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Crimes Digitais

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RESUMO: 
Trata-se de artigo científico, elaborado como Trabalho de Conclusão de Curso, o qual possui como tema principal os delitos praticados na rede, trazendo uma análise completa a respeito dos elementos desses crimes, tais como autoria, classificação e características principais. Também é traçado um estudo a respeito da atuação do Estado Brasileiro na investigação e combate dos crimes digitais, sob o principal aspecto da tipificação dessas condutas, bem como o panorama internacional a respeito desses crimes, frisando-se, para tanto, a necessidade de se estabelecer uma política de cooperação internacional, para uma maior eficiência no combate a esses ilícitos.
PALAVRAS-CHAVE: Crimes Virtuais; Legislação; Combate; Brasil.
SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Crimes Virtuais; 3 Atuação do Estado; 4 Crimes Virtuais no cenário Internacional; 5 Considerações Finais; Referências,
 
1- INTRODUÇÃO
Com o desenvolvimento da tecnologia, o ser humano passou a utilizar-se do sistema informatizado para diversas tarefas, dentre elas se comunicar, resolver problemas, pagar contas, interagir com outras pessoas, tornando assim os computadores indispensáveis, sendo utilizados nos mais diferentes lugares para desenvolver inúmeras atividades.
As tecnologias que surgiram, especialmente a Internet, impulsionaram e continuam impulsionando o processo de globalização econômica e cultural. Porém, esse desenvolvimento acabou passando uma imagem rentável aos criminosos, de que eles poderiam se aproveitar deste meio tecnológico e da falta de preparo, tanto da pessoa física como jurídica, que muitas vezes não providenciam meios seguros para o acesso à internet e nem meios de coibir possíveis ataques, para obter sucesso através de meios ilícitos.
Tal situação propiciou o surgimento de uma nova forma de criminalidade, podendo ser chamada de virtual, por se desenvolver no ambiente virtual da Internet, o ciberespaço.
Com o avanço da tecnologia e a globalização, as pessoas passaram a ter maior acesso a internet e suas ferramentas. Para navegar na rede, não é mais necessário ter um computador em casa, é possível, nos dias atuais, se conectar através de smartphones, tablets, notebooks, entre outros dispositivos portáteis que trouxeram agilidade e benefícios à sociedade.
Essa facilidade no acesso a rede acarretou em uma mudança de hábitos, na qual as atividades cotidianas começaram a ser mais realizadas pela internet, afastando o convívio pessoal e fomentando a relação virtual.
Devido a isto, os denominados “crimes virtuais” passaram então a ser objeto de estudo de diversos doutrinadores e também ganharam atenção do Poder Legislativo, uma vez que cresceu a necessidade de se combater tal prática.
Na medida que a ocorrência de tais condutas cresce, a preocupação da população brasileira desde os órgãos públicos, passando pelas vítimas e os demais usuários, também aumenta, o que tem propiciado um debate intenso no cenário nacional, no qual se tem buscado soluções imediatas e eficientes para esta situação.
Nesse sentido, se torna latente no Brasil a necessidade de se analisar o meio virtual e seus frequentadores, para a adequação da legislação ao cenário atual, e um combate mais eficaz aos crimes cometidos na rede mundial de computadores, haja vista que uma solução para esta situação somente irá surgir, após o enfrentamento de suas causas originárias.
 
2- CRIMES VIRTUAIS
Diversas nomenclaturas podem ser usadas para estes tipos de crimes: crimes virtuais, digitais, informáticos, telemáticos, de alta tecnologia, crimes por computador, fraude informática, delitos cibernéticos, crimes transacionais, dentre outras.
Para Vicente Greco Filho (2000), os crimes virtuais se subdividem em condutas criminosas que utilizam a rede mundial de computadores como um meio, para a prática destes crimes e os atos ilícitos que atentam contra a Internet, como um bem jurídico.
Focalizando-se a Internet, há dois pontos de vista a considerar: crimes ou ações que merecem incriminação praticados por meio da internet e crimes ou ações que merecem incriminação praticados contra a Internet, enquanto bem jurídico autônomo.
Quanto ao primeiro, cabe observar que os tipos penais, no que concerne à sua estrutura, podem ser crimes de resultado de conduta livre, crimes de resultado de conduta vinculada, crimes de mera conduta ou formais (sem querer discutir se existe distinção entre estes) e crimes de conduta com fim específico, sem prejuízo da inclusão eventual de elementos normativos. Nos crimes de resultado de conduta livre, à lei importa apenas o evento modificador da natureza, com, por exemplo, o homicídio. O crime, no caso, é provocador o resultado morte, qualquer que tenha sido o meio ou a ação que o causou. (GRECO FILHO, Vicente, 2000, p. 95).
 
Buscando outros conceitos, Guilherme Guimarães Feliciano (2001, P.31) traz: “ilícitos penais (delitos, crimes e contravenções) que têm por objeto material ou meio de execução o objeto tecnológico informático (hardware , software , redes etc.)”.
Ainda cumpre destacar o conceito de Gustavo Testa Corrêa (2000, p. 43). Para ele, “crimes digitais seriam todos aqueles relacionados às informações arquivadas ou em trânsito por computadores, sendo esses dados, acessados ilicitamente, usados para ameaçar ou fraudar; para tal prática é indispensável a utilização de um meio eletrônico”.
A prática dos crimes fica configurada ao se praticar uma ação típica, antijurídica e culpável contra ou pela utilização de processamento automático e/ou eletrônico de dados ou sua transmissão, podendo atingir diversos bens jurídicos, como o patrimônio financeiro e material, tanto das pessoas jurídicas, quanto físicas, a intimidade, a honra, a inviolabilidade de correspondência, a fé pública e também o sistema informático.
Ainda é possível classificar esses crimes em próprios, que são crimes que só podem ser praticados através dos meios informáticos, não tendo outros meios possíveis, e impróprios, que são crimes que podem ser praticados de qualquer forma, os computadores são apenas mais um meio para a execução destes crimes.
No tocante a essas duas categorias, Marcelo Xavier de Freitas Crespo (2011, p.94) ressalta que:
Temos que para se cometer delitos classificados como impróprios não se verificam grandes diferenças quanto ao modus operandi. Em outras palavras, embora mude o modo pelo qual se pratica a ação delitiva, não se vislumbra a necessidade de conhecimentos técnicos.
Já quanto ao ilícitos classificados como próprios, estes sim, dependem de conhecimento específicos de computação. (CRESPO, Marcelo Xavier de Freitas, 2011, p.94).
 
Nesse sentido, conclui-se que os crimes próprios demandam conhecimento específico e avançado do sistema informático, apresentando sujeitos ativos singulares, como por exemplo, os hackers. Diferentemente dos crimes impróprios, os quais podem ser praticados por qualquer pessoa, haja vista não necessitarem de conhecimentos técnicos.
 
2.1 – CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO
Ao analisar os crimes virtuais, pode-se verificar que tais delitos possuem características peculiares, as quais influenciam diretamente na dificuldade de identificação dos elementos constitutivos destes crimes, bem como sua classificação.
Dentre tais características destaca-se a inexistência do fator distância na prática desses ilícitos e a rapidez com a qual eles são praticados. Os atos executórios podem ser realizados em segundos, o que propicia a prática de um grande número de delitos em pouco tempo, dificultando assim a investigação e punição.
Pode-se estabelecer também o caráter transnacional como uma característica marcante desses crimes, visto que na maioria das vezes em que são praticados, através da rede de computadores e de telecomunicação, seus atos rompem as fronteiras físicas Estatais.
Há que ressaltar ainda a ausência de tipificação destas condutas no Brasil, o que influencia diretamente na atuação da Polícia que, em que pese aplicar subsidiariamente as normas que já existem a estas condutas, ainda não está acostumadaa agir no meio cibernético.
Baseando-se nessas tão peculiares características e levando em conta a evolução tecnológica e o crescimento exponencial de tais condutas, classificar os crimes virtuais têm-se tornado uma tarefa bastante árdua, a qual vem dividindo a opinião de vários doutrinadores.
Dessa feita, muitos escritores, que tratam acerca deste tema, estabelecem como um norte para sua classificação o fato da rede ser utilizada como um meio para prática do crime, ou de este ser praticado contra o próprio sistema informático.
Nesse sentido, como discorre Marcelo Xavier de Freitas Crespo (2011, página 62), a melhor classificação a ser adotada, por ser menos complexa que as demais, é a estabelecida por Ivete Senise Ferreira (FERREIRA, Ivete Senise, op. cit. p. 13-14) e Vicente Greco Filho (GRECO FILHO, Vicente. 2000), que divide os crimes digitais em:
a) condutas perpetradas contra um sistema informático;
b) condutas perpetradas contra outros bens jurídicos.
O que remete à outra classificação já citada, de que as condutas contra o sistema informático representam os crimes próprios, e aquelas contra os bens jurídicos tradicionais, os crimes impróprios.
Nos crimes próprios, os bens jurídicos atingidos são primordialmente os sistemas informatizados ou de telecomunicação de dados, dentre os quais é possível citar como exemplo alguns dos destacados pelo autor Marcelo Xavier de Freitas Crespo (2011, p.64-69, 70-71):
Acesso não autorizado: A conduta de acessar de forma indevida um sistema informático pode se dar por várias razões, como pelo mero gosto por superar desafios técnicos de segurança, pela vontade de invadir a privacidade alheia tendo acesso a informações sigilosas, ou, ainda, por se ter a intenção de manipular, defraudar, sabotar dados. O acesso não autorizado é, portanto, o ilícito básico para a prática de outros tantos possíveis.
(…)
Obtenção e transferência ilegal de dados: como dito o acesso a sistema informático já é grave, mas quase sempre será um meio para a prática de outros ilícitos. A obtenção não autorizada de dados ou informações está entre eles. O acesso a dados de um sistema informático pode se dar por muitas maneiras. Atualmente, uma forma muito simples de obtê-los é por meio dos spywares, para designar arquivos espiões. Um spyware nada mais é que programa que rastreia informações dos usuários contidas em seu computados, como, por exemplo, os sites que costuma visitar.
 
Já dentre os crimes impróprios pode-se destacar aqueles já tipificados pelo ordenamento jurídico brasileiro, mas que também passaram a serem praticados com o auxílio da tecnologia. Evidenciam-se, então, os crimes contra a honra, ameaça, falsidade ideológica e o estelionato.
Desta forma, entre os crimes contra a honra cometidos no meio cibernético verifica-se a ocorrência de injúria, a qual consiste na atribuição de características negativas a uma pessoa, ofendendo, assim, sua honra subjetiva. Temos, como exemplo, xingamentos como “burro”, “vaca” nas redes sociais.
Cumpre salientar também circunstâncias, nas quais se observa a ocorrência do crime de racismo, previsto na lei 7.716/89. No meio virtual, porém, tal ilícito se consuma, com a indução ou incitação de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, mas de uma maneira generalizada.
Através das características únicas e, até mesmo, da divergência entre as classificações, fica evidente a dificuldade de se identificar tais condutas e do Estado atuar de maneira efetiva, assunto que será abordado no tópico a seguir.
 
3 – ATUAÇÃO DO ESTADO
Conforme delineado acima, a ocorrência de crimes virtuais cresceu, tendo como principal fator o avanço da tecnologia, o que não foi acompanhado por uma atuação diligente e eficaz do Estado Brasileiro.
Tal situação é decorrente da crença tanto Estatal quanto da sociedade de que é necessária a criação de uma legislação específica, que tipifique e crie meios operacionais dos órgãos do Poder Público no ciberespaço.
Ocorre, porém, que o Código Penal já tipifica condutas que visam proteger os bens jurídicos, os quais o Poder Legislativo da mesma forma pretende tutelar com a criação de uma legislação especial para os crimes cibernéticos.
No tocante aos crimes virtuais impróprios a questão é mais latente, uma vez que eles consistem em crimes contra a honra, crimes contra o patrimônio e etc., já previstos na legislação penal, apresentando apenas um modus operandi diferente, ocorrendo através da rede, podendo, assim, perfeitamente ser aplicado o já disposto no Código Penal.
Nota-se, então, que a dificuldade de se punir estes crimes especificamente advém de ineficiência técnica e de insuficiência de recursos tecnológicos dos órgãos públicos, e não de uma inexistência de normas penais.
É necessário, portanto, um esforço por parte das autoridades policiais em aprimorarem seu conhecimento técnico em termos de informática, bem como buscarem meios mais eficientes de investigação/combate aos crimes.
Já em relação aos crimes próprios, mister se faz uma atualização na norma penal vigente, trazendo uma tipificação dessas novas condutas, que possuem características específicas, com sujeitos ativos próprios. Nesse sentido, Roberto Chacon de Albuquerque (2006, p. 23):
“A adoção de novos tipos penais pode ter um efeito significativo no combate à impunidade, promovendo também um instituto de abstenção entre os hackers com relação à prática de crimes informáticos, em virtude do receio de serem punidos.”
 
Neste panorama, pode-se destacar, até então, a atuação reativa do Estado Brasileiro, uma vez que somente em decorrência de alguns casos de grande repercussão midiática voltou sua atenção para esse assunto e procurou normatizar alguns ilícitos cometidos virtualmente.
A lei nº 12.737/2012, popularmente conhecida como “Lei Carolina Dieckmann” que incluiu os artigos 154-A e 154-B, criando o crime de invasão de dispositivo informático e alterou os artigos 266 e 298, do Código Penal, exemplifica esta situação, haja vista ter sido criada após a grande repercussão que o vazamento de fotos íntimas dessa atriz teve no cenário nacional.
A lei citada acima surgiu como alternativa à Lei Azeredo, a qual foi alvo de várias críticas em razão do temor de supressão da liberdade virtual, e, ao ser promulgada, somente previu a obrigatoriedade dos órgãos da polícia judiciária se estruturarem, para buscarem o combate de ações delituosas no meio virtual.
Não se deve deixar de destacar, contudo, o esforço demonstrado pelo legislador brasileiro de tipificar certas condutas de grande repulsa social, como a pedofilia, através dos seguintes dispositivos legais do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829 , de 2008)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829 , de 2008)
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829 , de 2008)
 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829 , de 2008).
Esses são alguns exemplos da tentativa do Poder Estatal de se fazer mais presente no que diz respeito ao combate e prevenção dos ilícitos virtuais ainda não tipificados.
Recentemente, a promulgação do Marco Civil da Internet pode ser estabelecida como um grande avanço na postura governamental em busca da regulamentação dos atos da sociedade civil praticados no meio digital.
O estabelecimento de direitos e deveres cibernéticos, ainda que tardio, é de extrema importância para o combate dos crimes virtuais, uma vez que através dessas normas poderá ser vislumbradacom mais facilidade o que está sendo violado, estabelecendo assim as condutas ilícitas.
Desta forma, há uma imensa relação deste texto normativo com o direito penal, haja vista que ao se buscar a proteção dos dados pessoais e cadastrais no meio digital, está automaticamente dificultando a prática de crimes, como por exemplo a obtenção e transferência ilegal de dados.
Uma inovação considerável também trazida pelo Marco Civil é a responsabilização civil, administrativa e criminal dos provedores de Internet, as quais são independentes e cumulativas.
Acerca da responsabilidade criminal, Vladimir Aras, diz:
A responsabilização criminal rege-se pelas leis penais (especialmente o Código Penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e, eventualmente outras leis especiais), tendo como instrumento procedimental o CPP. Obviamente, para este tipo de delinquência, não há responsabilidade criminal de pessoas jurídicas. Hoje, a exceção os crimes ambientais, na forma da Lei 9.605/1998. Logo, neste segmento, só se admite a responsabilidade pessoal e subjetiva de pessoas naturais, isto é, dos administradores de provedores que pratiquem condutas tipificadas nas leis penais, agindo como autores, coautores ou partícipes. (Breves comentários ao Marco Civil da Internet, Blog do Vlad. Disponível em: <http://blogdovladimir.wordpress.com/2014/05/05/breves-comentarios-ao-marco-civil-da-internet/> Acesso em: 24 de maio de 2014).
 
Há também a previsão da obrigatoriedade dos provedores estabelecerem políticas de adequação, objetivando a proteção dos dados pessoais dos usuários, a liberdade de expressão, a neutralidade da rede e ao cumprimento de determinações dos órgãos estatais.
Demais disso, há que se ressaltar as inúmeras propostas legislativas existentes no Congresso Nacional que pretendem regulamentar o tema, tipificando algumas condutas. Todavia, em que pese ser louvável a intenção do legislador em regulamentar tal situação, deve-se destacar a má redação dos dispositivos, bem como a falta de técnica do Poder Legislativo ao se tratar do tema e a necessidade de amadurecimento da composição dos tipos penais.
 
4 – CRIMES VIRTUAIS NO CENÁRIO INTERNACIONAL
O caráter transnacional dos crimes virtuais, consoante já caracterizado acima, vem chamando a atenção do cenário internacional e, cada vez mais, mostrando a necessidade de se criar uma política internacional acerca deste tema, visando uma cooperação entre os sujeitos internacionais e, consequentemente, um combate mais efetivo a essas condutas.
Desde o surgimento da Internet, alguns países já se preocupavam com a necessidade de uma regulamentação internacional no “ciberespaço”. Ocorre que, a medida em que os ilícitos cometidos na rede crescem exponencialmente, atingindo cada vez mais novos usuários, em países diferentes, tal necessidade se torna mais global e mais Estados demandam elaboração de regras internacionais para o mundo virtual.
Neste sentido, em 1994, a ONU publicou um “Manual sobre a prevenção e controle do delito informático”, e apesar de não fixar um conceito de crime informático trouxe algumas modalidades mais comuns de ilícitos e discorreu ainda sobre as principais dificuldades no âmbito de cooperação internacional e de legislação penal.
Em que pese se passaram 20 anos da publicação deste Manual, é possível notar a atualidade de seu conteúdo, haja vista que, em decorrência dos pouquíssimos avanços para a criação de uma política internacional, acerca dos crimes virtuais, as dificuldades nele apontadas, ainda não foram superadas.
Dentre essas adversidades, cumpre destacar a falta de acordo, entre os países, sobre o que deve ser considerado conduta delitiva, a falta de harmonização das referentes leis dos países, a falta de especialização dos órgãos competentes nesse campo e a inexistência de fronteiras físicas, a qual dificulta o estabelecimento da localização do crime e sua competência.
Desta forma, torna-se evidente a necessidade de criação de uma política que estabeleça a cooperação internacional, visando o combate direto aos crimes digitais, bem como o compartilhamento de técnicas, informações e tecnologias, haja vista inúmeros países carecem de meios hábeis para coibirem tais práticas ilícitas.
Conclui-se que o problema acerca da criminalidade informática não se dá somente no âmbito nacional, tendo um caráter transnacional, fazendo necessário esforços, para definir o delito informático a termos comuns, impulsionando a cooperação internacional e harmonizando procedimentos processuais e penais.
 
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem diversos fatores que podem, de certa forma, justificar o aumento da ocorrência dos crimes cometidos no meio virtual, como o crescimento e fácil acesso da população aos meios eletrônicos e à Internet, aumento de transações financeiras/comerciais que ocorrem na rede, falta de segurança e conhecimento das pessoas e o sentimento de impunidade e anonimato que os meios digitais proporcionam.
Uma das principais medidas a serem tomadas pelos órgãos competentes é impor uma maior repressão aos crimes virtuais com a utilização de medidas e normas que façam com que a sociedade possa se sentir mais segura na rede mundial de computadores.
Algumas leis brasileiras são aplicadas aos crimes praticados no ambiente virtual, a exemplo da pedofilia, das fraudes, dos crimes contra a honra e etc. Porém, é preciso um grande esforço para que a legislação penal brasileira possa ser atualizada através da criação de uma legislação específica para os novos tipos penais surgidos, assim como fazer com que punições sejam de fato, impostas.
Além de uma reforma normativa, é necessária uma reestruturação dos órgãos do poder público, no tange aos conhecimentos informáticos, bem como aparatos eletrônicos e tecnologia avançada, visando um combate eficaz contra os delitos virtuais.
Demais disso, cumpre salientar, quanto ao cenário internacional, a necessidade de criação de uma política internacional, que estabeleça a cooperação entre os países, no sentido de propiciar maior facilidade e eficiência na investigação e punição dos delitos digitais, haja vista o caráter supranacional presente em diversos desses crimes.
 
REFERÊNCIAS
CORRÊA, Gustavo Testa. Aspectos Jurídicos da Internet. São Paulo: Saraiva, 2000.
FELICIANO, Guilherme Guimarães. Informática e Criminalidade. Ribeirão Preto: Nacional de Direito, 2001.
GRECO FILHO, Vicente. Algumas observações sobre o direito penal e a internet. Boletim IBCCRIM, v. 8, p. 3, 2000.
BRASIL. Código Penal. Vade mecum. São Paulo: Saraiva, 2011.
ALBUQUERQUE, Roberto Chacon de. A Criminalidade Informática. São Paulo, J. de Oliveira, 2006.
CUKIERMAN, H. L. O Cibercrime no Brasil: Relatório Final. SENASP -COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2005.
CARLI, D. M. Crimes Virtuais No Brasil – Uma Análise Jurídica. UFSM, Santa Maria, 2006.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual do Direito Penal, volume 1: parte geral – 24 ed São Paulo: Atlas, 2008.
BREVES COMENTÁRIOS AO MARCO CIVIL DA INTERNET, Blog do Vlad. Disponível em: <http://blogdovladimir.wordpress.com/2014/05/05/breves-comentarios-ao-marco-civil-da-internet/> Acesso em: 24 de maio de 2014.

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