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Estruturas de Madeira Prof. Alex Leandro de Lima, M.Sc. •Dimensionamento de Elementos Estruturais de Madeira – Carlito Calil Junior / Francisco Antonio Rocco Lahr / Antonio Alves Dias – Editora Manole; • PFEIL, Walter & PFEIL, Michele. Estruturas de madeira. 6.ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2003. •NBR 7190/97 – Projeto de Estruturas de Madeira – Associação Brasileira de Normas Técnicas; •Software TACO – Programa para cálculo de estruturas de madeira segundo NBR 7190/1997 – Juliana Ana Chiarello e Zacarias M. Chamberlain Pravia – FEAR – Universidade de Passo Fundo (http://www.ufp.br/etools). Bibliografia: 1 Conteúdo: 1. Algumas informações fundamentais sobre a madeira; 2. Características físicas da madeira relevantes para o projeto de estruturas; 3. Propriedades de resistência e rigidez da madeira; 4. Considerações sobre ações e segurança em projetos de estruturas de madeira; 5. Critérios de dimensionamento; 6. Ligações em estruturas de madeira; 7. Contraventamento; 8. Classificação estrutural e durabilidade da madeira. 2 1.1. Algumas informaAlgumas informaçções fundamentais sobre a ões fundamentais sobre a madeiramadeira Brasil:Brasil: Como opção para aumentar a atividade econômica e a abertura para os mercados interno e externo (marcado pela competitividade e pela necessidade de alcançar soluções inovadoras para os mais variados problemas) tem-se incentivado o desenvolvimento de políticas no setor florestal; Atividade Florestal:Atividade Florestal: É uma das poucas que, com utilização de métodos racionais de exploração, poderá conjugar a expansão econômica à conservação da qualidade de vida (desenvolvimento sustentado, possível de ser proporcionado pelo setor florestal ). Desenvolvimento Sustentado ou SustentDesenvolvimento Sustentado ou Sustentáável:vel: �Busca não somente produção direta de madeira e matéria prima usada na fabricação de produtos derivados, mas também a geração de outros bens indispensáveis à manutenção do equilíbrio ecológico, tais como: - Melhoria da qualidade do ar devido à fotossíntese; - Biodiversidade (fauna e flora); - Redução da erosão e suas conseqüências. Floresta Amazônica:Floresta Amazônica: �Ocupa área de 2.8 milhões de km2, que abrange os estados do Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins = 33% território nacional. 20% da área original devastados de forma irreversível. 3 Emprego Estrutural da Madeira:Emprego Estrutural da Madeira: A madeira é empregada, com freqüência, para fins estruturais, na solução de problemas relacionados a: •Coberturas: residenciais, comerciais, industriais, construções rurais; •Cimbramentos: para estruturas de concreto (armado e protendido); •Transposição de obstáculos: pontes, viadutos, passarelas; •Armazenamento: silos verticais e horizontais; •Linhas de transmissão (energia elétrica de baixa tensão e telefonia); •Obras portuárias: Deck; •Etc... Principais Preconceitos Inerentes Principais Preconceitos Inerentes àà Madeira:Madeira: •Divulgação insuficiente de informações tecnológicas; •Falta de projetos específicos desenvolvidos por profissionais habilitados; •Mão de obra não qualificada e maquinário obsoleto ou adaptado; •Associação do uso da madeira à “catástrofes ecológicas”. ...“Não está sendo defendida aqui, a exploração irracional e predatória. O que se almeja é a aplicação de um manejo de cultura e exploração inteligente, fundamentado em técnicas há muito dominadas por engenheiros florestais e profissionais de área correlatas, que poderá garantir a perenidade de nossas reservas florestais.”... (Junior, 2002 ). 4 Vantagens da ProduVantagens da Produçção de Madeira para Estruturas:ão de Madeira para Estruturas: •Extração e desdobro (corte das toras) envolvem baixo consumo de energia; •No aço e no concreto, por exemplo, os processos de produção são altamente poluentes, requerendo alto consumo energético; antecedidos por agressões ambientais consideráveis para obtenção de matéria prima( que jamais será reposta); •Aspecto visual muito interessante; •Conveniente desempenho a altas temperaturas (melhor que de outros materiais) apesar da sua inflamabilidade. Na realidade, a carbonatação superficial das peças se transforma numa espécie de "barreira de isolação térmica". Sendo a madeira um mau condutor de calor, a temperatura interna cresce mais lentamente, não provocando maior comprometimento da região central das peças que, deste modo, podem manter-se em serviço nas condições onde o aço, por exemplo, já teria entrado em colapso, mesmo não sendo um material inflamável. Viga de madeira Viga de Aço 5 Tabela 1 – Propriedades de alguns materiais 60- 908 - 1230 - 1100,5 – 1,2 Madeira a tração 8 - 12 210 � 20 E (GPa) 30 - 60 250 40 f (MPa) 50 - 600,5 – 1,2 Madeira a compressão 327,85Aço a tração 162,5Concreto f / � � (t/m3) Material •Outro aspecto que favorece a madeira é sua alta resistência em relação à densidade (uma excelente relação resistência/peso), conforme consta na Tabela 1 a seguir. ClassificaClassificaçção das Madeiras:ão das Madeiras: As madeiras utilizadas em construção são obtidas de troncos de árvores. Distinguem-se duas categorias principais de madeiras: Árvores Botanicamente: Classe das Fanerógamas Gimnospermas Angiospermas Classe mais importante: Coníferas, também conhecidas como softwoods, ou seja, madeiras moles (ou macias). ex. pinheiro-do-paraná, pinheiro-bravo, etc Classe mais importante: Dicotiledôneas, também conhecidas como hardwoods, ou seja, madeiras duras. ex. peroba, ipê, etc 6 Estrutura MacroscEstrutura Macroscóópica da Madeira:pica da Madeira: A seção transversal de um tronco de árvore revela as seguintes camadas: •Na região central do tronco se localiza a medula, tecido macio, em torno do qual se verifica o primeiro crescimento da madeira. • As camadas externas e mais jovens de crescimento constituem o alburno. Tratam-se de camadas com menor resistência à demanda biológica, têm coloração mais clara, aceitando com maior facilidade a aplicação de tratamentos preservativos. •As camadas mais internas do tronco – o cerne – são mais antigas, tendem a armazenar resinas e outras substâncias de alto peso molecular, tornando-se mais escuras, com maior resistência à demanda biológica. •A casca é a proteção externa da árvore. Ela é formada por uma camada externa morta, de espessura variável com a idade e espécie, e uma camada interna de tecido vivo. Sob esta, existe uma finíssima película - o câmbio – (parte "viva" da árvore). 7 a) Anisotropia – reações diferentes segundo a direção da solicitação 2.2. CaracterCaracteríísticas Fsticas Fíísicas da Madeira sicas da Madeira Relevantes para o Projeto de EstruturasRelevantes para o Projeto de Estruturas b) Umidade: •A umidade (água na cavidade das células – fibras – e água absorvida pelas paredes das fibras) da madeira tem grande importância sobre suas propriedades; •Exposta ao meio ambiente ele perde continuamente umidade por evaporação das moléculas livres de água; •Diz-se que ela atingiu o ponto de saturação das fibras (PS). Ficam retidas apenas as moléculas de água no interior das paredes celulares (água de adesão ou de impregnação). Diz-se que a madeira está “meio seca”. Ponto de Saturação: Teor de umidade U(%) entre 20% e 30%; NBR 7190/1997 – PS = 25% 8 •A saída de água livre não interfere na estabilidade dimensional, nas propriedades de resistência e elasticidade; •Após o PS, a evaporação vai prosseguindo com menor velocidade, até alcançar o nível de umidade de equilíbrio (UE) – seca ao ar; •Pela NBR7190/1997, EU = 12% (a 20º C e 65% de umidade relativa do ar); •Percentuais de umidade inferiores a UE, apenas por secagem forçada (câmaras ou estufas); Determinação da umidade pelo método da secagem em estufa: NBR 7190/1997 (Anexo B): •Corpo de Prova (CP) de 2 x 3 x 5(cm); •Pesa-se o CP antes da secagem (mi); •Leva-se a estufa (103ºC) .“ A massa do CP deve ser medida a cada seis horas, até ocorrer, entre duas medidas consecutivas, variação menor ou igual a 0,5% da última massa medida. Esta massa será considerada como a massa seca (ms)”; O processo dura em torno de 48 horas. 100(%) ��� s si m mmU Exemplo 2.1: Deseja-se determinar a porcentagem de umidade de uma peça de Jatobá, a ser empregada na confecção de um piso. Dela se retira uma amostra, de acordo com recomendações da NBR 7190/1997. A massa inicial da amostra é 42,88g. A massa seca é 28,76g. Qual é o valor da umidade procurada (U)? 9 %1.49(%) 100 76,28 76,2888,42100(%) � � � �� � � U m mmU s si Umidade acima do PS Exemplo 2.2: Uma peça de madeira para emprego estrutural tem massa de 6148g a U% de umidade e deve ser submetida à secagem até atingir 12%, condição na qual será utilizada. Sabendo-se que uma amostra retirada da referida peça, nas dimensões indicadas pela NBR 7190/1997, pesou 34,52g (a U% de umidade) e 25,01g (massa seca), pede-se estimar o peso da peça em questão quando for atingida a umidade de 12%. %0,38(%)100 01,25 01.2552,34100(%) �������� U m mmU s si Massa seca: g U mm m mmU is s si 4455 1000,38 6148100 100 100100(%) � � � � � ��� � � mmUmmmmU ssisis 100 (%))(100(%) ����� mi 4455100 445512 � � � gmi 6,4989� 10 Densidade da Madeira (Peso específico): É a quantidade de massa contida em uma unidade de volume. •Densidade real: Relação entre a massa da madeira e o volume efetivo ocupado por ela, descontando-se os vazios ocupados por água e ar. •Densidade básica: Razão entre a massa seca da amostra e o volume saturado, com todos os seus vazios internos preenchidos por água. � 3/ cmg V m sat s bas �� •Densidade aparente: É a razão entre a massa e o volume de corpos-de-prova para o teor de umidade de 12% (NBR 71901997). � 3 12 12 / cmg V m ap �� Obs: Madeiras de maior peso específico apresentam maior resistência. 11 Diagrama de Kollmann: Diagrama de Kollmann, que representa a variação da densidade aparente com o teor de umidade. 12 Variação Dimensional da Madeira: Presença de água de impregnação no interior da madeira Retração Inchamento •Às vezes, espécies com grande disponibilidade em uma dada região não podem ser indicadas para as aplicações nas quais a estabilidade dimensional seja um dos requisitos prioritários. •As variações dimensionais acontecem em diferentes proporções nas direções de ortotropia, sendo praticamente desprezíveis na direção longitudinal, mais acentuadas na direção radial e maiores na direção tangencial. umidade inchamento 13 Tabela 2 - Percentuais de retração 6,0 a 27,0Volumétrica (V) 3,5 a 15,0Tangencial (T) 2,4 a 11,0Radial (R) 0,1 a 0,9Longitudinal (L) Retração Total(%)Direção OBS: A diferença entre as porcentagens de retração radial e tangencial é um dos fatores responsáveis pelo aparecimento de trincas, rachaduras, empenamentos, encanoamentos, torcimentos e outros defeitos no transcurso dos processo de secagem. Dilatação Linear: O coeficiente de dilatação linear das madeiras, na direção longitudinal, varia de 0,3x10-5 a 0,45x10-5 por °C. Na direção tangencial ou radial, este coeficiente varia com o peso específico da madeira, sendo da ordem de 4,5x10-5 °C-1 para madeiras duras e 8,0x10-5 ºC-1 para madeiras moles. 14 2.1 – Tipos de Madeira de Construção As madeiras para construções podem classificar-se em duas categorias: Madeiras MaciMadeiras Maciçças:as: •Madeira bruta ou roliça – mais utilizada em construções provisórias e podem, também, ser empregada para estacas, poste, colunas etc. •Madeira falquejada – tem as faces laterais aparadas por machado, formando seções maciças, quadradas ou retangulares; é utilizada em estacas, cortinas cravadas, pontes etc. •Madeira serrada – o tronco é cortado nas serrarias, em dimensões padronizadas para o comércio, passando depois por um período de secagem. Madeiras Industrializadas:Madeiras Industrializadas: •Madeira compensada – é formada pela colagem de lâminas finas, com as direções das fibras alternadamente ortogonais. •Madeira laminada ou colada – a madeira selecionada é cortada em lâminas, de 15mm a 50mm de espessura, que são coladas sob pressão, formando grandes vigas, em geral de seção retangular. •Madeira recomposta – sob esta designação, encontram-se produtos na forma de placa que são produzidos a partir de resíduos da madeira serrada e compensada convertidos em flocos e partículas e colados sob pressão. Devido à baixa resistência e durabilidade, este material é muito utilizado na indústria de móveis. 15 3.3. Propriedades de Resistência e de Rigidez da Propriedades de Resistência e de Rigidez da MadeiraMadeira As propriedades físicas e mecânicas das espécies de madeira são determinadas por meio de ensaios padronizados em amostras sem defeitos (Anexo B da NBR 7190/1997). Eixos de referência Para a completa caracterização da madeira para uso em estruturas, as seguintes propriedades devem ser determinadas: Compressão: Paralelo à fibras (elevada resistência); 16 Possíveis tipos de compressão na madeira: Tração: Tração paralela às fibras Tração perpendicular às fibras Cisalhamento: Cisalhamento perpendicular às fibras – alta resistência Cisalhamento paralelo às fibras – menor resistência Cisalhamento horizontal Cisalhamento rolling Perpendicular às fibras (aprox.1/4 da resistência à compressão). 17 Flexão Simples: Torção: A NBR 7190/97 recomenda evitar Resistência ao choque: A NBR 7190/97 recomenda realizar ensaio de flexão dinâmica 18 Fatores que influenciam nas propriedades da madeira: Fatores Anatômicos: •Densidade; •Inclinação das Fibras; •Falhas naturais da madeira: encurvamento do tronco e dos galhos durante o crescimento, presença de medula, faixas de perêquima, nós e etc. Presença de medula Faixas de parêquima Nós 19 Fatores Ambientais e de utilização: •Umidade; •Defeitos de secagem; •Defeitos de processamento; •Defeitos por ataques biológicos. Ataque feitos por fungos perfurações pequenas Ataque feitos por fungos perfurações grandes Fungos – mancha azul Podridão clara
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