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1 UNIDADE 02: ABORDAGEM CLÁSSICA INTRODUÇÃO Nesta unidade, você estudará as principais contribuições de Frederick Taylor, Henry Ford e Henri Fayol para as teorias da Administração. Buscando ampliar a eficácia da atuação dos gestores e a eficiência dos sistemas produtivos, esses três autores construíram os pilares da chamada Abordagem Clássica, em um contexto marcado pelas consequências do processo de industrialização da sociedade, no qual as fábricas careciam de princípios fundamentais de gestão. Taylor, Ford e Fayol foram os criadores das primeiras teorias formais que analisaram o funcionamento das organizações, oferecendo aos gestores os instrumentos básicos para lidar com os principais conflitos de sua época. A partir destes fundamentos, diversos modelos de organização se desenvolveriam posteriormente, produzindo impactos que podem ser percebidos até os dias de hoje nas empresas e na sociedade. OBJETIVOS Ao completar o estudo desta unidade, você deverá se capaz de: Conhecer os principais conceitos desenvolvidos pelas teorias que compõem a Abordagem Clássica. Compreender os impactos da Administração Científica e da Teoria Clássica para a gestão das organizações. Relacionar as propostas da Abordagem Clássica com práticas atuais de gestão. ESTRUTURA DA UNIDADE Para que você compreenda melhor as contribuições da Abordagem Clássica para a Administração, esta unidade está dividida em: Tópico 2.1 – Contexto de surgimento Tópico 2.2 – Administração Científica: Taylor e a racionalização do trabalho Tópico 2.3 – Henry Ford e a produção em massa Tópico 2.4 – Teoria Clássica de Fayol Tópico 2.5 – A Abordagem Clássica hoje 2.1 CONTEXTO DE SURGIMENTO Em primeiro lugar, vamos procurar observar o contexto onde surgiu a ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO, para que possamos entender melhor as propostas de TAYLOR, FAYOL e FORD, os três principais participantes desta escola. 2 Por isso vamos viajar rapidamente até a virada do século XIX para o XX, no contexto da sociedade industrial capitalista, onde a tecnologia se desenvolvia rapidamente e as fábricas haviam se tornado o grande centro das atividades econômicas na Europa e nos Estados Unidos. Segundo Motta e Vasconcelos (2006), havia neste momento uma demanda muito grande para o aperfeiçoamento de técnicas de gestão capazes de aumentar a produtividade do trabalho, melhorar o desempenho das fábricas e, consequentemente, aumentar os lucros das organizações. Você pode imaginar como eram a fábricas nesse contexto? Grandes, complexas, reunindo centenas ou, muitas vezes, milhares de operários e diante de mudanças tecnológicas que, desde a Revolução Industrial, não paravam de ocorrer. Estamos falando da fase conhecida como SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, caracterizada pela invenção da energia elétrica e do motor à combustão, que vão trazer para as fábricas novas possibilidades de produção. Porém, para que estas possibilidades se desenvolvessem plenamente, era necessário resolver uma série de problemas que afetavam o processo produtivo. É nesse contexto que surge a Abordagem Clássica, composta pela Teoria da Administração Científica de Frederick Taylor e pela Teoria Clássica de Henri Fayol. Henry Ford é considerado o mais importante membro do grupo que aplicou e desenvolveu os princípios da Teoria Científica. ABORDAGEM CLÁSSICA TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Frederick Taylor Henry Ford TEORIA CLÁSSICA Henri Fayol 3 Vamos começar, então, pelas propostas de Taylor para lidar com estes problemas. 2.2 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA: FREDERICK TAYLOR E A RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO Taylor elaborou uma proposta para os gestores das empresas que ficou conhecida como ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA. Esta proposta visava combater os seguintes problemas que prejudicavam o desempenho da indústria naquele momento (MOTTA e VASCONCELOS, 2006): O pagamento para cada tarefa era fixo. Os operários ganhavam o mesmo para uma determinada tarefa, independentemente de seu desempenho. Não havia padrão para executar as tarefas No antigo sistema de administração, não havia quase nenhuma orientação da gerência para a execução das tarefas e para a escolha dos instrumentos de trabalho, dentre os vários à disposição. Havia manifestações operárias Os operários trabalhavam em longas jornadas e em condições ainda muito insalubres. A insatisfação era grande. A rotatividade era alta Não havia nenhum tipo de plano por parte da administração voltado para atrair e reter os funcionários na organização. O resultado desse quadro era que o operário produzia abaixo de sua capacidade e não tinha motivação nenhuma para produzir mais, já que recebia o mesmo que os colegas menos produtivos. Além disso, em virtude de suas insatisfações, os operários costumavam trabalhar em ritmo mais lento do que o esperado e ainda quebravam as máquinas, acusando os chefes de exigirem demais do equipamento. Frederick Taylor (1856-1915) nasceu nos EUA. Começou trabalhando na área de mecânica, estudou engenharia e conseguiu diversas promoções na Midvale Steel Company. Depois trabalhou como consultor, divulgando os resultados de seus estudos nos EUA e na Europa. Seus métodos foram aplicados em toda a indústria e nos mais diversos tipos de organização, como hospitais, forças armadas e empresas de serviços. A aplicação de seus métodos foi muito bem-sucedida ao longo da primeira metade do Século XX e ficou conhecida como TAYLORISMO. 4 Taylor classificou este comportamento dos operários como vadiagem sistemática (“fazer cera” no trabalho), procurando chamar a atenção para o fato de que a falta de um padrão para a execução de tarefas dificultava muito o controle da supervisão. O interessante é que Taylor pretendia atacar estes problemas, de modo a tornar mais produtivos os trabalhadores e, ao mesmo tempo, superar a oposição existente entre empregados e patrões na fábrica. Veja bem o que diz Taylor, logo no início de sua obra fundamental, Princípios de Administração Científica, publicada em 1911: “O principal objetivo da administração deve ser o de assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. A maioria das pessoas crê que os interesses fundamentais dos empregadores e empregados sejam necessariamente antagônicos. Ao contrário, a administração científica tem a certeza de que os verdadeiros interesses de ambos são um único e mesmo: de que a prosperidade do empregador não pode existir se não for acompanhada da prosperidade do empregado, e vice-versa. É possível dar ao trabalhador o que ele mais deseja — altos salários — e ao empregador também o que ele realmente almeja — baixo custo de produção” (TAYLOR, 1995[1911]) Vamos refletir sobre a proposta de Taylor? Você acha que ela é atual? Ela se aplicaria, por exemplo, na empresa onde você trabalha? Você já deve ter percebido que Taylor queria harmonizar interesses de empregados e empregadores. Não deixa de ser uma proposta ousada, já que, naquela época, os conflitos entre estas duas classes estavam bem aguçados. Você conseguiu notar também qual seria a chave para obter tal harmonia? Como seria possível, ao mesmo tempo, garantir maiores salários aos trabalhadores e reduzir os custos de produção?Se você fosse o administrador da Midvale Steel, o que você faria? ( ) Colocaria o trabalhador para trabalhar mais horas ( ) Reduziria o salário do trabalhador ( ) Aumentaria a produtividade do trabalhador 5 Você acertou em cheio se pensou na palavra PRODUTIVIDADE. Para Taylor, a conta erasimples: se o trabalhador é mais produtivo, o custo da produção se reduz. E, com isso, o empregador pode dispor de mais recursos para recompensar melhor seus empregados por seu desempenho. Você entendeu, então, qual era o projeto de Taylor para enfrentar os problemas das fábricas? Pois bem, agora vamos entender de que maneira Taylor pretendia aumentar a produtividade do trabalhador. O primeiro ponto que precisamos entender é a PADRONIZAÇÃO DAS TAREFAS. Vamos a ela: Taylor percebeu que a indústria tinha uma clara ideia sobre a quantidade de trabalho que se pode esperar de uma máquina, mas não conhecia oslimites da produtividade dos trabalhadores. Por isso, propôs a realização de ESTUDOS DE TEMPOS E MOVIMENTOS para encontrar o padrão que seria a MELHOR MANEIRA DE EXECUTAR CADA TAREFA (chamada por Taylor de “THE ONE BEST WAY”) Assim Taylor descreveu este método: "Encontrar, digamos, 10 a 15 trabalhadores particularmente hábeis em fazer o trabalho que vai ser executado. Estudar o ciclo exato de operações elementares ou movimentos que cada um desses homens emprega, ao executar o trabalho que está sendo investigado, como também os instrumentos usados. Estudar, com o cronômetro de parada automática, o tempo exigido para cada um destes movimentos elementares e então escolher os meios mais rápidos de realizar as fases do trabalho. Eliminar todos os movimentos falhos, lentos e inúteis.Depois de afastar todos os movimentos desnecessários, reunir em um ciclo os melhores emais rápidos, assim como os melhores instrumentos" (TAYLOR, 1995[1911]). Note bem como a aplicação de métodos científicos de OBSERVAÇÃO e MENSURAÇÃO foram fundamentais nos estudos de Taylor. Dentro desse sistema, Taylor também alertou que se entregarmos uma tarefa de carregar barras de ferro a um trabalhador, sem orientação, ele pode se esgotar fisicamenteapós algumas horas de trabalho (ANDRADE e AMBONI, 2011). Assim Taylor desenvolveu a LEI DA FADIGA: O homem só pode se submeter a um trabalho penoso durante uma parte do dia, necessitando de períodos de descanso. Deste modo, o operário pode trabalhar o dia todo sem perder o rendimento! Como podemos perceber, os métodos de Taylor levaram a uma PADRONIZAÇÃO do trabalho, pois todo operário que realizava determinada tarefa, tinha que fazê-la de acordo com o “THE ONE BEST WAY”. 6 Segundo Motta e Vasconcelos (2006), as sugestões de Taylor para garantir que a padronização se sustentasse e resultasse em maior desempenho no trabalho foram as seguintes: SELEÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHADOR Os trabalhadores escolhidos deveriam ser os mais aptos para realizar a tarefa. TREINAMENTO CIENTÍFICO DO TRABALHADOR Os trabalhadores deveriam ser ensinados a executar as tarefas dentro dos padrões estabelecidos. VIGILÂNCIA RIGOROSA SOBRE O TRABALHADOR A supervisão deve verificar com rigor se as tarefas são realizadas conforme os padrões determinados. A função do controle era de extrema importância no sistema de Taylor. BONIFICAÇÕES PARA OS TRABALHADORES MAIS PRODUTIVOS O sistema de pagamento deveria levar em conta o número de peças produzidas, a rapidez e a perfeição na tarefa realizada. Seria uma forma de incentivo para aqueles trabalhadores que seguiam as instruções e eram mais produtivos Podemos dizer que, com seus métodos, Taylor criou a ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO, segundo a qual o trabalho é executado dentro de um padrão previamente planejado para evitar desperdícios e garantir que a tarefa seja realizada da forma mais rápida e simples, aumentando a produtividade. Podemos perceber que, na organização racional do trabalho proposta por Taylor, quanto mais especializado fosse o operário, maior seria o seu rendimento. Entenda que especialização do operário significa dedicação a uma tarefa simplificada e padronizada. Aprender ou ser treinado significava apenas tornar- se mais eficiente na execução de uma função bem específica. Os problemas desse sistema, limitando o desenvolvimento de habilidades do trabalhador e impedindo que ele alcance a visão do todo da organização só foram percebidos depois. A especialização passou a receber uma série de críticas, por deixar o operário limitado à execução de tarefas rotineiras que não exigiam do intelecto. Muitas empresas ainda pensam de forma parecida, sendo comum que alguns chefes digam por aí que o “trabalhador é pago para trabalhar e não para pensar”. O fato é que Taylor apostava na especialização, acreditando que ela deveria alcançar também a supervisão. Assim, na SUPERVISÃO FUNCIONAL, cada operário é subordinado a vários supervisores, cada um responsável por um setor da empresa. Taylor pretendia com isso aumentar o controle sobre a produção, 7 pois cada supervisor entenderia muito bem do assunto que estaria sob sua supervisão (MOTTA e VASCONCELOS, 2006). Na supervisão funcional, cada operário é subordinado a vários supervisores, cada um responsável por determinada função. É importante também que você entenda que, para Taylor, somente a gerência seria capaz de PLANEJAR a produção, cabendo aos operários simplesmente a EXECUÇÃO das tarefas. Taylor justificava essa opção, argumentando que os operários não tinham condições intelectuais de estudar ou elaborar planos para organizar as tarefas. Como você deve estar percebendo, dentro do sistema de Taylor, A FUNÇÃO PRIMORDIAL DO ADMINISTRADOR ERA DETERMINAR A MELHOR MANEIRA DE EXECUTAR O TRABALHO. A forma de descobrir o “The one best way”, como vimos, era analisar cada etapa do trabalho, de modo que os movimentos necessários à sua execução fossem simplificados e reduzidos. Na medida em que fossem descobertos os movimentos e tempos padronizados, o operário deveria simplesmente reproduzi-los, isto é, fazer a tarefa seguindo o roteiro prescrito, sem questionamento. Portanto, lembre-se bem da regra fundamental do sistema taylorista: Como destacam Motta e Vasconcelos (2006), o resultado desse sistema é que todo o trabalho mental foi retirado da oficina e concentrado nas mãos da administração! PLANEJAMENTO A cargo da Administração EXECUÇÃO A cargo dos Trabalhadores 8 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA DE TAYLOR Acredito que agora você está em condições de entender mais facilmente os princípios de administração científica de Taylor (1995[1911]). Eles são os seguintes: Você percebe que, dentro desse sistema proposto por Taylor, o homem não passa de uma engrenagem? Taylor acreditava que a natureza humana era, basicamente, materialista, de acordo com a noção de “homem econômico”, que tinha as seguintes características (MOTTA e VASCONCELOS, 2006): Motivado somente pelo dinheiro Racional, egoísta e calculista Tende à vadiagem Deve ser estritamente controlado Estamos vendo que, dentro dessa concepção de natureza humana, o único fator motivador para o operário era o monetário. Esta visão foi muito criticada por reduzir a complexa estrutura da personalidade humana a interesses financeiros. Além disso, trata-se de uma visão limitada também porque enxerga o indivíduo como um ser puramente racional, que não é afetado por emoções e que age de modo previsível, já que é motivado principalmente pelo dinheiro. Aliás, você já deve ter percebido que os aspectos humanos da organização não eram o alvo das preocupações de Taylor, não é mesmo? Por isso Taylor foi •Utilizar métodos científicos para planejar as tarefas, substituindo o critério pessoal do operário pelo método científico que estuda e especifica como a tarefa deve ser realizada. 1. Administração como ciência •Abandonar o recrutamento “em massa” e utilizarcritérios científicos para encontrar o HOMEM DE PRIMEIRA CLASSE, isto é, o trabalhador fisicamente mais adequado para cada tarefa. 2. Seleção científica do trabalhador •Preparar o trabalhador para executar a tarefa segundo o padrão estabelecido, exercitando-o, por meio de instrutor competente em novos métodos, até que o trabalho prossiga regularmente, de acordo com as leis científicas, desenvolvidas pela administração. 3. Treinamento científico do trabalhador 4. Cooperação harmoniosa entre trabalhador e gerência Repartir equitativamente as responsabilidades: à administração cabe o planejamento do trabalho enquanto aos operários cabe a execução, sob estrita vigilância da supervisão. 9 criticado por entender a organização como se fosse uma MÁQUINA – um arranjo estático de peças que funciona de acordo com uma programação prévia - e não como um sistema dinâmico constituído de pessoas. Além disso, a organização era vista como um sistema fechado, que leva em conta apenas os elementos de seu ambiente interno. Isto significa que Taylor dedicou pouca ou nenhuma atenção ao que acontecia fora da organização, isto é, no seu ambiente externo. Nenhuma mudança ocorrendo com consumidores, concorrentes, ou mesmo com a sociedade em geral, era foco de atenção de Taylor. Como vimos, no taylorismo todos os esforços estavam voltados para obter melhores resultados por meio da organização racional do trabalho. Esta sim era vista como a chave para aumentar a produtividade do trabalhador! Taylor também enfrentou muita resistência por parte da classe operária. Em muitas fábricas, seus métodos foram aplicados de modo equivocado, com a imposição de tempos reduzidos demais para as tarefas, levando os trabalhadores a esforços excessivos. Além disso, os trabalhadores também temiam perder seus empregos (RAGO e MOREIRA, 1984). O fato é que Taylor, em 1912, teve que se explicar diante do Senado americano, por conta da greves e tumultos de operários revoltados com seu sistema. Ao Senado, Taylor procurou demonstrar todos os benefícios obtidos com a aplicação de seus métodos, mostrando resultados impressionantes, tais como: Métodos adotados nas principais indústrias do mundo Redução de custos e eliminação de desperdícios no processo produtivo Elevação da média salarial dos operários Indústrias mais produtivas e eficientes. Veja um pequeno trecho da obra de Taylor, mostrando como alguns desses resultados foram alcançados: “Nas usinas da Bethlehem Steel, 400 operários eram utilizados no carregamento de minérios e de cinzas. Os golpes de pá eram tão pesados, que os operários ficavam extenuados em pouco tempo e depois nada produziam. Procuramos determinar qual o peso ideal de cada golpe de pá, chegando-se a 10 kg. Então projetamos uma pá cuja forma e tamanho permitiam que o operário pegasse tal quantidade em cada golpe. Como resultado, a turma de 400 operários reduziu- se a 140. Apesar da elevação dos salários em 60%, as despesas de carregamento caíram de 8 centavos para 4 centavos de dólar por tonelada, o que representou uma economia de 78 mil anuais para a empresa” (TAYLOR, 1995[1911]). Sem dúvida, o foco de Taylor era a correta utilização dos recursos (meios de produção disponíveis), o que para ele significa maior EFICIÊNCIA. Se você pudesse ajudar Taylor a formular uma resposta ao questionamento dos operários, o que você diria, ponderando o lado positivo e o lado negativo de seus métodos? 10 Segundo Park (1997), Taylor teve importantes discípulos, como o casal Frank (1868-1924) e Lillian (1878-1972) Gilbreth, que procuraram aprimorar o estudo de tempos e movimentos, sempre com o objetivo de melhorar a eficiência das tarefas individuais. O casal Gilbreth introduziu algumas inovações neste estudo, como a utilização de câmeras de filmagem para registrar como as pessoas executavam suas tarefas e assim aprimorar o the one best way, especialmente na tarefa de assentamento de tijolos. Frank Gilbreth também aplicou a racionalização das tarefas ao trabalho dos cirurgiões, sugerindo que estes fossem apoiados por enfermeiros especializados em passar-lhes os instrumentos. Atuando como engenheira industrial, em um campo bastante fechado às mulheres na época, Lillian é considerada a primeira figura feminina importante da administração. 2.3 HENRY FORD E A PRODUÇÃO EM MASSA A produção em massa, conforme idealizada nas fábricas de Henry Ford, difundiu-se pelas indústrias ao longo do século XX, transformando-se em um dos pilares do sistema de produção capitalista. Vamos compreender as características desse sistema que alavancou a produção nas fábricas? A produção em massa está baseada na RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO e na tecnologia da LINHA DE MONTAGEM MÓVEL, que possibilitaram a fabricação em série de produtos padronizados com reduzido custo produção (MOTTA e VASCONCELOS, 2006). A tecnologia da linha de montagem não foi inventada por Ford, porém sua inovação consistiu na ideia de aplicá-la à linha de produção do automóvel. Essa tecnologia utiliza sistemas de plataformas móveis (esteiras rolantes), que transportam as peças de um lugar a outro na linha de montagem, de modo que cada trabalhador executa sua tarefa de modo quase fixo em seu posto de trabalho, movimentando-se pela fábrica o mínimo possível e economizando com isso uma boa quantidade de tempo. Segundo Motta e Vasconcelos (2006), o sistema de trabalho implantado na fábrica de Ford era baseado nos princípios da Administração Científica de Taylor: o trabalho era executado dentro de certos ritmos e padrões, de modo Henry Ford (1863-1947) nasceu nos EUA e iniciou carreira como mecânico, fundando em 1903 a Ford Motors Company. Com esta empresa, promoveu uma grande inovação no século XX: a produção em massa do automóvel – produto antes artesanal e destinado às classes altas. Com base na racionalização da produção e na linha de montagem, Ford conseguiu reduzir os custos de fabricação do automóvel, vendendo-o a um preço acessível às camadas populares e modificando a estratégia comercial de sua época. 11 coordenado e econômico. Ford aprofundou ainda mais a racionalização do trabalho proposta por Taylor, de modo que a própria progressão do produto através do processo produtivo ocorria de forma planejada, ordenada e contínua, sendo o trabalho entregue ao trabalhador (ao invés de o trabalhador se deslocar até ele). Como destaca Stanganelli (1995), Ford entendia que quanto mais especializado, mais produtivo seria o trabalhador. Em sua concepção, a especialização do operário era indispensável para reduzir os custos da produção e agilizar a execução das tarefas, sendo importante também para reduzir a fadiga. Não se preocupava com os efeitos negativos dessa especialização sobre o trabalho humano, pois acreditava que se existiam tarefas monótonas, também existiam “cérebros monótonos”, para os quais este tipo de trabalho acabava sendo até saudável. O que você acha dessa ideia de Ford? Ela é semelhante às ideias de Taylor sobre a especialização do trabalhador? A padronização também é uma forte característica do sistema de produção fordista. Tudo era padronizado (o produto, o maquinário, os materiais e o trabalho do operário) visando à redução dos custos de produção. Além disso, Ford contava com os seguintes princípios, segundo Motta e Vasconcelos (2006): Intensificação: utilização imediata dos equipamentos e da matéria-prima, de modo a obter a rápida colocação dos produtos no mercado. Economicidade: a rápida colocação dos produtos no mercado procurava garantir que o produto final fosse vendido antes do vencimento do prazo de pagamento dos salários e dos insumos. Ford costumava dizer que “o minério de ferro sai da mina no sábadoe é entregue sob a forma de um carro ao consumidor na terça-feira”. Produtividade: a capacidade humana de produção era aumentada por meio da especialização e da linha de montagem. Como você deve ter percebido, todo o sistema montado por Ford apontava para uma direção: produção eficiente e sem interrupções. Conhecido como PUSH PRODUCT LINE, o sistema tinha o objetivo de produzir o automóvel de modo rápido, fazendo-o escoar para o mercado consumidor no menor prazo possível (MOTTA e VASCONCELOS, 2006). Para Ford, as interrupções não programadas da linha de montagem significavam dinheiro perdido. Nesse sentido, havia a preocupação com a gestão do estoque das peças de reposição, que sempre deveriam estar disponíveis para o andamento contínuo da produção. Visando à garantia da continuidade de operação da linha de montagem, o sistema fordista era VERTICALIZADO, de modo que a empresa fabricava as peças, além de montar e vender os automóveis ao consumidor final. Ford chegou 12 a iniciar, na década de 1920, em plena floresta amazônica, um empreendimento com o objetivo de cultivar seringueiras para obter autonomia no suprimento de borracha para suas fábricas. SAIBA mais Esse empreendimento, que não foi bem-sucedido, se chamou “Fordlândia” e existem boas referências para você saber um pouco mais a respeito: - O livro “Fordlândia, Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva”, de Greg Grandin. - O documentário “Fordlândia”, de Marinho Andrade e Daniel Augusto. http://www.grifafilmes.com/pt-br/fordlandia/ Na época de Ford, era difícil encontrar fornecedores capazes de atender às necessidades de suprimento da empresa de forma eficaz e confiável, de modo que a verticalização acabava sendo uma forma de garantir a continuidade das operações de fabricação, sistema que ficou conhecido como “Just in case”. A verticalização foi um aspecto que mudou bastante na indústria automobilística atual. Enquanto Ford estava preocupado em controlar a produção de borracha para fabricar pneus para seus automóveis, hoje as grandes montadoras adquirem pneus de fornecedores independentes. Agora vamos procurar entender a estratégia inovadora de Ford para dominar o mercado automobilístico. Reduzindo os custos de produção, Ford conseguiu estabelecer patamares de preço bem mais acessíveis para o automóvel. Antes disso, o automóvel era caríssimo, porque produzido de modo artesanal. Segundo Motta e Vasconcelos (2006), o grande modelo da era artesanal era a fábrica da Rolls Royce, onde cada unidade era produzida sob encomenda, como se fosse uma peça única de arte, consumindo enorme quantidade de tempo e de recursos para ser fabricada. O resultado era que seu preço era acessível apenas ao segmento mais rico de consumidores. Já no engenhoso sistema de Ford, o preço mais acessível do automóvel era compensado pelo grande volume de vendas, que atingia grandes faixas de consumidores, antes excluídos pelos altos preços do produto. Segundo Ford, a estratégia principal era “produzir com o mínimo de desperdício, tanto de material quanto de mão-de-obra, e vender com o mínimo de lucro por unidade, fazendo depender o lucro total da massa de vendas”. Outra inovação de Ford foi combinar a estratégia de produção a baixo custo com uma estratégia que permitia a ampliação do mercado consumidor. Ford percebeu que a produção em massa, afinal, só poderia existir se antes houvesse um consumo de massa. Caso contrário, o resultado seria uma enorme fila de produtos encalhados. Desse modo, utilizava um sistema de pagamento baseado em salários altos (para o nível de mercado da época), além de bônus que cresciam conforme a produtividade. 13 É isso mesmo que você está pensando: Ford queria que cada trabalhador fizesse parte do mercado consumidor de automóveis. Com essa iniciativa, Ford visava também conquistar o empenho dos trabalhadores na produção. De fato, ao longo dos quase 20 anos em que esteve em produção, saíram das fábricas da Ford um total de 15 milhões de Modelos Ford T (dos quais 80% eram pretos), marca que colocou este modelo entre os mais importantes da história da indústria automobilística. O DECLÍNIO DO FORDISMO Devemos lembrar que Ford fundou sua empresa no início do século XX. Tratava- se de um contexto onde a economia e a sociedade tinham características que favoreciam muito tal modelo de produção. O rígido sistema de padronização e especialização do trabalho, assim como a autoridade centralizada, eram características típicas das empresas durante a primeira metade do século XX: nitidamente organizadas e bem estruturadas, altamente eficientes na produção de determinados produtos padronizados e em quantidades cada vez maiores. A partir dessa lógica de produção, o sistema de Ford representou uma das bases da chamada era industrial. Porém, estas características tinham sua face negativa: restringiam muito a iniciativa, a flexibilidade e a inovação, fatores que viriam a se tornar essenciais para as empresas quanto mais se aproximava o século XXI. Pense bem: o sistema de produção de Ford era concentrado na eficiência da produção de automóveis padronizados. Por quanto tempo esse tipo de produto seria capaz de atrair a atenção do consumidor? Com o crescente nível de informação e de exigência dos clientes e, principalmente a diversificação de gostos, como o sistema de Ford poderia sobreviver? De acordo com Motta e Vasconcelos (2006), Ford foi criticado por manter uma visão focada no produto, que deveria ser fabricado em grande quantidade e com custos reduzidos, deixando em segundo plano a evolução das necessidades do mercado consumidor. Existe uma anedota que diz que Ford, no auge da produção em massa, afirmou que os clientes poderiam comprar automóveis Ford de qualquer cor, desde que fossem pretos. Mais uma vez estamos falando do tema da rigidez dos sistemas criados pela abordagem clássica, não é mesmo? Os sistemas eram muito eficientes, porém apresentavam grandes dificuldades de adaptação às mudanças do mercado. Segundo Gounet (1992), a partir dos anos 70, o modelo fordista começa a perder espaço para um novo modelo de produção desenvolvido no Japão, na fábrica da empresa Toyota, e que ficou conhecido como toyotismo. Esse novo sistema passou a se organizar a partir de princípios bem diferentes daqueles que vigoravam no fordismo e rapidamente se tornou um novo padrão de produção para a indústria, dando origem ao que chamamos hoje de “produção flexível”. Veja uma comparação entre o modelo fordista e o modelo de produção flexível: 14 PRODUÇÃO FORDISTA PRODUÇÃO FLEXÍVEL Desenvolvido a partir da década de 1910 nas fábricas da Ford (EUA), tornando-se o modelo dominante na primeira metade do século XX Modelo desenvolvido a partir da década de 1950 nas fábricas da Toyota (Japão), tornando-se o modelo dominante a partir da década de 1970 Produção “Just in Case” (grandes estoques) Produção “Just in Time”, ou “no momento certo, sem geração de estoques” Sistema verticalizado (a empresa controla quase todas as etapas do processo produtivo) Produção em rede (a empresa atua com uma cadeia de fornecedores e terceiriza diversas etapas de seu processo produtivo) Operário especializado em uma única tarefa Trabalhador multifuncional Centralidade do trabalho individual Centralidade do trabalho em equipe Estrutura em pirâmide (autoridade centralizada) Estrutura “enxuta” (hierarquia reduzida) De um lado, quem “pensa” (gestor); de outro, “quem executa” (operário) Trabalhador participa da melhoria do processo produtivo, desenvolvendo e aplicando conhecimento Produção em série de produtos padronizados Produção “flexível” de produtos diversificados,de acordo com a demanda Respostas lentas às mudanças de mercado Respostas rápidas às mudanças de mercado 2.4 TEORIA CLÁSSICA DE FAYOL A teoria clássica se desenvolveu na França a partir de 1916, com a publicação do livro “Administração Geral e Industrial” de Fayol e preocupa-se Henri Fayol nasceu na Turquia, mas teve sua formação intelectual e profissional na França. Ingressou como engenheiro de minas em um conglomerado do setor de mineração, o Commentry-Fourchambeau-Decazeville, vindo a se tornar seu Diretor Geral. Tornou-se uma referência de administração eficaz, ao assumir a empresa às portas da falência e entregá-la alguns anos depois como uma das mais prósperas da França. Foi um grande defensor do ensino da Administração, não só nas Universidades como também nas escolas, afirmando que “todos têm necessidade, em maior ou menor grau, de noções de administração, seja na família, na empresa ou nos negócios do Estado”. 15 fundamentalmente com a estrutura de funções e de atividades que a organização deveria possuir para ser eficiente (MOTTA e VASCONCELOS, 2006). Sua abordagem é classificada como global ou anatômica, por considerar que a eficiência da estrutura geral da empresa geraria a eficiência de cada uma de suas partes (como departamentos, seções e cargos). Para que essa estrutura funcionasse bem, era indispensável a função administrativa. Como veremos, a abordagem de Fayol representou uma ampliação do foco de atenção anteriormente estabelecido por Taylor na organização racional do trabalho, já que Fayol ocupou-se principalmente em estabelecer os papéis referentes ao nível diretivo da organização. Segundo Andrade e Amboni (2011), a preocupação de Fayol em organizar com clareza as atividades da organização o levou a estabelecer seis FUNÇÕES BÁSICAS da empresa, que são as seguintes: Essas funções apresentam-se de modo um pouco diferente nas empresas de hoje em dia, recebendo o nome de “áreas” e sendo estruturadas de diferentes maneiras. Que tal pesquisar em quais áreas está dividida a sua empresa? É importante notar que A FUNÇÃO ADMINISTRATIVA É CENTRAL NESSA ESTRUTURA desenhada por Fayol, POIS É RESPONSÁVEL PELA SINCRONIZAÇÃO DE TODAS AS FUNÇÕES BÁSICAS DA EMPRESA. E o que faz essencialmente um administrador nessa estrutura? Nas palavras de Fayol (apud SILVA, 1984), trata-se do seguinte: “Administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar”. ADMINISTRATIVA: integração das demais funções TÉCNICA: Produção de bens FINANCEIRA: busca e alocação de capitais DE SEGURANÇA: proteção de bens e pessoas CONTÁBIL: Balanço a análise de custos COMERCIAL: Compra e venda 16 Você notou bem quais as principais funções de um administrador, para Fayol? Veja a síntese de suas ideias sobre cada uma dessas funções no quadro a seguir: PREVER Visualizar cenários e preparar planos de ação para lidar com eles. Fayol observou sobre esta função que “um plano de ação deve ter unidade, continuidade, flexibilidade e também precisão. A ausência de um plano demonstra incapacidade do pessoal dirigente”. ORGANIZAR Dotar a empresa de todos os recursos humanos e materiais necessários ao seu funcionamento. ParaFayol, organizar é dar forma ao todo e dar a cada minúcia o seu lugar, assegurando uma exata divisão do trabalho, uma boa estrutura geral para a empresa e uma correta distribuição das pessoas nos lugares onde podem ser mais úteis. COMANDAR Significa dirigir e orientar o pessoal. Um comando eficiente, para Fayol, significa que cada chefe deve obter o maior aproveitamento possível dos que trabalham sob suas ordens. Além da autoridade do cargo, Fayol também destacou o papel da AUTORIDADE PESSOAL, representada por atributos essenciais para o comando, como inteligência, experiência, aptidão de comando e valor moral. COORDENAR Harmonizar todos os esforços das pessoas e todos os recursos empregados com os objetivos da empresa, verificando se cada serviço marcha de mãos dadas com os outros, se as operações ocorrem dentro da regularidade, se cada setor é informado sobre a parte que lhe cabe na obra comum, dentre outras responsabilidades. CONTROLAR Verificar se tudo ocorre como o previsto, corrigindo os erros e evitando sua repetição. Fayol via o controle como uma forma de vigilância que garante a segurança, o equilíbrio e a produtividade do conjunto da organização, impelindo cada um a cumprir com seu dever. Outra observação importante de Fayol é que essas funções administrativas existem em qualquer nível ou área da empresa. Esta é uma ideia bastante interessante de Fayol, que acreditava que as funções administrativas não eram exclusivas da alta cúpula, mas estavam distribuídas PROPORCIONALMENTE por todos os níveis hierárquicos. Porém, segundo Silva (1987), à medida que subimos na escala hierárquica, maior deveria ser a capacidade administrativa e menor a técnica. Pelo pensamento de Fayol exposto até aqui, podemos perceber que este pensador concebeu a empresa como uma ORGANIZAÇÃO LINEAR, com as seguintes características (SILVA, 1987): 17 Forma de pirâmide, com a autoridade centralizada (concentrada no topo da hierarquia). Unidade de comando (cada pessoa tem apenas um único chefe). Cadeia escalar (cada nível hierárquico subordinado a um nível superior). Unidade de direção (cada plano se integra ao plano maior da organização). Veja na figura a seguir uma representação desse tipo de organização: Você deve ter notado que Fayol preocupou-se muito com a UNIDADE DE COMANDO na organização. Neste ponto, Fayol discordava da supervisão funcional proposta por Taylor, por achar que ela prejudicava a coordenação das atividades da organização. Contrabalançando um pouco da rigidez do princípio escalar, Fayol preconizava a AUTORIDADE DE STAFF, atribuída a especialistas em determinadas áreas de atuação, que poderiam aconselhar e orientar os administradores. Estes especialistas de staff não têm autoridade formal, pois esta pertence àqueles que possuem determinadas posições hierárquicas na organização. Sua autoridade provém de seu conhecimento, como especialista, a respeito dos assuntos que interessam à empresa (CHIAVENATO, 2003). Portanto, fique atento: 18 Se você pensou nas modernas figuras do consultor e do assessor, você acertou em cheio. Hoje, o especialista de staff recebe estes nomes. PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO DE FAYOL Pelo que estudamos até aqui, podemos perceber que a Teoria Clássica, assim como a Administração Científica de Taylor, caracteriza-se por um ENFOQUE PRESCRITIVO, pois ambas prescrevem as funções do administrador e os princípios gerais que o gestor deve adotar para administrar com eficácia. Ambas são teorias que buscam ensinar as “receitas” para administrar. Segundo Chiavenato (2003), Fayol estabeleceu catorze princípios de administração: Autoridade e responsabilidade: direito de mandar e poder de ser obedecido. A responsabilidade aparece como uma consequência natural da autoridade. Disciplina: obediência e assiduidade, tanto para chefes quanto para subordinados. Para tal, é necessário que, além do adequado comportamento dos chefes, haja a imposição de sanções. Divisão do trabalho: método para aumentar a produtividade, pois a repetição da tarefa traz habilidade e precisão. Unidade de comando: a dualidade de comando é fonte permanente de conflitos. Por isso é importante que, para cada ato, haja ordens de um só chefe. Unidade de direção: um só comando e um só plano para cada conjunto de atividades que tenham o mesmo objetivo. Subordinaçãodo interesse particular ao geral: os objetivos da organização devem prevalecer sobre os objetivos de cada indivíduo. Depende da posição formal na hierarquia Autoridade para decidir e implementar AUTORIDADE DE LINHA Depende do conhecimento especializado Autoridade para aconselhar ou orientar AUTORIDADE DE STAFF 19 Remuneração do pessoal: deve agradar a empregados e empregadores, observando-se sempre a situação econômica da empresa. Centralização: concentração da autoridade no topo da hierarquia. Cadeia escalar: linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo, em função do princípio do comando. Ordem: tanto material (cada coisa em seu lugar, evitando perda de recursos), quanto social (otimização da produção por meio da melhor alocação dos recursos humanos) Equidade: tratamento justo a todos os funcionários, de modo a obter sua lealdade dos funcionários. Estabilidade do pessoal: para permitir que os agentes tenham tempo de aprender e executar as tarefas bem. A rotatividade de pessoal é prejudicial para a organização e deve ser evitada. Iniciativa: capacidade de colocar em prática os planos de ação. Espírito de equipe: convergência de esforços em prol dos interesses gerais da organização. As principais críticas dirigidas à Teoria Clássica de Fayol foram as seguintes: Concepção da organização como uma máquina, isto é, "um arranjo rígido e estático de peças", que funciona de forma lógica e previsível Atenção exclusiva aos elementos formais da organização, deixando em segundo plano o elemento humano. Concepção da organização como um sistema fechado, sem interação relevante com o ambiente externo. Concepção limitada do indivíduo, segundo a qual os indivíduos agem como seres isolados na organização, desconsiderando suas relações com os grupos. Ausência de trabalhos experimentais que garantissem a comprovação científica das teorias. Alguns estudiosos dirigiram essa crítica também a Taylor que, embora pretendendo criar uma ciência, teria se baseado em princípios e teses não comprovados cientificamente, com pouca utilização de pesquisas e experimentações científicas. Assim como Taylor, Fayol também teve discípulos e o mais importante deles, segundo Park (1997), foi Luther Gullick, que ocupou posição de destaque na administração pública americana, onde participou de reformas na estrutura governamental do governo Roosevelt, entre 1936 e 1938. Gullick fez uma revisão das funções do administrador propostas por Fayol, incluindo a função de “equipar-se com pessoal” – destacando importantes processos de recursos humanos como seleção e treinamento – e a função de “orçar”, referente ao exercício do controle financeiro da organização. 2.5 A ABORDAGEM CLÁSSICA HOJE É hora de você refletir mais um pouco sobre o que estudamos nessa unidade, analisando a aplicabilidade das ideias propostas pela Abordagem Clássica nos dias de hoje. 20 HOMO ECONOMICUS - As empresas continuam usando premiações financeiras como forma de manter as pessoas comprometidas com a maior produtividade? Você acha que as empresas se limitam a esta técnica ou utilizam outras formas de incentivo? PADRONIZAÇÃO DE TAREFAS – O quanto sua tarefa é padronizada na empresa em que você trabalha? Você pode realizar sua tarefa do jeito que deseja, de modo diferente de seu colega de trabalho, ou deve seguir um roteiro pré-estabelecido? Você em algum momento participa da elaboração deste roteiro? SEPARAÇÃO ENTRE PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO – Você participa de algum nível de planejamento em sua organização? Ou apenas recebe as ordens para executar os planos? Você tem espaços para opinar a respeito de sua tarefa? Pode propor alguma correção ou melhoria? Ao contrário dos tempos de Taylor - onde o trabalhador ficava restrito à mera execução de tarefas pré-estabelecidas que, em geral, não exigiam muito de seu intelecto - hoje muitas empresas exigem que o trabalhador pense, seja criativo e agregue valor à organização, colaborando com as inovações necessárias à competitividade Você também já deve ter ouvido falar no trabalhador multifuncional, não é mesmo? Aquele que é capaz de se adaptar à realização de mais de uma tarefa, conforme a necessidade da organização. Esse tipo de trabalhador é cada vez mais requisitado nas organizações. Você deve lembrar que Taylor, Ford e Fayol defendiam o contrário, ou seja, a especialização do trabalhador em uma única tarefa, pois acreditavam que a melhor maneira do trabalhador adquirir domínio sobre sua tarefa era simplificando-a ao máximo, tornando-a repetitiva, de modo que a própria repetição levasse o trabalhador a aperfeiçoar sua técnica. É claro que todas as mudanças que vemos ocorrer nas organizações hoje em dia não chegaram a se tornar regras absolutas, que ocorrem em todos os lugares exatamente do mesmo jeito. Na verdade, a RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO NA LINHA DE MONTAGEM pode ser verificada em várias situações, como você pode ver na imagem de uma linha de montagem de uma empresa atual, onde os trabalhadores preparam alimentos: 21 Muitas vezes, o trabalho na linha de montagem é realizado por robôs: Por isso, ao tomar qualquer organização concreta como exemplo, você deve usar sua capacidade de observação e de análise para identificar o quanto ela se aproxima ou se afasta de antigos modelos de administração. Que tal fazermos esse exercício agora? Tente comparar as principais propostas da Abordagem Clássica com a realidade que você encontra em sua empresa. Aponte as semelhanças e diferenças que você consegue perceber. Não esqueça! Taylor, Ford e Fayol viveram em uma época de maior estabilidade, onde as mudanças tinham um ritmo mais lento, comparado aos dias de hoje. O tipo de tecnologia presente nas fábricas e no cotidiano das pessoas também era bem diferente. Em suma, estávamos longe da “era da globalização”. Para completar o cenário, no início do século XX, o nível de educação e de qualificação dos trabalhadores era muito baixo. Todo esse contexto, sem dúvida, influenciou a maneira de pensar desses primeiros teóricos da administração, fazendo-os chegar a certas conclusões sobre a melhor maneira de administrar as empresas. Por isso, a Abordagem Clássica como um todo pode ser considerada um tanto rígida e conservadora para a era de mudança em que vivemos. Porém, foi ela quem construiu os pilares da administração, representando o primeiro grande esforço de sistematizar os conhecimentos sobre o gerenciamento das organizações, com o objetivo de resolver problemas como o da baixa produtividade.A partir desses pilares, as teorias seguintes foram desenvolvidas, como veremos nas unidades seguintes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; AMBONI, Nério. Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. MOTTA, Fernando Prestes; VASCONCELOS, Eduardo. Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Thomson, 2006. TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração Científica. São Paulo: Atlas, 1995.
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