como se abastece 
dos mesmos, os elogios se tornam o 
alimento que faz a autoestima crescer.
Amor
Quem quiser que seu filho tenha uma vida com mais condições 
de lutar pelas oportunidades, em meio 
aos obstáculos, deve cuidar bem dele. 
Dar amor! O cuidado básico e o elogio 
verdadeiro criam na criança uma auto-
confiança. Ela se vê uma pessoa baca-
na. Para isso bastam atitudes simples: 
colocar no colo, falar “eu te amo” sem-
pre, fazer carinho, elogiar as pequenas 
habilidades conquistadas, mostrar os 
talentos natos que a criança pequena 
tenha. O caminho das pedras se baseia 
no amor e no apreciar.
Uma criança que foi elogiada quan-
do pequena enfrenta muito melhor 
qualquer adversidade. Ela é mais se-
gura. Ela sabe que pode dar conta das 
coisas. Em contrapartida, o contrário é 
significativo. No mundo de hoje, com 
tantas dificuldades, pais que não têm 
tempo de cuidar bem de seus filhos, que 
sofrem de ansiedade, depressão ou coisa 
pior como poderão abastecer seus pe-
quenos de amor?
Uma mãe deprimida não elogia, 
não investe em seu filho. Pais mui-
to atarefados podem chegar em casa 
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TOLERÂNCIA
pos extremistas, segregarão pessoas de 
grupos contrários. Participarão de gru-
pos de opinião muito extremistas, por-
que aprenderam a ser preconceituosos.
Destruição
As coisas só pioram com a evolução da humanidade. Contudo, sabe-
-se que essa parte preconceituosa vem 
desde que o homem existe. Mas, infe-
lizmente, será ela a destruir a espécie 
humana em breve (daqui a alguns mi-
lhares de anos ou agora?!).
Se em contrapartida o amor cons-
trói, o mal destrói. Ter preconceito ajuda 
muito a aumentar o sofrimento psíquico 
e o mal-estar da humanidade. Devemos 
cuidar dos nossos e espalhar a luz do 
amor. A nova onda é seguir aqueles que 
ajudam, libertam, trazem paz e amor. 
Dalai Lama uma vez disse: “Basta uma 
vela acesa para acender mil outras velas”.
Que tal entendermos que o mun-
do precisa de mais amor e tolerância? 
Praticar o bem sem saber a quem, isso 
sim traz muita paz e alegria. Se cada um 
parasse e refletisse sobre o seu próprio 
preconceito? O que você discrimina? 
Quem você trata diferente e mal? 
Como você poderia fazer diferente? 
Aplicando a empatia! Colocando-se no 
lugar do outro, vendo com outros olhos, 
estendendo a mão àquele que precisa, 
sem distinguir preconceitos, apenas 
lembrando que ele é um ser humano 
também. Simples, faça o bem!
O sofrimento das pessoas que são 
perseguidas vem do tempo bíblico, 
com os judeus perseguidos e fugidos 
da escravidão do Egito, buscando sua 
Terra Prometida. Ou em séculos atrás, 
os negros africanos que foram escravi-
zados por sua cor. E, hoje, os gordos, os 
homossexuais...
Mas todo mundo é gente! Tem 
sentimentos e dor. E por que discrimi-
namos tanto? Será uma forma de auto-
afirmação de que “sou melhor do que 
você?” Que pena! Ninguém é melhor 
do que ninguém, ninguém é pior do que 
ninguém, nem tampouco ninguém é 
exaustos e não elogiarem ou até mesmo 
brigarem com seus filhos pequenos.
Muitas dessas crianças estão expos-
tas a serem cuidadas de forma negligen-
te por pessoas desalmadas, que podem 
começar a tratá-las mal desde cedo. 
Ofender, desaprovar e até espancar. As-
sim, vemos crianças que já crescem ser 
ter autoestima. Sem estímulo amoroso, 
sem confiança e na condição sub- hu-
mana da falta de cuidados. E, muitas 
vezes, passam fome, frio, medo, raiva e 
estão caladas por não encontrarem um 
meio de se livrarem desse que é, no mo-
mento, “o seu protetor”. 
Essas crianças ainda não têm de-
fesa, não sabem se libertar dos males 
que sofrem pelos seus próprios cuida-
dores. Acabam aprendendo que quem 
cuida é do mal. E evitam contato, 
amor e relacionamentos. Aprenderam 
que cuidador faz mal. Agora, imagi-
nem que essa criança despreparada e 
sem amor-próprio segue para a escola 
e é exposta ao preconceito malvado 
das outras crianças, ou dos professo-
res, de alguém na rua. Como ela vai 
se defender? O preconceito vira um 
grande sofrimento psíquico!
Se a vida começa assim, como fica-
rá essa pessoa no futuro? Ela se tornará 
um agressor, imitando os que um dia a 
agrediram ou tiveram preconceito, se-
Uma criança que 
foi elogiada quando 
pequena enfrenta 
muito melhor 
qualquer adversidade. 
Ela é mais segura. 
Ela sabe que pode 
dar conta das coisas. 
Em contrapartida, 
o contrário é 
significativo
gregando pessoas, formando facções, 
tomando raiva radical de grupos contrá-
rios. Ou se tornará um sofredor, talvez 
até mesmo sofrer de algum mal psíquico 
maior, como a depressão ou transtorno 
de personalidade dissociativo, sofrido 
por aqueles que foram abusados, agredi-
dos quando pequenos.
É possível observar isso com 
frequência entre as crianças pobres e 
abandonadas. Elas se tornam pequenos 
infratores, vendem drogas, assaltam e 
não sentem que estão fazendo mal a nin-
guém. No entanto, acham que estão fa-
zendo justiça contra uma sociedade mal-
vada. Outros se tornarão radicais de gru-
O preconceito é extremamente prejudicial e, por isso, é preciso mudar, pois essa situação está 
tornando o ser humano segregado e infeliz a cada dia que passa
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Muitas crianças estão expostas a 
serem cuidadas de forma negligente por 
pessoas desalmadas, que podem começar 
a tratá-las mal desde cedo. Ofender, desaprovar 
e até espancar. Assim, vemos crianças que 
já crescem sem ter autoestima
igual a ninguém. Cada um é único, fa-
gulha divina, filho de Deus, ser ilumi-
nado. Mas único e diferente do outro. 
Somos todos diferentes, mas iguais. So-
mos seres humanos! 
Como se pode ajudar a quem sofre 
preconceitos? Ensinando as qualidades 
que essa pessoa tem. Mostrando que 
cada um tem um dom, talento especial, 
que pode usar esse dom e levar ao mun-
do coisas boas. Todo mundo pode se-
guir sua vida com um propósito maior. 
Traz sentido à vida, faz o coração saltar 
de alegria. Muda a energia e faz vibrar. 
De certa forma, essa maneira de 
agir, seguir seus propósitos dando sen-
tido à vida pessoal, com prazer e seguin-
do seus talentos, torna a pessoa muito 
mais feliz. A alegria de estar alinhado 
com algo que o indivíduo pode espalhar 
ao mundo ilumina o caminho e traz 
de volta aquela autoestima que um dia 
foi apagada da vida. Mesmo que nunca 
tenha existido, à medida que a pessoa 
consegue realizar tarefas que fazem dar 
sentido à vida, e o faz com prazer, todos 
serão mais felizes. 
Neurociência
E para finalizar, é importante acres-centar que a Neurociência vem es-
tudando que somos os únicos seres na 
IM
AG
EN
S:
 1
23
RF
cial à saúde mental e física. Uma pes-
soa pode deprimir, ter pânico e outras 
doenças mais pelo estresse. Portanto, 
é possível imaginar o quanto sofrem 
aqueles que passam por preconceito 
diariamente? Qual é a tendência deles 
de adoecerem?
Para se conseguir uma vida me-
lhor no planeta, é preciso melhorar o 
amor e a empatia. Que todos possam 
ter uma vida plena, que o preconceito 
seja mesmo combatido e que se possa 
viver com amor e alegria. E Shakes-
peare,

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