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Cêurio de Oliveira - Curso de cartografia moderna

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Prévia do material em texto

75/99 
CURSO DE 
CARTOGRAFIA 
~ ...... ERN~ 
Cêurio de Oliveira 
2~ Edição 
Presidente da República 
Itamar Franco 
Ministro-Chefe da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação 
Alexis Stepanenko 
FUNDAÇÃO INSTITUTO 
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA 
E ESTATÍSTICA-IBGE 
Presidente 
Silvio Augusto Minciotti 
Diretor de Planejamento e Coordenação 
Mauricio de Souza Rodrigues Ferrão 
ÓRGÃOS TÉCNICOS SETORIAIS 
Diretoria de Pesquisas 
Tereza Cristina Nascimento Araújo 
Diretoria de Geociências 
Sergio Bruni 
Diretoria de Informática 
Francisco Quental 
Centro de Documentação e Disseminação de Informações 
Nelson de Castro Senra 
Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação 
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA ·IBGE 
IBQE _ Rede de BtbUotecu 
Dir~ria de lni'ormát~a. 
Curso 
de Cartografia 
Moderna 
Cêurio de Oliveira 
211 edição 
Rio de Janeiro 
1993 
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA 
Av. Franklin Roosevelt, 166- Centro- 20021-120- Rio de Janeiro, RJ- Brasil 
IBGE· CDDI/DEDOC 
IDE DE I 11 LI O T ECA 
1.1 de tea. •-~ ........ s __ 
l1t11 ~.3.03 ,q<=) 0 .J?c:-l 
-------'J~"'\' 
EDIÇÃO E IMPRESSÃO 
Departamento de Editoração e Gráfica -
DEDIT/CDDI, em novembro de 1993, 
os 03.03.1.0417/93. 
CAPA 
Aldo Victorio Filho - Divisão de Promoção/Depar-
tamento de Promoção e Comercialização-
DECOP/CDDI. 
ISBN 85-240-0465-7 
©IBGE 
11 edição - 1988 
21 edição - 1993 
Oliveira, Cêurio de. 
Curso de cartografia moderna I Cêurio de Oliveira. -
2. ed. - Rio de Janeiro : IBGE, 1993. 
152 p.: il. 
ISBN 85-240-0465-7 
1. Cartografia- Estudo e ensino. I. Título. 
IBGE.CDDI. Dep. de Documentação e Biblioteca 
RJ/IBGE-93119 CDU 528.9 
Impresso no Brasil/ Printed in Brazil 
Apresentação 
A presente obra Curso de Cartografia Moderna 
desenvolvida pelo Professor Cêurio de Oliveira, apre-
sentada à Comunidade Cartográfica na década de 80, 
objetivava colocar à disposição de técnicos e profis· 
sionais da área temas que abordavam assuntos espe· 
cíficos de interesse de quem se utiliza da Ciência 
Cartográfica. 
A enorme aceitação dos conhecimentos difundidos 
pelo autor superou as expectativas iniciais pela procu· 
ra da publicação. 
O IBGE, no intuito de atender à crescente demanda 
pela obra, entendeu que sua reimpressão, certamen-
te, continuará merecendo referências muito elogiosas 
pelo público usuário da área de Cartografia. 
Rio de Janeiro, RJ, novembro de 1993 
Silvio Augusto Minciotti 
Presidente do IBGE 
DO MESMO AUTOR: 
As Pesquisas e os Estudos Fotogeoeconômicos (tese 
de livre-docência- UERJ)- Rio de Janeiro, 1968. 
Report on the 1971-1974 Cartographic Mission in 
Nigeria - Lagos, 1974. 
Dicionário Cartográfico (41 edição) - Rio de Janei-
ro, 1993. 
Glossary of Cartographic and Photogrammetric 
Terrns (em co-autoria), nos seguintes idiomas: inglês, 
espanhol, fràncês e português, sob a responsabilidade do 
Instituto Panamericano de Geografia e História (IPGH) -
México, 1986. 
No prelo: Vocabulário Inglês-Português de Geociên-
cias. 
Quando, em 1958, o então titular de cartografia 
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 
professor Héldio Lenz Cesar, deixou o Pais para 
trabalhar na Unidade Cartográfica das Nações 
Unidas, eu fui indicado para substitui-lo. 
Procurei, desde a primeira aula, esforçar-me, ao 
máximo, para transmitir aos estudantes um tema 
com que tivesse intimidade, uma vez que vinha 
exercendo a profissão de cartógrafo, no IBGE, desde 
há muitos anos. Mas ensinar cartografia visando à 
formação de professores de geografia era uma estréia 
difícil, dado que a bibliografia cartográfica para 
fins didáticos, em língua portuguesa, era absoluta-
mente escassa. Iniciei, então, a preparação para 
cada aula de uma apostila mimeografada destinada 
aos alunos. 
Nos anos que se seguiram, as apostilas foram 
inteiramente revistas e o conteúdo do programa 
cresceu em qualidade, não só devido à experiência 
adquirida, como pela aquisição de farta bibliografia 
cartográfica estrangeira que sempre pesquisei para 
me manter em dia com os novos e modernos in-
fluxos didáticos e técnicos. Foi quando, em 1971, 
fui encarregado, pela ONU, duma missão carto-
gráfica junto ao governo da Nigéria, encargo que 
não pude concluir senão três anos depois. A partir 
de 1974, ao voltar da África, revi, mais uma vez, 
aquele material, atualizando-o, dessa feita, segundo 
os últimos avanços que, incorporados sob a forma 
de instrumental, de técnicas, de materiais de tra-
balho, etc., vêm transformando o método técnico-
Por que este livro 
cientifico tremendamente dinâmico, sobretudo no 
que diz respeito à automatização da elaboração de 
cartas de várias espécies, aos instrumentos e pro-
cessos fotogramétricos, ao sensoriamento remoto, etc. 
Verificando, ultimamente, que a bibliografia 
cartográfica, em nosso idioma, ainda se ressentia de 
quase as mesmas deficiências -de há vinte anos, e, 
concorrendo o fato de os cursos de cartografia terem 
se multiplicado em todo o território nacional, 
resolvi reestruturar a matéria num conteúdo homo-
gêneo e atual, o qual espero consiga preencher a 
presente lacuna nos Institutos de Geociências do 
Brasil. 
Visando alcançar o objetivo a que me propo-
nho, procurei aliar o texto a boas ilustrações, a 
fim de que os estudantes possam sempre se valer 
de uma figura ilustrativa bem planejada, com o 
propósito de que o texto fique bem elucidado. Para 
esse mister encarreguei a maior parte das ilustrações 
ao nanquim do jovem e talentoso desenhista Se-
bastião Monsores, a quem nenhuma palavra, aqui, 
seria apropriada para expressar o meu reconheci· 
mento. 
Resta-me um apelo aos professores e aos alunos 
que irão servir-se deste meu modesto mas muito 
suado produto. Escrevam-me sobre este livro, por-
que ele pertence menos a mim do que a vocês. 
Cêurio de Oliveira 
Rua Paissandu, 199/304 
22210 Rio de Janeiro. 
I. 
1.1 
1.2 
1.3 
2 . 
2 .1 
2.2 
2.3 
2.4 
2.5 
2.6 
2.7 
2.8 
2.9 
3. 
3 .1 
3 . 1.1 
3.2 
3.2.1 
3 .2.2 
3.2.3 
3 .3 
3.3.1 
3.3.2 
3.3.3 
3.3 .3.1 
3.4 
3 .4 . 1 
3.4 .2 
3.4.3 
- Cartografia: algumas defini-
ções .. .. .. .... · · · · · · · · · · · · · · · 
- A es~era de ação cartográfica . . . 
- Metodologia cartográfica ..... . 
- Cartografia e geografia .... . . . . 
- Esboço histórico .. . .. . ....... . 
- Os mapas primitivos ...... . .. . 
- Os antigos levantamentos . .... . 
- Os mapas medievais .......... . 
- A cartografia moderna .... .. . . 
- Os levantamentos modernos .. . 
- Os mapas do Brasil nos pri-
meiros séculos . . .. . ... . . . . ... . 
- A cartografia brasileira do 
século XIX . . ... ..... . . .. .... . 
- A moderna cartografia brasi-
leira ... . ... . ............... . . 
O mapa de ontem e o mapa 
de hoje .... . .. .... ..... · · · · · · 
- Classificação de cartas ... . .. . . 
- Mapa e carta . . .............. . 
- Plantas •... .. .. .. ... . ... . .... 
- Os mapas segundo seus obje-
tivos . . . . . ..... . . . . . . .... . ... . 
- Mapas gerais ... ....... . . .. .. . 
- Mapas especiais . ... . . .. . . . ... . 
- Mapas temáticos .. . . . ..... . .. . 
- Os mapas segundo a escala . ... . 
- Carta cadastral .. . . .. . .. ... .. . 
- Carta topográfica . .... ....... . 
- Carta geográfica . . . . . .. ... . .. . 
- A Carta Internacional do 
Mundo (CIM) ao milioné-
simo . .. .. . . ... ·. · · · · · · · · · · · · · 
Os atlas 
- Os atlas nacionais .... .. ... .. . 
- Os atlas de referência ... . .... . 
- Os atlas complexos . ... .. ... . . 
13 
13 
14 
14 
17 
17 
18 
19 
20 
21 
25 
27 
28 
30 
31 
31 
31 
32 
32 
32 
32 
33 
33 
33 
36 
36 
36 
37 
37 
37 
3.53.5 .1 
3.5.2 
4 . 
4 . 1 
4 .2 
4. 3 
4.3. 1 
4 .4 
5 . 
5 .1 
5 .2 
5 .3 
5.4 
5.5 
6. 
6 .1 
6.1.1 
6 .2 
6.2.1 
6.3 
7. 
7 . 1 
7 . 1.1 
7 .2 
7 .2 .1 
7.2.2 
7.2 .3 
7 .2.4 
7.2.5 
7.3 
7.4 
7.5 
Sumário 
- Os globos . ..... .. ... . ... . . . . 
- Breve histórico 
- Sua construção ... . . .... . .. . . . 
- Séries cartográficas ........... . 
- Formatos . ...... . . ... . ..... .. . 
- Séries de cartas . .. ... . . . .. ... . 
- Títulos e índices de referência . . . 
- índice de nomes 
- Informações marginais ........ . 
- Escalas 
- Classificação . . ........ .... .. . . 
- A escolha da escala .. .. . . .. .. . . 
- Problemas ... . ........ . . .. . . . . 
- Construção de escalas gráficas .. . 
- Ampliação e redução .. . .. . . .. . 
- Esfera terrestre ...... .. . .... .. . 
- Meridianos e paralelos .... . . . . 
- Latitude e longitude ......... . 
- Coordenadas geográficas .. . . . . . 
- Marcação de coordenadas .. .. . . 
- Fusos horários ...... .. . . .. .. . . 
- Projeções cartográficas . ... ... . 
- O desenvolvimento da esfera . . . 
- Condições que devem ser cum-
pridas pelas projeções .. . . . . .. . 
- Classificação das projeções .... . 
- Projeções equivalentes .... . ... . 
- Projeções conformes . .. . . . . .. . . 
- Projeções eqüidistantes ... . ... . 
- Projeções azimutais ... ...... . . 
- Projeções afiláticas . ....... . . . . 
- O eixo duma superfície de 
projeção .............. . . . .. . . 
- Projeção de Mercátor ... ...... . 
- Projeção cônica conforme de 
Lambert . ... . . ... .. .. .. ... . · · 
38 
38 
38 
41 
41 
41 
41 
43 
43 
45 
46 
46 
47 
47 
48 
51 
51 
52 
53 
53 
53 
57 
57 
59 
60 
60 
60 
62 
62 
63 
63 
64 
64 
7.6 
7.7 
7 .7 . 1 
7.8 
7 .9 
8. 
8 .I 
8 . 1.1 
8 . 1.2 
8.1.3 
8.2 
8.3 
8.4 
9. 
9.1 
9.2 
9.3 
9.4 
9.5 
9.6 
9.7 
10 . 
lO .1 
10 .2 
10.3 
10.4 
10.4.1 
10 .4.2 
10.4.3 
10.4.4 
10 .4 .5 
10.4 .6 
10 .5 
10 .6 
10 .7 
10.7.1 
10.7.2 
10.7.3 
10.8 
10.9 
ll. 
li. I 
- Projeção policônica .. .. ... ... . 
- Outras projeções . .. . .... .. . . . . 
- Projeções para o mapa do 
Brasil ........ . . .. ........... . 
- O sistema UTM .. .... .. .... . . 
- Coordena tógrafos .. . ...... .. . . 
- Documentação cartográfica ... . 
- Organização duma mapoteca . . 
- Arquivamento ... . .... ....... . 
- Catalogação ... ..... .... .... . . 
- Classificação . . .. . . .. .. . ... . . . . 
- Microfilmes 
- Toponímia ..... . .. . .... .. . . . . 
- Informática ... . ........ ..... . 
- Organização e planejamento 
duma carta .. ... .... .... . .. . 
- Finalidade . . .... ... .. .. . . .. . . 
- Documentação . .. .. . ..... . .. . . 
- Escala ..... ... .. ..... .. ... . . . 
- Sistema de projeção .... . ..... . . 
- Base cartográfica . .... ...... . . . 
- Formato .. . ... .. . . .. . ....... . 
-Tiragem 
- Sensoriamento remoto . ..... . . . 
- Generalidades ....... . ..... .. . 
- Pequeno histórico . . .... .... . 
- Princípios físicos ... ........ . . . 
·- Principais tipos de sensores . . . . 
-Câmaras . . . ...... .. .. ... . . . . . 
- Câmara multiespectral . . . . . . . . 
- Radiômetros . . .... . ..... . ... . . 
- Varredores .... . ............. . 
- Espectrômetros .. . . .......... . 
- Radar ........ .. ... . ........ . 
- Radambrasil 
- Sistemas de sensores conheci-
dos; suas plataformas e 
veículos .. .. . ................ . 
- Algumas aplicações .... . . . . . . . . 
- Pesquisas geográficas . . .. . .... . 
- Meteorologia .. . . . ... ..... .. . . 
- Outras áreas de aplicação . .. .. . 
- Sensores de posição . ......... . 
- O futuro próximo .... . .... . .. . 
- Levantamentos ... . . ...... . .. . 
- Elipsóides de referência . ... . .. . 
65 
66 
66 
66 
68 
71 
71 
72 
73 
74 
74 
74 
77 
79 
79 
79 
80 
80 
81 
81 
82 
83 
83 
83 
84 
84 
85 
85 
85 
85 
85 
86 
86 
86 
89 
89 
90 
91 
91 
91 
93 
93 
11 .2 
11 .3 
11.4 
li. 4 . 1 
11. 4. 2 
11.4 .3 
11.5 
12. 
12. l 
12.2 
12.2 . 1 
12 .3 
12 .4 
12 .4 . 1 
12 .4.2 
12 .5 
12.6 
12 .6 .I 
12.7 
12 .8 
12.9 
12 . 10 
13 . 
13 .I 
13 . I . I 
13 . 1.2 
13 . l . 3 
13.1.4 
13 . 1. 5 
13 . 1. 6 
13 . 1.7 
13 .2 
13 .2 . 1 
- Levantamentos geodésicos . . . . . . 93 
- Levantamentos topográficos . . . . 94 
- Levantamentos básicos . . . . . . . . 96 
- Controle horizontal . . . . . . . . . . . 96 
- Controle vertical . . . . . . . . . . . . . . 96 
- Controle terrestre . . . . . . . . . . . . . 97 
Reambulação . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 
Fotogrametria . . . . . . . . . . . . . . . . 99 
- Conceito e aplicações . . . . . . . . . . 99 
- Fotografias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 
- A câmara aérea . . . . . . . . . . . . . . . 100 
- Vôo fotogramétrico . . . . . . . . . . . . 100 
- Cobertura fotográfica . . . . . . . . . . 101 
- Irregularidades convencionais . . . 102 
- Superposição fotográfica . . . . . . . I 02 
- Estereoscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 
- Aerotriangulação . . . . . . . . . . . . . . 104 
- Triangulação radial . . . . . . . . . . . 105 
Restituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 
Mosaicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 
Fotocarta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 
- Fotointerpretação . . . . . . . . . . . . . 107 
- Representação cartográfica . . . . . I 09 
- Planimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 
- Hidrografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . I 09 
- Aspecto do solo . . . . . . . . . . . . . . . IIO 
- Vegetação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 
- Unidades políticas ou admi-
nistrativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 
- Localidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 
Sistemas viários .e de comuni-
cação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lll 
Linhas de limites . . . . . . . . . . . . . 111 
- Altimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 
- Curvas de nível . . . . . . . . . . . . . . . 113 
13 . 2 . I. 1 - Eqüidistância .. .. .. .. .. .. .. .. . ll4 
13 .2 .I. 2 - Interpolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 
13 . 2 . I. 3 - Cores h i psométricas .. .. .. .. .. . 114 
13 . 3 - Relevo sombreado . . . . . . . . . . . . 115 
13 . 4 - Perfil topográfico . . . . . . . . . . . . . ll6 
13 . 5 - Blocos-diagramas . . . . . . . . . . . . . 117 
13. 6 - Plastificação em alto-relevo . . . . 117 
13 .6.1 - Modelagem .. .. .. .. .. .. .. .. .. ll8 
13 .6 .2 - Molde e maqueta . . . . . . . . . . . . . 119 
13.6. 3 - Impressão e modelagem em 
plástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 
13 . 7 Outros métodos de represen-
tação do relevo . . . . . . . . . . . . . . . 120 
13.8 
13.9 
13.9.1. 
13.9.2 
13.9.3 
- Os pontos de controle ........ . 
- Letreiros .................... . 
- Tipos de letras .............. . 
- Posições dos nomes ........... . 
- Abreviaturas ................ . 
120 
120 
120 
121 
122 
14 . - Original cartográfico . . . . . . . . . . 123 
14 .1 
14.2 
14.2 . 1 
11.2.2 
14 .2 .3 
14.3 
14.4 
14.4.1 
14.5 
15. 
15 . I 
15 .2 
15 .3 
15.3.1 
15 .4 
- Confecção do letreiro ...... . 
- Compilação . . ...... ... ..... . . 
- Coleta .. ... .... ....... . ..... . 
- Seleção do material ........... . 
- Folha-mãe ................... . 
- Generalização ............... . 
- 1\IIinuta .................... . . 
- Fotoanálise .. . . .. ... ...... .. . . 
- Revisão (ou atualização) ..... . 
- Originais de reprodução ...... . 
- M~todos de reprodução ..... . . . 
- Laboratório fotogdfico 
- Negativos ......... ........ .. . 
- Fotoplásticos .... ... ......... . 
- Preparação ...... ............ . 
123 
124124 
124 
125 
125 
126 
126 
126 
129 
129 
130 
130 
131 
131 
15 . 5 - Separação de cores . . . . . . . . . . . . 132 
15. 5. 1 - Montagem do letreiro . . . . . . . 133 
15.6 
15.7 
15.8 
15.9 
15 .I O 
15 . 10.1 
Apêndice 
A 
A a 
Ab 
A c 
Ad 
Ad 
Ad 2 
A e 
Af 
Ag 
Ag I 
- Gravação ..... .. . . ...... . .... . 
- Máscaras ............. ....... . 
- Provas de negativos .......... . 
- lm pressão ................... . 
- Positivos ......... .... .. ..... . 
Processo ofsete ... .. ..... .... . . 
- Coo~d~nação e divulgação car-
tograflcas . ............. .. .. . . 
- O papel das Nações Unidas ... . 
- Formação de uma mentali-
dade cartográfica ............. . 
- Diretrizes e bases da carto-
grafia brasileira ...... ... . .. . 
- Sistema Cartográfico Nacional .. . 
- órgãos federais de atividades 
cartográficas prioritárias . ..... . 
- órgãos federais de atividades 
cartográficas afins ............ . 
- órgãos estaduais . .... ..... . . . . 
- órgãos nacionais privados .. .. . 
- Associações cartográficas .. . . .. . 
- Sociedade Brasileira de Car-
tografia ............. ..... ... . 
133 
134 
135 
136 
136 
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143 
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 
Prefácio 
Bastante lisonjeado ao prefaciar esta obra de 
grande valor para a ciência cartográfica, agradeço 
ao autor pela oportunidade de poder prestar minha 
colaboração a esse seu empreendimento. 
Ao longo de minha carreira como Engenheiro 
Cartógrafo do Exército, mantive contatos com vários 
trabalhos de cunho didático, destinados não só ao 
aprendizado, mas também a facilitar a execução 
das tarefas afetas à Cartografia, muitos deles dignos 
de todos os louvores, tanto por seu conteúdo, como 
pelo excelente nível em que os assuntos eram 
abordados. 
Assim, apoiado nesta minha experiência, fruto 
de vários anos de trabalhos e estudos na área carto· 
gráfica, pude examinar este CURSO DE CARTO-
GRAFIA MODERNA, analisando-o detalhada-
mente, tecendo comparações com outros autores, 
para concluir, de maneira inteiramente favorável, 
pela excelência desta obra. 
O trabalho do Professor Cêurio destaca-se pela 
diversificação dos temas abordados, abrangendo os 
vários campos de atividades relacionadas à Carto-
grafia, caracterizando-se, dessa forma, como uma 
coletânea que vem suprir a comunidade cartográ-
fica de informações de alto valor para o desempenho 
de suas funções, além do fato primordial de ser, 
para aqueles ainda em formação, uma fonte de 
conhecimentos que lhes minimizará os esforços na 
trilha para alcançar uma formação profissional 
efetivamente sólida. 
Esta iniciativa do Professor Cêurio é, portanto, 
merecedora dos mais efusivos elogios, tanto por seu 
significado como obra científica, como, principal-
mente, pela intenção do autor de transmitir, de 
forma clara, concisa e abrangente, os conhecimentos 
adquiridos em função do esforço individual des-
prendido ao longo de sua carreira profissional, 
aliado ao seu espírito de incansável pesquisador. 
Brasília-DF, 1983. 
Gen Div ARISTIDES BARRETO 
Diretor do Serviço Geográfico do Exército 
1. Cartografia: algumas definições 
Como iremos ver no capítulo seguinte, o mapa 
antigo era extremamente simples, às vezes bem 
esquemático (os mapas T-0, por exemplo) , no que 
toca ao conteúdo informativo. isto é. aos dados de 
natureza geográfica. 
De posse das informações fornecidas por via-
jantes, pilotos, etc., o cartógrafo que, via de regra. 
era também o gravador de seus mapas, portanto, 
um artista, de par com os conhecimentos inerentes 
a sua arte singular, compunha o mapa, embele-
zando o e o gravava em madeira. Como se depreende 
disso, o campo cartográfico era extremamente limi-
tado. 
O Dicioná1·io Contemporâneo da Língua Por-
tuguesa define, assim, o termo cartogTafia: "Arte 
de traçar ou gravar cartas geográficas ou topográfi-
cas··. O Novo Dicionário Brasileiro Melhoramentos 
é mais sintético: "Arte de compor cartas geográ-
ficas". E o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 
de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, assim 
explica: "Arte ou ciência de compor cartas geográ-
ficas; tratado sobre mapas". O Webster informa: 
"Arte ou prática de fazer cartas ou mapas" t, O 
Larousse avança um pouco mais: "Arte de desenhar 
os mapas de geografia: Mercátor criou a cartografia 
científica moderna" 2• E um léxico alemão moderno, 
De1· Volks Brockhaus se estende mais ainda: "Pro-
jeto e desenho de cartas geográficas, plantas de 
cidade, etc." s. 
Como se vê, até os nossos dias, e no mundo 
todo, o campo das atividades cartográficas perma-
nece, em geral, muito estreito, simplificado demais, 
para o grande público, conforme as definições dos 
dicionários. E sobretudo mal caracterizado. 
1 .1 A esfera de ação cartográfica 
\J As Nações Unidas, através de uma comissão de 
especialistas em cartografia, reunida em Lake Suc-
cess, em 1949, no sumário do relatório assim definiu: 
"A cartografia é a ciência que se ocupa da elabo-
ração de mapas de toda espécie. Abrange todas as 
I The art or practice of making charts and maps. 
2 Art de dresser les cartes de géographie: Mercator a 
cre'e la cartographie scientifique moderne. 
3 Das Entwerfen und Bearbeiten von Landkartes, 
Stadtplãnen usw. 
fases dos trabalhos, desde os primeiros levantamen-
tos até a impressão final dos mapas" 4 • -
Houve um visível exagero na fixação do campo 
cartográfico, colocando sob a égide da cartografia, 
a astronomia, a geodésia, a topografia, a fotogra-
metria e a oficina ofsete. Esta ambiciosa definição 
foi criticada tacitamente pelos cartógrafos de todos 
os países, uma vez que o campo da elaboração 
cartográfica é bem diferente. Na realidade, percebe-
se hoje que os especialistas da ONU, em 1947, se 
referiam preferentemente ao vocábulo mapeamento, 
ao invés do termo cartografia. É que as discussões 
em Lake Success, quase sempre em inglês, giravam 
em torno do problema mundial do mapping tal 
qual se apresentava após a li Guerra Mundial. 
Ora, mapping, que, diga-se de passagem, pode igual-
mente ter o sentido de cartografia, representava, 
naquela oportunidade, um problema a ser resolvido 
no mundo de após guerra. Impunha-se um programa 
racional de mapeamento. 
_,. Foi a Associação Cartográfica Internacional 
(ACI) , por ocasião do XX Congresso Internacional 
de Geografia, reunida em Londres, em 1964, que 
veio, pela primeira vez, estabelecer, em síntese, mas 
com precisão, o campo das atividades intimamente 
ligadas à cartografia: "conjunto de estudos e ope-
rações científicas, artísticas e técnicas, baseado nos 
resultados de observações diretas ou de análise de 
documentação, com vistas à elaboração e preparação 
de cartas, projetos e outras formas de expressão, 
assim como a sua utilização". <M: 
Ora, se o cartógrafo quinhentista, seiscentista, 
ou setecentista dava cabo, praticamente sozinho, 
das poucas etapas de execução de um original a 
ser reproduzido, era ele também o grava,dor, quase 
sempre o impressor e, não raro, o próprio vendedor 
da sua obra. Hoje a situação é profundamente di-
versa. As fases de trabalho encerradas no campo 
cartográfico, além de variadas, diferentes, se vêm 
tornando muito complexas e com graus de dificul-
dade ou de responsabilidade bastante distintos. Em 
conseqüência, o número de operadores e de auxi-
liares evoluiu, igualmente se diversificou, resultando 
daí um trabalho que não é de um só ou de uns 
poucos, mas de uma equipe, onde, além do cartó-
grafo, do geodesista e do topógrafo, participam o 
desenhista e o gravador, o revisor tipográfico, o 
técnico em fotografia, em laboratório, etc., além de 
4 NAÇOES UNIDAS La Cartographie modeme. 
outros, já situadosna mapoteca, por exemplo, onde 
não se prescinde do documentalista e do arquivista, 
ou ainda na área do ensino, do treinamento e do 
aperfeiçoamento do pessoal técnico. 
-" O quadro, ora descrito, como chegou a esta 
evolução? Diríamos que a partir da Revolução 
Industrial, as noções da divisão do trabalho repre-
sentaram o primeiro impulso. Mas foram, sobretudo, 
as guerras que, pela necessidade urgente de cartas 
nos campos de batalha, apressaram a produção, 
surgindo de tudo isso, uma racionalização nesta 
produção. ~-
Sabe-se que, durante a primeira guerra mun-
dial, a necessidade de cartas era tão urgente que 
um vagão ferroviário, instalado para a elaboração 
de mapas, chegou, muitas vezes, a acompanhar o 
avanço ou recuo das tropas. Pode-se imaginar o 
desenvolvimento da cartografia ao longo da última 
guerra mundial. Já aqui comentado, os Estados 
Unidos fotografaram praticamente o mundo todo 
e, em conseqüência, elaboraram uma diversidade 
de cartas e mapas estratégicos e táticos, náuticos, 
aeronáuticos, etc. Consta que se chegou à impressão 
de 150 000 mapas. 
1.2 Metodologia cartográfica 
A cartografia - com a sua feição e técnica, 
próprias, inconfundíveis - não pode constituir uma 
ciência, como o é, por exemplo a geografia, a geo-
désia, a geologia, etc. Tampouco representa uma 
arte, de elaboração criativa, individual, capaz de 
produzir diferentes emoções, conforme a sensibili-
dade de cada um. Não é uma ciência nem uma 
arte, mas é, sem dúvida alguma, um método cien-
tífico que se destina a expressar fatos e fenômenos 
observados na superfície da Terra, e, por extensão, 
na de outros astros, como a Lua, Marte, etc., através 
de simbologia própria. 
Uma carta topográfica, por exemplo, explica, 
por via gráfica, isto é, através de traços, pontos, 
figuras geométricas, cores, etc., a configuração duma 
parte da superfície terrestre, tal como ela é, e dentro 
duma precisão matemática, sempre compatível com 
a escala. 
Os dados que a cartografia utiliza para a repre-
sentação da realidade física e humana da crosta, 
conseguidos, seja por levantamentos tradicionais, 
seja por técnicas de sensoriamento remoto, são dis-
postos metodicamente no sentido de traduzir, com 
fidelidade, aqueles fatos e fenômenos tais como eles 
se apresentavam no momento da coleta dos referidos 
dados. As migrações, outro exemplo, ocorridas em 
determinado período do tempo, num estado ou num 
município do Brasil, são um fenômeno que o geó-
grafo observa e interpreta, e cujos dados o cartógrafo 
distribui, metodicamente, num mapa, retratando, 
também, mediante simbologia própria, e com a 
assistência de regras matemáticas, aquele fenômeno 
14 
ocorrido naquele espaço de tempo, naquela parte 
do território. 
Tanto no primeiro exemplo, quanto no segun-
do, ambos de intenção e forma tão distintas, não 
podem oferecer ao usuário dois tipos de leitura. 
O método gráfico de que a cartografia se vale é, 
dessa maneira, um método científico, só podendo 
ser interpretado, racionalmente, dum modo uni-
forme. 
É importante, igualmente, salientar que a forma 
própria de apresentar os fatos e os fenômenos em 
qualquer tipo de mapa é de tal natureza que o 
resultado é que a cartografia, valendo-se de algumas 
ciências e de determinadas técnicas, não se superpõe 
a nenhuma ciência, seja a matemática, a geografia, 
a meteorologia, a geofísica, etc., nem a nenhuma 
arte, como o desenho ou a escultura (caso dos 
mapas em alto-relevo, por exemplo), e nem a ne-
nhuma técnica. Tampouco, depende de qualquer 
daquelas ciências ou técnicas, ou do próprio dese-
nho, veículo através do qual ela se plasma. 
Entretanto, tem que estar associada ou vinculada 
a cada ciência ou técnica, ao expressar graficamente 
fatos e fenômenos a elas pertinentes, seja por meio 
do desenho ou de um computador. Neste caso, a 
cartografia moderna já dispõe de muitos processos 
automatizados. Na realidade, a cartografia compu-
tadorizada realiza várias etapas da elaboração de 
mapas, mediante o emprego de computadores e seus 
acessórios, como digitalizadores, plotters e terminais 
de vídeo, resultando numa produção incomparavel-
mente mais rápida e de qualidade final muito 
melhor. 
1 . 3 Cartografia e geografia 
De todas as ciências ligadas à cartografia, ne-
nhuma é tão importante como a geografia, na 
medida em que os fatos e fenômenos se originarem 
de qualquer ramo da geografia, quer física, quer 
humana, econômica, etc. Não queremos nos referir 
tão somente aos mapas temáticos de geografia. Que 
é a carta topográfica senão a paisagem física e 
humana da superfície da Terra mediante simbologia 
própria? 
Seria inviável a construção de um mapa eco-
nômico sem o conhecimento e influxo da geografia 
econômica, como inexeqüível seria a elaboração de 
um mapa de distribuição da vegetação, sem a parti-
cipação da fitogeografia. E assim por diante. Por-
que, nesses casos, quem planeja e concebe tais 
mapas só pode ser o especialista de cada tema par-
ticular: o geógrafo, o geólogo, o pedólogo, o agrô-
nomo, etc., ficando para o cartógrafo, o método 
de expressar, em cada caso, o fenômeno. 
A fonte maior de lavor que a geografia em-
presta à cartografia não se restringe tão-somente à 
elaboração de mapas temáticos. A carta topográfica, 
oriunda de uma cobertura regular de fotografias 
aéreas é a base inequívoca do binômio geografia-
cartografia, através do qual nunca se pode deter-
minar qual a influência que uma exerce sobre a 
outra: se a geografia sobre a cartografia, se a carto-
grafia sobre a geografia. 
Há, por exemplo, certas formas de relevo e 
determinados padrões de drenagem de uma área, 
que se distinguem fundamentalmente dos de outras 
áreas; verificam-se coberturas florísticas inteira-
mente diversas de uma região para outra, em que 
as causas dessa diversificação igualmente variam, 
como o clima ou o solo, ou a latitude; o homem, 
grande modificador da paisagem, quase sempre 
exerce a sua ação por meio de razões socio-econô-
micas; a exploração agrícola de uma parte do terri-
tório se evidencia muito diferente da praticada em 
outra. 
V ma carta topográfica, pois, não está obrigada 
a nos oferecer esse complexo de particularidades? 
A minuta fotogramétrica transmite-nos, em sua 
frieza matemática, uma grande parte de todos os 
aspectos físicos e culturais da área cartografada. 
Vêm com ela, paralelamente, os resultados da 
reambulação para complementar muitas informa-
ções que a carta precisa apresentar. Faltam, entre-
tanto, muitas vezes, determinados conhecimentos 
geográficos, os quais se impõem, a fim de que a 
carta seja realmente uma síntese segura desse con-
junto de fenômenos geográficos. 
Mostrou-nos, certa vez, no Institut Géographi-
que National, o cartógrafo que elaborava o relevo 
sombreado duma folha topográfica, uma particula-
ridade muito expressiva daquele trabalho.- Veja, -
apontando para um detalhe em execução - eu 
tenho, aqui, que exagerar o sombreado desta ver-
tente, muito mais do que em outras vertentes. Se 
não o fizer, este divisor de águas vai ficar igual a 
outros divisores de águas. E isso tem que ser evitado 
porque se trata, aqui, de uma cuesta, cujo terreno 
é calcário. Se não o fizer, - -repetiu -dificilmente o 
usuário irá "descobrir" a cuesta apenas pelas curvas 
de nível ou pela hidrografia. 
Ficou-nos a lição daquele eminente cartógrafo 
francês, bem como a extrapolação do seu método 
de trabalho. 
Impõem-se, como se vê, bons conhecimentos 
geomorfológicos aos que planejam e constroem a 
carta de hoje. 
E quanto aos problemas de generalização (uma 
das mais difíceis da elaboração de cartas e mapas) 
é forçoso possuir o cartógrafo uma base geográfica, 
sobretudo em geomorfologia. 
A carta topográfica, de todos os documentos 
elaborados por uma instituição cartográfica, é a 
mais importante, nãosó do ponto de vista do grau 
de responsabilidade daqueles que a utilizam direta-
mente, como administradores, economistas, enge-
nheiros, militares, professores, políticos, etc., como 
devido à sua condição de documento básico para 
todas as outras cartas e mapas que dela se derivam 
mediante seleção, redução e generalização. Trata-se, 
pois, de uma carta de caráter modelar, a qual, por 
representar, ainda, um custo muito elevado, precisa 
receber cuidados especiais, além da precisão métrica 
nela implícita e da boa apresentação. Ela deve apre-
sentar, para atingir a sua finalidade, um caráter 
mais científico, isto é, geográfico, a fim de que à 
sua condição matemática se justaponha um cunho 
científico mais amplo. 
15 
2 .1 Os mapas primitivos 
Pode-se afirmar, com muita segurança, que o 
mapa é, de todas as modalidades da comunicação 
gráfica, uma das mais antigas da humanidade, nesta 
premissa: todo povo, sem exceção, nos legou mapas, 
afirmação esta baseada, hoje em dia, e aliment~da 
por abundantes evidências. 
Há provas bem remotas de mapas babilônios, 
egípcios, chineses, etc., provas essas que se vêm 
acumulando até os dias atuais, os quais resultam 
de estudos históricos, geográficos, etnológicos e 
arqueológicos. · 
É, a propósito, de origem babilônia, o mais 
antigo mapa que o mundo conhece. Trata-se de 
um tablete de argila cozida com a representação 
de duas cadeias de montanhas e, no centro delas, 
um rio, provavelmente o Eufrates (V. a fig. I). 
Não se sabe, ao certo, a sua idade. Calculam os 
entendidos entre 2 400 e 2 200 anos antes da era 
cristã, havendo quem assegure que se origina de 
3 800 anos. 
Fig. I - O mapa mesopotâmico de Ga-Sur. 
Num úmido penhasco do norte da Itália, no 
vale do Pó, foram descobertas, há poucas décadas, 
inúmeras figuras rupestres, sob a forma de mapas, 
sendo delas a mais importante a que proveio da 
2. Esboço histórico 
localidade de Bedolina. É uma enorme gravação, e, 
rica em detalhes de cunho topográfico. Viviam ali, 
há cerca de 2 400 anos a.C., os Camônios, um povo 
de atividades agrícolas. Representa o mapa toda 
uma organização social camponesa (V. a fig. 2) , 
e constitui, com toda clareza, uma visão cartográfica 
em escala grande, da área em que laboravam, dada 
Fig. 2 - O mapa rupestre de Bedolina (vale do Pó). 
a exuberância de detalhes das atividades agropas-
toris daquele povo. 
A cartografia que os chineses, outrora, desen-
volveram é de excelente qualidade, e, sabe-se, este 
desenvolvimento não teve nenhum elo com o mundo 
ocidental. 
Já a invenção da bússola é devida aos chineses 
e aos árabes. Se a atração exercida pelo ímã era 
conhecida pelos egípcios e gregos, foram os chineses 
que descobriram o sentido direcional do ímã, e que 
inventaram o txi-nã (carro indicador do sul), pre-
cursor da bússola. A figura 3 mostra o "carro". Sabe-
se também que o mais antigo mapa chinês é de 
227 a.C. 
Mas o fato sobre o qual nos baseamos para 
a afirmação de que o mapa é uma das mais antigas 
formas de comunicação gráfica é insofismável: todos 
os povos primitivos traçar~m e continuam a riscar 
mapas, sem que tenha havido, ou que haja, em 
tais povos, o menor conhecimento da escrita. É 
Raisz 5 quem afirma que a arte de desenhar mapas 
é mais antiga do que a arte de escrever. Indígenas 
5 RAISZ, Erwin. General Cartography. 
17 
Fig. 3 - Representação da antiga bússola chinesa: o carrinho que 
aponta para o sul. 
das ilhas do Pacífico (é ainda Raisz que informa), 
rigorosamente iletrados, compuseram mapas de 
conchas da praia e de hastes de coqueiro; os peles-
vermelhas traçaram mapas em couro de búfalo. De 
um índio brasileiro, descobriu o sábio alemão Karl 
von den Steinen, no século passado, um mapa em 
que o referido índio esquematizara as cabeceiras do 
rio Xingu, inclusive, com as denominações dos 
afluentes na língua local, como se vê através da 
fig. 4. 
Fig. 4 - As cabeceiras do rio Xingu villtas por um índio da região. 
18 
Exemplos como estes poderiam, aqui, ser cita-
dos a fim de apoiar a afirmativa em causa. O impor-
tante é, pois, que qualquer um desses mapas, no 
momento em que foram elaborados, teve o caráter 
da originalidade, uma vez que não houvera ainda 
nenhum contacto de seus idealizadores com quais-
quer outros povos, e, por outro lado, nenhum deles 
sabia escrever. Eles não copiaram nada de ninguém, 
de ninguém de fora. Não sofreram influências alie-
nígenas. No momento em que idealizaram os seus 
esquemas, inspiraram-se, provavelmente, em conso-
nância com a prática da tribo, numa forma de 
retratar um fato local importante. 
2. 2 Os antígos levantamentos 
Ao yue tudo indica, não sú a matemática como 
a geodésia tiveram a sua origem no Egito. Heródoto 
atribuiu aos egípcios a invenção de um método de 
medir os campos (a agrimensura, segundo os gre-
gos) , por causa da necessidade prática da medição 
de suas terras, a fim de poderem determinar as 
alterações que ocorriam com a inundação anual 
do Nilo. Tão importante e vital eram estes assuntos 
que, no Livro dos Mortos, a alma do defunto, no 
momento em que devia justificar-se perante Osires 
e os quarenta e dois juízes, tinha que jurar, entre 
outras coisas: - Não diminuí a medida do côvado. 
- Não falsifiquei a medida do campo. 
É, como se vê, da mais remota antiguidade, a 
determinação do tamanho dos campos, através do 
cálculo das áreas e a demarcação de limites. ~s 
medidas lineares eram, pois, orientadas pelo côvado 
(a palavra se origina de cúbito, o que equivale, 
entre nós a 0,6849 m). Poucas, entretanto, são as 
informações do instrumental empregado. A fig. 5 
mostra um instrumento egípcio primitivo, com uma 
alidade de pínulas, usado para observações astro-
nômicas. 
Fig. 5 - A alidade de plnulas do antigo Egito. 
Outra invenção egípcia foi o cadastro 6, em que 
os homens encarregados do registro das proprie-
dades foram, mais tarde, chamados topogrammateis 
pelos gregos. 
Quanto à astronomia, é certo que veio do Egito, 
conforme os detalhes da orientação da Grande 
Pirâmide, como ilustra a fig. 6. 
Fig. 6 - A Grande Pirâmide, de mais <ic 4000 anos. 
Os gregos, que muito aprenderam com os 
egípcios, organizaram e consolidaram a geodésia., 
palavra que, pela primeira vez, apareceu na Meta-
physica de Aristóteles 7 • O famoso astrolábio (me-
didor de astros) , que era chamado dioptra, foi 
invenção grega. Foram eles, igualmente, que deram 
notável impulso à astronomia e à cosmografia,_ de-
vido ao alto grau de conhecimentos científicos que 
desenvolveram. Eratóstenes (275-194 a.C.), filósofo, 
astrônomo e matemático grego da escola de Ale-
xandria, calculou a circunferência terrestre, tendo 
como referência a altura angular do Sol e a distância 
entre Alexandria e Siena. A fig. 7 mostra, esque-
maticamente, o desenvolvimento dos seus cálculos 
e da operação. 
Hiparco, de Bitínia (190-125 a.C.), o maior 
astrônomo da antiguidade, criou o sistema de coor-
denadas geográficas e descobriu o movimento de 
precessão dos equinócios. 
Ainda, com referência às atividades científicas 
dos gregos, não se pode deixar de citar Marino de 
Tiro, já ,do primeiro século da era cristã, e Cláudio 
Ptolomeu, da segunda centúria. A obra de ambos 
foi tão marcante que pela primeira vez houve 
autêntica cartografia, cuja perfeição foi tal que, só 
passados quatorze séculos, com a projeção de Mer-
cátor, preludiada pela descoberta da linha loxodrô-
mica por Pedro Nunes, apareceu algo de melhor 8 • 
Quanto aos romanos, sabemos que foram notáveis 
cultores da ciência grega. De espírito muito prático, 
porém, realizaram extensos levantamentos do Im-
pério Romano, por meio da utilização de instru-
6 CADALSO, A1ejandro Ruiz. História General de las 
Ciencias Geodésicas. 
7 Idem, ibidem. 
8 CORTESÃO, Armando. Cartografia portuguesa an-
tiga.9 
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Obaervoçõo I I Oburvoçõo em Alexandria em Sleno 
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Fig. 7 - Eratóstenes calculou a circunferência da Terra mcdiantf 
a altura angular do Sol, que mediu em Alexandria 7°12' (na reali· 
dade, 7•o.:;• ) , e a distância em estádias entre Alexandria e Siena, 
situadas em latitudes diferentes, mas não no mesmo meridiano (como 
supunha), para a qual achou 978 km (na realidade, 886 "m). 
mentos gregos, como a já citada dioptra e o corá-
bato, tendo sido este instrumento sumamente útil 
no nivelamento de cidades e de edifícios. A groma, 
entretanto, parece ter sido mais romana (V. a 
fig. 8) , uma vez que foi o instrumento responsável 
pelo padrão quadrangular de demarcação das terras 
do Império, até hoje verificado através das modernas 
cartas topográficas da Itália 9. 
2 . 3 Os mapas medievais 
A Idade Média marcou, no que diz respeito à 
concepção cartográfica, uma regressão lamentável 
a todo o progresso anterior, em que os gregos ha-
viam pontificado. Todas as conquistas científicas, 
no campo da astronomia e da matemática, foram 
postas de lado, em prol de conceitos puramente 
religiosos, sobretudo no período medieval mais 
obscuro, ou seja, dos anos 300 até os . 500. 
Plínio, o Antigo, naturalista romano, do 
I século d.C., escreveu a sua História Natural, em 
37 livros, uma espécie de enciclopédia dos conheci-
o OLIVEIRA, Cêurio de. :->otas sobre' Cartografia an-
tiga. Revista Brasileira rle Geografia, v. 33, n. 1, jan.fmar. 
1971. 
19 
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Fig. 8 - A grama. um dispositi\'O romano de medição topográfica. 
mentos científicos na Antiguidade, inclusive os 
assuntos de natureza geográfica. 
Um contador de histórias do século seguinte, 
Gaius Julius Solinus, conhecido pelos seus inimigos 
como "imitador de Plínio", apropriou-se, quer dire-
tamente, quer através de Pompônio Meia, geógrafo 
romano, autor do De Situ 01·bis, de preciosa fonte 
de conhecimentos geográficos do litoral da Penín-
sula Ibérica. Com esse material e as coisas tiradas 
da sua própria cabeça, publicou uma Collectanea 
rerum memorabilium (coleção das coisas que devem 
ser lembradas) , que conseguiu imediato sucesso e 
permaneceu conhecida por mais de mil anos, tendo 
sido revista no século IV, sob o título de Polistória. 
Devido, precisamente, a este livro, vários geógrafos 
e cosmógrafos (cartógrafos), muito tempo depois 
que os seus mitos e prodígios foram refutados, 
difundiram as monstruosidades biológicas nos car-
tuchos dos seus mapas, "enquanto durou a Idade 
Média, até uns duzentos anos depois" 10• 
E que mapas carrearam aquelas monstruosi-
dades? Ora, precisamente os da recém-descoberta 
Terra Nova, ou Terra de Brazilia, ou Terra de 
Papagaios, etc., como veremos no tópico 2. 6. 
Cosme Indicopleustes, do século VI, um padre 
possuído de ódio às idéias científicas da cultura 
grega, idealizou o seu mundo, do ano de 548 (ver 
a fig. 9), perfeitamente de acordo com o Taber-
náculo. Um século depois, outro religioso, lsidoro 
(570-636), bispo de Sevilha, criou, no seu Etimo-
logias, o famoso mapa conhecido como T-0, cuja 
lO BROWN, Lloyd A. The Story of maps. 
20 
esquematização estava em total desproporção com 
a mentalidade científica de tantos antecessores seus 
(V. a fig. lO). 
Sol 
o~eid.cns 
Fig. 9 - O mundo-tabernáculo de Cosmr lndicopl•mtes. 
Fig. 10 - O mapa T - O de lsidoro, o mais esquemático de todo• 
os que foram concebidos em seu tempo. 
2. 4 A cartografia moderna 
Foi, sem dúvida, o incremento das viagens 
mediterrâneas e, em seguida, as navegações oceâni-
cas, que tiraram da hibernação medieval a arte e 
a ciência da construção dos mapas. Já viera do ano 
de 1300 o surgimento da famosa Carta Pisana 
(fig. 11 ). Trata-se duma carta portu1ano, de pro-
vável responsabilidade do almirantado genovês, cuja 
Fig. 11 - A Carta Pisana, um portulano de 1~00. 
elaboração se baseou num levantamento sistemático 
de rumos nos mares Mediterrâneo e Negro. Tão · 
precisa, para a época, orientou as navegações da-
queles mares durante três séculos. 
Mas o incompanível impulso ao progresso 
cartográfico partiu do notável empreendimento que 
foi a Escola de Sagres. Ali era formado o piloto, 
e ao lado deste, o cosmógrafo era chamado o cartó-
grafo daquele tempo 11 . Ao arrojo da navegação 
oceânica eram indispensáveis a segurança da arte 
de navegar e a garantia de roteiros lançados com 
precisão nas "cartas de marear" dos portugueses. 
A cartografia náutica <.la Espanha, Veneza e 
Gênova, da Holanda, França e Inglaterra expan-
diu-se em segurança, em precisão e em beleza. 
Cabe-nos, porém, o dever de lembrar que o papel 
desempenhado pela escola portuguesa não ficou 
atrás. O adminível Pedro 1\: unes (I 502-1577) , 
com a invenção do nônio, já cedo se destacara com 
o seu Tratado da Esfera (conforme a fig. 12) e 
outras publicações astronômicas. Cou he à escola 
portuguesa o aperfeiçoamento da caravela. do astro-
lábio e das cartas de marear. 
Fig. 12 - O Tratado da Esftra, de Pedro Nunes, numa edição 
quinhentista. 
11 Foi um português, o Visconde de Santarém, Quem 
usou. pela primeira vez, o vocábulo cartografia. Conta 
Armando Cortes:! o (op. cit.) o seguinte: " .. . numa carta, em 
8 de dezembro de 1839, escrita de Paris ao célebre historiador 
brasileiro Francisco Adolfo Varnhagem, na qual diz: "invento 
esta palavra já que ai se tem inventado tantas." 
Mas o momento determinante da cartografia 
moderna foi erigido em definitivo por um belga, 
Gerhard Kremer, mais conhecido como Mercátor, 
o qual, em 1569, construiu a famosa projeção que 
conserva o seu nome. 
Que razões induziram Mercátor a conceber 
esta projeção? Os navegadores daquele tempo lamen-
tavam a falta de cartas exatas para a navegação. 
Outro cartógrafo, igualmente flamengo, Miguel 
Coignet, descobrira que, com as cartas existentes, 
o traçado de um rumo, de acordo com a bússola, 
não fazia nenhum sentido. Irradiando-se de uma 
rosa náutica, as retas da carta, uma vez transferidas 
para a superfície esférica do oceano, produziram 
espirais. 
Constituía, pois, o problema, em achar uma 
projeção em que uma linha reta na carta corres-
pondesse a uma reta de igual rumo no oceano. 
Na tentativa de resolver o enigma, começou a reti-
ficar os meridianos do globo, de maneira que, ao 
invés de convergirem para os pólos, seguissem, 
paralelamente entre si. e verticalmente, para o 
infinito. A conseqüência disso foi que provocaram 
uma distorção nas distâncias este-oeste, e cresciam 
cada vez mais, a partir do equador. Demais, reti-
ficados os meridianos, as direções se distorciam 
obrigatoriamente. Trazendo, entretanto, as direções 
dos seus rumos para a realidade, o fator distância 
era ainda mais retificado por meio da separação 
ou da retificação, ficando cada grau de latitude na 
mesma proporção de seus meridianos, já distorcidos 
pelo paralelismo. Desta maneira, próximo ao equa-
dor, a distorção de disttmcia era desprezível, ao 
passo que, nas proximidades dos pólos, os paralelos 
e meridianos eram tão distorcidos e alongados que, 
mesmo que uma direção de bússola fosse preser-
vada, as direções indicadas na carta, em qualquer 
direção, seriam exageradas. A distorção do fator 
distância significava uma dilatação de todas as 
massas continentais nas altas latitudes. Mercátor, 
contudo, fez o que projetava, e construiu em 1569, 
uma carta com rumos e orientados na direção certa, 
já que o que importava eram as direções e não as 
distâncias. A fig. 13 apresenta a concepção de 
Mercátor, para retratar a Terrana forma de um 
cilindro. 
2. 5 Os levantamentos modernos 
Antes que a era dos grandes levantamentos 
tivesse início, extensos esforços, na Europa, já data-
vam de um passado de atividades no sentido de 
cartografar detalhes topográficos com o auxílio da 
bússola e de um tipo de hodômetro. 
É muito interessante a ilustração representada 
pela fig. 14. Trata-se, como se vê, de um topó-
grafo do século XVI. Um quadrante registrava as 
voltas executadas pelas rodas do carro, enquanto 
o topógrafo e seu ajudante traçavam o croqui com 
o auxílio da bússola. 
21 
NNE 
NE 
ENE 
ENE 
Fig. 13 - O raciodnio de Mercátor, em achar, numa projeção plana 
quadrada (em ponttlhado), as loxodromas retas (em linhas contínuas) . 
Fig: 14 - llm car~·o topográfico do séc. XVI, em que um mostrador 
reg~stra a_s. re\'oluçoes das r<?das, ao mesmo tempo em que o topó· 
gra.o-at!Xlhar traça o croqu1 da estrada e das imediações. mediante" 
uma bus.wla . 
O século XVII marca o mtciO dos grandes 
levantamentos, em que, sobretudo os franceses, mas 
também os ingleses, logo a seg·uir, c os alemães 
realizaram extraordinários trabalhos geodésicos e 
ca.rtográfi~os: ao lon~o dos quais foram sendo aper-
fetçoados mumeros mstrumentos, como o teodolito 
do inglês Jesse Ramsden (de acordo com a fig. 15) 
construído no ano de 1787. 
Foi sob o governo de Colbert. ministro de 
Luís XIV, que receberam todo apoio brilhantes 
matemáticos e astrônomos, como Jean Dominique 
Cassini ( 1625-1712) , Guilherme Delisle (I 67 5-1726) 
e outros. Achava Colbert que a inexistência de uma 
22 
Fig. 1;, - O teodolito c.lt• jcs~ Ramsdcn tornou possívd a primeira 
trianguJat;ão exata da Inglaterra. 
carta idônea da França constituía uma desgraça 
nacionall2. 
J can Picard ( 1620-1682) , sacerdote católico e 
not~vel astrônomo, usou, em 1669, um quadrante 
eqmpa.do c~m IL.metas, mas Pierre Bouguer, famoso 
geodeSISta, tdeahzou um quadrante melhor, confor-
me ilustra a fig. 16. Deixou Bouguer admiráveis 
estudos sobre a gravidade, os quais ainda hoje são 
aplicados. 
. O conjunto de ações desenvolvido pelos cien-
tistas franceses, que, diga-se de passagem, era espo-
sado pela pr:ópria Académie Royale des Sciences, 
c~~gava ao hnal do século XVII, já com a dispo-
stçao de ser estabelecida uma linha de meridiano 
no país. 
Mas "nesse tempo o mundo científico começava 
a se preocupar com uma crescente suspeita de que 
12 BROWN. Lloyd A. Op. c:it. 
Fig. 16 .- O quadrante de Bouguer, que trazia o Sol para o hori· 
zonte, a fim de que o observador pudesse observar o Sol e o horizon· 
te, simultaneamente. 
a Terra não era uma esfera perfeita" 13• Muito 
bem. E se a Terra era esferoidal, qual seria o eixo 
maior, o que pass;tva através dos pólos ou o que 
coincidia com o plano do equador? Nesse tempo, 
já sob outro Cassini Oacques, filho de Jean Domi-
nique), era iniciado o levantamento do meridiano, 
para cuja operação contava J acques com a coope-
ração de um terceiro Cassini, César François, seu 
filho. 
Na medição de um pequeno triângulo, próximo 
da latitude de Paris, verificaram que um grau de 
longitude, que deveria ter 37 307 toesas 14, se se 
tratasse de uma esfera perfeita, foram encontrados 
36 670 toesas, o que era demonstrado que os graus 
de latitude diminuíam cada vez mais em relação à 
direção do pólo. A solução que se impunha era o 
levantamento de dois arcos de meridiano, um nas 
proximidades do eq~ador e outro não longe de um 
dos pólos. Surgiu, assim, na história da geodésia 
moderna, o grande acontecimento, que foi a medi-
ção do arco de Quito, de 1735 a 1745, e a do arco 
do Golfo de Bótnia, no Ártico, iniciado em 17 36. 
Como retrata a fig. 17, a triangulação nas proxi-
midades da linha equatorial estendeu-se numa 
distância de três graus. 
Enquanto do lado francês toda essa admirável 
atividade era desenvolvida, não apenas no sentido 
de dotar o país de estrutura geodésica de alto valor, 
visando a uma carta básica precisa, mas de fornecer 
ao mundo um novo e definitivo padrão geodésico, 
também, no outro lado da Mancha, se corporificava 
13 Ipem, ibidem. 
14 Uma toesa equivale a 1,949 metro. 
Fig. 17 - O arco de meridiano entre Cotchesqui e Tarqui (no 
equador), medido entre os anos de 1735 e 1745, a fim de ser deter-
minado o tamanho e a forma da Terra. 
uma ação de grande alcance prático. Coincidiu, 
entretanto, uma divergência entre os astrônomos 
franceses e ingleses, traduzida numa diferença de 
quase onze segundos para a longitude e quinze 
segundos para a latitude. Foi quando César François 
Cassini sugeriu o levantamento trigonométrico 
entre Londres e Dover, ou mais precisamente, entre 
o famoso Observatório de Greenwich e a costa, no 
que houve absoluta concordância da parte da Royal 
Society. Foi encarregado da missão o general 
William Roy, que tanto se notabilizaria na Ingla-
terra por seus trabalhos geodésicos e cartográficos. 
Ver a fig. 18, em que a rede de triângulos cruza o 
Canal da Mancha, amarrando as duas estruturas 
geodésicas. 
Um certo holandês, Snellius, que, no passado, 
havia feito a primeira triangulação com um instru-
mento, para a medição de ângulos, usou, para tal 
fim, o teodolito, e isso se deu em 1615. Agora, na 
grande triangulação 15 iniciada por Roy, o teodolito 
de Jesse Ramsden, construído pela Royal Society, 
marcou, de fato, a primeira triangulação de alta 
precisão. 
Vale acrescentar que os instrumentos usados 
no século XVIII, além do teodolito, eram a bússola 
portátil com alidade, a prancheta equipada com 
bússola e alidade, o hodômetro para a medição de 
Ui WINTERBOTHAM, H. S. L. A. Key to maps. 
23 
30' o• 30' ,. 30' 
Fig. 18 - O Canal da Mancha, com a rede de triângulo• entre os meridianos de Greenwkh e l'aris. 
linhas irregulares, como as de um rio, e um semi-
circulo para a medição de ângulos, conforme pode-
mos apreciar na fig. 19. 
No que diz respeito ao continente sul-ameri-
cano, o arco de Quito foi, realmente, a primeir<:t 
grande operação geodésica realizada no Novo 
Mundo. 
O globo todo tem, hoje, os mapas mais pre-
cisos, em todas as escalas e para todos os fins. 
A França, a Inglaterra, a Alemanha, a Suíça, os 
Estados Unidos, o Japão, a União Soviética, etc. 
têm produzido excelente cartografia, de par com 
um inusitado desenvolvimento de instrumentos 
eletrônicos geodésicos, fotogramétricos e cartográ-
ficos, além de técnicas visando à excelência e à 
precisao, tanto no que toca aos levantamentos, 
quanto à elaboração de mapas e cartas para todas 
as finalidades. 
Não poderíamos, aqui, neste resumido esboço 
histórico, deixar fora de registro a fotogrametria, 
uma revolucionária modalidade de levantamento 
do terreno, baseada nas fotografias aéreas. Decor-
rente, em grande parte, da invenção do avião, o 
seu desenvolvimento tem sido extraordinário. Mas 
antes do avião, as fotografias terrestres perspectivas 
já eram usadas, em decorrência da invenção da 
máquina fotográfica, à guisa de apoio de alguns 
24 
Fig. 19 - O semicírculo, um aparelho do séc. XVIII, para a me· 
dição de ângulos. 
levantamentos fotográficos. Foi, contudo, o francês 
Aimé Laussedat (1819-1907) quem fundou a foto-
grametria, em 1851. Mas já em 1838, o físico inglês 
Charles Wheatstone (1802-1875) havia descoberto 
o estereoscópio (alma da fotogrametria, depois que 
o alemão Pulfrich, em 1903, aplicou ao ousado 
processo de levantamento a estereoscopia). 
A primeira vez que o terreno foi fotografado 
do espaço. em 1860, nos Estados Unidos, o veículo 
usado foi o balão. No capítulo 10, este assunto será 
mais bem ilustrado. 
A figura 20 apresenta um instrumento foto-
gramétrico chamado Multiplex, que foi bastante 
usado na restituição de fotografias aéreas estereos-
cópicas. O instrumental hoje existente é o mais 
complexo e o mais avançadopossível, uma vez qt~e 
a automatização, graças, em grande parte, à elctro-
nica, vem substituindo, em muitos estágios, a parti· 
cipação humana na maioria das operações geodé-
sico-fotogramétrico-cartográficas. 
Fig. 20 - O Multiplex. um restituidor de fotografias estereoscópicas. 
Mas os vôos orbitais, sobretudo de satélites 
artificiais não tripulados, estão desempenhando um 
papel fora do comum no mapeamento de extensas 
áreas da Terra, como é o caso do Landsat (land 
satellite) 1a, assunto tratado também mais extensa-
mente no capítulo 1 O. 
16 OLIVEIRA, Cêurio de. Dicionário Cartográfico. 
2. 6 Os mapas do Brasil nos primeiros 
séculos 
"A história da cartografia brasileira segue de 
muito perto a própria história do Brasil" 17• Mal 
haviam sido enrolados os panos das caravelas anco-
radas na Terra deVera Cruz, e um certo tripulante. 
João Emenelaus, físico e cirurgião de Sua Majestade 
o Rei Dom Manuel, descia a terra em companhia 
do piloto da nau capitânea e do piloto de Sancho 
de Tovar, e aí, tomou a altura do Sol ao meio-dia, 
e achou 17 graus, por meio do astrolábio. A 
fig. 21 sugere, com essa xilogravura do século XV, 
a ocorrência histórica da primeira operação cosmo-
gráfica sob os céus da nova terra. Era o dia 27 
de abril de 1500 ts. 
Fig. 21 - .'\ medição da latitude por meio do astrolábio. 
Daí em diante, não tardariam a aparecer os 
delineamentos do litoral, com muita pobreza de 
nomes. mas muito índio e florestas de pau-brasil. 
Os primeiros mapas da nova terra variavam, con-
tudo, quanto à denominação: Terra de Vera Cruz, 
Terra de Santa Cruz, Terra Nova, Terra Incógnita, 
Terra de Papagaios, Terra de Brazília, Terra de 
Antropófagos, etc. Pois que a terra era grande de-
mais e raros os conhecimentos geográficos a seu 
respeito, propiciando o surgimento de fantasias 
sobre esse mundo desconhecido. Até as "monstruo-
sidades" de Solinus, aquele "contador de histórias" 
do UI século, autor da "Coleção das coisas que 
devem ser lembradas", viriam a ser enxertadas nos 
mapas dessa terra. A figura 22 apresenta uma das 
17 OLIVEIRA, Cêurio de. A História dos mapas do 
Brasil. In: ENCICLOPÉDIA FATOS & FOTOS. n. 60, 1967. 
18 OLIVEIRA, Cêurio de. Dicionário Cartográfico 
(apêndice I) . 
25 
Fig. 22 - Acima, dois desenhos popularilados por Solinus, no séc. 111 
d. C. e, abai><o, um trecho do rio Amazonas, do cart6gra_f~ flamengo 
Hondiw (1563-1612), em que se pode ob<erYar a rcpeta~:ao de um 
dos desenhos do me•mo Solinus. 
inúmeras "monstruosidades" surgidas em plena 
Idade Média, e a mesma imagem reproduzida (doze 
séculos mais tarde) na margem esquerda do rio 
Amazonas, no mapa do famoso cartógrafo flamengo 
Jodocus Hondius, do século XVI. 
Tantas eram as fantasias, tantos os absurdos, 
cujos ecos dominaram os espíritos europeus, famin-
tos de histórias fantásticas sobre o resto do mundo, 
sobretudo a África e a América, que um belo mapa 
do mundo, de 1628, viria registrar, abaixo do Medi-
terrâneo, um continente Antichton, uma espécie de 
antiterra, em que "a vida era impossível" 19 (sic) . 
Diante de tudo isto, não admira, aliás, que 
haja dúvida, hoje em dia, da antropofagia ~o índio 
brasileiro. E assim como em mapas antenores ao 
descobrimento do Brasil, eram representadas ilhas 
ao sul do equador com dizeres co~o "f!ic incole 
anthropophagi sunt" e "H~rum etzam mc?le a::· 
thropophagi sunt" (V. a figura 23), tambem na~ 
admira que, depois de descoberto, fosse ? Brasil 
o repositório preferido de semelhantes notícias. 
Ocorre-nos transcrever a quadra de Swift, já 
glosada, várias vezes, por cartógrafos ingleses: 
So geogmphers, _in Afric~ maps~ 
With savage pzctures fzll then· gaps, 
And o'er inhabitable downs, 
, f ":!0 Place elephants for :want o towns - . 
19 BROWN, Lloyd A. Op. cit. 
20 Assim, os geógrafos, nos mapa_s da África .. com estra-
nhos desenhos, preenchem os seus vaZios c, yor cuna t~e pla-
nJcies desabitadas, colocam elefantes ao mvés de ctdades. 
26 
lus'ln a.:- . - - _ - - -- -- _-;H-Eê 
o ~ I'Y --~' • - ._ - - - - - -
· SAB~~~Ç~E •. - .. -- -- - : . - .. ---.<~ ~- : ~ -.: 
... · ... -_ "'-::.. .. - .. -· ~- -- -· ... _ .... -....... .,..- .. .... ·. --
: Hi.av.M-· ETJAA:tCOI.AE_· --
.- ".ANTiu\oPÓPKAG:l; S~ .: : 
-- - - .. . . 
... - ... - .... -· 
.. -- ~-~ .-.-- ~ .-. .:. . -~~~ 
· ...... . ::_·'t' -
f'ig. ~:l - Num mapa anterior ao descobrimento da América, algu-
mas ilhas atribuída!' ao Novo Mundo traziam a indicação de serem 
habitadas por antropMagos. 
Na Mapoteca do Itamarati (Rio de Janeiro) 
existe, dentre tantos, um mapa bem interessante: 
aparece, em primeiro lugar, o litoral do Brasil, 
e para dentro, árvores c palmeiras, índios amon-
toando madeira, c uma figura de mulher branca, 
nua, atravessada dos pés aos ombros por um grande 
espeto, a cabe~:a pendente, c um aborígine a giní-la 
sobre a fogueira. 
Podemos apreciar outro mapa, desta feita de 
origem turca, surgido apenas 13 anos após o desco-
brimento do Brasil. Referimo-nos ao mapa do almi-
rante turco Piri Re's, no qual, bem em cima do 
Brasil, est;í escrito: Este país tem animais ferozes 
de pêlo branco, tendo a forma de bois de seis 
chifres. 
Os mapas do século XVII, muitos dos quais 
com características náuticas, foram feitos não só 
por portug·uescs, como por holandeses, franceses, 
ingleses, espanhóis etc. Das maiores coleções são, 
por exemplo, as do cartógrafo João Teixeira, de 
1627, 1630, 1631 e 1640, coligidas "das mais sertas 
noticias que pode aiuntar". 
Um belo mapa do final do século é o do famoso 
holandês Ianne Blaeu, com a representação das ca-
torze capitanias hereditárias, desde a "de Para" 
até a "de Sancto Vicente". 
Com a finalidade de juntar uma documentação 
cartográfica para a questão sobre o Brasil e a 
França, o Barão do Rio Branco publicou uma co-
letânea, onde se acham praticamente todos os 
mapas do Brasil anteriores ao Tratado de Utrecht 
de 1713. 
Quanto ao século XVIII, a documentação 
cartográfica sobre o Brasil é incomparavelmente 
melhor. Nesse século, Portugal viria dedicar im-
portantes atenções aos lim!tes do B:asil com a Am~­
rica Espanhola. Engenheiros, astronomos e carto-
grafos portugueses e brasileiros levantam e tra~am 
enorme quantidade de documentos cartográficos 
e hidrográficos. São dessa época autores de mapas 
do porte de Azevedo Forte, de Manuel Gonçalves 
de Aguiar, além de outros. 
Naquele século, aqui chegaram os padres je-
suítas Carbone e Capacci, enviados pelo Rei Dom 
João V, em 1730, com o fim de determinarem a 
latitude e a longitude do país e, em seguida, ela-
borarem mapas corretos. Além das recomendações 
prescritas, de que os padres eram portadores, pa-
rece que a intenção abrangia a importância, do 
ponto de vista de Portugal. em "descobrir por 
meio das longitudes observadas a posição exata das 
terras ocupadas pelos portugueses na América, em 
relação ao arquipélago do Cabo Verde, isto é, ao 
meridiano de Tordesilhas, situado 370 léguas a oeste 
da mais ocidental das ilhas, e traçar uma carta 
do Brasil de coordenada!> cientificamente obser-
vadas, que ocultasse aquela averiguação" :!l . Recor-
demo-nos de que três lustros mais tarde apareceria 
o Mapa das Cortes (de autor desconhecido), de 
I 749, "dos confins do Brazil com as terras da Coroa 
de Espanha na América Meridional", e que, no ano 
seguinte, iria orientar o Tratado de Madri de 1750. 
2. 7 A cartografia brasileira do século XIX 
Como é sabido, a partir de 1808, com a chegada 
do rei de Portugal Dom João VI, um admirável 
impulso foi dado a todos os empreendimentos ar-
tísticos e científicos, em cu_jo bojo se situaria, sem 
dúvida, um florescimento de todas as artes grá-
ficas, em que era propício o aperfeiçoamento e a 
eclosão de novos valores na elaboração das cartas 
geográficas. 
Já em maio de 1808 era criada aImprensa 
Régia. Nesse mesmo ano foi confeccionada a Planta 
da Cidade do Rio de Janeiro, da autoria de A. J. 
dos Reis, c que passou a ser gravada por Ferreira 
Souto, que a concluiu em 1812. Essa planta foi 
executada no Real Arquivo Militar, que tinha atri-
buições cartográficas e de mapeamento. 
Outras institmçoes criadas naquela época 
foram a Real Academia Naval e a Academia de 
Artilharia e Fortificação, as quais eram encarre-
gadas de adestrar engenheiros para as atividades de 
levantamentos e de cartografia. 
Em meados do século, houve tentativas para 
a construção de uma Carta Geral do Império, 
conseguindo os seus idealizadores iniciar a trian-
gulação do Município Neutro. Não houve, porém, 
prosseguimento algum, até que foi extinto em 1878, 
embora três anos antes tenha sido criada a Comissão 
Astronômica do Observatório Imperial, que teve 
por finalidade a determinação de posições geográ-
ficas, e a medição de um grande meridiano, não 
tendo havido, igualmente, continuidade prática. 
Os vários estudos visando à criação de um 
órgão encarregado de executar levantamentos geo-
désicos e topográficos, e construir uma carta exata, 
21 CORTESÃO. Jaime. História do Brasil nos velhos 
mapas. 
toram, assim, mal sucedidos, e só na República é 
que, a partir de I 90 I, viria aparecer um plano 
sério, como iremos ver logo adiante. 
Como o Brasil se comportava como país-ilha, 
apesar das suas dimensões continentais, a carto-
grafia hidrográfica teve a prevalência nas atividades 
de se dotar o país duma cobertura sistemática de 
mapas para uma nação que começava a organizar-se. 
Assim é que, com a criação da Repartição Hidro-
gráfica, os esforços náuticos foram de grande valia, 
culminando com a obra do Almirante francês 
Amedée Mouchez, para cá contratado, que exe-
cutou o levantamento da costa brasileira, entre 
I 856 e I 868, no comando dos navios Le Brisson, 
])'Entrr.rastr~nux c La Motle Piquet 22. 
A figura 24 mostra-nos um detalhe típico 
duma moderna carta náutica da Marinha do Brasil. 
Fig. 24 - Parte' da folha "'Canal de ltacuruçá"", levantada c ela· 
horada pt"!a Marinha do Brasil, à escala original de I :20 000, na 
Projeção de Mercátor. Vêem·se um sem-número de pontos de son· 
dagem, em metros, assim como três curvas batimétricas (5 m, 10 m 
e 20 m) ; um farol na ilha ]uTubaíba, com a indicação da duração 
do lampejo; um fundeadouro na Ponta do BaTTeiTo, à NO da ilha de 
JtacuTuçá; uma rosa náutica (com a divisão de 10 em 10 graus c 
subdivisões de grau em grau), orientada para o N, e indicando a 
· declinação magnttica de 16°15" W. relativa ao ano de 1965, com a 
informação do seu aument.o anual em 8°. 
Observe-se que as informações sobre a terra firme são !_imitadas, c 
o rele vo ai representado t sugerido por cun as de forma e não le· 
vantado em curvas de ni9el; apenas alguns morros mostram as suas 
respectivas cotas. 
Quanto à cartografia terrestre, grandes esforços 
foram verificados no âmbito do Estado-Maior do 
Exército, com vistas à construção de uma carta 
básica. Em conseqüência daquela política cartográ-
fica militar, era criada, em 1901 a Comissão da 
22 A excelente coleção de cartas de Mouchez pode ser 
apreciada: na Diretoria . de Hidrografia c Navegação; na 
Mapoteca do Itamarati (RJ) ; na Biblioteca do IBGE (Rj) . 
27 
Carta Geral do Brasil, projeto do Estado-Maior. A 
organização da Carta competia à 3.a seção do Estado-
Maior, e o projeto foi muito bem preparado, com 
detalhes sobre as operações geodésicas e astronô-
micas, as operações topográficas e as operações car-
tográficas. Constava do projeto a construção duma 
carta topográfica em 1: I 00 000 e uma carta geo-
gráfica em I: l 000 000 23, Entretanto, somente após 
a I Guerra Mundial, é que iria ser fundado o 
Serviço Geográfico Militar, denominação que pas-
saria depois a Serviço Geográfico do Exército. 
2. 8 A moderna cartografia brasileira 
Em decorrência dos estudos executados no 
âmbito do Estado-Maior elo Exército, e consoante o 
grande desenvolvimento cartográfico atingido pelas 
potências européias na Grande Guerra, o Serviço 
Geográfico do Exército contratou, em I920, a fa-
mosa Missão Austríaca, chefiada pelo engenheiro 
Emílio Wolf, e composta de excelentes profissionais 
austríacos, cujos trabalhos resultaram numa pro-
dução topográfica de alta qualidade. 
O primeiro resultado prático da obra dirigida 
pelo Exército foi a conclusão, em 1921, do levan-
tamento do antigo Distrito Federal na escala de 
I :50 000, em que pela primeira vez foi utilizado 
o avião para uma cobertura aerofotogramétrica. 'As 
primeiras fotografias foram tiradas sobre Copaca-
bana, no morro dos Cabritos, tendo constado o 
levantamento de 22 vôos realizados em 16 dias, 
"num percurso aéreo de 718 km, a uma altura de 
2.500 metros em que foram expostas 948 chapas 
fotográficas tiradas com eixo ótico vertical 
cobrindo uma área de terreno de I .345 km2, apro-
ximadamente" 24. A figura 25 registra um belo de-
talhe da carta publicada. 
A Diretoria de Serviço Geográfico, deno-
minação atual do antigo Serviço Geográfico do 
Exiército, sempre se mostrou, em realização, ou 
produção, à altura dos seus planos. Exemplo disto 
foi o profícuo trabalho geodésico e cartográfico 
levado a efeito no Rio Grande do Sul, com uma 
cobertura topográfica em I: 50 000, I: 100 000 e 
I :250 000. Como se sabe, a rede geodésica do sul, 
seria amarrada, a partir de I945, à estrutura ini-
ciada pelo IBGE. 
Em 1936, o Governo Federal criou o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 
a finalidade de coordenar as atividades estatísticas, 
censitárias e geográficas do país. Visando de ime-
diato ao Recenseamento de I940, o IBGE, através de 
um dos seus órgãos, o Conselho N acionai de Geo-
grafia, iniciou, em 1939, a preparação do projeto 
Carta do Brasil ao Milionésimo, em 46 folhas de 
23 BRASIL, Estado-Maior do Exército. A Carta do 
Brasil. 
24 VIDAL, Alfredo. Cartografia. 
28 
PARTE DA DO 
DISTRICTO FEDERJ 
Rto DE JANEIRo 
19 
16\ ,t c 
}'ig. !15 - Trecho da Cana do Distrito Federal, executada pelo Exér· 
cito brasileiro, em 1922. 
4 X 6 graus, treinando, inicialmente, desenhistas-
cartógrafos, e promovendo uma coleta de mapas e 
de levantamentos, em todo o território nacional, a 
fim de que a carta fosse compilada da melhor base 
de documentação cartográfica existente. Paralela-
mente, instituía aquele Conselho a Campanha das 
Coordenadas Geográficas, a qual, até 1945, e sob a 
chefia de engenheiros bem aperfeiçoados em geodé-
sia, determinou milhares de coordenadas em todos 
os estados do Brasil. 
Um dos elementos básicos de importância para 
a compilação das folhas foi a Carta em I: 1 000 000, 
igualmente em 46 folhas, organizada pelo Clube 
de Engenharia, em I922, comemorativa do 1.0 
Centenário de Independência do Brasil. 
A melhor documentação surgiu, entretanto, 
após 1945. É que os Estados Unidos, à frente de 
operações estratégicas em todo o mundo, visando 
à vitória final contra o eixo Roma-Berlim-Tóquio, 
havia promovido uma extensa cobertura aerofo-
togramétrica, com o sistema Trimetrogon, sobre-
tudo em áreas pouco desenvolvidas cartografi-
camente. Como após o conflito mundial, dois ter-
ços do espaço territorial brasileiro estavam fot_o-
grafados, aquela nação nos cedeu todo o volume 
dessa cobertura através dos seus próprios negativos. 
De posse de tal documentação, de precioso valor, 
em áreas como o Norte e o Centro-Oeste, até então 
sem mapeamento regular, pôde o total das 46 
folhas ser, finalmente, editado, o que se deu em 
1960. 
A direção do Conselho N acionai de Geografia, 
ao término da li Guerra Mundial, não descurou 
do aperfeiçoamento do pessoal técnico cartográfico, 
o qual, após um lustro de invejável dedicação a 
uma obra, àquele tempo, de indispensável valor, 
tão a fundo seempenhara. Assim, seguiu para os 
Estados Unidos um grupo de dedicados servidores, 
os quais, após um ano de estágio no Coast and 
Geodetic Survey, regressou com um excelente pa-
drão de aprendizagem teórico-prática na totalidade 
das operações que conduzem à elaboração de cartas 
c mapas. Não tardaria, igualmente, que outros 
cartógrafos seguissem para o estrangeiro, desta vez, 
além dos Estados Unidos, alguns países europeus de 
tradicional adiantamento cartográfico, como a 
França, a Inglaterra 2~. Alemanha c a Itália. 
Não podemos deixar de mencionar, aqui, a 
participação da geodésia oficial americana no 
Brasil. Acolhemos durante muitos anos o lntn 
American Geodetic Survey (JAGS), que, além de 
proporcionar instruções sobre métodos e técnicas 
relativas ao levantamento geodésico básico do ter-
ritório brasileiro, forneceu, em várias oportuni-
dades, inestimável instrumental técnico especifico, 
como torres Rilhy, mart'~grafos, teodolitos, etc. Lem-
bremos também, que, através do IAGS, dezenas 
de profissionais em geodésia, cartografia e foto-
grametria, pertencentes a diversos órgãos federais e 
estaduais, puderam estagiar na Escola de Carto-
grafia da Zona do Canal do Panam;í. 
Após a conclusão da Carta do Brasil ao Milio-
nésimo, e percebendo a necessidade inadiável de 
poder concorrer também no sentido de preencher 
o imenso vazio territorial brasileiro em escalas topo-
gráficas básicas ~6, sentiu-se o IBGE no dever de se 
munir, a fim de participar da cobertura sistemática 
de cartas topográficas, indispensáveis ao desenvol-
vimento econômico e social do País. Como se viu, 
em pouco tempo, com a aquisição de variado 
instrumental fotogramétrico, lançou-se ao lado da 
Diretoria de Serviço Geográfico e de outros órgãos, 
como a Sudene, a Petrobrás etc., numa produção 
que já cobre mais de dois terços da área do país 
em cartas de 1:50 000, 1:100 000 e mais a de 
I :250 000, que é uma carta topográfica derivada 
das duas primeiras. A figura 26 apresenta, esquema-
ticamente, o desenvolvimento dessa cobertura. 
Quanto aos levantamentos geodésicos de apoio 
básico, que constituem a infra-estrutura do mapea-
mento das três escalas topográficas, acham-se, atual-
mente, em pleno desenvolvimento, estendendo-se as 
suas operações pela Amazônia, com a adoção dos 
mais modernos métodos, e com o emprego de téc-
nicas e instrumental muito avançado. A rede toda, 
de sul a norte, já dispõe duma área de 4,6 milhões 
de quilômetros quadrados. A este propósito, convém 
lembrar ainda que a "rede altimétrica implantada 
coloca o Brasil em terceiro lugar no mundo, ime-
diatamente após os EUA e o Canadá, e em pri-
meiro em extensão norte-sul 27". 
2r. O autor "destas mal traçadas linhas" c de inúmeros 
mal rab;scados mapas fez, em 1951 152, um estágio no 
Ordnance Survcy, em Southampton (Inglaterra) c dois es· 
tágios no Institut Géographique National (França) . 
26 Até 1964, a cobertura em cartas topográficas em 
1:50000, 1:100000 e 1:250000 só alcançava cerca de 8% 
do nosso espaço territorial. 
27 TRAilALHOS T~CNICOS, Rio de janeiro, IBGE, 
1979. 
Fig. 2ô - Esquema da cobertura topográfica do território brasileiro 
executada pelo IBGE, DSG e outros órgãos de atividades cartográfica• 
afins. 
A Diretoria de Rotas Aéreas do Ministério 
da Aeronáutica, hoje denominada Diretoria de Ele-
trônica e- Proteção ao Vôo, que, até há bem pouco 
tempo, vinha utilizando as folhas da Carta Aero-
náutica editada pelo Army Map Service, com uma 
base cartográfica já em obsolescência 28, tomou a de-
cisão de se aperceber do melhor suporte cartográfico 
possível, e realizou um convênio com o IBGE, para 
a elaboração da carta, dispondo, atualmente, de 
um conjunto de 46 folhas na escala de I: I 000 000, 
executado de acordo com as especificações da Carta 
Aeronáutica Mundial. 
O presente enfoque, sumamente resumido, do 
que foi feito e do que se realizou no Brasil, no 
tocante às atividades cartográficas, se apresentaria 
falho, e ao mesmo tempo injusto, se não mencio-
nássemos, embora de passagem, a participação pri-
vada. 
Está hoje o Brasil perfeitamente equipado, 
além da área governamental (federal, estadual e 
municipal), para qualquer tipo de planejamento 
e de execução de projetos fotogramétricos, desde 
a mais exata carta cadastral até o mais exigente 
projeto de engenharia. Referimo-nos às companhias 
de aerolevantamento, reunidas, quase todas, hoje, 
sob a denominação de Associação N acionai de Em-
presas de Aerolevantamento (ANEA) , a qual, além 
do padrão técnico, apresenta um apreciável e diver-
28 Jà se tornara praxe que muitos pilotos, militares 
ou civis, preferiam usar, em vôo, algumas folhas da Carta 
do Brasil ao milionésimo, j<í por si também desatualizadas e, 
sobretudo, inadequadas do ponto de vista técnico aero-
náutico, menos obsoletas, porém, do que as aeronáuticas 
americanas, àquele tempo, ein uso. 
29 
sificado volume de realizações, não só no Brasil, 
como em alguns países. 
2. 9 O mapa de ontem e o mapa de hoje 
Se o mapa antigo podia, em parte, caracteri-
zar-se pelo esmero gráfico e muitas vezes artístico 
da sua apresentação, fugindo, não raro, à infor-
mação precipuamente geográfica, para ceder lugar 
a belos cartuchos ou mesmo interessantes fantasias 
de caráter decorativo 29 em detrimento, muitas 
vezes, do próprio conteúdo geográfico ou toponí- . 
mico, o mapa da hora que passa tem como finali-
dade primeira a exatidão do detalhe aí represen-
tado, não só do ponto de vista planimétrico como 
altimétrico. 
Se o cartógrafo do século XIX procurava, es-
forçando-se ao máximo, no sentido de oferecer ao 
usuário uma forma original de representação do 
relevo, mediante as hachuras, magistralmente ela-
boradas por italianos, franceses, alemães, etc., mas 
sem dispor de meios para representar esse relevo 
sob forma matemática (referimo-nos ao método das 
curvas de nível) , o cartógrafo de hoje oferece ao 
usuário o mesmo frio delineamento, e vai mais 
longe, complementa-o com outra espécie de relevo, 
o sombreado, cuja máxima expressão realizou-a o 
notável cartógrafo suíço, professor Edouard Imhof. 
Entretanto, a mais admirável forma de expres-
são cartográfica dos nossos dias é o mapa plástico 
em alto-relevo. Tanto o relevo sombreado, quanto 
o relevo em terceira dimensão, em plástico, uma 
vez executados com precisão técnica, além do efeito 
prático e estético, são capazes, um ou outro, de 
transmitir a uma variedade de profissionais da 
área das geociências, como o geógrafo, o geólogo, 
o geomorfologista, o pedólogo e tantos outros, o 
caráter exato da razão de ser, ou da origem daquele 
modelado. 
29 Consultem-se o nosso Diciondrio Cartogrdfico, abrindo-o no verbete Leão Belga, ou então o Mapa Geográfico de América 
Meridional, de Cruz Cano, existente na Mapoteca do Itamarati, o primeiro. extremamente original, o segundo, de sóbria 
beleza. 
30 
3. Classificação de cartas 
3 .1 Mapa e carta 
A palavra mapa, de provável origem cartagi-
nesa, significava "toalha de mesa". Os navegadores 
e os negociantes, ao discutir sobre rotas, caminhos, 
localidades, etc., em locais públicos, rabiscavam 
diretamente nas toalhas (mappas), surgindo, daí, 
o documento gráfico, donde a antiguidade, tão útil 
a todos. A palavra carta, igualmente, parece ser 
de origem egípcia, e significa papel, que vem dire· 
tamente de papiro. Num caso ou outro, é o material 
através do qual a comunicação se manifesta. 
Nos países de língua inglesa há uma nítida 
diferença entre mapa e carta. "Tanto mapa quanto 
carta, naturalmente, se relacionam principalmente 
com a parte sólida do terreno, mas o mapa encar-
rega-se da parte descoberta, e a carta com a porção 
submersa" 3o. Em suma, mapa é o termo mais geral, 
enquanto carta é destinada unicamente à repre· 
sentação náutica ou marítima, lacustre c fluvial.

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